a vida cristã normal

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    A Vida Crist NormalUm apelo eloqente de um apstolo chins da nossa poca, que provou seu amor por Cristosuportando, por vinte anos, os sofrimentos de uma priso comunista.

    Watchman Nee

    Editora Fiel

    NDICE

    1. O sangue de Cristo 52. A cruz de Cristo 193. A vereda do progresso: sabendo 294. A vereda do progresso: considerarse 385. A linha divisria da Cruz 516. A senda do progresso: oferecendonos a Deus 587. O propsito eterno 648. O Esprito Santo 729. O significado e o valor de Romanos 7 8710. A vereda do progresso: andando no Esprito 10311. Um corpo em Cristo 11912. A cruz e a vida da alma 13313. A vereda do progresso: levando a Cruz 148

    O autor destes estudos, o Sr. Watchman Nee (Nee Tosheng) de Foochow, verdadeiroescravo de Jesus Cristo, fez com que ficssemos obrigados a ele quando, numa visita Europa em 1938 e 1939, exps com tanta lucidez, no seu ministrio a muitos gruposde jovens obreiros e outros, os princpios fundamentais da vida e conduta crists.Vrias das palestras, que constituem a matria de que este livro foi compilado, foram j coligidas independen-temente e dadas publicao, e tm sido meio de bn-o paraas, que cobrem um terreno seme-lhante, porm mais vasto, existem desde h muito sob aforma de manuscrito ou notas. Foi com a convico de que a mensagem destas palestrasmerece, atualmente, uma circulao mais vasta, que me encarreguei de editar a matriadisponvel, para tornar maior este livro.Sem ter contato pessoal ou comunicao com o autor, tive eu prprio de tomar a responsabilidade plena do trabalho da edio. Isto envolveu a necessidade de reu-nir matria p

    oveniente de diversas fontes para formar se-qncia lgica dentro da estrutura de duas ies originais de estudos. Devido ampla variedade desta matria, incluindo relatosverbais de palestras faladas em Ingls, notas particulares de leituras da Bblia, econversaes pessoais e algumas tradues do Chins, houve por fora tomar certas liberno que diz respeito ao arranjo literrio no, evidentemente, no que se refere dou-rina que tomaram a mo do editor mais evidente do que eu o desejaria. Todavia, oprivilgio de um contato pessoal ntimo com o Sr. Nee durante 1938 e o auxlio e as crticas de outros que desfrutaram do seu ministrio, ou que trabalharam com ele e oconheceram melhor do que eu combinaramse, em alguns lugares em que era necessriofazerse interpretao, para assegurar a fideli-dade ao seu pensamento.Trabalhar neste livro foi uma experincia de anlise e Investigao. Sai agora com a orpara que a sua forte nfase sobre a grandeza de Cristo e a suficincia do Seu trabalho possa ser usada por Deus, para levar os Seus fi-lhos a uma posio de maior eficinc

    a espiritual, e assim de valor crescente para Ele.Bangalore, ndia 1957.ANGUS KINNEAR.1O sangue de CristoO que a vida crist normal? Fazemos bem em consi-derar esta questo logo de incio. Ojetivo destes estu-dos mostrar que essa vida algo muito diferente da vida do cristcomum. De fato, a anlise da Palavra de Deus escrita do Sermo da Montanha, por exemplo deve levarnos a perguntar se tal vida j foi vivida sobre a terra, a no ser,unicamente, pelo prprio Filho de Deus. Mas, nesta edio, encontramos imediatamente a

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    resposta nossa pergunta.O apstolo Paulo nos d a sua prpria definio da vi-da crist em Glatas 2.20. "noCristo". E no declara aqui alguma coisa especial ou singular um alto nvel de cristianismo. Creio que aqui apresenta o plano normal de Deus, para o cristo, que pode ser resumido nas seguintes palavras: Vivo no mais eu, mas Cristo vive a Sua vida em mim.Deus nos revela claramente, na Sua Palavra, que so-mente h uma resposta para cada necessidade humana Seu Filho, Jesus Cristo. Em toda a Sua ao a nosso res-peito, Deususa o critrio de nos tirar do caminho, pondo Cristo, o Substituto, em nosso lugar. O Filho de Deus morreu em nosso lugar, para obter o nosso perdo; Ele vive em vez de ns, para alcanar o nosso livramento. Podemos falar, pois, de duas substituies ma Substi-tuio na Cruz, que assegura o nosso perdo, e uma Substituio interior que ura a nossa vitria.. Ajudarnos grandemente, e evitar muita confuso, conservar contantemente perante ns este fato: Deus responder a todos os nossos problemas de umas forma: mostrandonos mais do Seu Filho.

    Nosso problema duplo: os pecados e o pecadoTomaremos agora, como ponto de partida para o nos-so estudo da vida crist normal, aquela grande exposio da mesma que encontramos nos primeiros oito captulos da Epstolaos Romanos e encararemos o assunto de um ponto de vista experimental e prtico.Ser de grande au-xlio notar, em primeiro lugar, uma diviso natural desta seo de Roem duas, e notar certas diferenas evi-dentes no contedo das duas partes.Os primeiros oito captulos de Romanos constituem em si mesmos, uma unidade completa. Os quatro captu-los e meio, de 1.1 a 5.11, formam a primeira metade des-ta unidad

    e, e os trs captulos e meio, de 5.12 a 8.39, a segunda metade. Uma leitura cuidadosa revelarnos que o contedo das duas metades no o mesmo. Por exem-plo, no argumeda primeira seo encontramos em proeminncia a palavra plural "pecados". Na segundaseo, contudo, esta nfase modificada, porque, enquanto a palavra "pecados" ocorre aenas uma vez, a palavra singular "pecado" usada repetida vezes, e constitui o assunto bsico e principal das consideraes. Por que assim?Porque, na primeira seo, considerase a questo dos pecados que eu tenho cometido diante de Deus, que so muitos e que podem ser enumerados, enquanto que, na segunda,tratase do pecado como princpio que opera em mim. Sejam quais forem os pecadosque eu cometo, sempre o princpio do pecado que me leva a cometlos. Preciso de perdo para os meus pecados, mas preciso tambm de ser libertado do poder do pecado. Osprimei-ros tocam a minha conscincia, o ltimo a minha vida. Posso receber perdo paratodos os meus pecados, mas, por causa do meu pecado, no tenho, mesmo assim, paz i

    nterior permanente.Quando a luz de Deus brilha, pela primeira vez, no meu corao, clamo por perdo, porque compreendo que cometi pecados diante dEle; mas, aps ter recebido o perdo dos pecados, fao uma nova descoberta, ou se-ja, a descoberta do pecado, e compreendo queno s cometi pecados diante de Deus, mas tambm que existe algo de errado dentro de mim. Descubro que tenho a na-tureza do pecador. Existe dentro de mim uma inclinao para pecar, um poder interior que leva ao pecado. Quan-do aquele poder anda solto, eucometo pecados. Posso procurar e receber o perdo, depois, porm, peco outra vez. E, assim, a vida continua num crculo vicioso de pe-car e ser perdoado e depois pecaroutra vez. Aprecio o fato bendito do perdo de Deus, mas eu desejo algo mais do que isso: preciso de livramento. Preciso de perdo pa-ra o que tenho feito, mas preciso tambm de ser liberta-do daquilo que sou.

    O duplo remdio de Deus: o Sangue e a CruzAssim, nos primeiros oito captulos de Romanos, apresentamse dois aspectos da salvao: em primeiro lugar, o perdo dos nossos pecados e, em segundo lugar, a nossa libertao do pecado. Agora, ao considerar este fato, devemos notar outra distino.Na primeira parte de Romanos, 1 a 8, encontramos duas referncias ao Sangue do Senhor Jesus, em 3.25 e 5.9. Na segunda, introduzida uma nova idia, em 6.6, onde lemos que fomos "crucificados" com Cristo. O argumento da primeira parte centralizase em torno da-quele aspecto da obra do Senhor Jesus, que representa-do pelo "Sangue" derramado para nossa justificao, pe-la "remisso dos pecados". Esta terminologia ncon-tudo, levada para a segunda seo, cujo argumento gira em tomo do aspecto da Sua

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    obra representado pela "Cruz", o que quer dizer, pela nossa unio com Cristo na Sua morte, sepultamento e ressurreio. Esta distin-o tem muito valor. Veremos que o Sae soluciona o problema daquilo que ns fizemos, enquanto a Cruz so-luciona o problema daquilo que ns somos. O Sangue purifica os nossos pecados, enquanto que a Cruzatinge a raiz da nossa capacidade de pecar. O ltimo aspecto ser alvo das nossas consideraes nos captulos que se seguem.

    O problema dos nossos pecadosComecemos, pois, com o precioso Sangue do Senhor.O Sangue do Senhor Jesus Cristo de grande valor para ns, porque trata dos nossospecados e nos justifica a vista de Deus, conforme se declara nas seguintes passa-gens:

    "Todos pecaram (Romanos 3.23)."Mas Deus prova o seu prprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por ns, sendo ns ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5. 89).

    "Sendo justificados gratuitamente, por sua graa, me-diante a redeno que h em Cristosus; a quem Deus props, no seu sangue, como propiciao, mediante a f, para manifestaa sua justia, por ter Deus, na sua tole-rncia, deixado impunes os pecados anteriormente come-tidos; tendo em vista a manifestao da sua justia no tempo presente, para ee mesmo ser justo e o justificador daquele que tem f em Jesus." (Rm 3.2426).

    Teremos ocasio, num estgio mais adiantado do nos-so estudo, de olhar mais particularmente para a natureza real da Queda e para o processo da recuperao. Nesta altura,queremos apenas lembrar de que o pecado, quan-do entrou, expressouse em forma dedesobedincia a Deus (Rm 5.19). Ora, devemos considerar que, quando isto acontece,o que imediatamente se lhe segue o sentimento de culpa.O pecado entra na forma de desobedincia, para criar, em primeiro lugar, separao entre Deus e o ho-mem, do que resulta ser este afastado de Deus. Deus j no pode ter comunho com ele, por agora existir algo que a impede, e que, atravs de toda a Escritura, co-nhecido como "pecado". Desta forma, Deus que, pri-meiramente, diz: "Todos..esto debaixo do pecado" (Rm 3.9). Em segundo lugar, o pecado, que da em dian-te constitui barreira comunho do homem com Deus, comunicalhe um sentimento de culpa deafastamento e separao de Deus. Agora, o prprio homem que, mediante a sua conscincdespertada, diz: "Pequei" (Lc 15.18). E ainda no tudo, porque o pecado oferece ta

    mbm a Satans uma possibilidade de acusao diante de Deus, enquanto o nosso sentimentde culpa lhe d ocasio para nos acusar nos nossos coraes; assim, pois, em terceiro ugar, o "acusador dos irmos" (Ap 12.10), que agora diz: "Tu pecaste".Portanto, para nos remir, e nos fazer regressar ao pro-psito de Deus, o Senhor Jesus teve que agir em relao a estas trs questes: do pecado, da culpa, e da acusao dens contra ns. Primeiramente, teve que ser resol-vida a questo dos nossos pecados, e sso foi feito pelo precioso Sangue de Cristo. Depois, tem que ser resolvido o assunto da nossa culpa e somente quando se nos; mos-tra o valor daquele Sangue que anossa conscincia culpa-da encontra descanso. E, finalmente, o ataque do inimi-go temque ser encarado e as suas acusaes respondidas. As Escrituras mostram como o Sangue de Cristo opera eficazmente nestes trs aspectos, em relao a Deus, em relao ao hm, e em relao a Satans.Temos, portanto, necessidade de nos apropriarmos destes valores do Sangue, se qu

    isermos de fato prosse-guir. absolutamente essencial. Devemos ter conheci-mento bsicdo fato da morte do Senhor Jesus, como nosso Substituto, sobre a Cruz, e uma clara compreen-so da eficcia do Seu sangue, em relao aos nossos pe-cados, porque, sem, no poderemos dizer que inicia-mos a marcha. Olharemos ento estes trs aspectos maisde perto.

    O Sangue primariamente para DeusO Sangue para expiao e, em primeiro lugar, rela-cionase com a nossa posio dianteeus. Precisamos de perdo dos nossos pecados cometidos para que no caiamos sob julgamento; e eles nos so perdoados, no porque Deus no os leva a srio, mas porque Ele v

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    ua avaliao nem mais nem. menos. No pode, evidentemente, ser mais, mas no de-ve seos. Lembremonos de que Ele santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o Sangue aceitvel aos Seus olhos, e que O satisfez intei-ramente.

    O acesso do crente ao sangueO Sangue satisfaz a Deus, e deve nos satisfazer da mes-ma forma. Tem, portanto, umsegundo valor, em relao ao homem, na purificao da sua conscincia. Quando examinama Epstola aos Hebreus, vemos que o Sangue faz isto. Devemos ter "os coraes purificados da m conscincia" (Hebreus 10.22).Isto da mxima importncia. Note cuidadosamente o que diz a Escritura. O escritor nose limita a dizer que o Sangue do Senhor Jesus purifica os nossos coraes, sem nadamais declarar. Erramos se relacionarmos intei-ramente, desta forma, o corao com o Sangue. Revela-remos m compreenso da esfera em que o Sangue ope-ra se orarmos: "Senhorpurifica o meu corao do pe-cado, pelo Teu Sangue". O corao, diz Deus, "engano-sodo que todas as coisas e perverso" (Jeremias 17. 9) e Ele tem que fazer algo mais fundamental do que pu-rificlo: tem que nos dar um corao novo.No lavamos nem passamos a ferro roupas que vamos jogar fora. Como logo veremos, a"carne" demasiada-mente m para ser purificada; tem que ser crucificada. A obra deDeus em ns tem que ser algo inteiramente novo. "Darvosei corao novo, e porei dentro em vs esprito novo" (Ezequiel 36.26).No encontramos a declarao de que o Sangue puri-fica os nossos coraes. O seu trabalsubjetivo assim, mas inteiramente objetivo diante de Deus. ver-dade que o trabalhopurificador do Sangue aparece aqui, em Hebreus 10, com relao ao corao, mas , na ri-dade, com relao conscincia. "Tendo o corao puri-ficado da m conscincia".

    Qual ento o significado disto?Significa que havia algo se interpondo entre mim e Deus, e que, como resultado disto, eu tinha m conscincia sempre que procurava aproximarme dEle, que constante-mente me lembrava da barreira que permanecia entre mim e Ele. Mas, agora, pela operao do precioso San-gue, algo foi realizado diante de Deus que removeu aque-la barreia. Deus reveloume este fato atravs da Sua Pa-lavra. Quando creio nisto e o aceito,a minha conscincia fica imediatamente limpa, o meu sentimento de culpa removido,e j no tenho m conscincia diante de Deus.Cada um de ns sabe quo precioso ter conscincia sem ofensa nas nossas relaes com Um corao de f, e uma conscincia limpa de toda e qualquer acu-sao, ambos so iguasenciais para ns, desde que sejam interdependentes. Logo que verificamos que a nossa conscincia est sem descanso, a nossa f desva-nece e imediatamente achamos que n

    odemos encarar Deus. Portanto, a fim de prosseguirmos com Deus, temos que conhecer o valor real atual do Sangue. O Sangue nun-ca perder a sua eficcia como fundamento do nosso acesso a Deus, se realmente dele dependermos. Quando entrarmos no Lugar Santssimo, em que base, que no seja o Sangue, nos atreveremos a fazlo?Quero, porm, perguntar a mim mesmo: esta real-mente procurando o caminho para a presena de Deus atravs do Sangue, ou por algum outro meio? O que quero dizer quando afirmo "pelo Sangue? Quero dizer apenas que reconheo os meus pecados, que confessoque necessito da purificao e da expiao e que venho a Deus confiante na obra consumaa do Senhor Jesus. Aproximome de Deus exclusivamente atravs dos Seus merecimentos, e jamais na base do meu comportamento; nunca, por exemplo, na base de ter sido hoje especial-mente amvel, ou paciente, ou de ter feito hoje algo especial para oSenhor. s aproximar dEle. A tentao de muitos de ns, quando procuramos nos aproxide Deus, pen-sar que, porque Deus j operou em ns porque j atuou para nos trazer

    is perto de Si, e porque nos ensinou lies mais profundas da Cruz ento, j nos deu ovos padres tais que, sem alcanar os mesmos, no haver mais conscincia tranqila didEle. Nunca, porm, se deve basear a conscincia tranqila naquilo que conseguimos oualcanamos; somente se deve basear a conscincia tranqila naquilo que conseguimos oualcanamos; somente se pode basear na obra do Senhor Jesus, no derramamento do SeuSangue.Talvez esteja errado; sinto, porm, com muita convic-o, que h entre ns quem pense dmaneira: "Hoje fui um pouco mais cuidadoso; hoje procedi um pouco melhor; esta manh, li a Palavra de Deus com mais fer-vor, de modo que hoje posso orar melhor". Ou, ento: "Hoje tive algumas pequenas dificuldades com a famlia; comecei o dia senti

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    ndome muito melanclico e deprimi-do; no me sinto muito animado agora; parece que algo no est bem; no posso, portanto, me aproximar de Deus".Afinal de contas, qual a base em que voc se aproxima de Deus? Aproximase dEle na base incerta dos seus sentimentos, o sentimento de que hoje se realizou algo para Deus? Ou baseiase a sua aproximao de Deus em algo muito mais seguro, ou seja,no Sangue derrama do no fato de que Deus olha para aquele Sangue e Se d por satisfeito? lgico que se pudesse conceber que o Sangue sofresse qualquer modificao, a ase da sua aproximao de Deus seria menos digna de confian-a. O Sangue, porm, nunca ou nem mudar jamais. A sua aproximao de Deus , portanto, sempre com ou-sadia; e essusadia lhe pertence pelo Sangue, e nunca pelas suas aquisies pessoais. Qualquer que seja a medi-da do que se conseguiu alcanar hoje, ontem e no dia ante-rior, logo quese faa um movimento consciente para o Lu-gar Santssimo, devese permanecer no nico unda mento seguro o Sangue derramado. Quer tenha tico um dia bom ou mal, quer tenha pecado conscientemente ou no, a base da sua aproximao sempre a mesma o sangue Cristo. Esse o fundamento sobre o qual se pode entrar, e no h outro.Vse que, como em muitas outras fases da nossa expe-rincia crist, nosso acesso a Deutem dois aspectos: um inicial e outro progressivo. O primeiro se nos apresentaem Efsios dois, e o ultimo em Hebreus 10. Inicialmente, a nossa posio perante Deusfoi garantida pelo Sangue, porque fomos "aproximados pelo Sangue de Cristo" (Ef-sios 2.13). Mas, da em diante, a base do nosso contnuo acesso ainda o Sangue, porqueo Apstolo nos exorta: "Tendo, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus... aproximemonos..." (Hb 10.1922). De inicio chegamos perto pelo Sangue, e, para continuar nesta nova relao, eu venho a Deus a todo momen-to pelo Sangue. No se trata, portanto, de haver uma ba-se para a minha salvao, e outra p

    ra manter minha comunho. Algum dir: "Isso muito simples; o ABC do Evangelho". Simas a tragdia, com muitos de ns, que nos desviamos do ABC. Chegamos a pensar que fazemos tais progressos que podemos dispensar o Sangue, jamais, porm, poderamos fazlo. No, a minha aproximao de Deus pelo Sangue, e desta mesma forma que, a todo mnto, eu venho perante Ele. E assim se-r at o fim; sempre e unicamente pelo Sangue.Isto no significa, de forma alguma, que devemos vi-ver de modo descuidado estudaremos daqui a pouco outro aspecto da morte de Cristo em que se considera este assunto. O que importa aqui nos contentarmos com o Sangue, que real e suficiente.Podemos ser fracos, no entanto o olhar para as nossas fraquezas nunca nos tornarfortes. Procurar sentir nossa maldade, e nos arrepender por isso, no nos auxiliara sermos mais santos. No h auxlio nisso sem haver da nossa parte confiana em nos apoximarmos de Deus mediante o Sangue, dizendo: "Senhor, no entendo to-talmente qualseja o valor do Sangue, mas sei que a Ti satisfez, e que deve me bastar como mot

    ivo nico do meu apelo a Ti. Percebo agora que no se trata de eu ter progredido e alcanado algo. S venho perante Ti na base do precioso Sangue". Ento fica realmente limpa a nossa conscincia diante de Deus. Nenhuma conscincia poderia jamais ficar tranqila, independentemente do Sangue. o Sangue que nos d intrepidez.

    "No mais teriam conscincia"de pecados": estas pa-lavras de Hebreus 10.2 tm significao transcendente. Somos purificados de todo o pecado e podemos realmen-te fazer nossas as palavras de Paulo: "Bemaventurado o homem a quem o Senhor jamais imputarpecado" (Ro-manos 4.8).

    Vencendo o AcusadorEm face do que temos dito, podemos agora voltarnos para encarar o Inimigo, porque h um novo aspecto do Sangue, que diz respeito a Satans. Atualmente, o de acusad

    or dos irmos (Apocalipse 12.10), e nosso Senhor o enfrenta como tal no Seu ministrio especial de Sumo Sacerdote, "pelo seu prprio sangue" (Hebreus 9.12). Como , ento, que o Sangue opera contra Satans? Por este meio: colocando Deus ao lado do homem. A Queda introduziu algo no homem que deu a Satans livre acesso a ele, de formaque Deus foi compelido a Se reti-rar. Agora, o homem est fora do Jardim destitudo a glria de Deus (Romanos 3.23) porque interiormente est separado de Deus. Por causa do que o homem fez, existe nele algo que, at que seja removido, impede Deus moralmente de o defender. Mas o Sangue remove aquela j barreira e restitui o homema Deus e Deus ao homem. O homem agora est certo com Deus, e com Deus ao seu ladopode encarar Satans sem temor.

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    Lembrese do seguinte versculo: "O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (I Joo 1.7). No "todo pecado, no seu sentido geral, cada pecado, um poum. O que significa isto? algo maravilho-so! Deus est na luz, e na medida em que andamos na luz com Ele, tudo fica exposto e patente a ela, de modo que Deus podever tudo e mesmo nestas condies o Sangue pode nos purificar de todo o pecado. Quepurifi-cao! No se trata de eu no ter profundo conhecimen-to de mim mesmo, ou de Deue conhecer perfeita-mente. No significa que eu procuro esconder alguma coisa, ou que Deus no faz caso disso. No, significa que Ele est na Luz, e que eu tambm estou naLuz, e que mesmo ali o Sangue precioso me purifica de todo o pe-cado. O Sangue pode fazlo plenamente.Alguns de ns s vezes somos to oprimidos pela pr-pria fraqueza que somos tentados a sar que h peca-dos quase imperdoveis. Recordemos de novo a palavra: "O sangue de Jesus, seu Filho nos purifica de todo pecado". Pecados grandes, pecados pequenos, pecados que podem ser muito negros e outros que no parecem to negros assim, pecadosque penso possam ser perdoados, e pecados que parecem imperdoveis, sim, todos ospeca-dos, conscientes ou inconscientes, recordados ou esque-cidos, se incluem naquelas palavras: "Todo pecado". "O Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purificade todo pecado", e isto porque o Sangue satisfaz inteiramente a Deus.Desde que Deus, que v todos os nossos pecados na luz, pode nos perdoar por causado Sangue, em que base pode Satans nos acusar? Talvez Satans nos acuse pe-rante Deus, no entanto: "Se Deus por ns, quem ser contra ns? " (Romanos 8.31). Deus lhe mosta o Sangue do Seu querido Filho. a resposta suficiente contra a qual Satans no temapelao. "Quem intentar acusao contra os eleitos de Deus? Deus que os justifica.os condenar? Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual est di

    eita de Deus, e tambm intercede por ns' (Romanos 8.3334).Mais uma vez, portanto, vse que precisamos reco-nhecer a absoluta suficincia do Sangue precioso. "Quan-do, porm, veio Cristo como sumo sacerdote... pelo seu prprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redeno" (Hebreus 9.1112). Foi Redentor uma s vez, e j h quase dois mil anos que est sendo Suo Sacerdote e Advogado. Ali permanece, na presena de Deus, como "propiciao pelos nossos pe-cados" (I Joo ?). Notemse as palavras de Hebreus 9.24: "Muito mais o Sangue de Cristo...". Evidencia a sufi-cincia do Seu ministrio. suficiente para Deus.

    Qual a nossa atitude para com Satans?Isto importante, porque ele no somente nos acusa perante Deus, mas tambm na nossaprpria conscincia. "Voc pecou, e continua pecando. Voc fraco, e no h mais nada s possa fazer por voc". este o seu au-mento. E a nossa tentao olhar para dentro,

    uran-do, para nos defender, algo em ns mesmos, em nosso sentimento ou comportamentoque nos d algum motivo para crer estar errado Satans. Outras vezes, a tendncia aditirmos a nossa grande fraqueza e, caindo no outro extremo, nos entregamos depresso e ao desespero. Assim sendo, a acusao uma das maiores e mais efica-zes armas datans. Aponta para os nossos pecados e procura acusarnos perante Deus; se aceitarmos as suas acusaes, afundarnosemos imediatamente.Ora, a razo por que aceitamos to rapidamente as suas acusaes que ainda esperamos alguma justia prpria. falsa a base da nossa esperana. Satans con-seguiu fazernoar na direo errada, atingindo assim o seu objetivo de nos deixar incapacitados. Se, porm, tivssemos aprendido a no confiarmos na carne, no nos espantaramos quando sisse o pecado, posto que pecar a natureza intrnseca da carne. por falta de reconhe-cermos qual seja nossa verdadeira natureza com sua debi-lidade que ns ainda confiamos em ns mesmos, de mo-do que tropeamos sob as acusaes de Satans quando ele as lev

    contra ns.Deus tem poder para solucionar o problema dos nossos pecados; nada, porm, pode fazer por um homem que se submete acusao, porque tal homem j no est confiando no S. O Sangue fala em seu favor, prefere, porm, escutar Satans. Cristo o nosso Advo-gao, mas ns, os acusados, nos colocamos do lado do acusador. Ainda no reconhecemos que nada merecemos, seno a morte; que, como logo passaremos a ver, s mere-cemos ser crucificados! No temos reconhecido que somente Deus que pode responder ao acusadore que j o fez por meio do Sangue precioso.Nossa salvao est em olharmos firmemente para o Senhor Jesus, reconhecendo que o Sangue do Cordeiro j solucionou toda a situao criada pelos nossos pecados.

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    este o fundamento seguro em que nos firmamos. Nun-ca devemos procurar responder aSatans, tendo por ba-se a nossa boa conduta, e sim, sempre com o Sangue. Sim, estamos repletos de pecado mas, graas a Deus que o San-gue nos purifica de todo pecado!Deus contempla o San-gue, por meio do qual o Seu Filho enfrenta a acusao, e Satans prde toda a sua possibilidade de atacar. Semen-te a nossa f no Sangue precioso, e anossa recusa de sair-mos daquela posio, podem silenciar as suas acusaes e afugentomanos 8.3334); e assim ser sempre at ao fim (Apocalipse 12.11). Que emancipao sera a nos-sa, se vssemos mais do valor, aos olhos de Deus, do precioso Sangue do Seuquerido Filho!

    2A cruz de CristoVimos que Romanos 1 a 8 se divide em duas sees, a primeira das quais nos mostra que o Sangue trata daqui-lo que fizemos, enquanto na segunda aprendemos que a Cruz trata daquilo que somos. Precisamos do Sangue pa-ra o perdo, e precisamos da Cruz para a libertao. J tratamos daquele, e agora consideraremos esta, depois de primeiramente levantar algumas caractersticas desta pas-sagem que contribuem para demonstrara diferena, em contedo e assunto, entre as duas metades.

    Algumas distines maisMencionamse dois aspectos da ressurreio nas duas sees, nos captulos 4 e 6. Em Roms 4.25, a ressur-reio do Senhor Jesus Cristo mencionada, em relao nossa justifius nosso Senhor... foi entregue por causa das nossas transgresses, e ressuscitou

    por cau-sa da nossa justificao". Tratase aqui da nossa posio perante Deus. Em Roma6.4, no entanto, falase da ressurreio comunicandonos nova vida a fim de termosum andar santo: "Para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glria do Pai, assim tambm ande-mos ns em novidade de vida". Apresentase aqui a ques-tonosso comportamento, da nossa conduta.Semelhantemente, falase de paz em ambas as sees, nos captulos 5 e 8. Romanos 5 fala da paz com Deus, que resultado da justificao pela f no Seu Sangue: "Justificadospois, mediante a f, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (5.1). Isto significa que, agora, perdoados os meus pecados, Deus no ser mais motivo de temor e perturbao para mim. Eu, que era inimigo de Deus, fui "reconciliadocom Deus mediante a morte do Seu Filho" (5.10). Logo descubro, no entanto, quesou eu quem causarei dificuldades a mim mesmo, havendo algo em meu ntimo que me per-turba, levandome a pecar. H paz com Deus, sem, porm, haver paz comigo mesmo. Tra

    vase guerra civil em meu prprio corao. Esta condio est bem descrita em Ro-manos vemos a carne e o esprito em conflito mortal dentro do homem. Em seguida, o argumento con-duz ao captulo 8, paz interior do andar no Esprito. "Porque o pendor da crne d para a morte", por ser "inimizade contra Deus"; o pendor do Esprito, porm, d para a vida e paz" (Romanos 8.67).Percebemos, ao prestar mais ateno, que a primeira seo trata de modo geral da questa justificao (ver por exemplo, Romanos 3.2426; 4.5,25), enquanto a se-gunda tem, como expoente principal, a questo da santificao (ver Romanos 6.1922). Conhecendo a preciosa verdade da justificao pela f, ainda s metade da his-tria que conhecemoslucionado o problema da nossa posio diante de Deus. medida que prossegui-mos, Deus em algo mais para nos oferecer: a soluo do problema da nossa conduta, tema que o desenrolar do pensamento destes captulos se prope a salientar. Em cada caso, p segundo passo deriva do primeiro, e se co-nhecemos apenas o primeiro, ento ainda seguim

    os uma vida crist subnormal. Como podemos ento viver uma vida crist normal? Como entramos nela? Bem, como evidente, em primeiro lugar devemos receber o perdo dos pecados, devemos ser justificados, devemos ter paz com Deus. Estes so os fundamentos verdadeiramente estabelecidos mediante nosso primeiro ato de f em Cristo, sendoportanto evidente que devemos avanar para algo mais.Veremos, pois, que o Sangue trata objetivamente com os nossos pecados. O SenhorJesus levouos, por ns, como nosso Substituto, sobre a Cruz, e obteve, para ns, desse modo, o perdo, a justificao e a reconciliao. Devemos, porm, dar agora um passais no plano de Deus para compreender como Ele trata corr. o princpio do pecado em ns. O Sangue pode lavar e tirar os meus pecados, mas no pode remover o meu "velh

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    ohomem". necessria a Cruz para me crucificar. O Sangue trata dos pecados, mas aCruz trata do pecador? Dificilmente se encontra a palavra "pecador" nos pri-meirosquatro captulos de Romanos. E isto porque ali no se salienta necessariamente o prprio pecador, falandose mais dos pecados que ele comete. A palavra "peca-dor" aparece com destaque s no captulo 5, e impor-tante notarse como que o pecador apredo neste trecho. considerado pecador porque nasceu pecador, e no por ter cometidopecados. Esta distino importan-te. verdade que muitos obreiros do Evangelho, prondo demonstrar a algum que pecador, emprega o versculo Rm 3.23, onde se afirma que"todos pecaram", emprego este que no rigorosamente justificado pelas Escrituras.Correse o perigo de cair em contradio, porque Romanos no ensina que somos pecadores por cometermos pecados, e sim, pecamos por sermos pecado-res. mais por constituio do que por ao que somos pecadores. Como Rm 5.19 o expressa: "Pela desobedin-ciam s homem, muitos se tornaram pecadores". Como que nos tornamos pecadores? Pela desobe-dincia de Ado. No nos tornamos pecadores por aqui-lo que fizemos, e sim, devidilo que fez Ado. O captulo 3 chama nossa ateno quilo que fizemos "todos pecaram"orm, por isso que viemos a ser pecadores.Perguntei, certa vez, a uma classe de crianas: "O que um pecador? " e a sua resposta foi imediata: "Um que peca". Sim, aquele que peca pecador, mas seu ato ape-nascomprova que j pecador. Mesmo aquele que no comete pecados, se pertence raa de tambm pecador e necessita, igualmente, da redeno. H pecado-res maus e pecadores pecadores morais e pecado-res corruptos, mas todos so igualmente pecadores. Pen-samos, s vezes, que tudo nos iria bem se no fizssemos determinadas coisas; o problema,no entanto, muito mais profundo do que aquilo que fazemos: est naquilo que somos.O que se conta o nascimento: sou pecador porque nasci de Ado. No questo do meu

    portamento ou da minha conduta, e, sim, da minha hereditariedade, do meu parentesco. No sou pecador porque pe-co, mas peco porque descendo de linhagem m. Peco por ser pecador.Tendemos a pensar que o que fizemos pode ser muito mau, e que ns mesmos no somos tomaus assim. O que Deus deseja realmente nos mostrar que ns que somos fundamentalmente errados. A raiz do problema o pecador: com ele que se deve tratar. Os nossos pecados so solucionados pelo Sangue, mas ns prprios somos trata-dos pela Cruz. O angue nos perdoa pelo que fizemos; a Cruz nos liberta daquilo que somos.

    A condio do homem por naturezaChegamos pois a Romanos 5.1221. Nesta grande pas-sagem, a graa se contrasta com opecado, e a obedincia de Cristo com a desobedincia de Ado. A passagem ini-cia a seguda seo de Romanos (5.12 a 8.39), com que nos ocuparemos agora de maneira especial,

    tirando dela a concluso que se acha no versculo 19, j citado: "Porque, como pela desobedincia de um s homem muitos se tornaram pecadores, assim tambm por meio da obe-incia de um s muitos se tornaro justos". O Esprito de Deus procura aqui nos mostrarem primeiro lugar, o que somos, e depois como chegamos a ser o que somos. No comeo da nossa vida crist, ficamos preocupados com o que fazemos, e no com o que somos; sentimonos mais tristes pelo que temos feito, do que pelo que somos. Pensamos que, se pudssemos retificar certas coi-sas, seramos bons cristos, e ento, procuramodifi-car as nossas aes. Os resultados, porm, no so o que espervamos. Descobrimgrande espanto, que se trata de algo mais do que apenas certas dificuldades ex-ternas que realmente h no ntimo um problema mais srio. Procuramos agradar ao Senhor,descobrimos, po-rm, que h algo dentro de ns que no deseja agradarLhe. Procuramos shumildes, mas h algo em nosso prprioeu que se recusa a ser humilde. Procuramos de-monstrar afeto, mas no sentimos ternura no ntimo. Sorrimos e procuramos parecer mui

    to amveis, mas no ntimo sentimos absoluta falta de amabilidade. Quanto mais procuramos corrigir as coisas na parte exterior, tanto melhor entendemos quo profundamente se arrai-gou o problema na parte interior. Ento, chegamonos ao Senhor, dizendo: "Senhor, agora compreendo! No s o que tenho feito que est errado! Eu estou errad".A concluso de Romanos 5.19 comea a se tornar clara para ns. Somos pecadores. Somosmembros de uma raa que , constitucionalmente, diferente do que Deus intencionou que fosse. Por causa da queda, houve fundamental transformao no carter de Ado, em virde do que se tornou pecador, constitucionalmente incapaz de agradar a Deus e a semelhana familiar que todos ns temos com ele no meramente superficial expressas

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    ambm no nosso carter interior. Como aconteceu isto? "Pela desobedincia de um", dizPaulo.A nossa vida vem de Ado. Onde estaria voc agora, se o seu bisav tivesse morrido comtrs anos de idade? Teria morrido nele! A sua experincia est unida dele. A experia de cada um de ns est unida de Ado da mesmssima forma. Potencialmente, todos nsos no den quando Ado se rendeu s palavras da ser-pente. Todos estamos envolvidos no ecado de Ado e, sendo nascidos "em Ado", recebemos dele tudo aquilo em que ele setornou, como resultado do seu pecado quer dizer, a natureza de Ado, que a natureza do pe-cador. Derivamos dele a nossa existncia, e, porque sua vida se tornou pecaminosa, e pecaminosa a sua natureza, a natureza que dele derivamos tambm pecaminosa. De modo que o problema est na nossa hereditariedade e no no nosso procedimento.A menos que possamos mo-dificar o nosso parentesco, no h livramento para ns.Mas precisamente neste ponto que encontraremos a soluo do nosso problema, porque foi exatamente assim que Deus encarou a situao.

    Como em Ado, assim em CristoEm Romanos 5.1221, no somente se nos diz algo a respeito de Ado, mas tambm em relaao Senhor Je-sus. "Porque, como pela desobedincia de um s homem muitos se tornaram pecadores, assim tambm por meio da obedincia de um s muitos se tornaram justos" (19). Em Ado recebemos tudo o que de Ado; em Cristo re-cebemos tudo o que de Cristo.As expresses "em Ado" e "em Cristo" so muito pouco compreendidas pelos cristos, e dsejo salientar, por meio de uma ilustrao que se acha na Epstola aos Hebreus, o significado racial e hereditrio da expresso "em Cristo". Na primeira parte da carta, oescritor pro-cura demonstrar ser Melquisedeque maior do que Levi. A finalidade de

    sta demonstrao provar que o sacerd-cio de Cristo maior do que o de Aro, que erabo de Levi. J que o sacrifcio de Cristo "segundo a ordem de Melquisedeque" (Hebreus 7.1417) e o de Aro, segun-do a ordem de Levi, o argumento gira em tomo de provarque Melquisedeque maior do que Levi.Hebreus 7 diz que Abrao, voltando da batalha dos reis (Gnesis 14), ofereceu a Melquisedeque o dzimo dos despojos e recebeu da parte dele uma bno, reve-lando ser ele menor categoria do que Melquisedeque, porque o menor que oferece ao maior (Hb 7.7). Outrossim, o fato de Abrao ter oferecido o dzimo a Melquisedeque implica que Isaque, "em Abrao", tam-bm o ofereceu, e o mesmo se aplica a Jac, e tambm a Levi. Dedo que Levi de menor categoria do que Melquisedeque, e o sacerdcio dele inferiorao do Senhor Jesus. Nem sequer se pensava em Levi na poca da bata-lha dos reis. Contudo, fez sua oferta na pessoa do seu pai, antes de ter sido gerado por ele (Hb7.9,10).

    Ora, justamente isto que significa a expresso "em Cristo". Abrao, como a cabea da amlia da f, incluiu, em si mesmo, toda a famlia. Quando ele fez a sue oferta a Melquisedeque, toda a sua famlia participou daquele ato. No fizeram ofertas separadamente, como indivduos, mas estavam nele, porque toda a sua semente estava includa nele.Apresentasenos assim uma nova possibilidade. Em Ado, tudo se perdeu. Pela desobedincia de um homem, fomos todos constitudos pecadores. O pecado entrou por ele, e, pelo pecado, entrou a morte, e desde aquele dia o pecado impera em toda a raa,produzindo a morte. Agora, porm, um raio de luz incide sobre a cena. Pela obedincia de Outro, podemos ser constitudos justos. Onde o pecado abundou, superabundou agraa, e, como o pecado reinou na morte, do mesmo modo a graa pode reinar por meioda justia para a vida eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 5.1921). Onosso deses-pero est em Ado; a nossa esperana est em Cristo.

    O processo divino da libertaoDeus certamente deseja que estas consideraes nos levem libertao prtica do pecadolo deixa isto bem claro ao iniciar o captulo 6 desta carta com a per-gunta: "Permaneceremos no pecado? " Todo o seu ser se revolta perante a simples sugesto. "De modo nenhum", exclama. Como podia um Deus santo ter satisfao em possuir filhos no santos, presos com os grilhes do pe-cado? E, por isso, "como viveremos ainda no pecado? " (Rm 6.1,2). Deus ofereceu, portanto, proviso certa e adequada para que fossemos libertados do domnio do pecado.Mas aqui est o nosso problema. Nascemos pecadores; como podemos extirpar a nossa

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    hereditariedade pecami-nosa? Desde que nascemos em Ado, como podemos sair dele, livrandonos dele? Quero afirmar de imediato que o Sangue no nos pode tirar para fora de Ado. H somente um caminho. Desde que entramos nele pelo nascimento, devemos sair dele pela morte. Para nos des-pojarmos da nossa pecaminosidade, temos que nosdes-pojar da nossa vida. A escravido ao pecado veio pelo nascimento; a libertao do pcado vem pela morte e foi exatamente este o caminho de escape que Deus ofereceu. A morte o segredo da emancipao. Estamos mor-tos para o pecado (Rm 6.2).Como, afinal, podemos ns morrer? Alguns de ns procuramos, mediante grandes esforos,libertarnos des-ta vida pecaminosa, mas a achamos muito tenaz. O caminho de sadano nos matarmos, e sim, reconhecer que Deus em Cristo cuidou da nossa situao. esa idia contida na seguinte declarao do apstolo: "todos os que fomos batizados em Crsto Jesus, fomos batiza-dos na sua morte" (Rm 6.3).Se, porm, Deus solucionou nosso caso "em Cristo Je-sus", logo temos que estar nEle,para que isto se torne realidade eficaz, e assim surge problema igualmente gran-de. Como podemos "entrar" em Cristo? neste sentido que Deus vem de novo em nossoauxlio. No temos mes-mo meio algum de entrar nEle, mas o que importa que no preciss tentar entrar, porque j estamos nEle. Deus fez por ns o que no poderamos fazer pons mesmos. Ele nos colocou em Cristo. Quero recordar I Co 1.30: "Vs sois dele (isto , de Deus), em Cristo Jesus". Graas a Deus! No nos incumbe sequer de divisar umcaminho de acesso ou elaborar um plano. Deus fez os planos necessrios. No s planejou como tambm exe-cutou o plano. "Vs sois dele, em Cristo Jesus". Estamos nEle; portanto, no precisamos procurar entrar. um ato divino, e est consumado.Se isto verdade, seguemse certos resultados. Na ilus-trao do captulo 7 de Hebreusmos que "em Abrao" todo Israel e, portanto, Levi, que ainda no nascera ofereceu o

    dzimo a Melquisedeque. No fizeram esta oferta separada e individualmente, mas estavam em Abrao quando este fez a oferta, e, ao fazla, incluiu, nesse ato, toda a sua semente. Isto , pois, uma verdadei-ra figura de ns prprios "em Cristo". Quando o Snhor Jesus estava na Cruz, todos ns morremos no indivi-dualmente, porque ainda nem hamos nascido mas, estando nEle, morremos nEle. "Um morreu por todos, logo todosmorreram" (II Co 5.14). Quando Ele foi cru-cificado, todos ns fomos crucificados."Vs sois dele, em Cristo Jesus". O prprio Deus nos colocou em Cristo e, tratando com Cristo, Deus tratou com toda a raa. O nosso destino est ligado ao Seu. Pelas experincias por que Ele passou, ns igualmente passamos, porque estar "em Cristo" significa ter sido identificado com Ele, tanto na Sua morte como na Sua ressurreio. Ele foi crucificado; o que, ento, sucedeu conosco? Devemos pedir a Deus que nos crucifique? Nunca! Quando Cristo foi crucificado, ns fomos cruci-ficados; sendo a Suacrucificao passada, a nossa no pode situarse no futuro. Desafio qualquer pessoa a

    en-contrar um texto no Novo Testamento que nos diga ser futura a nossa crucificao.Todas as referncias a ela se encontram no tempo aoristo do Grego, tempo que signi-fica "feito de uma vez para sempre", "eternamente pas-sado" (ver Rm 6.6, Gl 2.20; 5.24). E como um homem no poderia se suicidar nunca pela crucificao, por ser fisicamente impossvel, assim tambm, em termos espi-rituais, Deus no requer que nos crucifiqemos a ns prprios. Fomos crucificados quando Ele foi crucificado, pois Deus nos incluiu nEle na Cruz. A nossa morte, em Cristo, no meramente uma posio de doutrina, m fato eterno.

    A Morte e a Ressurreio dEle so representativas e inclusivasQuando o Senhor Jesus morreu na Cruz, derramou o Seu Sangue, dando assim a Sua vida, isenta de pecado, para expiar os nossos pecados e assim satisfez a justia ea santidade de Deus. Tal ato constitui prerrogativa exclu-siva do Filho de Deus. N

    enhum homem poderia partici-par dele. A Escritura nunca diz que ns derramamos o nosso sangue juntamente com Cristo. Na Sua obra expia-tria, perante Deus, Ele agiu sozinho. Ningum poderia participar dele com Ele. O Senhor, no entanto, no mor-reu apenas para derramar o Seu sangue: morreu para que ns pudssemos morrer. Morreu como nosso Represen-tante. Na Sua morte Ele incluiu a voc e a mim.Freqentemente usamos os termos "substituio" e "identificao" para descrever estes daspectos da mor-te de Cristo. A palavra "identificao" muitas vezes boa; pode, porsugerir que a experincia comea do nosso lado: que sou eu que procuro identificarme com o Senhor. Concordo que a palavra verdadeira, mas deve ser empregada mais tarde. melhor comear com a ver-dade de que o Senhor me incluiu na Sua morte. a mort

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    "inclusiva" do Senhor que me habilita a me identificar com Ele,ao invs de ser euquem me identifico com Ele a fim de ser includo. E aquilo que Deus fez, incluindome em Cristo, que importa. por isso que as duas pala-vras "em Cristo" me so sempre to queridas ao corao.A morte do Senhor Jesus inclusiva, e Sua ressurrei-o igualmente. Examinando o primero captulo de I Corntios, estabelecemos que estamos "em Cristo", e ago-ra, mais pelofim da Carta, veremos algo mais sobre o significado disto. Em I Co 15.4547, atribuemse ao Se-nhor Jesus dois ttulos notveis. chamado "o ltimo Ado" e, igualmeno segundo Homem". A Escritura no se Lhe refere como o segundo Ado e sim, como o "ltimo Ado", nem se Lhe refere como o ltimo Ho-mem, e sim, como "o segundo Homem". Notese esta diferena, que encerra uma verdade de grande valor.Como o ltimo Ado, Cristo a soma total da huma-nidade; como o segundo Homem, Ele abea de uma nova raa. De modo que temos aqui duas unies, referin-dose uma Sua mortoutra Sua ressurreio. Em primeiro lugar, a Sua unio com a raa, como "o ltimo Admeou, historicamente, em Belm, e terminou na Cruz e no sepulcro. E ali reuniu em Si mesmo tudo o que era de Ado, levandoo ao julgamento e morte. Em segundo lugar,a nossa unio com Ele, como "o segundo Homem", comea com a ressurreio e termina na ter-nidade, ou seja, nunca, pois, tendo acabado por meio da Sua morte com o primeiro homem em quem se frustrara o propsito de Deus, ressuscitou como o Cabea de umanova raa de homens, em que ser plenamente realizado aquele propsito.Quando, portanto, o Senhor Jesus foi crucificado, foi no Seu carter de ltimo Ado, reunindo em Si e anulan-do tudo o que era do primeiro Ado. Como o ltimo Ado, ps termelha raa como o segundo Homem, inicia a nova raa. na ressurreio que Se apresentomo o segundo Homem, e nesta posio ns tambm estamos includos. "Porque se fomos uni

    com ele na semelhana da sua morte, certamente o seremos tambm na semelhana da suaressurreio" (Rm 6.5). Morremos nEle, como o ltimo Ado; vivemos nEle, como o segun-domem. A Cruz , pois, o poder de Deus que nos transfere de Ado para Cristo.

    3A vereda do progresso:sabendoA nossa velha histria termina com a Cruz; a nossa nova histria comea com a Ressurreio. "E assim, se algum est em Cristo, nova criatura: as cousas antigas j passaras que se fizeram novas" (II Co 5.17). A Cruz pe termo primeira criao, e por meio dsta morte surge a nova criao em Cristo, o segundo Homem. Se estamos "em Ado", tudoquanto em Ado est, ne-cessariamente recai sobre ns. Tornase involuntariamen-te noss

    pois nada precisamos fazer para disto participar-mos. Sem esforo, sem perdermos a calma, sem cometer-mos mais alguns pecados, vem sobre ns independente-mente de ns mesms. Da mesma forma, se estamos "em Cristo", tudo o que h em Cristo nos atribudo pela livre graa, sem esforo nosso, e, simplesmente, pela f.Embora seja a pura verdade dizer que em Cristo temos tudo quanto precisamos, pela livre graa, talvez isto no nos parea muito prtico. Como se pode tornar realidade m nossa experincia?Descobrimos atravs do estudo dos captulos 6, 7 e 8 de Romanos que so quatro as condies para se viver uma vida crist normal:a) Sabendo;b) Considerandonos;c) Oferecendonos a Deus;d) Andando no Esprito.

    Estas quatro condies se nos apresentam nesta mesma ordem. Se quisermos viver aquela vida, teremos que dar todos estes quatro passos. No um, nem dois, nem trs, mas os quatro. medida que estudarmos cada um deles, confiaremos que o Senhor, pelo Seu Esprito Santo, iluminar o nosso entendimento e buscaremos o Seu o auxlio, agora,para dar o primeiro grande passo.

    A nossa morte com Cristo, um fato histricoA passagem do nosso estudo agora Rm 6.111. Aqui se v que a morte do Senhor Jesus representativa e inclusiva. Na Sua morte, todos ns morremos. Nenhum de ns pode progredir espiritualmente sem perceber isto. Assim como Cristo levou os nossos pec

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    ados sobre a Cruz, tampouco podemos ter a santificao sem termos visto que nos levou a ns prprios na Cruz. No somente foram colocados sobre Ele os nossos pecados, mastam-bm foram includas nEle as nossas pessoas.Como se recebe o perdo? Compreendemos que o Senhor Jesus morreu como nosso Substituto, e que levou sobre Ele os nossos pecados, e que o Seu sangue foi der-ramado para nos purificar. Quando percebemos que to-dos os nossos pecados foram levados sobre a Cruz, o que fizemos? Dissemos, porventura: "Senhor Jesus, por fa-vor, vem morrer pelos meus pecados"? No, de forma alguma; apenas demos graas ao Senhor. No Lhesupli-camos que viesse morrer por ns, porque compreendemos que Ele j o tinha feito.Esta verdade que diz respeito ao nosso perdo tam-bm diz respeito nossa libertao. a j foi feita. No h necessidade de orar, e, sim, apenas de dar louvo-res. Deus nos icluiu a todos em Cristo, de modo que quando Cristo foi crucificado, ns tambm o fomos. No h, portanto, necessidade de orar: "Sou uma pessoa muito m; Senhor, crucificame, por favor". Apenas pre-cisamos louvar ao Senhor por termos morrido quando Cristo morreu. Morremos nEle: louvemoLo por isso e vivamos luz desta realidade. "Ento creram nas Suas palavras e Lhe cantaram louvores" (Salmos 106.12).Voc cr na morte de Cristo? claro que sim. Ento, a mesma Escritura que diz que Ele orreu por ns diz tambm que ns morremos com Ele. Prestemos ateno a este fato: "Crismorreu por ns" (Rm 5.8). Esta a primeira declarao que se nos apresenta com toda a la-reza, a segunda, porm, no menos clara: "Foi crucifi-cado com ele o nosso velho hm" (Rm 6.6). "Morre-mos com Cristo" (Rm 6.8).Quando somos ns crucificados com Ele? Qual a data da crucificao do nosso homem velo? amanh? Foi ontem? Ou hoje? Talvez nos facilite considerar de outra forma a afirmao de Paulo, dizendo: "Cristo foi crucificado com (isto , ao mesmo tempo que) o n

    osso homem velho". Foi Cristo crucificado? Ento como pode ser diferente o meu caso? Se Ele foi crucificado h quase dois mil anos, e eu com Ele, pode se dizer quea minha crucificao ocorrer amanh? Pode a Sua ser passada e a minha, presente ou futra? Graas a Deus, porque quando Ele morreu na Cruz, eu morri com Ele. No morreu apenas em meu lugar, e, sim, levoume com Ele Cruz, de forma que, quando Ele morreu, eu morri com Ele. E se eu creio na morte do Senhor Jesus, posso tambm crer naminha prpria morte, to seguramente como creio na dEle.Por que acredita que o Senhor Jesus morreu? Qual o fundamento da sua f? porque sente que Ele morreu? No, voc nunca o sentiu. Quando o Senhor foi crucifi-cado, dois ladres foram crucificados ao mesmo tempo. No duvida de que eles foram crucificadoscom Ele, por-que a Escritura o afirma de modo absolutamente claro. Assim tambm, cr na morte do Senhor, porque a Pala-vra de Deus a declara.Crendo na morte do Senhor Jesus, e na morte dos la-dres com Ele, o que cr a respeito

    da sua prpria mor-te? A sua crucificao mais ntima do que a destes. Foram crucifiao mesmo tempo que o Senhor, mas em cruzes diferentes, enquanto voc foi crucificado na mesma Cruz com Ele, porque estava nEle quando Ele morreu. Como pode saberdisto? porque Deus o disse.No depende daquilo que voc sente. Cristo morreu, quer voc sinta isso, quer no sintaNs tambm morre-mos, independentemente do que sentimos quanto a isso; tratase de fatos divinos: que Cristo morreu, um fato, que os dois ladres morreram, outro, e anossa morte igualmente um fato. Posso afirmar: "Voc j morreu". J est posto de pareliminado! O "Eu" que voc aborrece ficou na Cruz, em Cristo. E "quem morreu, s justificado est do pecado" (Rm 6.7). E este o Evangelho para os cristos!A nossa crucificao jamais se tornar eficaz atravs da nossa vontade, do nosso esfore sim, unicamente por aceitarmos o que o Senhor Jesus Cristo fez na Cruz. Os nossos olhos devem estar abertos obra consumada no Calvrio. Talvez voc tenha procurad

    , antes de rece-ber a salvao, salvarse a si mesmo, lendo a Bblia, orando, freqentaa Igreja, dando ofertas. Depois, um dia, se lhe abriram os olhos e voc percebeuque a plena salvao j lhe fora provida na Cruz. Voc simples-mente a aceitou, agradeco a Deus, e ento seu cora-o foi permeado pela paz e alegria. Ora, a salvao foi dadmesma base que a santificao: recebemos a li-bertao do pecado do mesmo modo que receos o perdo dos pecados.O modo de Deus operar a libertao inteiramente diferente dos processos a que o homem recorre. O homem se esfora por suprimir o pecado, procurando venclo: o processodivino consiste em remover o pecador. Muitos cristos se lamentam das suas fraquezas, pensando que, se fossem mais fortes, tudo lhes iria bem. A idia de que seja

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    a nossa fraqueza que nos causa os malogros na tenta-tiva de viver uma vida santa,e de que se exige da nossa parte mais esforo, conduz naturalmente a este conceitofalso do caminho da libertao. Se o poder do pecado e nossa incapacidade de venclque nos preocupa, conclumos que o que nos falta mais poder. "Se fosse mais forte", dizemos, "poderia vencer as exploses violentas do meu mau gnio", e assim, pedimos que o Senhor nos fortalea para podermos nos dominar a ns mesmos.Tal conceito, porm, est completamente errado, e no o cristianismo. O meio divino dnos libertar do pecado no consiste em nos fazer cada vez mais fortes, mas antes em nos tornar cada vez mais fracos. Certamen-te se pode dizer que esta uma forma devitria bastante estranha, mas essa a maneira de Deus agir em ns. Deus nos livra do domnio do pecado, no por meio de forta-lecer o nosso velho homem, e sim, crucificandoo; no o por ajudlo a fazer coisa alguma, e sim, por removlo do campo de ao. vez voc j tenha procurado em vo, durante muitos anos, exercer domnio sobre si pr-pe talvez seja essa sua experincia at agora. Uma vez, porm, que voc percebe a verdade reconhece que real-mente no possui em si mesmo poder algum para fazer seja o quefor, passa a saber que quando Deus colocou voc de lado, tudo foi realizado, pondo termo ao esfor-o humano.

    O primeiro passo: "Sabendo isto..."A vida crist normal tem que comear com um "saber" muito definido, que no apenas saer algo a respeito da verdade, nem compreender alguma doutrina impor-tante. No , deforma alguma, um conhecimento inte-lectual, mas consiste em abrir os olhos do coraopara ver o que temos em Cristo.Como que voc sabe que os seus pecados esto per-doados? porque o seu pastor lho di

    ? No, voc simplesmente o sabe. Se algum lhe perguntar como sabe, apenas responder: Eu sei". Tal conhecimento vem por revelao do prprio Senhor. Evidentemente, o fato o perdo dos pecadores est na Bblia, mas para a Palavra de Deus escrita se transformar em Palavra de Deus viva em voc, Deus teve que lhe dar o "esprito de sabedoria ede revelao no pleno conhecimento dele" (Ef 1.17). Voc precisou ficar conhecendo Cristo deste modo, e sempre assim: h ocasies, relativas a cada nova revelao de Crisem que se sabe no prprio corao e se "v" no esprito. Uma luz brilha no seu ntimo do que voc fica persuadido do fato. O que verdadeiro acerca do perdo dos pecados n menos verdadeiro a respei-to da libertao do pecado. Quando a luz de Deus come-a ar em nosso corao, vemos que estamos em Cris-to. No porque algum nos disse isto, nramente porque Romanos 6 o afirma. algo mais do que isso. Sabemolo porque Deusnolo revelou pelo Seu Esprito.Talvez no o sintamos. Sabemos, no entanto, porque o temos visto. Uma vez que temo

    s visto a ns mesmos em Cristo, nada pode abalar a nossa certeza a respeito daquele bendito fato.Se se perguntar a alguns crentes que entraram na vida crist normal, como chegarama esta experincia, uns di-ro que foi desta forma, e outros, daquela. Cada um res-sala a forma especfica como entrou na experincia, e cita versculos para apoila; e, inelizmente, muitos cris-tos procuram usar suas experincias especiais e suas escrituras especiais para combater outros cristos. A ver-dade, porm, que embora entrem por dferentes cami-nhos na vida mais profunda, no devemos considerar mutuamente exclusivas as experincias ou doutrinas que sublinham, e antes, complementares. Uma coisa certa: qualquer experincia verdadeira que tenha valor vista de Deus, teve que seralcanada atravs de se descobrir algo mais do significado da Pessoa e da Obra do Senhor Jesus. Esta a prova crucial e absolutamente segura.Paulo nos mostra que tudo depende desta descoberta: "Sabendo isto, que foi cruci

    ficado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destrudo, e nosirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6).

    A revelao divina essencial ao conhecimentoAssim sendo, nosso primeiro passo buscar da parte de Deus o conhecimento que vemda revelao, no de ns mesmos, mas da obra consumada do Senhor Jesus Cristo na CruzQuando Hudson Taylor, o fundador da Misso para o Interior da China, entrou na vida crist normal, foi da seguinte forma. Ele fala do problema que havia muito estava sentindo: o de saber como viver "em Cristo", como derivar da Videira a seiva para si prprio. Sabia perfeitamente que devia ter a vida de Cristo ema-nando atravs d

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    e si mesmo, e, contudo, sentia que no o tinha conseguido. Via claramente que as suas necessidades deviam ser satisfeitas em Cristo. "Eu sabia" di-zia ele, escrevendo sua irm, de Chinkiang, em 1869 "que se eu apenas pudesse permanecer em Cristotudo iria bem. Mas, eu no conseguia". Quanto mais procurava entrar em Cristo, tanto mais se achava como que deslizando, por assim dizer, at que um dia a luz brilhou, a revelao veio e ele entendeu tudo."Sinto que est aqui o segredo: no em perguntar co-mo vou conseguir tirar a seiva davideira para colocla em mim mesmo, mas em me recordar que Jesus a Vi-deira a raiza cepa, as varas, os renovos, as folhas, a flor, o fruto, tudo, na verdade".Depois, ao dirigirse a um amigo que o tinha auxilia-do:"No preciso de fazer de mim mesmo uma vara. Sou parte dEle e apenas preciso crernisso e agir de conformi-dade. J h muito, tinha visto esta verdade na Bblia, mas agoa creio nela como realidade viva".Foi como se alguma verdade que sempre existia se tornasse verdadeira para ele pessoalmente, sob uma nova forma. Outra vez escreve irm:"No sei at que ponto serei capaz de me tornar inte-ligvel a este respeito, pois que h nada novo ou es-tranho ou maravilhoso er todavia, tudo novo! Numa palavra, "Euera cego, e agora vejo". Estou morto e crucificado com Cristo sim, e ressurretotambm e assun-to... Deus me reconhece assim, e me diz que assim que me considera.Ele Quem sabe... Oh, a alegria de ver esta verdade! Oro, com todas as foras do meu ser, para que os olhos do teu entendimento possam ser iluminados, para que vejas as riquezas que livremente nos foram dadas em Cristo, e que te regozijes nelas".Realmente, coisa grandiosa ver que estamos em Cris-to! Procurar entrar numa sala d

    entro da qual j estamos seria criar em ns um senso de confuso enorme pen-semos no urdo de pedir a algum que nos ponha l dentro.. Se reconhecemos o fato de que j estamos den-tro, no fazemos mais esforos para entrar. Se tivssemos mais revelao, teraos oraes e mais lou-vores. Muitas das nossas oraes a nosso favor, so profe-ridas pomos cegos a respeito daquilo que Deus fez.Lembrome de um dia em Xangai quando falava com um irmo bastante exaltado e preocupado quanto sua condio espiritual. Dizia ele: "Existem tantos que vi_ vem vidasbelas e santas! Sinto vergonha de mim mesmo. Chamome cristo, e, todavia, quandome comparo com outros, sinto que no sou cristo altura, de forma algu-ma. Quero conhcer essa vida crucificada, essa vida ressurreta, mas no a conheo. No vejo forma dealcanla". Outro irmo estava conosco e ambos falamos duran-te duas horas ou mais, tetando levar o homem a ver que nada poderia ter, separadamente de Cristo, mas osnossos esforos no alcanaram xito. Disse o nosso amigo: "A melhor coisa que se pode

    azer orar". "Mas, se Deus j lhe deu tudo, por que precisa de orar? " per-guntamos."Ele no o fez", respondeu o homem, "visto que eu ainda perco o meu domnio prprio, falho ainda constantemente; de modo que devo continuar a orar". "Bem", dissemos,"alcana aquilo por que ora? ". "La-mento dizer que no consigo nada", respondeu. Tenta-mos chamarlhe a ateno para o fato de que, assim como ele nada fizera em favor dasua prpria justificao, assim tambm ele no precisava fazer coisa alguma a respeito sua santificao. Em dado momento, um terceiro irmo muito usado pelo Senhor, entrou ejuntouse a ns. Havia uma garrafa trmica em cima da mesa, e este irmo pegou nela,dizendo: "O que isto? " "Uma garrafa trmica". "Bem, imaginemos que esta garrafa trmica pudesse orar, e que comeasse a orar da seguin-te maneira: "Senhor, desejo muito ser uma garrafa tr-mica. Concede a Tua graa, Senhor, para que eu me tor-ne uma garrfa trmica. Por favor, faze de mim uma!" O que diria o amigo? ""Penso que nem mesmo uma garrafa trmica seria to pateta", respondeu o nosso amigo. "No faria sentido o

    rar desse modo. Ela j uma garrafa trmica!" Ento, aquele irmo disse: "Voc est faxatamente a mesma coisa. Deus j o incluiu em Cristo; quando Ele morreu, voc morreu; quando Ele ressuscitou, voc ressuscitou. Portanto, voc no pode dizer hoje: Queromorrer, quero ser crucificado; quero ter vida ressurreta. O Senhor simplesmenteolha para voc e diz: "Voc est morto! Voc tem uma vida nova!" Toda a sua orao tcomo a da garrafa trmica. Voc no necessita de orar ao Senhor pedindo qualquer coisa. Necessita, meramente, de ter os olhos abertos para ver que Ele j fez tudo isso".Eis a questo. No precisamos trabalhar para alcanar-mos a morte, nem precisamos esperr para morrer. Estamos mortos. Agora, s nos falta reconhecer o que o Senhor j fez,

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    e louvLo por isso. Uma nova luz desceu sobre aquele homem. Com lgrimas nos olhos, disse: "Senhor, louvoTe porque j me incluste em Cristo. Tudo o que dEle meurevelao chegara, e a f possua algo de que lanar mo. E se voc pudesse ter encon-ele irmo, mais tarde, que mudana perceberia!

    A Cruz atinge a raiz do nosso problemaQuero recordar, mais uma vez, a natureza fundamen-tal do que o Senhor operou na Cruz, assunto que merece o maior destaque, porque precisamos entendlo.Suponha que o governo do seu pas quisesse enfrentar rigorosamente a questo das bebidas alcolicas e decidis-se que todo o Pas ficasse sob a "lei seca". Como seria posta em prtica tal deciso? Como poderamos coope-rar? Se revistssemos cada loja, cada c, por todo o pas e destrussemos todas as garrafas de vinho, cerveja ou pinga que encontrssemos, resolveramos assim o pro-blema? Certamente que no. Poderamos livrar am a terra de cada gota de bebida alcolica existente na praa, mas, por detrs daquelas garrafas de bebida se encon-tram as fbricas que as produzem, e se no tocssemos nasfbricas, a produo continuaria e no haveria solu-o permanente para o problema. As produto-ras das bebidas, as cervejarias e as destilarias por todo o pas, teriam queser fechadas se quisssemos resolver de forma permanente a questo do lcool.Ns somos uma fbrica desta natureza, e os nossos atos so a produo. O Sangue de Jesuristo, nosso Senhor, resolveu a questo dos produtos, dos nossos pe-cados. De modo que a questo do que temos feito j foi tratada; ser que Deus Se detm aqui? Como se trta daquilo que somos? Fomos ns que produzimos os pe-cados. A questo dos nossos pecados foi resolvida, mas como vamos ns prprios ser tratados? Cr que o Se-nhor purificara todos os nossos pecados para ento dei-xar por nossa conta enfrentarmos a fbrica qu

    e os pro-duz? Acredita que Ele inutilizaria os produtos e que deixaria por nossa conta a fonte de produo?Fazer tal pergunta responderlhe. Deus no faz a obra pela metade. Pelo contrrio, inutilizou os produtos e encerrou a fbrica produtora.A obra consumada de Cristo realmente atingiu a raiz do nosso problema, solucionandoo. Para Deus no h meia medida. "Sabendo isto", disse Paulo, "que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destrudo, e no sirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6). "'Sabendo isto". Sim, mas voc o sabe de fato? "Ou, porventura, ignorais? " (Rm 6.3).

    4A vereda do progresso:

    considerarseEntramos agora num assunto sobre o qual tem havido alguma confuso entre os filhosdo Senhor. Diz respeito quilo que se segue a este conhecimento. Notese a reda-o exta de Rm 6.6: "Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem". Otempo do verbo muito preciso: situa o acontecimento no passado distan-te. um acontecimento final, realizado de uma vez para sempre, e que no pode ser desfeito. Onosso velho ho-mem foi crucificado, uma vez para sempre, e jamais pode voltar situao de no crucificao. isto que devemos saber.O que se segue depois de sabermos isto? O manda-mento seguinte se acha no v. 11: "Assim tambm vs consideraivos mortos para o pecado", que a seqncia natural do v. Leiamoos juntamente: "Sabendo... que foi crucificado com ele o nosso velho homem... conside-raivos mortos". Esta a ordem. Quando sabemos que o nosso velho homemfoi crucificado com Cristo, o passo seguinte considerarmos esta verdade.

    Infelizmente a nfase da verdade da nossa unio com Cristo tem sido freqentemente colocada na segunda questo, a de nos considerarmos mortos, como se fosse este o ponto de partida, enquanto que deveria ser ressal-tada a necessidade de sabermos que estamos mortos. A Palavra de Deus mostra claramente que "sabendo" deve preceder o"considerarse". "Sabendo isto... consideraivos". A seqncia extremamente importante. O ato de nos considerarmos deve basearse no conhecimento do fato divinamente revelado, pois, de outro modo, a f no tem fundamento sobre que descansar e apoiarse.Deste modo, no devemos ressaltar demasiadamente o considerarse, ao ensinar estamatria. As pessoas sem-pre procuram considerarse, sem previamente saber. No tiveram

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    primeiramente uma revelao do fato, dada pelo Esprito, mas ainda procuram considerarse e logo se vem a braos com toda espcie de dificuldades. Quando a tentao se mansta, comeam furiosamente a se considerar: "Estou morto; estou morto; estou morto!" Mas, no prprio ato de considerarse, perdem a serenida-de. Depois, dizem, "Isto nod certo, e no h valor em Romanos 6.11". Realmente, devemos reconhecer que o v. 11no tem qualquer efeito sem o v.6. Acontece que, sem conhecermos que estamos mortos com Cristo, nossa luta de nos considerarmos se tornar sempre mais inten-sa, e o resultado ser a derrota na certa.No quero dizer que no precisamos realizar esta ver-dade na nossa experincia. H a efao dessa morte em termos de experincia, de que trataremos agora, mas a base de tudo que j fui crucificado, j est feito.Qual o segredo de considerar, ento? revelao: precisamos de revelao da parte doDeus (Mt 16.17; Ef 1.17,18). Devemos ter os olhos abertos para o fato da nossa unio com Cristo, e isso algo mais do que conhecla como doutrina. Tal revelao no vaga e indefinida. Muitos de ns podemos recordar o dia em que vimos claramente que Cristo morreu por ns, e devemos ter igual certeza da hora em que percebemos que ns morremos com Cristo. No deve ser nada de confuso, mas algo muito definido, porque a base em que prosseguimos. Estou morto no porque me consi-dero assim, mas porcausa daquilo que Deus fez para comigo em Cristo por isso considerome morto. este o verdadeiro sentido de considerarse. No se trata de considerarse para se ficar morto, mas de con-siderarse morto porque essa a pura realidade.

    O segundo passo: "Assim, tambm vs consideraivos"O que significa considerarse? "Considerar", no Gre-go, significa fazer contas, fa

    zer escriturao comercial.A contabilidade a nica coisa no mundo que ns, seres humanos, sabemos fazer corretamente. O artista pinta uma paisagem. Pode fazlo com perfeita exatido? O historiador pode assegurar exatido absoluta de qualquer relato, ou o cartgrafo a perfeita exatido de qualquer mapa? O melhor que podem fazer so aproximaes notveis. Mesmo na versao de cada dia, procuran-do contar algum incidente com a melhor inteno de ser hstos e fiis verdade, no conseguimos exatido completa. H, na maioria das vezes, umendncia ao exagero, aumentando ou diminuindo, empregando uma palavra a mais ou amenos. O que pode ento um ho-mem fazer que seja absolutamente digno de confiana? Aritmtica! No h, neste campo, qualquer possibilida-de de errar. Uma cadeira, mais uma, gual a duas cadei-ras. Isto verdade em Londres e na Cidade do Cabo, em Nova Iorqueno Ocidente ou em Singapura no Oriente. Por todo o mundo, e em todos os tempos,um mais um igual a dois.

    Tendo dito, pois, que a revelao leva naturalmente ao ato de considerarse, no devemos perder de vista que um mandamento nos foi dado: "Consideraivos..." H uma atitude definida a tomar. Deus pede que faamos a escri-turao, lanando na conta: "Eu mor, e que permane-amos nesta realidade. Quando o Senhor Jesus estava na Cruz, eu estava l nEle; portanto, eu o considero como um fato verdadeiro. Considero e declaroque morri nEle. Paulo disse: "Consideraivos mortos para o pecado, mas vivos para Deus". Como isto possvel? "Em Cristo Jesus". Nunca se esquea que sempre, e somete, verdade em Cristo. Se voc olha para si prprio, no achar a esta morte questle, de olhar para o Se-nhor e ver o que Ele fez. Reconhea e considere o fato em Cristo, e permanea nesta atitude de f.

    Considerarse e a fOs primeiros quatro captulos e meio de Romanos falam de f, f e f. Somos justificado

    pela f nEle (Rm 3.28; 5.1). A justificao, o perdo dos nossos pecados e a paz com Dus so nossos pela f; sem f, ningum pode possulos. Na segunda seo de Romanos, no, no encontramos a f mencionada tantas vezes, e primeira vista poderia parecer queaqui h diferena de nfase. No realmente assim, porque a expresso "Considerarse"o lugar das palavras "f" e "crer". Considerarse e a f so, aqui, praticamente a mesma coisa.O que a f? a minha aceitao de fatos divinos, e seu fundamento sempre se acha no sado. O que se relaciona com o futuro mais esperana do que f, embora a f tenha, mutas vezes, o seu objetivo ou alvo no futuro, como em Hebreus 11. Talvez seja poressa razo que a palavra aqui escolhida considerarse. uma palavra que se relacio

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    na unicamente com o passado com aquilo que vemos j realizado ao olhar para trs e ncom qualquer coisa ainda por acontecer. este o gnero de f descrito em Mc 11.24: "Tudo quanto em orao pedirdes, crede que recebestes, e ser assim convosco". A declarao que se crer que j recebeu o que pediu (isto , evidentemente, em Cristo), entoassim". Crer que seja provvel alcanar alguma coisa, e que seja possvel obtla, mesmque ainda vir a obtla, no f no sentido aqui expresso. F crer que j alcanou. Somente o que se relaciona com o pas-sado f neste sentido. Aqueles que dizem que"Deus pode" ou "Pode ser que Deus o faa", no crem de for-ma alguma. A f sempre dizeus j o fez".Quando , portanto, que tenho f no que diz respeito minha crucificao? No quando due Deus pode ou quer ou deve crucificarme, mas quando, com alegria, digo: "Graasa Deus, em Cristo eu estou "crucificado!" Em Romanos 3 vemos o Senhor Jesus levando os nos-sos pecados e morrendo como nosso Substituto, para que pudssemos ser perdoados. Em Romanos 6, vemonos includos na morte de Cristo, por meio da qual Elecon-seguiu a nossa libertao. Quando nos foi revelado o pri-meiro fato, cremos nEle pra a justificao. Deus nos manda considerar o segundo fato para a nossa libertao. Demodo que, para fins prticos, "Considerarse" na segunda seo de Romanos toma o lugarde "f" na primeira seo. No h diferena de nfase; a vida crist normal vivida pente, do mesmo modo que inicialmente se entra nela, pela f no fato divino: em c eCristo e na Sua Cruz.

    Tentao e fracasso, desafios fPara ns, os grandes fatos da histria so que o Sangue trata de todos os nossos pecados e que a Cruz trata de ns prprios. Mas que diremos com respeito tenta-o? Qual d

    er a nossa atitude quando, depois de termos visto e crido nestes fatos, descobrimos que os ve-lhos desejos querem surgir de novo? Pior ainda, se ca-mos em pecado conhecido, mais uma vez? Ento cai por terra o que foi dito acima?Lembremonos de que um dos principais objetivos do Diabo nos levar a duvidar dasrealidades divinas. (Com-pare Gnesis 3.4).Aps termos percebido, pela revelao do Esprito de Deus, que realmente estamos mortoscom Cristo, e que devemos nos considerar assim, o Diabo vir, dizendo: "Alguma coisa est se mexendo no seu ntimo; o que vo-c diz a isto? Pode dizer que isto morte? ual ser a nossa resposta em tal caso? Aqui est a prova crucial. Vamos crer em fatos tangveis do plano natural, que esto perante os nossos olhos, ou nos fatos intangveis do plano espiritual, que no se vem nem se provam cientificamente?Devemos ser muito cuidadosos a este respeito. importante recordarmos os fatos divinos declarados na Palavra de Deus sobre os quais deve apoiarse a nossa f. Em q

    ue termos Deus declara que foi efetuada a nossa libertao? No se diz que o pecado, como um princpio em ns, foi desarraigado ou removido. No, porque est bem presente, ese lhe for dada oportunidade, nos vencer e nos levar a cometer mais pecados, quercons-ciente quer inconscientemente. por essa razo que sempre devemos tomar conhecimento da operao do precioso Sangue.O mtodo de Deus ao tratar dos pecados cometidos direto, apagandoos da lembrana por meio do Sangue, mas, no que diz respeito ao princpio do pecado e a li-bertao do sepoder, Deus opera atravs do mtodo indireto: no remove o pecado, e, sim, o pecadorO nos-so velho homem foi crucificado com Cristo, e, por causa disto, o corpo, queantes fora veculo do pecado, fica de-sempregado (Rm 6.6). O pecado, o velho senhor,ainda est presente, mas o escravo que o servia foi morto, estando assim fora doseu alcance. Seus membros agora esto desempregados. A mo que jogava de apostas fica desempregada, assim como a lngua de quem xingava, e tais membros passam agora a

    ser teis, em vez disso, "a Deus como instrumentos de justia" (Rm 6.13).A libertao do pecado to real, que Joo pde escrever, confiante: "Todo aquele que do de Deus no vive na prtica do pecado... no pode viver pecando" (I Joo 3.9), expreso essa que, erradamente compreen-dida, poderia nos confundir. Joo no quis dizer queo pecado nunca mais entra em nossa histria e que no cometeremos mais pecados. Dizque o pecar no est na natureza daquele que nascido de Deus. A vida de Cristo foi plantada em ns pelo novo nascimento, e a Sua natureza no caracterizada por cometerpecados. H, po-rm, uma grande diferena entre a natureza de uma coisa e a sua histrie h uma grande diferena entre a natureza da vida que h em ns e a nossa histria.A questo consiste em escolher quais os fatos a que damos valor e que orientam a n

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    ossa vida: os fatos tang-veis da nossa experincia diria ou o fato muito mais importate, de que agora estamos "em Cristo". O poder . da Sua ressurreio est ao nosso lado, e todo o poder de Deus est operando na nossa salvao (Rm 1.16), mas o assunto ainda depende de tornarmos real, na histria, o que j uma realidade divina."Ora a f a certeza das coisas que se esperam e a con-vico de fatos que se no vem1.1), e: "as coi-sas que se no vem so eternas" (II Co 4.18). Creio que todos sabemosque Hb 11.1 a nica definio de f na Bblia. importante que compreendamos esta deNovo Testamento de J. N. Darby traduz bem este tre-cho: "A f a substancializaao dascoisas que se esperam".A palavra "substancializao" boa; significa tornar reais, na experincia, as coisas ue se esperam.Como que "substancializamos" uma coisa? Faze-mos isso todos os dias. Voc conhece adiferena entre substncia e "substancializar"? Uma substncia um objeto, uma coisa nminha frente. "Substancializar" significa que tenho certo poder ou faculdade que torna aquela substncia real para mim. Por meio dos nossos sentidos, podemos tomar certas coisas do mundo, da natureza, e transferilas para o nosso conhecimento e percepo interna, de modo que possamos aprecilas. A vista e o ouvido, por exemplo, so duas das faculda-des que me permitem "substancializar" da luz e do som. Temos cores: vermelho, amarelo, verde, azul e violeta, e estas cores so coisas reais.Mas se eu fechar os olhos, a cor no continua sendo real para mim; sim-plesmente nada para mim. Com a faculdade da vista, contudo, possuo o poder de "substancializar", e assim, o amarelo tornase amarelo para mim.Se eu fosse cego, no poderia distinguir a cor, e se me faltasse a faculdade de ouvir, no poderia apreciar a m-sica. A msica e a cor, no entanto, so realidades que n

    afetadas por minha capacidade ou incapacidade de aprecilas. Aqui estamos considerando coisas que, embora no sejam vistas, so eternas e, portanto, reais. Evidentemente, no com nossos sentidos naturais que poderemos "substancializar" as coisas divinas: h uma faculdade para "a substancializao das coisas que se esperam", das coisas de Cristo a f. A f faz com que as coisas que so reais, sejam reais na minha e-rincia. A f "substancializa" para mim as coisas de Cristo. Centenas de milhares depessoas lem Rm 6.6: "Foi crucificado com Ele o nosso velho homem". Para a f, esta a verdade; para a dvida, ou para o mero assentimento moral, sem a iluminao espiriual, no verda-de.Lembremonos de que no estamos lidando com promessas, e sim, com fatos. As promessas de Deus nos so reveladas pelo Esprito, a fim de que nos apropriemos delas; osfatos, porm, permanecem fatos, quer creiamos neles ou no. Se no crermos nos fatos da Cruz, estes ainda permanecero to reais como sempre, mas no tero qualquer valor pa

    a ns. A f no necessria pa-ra tornar estas coisas reais em si mesmas, mas pode "sucializlas" e tornlas reais em nossa experin-cia.Qualquer coisa que contradiga a verdade da Palavra de Deus deve ser consideradamentira do Diabo. Ao fato maior declarado por Deus, devese curvar qual-quer fatoque parea real ao nosso sentimento. Passei por uma experincia que servir para ilustrar este princ-pio. H alguns anos, encontravame doente. Passei seis noites com febre alta, sem conseguir dormir. Finalmente, Deus me deu, atravs das Escrituras, umapalavra pessoal de cura e, portanto esperava que se desvanecessem ime-diatamentetodos os sintomas da enfermidade.Ao invs disso, no conseguia conciliar o sono, e me senti ainda mais perturbado; a temperatura aumentou, o pulso batia mais rapidamente e a cabea doa mais do que antes. O inimigo perguntava: "Onde est a promessa de Deus". "Onde est a sua f? Qual o valor das suas oraes"? Des-ta forma, sentime tedo a levar o assunto de novo a Deus em orao, mas fui repreendido por esta escritur

    a que me veio mente: "A tua palavra a verdade" (Joo 17.17). Se a palavra de Deus verdade, pensava, ento o que significam estes sintomas? Devem ser todos eles mentiras. Assim, declarei ao inimigo: "Esta falta de so-no uma mentira, esta dor de cabea uma mentira, es-ta febre uma mentira, esta pulsao elevada uma mentira. Em que Deus me disse, os presentes sinto-mas de enfermidade so apenas as tuas mentiras, e a palavra de Deus, para mim, a verdade". Em cinco minutos, eu j estava dormindo, e, na manh seguinte, acordei perfei-tamente so.Ora, num caso pessoal como este, h a possibilidade de eu me ter enganado a respeito do que Deus dissera, mas jamais poder haver qualquer dvida quanto ao fato da Cruz. Devemos crer em Deus, no importa quo convincentes paream os instrumentos de Sat

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    ans.Um mentiroso, habilmente, no s por palavras, mas tambm por gestos e atos, pode passar to facilmente uma moeda falsa, como dizer uma mentira. O Diabo um mentiroso hbil e no podemos esperar que ele, ao mentir, se limite ao emprego de palavras. Elerecorrer a sinais e sentimentos e experincias mentirosas nas suas tentativas de abalar a nossa f na Palavra de Deus. Permitaseme esclarecer que no nego a realidade da "carne". Ainda terei muito mais para dizer acerca deste assunto, no nosso estudo. No momento, porm, estou tratando da nossa firmeza na posio que nos foi revelada em Cristo. Logo que aceitamos que a nossa morte em Cristo uma realidade, Satans envidar seus melhores esforos para demonstrar, convincentemente, pela evidncia a nossa experincia diria, que longe de estarmos mortos, ainda estamos bem vivos. Assim temos que escolher: acreditaremos na mentira de Satans ou na verdade de Deus? Vamos ser governados pelas aparncias ou pelo que Deus diz?Estou eu morto em Cristo, quer o sinta, quer no. Co-mo posso ter a certeza disso? Porque Cristo "morreu; e desde que "um morreu por todos, logo todos morreram" (IICo 5.14). Quer a minha experincia o comprove, quer parea desaprovlo, o fato permanece inaltervel. Enquan-to eu permanecer naquele fato, Satans no poder pre-valecer a mim. Lembremonos de que o seu ataque sempre contra nossa certeza. Se ele puder nos fazer duvidar da Palavra de Deus, ento o seu objetivo alcanado, e ele nos mantm sob o seu poder; mas se descan-samos, inabalveis, na certeza do fato declarado por Deus certos de que Sua obra e Sua Palavra so imutveis, po-deremos rir de qualquerttica que Satans adotar."Andamos por f, e no pelo que vemos" (II Co 5.7). Voc provavelmente conhece a ilustrao do Fato, da F e da Experincia que caminhavam no topo de uma parede. O Fato cami

    hava na frente, firmemente, no se voltando, nem para a esquerda nem para a direita, e sem nunca olhar para trs. A F seguiao e tudo andou bem enquanto conservou osolhos postos no Fato; mas, logo que se preocupou com a Experincia, voltandose para observar o progresso desta, perdeu o equilbrio e caiu da parede para baixo, ea pobre da Experincia caiu com ela.Toda a tentao consiste, primariamente, em desviar os olhos do Senhor e deixarse impressionar com as apa-rncias. A f sempre encontra uma montanha, uma mon-tanha de exprincias que parecem fazer da Palavra de Deus, uma montanha de aparente contradio nopla-no de fatos tangveis dos fracassos nas atitudes, bem como no plano dos sentimentos e sugestes ento, ou a F ou a montanha tem que sair do caminho. No po-dem perer ambas. Mas o que triste que, muitas vezes, a montanha fica e a f vai embora. Isto no deve-ria ser assim. Se recorrermos aos nossos sentidos na busca da verdade,verificaremos que as mentiras de satans muitas vezes condizem com a nossa experinc

    ia; se, porm, nos recusamos a aceitar como obrigatria qual-quer coisa que contradigaa Palavra de Deus e mantivermos uma atitude de f exclusivamente nEle, verificare-mos que as mentiras de Satans comeam a dissolverse e que a nossa experincia vai cndizendo progressiva-mente com a Palavra. a nossa ocupao com Cristo que produz este resul-tado, porque significa que Ele Se trna progressivamen-te real para ns, em situaes reais. Em dada situao, ve-mos Cristreal justificao, real santidade, real vida ressurreta para ns. O que vemos objetivmente nEle, opera agora subjetivamente em ns de maneira bem real no entanto paraque Ele seja manifestado em ns, naquela situao. Esta a marca da maturidade. issoe Paulo quer dizer na sua palavra aos Glatas: "De novo sofro as dores de parto, at ser Cristo formado em vs" (4.19). A f a "substancializao" dos fatos de Deus, do que eternamente verdade.

    Permanecer nEleEstamos familiarizados com as palavras do Senhor Je-sus: "Permanecei em mim, e eupermanecerei em vs*' (Joo 15.4). Elas nos lembram, mais uma vez, que jamais teremos que lutar para entrar em Cristo. No nos man-dam alcanar aquela posio, porque j es l; a ordem permanecermos onde j fomos colocados. Foi um ato do prprio Deus que ns colocou em Cristo, e ns devemos nEle permanecer.Alm disso, este versculo estabelece o princpio divi-no de que Deus fez a obra em Crito e no em ns, co-mo indivduos. A morte e a ressurreio do Filho de Deus, que nos im a todos, cumpriramse, em pri-meiro lugar, plena e finalmente, parte de ns. a hit-ria de Cristo que tem que se tornar a experincia do cristo, e no temos experinci

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    iritual separadamen-te dEle. As Escrituras dizem que fomos crucificados com ELE, que nELE fomos vivificados, ressuscitados e senta-dos por Deus nos lugares celestiais, e que nELE estamos perfeitos (Rm 6.6; Ef 2.5,6; Cl 2.10). No se trata pre-cisamente de alguma coisa que ainda tenha que efetuarse em ns (embora exista este aspecto). algo que j foi efetuado em associao com Ele.Verificamos, nas Escrituras, que no existe experin-cia crist como tal. O que Deus fe, no Seu propsito gracioso, foi incluirnos em Cristo. Ao tratar de Cristo, Deustratou do cristo; no Seu trato com a Cabea, tra-tou tambm de todos os membros. intamente erra-do pensar que possamos experimentar algo da vida espi-ritual meramente em ns mesmos e separadamente dEle. Deus no pretende que adquiramos uma experincia exclusivamente pessoal e no quer realizar qualquer coi-sa deste gnero em voc e em mim.Toda a experincia espiritual do cristo tem Cristo como sua fonte de reali-dade. O que chamamos a nossa "experincia" somente a nossa entrada na histria e na experinciade Cristo.Seria ridculo se uma vara de videira tentasse produ-zir uvas vermelhas, e outra, uvas verdes, e ainda outra, uvas roxas; as varas no podem produzir uvas com carac-tersticas prprias, independentemente da videira, pois a videira que determina o carterdas varas. Todavia, h crentes que buscam experincias, como experincias. Para eles,a crucificao uma coisa, a ressurreio outra, a ascenso outra, e nunca se detsar que todas estas coisas esto relacionadas com uma Pessoa. Somente na medida emque o Senhor abrir os nossos olhos para ver a Pessoa, que teremos qualquer expe-rincia verdadeira. Experincia espiritual verdadeira signi-fica que descobrimos algumacoisa em Cristo e que entramos na sua posse; qualquer experincia que no re-sulte deuma nova compreenso dEle est condenada a se evaporar muito rapidamente. "Descobri

    aquilo em Cristo; ento, graas a Deus, pertenceme. Possuoo, Senhor, porque est emTi". Que coisa maravilhosa co-nhecer as realidades de Cristo como o fundamento danossa experincia!Assim, o princpio de Deus ao nos fazer progredir experimentalmente, no consiste emnos dar alguma coisa, de nos colocar em determinadas situaes a fim de nos conceder algo que possamos chamar de experin-cia nossa. No se trata de Deus operar em ns detal maneira que possamos dizer: "Morri com Cristo no ms de maro passado", ou "ressuscitei da morte no dia pri-meiro de janeiro de 1937", ou, ainda, "quartafeira pedi uma experincia definida e alcanceia". No, esse no o caminho. Eu no busco expeias em si mesmas, neste presente ano da graa. No se deve permitir que o tempo domine o meu pensamento neste ponto.Alguns perguntaro: e o que dizer a respeito das cri-ses por que tantos de ns temos passado? No h dvida que alguns passaram por crises nas suas vidas. Por exem-plo, Geor

    e Muller podia dizer, curvandose at ao cho: "Houve um dia em que George Muller morreu". O que diramos a isto? Bem, no estou duvidando da realidade das experincias espirituais pelas quais passamos, nem a importncia das crises a que Deus nos trazno nosso andar com Ele; pelo contrrio, j acentuei a necessidade que temos de ser absolutamente definidos acerca de tais cri-ses em nossas vidas. Mas, a verdade queDeus no d aos indivduos experincias individuais, e, sim, apenas uma participao naque Deus j fez. a realizao no tempo das coisas eternas. A histria de Cristo torne a nossa experincia e a nossa histria espiritual; no temos uma histria separadamene da Sua. Todo o tra-balho, a nosso respeito, no efetuado em ns, aqui, mas em Crist. Ele no faz um trabalho separado, nos indivduos, parte do que Ele fez no CalvrioMesmo a vida eterna no nos dada como indivduos: a vida est no Filho, e: "quem tem Filho tem a vida". Deus fez tudo no Seu Filho e incluiunos nEle; estamos incor-porados em Cristo.

    Ora, o que queremos frisar com tudo isto que h um valor prtico muito real na posie f que se expressa assim: "Deus me incluiu em Cristo e, portanto, tudo que verdade a respeito dEle tambm se aplica a mim. Per-manecerei nEle. Satans sempre procuranos convencer, atravs de tentaes, fracassos, sofrimentos, provaes, que estamos fore Cristo. O nosso primeiro pensamen-to que, se estivssemos em Cristo, no estaramosste estado e, portanto, julgando pelos nossos sentimentos devemos estar fora dEle; ento que comeamos a orar: "Senhor, colocame em Cristo". No! O mandamento de Des que "permaneamos" em Cristo, e este o caminho do livramento. Mas por qu assim? orque isso d a Deus a possibilidade de intervir nas nossa vidas e realizar a Suaobra em ns. Assim, h lugar para a ope-rao do Seu poder superior o poder da ressur

  • 8/14/2019 A Vida Crist Normal

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    m 6.4,9,10) de modo que os fatos de Cristo se tor-nam progressivamente os fatosda nossa experincia di-ria e onde antes "o pecado reinou" (Rm 5.21), fazemos agora,com regozijo, a descoberta de que verdadeiramen-te j no servimos o pecado como escravos (Rm 6.6). medida que permanecemos firmes no fundamento daquilo que Cristo , achamos que tudo o que verdade a Seu respeito, se torna experimentalmente verdade em ns. Se,ao invs disto,viermos para a base daquilo que somos, em ns prprios, acharemos que tudoque ver-dade a respeito da nossa velha natureza continua a ser verdade a nosso respeito. Se pela f nos conservamos firmes naquela posio, temos tudo; se regressarmosa esta posio, nada temos. Assim que tantas vezes va-mos procurar a morte do nosso eno lugar errado. E em Cristo que a encontramos. Se olhamos para dentro de ns mesmos, verificamos que estamos muito vivos para o pecado; se olhamos alm de ns mesmos, para o Senhor, Deus determina que nestas condies, a morte se transforma em realidade, para que a "novidade de vida" se manifeste em ns. Estamos assim "vivos para Deus" (Rm 6.4,11)."Permanecei em mim e eu em vs". Esta frase consis-te em um mandamento ligado a suapromessa. Quer dizer que o trabalho de Deus tem um