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Vida Cristã Princípios eternos para tempos melhores Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca Pr. Matheus Dutra Rebello Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 14- n° 55 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2017

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Vida CristãPrincípios eternos para tempos melhores

Pr. Elildes Junio Macharete FonsecaPr. Matheus Dutra Rebello

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

Ano 1

4- n

° 55

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bro -

201

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LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕES

02 1º ACAMPAMENTO DE FÉRIAS DAS FAMÍLIAS

05 CONGRESSO DE EBDSÉCULO XXI

03 PRIMEIRAS PALAVRASPARA CUMPRIR A MISSÃO

06 VIRA CRIANÇAENCONTRO DE LÍDERES

07 PALAVRA DO REDATORVIDA CRISTÃ

09 MISSÃO – ONDE DEUS QUISER ME LEVAR

10 MISSÕES ESTADUAISEVANGELIZANDO CIDADES

11 APRESENTAÇÃOELILDES JUNIO M. FONSECA e MATHEUS DUTRA REBELLO

TUDO O QUE A PALAVRA

PODE OFERECER12A MELHOR FORMA DE SE

VIVER A PALAVRA16UMA NOVA FORMA

DE SER FELIZ20ORAÇÕES QUE NASCEM

DO CORAÇÃO24

MAIS AMOR, POR FAVOR!28

A FASCINANTE LIBERDADE

DE PERTENCER32UMA MAIOR SINTONIA

COM DEUS36

APRENDIZADO PERMANENTE

40A ESPERANÇA QUE

CONTINUA VIVA44

PRAZER EM SERVIR48

O VALOR DO OUTRO52

MAIS QUE PALAVRAS56

O EXERCÍCIO DA ESPIRITUALIDADE60

3

PRIMEIRAS PALAVRAS

PARA CUMPRIR A MISSÃOA Palavra de Deus está repleta

de textos que revelam a vocação missionária da Igreja. Muitos textos bíblicos indicam o nosso chamado divino para que sejamos procla-madores da vida eterna. O mais clássico de todos está em Marcos 16.15: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. E o maior missionário é o próprio Jesus, que não se limitou a dizer o que deveríamos fazer, mas deu o Seu supremo exemplo, conforme vemos no registro de Mateus 9.35-36: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarra-das e errantes, como ovelhas que não têm pastor”.

Esse grande exemplo descrito por Mateus é um dos mais profun-dos da Bíblia na ênfase missio-nária, pois ensina como deve ser nossa atitude no cumprimento da missão que Jesus nos deu. Basea-do nesse texto, aprendo que:

1 – PARA CUMPRIR A MIS-SÃO, PRECISO FAZER O QUE JESUS FAZIA.

Diz o texto no verso 35: “E per-corria Jesus todas as cidades e aldeias”. O que Jesus fazia percor-rendo todas as cidades?

JESUS ENSINAVA (v.35a) “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinago-gas” – Ele é Mestre por excelência! Seu ministério terreno foi marcado por uma grande dedicação ao en-sino. Ele não ensinava apenas de modo teórico, verbal e intelectual, mas ensinou com a autoridade de quem dá o exemplo, sendo sem-pre coerente e fiel. Seu testemunho prático dos princípios, valores e conceitos do reino eram acompa-nhados por atitudes.

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JESUS PREGAVA (v.35b) “pre-gando o evangelho do reino” – Precisamos falar de Jesus! Veja o exemplo de André (Jo 1.35-42): ele havia passado apenas uma tarde com Jesus, não era formado em teologia e talvez não tivesse tido tempo para organizar todo o seu ar-gumento, mas afirmou: “Achamos o Messias!”. Ele não era um espe-cialista em pregação, era apenas um novo convertido que estava di-zendo para o seu irmão o que havia acontecido com ele: “Achei o Mes-sias!”. Sua mensagem era: “eu vi, eu ouvi, eu senti”. O que Jesus de-seja é que sejamos testemunhas do seu amor e poder em nossas vidas. Este é o nosso maior argumento!

2 – PARA CUMPRIR A MISSÃO, PRECISO SER COMO JESUS EM SUA VISÃO E SENTIMENTOS.

VISÃO (v.36a) “Vendo ele as multidões” – Ele viu as multidões. E você? Será que já estamos indife-rentes ao sofrimento delas? Quan-do vemos ovelhas sofridas, qual a nossa percepção? O que o tecelão vê? Talvez um belo tecido de lã. O que o mercenário vê? Provavel-mente um meio de ganhar dinheiro. O que o açougueiro vê? Certamen-te a carne que sustenta seu negó-cio. O que Jesus vê? Necessidades a serem supridas. O que o pastor vê? O que você vê? Precisamos ver como Jesus.

SENTIMENTOS (v.36b) “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas” – É muito relevante o fato de que a palavra que descreve o sentimento que Jesus demonstrou ser originária do grego splanchni-somai, às vezes traduzida como “compaixão”, ter um significado mais amplo do que demonstrar pena, amar, ter misericórdia, ser amado, ter preocupação e ser gentil. A pala-vra compaixão, em Mateus 9, é bem mais profunda, significando origina-riamente intestinos, entranhas, algo somático. A compaixão de Jesus era tão intensa que mexia por den-tro, movia seu interior. Vendo ele as multidões, teve compaixão. E você, tem compaixão??

A obra missionária é muito im-portante, por isso deve ser amplia-da. Precisamos dar mais de nós, interessar-nos mais do que já nos interessamos, fazer mais do que já fazemos, orar mais do que já ora-mos, amar os perdidos mais do que já amamos. Deus fará maravilhas através de você! Jesus nos deixou a missão, o exemplo e o grande de-safio: cumprir a missão!

Pr. Amilton VargasDiretor Executivo da CBF

Membro da PIB Universitária

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O que significa ser cristão? Te-mos sido cristãos autênticos?

No livro de Atos diz que na ci-dade de Antioquia os discípulos, pela primeira vez, foram chamados “cristãos” (do grego, “Christianós” = seguidores de Cristo). O que levou a este reconhecimento foram as atitudes dos discípulos, que eram idênticas às do Senhor. Até aquela ocasião, a expressão “cristão” ainda não tinha sido usada, e foi formu-lada por pessoas que não estavam na Igreja, para designar os seguido-res de Jesus. Os discípulos foram chamados de cristãos, ou seja, as pessoas de fora é que deram este nome aos discípulos, tamanha a sua semelhança com Jesus. Preci-samos nos identificar de tal forma com aqueles ensinos e conceitos, para que façamos jus ao mesmo título. Vida Cristã é muito mais que fazer parte de uma Igreja, ter uma credencial, ou ter uma religião.

1. Vida Cristã é renúncia – Se-gundo o Dicionário Aurélio da Lín-gua Portuguesa, a palavra renún-cia significa literalmente desistir de algo, abdicar, recusar, etc... “Assim, pois, qualquer de vós, que não re-

nuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípu- lo”. (Lc 14.33). Renunciar é repudiar com- pletamente a sua nature-za pecami-nosa. O es- critor aos Hebreus diz: “… deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé…” (Hb 12.1, 2).

2. Vida Cristã é viver o amor de Jesus – Jesus disse em Marcos 12.30-31: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro manda-mento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro manda-mento maior do que estes”. Esses dois mandamentos são, portanto, a base da vida cristã. Vemos assim

PALAVRA DO REDATOR

VIDA CRISTÓE sucedeu que todo um ano se reuniram naquela

igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.

Atos 11.26

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que amar é o grande mandamento, imprescindível para quem deseja conhecer e servir a Deus. O amor é então uma condição para que ve-nhamos a conhecer a Deus e, tam-bém, para sermos discípulos dEle. É a marca dos que seguem a Cristo.

Jesus vincula as duas leis do amor. Ele eleva o significado do mandamento do amor ao próximo ao colocá-lo ao lado do mandamen-to do amor a Deus. A ágape consis-te de boa vontade, benevolência ilimitada em favor do próximo, ins-pirada pela fonte do amor – Deus, por meio da ação do Espírito, que nos transforma à imagem de Cris-to. O amor deve governar todos os nossos atos.

3. Vida Cristã é compromisso – É inconcebível uma vida cristã sem que haja um compromisso com Cristo. Compromisso este que é muito mais que ir ao templo, cantar, contribuir e fazer orações. Na verdade, é ser corpo, é partici-par, é sentir-se responsável, é en-tender que faz parte de um projeto

de Deus para a salvação de todos os homens.

Compromisso envolve coração, paixão, entrega. Se Deus não for o nosso maior tesouro, não consegui-remos abrir mão de algum prazer transitório para nos dedicarmos a Ele. Isso porque onde estiver o nos-so tesouro aí estará o nosso cora-ção (Mt 6.21).

Que tipo de cristão temos sido? Temos renunciado o pecado, o mundo e a nossa natureza terre-na? A nossa vida está em perfeita coerência com a palavra de Deus? Temos amado a Deus e ao Próxi-mo? Temos vivido um cristianismo superficial, ou de compromisso com Deus? Faça um exame introspecti-vo neste momento da sua vida com Deus e decida viver uma vida cristã à semelhança de Cristo.

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaRedator da Revista P&V

Diretor do Departamento de Educação Religiosa da CBF

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Elildes Junio Macharete Fonseca, casado com Thaís Caetano de Miranda Fonseca e pai de Elisa Miranda Fon-seca, é pastor titular na Primeira Igreja Batista no Bairro São João – São Pedro da Aldeia/RJ. Doutor em Teologia pela PUC-Rio; Mestre e Bacharel em Teologia pelo Se-minário do Sul; licenciado em Letras (português/grego) pela UFF; graduado em Liderança Avançada pelo Instituto Haggai. É professor no Seminário Teológico Ministerial Batista Litorâneo e no Seminário Teológico Batista da Região dos Lagos. Atualmente, é membro do Conselho Deliberativo da Convenção Batista Fluminense e pre-sidente da Associação Batista Litorânea Fluminense. (Autor das lições 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 12.)

QUEM ESCREVEU

A vida cristã tem a vocação de ser uma fonte inesgotável de renovação. A Bíblia, embora seja um livro antigo, distante historicamente, é plenamen-te capaz de promover hoje, em quem a lê, todas as condições para ser uma pessoa melhor, realizada e feliz. Seus ensinos não envelhecem, não ficam ultrapassados. Há uma atuali-dade impressionante, que transcen-de gerações irretocavelmente, pois emana da atemporalidade de Deus.

APRESENTAÇÃOPara se viver tempos melhores,

numa perspectiva de presente e fu-turo, será inevitável o retorno ao pas-sado, garimpando nas profundezas das Escrituras princípios eternos. Este é o propósito das lições que serão estudadas, pois cremos que os preceitos da Palavra podem nos moldar e nos capacitar a influenciar o mundo em que vivemos, dando sentido real à vida cristã.

Bom estudo!

Matheus Dutra Rebello, casado com Thaís Lemos Ribeiro Rebello e pai de Max Ribeiro Rebello, é pastor ad-junto na Primeira Igreja Batista no Bairro São João – São Pedro da Aldeia/RJ. Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Gonçalense; graduado em Liderança Avançada pelo Instituto Haggai; licenciando em História pela Universidade Estácio de Sá. É professor no Seminá-rio Teológico Ministerial Batista Litorâneo e no Seminário Teológico Batista da Região dos Lagos. Atualmente, é membro do Conselho Deliberativo da Convenção Batista Fluminense. (Autor das lições 3, 5, 7, 9, 11 e 13.)

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LIÇÃO 1DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Salmo 119.11

TUDO O QUE A PALAVRA PODE OFERECER

Para nós, cristãos, o estudo da Bíblia não se limita a apurar o que ela diz e o seu significado. É essen-cial ir além, pois temos como ob-jetivo aplicar os ensinos bíblicos à vida. Queremos conhecer e enten-der o conteúdo das Sagradas Es-

crituras, com o propósito de viver-mos de acordo com a sua doutrina.

Por isso, não basta ler a Bíblia, é preciso saber ler. O eunuco etío-pe, administrador da rainha, esta-va lendo as Escrituras, mas sem o saber (At 8.26-35). Ele lia, mas

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não entendia. Leitura sem entendi-mento não alcança o alvo, não pro-duz o efeito necessário.

Filipe foi obediente à voz do Espírito (v.29), aproximando-se da carruagem e perguntando ao eunu-co: “entendes o que estás lendo?” (v.30). Com franqueza, a resposta foi dada com outra pergunta: “como poderei entender, a não ser que al-guém me ensine?” (v.31).

Esse episódio reforça a ideia de que não basta ler. Para uma aplica-ção correta da Palavra, desfrutando de tudo o que ela pode oferecer, é imprescindível uma correta inter-pretação. A leitura da Bíblia poderá ser um desastre e comprometer a vida cristã se isso não acontecer.

Que passos devemos dar para interpretar corretamente a Bíblia?

A importância da BíbliaA Bíblia é o livro mais importan-

te que já se escreveu, porque é o único registro divinamente inspira-do da revelação que Deus fez de si mesmo e de sua vontade1.

A nossa Declaração Doutrinária afirma que “a Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi es-crita por homens inspirados e diri-

1 - VIERTEL, Weldon E. A Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1975, p.17.2 - Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Disponível em www.batistas.com.3 - Ibidem, p.19.4 - BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2000, p.51.

gidos pelo Espírito Santo. Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salva-ção, edificar os crentes e promover a glória de Deus. Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina. Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os ho-mens. A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens. Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Je-sus Cristo” 2.

A palavra “Bíblia” vem do grego e significa, literalmente, “livros”. Os livros da Bíblia foram escritos origi-nalmente em peças separadas de material próprio para a escrita da-quele tempo. Os livros individuais foram usados independentes uns dos outros durante muitos anos. Posteriormente, os 39 livros do An-tigo Testamento e os 27 do Novo Testamento foram reunidos num só volume. Mais de 1.500 anos se pas-saram nesse processo de escrita e reunião dos 66 livros da Bíblia3.

Apesar de sua variedade, a Bí-blia revela uma unidade maravilho-sa. Todos os livros da Bíblia têm seu centro em Jesus Cristo4. Ele é o critério pelo qual a Bíblia deve ser interpretada.

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Alguns princípios para interpretar a Bíblia

Estamos conscientes de que a Bíblia é o livro mais importante para um cristão. Tamanha preciosi-dade requer elevado zelo na inter-pretação. Nunca é demais lembrar que uma interpretação equivocada comprometerá a aplicação das ver-dades bíblicas à vida.

1. Procure conhecer o signifi-cado das palavras. Quem nunca teve dificuldade para entender uma palavra na Bíblia? Não se sinta infe-rior por isso. Ocorre com todos nós. Quando isso acontece, devemos recorrer aos dicionários. Isso mes-mo! Podemos pedir socorro a um dicionário da Língua Portuguesa e, ainda, aos dicionários da Bíblia, que nos ajudam a entender o sentido das palavras no seu contexto. Pesquisar em outra tradução bíblica também pode ajudar. O importante é que não deixemos para trás palavras sem o devido entendimento.

2. Crie o hábito de fazer per-guntas ao texto. Há perguntas que nos ajudarão a conhecer as circunstâncias que cercavam os livros da Bíblia. Perguntas como: Quem escreveu esse livro? Em que época foi escrito? Qual a motivação (o que levou) do escritor para fazer esse registro? De que trata o livro? Para quem foi escrito?

Fazer perguntas ao texto bíblico é um caminho que nos levará ao bom exercício da pesquisa.

3. Considere o contexto. Dizem por aí que “texto fora de contexto é pretexto”. Realmente, um texto fora do seu contexto pode ser uma porta para a heresia (doutrina falsa). Tex-tos isolados podem ser úteis, mas quando lidos dentro do contexto são bem mais proveitosos.

O contexto de uma só palavra, muitas vezes, precisará ser anali-sado em três níveis. Por exemplo: a palavra “casa” terá um significa-do dependendo do contexto. “Casa” poderá significar moradia ou “casa de botão”. O contexto esclarecerá.

Vamos aos três níveis de con-texto: a) inicial – devemos atentar para o contexto inicial, ou seja, tudo aquilo que está bem perto da pala-vra no próprio versículo; b) do pa-rágrafo – há palavras que só serão entendidas no contexto de um pa-rágrafo; c) do livro – determinadas palavras ou expressões bíblicas de-penderão de todo o livro para serem entendidas.

Muitas vezes, o costume da épo-ca clareia diante dos nossos olhos o contexto. Quando Jesus disse “está consumado” (Jo 19.30), Ele estava anunciando algo mais que o fim da crucificação. Esta expressão é a mesma que era colocada nos recibos de impostos para declarar que todo o débito tinha sido liquida-do. O significado é que a obra da redenção estava terminada.

4. Dificuldades pontuais de-vem ser analisadas à luz da ver-dade geral. “A verdade não contra-diz a verdade. Às vezes, um texto isolado pode dar uma impressão

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que outros textos ajudam a enten-der melhor. Assim, por exemplo, Marcos 16.16 parece colocar o batismo como requisito para a sal-vação, quando muitos outros tex-tos (como Efésios 2.8-9, Tito 3.5 e 1Coríntios 1.10-17) mostram bem claramente que a salvação decorre tão somente da fé. Em outras pa-lavras, os outros textos permitem uma compreensão mais profunda de Marcos. Muitas doutrinas equi-vocadas nascem do esquecimento deste princípio” 5.

5. Interprete sua experiência à luz da Bíblia, e não o contrário. As experiências de cada um são importantes para o crescimento da fé. No entanto, essas experiências devem ser interpretadas à luz da Bí-blia. Fazer o contrário pode levar a equívocos perigosos, tornando me-nor a verdade revelada por Deus.

6. A Bíblia registra a verdade de Deus. Devemos ir ao texto sa-grado com esta afirmação na men-te. Ao caminhar pelas páginas bíbli-cas, trilhamos pela verdade a nós revelada pelo próprio Deus. A na-tureza de Deus não muda (Ml 3.6; Hb 13.8). Contudo, Ele pode modi-ficar o modo como seu plano será realizado (Jn 3.9-10).

Para pensar e agir:O relacionamento do salmista

com a Palavra é motivador: “Como tuas palavras são doces ao meu pa-ladar! Mais doces do que mel em minha boca!” (Sl 119.103).

5 - AZEVEDO, Israel Belo de. Dia a dia com Deus através da Bíblia. Rio de Janeiro: MK, 2003 (anexo).

Assim, também, deve ser o nos-so contato com a Bíblia. Naquele tempo, o paladar do mel era o mais apurado que se tinha conhecimen-to. O sabor do mel era uma expe-riência indescritível. Se eu fosse fazer uma declaração como a do salmista, considerando a minha ex-periência, possivelmente diria: as suas palavras são maravilhosas ao meu paladar, mais saborosas que uma picanha ao ponto.

Queremos desfrutar da Palavra nesse nível profundo e prazeroso. Queremos mergulhar nela e extrair tudo o que ela oferece. Por isso, de-vemos nos empenhar para interpre-tar corretamente as Escrituras.

Que tal tomarmos duas deci-sões hoje? Primeira: quero ser um melhor intérprete da Bíblia Sagra-da. Vou me dedicar, diariamente, à leitura atenciosa da Palavra. Se-gunda: colocarei minha vida à dis-posição de Deus para ajudar outras pessoas a lerem corretamente a Bí-blia, conforme o exemplo do episó-dio entre Filipe e o eunuco. Empe-nhar-me-ei para que o meu próximo também desfrute de tudo o que a Palavra tem para oferecer.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Atos 8.26-35

Terça: Salmos 119.97-104

Quarta: Salmos 119.105-112

Quinta: 1Pedro 1.23-25

Sexta: 1Timóteo 3.16

Sábado: Hebreus 1.1-2

Domingo: Salmos 119.89

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Tiago 1.22-25

A MELHOR FORMA DE SE VIVER A PALAVRA

Na lição anterior, vimos que a Bíblia é o livro mais importante para nós. Também fomos lembra-dos de que o ideal da vida cristã não é se relacionar com a Bíblia apenas teoricamente; é preciso ler e praticar. Por isso, a Bíblia é regra de fé e prática (conduta). Tiago nos ensina que a melhor forma de se viver a Palavra é ou-vir e praticar.

Ao lermos Tiago, nos depa-ramos com um texto que fala da “religião pura” (1.27) como algo

prático, aplicável ao cotidiano. Tia-go nos alerta para o perigo de nos tornarmos religiosos frios e ritua-listas, no pior sentido da palavra. É angustiante quando nos percebe-mos bons no discurso e ruins na prática. Noutras palavras, quando nos tornamos exemplares na teo-ria, nas convicções abstratas e conjecturais, mas somos vergo-nhosos nas atitudes.

Tiago, como um professor, nos leva a imaginar uma pessoa que vai ao culto no templo, ouve tudo

LIÇÃO 2

17

o que ali é dito, e pensa que por ter ouvido a leitura bíblica, a pregação e as músicas já se tornou um bom cristão, julgando ser suficiente. Uma pessoa assim ignorou a verdade de que o que sê lê e se diz no templo precisa ser praticado na vida.

É possível confundir o “ir ao templo” e o “ouvir e ler a Bíblia” com a vida cristã. Entretanto, essa confusão nos impede de viver ver-dadeiramente a Palavra, porque é essencial que se transforme em ação o que ouvimos e aprendemos na Bíblia.

Quando não aplicamos à vida o que aprendemos na Palavra, so-mos como uma pessoa que vai ao culto no templo, assimila o ideal do que deve ser e, ao sair, logo se esquece.

Tiago fala sobre alguém que contempla o próprio rosto no espe-lho, mas que se esquece rapida-mente de quem é, quando não está diante dele (v.23-24).

Não devemos viver a Palavra de Deus teoricamente, somente como ouvintes iludidos (v.22). Pelo con-trário, devemos atentar bem para as Escrituras, com perseverança e prática zelosa (v.25).

Ouvintes esquecidos, via de re-gra, são bons cristãos no domingo e lamentáveis maus exemplos nos outros dias da semana, fora das paredes do templo. Praticantes ze-losos também são bons cristãos no templo, porque já são em todos os outros lugares.

Nessa linha de raciocínio, afir-mava o Pr. Tércio Gomes Cunha: “Se você não trouxe Deus de casa, não vai encontrá-lo na igreja”. Ele não estava dizendo que Deus não está no templo. Sua preocupação era mostrar quão pobre vida cristã possui aquele que dela se lembra apenas quando está presente nos cultos coletivos da Igreja.

O ouvinte que se limita a ouvirVoltemos ao quadro apresenta-

do por Tiago: aquele que se limita a ouvir a Palavra é como uma pessoa que contempla o próprio rosto no espelho (v.23).

Minha saudosa avó dizia que a gente não deve falar que a nossa foto está feia, porque é exatamente o nosso rosto. O espelho é assim também. Nele, vemos a nossa ima-gem realmente como ela é.

Para Tiago, ler a Palavra é como se colocar diante de um espelho. A Bíblia mostra quem somos, com precisão. Como bem disse o Pr. Billy Graham, “o homem é precisamente o que a Bíblia diz que ele é”.

Embora o espelho reflita a ima-gem de quem somos e como esta-mos, ele não muda a nossa fisiono-mia. A simples leitura da Bíblia não será um ato mágico que mudará nossas vidas. Por isso que o ou-vinte que se limita a ouvir torna-se um ouvinte esquecido. Ele até con-segue ver as suas falhas, mas não age para mudar.

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Na Palavra, tomamos conheci-mento de quem Deus é e da sua santidade. Esse conhecimento ad-quirido deve nos levar à santidade. É isso que Deus espera de nós, que sejamos santos.

A. W. Tozer disse que “santos não santos são a tragédia do cris-tianismo”. Esse é o retrato do ouvin-te que se limita a ouvir.

O ouvinte praticante zelosoTiago fala do praticante zeloso

como alguém que “atenta bem” para a Palavra (v.25). Esse tipo de leitor é dedicado ao exame das Escritu-ras. O leitor desinteressado deixa transparecer que para ele a Bíblia é um livro banal. Já o zeloso, verifi-ca cuidadosamente os ensinos das Escrituras, porque tem consciência do seu valor.

Não há dúvidas de que a me-lhor forma de se viver a Palavra é praticando-a. A Bíblia tem qualida-des que se constituem em pilares inabaláveis para a sustentação de uma vida obediente ao que ela diz. Vejamos algumas dessas caracte-rísticas essenciais da Palavra:

1. A Bíblia é inerrante. A Pala-vra de Deus é perfeita. A afirmação do salmista se constitui num tes-temunho da própria Bíblia a seu respeito: “A lei do Senhor é perfei-ta” (Sl 19.7). Também Provérbios 30.5 diz: “Toda a palavra de Deus é pura”. Em 2Timóteo 3.16 lemos que “toda a Escritura é divina-

1 - BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, p.9.

mente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para cor-rigir, para instruir em justiça”. Em 2Pedro 1.21 aprendemos que “a profecia nunca foi produzida por vontade humana, mas homens fa-laram da parte de Deus, conduzi-dos pelo Espírito Santo”.

A inspiração divina assegura a inerrância da Bíblia. Quando fala-mos em inspiração das Escrituras, estamos dizendo que os escritores foram capacitados e dominados pelo Espírito Santo na produção do texto sagrado. Embora escrita por mãos humanas, com suas caracte-rísticas peculiares, a Bíblia nasceu sob a influência do Espírito Santo, por isso é a expressão da mente e da vontade de Deus para conosco. Mesmo que o Espírito Santo não tenha escolhido as palavras para os escritores, é evidente que Ele as escolheu por intermédio dos escritores1.

2. A Bíblia é infalível. A Palavra de Deus nunca falhou e jamais fa-lhará. Tudo o que a Bíblia diz é certo como o ar que respiramos. Como o testemunho do próprio Cristo: “San-tifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

Realmente a Bíblia é infalível em tudo o que diz. Há muitas evidên-cias, dentre elas: a) as promessas são rigorosamente observadas; b) as profecias são cumpridas; c) o plano de salvação se desenvolve, mesmo com o trabalho contrário das trevas.

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É emocionante afirmar que a nossa própria vida é prova da infalibilidade da Bíblia. O propósito de Deus, revelado na Bíblia, é restaurar o ser humano perdido no pecado, “para nos remir de toda a maldade e purificar para si um povo todo seu, consagrado às boas obras” (Tt 2.14). Cada vida transfor-mada é um testemunho de que a Bíblia é infalível.

3. A Bíblia é atual. Sabemos que a Bíblia é um livro histórico, antigo, mas, incrivelmente, suas palavras são para hoje, assim como foram para ontem e serão para as gera-ções futuras, enquanto a humani-dade caminhar nesta terra. A Bíblia não fica ultrapassada. Nenhum ou-tro livro consegue a mesma proeza.

A própria verdade bíblica nos esclarece: “Fostes regenerados não de semente perecível, mas imperecível, pela palavra de Deus, que vive e permanece. Porque toda pessoa é como a relva, e toda sua glória, como a flor da relva. Seca--se a relva, e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E essa é a palavra que vos foi evangelizada” (1Pe 1.23-25).

É natural um livro perder a sua atualidade e importância, caindo em desuso. A Bíblia é sobrenatural, porque não é apenas uma fonte de consulta histórica, mas uma obra que tem respostas para hoje, porque trata de problemas que são pertinentes a todas as gerações.

Ao ler a Palavra encontramos alento e consolo para nossas dores;

alívio e motivação para suportar e vencer os desafios; ânimo e exorta-ção para continuarmos fiéis.

Para pensar e agir:A experiência de Jeremias com

a Palavra de Deus é um estímulo para todos nós: “Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; e elas eram para mim o re-gozijo e a alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos Exércitos” (Jr 15.16).

Ezequiel também nos influencia positivamente: “E disse-me: Filho do homem, come e enche o estô-mago com este rolo que te dou. Então o comi, e minha boca ficou doce como o mel” (Ez 3.3).

Hipócrates, o “pai da medicina”, afirmou que “somos o que come-mos”. Isso é uma verdade procla-mada por muitos profissionais da área da saúde. Se somos o que co-memos, podemos imaginar a saúde espiritual de Jeremias e Ezequiel. Eles comeram a Palavra!

Façamos da Bíblia um alimento diário, pois só ela é capaz de nu-trir a nossa vida para uma conduta aprovada por Deus.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Timóteo 3.16-17

Terça: Mateus 7.24-28

Quarta: Salmos 1.1-6

Quinta: Salmos 119.1-8

Sexta: Salmos 119.9-16

Sábado: Salmos 119.137-144

Domingo: Hebreus 4.12

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Mateus 5.1-12

UMA NOVA FORMA DE SER FELIZ

Existem jeitos diferentes de se ver uma mesma coisa. Quando isso acontece, dizemos que elas estão sendo vistas por perspec-tivas diferentes. Ou seja, quando vemos uma mesma situação ou objeto através de pontos de vista diferentes o significado pode va-riar. O escritor americano Gary Zukav observa: “O que é absurdo, e o que não é, pode ser apenas uma questão de perspectiva”.

O texto de Marcos 12 traz um aparente absurdo desses. Jesus observava pessoas ricas depo-sitando muito dinheiro no cofre das ofertas. Até que uma viúva pobre colocou duas moedinhas.

Diante disso, Jesus disse: “Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos os que colocaram ofertas no cofre” (Mc 12.43). Aí está o absurdo. Qualquer um, vendo a mesma situação que Jesus, diria que a oferta da viúva era de menor valor. Por que as duas míseras moedas valiam mais? Porque, na ótica do Mestre, não era o valor do dinheiro que importava, e sim o coração de quem dá.

É sobre isso que vamos estu-dar hoje: observar a vida através da perspectiva de Jesus. Vamos entender o Seu ponto de vista a respeito do “ser feliz”.

LIÇÃO 3

21

O que é ser Bem AventuradoO início do Sermão do Monte é

marcante pela forma que ele traduz o ser feliz, usando experiências de vida que quase ninguém conside-raria dignas. Na visão judaica, ser pobre, ter vida sofrida, ser religioso inconstante, não ser rigoroso no cumprir as leis, tolerar pecadores e outras coisas do gênero jamais se-riam virtudes. Pelo contrário, seriam mazelas da reprovação de Deus.

“Como são felizes...” é uma forma de entendermos a expressão “bem aventurados”. É uma excla-mação de profunda alegria. Uma alegria que “...não pode manchar nem o sofrimento, nem a tristeza e nem o desamparo, nem a perda de algo ou alguém que queremos mui-to. É a alegria que brilha através das lágrimas e que nada, nem na vida nem na morte, pode arrebatar”1.

Essa alegria tão profunda e tão entusiasmada ser atribuída a mi-seráveis, pobretões e infiéis é algo confuso, mas também intrigante. Vamos entender como podem ser felizes os infelizes.

Os espiritualmente necessitados“Bem-aventurados os pobres

em espírito, pois deles é o Reino dos céus.” (Mt 5.3)

São aqueles que reconhecem sua pobreza espiritual. Sua inadequação diante de Deus. Esses

1 - BARCLAY, William. The Gospel of Mattew. Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 1964.2 - EARL, Ralph; SANNER, A. Elwood; CHILDERS, Charles L. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

sentem que sua vida espiritual nun-ca é aceitável perante a grandeza do Altíssimo.

Contrária a esse ensino de Je-sus, era a postura orgulhosa dos religiosos de sua época. Seus co-rações eram soberbos por se consi-derarem valorosos cumpridores das leis, recompensados por Deus com riquezas e virtudes. Como herdarão o Reino dos Céus esses corações entorpecidos de vaidade? Esse Reino é para aqueles que reconhe-cem sua pobreza espiritual e não para os soberbos da fé.

Os sinceramente tristes“Bem-aventurados os que cho-

ram, pois serão consolados.” (Mt 5.4)O “chorar” deste texto fala de

uma tristeza que começa no co-ração e termina em olhos cheios de lágrimas. Uma dor comparável à dor da perda de um ente queri-do. Que causa comoção intensa e inconsolável.

De que forma a tristeza pode ser vista como louvável? Quando ela é fruto da consciência do seu próprio pecado. O sincero pesar que nos leva ao arrependimento. “Quando alguém percebe que está falido de todos os bens espirituais que o tor-nariam aceitável a Deus, irá chorar sobre o fato”2. O consolo para esse coração pesaroso é o perdão e a re-conciliação trazidos por Jesus.

22

Os submissos“Bem-aventurados os humildes,

pois herdarão a terra.” (Mt 5.5)Os mansos são submissos à

vontade de Deus. O humilde se opõe ao orgulhoso, cheio de si e se-nhor da razão. Alguém confiante em suas capacidades, que sente ser tão independente que se esquece de se submeter a Deus.

É uma ilusão acreditar que se tem domínio completo do próprio caminho da vida. Que pode evitar embaraços ou decepções. E se es-ses forem os caminhos de Deus? Serás submisso a ponto de se sub-meter ou rejeitarás qualquer coisa que signifique reconhecer suas li-mitações? Os herdeiros de Deus vivem o caminho de Deus na forma de Deus.

Os “vazios” da salvação“Bem-aventurados os que têm

fome e sede de justiça, pois serão saciados.” (Mt 5.6)

No tempo de Jesus era comum ver pessoas que passavam dias, até semanas, comendo uma quan-tidade de comida tão pequena que a sensação de fome nunca pas-sava. Igualmente comum eram os sedentos, devido a escassez da água. Fome e sede eram tragédias diárias. E se essas necessidades fossem na alma?

Fome e sede de justiça sentem os que se alimentam de Deus. Uma carência quase incurável. Para um religioso daquela época, e para

nós, religiosos de hoje, não parece ser merecedor de elogios admitir que se tem pouco de Deus dentro de nós. Mas os que têm essa fome e essa sede incuráveis encontram abundante justiça em Jesus. São felizes porque nunca vai faltar.

Os que ofertam perdão“Bem-aventurados os miseri-

cordiosos, pois alcançarão miseri-córdia.” (Mt 5.7)

Você se considera alguém que precisa da misericórdia de Deus? Se você disse sim, significa que você sabe que comete erros, mas precisa que Deus tenha certa consideração por sua situação. “Senhor, errei por-que sou fraco”. “Senhor, não dese-java o mal, apesar de tê-lo feito”. Você já deve ter dito coisas assim. Isso que Deus faz por nós, devemos também fazer pelos outros.

Para alguns, ser misericordioso com pecadores é dar anuência ao pecado. Defendem que pecados cometidos precisam de punição. Nesse caso, alguém que usa da misericórdia e poupa alguém da penalidade pode ser visto como in-fiel aos valores de Deus. Errado! A misericórdia é própria daqueles que se sentem devedores perdoados. Se você não é misericordioso a sua confissão de pecado foi uma farsa.

Os que buscam pureza interior“Bem-aventurados os limpos de

coração, pois verão a Deus.” (Mt 5.8)No início de nossa lição nos

lembramos da oferta da viúva po-

23

bre. Jesus viu nela um coração lim-po no ato da entrega da oferta, en-quanto os ricos demonstravam uma marcante pobreza interior. Talvez os ricos pensassem: “quanto mais eu der mais serei abençoado”. Esse é o erro. Não é o quanto se faz, mas o por que se faz.

O caminho para um encontro com Deus passa por rever as inten-ções do coração. Um coração mal intencionado não produz coisas ex-celentes. Um coração puro prioriza o ser puro e não o fazer religioso.

Os promotores da paz divina“Bem-aventurados os pacifica-

dores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5.9)

A paz divina é a realização de tudo aquilo que é bom e desejável. Não se trata da inexistência de difi-culdades ou conflitos.

Alguns podem, equivocadamen-te, pensar que o pacificador não luta as batalhas espirituais. A arma do pacificador é promover a paz. “É o homem que busca, de todas as maneiras possíveis, fazer com que o mundo seja um lugar onde todos os homens possam ser felizes”3. Ele está dedicado a criar relações jus-tas e saudáveis com todos. Esse, que age a exemplo de Deus, é seu filho legítimo.

Os que pagam o preço da Justiça“Bem-aventurados os persegui-

dos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.” (Mt 5.10)3 - BARCLAY, William. The Gospel of Mattew. Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 1964.

Enquanto para uns o sofrimen-to é fruto de vida em pecado, nas palavras de Jesus, o sofrimento pode significar que algo de certo está sendo feito. A justiça de Deus vivida na prática causa problemas e tensões para aqueles que a exerci-tam. Isso porque a visão de justiça de Deus é oposta a do mundo, que reage violentamente tentando silen-ciar a majestosa graça de Jesus.

O sofrimento não é um mal quan-do se sofre lutando pela causa correta.

Para pensar e agir:Você deve ter percebido que nin-

guém consideraria os pobres de es-pírito, os que choram, os humildes, os famintos, os sem ambição, os simplórios e os atribulados pessoas realmente felizes. Mas a perspectiva de Jesus transformou nossa forma de ver. É mais fácil buscar a felicida-de que aparece por fora. No entan-to, nem sempre ela expressa a ver-dade interior. A felicidade real tem a ver com a sua mente e seu coração harmonizados com Deus. Seja na ri-queza ou na pobreza, na conquista ou na derrota, na alegria ou na tra-gédia, feliz é aquele que anseia por Deus e tem prazer no Seu caminho.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 33.12

Terça: 1Pedro 3.8-9

Quarta: Mateus 18.1-4

Quinta: Marcos 12.41-44

Sexta: Salmo 51

Sábado: Mateus 5.21-24

Domingo: Filipenses 4.10-13

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Mateus 7.7-8; 21.22

ORAÇÕES QUE NASCEM DO CORAÇÃO

Orar parece ser uma tarefa en-fadonha para muitos. Outros se sentem culpados por terem uma vida de oração oscilante. Na ver-dade, orar é um prazeroso princí-pio cristão quando vivido da forma correta. Orações mecânicas, va-zias de sentido, devem ser supe-radas por orações que nascem do coração. As orações nascidas do coração serão honestas, sinceras, relacionais.

Lucas nos presenteia com a informação de que Jesus contou uma parábola para ensinar so-bre o dever de orar sempre, sem

desanimar (Lc 18.1). A exortação de Jesus mostrava que Deus faz justiça aos seus escolhidos, que clamam a Ele incessantemente, mesmo que a resposta pareça es-tar demorando (Lc 18.7).

A pergunta que encerra a pará-bola, no entanto, me deixa com o coração apertado: “Quando vier o Filho do homem, achará fé na ter-ra?” (Lc 18.8). Teremos paciência e honradez diante da prática cons-tante da oração? Como cultivar uma vida prazerosa de oração? Achará, o Filho do homem, essa fé em nós?

LIÇÃO 4

25

Um exemplo motivadorConviver com “homens de ora-

ção” é uma bênção. Lembro-me, com profunda gratidão, do saudoso Pr. Ronald Rutter, meu professor no Se-minário do Sul. Oração e respiração se confundiam na vida desse servo. A sua conduta exalava piedade!

Certo dia, quando seguia para uma aula, as lágrimas desciam no meu rosto ao recordar a aula ante-rior do Pr. Rutter. Pedi a Deus que me fizesse uma pessoa como ele, que nutria prazer na oração.

No intervalo, fui à biblioteca e, mais uma vez, pedi a Deus para falar comigo sobre o valor de uma vida prazerosa de oração. Tenho certeza de que o Senhor me fez pe-gar o livro “O Fator Oração”, do Pr. Sammy Tippit. Começei a ler a obra e fiquei maravilhado com a expe-riência do autor1.

No final da década de 60, o Pr. Sammy foi convidado pelo Pr. Mor-ris para pregar mensagens evan-gelísticas numa pequena Igreja Batista em Monroe, Louisiana. Ele estava desanimado, porque Igreja e comunidade pouco se interessa-vam por assuntos espirituais.

Pr. Morris o convidou para par-ticipar de uma reunião de oração com os jovens. Poucos estavam presentes e ele disse ao Pr. Morris: “Penso que deveríamos cancelar as conferências evangelísticas. Não há interesse. Estaremos perdendo o meu tempo e o tempo de toda a

1 - TIPPIT, Sammy. O Fator Oração. Trad. Elda G. Zambrotti. 7ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1996, p.13-16.

Igreja”. A resposta inesquecível do Pr. Morris foi: “Eu tenho orado. Deus me tem assegurado de que Ele fará acontecer algo especial durante es-tas reuniões”.

Pr. Sammy, ancorado na fé do Pr. Morris, pregou na primeira noite, com o templo vazio e nenhuma res-posta. Seu olhar para o Pr. Morris era como uma lembrança: “eu lhe falei”. Pr. Morris sorria e falava: “eu estou orando”.

Na noite de quinta-feira, o Pr. Sammy pregou para umas cinquen-ta pessoas. No apelo, um jovem da Igreja foi ao púlpito, orou com o Pr. Morris e pediu que a Igreja orasse por ele, confessando o seu pecado. Houve um grande movimento de quebrantamento e a plataforma fi-cou repleta de pessoas que vinham confessar seus pecados e buscar a justiça de Deus.

Na noite seguinte, o templo esta-va quase cheio. Conversões acon-teceram. Até que no domingo, com o templo lotado, o Pr. Morris disse ao Pr. Sammy que as conferências deveriam continuar no campus da Universidade. O Pr. Morris disse que estava orando e que deveriam falar com o proprietário da TV local e pedir um tempo para dizer o que Deus estava fazendo na cidade. Foram concedidos dois tempos de quinze minutos. Deus abriu outras portas, e as conferências se trans-formaram em cruzadas evangelísti-cas no maior espaço da cidade.

Pr. Sammy olhou para o Pr. Mor-ris, humilhado, diante da grandeza

26

de Deus. Ele aprendeu e registrou que “a vitória não vem em virtude dos nossos planos magníficos, nem através de uma publicidade bem feita, nem mesmo através de bases financeiras, mas a vitória vem do Senhor”.

Essa experiência com o Pr. Morris impulsionou a vida e o mi-nistério do Pr. Sammy Tippit, cujo ardor evangelístico é conhecido de muitos. Como fez diferença ter um exemplo motivador sobre uma vida prazerosa de oração!

Com certeza, você conhece al-guém que tem uma intensa vida de oração, prazerosamente. Dependa do Senhor e alimente-se de exem-plos assim, porque oração é algo que nasce no coração.

Deixando as formalidadesIntimidade põe em segundo

plano a formalidade. Uma família que se trata formalmente dentro de casa, fatalmente, não tem intimida-de. Há ambientes e situações que exigem formalidade, obviamente. Mas, orações formais podem re-produzir fórmulas sem expressar a verdade do coração.

Jesus sempre apresenta o me-lhor caminho: “Mas tu, quando ora-res, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará. E, quan-do orardes, não useis de repetições inúteis, a exemplo dos gentios; pois eles pensam que serão ouvidos 2 - Desenvolvido, com a devida autorização do editor, a partir de FRIZZELL, Gregory. Como desenvolver uma vida poderosa de oração. Trad. Hedy M. S. Silvado. São Paulo, 2005, p.42-48.

pelo muito falar. Não vos asseme-lheis a eles; pois vosso Pai conhece de que necessitais, antes de o pe-dirdes a ele” (Mt 6.6-8).

Entrar no quarto e fechar a por-ta nos sugere a ideia de intimida-de, estando a sós com Deus. As orações feitas no templo são valio-sas, mas um cristão não pode viver apenas delas. No templo, falamos com Deus na frente das pessoas. No quarto, ou seja, no momento devocional particular, falamos com Deus na intimidade que o momento proporciona. Há coisas que nunca falamos diante dos outros.

Dependendo da personalidade da pessoa, orar em público pode ser um martírio. Obrigar alguém a falar com Deus no microfone pode causar um trauma, cooperando para orações mecânicas.

Devemos viver a oração como de fato ela é: uma conversa com o melhor Amigo, o Deus de nossas vi-das, em nome de Jesus. O próprio Jesus caminhou entre a humani-dade com uma vida incessante de oração. Ele sempre conversou com o Pai, íntima e prazerosamente. Os diálogos entre o Pai e o Filho eram diretos e sinceros, ou seja, nasci-dos do coração.

Tipos básicos de oração2

Cada tipo terá seu papel no de-senvolvimento de uma vida prazero-sa de oração, pois nenhum tipo de oração é mais importante que o outro.

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1. Louvor e ações de graças. São as maneiras básicas pelas quais adoramos e cultuamos a Deus. O nosso dia precisa ser permeado de expressões de ação de graças e louvor a Deus, pois adorar ao Pai é o nosso objetivo principal. Peçamos a Deus que nos faça crescer no louvor e na adoração eficazes.

2. Confissão. É a maneira fundamental pela qual recebemos o perdão de Deus e mantemos uma vida cheia do Espírito Santo. É a verdade descrita no Salmo 66.18: “Se eu tivesse guardado o pecado no coração, o Senhor não me teria ouvido”. Não podemos falhar na confissão sincera.

3. Petição. Quando apresenta-mos a Deus nossas necessidades e anseios. Embora Deus saiba de todas as coisas, devemos chegar a Ele, humildes, conversando sobre o que necessitamos, pois é gracioso para conosco: “Até agora nada pe-diste em meu nome. Pedi, e rece-bereis, para que a vossa alegria seja plena” (Jo 16.24).

4. Intercessão. É quando ora-mos pelas necessidades dos ou-tros. É uma missão que deve ser cumprida por todos nós, servos do Senhor. Precisamos orar pelos que ainda não tiveram uma experiência salvadora com Jesus, mas também pelos nossos, que estão no serviço do Senhor.

5. Meditação. Ouvir quietamen-te a voz de Deus, refletindo na Pa-

3 - LOBO, H. P. Castro. George Müller: 50 mil orações respondidas. Rio de Janeiro: AEEBAR, 1980, p.49-50.

lavra. Meditar é um tipo de oração, porque orar é se relacionar com Deus, muito mais do que um ritual. Aprofundaremos esse assunto na lição 8.

Para pensar e agir:O segredo para orar prazerosa-

mente é fazê-lo de coração: “Então me invocareis e vireis orar a mim, e eu vos ouvirei. Vós me busca-reis e me encontrareis, quando me buscardes de todo o coração” (Jr 29.12-13).

George Müller dirigia um or-fanato. Certa manhã, não tinham nenhum suprimento. Sentaram-se à mesa e oraram ao Senhor. Ou-viu-se alguém batendo à porta. Era um leiteiro, dizendo que uma roda de sua carroça havia se quebrado e que resolveu doar todo o leite. Em seguida, o padeiro da localida-de chegou com pães, dizendo que a fornada não ficou com o aspecto acostumado, por isso preferiu doar ao orfanato3. Deus é bom!

Peça, hoje, experiências com Deus através da oração!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Mateus 6.5-15

Terça: Mateus 7.7-12

Quarta: Jeremias 33.3

Quinta: Romanos 8.26-27

Sexta: Efésios 6.10-20

Sábado: Lucas 18.1-8

Domingo: 1Tessalonicenses 5.17

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: 1Coríntios 13.1-3

MAIS AMOR, POR FAVOR!

O título da nossa lição é ins-pirado em um movimento artístico de São Paulo, iniciado pelo artis-ta visual Ygor Marotta em 2009, que consiste em espalhar pela cidade a frase “MAIS AMOR POR FAVOR” em cartazes e grafites, chamando a atenção da popula-ção para a necessidade de mu-dança na sociedade atual. Dentre tantas razões que motivam esse movimento (aumento da violên-cia, injustiças sociais, tragédias familiares, falta de esperança) eu destaco a apatia presente na vida das pessoas.

O termo apatia é derivado do grego “pathos” que significa pai-xão. “A-patia” indica, portanto, falta de paixão. Na prática, a apatia tem relação com a ausência de com-prometimento, atitude transforma-dora ou carência de amor pelo que se faz. A apatia se tornou uma solução para o desinteresse; uma porta de saída para a falta de força de vontade. Por exemplo: é mais fácil se perder nas drogas do que lidar com as frustrações da vida; é mais fácil roubar do que conquistar trabalhando duro; é mais fácil bater em uma criança do que educá-la.

LIÇÃO 5

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A apatia se manifesta também no desânimo, na depressão e na indi-ferença. Está claro que esse é um dos males do nosso tempo.

A apatia da vida cristãA apatia atinge a vida dos cren-

tes também, mas apresenta sin-tomas um pouco diferentes. Por exemplo: depois de alguns anos na Igreja cumprindo sempre a mes-ma rotina, trabalhando sempre nas mesmas áreas, executando sem-pre os mesmos projetos, usando sempre as mesmas estratégias, é natural que a paixão pelo que se faz vá ficando um pouco esquecida. As coisas passam a ser feitas automa-ticamente. Não percebemos quan-do nossos hábitos perdem o sentido e as ações perdem o efeito prático. É o famoso “fazer por fazer” ou o “fazer para ser visto fazendo”. O co-ração não tem mais paixão nem es-perança real em resultados. A rotina é sempre igual: parda e sem brilho. Não traz mais empolgação. Faze-mos mais para “não deixar furo”. A vida religiosa se torna um hábito e não tanto uma convicção. Quando essas coisas acontecerem, tenha a certeza: você está manifestando essa apatia da vida cristã.

O amor que combate a apatiaO caminho oposto da vida cristã

apática é a incansável busca pela renovação de si mesmo: “E não vos amoldeis ao esquema deste mun-do, mas sede transformados pela

renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). É preciso reviver no coração a razão original pela qual fazemos as coisas. Buscar sentir novamente a energia da em-polgação, o desejo pela relevância e excelência. Significa buscar inten-samente a realização da boa, agra-dável e perfeita vontade de Deus em nós. E a primeira e principal transformação é substituir a apatia pelo amor.

O amor é virtuoso – Nenhuma outra motivação pode ser mais no-bre do que o amor. Só ele é pacien-te, pois resiste às falhas das pes-soas, sem desistir delas. Suporta ofensas e decepções, sem deixar de agir com bondade e nutrir espe-rança. Ele não se envaidece e não trama o mal contra ninguém. Ocu-pa-se exclusivamente com o bem estar do outro e está comprometido com a verdade e a justiça.

O amor é poderoso – Só ele tem uma capacidade sobrenatural de mudar realidades. Um gesto de amor tem o poder de converter a inimizade em amizade, o desprezo em respeito, o abandono em aco-lhimento, a indiferença em compai-xão, o pecado em arrependimento e a punição em perdão. A ação da igreja, que confronta diariamente a ação do maligno, precisa estar dotada deste poder invencível. É a única estratégia de enfrentamento válida contra a apatia.

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Tudo depende do amorO texto de 1Coríntios 13 é re-

volucionário para seus primeiros leitores. Paulo usa como exemplo comportamentos e habilidades apreciadas pela comunidade de Corinto, descrevendo-os no mais excelente nível possível e subme-tendo-os à condição do amor. Ou seja, Paulo pega os mais desejáveis dons, eleva-os ao nível mais alto e termina dizendo: essas coisas são inúteis sem o amor.

Virtudes espirituais sem amor são só habilidades – Todo dom espiritual existe para um propósi-to. Quando ele é usado para uma finalidade que não é a sua, per-de a razão de existir. Uns podem usar para conquistarem lugares de maior destaque, outros usam para serem admirados, e ainda outros para impor suas convicções pes-soais. Mas nada disso é orientado pelo amor. Não produz edificação na comunidade e, por isso, não tem valor espiritual.

Caridade sem amor é barga-nha – Em muitas Igrejas existem campanhas de recolhimento de ali-mentos, agasalhos etc. Você pode ter contribuído diversas vezes. Mas quantas vezes você foi entregar os alimentos? Quantas vezes você se sentou com a família ajudada, ou-viu sua história, chorou e orou com ela? Quantas vezes você aqueceu alguém com um abraço antes de aquecê-lo com um casaco? Quan-

tas vezes você olhou nos olhos daqueles que você disse amar ao doar? Dar por obrigação não tem valor. Dar por hábito também não. Encher a dispensa da casa de al-guém carente não será uma vir-tude se você não amar aquele a quem você ajudou. Caridade movi-da a partir do amor de Deus, antes, sente no próprio corpo a neces-sidade de quem sofre. Se não for assim, é mera doação em troca de paz de espírito.

Autossacrifício sem amor é só exibicionismo – Certa vez ouvi al-guém dizer que pessoas se sacrifi-cam por aquilo que elas acreditam. A história da Igreja é repleta de pes-soas assim. Mártires, que sacrifica-ram suas vidas em nome da fé em Jesus Cristo. Mas nem sempre o sa-crifício pessoal é nobre; às vezes é por vaidade. Alguns querem marcar seu nome na história, tornarem-se referências, serem lembrados pelos seus feitos. Mas o verdadeiro sacri-fício pessoal nos leva ao desapare-cimento e à perda. O ganho que se tem não é visível, pois é espiritual. Essa era a condicional imposta por Jesus para aqueles que pretendiam segui-lo (Mt 16.24-25).

O apóstolo Paulo, em 1Coríntios 13, quer chamar a atenção para um fundamento de Cristo que não pode passar em branco: as coisas que são feitas em nome de Jesus tem de ser feitas da mesma forma que Jesus fez: por amar as pes-soas. Sem isso, não significa nada.

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“Visto que o amor é a única regra que deve governar nossas ações, e a única diretriz para o correto uso dos dons divinos, Deus não aprova nada que esteja destituído de amor, não importa quão magnificentes sejam os conceitos humanos. Pois, sem o amor, a mais bela de todas as virtudes não passa de mera apa-rência, um ruído vazio de significa-ção, não mais digna que a moinha; em suma, não passa de algo gros-seiro e ofensivo”.1

As múltiplas formas de amarPodemos discipular pessoas,

participar de “grupos de louvor” (cantando ou tocando), teatro e co-reografia, exercer a diaconia, liderar organizações missionárias, ser um intercessor, colaborar nas áreas técnicas da Igreja (som, iluminação, multimídia), ser professor de EBD ou uniões de treinamento, liderar departamentos ou ministérios, ser um evangelista, pregador, atuar nas áreas de serviços gerais (zeladoria, patrimônio, estacionamento, recep-ção). Uma grande variedade de áreas. Alguns ocupam mais de uma função, inclusive. No entanto, se o que te move a servir não é o amor a Deus e às pessoas, de nada vale. O “porque” fazemos é tão importan-te quanto o “que” fazemos. Ocupar um cargo, ter o nome em uma rela-ção de líderes, sem usar essa ação como uma expressão de amor, é uma clara evidência de apatia na vida cristã.1 - CALVINO, João. I Coríntios. São Paulo, SP: Edições Parakletos, 2003.

Para pensar e agir:A nossa lição acaba por se con-

verter em um apelo à uma prática cristã com mais significado. Parar para pensar no “por que fazemos?”, no “para quem fazemos?” e no “para que fazemos?”. Precisamos nos perguntar: tenho exercido meu dom com amor? Tenho trabalhado pensando primeiro no bem das pes-soas? Estou acomodado fazendo sempre a mesma coisa na Igreja? Deveria repensar minha ação para dar mais sentido a ela?

O prazer em servir a Jesus se encontra justamente na preocu-pação que se tem com o outro, no como posso servir mais e melhor e no quanto posso ser bênção na vida de alguém. O amor cristão tem o poder revolucionário de mu-dar o mundo. O mundo e a Igreja, silenciosamente, clamam em seus desafios e apatias: precisamos de mais amor, por favor, em tudo o que fizermos.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Coríntios 13.4-10

Terça: 1Coríntios 14.12

Quarta: Mateus 16.24-25

Quinta: 1Pedro 4.10

Sexta: 1João 3.16-18

Sábado: Marcos 10.42-45

Domingo: Gálatas 5.13

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: 1Coríntios 12.27

A FASCINANTE LIBERDADE DE PERTENCER

Creio, piamente, que a Igreja é a “estratégia” de Deus para alcançar o mundo. As páginas do Novo Tes-tamento nos mostram “que a igreja ocupa lugar central e especial nos planos de Deus para a transforma-ção do mundo. Seja qual for a me-táfora utilizada para a sua designa-ção, ela sempre é considerada de forma muito especial” 1.

Ser Igreja de Cristo é um privi-légio. Pertencer ao corpo de Cristo se constitui numa fascinante liber-dade. Ninguém é obrigado a fazer parte da Igreja, mas, qualquer pessoa que tem um relacionamen-to real com Cristo e experimenta

1 - COELHO FILHO, Isaltino Gomes. À Igreja, com carinho. 2ª Ed. Campinas: Igreja Batista do Cambuí, 2006, p.7.

a vida em comunhão, obriga-se, livremente, a pertencê-la.

Na caminhada de hoje, vamos percorrer por uma confissão pes-soal do autor, que, imagino, será de todos nós, um alerta, um desa-fio e uma condição. Caminhemos!

Uma confissãoEscrever sobre esse assunto é

um enorme prazer para mim, por-que, sem demagogia, eu confesso que amo a Igreja. Eu amo a Igreja de Cristo, intensamente! Abaixo de Deus, devo a ela tudo o que sou. Até mesmo a minha esposa eu

LIÇÃO 6

33

conheci por causa da Igreja. Amo, também, a Igreja local onde sirvo: a Primeira Igreja Batista no Bairro São João, na cidade de São Pedro da Aldeia, que completará 50 anos no dia 15 de novembro de 2018. Uma baita Igreja!

1. Amo a Igreja porque Cris-to a amou e se entregou por ela (Ef 5.25). Penso que este já é um motivo suficiente para a Igreja me-recer o meu amor. Se o meu Mestre a amou, eu devo amá-la, com todas as peculiaridades que envolvem essa atitude, inclusive a entrega.

Igreja não é algo qualquer. Ela merece o nosso amor, por mais que tentem erguer o discurso de que ela é dispensável. Pessoas que assim se proclamam, estão limitando a Igreja às suas concepções institu-cionalizadas.

O amor é paciente, bondoso, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. É o belo registro do corpo literário paulino de 1Coríntios 13. Amar a Igreja é ter paciência com ela. O amor não é dominador. Pessoas que querem ser “donas da Igreja” não a amam. É uma obses-são travestida de amor.

Em nome do amor, decisões são adiadas, pois ele tudo espera. Em nome do amor, suportamos o que for preciso. Em nome do amor, so-fremos e acreditamos na Igreja. A Igreja não nos pertence. Ela é de Cristo. Ela é corpo dele. Nossa con-dição é amar ou amar. Não somos realmente Igreja quando não devo-tamos amor.

2. Amo a Igreja porque ela é uma comunidade de pessoas re-generadas e batizadas em nome de Jesus Cristo. Creio na Igreja lo-cal como sendo a Igreja de Cristo. Entendo que os seus membros são membros da chamada Igreja espiri-tual, universal ou militante. O sím-bolo da nossa inclusão, o batismo, anuncia que ressuscitamos com Cristo. Essa ressurreição, obvia-mente, é espiritual. Então, somos a Igreja espiritual.

Como não amar algo tão subli-me, que defende a morte de tudo o que faz a criação decair e exal-ta àquele que a soergue! A Igreja defende a morte dos nossos de-sejos pecaminosos. A Igreja de-fende a morte da injustiça. A Igreja defende a morte da hipocrisia, da desigualdade social, da individua- lidade doentia.

A Igreja exalta a Cristo, que res-taura a nossa comunhão com o Pai. A Igreja exalta a Cristo, que regene-ra nossos valores. A Igreja exalta a Cristo, que infunde em nós o senso de comunidade. 

3. Amo a Igreja porque ela pre-serva os valores éticos, morais e sociais. Certa vez, ouvi um amigo dizer que a cada dia há mais Igrejas e o povo não melhora, há mais Igre-jas e a violência aumenta. O adver-ti, defendendo que o pensamento deveria ser noutra linha: o mundo não está pior por causa da Igreja. Se a Igreja for retirada do mundo, ele apodrece.

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Por mais que alguns tentem ma-cular a imagem da Igreja, ela sem-pre será um referencial. A Igreja não é medida pela atitude de um ou ou-tro. A Igreja preserva os princípios éticos, que são universais, e, pelos preciosos ensinos de Cristo, acaba por anular a relatividade das ações morais, nivelando-as por alto no convívio social. Como a Igreja “pro-duz” indivíduos melhores!

Dizem que a ética passa pelo “posso”, “devo” e “quero”. Nem tudo que posso, eu devo. Nem tudo que quero, eu posso. Nem tudo que devo, eu quero. Paulo já havia falado sobre isso: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine” (1Co 6.12).

A ética é o princípio. A moral é a face prática desse princípio. A Igreja tem princípios e sua prática é mol-dada, nada mais nada menos, que pelos ensinos do homem perfeito: Jesus Cristo. 

4. Amo a Igreja porque ela é (im)perfeita. Do ponto de vista do corpo místico de Cristo, a Igreja é uma instituição divina perfeita. Do ponto de vista dos membros que a compõe, a Igreja é imperfeita, pelo simples fato de ser composta por pessoas.

Quem fica por aí procurando uma Igreja perfeita, perde a ale-gria de crescer com os demais, de aprender a tolerar. A Igreja não é o céu na terra, mas é a terra a cami-nho do céu, com todos os altos e baixos da jornada.

Aqueles que ficam, também, à procura de um pastor perfeito aca-bam vagando numa ilusão cons-truída pelas suas próprias imperfei-ções. É aquele grupo mais exigente que o próprio Deus.

Não podemos esquecer que quando Cristo tomou a forma hu-mana, ele foi humilhado. A nossa condição é essa. Não temos glória nenhuma para recobrar, como Cris-to a tem.

Igreja é maravilha dos céus para nós. É família. É presença marcan-te. É Reino difundido. É Cristo entre o povo. Somos nós!

Um alertaÉ muito bom saber que a

realidade da Igreja é plural. Há es-tilos variados e preferências diver-sas quando se fala em culto/liturgia, por exemplo. Estará tudo certo com a multiplicidade de formas, desde que o conteúdo permaneça irreto-cavelmente bíblico.

O alerta está no perigo de achar que o novo jeito de ser Igreja é o novo jeito de toda Igreja ser. Uma Igreja local pode encontrar um novo modelo para se adaptar, um novo estilo de gestão ministerial, mas isso não significa que obrigatoria-mente dará certo noutra Igreja.

Cada Igreja local deve entender bem a sua realidade e caminhar, com ousadia, a partir dela. Essa história de que “a grama do vizinho é mais verde” pode ser uma mera ilusão para atrapalhar o crescimen-to da Igreja.

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Um desafioPor outro lado, requer-se que a

Igreja se renove a cada dia, contex-tualize-se para chegar às pessoas com os princípios eternos.

O progresso vem, querendo ou não. O mundo muda numa veloci-dade assustadora. As formas de comunicação se apresentam novas impositivamente. A linguagem não se atualiza mais a cada geração, mas entre uma mesma geração. Como fica a Igreja nesse cenário? É necessário contextualizar-se!

Um exemplo é a evolução da língua. O pronome “você”, que se refere à segunda pessoa do discur-so, foi mudando ao longo da histó-ria. Começou com um tratamento real em Portugal, “Vossa Mercê” e foi sendo modificado: “vossamecê”, “vossancê”, “voismecê”, “vancê”, até chegar ao atual “você”, que convive com o “ocê” caipira e o “vc” do mun-do virtual.

A Igreja hoje, segundo o exem-plo acima, não pode se comunicar com o povo usando “Vossa Mercê”, porque hoje se usa “você”. Essa deve ser a linha de raciocínio que nos impulsionará, de contínuo, à contextualização em todas as áreas.

Vale ressaltar que contextuali-zação não é banalização ou secu-larização da mensagem cristã. O conteúdo sempre será o mesmo. O desafio é passar o conteúdo numa forma que alcance as pessoas hoje.

Para pensar e agir:Vida cristã sem Igreja é ilusão,

porque vida cristã sem interdepen-dência não existe. A vida cristã é comunitária. Se não fosse assim, cada cristão seria um corpo, e não membro do corpo. Não há corpos de Cristo. Ser membros de um mesmo corpo é prova inequívoca de que somos ligados.

A recomendação de Hebreus 10.24-25 continua válida, com ab-soluta certeza: “Pensemos em como nos estimular uns aos ou-tros ao amor e às boas obras, não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima”.

Lembrando que “há um só corpo e um só Espírito” (Ef 4.4). E o próprio Espírito nos tem reunido e ministrado para que todos, con-juntamente, “cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4.13).

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Mateus 16.13-20

Terça: Efésios 2.17-22

Quarta: Jeremias 32.38-41

Quinta: Romanos 12.3-5

Sexta: 1Coríntios 12.12-27

Sábado: Hebreus 10.24-25

Domingo: Colossenses 1.24

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 17

UMA MAIOR SINTONIA COM DEUS

Desde pequeno sempre gostei muito de ouvir rádio. Em tempos de “smartphones”, internet, TV a cabo e outras mídias, parece anti-quado manter esse hábito. Mas eu o mantenho. É bem verdade que não faço mais como eu fazia antes. Ao invés de abrir um aplicativo de alguma rádio no celular eu ligava meu radinho de pilha, e ficava gi-rando o botão buscando a melhor

sintonia com o sinal emitido pela estação de rádio. Entre chiados e interferências, a insistência me levava à sintonia perfeita do sinal. Conseguia ouvir alto e claramente a voz dos radialistas transmitindo jogos de futebol, dando notícias e comentando os acontecimentos mais recentes. Essa experiência analógica se perdeu hoje num mundo de tecnologias digitais.

LIÇÃO 7

37

Falo de rádio porque quero falar sobre sintonia. E falo de sintonia porque quero falar sobre o alinha-mento entre duas partes distintas, atuando em harmonia. A experiên-cia do rádio analógico me ensina que, para uma comunicação clara e direta, é preciso buscar a sinto-nia perfeita. Essa deve ser a per-manente ambição do cristão com o seu Deus.

Jesus e Deus: sintonia plenaO texto base da nossa lição evi-

dencia uma sintonia perfeita, natu-ral e intencional entre Jesus e Deus.

Perfeita porque não há ruídos na comunicação. Ela é fluente e contínua. Não houve um só mo-mento na trajetória humana de Je-sus que Ele não estivesse ligado a Deus. E em nenhum momento essa relação perdeu a sintonia. Houve ocasiões em que esse vínculo cor-reu o risco de interferência, como na tentação (Mt 4.1-11) ou na pro-funda angústia vivida no Getsêma-ni (Mt 26.36-46). Mas o coração de Jesus estava dedicado a cumprir os desígnios de Deus e, por isso, su-perou esses momentos.

Natural porque ambos têm a mesma essência. Jesus e Deus têm a mesma natureza e origem. Werner de Boor afirma que: “Jesus sustenta com tranquila convicção que Ele ‘vem do alto’ e ‘do céu’ (Jo 3.31; 8.23), da ‘glória’ que Ele tinha junto do Pai antes da cria-1 - BOOR, Werner de. Evangelho de João. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2002.

ção do mundo. Foi dessa glória que Ele se esvaziou (Fp 2.5-7) ao se tornar carne. Ainda assim, po-dia ser vista por olhos iluminados (Jo 1.14)”1. Significa, portanto, que Jesus e Deus são indissociáveis, isto é, não existem separadamen-te ou em oposição. São e sempre foram essencialmente unidos.

Intencional porque Jesus, en-quanto homem, se dedicava a ali-nhar sua existência humana com os propósitos de Deus. Era sua meta pessoal cumprir todo o caminho tra-çado para Ele. Seu prazer estava em fazer a vontade do Pai. Jesus não era obrigado a estar em sinto-nia, estava porque desejava isso.

Ao nos depararmos com a pro-fundidade dessa relação, podemos nos sentir incapazes de viver algo parecido. Mas não pode ser esse o efeito em nós. A expectativa decla-rada de Jesus no texto é exatamen-te oposta: “para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles estejam em nós” (v.21). É desejo de Jesus (e de Deus também) que nos sintamos desafiados a buscar tal sintonia. Ele mesmo é quem provi-dencia a possibilidade e nos indica o caminho para conseguirmos.

Harmonize sua vida com DeusNa introdução desse estudo,

descrevi a “sintonização” como o alinhamento entre duas partes di-ferentes. Trazendo essa ideia para

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o contexto bíblico e aplicação pes-soal, podemos entender que uma das partes dessa conexão é Deus e a outra, nós, através de Jesus, pois Ele demonstra os fundamen-tos dessa relação em sua oração. Vamos observá-los:

1. Tenha uma experiência pes-soal – Podemos dizer que, na vida, temos muitos “conhecidos”, mas são poucas as pessoas que conhe-cemos de verdade. Significa que não temos intimidade com qual-quer um. Conservamos relações superficiais com a maior parte das pessoas, onde não transparece-mos tudo o que somos. Não pode-mos nos relacionar com Deus as-sim. Ter essa experiência pessoal é colocar-se diante dEle sem másca-ras e permitir que Ele se apresente a você como Ele é. Com o coração aberto, dizer as suas carências, frustrações e dores, e ouvir dEle o que Ele pensa, sente e deseja. Temos de ser próximos de Deus, e não ilustres desconhecidos. “Ache-gai-vos a Deus, e Ele se achegará a vós” (Tg 4.8).

2. Deus é Pai, viva como seu filho – Uma vez que temos uma experiência pessoal com Deus, percebemos nEle esse desejo de nos “adotar” como membros de sua família. Essa é a primeira e mais marcante referência que Jesus nos dá em sua oração, pois a inicia refe-rindo-se a Deus como Pai. Deus es-pera que nos relacionemos com Ele assim, como filhos. Nesta condição, devemos submissão, obediência,

atenção às orientações e corre-ções, que são sempre feitas por nos amar e querer o melhor para nós. Como um pai cuida de seu filho, Deus quer cuidar de nós. “Portan-to, sede imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1).

3. Procure separar-se do mun-do – À medida que nos distancia-mos do mundo, criamos mais sinto-nia com Deus. Este é um imperativo da espiritualidade. O mundo no qual vivemos destoa completamente da sintonia de vida que Deus espera de nós. A epístola de Tiago nos trás essa advertência veemente: “In-fiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, quem quiser ser amigo do mundo se coloca na posição de inimigo de Deus” (Tg 4.4).

A santificação é esse processo de separação. Não significa que somos superiores às pessoas co-muns. Significa que não nos confor-mamos com um estilo de vida que Deus rejeita. As práticas deste mun-do não são dignas do Reino ao qual pertencemos. Separados do mundo nos unimos ainda mais a Deus.

4. Construa unidade em amor – “E, acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3.14). A unidade manifestada en-tre Jesus e Deus tem um fundamen-to único: o amor. Segundo a carta de Paulo aos Colossenses, essa é a única causa capaz de unir duas partes distintas em perfeita harmo-nia. A nossa unidade com Deus e

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seu Filho passa primeiro pelo esfor-ço de viver em unidade com nossos semelhantes. “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, a quem viu, não pode amar a Deus, a quem não viu” (1Jo 4.20).

Seria um equívoco olharmos exclusivamente para cima, procu-rando dedicar a Deus amor, e não sermos capazes de nos voltarmos para o lado, e dedicarmos amor àqueles que estão ao alcance dos nossos olhos. À medida que cons-truímos vínculos baseados no amor com as pessoas, que proporciona a necessária unidade entre os ho-mens, criamos maior harmonia das nossas vidas com Deus.

5. Dedique sua vida a servir aos propósitos do Pai – Há um propósito para a vida de todos nós. E o encontramos quando procura-mos em Deus. Muitos afirmam que a razão da existência do ser hu-mano é glorificar a Deus. Mas não somos nós quem decide como Ele deve ser glorificado. Deus é quem diz. Segundo a oração de Jesus, a glorificação de Deus estava na sua dedicação em cumprir a missão que recebeu. E que missão era essa? Manifestar o nome do Pai entre os homens e ser o corpo da expiação de pecados.

Portanto, a vitória de Deus sobre a morte não começou na ressur-reição de Jesus, e sim quando Ele decidiu viver esse caminho traçado por Deus. Mesmo que isso lhe cus-

tasse a vida. O Pai está dedicado a salvar pessoas da morte e nós po-demos ser instrumentos vivos em suas mãos, se assim decidirmos ser. Podemos traçar metas pes-soais, estratégias, ou até uma rotina de trabalho. Mas o que Deus quer mesmo é ver nosso coração deci-dido a ser o que Ele precisar que sejamos, independente de quando, onde e como Ele fará.

Para pensar e agir:Construir maior sintonia com

Deus é um esforço que exigirá su-jeição total. Devemos procurar em nós os ajustes necessários para sermos, amanhã, melhores do que somos hoje. Se passarmos a acre-ditar que já estamos na nossa me-lhor sintonia, estaremos, na verda-de, ficando surdos para ouvi-lo. É preciso melhorar a cada dia!

Seja, portanto, exigente com a qualidade dessa conexão. Não se conforme com interferências ou ruí-dos na transmissão de Deus para você. Não se conforme com nada menos que a nitidez do som do Céu chegando até você.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Filipenses 2.1-4

Terça: Filipenses 2.5-13

Quarta: Efésios 5.21

Quinta: Colossenses 3.12-17

Sexta: Tiago 4.1-10

Sábado: 1João 4.1-6

Domingo: 1João 4.7-21

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Salmos 119.97

APRENDIZADO PERMANENTE

A declaração de amor do sal-mista deveria ser a divisa de todo cristão: “Como amo tua lei! Ela é minha meditação o dia todo” (Sl 119.97). O Salmo 1 afirma que é bem-aventurado aquele que medita na Lei do Senhor dia e noite (v.2).

Esses textos sinalizam que para compreendermos a Palavra de Deus é necessário ir além da simples leitura. É importante me-ditar para melhor entendimento, discernimento e aplicação. A me-ditação é a porta para um aprendi-zado permanente.

O salmista é direto ao justificar o seu procedimento: “Teu manda-mento me faz mais sábio do que

meus inimigos, pois está sempre comigo. Tenho mais entendimen-to do que todos os meus mestres, porque teus testemunhos são mi-nha meditação” (Sl 119.98-99).

É preciso resgatar a prática da meditação na Palavra. Ao se medi-tar, a Palavra passa a ser compa-nheira do cristão todos os dias, o dia todo. A Palavra passa a fazer parte do próprio cristão, que preci-sa ser “composto” por ela.

A prática da meditação cos-tuma ser associada à religiões orientais, cujo objetivo, regra ge-ral, é esvaziar a mente. Para nós, a proposta da meditação é encher a mente com a Palavra de Deus.

LIÇÃO 8

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Como meditar

Acabamos de definir que para nós, cristãos, meditação não é es-vaziar a mente e sim concentrar-se nas Sagradas Escrituras. Por isso, para se meditar na Bíblia, oferece-remos algumas sugestões:

1. Ore ao Senhor. Antes de qual-quer coisa, oração. A Bíblia registra verdades profundas. Precisamos do auxílio do Espírito Santo, iluminan-do nossas mentes, para que consi-gamos apreender, captar com exati-dão o que Deus está falando.

Como diz a afirmação atribuída a John Bunyan, “eu posso fazer mais que orar, depois de ter orado, mas eu não posso fazer mais que orar, até que tenha orado”.

Todo cristão precisa entender o valor dos joelhos dobrados diante de Deus. Lutero disse: “A oração é a coisa mais importante da minha vida. Se, porventura, negligencio a oração por um simples dia, sinto logo o esmorecimento do fogo da minha fé”.

Dobrar os joelhos para orar é sinal de submissão a Deus, de hu-mildade. Só teremos proveito se o fi-zermos continuamente, pedindo sa-bedoria para entender as Escrituras.

2. Leia a Bíblia. Depois de orar, vá ao texto sagrado. Selecione um ou alguns versículos e dedique tem-po para uma leitura minuciosa.

A correria do dia a dia só au-menta. A sensação é que um dia não tem mais 24 horas. Quem nun-

ca exclamou “como seria bom se esse dia tivesse mais horas!”? Se não priorizarmos, não sobrará tem-po para meditar na Palavra.

Não se trata de uma leitura quantitativa, mas qualitativa. Nem sempre ler muitos versículos será o melhor caminho para a meditação. Na maioria das vezes, um único versículo é mais do que suficiente e proveitoso para ocupar a mente.

Imagine inicarmos o dia com Salmos 119.11 na mente: “Guar-dei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti”! A cada momento, diante das tentações propostas, seríamos lembrados do ideal de não pecar.

O essencial é ter a Palavra na mente. Por isso, devemos ler a Bí-blia todos os dias.

3. Guarde silêncio. A maioria das pessoas gosta mais de falar do que ouvir. Regra geral, a tradição oriental dá mais valor ao silêncio. Nós, ocidentais, falamos bastante. Alguns dizem que brasileiros falam mais ainda, porque somos um povo extremamente comunicativo. O que é bom.

Além de falarmos muito, estamos cercados por muito barulho. É difícil encontrar um ambiente silencioso até mesmo dentro de casa, onde somos cercados pelo som dos televisores que já invadiram praticamente todos os cômodos.

O silêncio diante de Deus, na Palavra, será um exercício espiri-tual de grande proveito. Criemos o

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hábito de ler a Bíblia e ficar em si-lêncio, deixando que o Senhor fale conosco através do texto, na ilumi-nação do Espírito Santo.

4. Cite a Palavra. Muitas vezes, falar a Palavra em voz audível será um ajudador na meditação. Citamos tantas coisas durante o dia, falamos sobre ditados populares, etc. Por que não citar a Bíblia?

Nosso alvo é o aprendizado per-manente das Escrituras, visando alcançar a mente de Cristo. Um dos aspectos desse processo é arraigar a Palavra de Deus na mente (medi-tação). Memorizar textos bíblicos é uma disciplina importante que ajuda-rá na citação dos mesmos, inclusive.

Seguem algumas ideias que po-dem ajudá-lo no desenvolvimento da memorização de textos bíblicos1:a) Leia o versículo e reflita sobre

seu significado.b) Escreva o versículo em cartões

para tê-los sempre à mão.c) Dê uma olhada na primeira frase

e mencione-a em voz alta. Faça o mesmo com a frase seguinte, e diga ambas em voz alta. Con-tinue esse processo até que te-nha dito todo o versículo.

d) No mesmo dia, mais tarde, pro-cure dizer o versículo de memó-ria. Se não conseguir se lembrar de todo o versículo, dê uma olhada nos cartões para refres-car sua memória.

e) Repita o versículo várias vezes ao dia, durante uma semana ou

1 - HUNT, T. W., KING, Claude N. A Mente de Cristo. Trad.: Josemar de Souza Pinto. Rio de Janeiro: JMN, 1998, p.9.

até que o versículo esteja firme-mente em sua mente.5. Escreva suas resoluções.

Quando meditamos, aprendemos e chegamos a algumas conclusões para melhorar nossa vida cristã. Com o passar dos dias, a tendência é esquecermos. Anote essas deci-sões nascidas no coração, zelando para que sejam atitudes reais.

A arte de contar histórias é pre-sente desde os povos considerados mais primitivos, quando ainda não havia a escrita. A tradição oral per-manece até hoje. Mas, por bonda-de divina, a humanidade também adentrou na tradição escrita, regis-trando, assim, as suas histórias.

Temos a Bíblia impressa em razão da tradição escrita. Caso contrário, as experiências de Deus seriam transmitidas entre gerações e povos apenas oralmente. Muitas coisas poderiam se perder, porque a mente humana é falha. Ninguém consegue guardar tudo, com a per-feita exatidão.

O registro escrito da Bíblia nos assegura acesso contínuo ao texto sagrado. Quando temos dúvida ou nos esquecemos de algum detalhe, como cristãos aplicados, recorre-mos às páginas do Livro Santo.

Esse deve ser o mesmo prin-cípio motivador para registrarmos nossas resoluções. O próprio Deus dá testemunho do valor da palavra escrita. Portanto, escreva as suas decisões e as mantenha diante dos seus olhos.

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É muito importante tomar de-cisões para melhorar diante de Deus. Mais importante ainda é não deixar cair no esquecimento: “É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir” (Ec 5.5).

Para pensar e agir:Acostumado a todo conforto no

lar, Marcos estava encontrando di-ficuldades no colégio interno. Além da disciplina, horário para as refei-ções, arrumação das dependências que ocupava, havia ainda outra di-ficuldade mais séria: não havia di-nheiro que chegasse. Escrevia pe-riodicamente ao pai:

– Mande dinheiro, papai!– Leia a Bíblia, meu filho - res-

pondia o pai.O tempo ia passando e as difi-

culdades do jovem aumentando. O rapaz estranhava que o pai, sempre tão liberal, agora não lhe mandasse o dinheiro pedido. Só sabia dizer: “Leia a Bíblia”.

– Papai, preciso desesperada-mente de dinheiro.

– Leia a Bíblia! - dizia novamen-te o pai.

Com grandes dificuldades o moço chegou ao período de férias. Seu pai foi buscá-lo de carro, e ou-viu as lamentações.

– Tanto que pedi ao senhor que me mandasse dinheiro e o senhor não mandou. Só me mandava ler a Bíblia.

– E você a leu alguma vez? - perguntou o pai.

– Não, papai. Confesso que não li nenhuma vez.

– Essa é a razão da sua dificul-dade. Vá buscar a sua Bíblia.

O rapaz obedeceu.– Abra-a - disse novamente o pai.O jovem a abriu. Estava repleta

de notas de alto valor, que o pai, ali, secretamente tinha colocado.

A riqueza que precisamos para uma vida que agrade a Deus está na Palavra. Muito mais que dinhei-ro, das Escrituras emanam ensinos verdadeiramente valiosos. Assim como aquele jovem precisava do dinheiro do seu pai para o sustento, precisamos da Palavra do Pai para uma vida plena e abundante.

Diferentemente do jovem da ilustração, obedeçamos, sem re-servas e de pronto, a orientação do Pai: “Não afastes de tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de obedecer a tudo o que nele está escrito; assim farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido” (Js 1.8).

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Deuteronômio 6.6-9

Terça: Josué 1.1-9

Quarta: Salmos 104.33-34

Quinta: Provérbios 3.1-2

Sexta: Salmos 77.11-12

Sábado: Tiago 1.22-25

Domingo: Salmos 19.14

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 16.33

A ESPERANÇA QUE CONTINUA VIVA

LIÇÃO 9

Você sabe o que é esperan-ça? Esperança é a confiança em algum acontecimento futuro. Uma espera confiante. É ter expectativa que algo vai acontecer. No entan-to, antes de esperar algo é preciso acreditar em algo. Se não acredi-tar, não tem o que se esperar. Por exemplo: quando estamos doen-tes e tomamos um medicamento, o tomamos porque existe a crença de que ele pode nos curar. Toma-mos o remédio na esperança da cura. Ninguém continuaria a tomar o remédio sem a expectativa de melhora. Portanto, a esperança na

cura se baseia na crença de que o remédio vai funcionar.

Mas, as crenças precisam so-breviver aos testes que a vida im-põe a elas. A dúvida é um grande teste. Seguindo o exemplo ante-rior, podemos perguntar: temos alguma garantia de que o remédio vai funcionar? Alguém que conhe-cemos já foi curado da mesma doença tomando esse remédio? Que prova temos de que ele fun-ciona? E se demorar a fazer efeito, vou continuar a tomá-lo? Outro re-médio não seria melhor? Será que preciso mesmo de remédio?

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Nossa lição não fala sobre me-dicamentos e cura do corpo, mas fala sobre uma esperança resisten-te aos testes que a vida lhe impõe. E para resistir, a crença precisa ser muito forte e apresentar garantias, para essa esperança não morrer. Em que o cristão tem esperança? Quais as garantias que ele tem?

O mundo em oposição a DeusO nosso texto base é o final de

um grandioso discurso de Jesus. Nele, o Mestre afirma a seus discí-pulos que eles seriam odiados, as-sim como Ele foi odiado (Jo 15.18). Essa é uma consequência natural para aqueles que se colocam ao lado de Jesus, pois estar ao seu lado é estar em oposição ao mun-do. Portanto, Jesus, em seu discur-so, “preparou seus seguidores para a realidade da cruz que eles tam-bém carregariam por causa do Seu nome”1. Mas, aquilo que parecia ser um discurso pessimista, repleto de tensões e temores, se mostrou, no final, um grande pacto de esperan-ça. A conclusão descrita no verso 33 do capítulo seguinte é a afirma-ção de que a trajetória de persegui-ção, sacrifício e dor teria uma glo-riosa vitória final. E a garantia era uma só: Jesus venceu o mundo.

O problema da inconstânciaSão muitas as armadilhas do mal

para nos afastar da esperança em Jesus. Mas, acredito que a incons-

1 - DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001.

tância seja uma das mais perigo-sas. Digo isso porque ela é sorratei-ra, silenciosa, quase imperceptível. Não causa dor imediata, nem dá a sensação de incredulidade. Ela apenas vai desestruturando, pouco a pouco, a estabilidade da nossa crença e nos dá a aparente sensa-ção de que estamos no caminho certo quando, na verdade, somos frágeis e tendentes à queda. Vai nos enfraquecendo de dentro para fora, e quando percebemos, nossa crença é apenas estética; não tem conteúdo, apenas aparência.

1. O inconstante não é assí-duo. As forças do mal não deixam de nos afligir um minuto sequer. Elas atuam ao nosso redor. Mas o mal não pode ser mais assíduo em nossas vidas do que a nossa busca por Deus. Além da oração, leitura e meditação na Palavra de forma constante, a presença na comunidade de fé é fundamental para mantermos nossas defesas espirituais em dia. Muitas pessoas deixam de participar das atividades da Igreja por motivos banais. Tro-cam o encontro por qualquer outro compromisso. E essas concessões são intermináveis, cada vez mais se abre mão. A assiduidade é a garantia de que a experiência da comunidade te reanima, revigora e aperfeiçoa.

2. O inconstante não é deter-minado. A pessoa determinada tem foco naquilo que deseja, e por esse objetivo trabalha incansavelmente.

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Investe todas as suas forças, paga o preço que for necessário e se entrega sem limites. Por isso, a de-terminação passa longe do incons-tante, cuja mente não é focada em Deus e no ser cristão. Só entrega aquilo que sobra de si. Diz querer servir a Jesus, mas não está dis-posto a perder nada por isso.

3. O inconstante é sujeito às decepções. Todos sabemos o quanto é desafiador manter a har-monia dentro da Igreja. São muitas pessoas diferentes, com gostos di-ferentes e opiniões diferentes, que tentam agir em conjunto por uma mesma causa. O que é certo acon-tecer em um ambiente como esse? Pessoas decepcionarem pessoas. Porque somos falhos, infelizmen-te. Mas o inconstante sempre usa esses conflitos para justificar suas ações: “Eu saí, porque fizeram isso”, “deixei de participar, porque não me fizeram aquilo”, e por aí vai. É um interminável desfile de des-culpas, em que nunca se assume a responsabilidade por nada. É sem-pre vítima do mal feito dos outros. Se as pessoas decepcionam um in-constante, ele abandona a missão que Deus lhe deu naquele lugar. O inconstante sempre procura razões para justificar a sua inconstância.

4. O inconstante é pouco produtivo. É como uma árvore que nunca deixa seus frutos amadurecerem nos galhos, eles sempre caem antes do tempo. O inconstante não consegue desen-volver nenhum trabalho de longo

prazo, pois não tem perseverança para superar as adversidades que se encontram pelo caminho. Ao menor sinal de problema, desistem da tarefa, mas nunca assumem a responsabilidade por seu insuces-so. Acabam acumulando projetos interrompidos pela metade, estão sempre experimentando recome-ços porque nada é permanente.

5. O inconstante é influenciá-vel. O nosso tempo é marcado pela pluralidade das vozes que dizem falar em nome de Deus. É preciso firmeza de convicção para man-ter-se baseado exclusivamente na Palavra. Mas o inconstante não é alguém de firmes convicções. Fa-cilmente é levado por modismos doutrinários, nunca é capaz de de-fender a integridade da sua crença, pois é despreparado para isso. Pre-fere as facilidades de uma doutrina frouxa do que a integridade e a fir-meza da doutrina bíblica.

6. O inconstante resiste à ideia de que é inconstante. Ele sempre acredita que a sua forma de viver a fé é correta. Não conse-gue perceber o quão é instável e ausente. Não se incomoda com o fato de estar constantemente nego-ciando seus valores. Não é humilde para reconhecer suas falhas. Será sempre um cristão morno, compli-cado e amargo.

Irmãos, não podemos brincar quando o assunto é enfrentar as forças do mal deste mundo. A maior infelicidade do inconstante é su-cumbir à descrença e ao ceticismo.

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A vigilância constante, dentro e fora de nós, é fundamental para preser-varmos aquilo que acreditamos. Se nossa crença é frágil, questionare-mos a razão da nossa esperança em Jesus.

A crença que alimenta a esperançaJesus precisou ser honesto

com seus discípulos, preparando--os para o que estava por vir. Disse com clareza que o caminho que se seguia após Ele era cheio de do-res, e que seria necessária uma fé obstinada para suportá-lo. Portanto, o caminho exigiria firmeza de con-vicção. Por esta razão, a vida cristã não é para os inconstantes. Porque ela exige uma atitude contumaz, persistente e confiante nas promes-sas que Jesus nos deixou.

A substância da nossa espe-rança cristã é a crença de que, em Jesus, nós somos a luz do mundo tomado pelas trevas. E que, apesar da força e da violência da perse-guição do mal, nossa constância será recompensada com a gloriosa vitória que Jesus conquistou. Sere-mos perseguidos, tentados, fragili-zados, mas jamais vencidos. Essa é a crença que sustenta nossa es-perança: não existe derrota no ca-minho da vida cristã, pois Cristo já venceu o mundo.

O mundo vencido por Jesus, se-gundo o comentarista bíblico Brooke Westcott, é “o sistema que reúne a soma de todos os poderes limita-

2 - Citado por STOTT, J. R. W. I, II, III João, Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1988.

dos e transitórios opostos a Deus, que dificultam a obediência”2. Esta oposição pretende desencorajar a fé em nós e destruir a vida. O Mes-tre estava certo em suas palavras. Poucos anos após sua morte e ressurreição a Igreja experimentou uma das maiores perseguições de sua história. Em meio à dor e opres-são, somente a crença na vitória de Jesus foi suficiente para manter a esperança viva.

Para pensar e agir:A crença do cristão é que Jesus

é o Salvador do mundo e nós os herdeiros dessa missão. A garantia é que Jesus já venceu o mal pre-sente no mundo. Um mal que nos persegue, aflige e tenta impedir o avanço do Evangelho. A esperança que continua viva é a certeza que, a cada dia mais, se fortalece. É a espera cada vez mais sólida de que as aflições vividas neste mun-do não podem ser comparadas com a gloriosa vitória que conquis-taremos em Jesus.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: João 15.18-26

Terça: 1Coríntios 15.58

Quarta: João 16.1-4

Quinta: Tiago 1.2-8

Sexta: Filipenses 3.20-21

Sábado: 1Timóteo 4.1-2

Domingo: Efésios 4.1-15

48

DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Marcos 10.45

PRAZER EM SERVIR

Para o cristão, servir deve ser sempre algo prazeroso, desinte-ressado e altruísta. O serviço no Reino de Deus resume a nature-za prática de nossa fé. O dito po-pular “quem não vive para servir, não serve para viver” ilustra uma verdade para a postura do cristão, porque encontramos utilidade e ra-zão para ser o que somos, quando servimos em nome de Cristo.

A Bíblia nos apresenta o maior exemplo de diaconia: Jesus Cristo. Embora sendo Mestre e Senhor, o Filho do homem servia a todos.

Diaconia é serviço ministerial incondicional e amoroso a Deus, à Igreja e ao próximo. O Diácono Perfeito deixou o exemplo: “Pois o próprio Filho do homem não veio

para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10.45).

Um pedido inconsequenteO verso citado acima conclui a

narrativa do pedido dos filhos de Zebedeu (Mc 10.35-45). Eles não mediram as consequências das suas palavras.

Marcos nos informa que Tiago e João foram até Jesus e pediram que fosse feito conforme o desejo deles (v.35). A resposta de Jesus foi uma pergunta: “Que quereis que eu vos faça?” (v.36). Respon-deram: “Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua di-reita e outro à tua esquerda” (v.37).

LIÇÃO 10

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Jesus evidenciou a inconse-quência, afirmando que eles não sa-biam o que estavam pedindo (v.38). Ou seja, eles não tinham noção da responsabilidade que acompanha-ria tamanha honra. Jesus perguntou se eles poderiam beber o cálice que Ele bebia e serem batizados com o batismo que Ele era batizado (v.39). Impressionantemente responderam que sim (v.39).

Dois irmãos ambiciosamente irresponsáveis. Eles não tinham entendido as palavras de Jesus a respeito do que lhe aconteceria (Mc 10.32-34).

Tiago e João deveriam estar com os corações cheios de ambi-ção pela glória terrena. Imaginem que ostentação serem destacados por Jesus diante dos outros dez! Queriam aparecer em lugar de preeminência na glória vindoura.

Enquanto eles buscavam gló-ria, Jesus esbanjava humildade. O Mestre deu mais uma aula, ao exal-tar a exclusividade do Pai para defi-nir o sentar-se à sua direita ou à sua esquerda (v.40).

Jesus jamais usurpou a glória de Deus (Fp 2.5-8). Sua vida foi uma liturgia de serviço a Deus, ple-namente submisso à vontade sobe-rana do Pai.

Em reação ao pedido de Tiago e João, os outros dez ficaram in-dignados (v.41). Jesus transformou essa indignação em aprendizado, exortando os discípulos: “Entre vós não será assim. Antes, quem entre

vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos servirá; e quem en-tre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos” (v.43-44).

O servir prazerosamente era a atitude que Jesus esperava dos seus discípulos. Uma grande aula de diaconia ficou gravada no cora-ção deles. O próprio Professor era o conteúdo da aula, pois a sua en-trega na cruz estava próxima. Jesus caminhava para o serviço perfeito, o sacrifício que nos abriu a porta da reconciliação. Glória a Jesus!

Uma missão a ser cumpridaO serviço cristão é uma missão

que se traduz em mordomia. Não no sentido popularizado do termo, que traz à mente a ideia de bem--estar, regalias, vantagens e privilé-gios. Estamos falando de mordomia noutro sentido, contagiados pelo conceito cristão.

Mordomo era o criado principal, responsável pela administração; um despenseiro que desfrutava da con-fiança do dono da casa. Para nós, portanto, mordomia é saber que to-das as coisas pertencem a Deus, somos simplesmente seus adminis-tradores: “Servi uns aos outros con-forme o dom que cada um recebeu, como bons administradores da mul-tiforme graça de Deus” (1Pe 4.10).

Nós somos mordomos de Cristo. Estamos servindo ao som das suas ordens santas. Estamos agindo no ritmo do céu, obedientes e produti-

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vos. Não importa a glória, cujo dono todos sabemos quem é. Importa cumprir a missão.

1. Mordomia do tempo. Tempo é algo precioso que não volta, por isso deve ser bem administrado. O tempo que temos não é nosso. Deus nos concede cada minuto para fazermos o melhor nEle.

Por bondade do Senhor, usa-mos o tempo para diversas coisas: trabalhar, estudar, se divertir, etc. Também devemos investir tempo para orar, ler a Bíblia e se envolver com as demandas da Igreja (evan-gelização, comunhão, solidarieda-de, etc.).

É impressionante como conse-guimos desperdiçar tanto tempo, mesmo quando ele é pouco. Quantas horas por dia dedicadas às futilidades! Sem falar das coisas impróprias ao cristão.

John Piper afirmou que “uma das maiores utilidades do Twitter e Facebook  será provar no Último Dia que a falta de oração não era por falta de tempo”.

2. Mordomia das finanças. O dinheiro que temos também não é nosso. É uma concessão divina e deve ser administrado para a glória de Deus e investido honesta e ge-nerosamente.

É lamentável quando um cristão é dominado pelo dinheiro. O dinheiro deve ser usado por nós e não nos usar, transformando-nos em escravos do acúmulo esbanja-

dor: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12.34).

A exortação bíblica é norteado-ra para a mordomia das finanças: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça alguns se desviaram da fé e se torturaram com muitas dores” (1Tm 6.10). “Quem ama o dinheiro nunca terá o suficiente; quem ama a riqueza nunca ficará satisfeito com o lucro. Isso também é ilusão” (Ec 5.10).

Deus nos permite ganhar dinhei-ro para o nosso bem. Por meio do trabalho, o Senhor faz chegar às nossas mãos o recurso para uma vida com dignidade. “Já fui moço, e agora estou velho; mas nunca vi um justo desamparado, nem seus descendentes a mendigar o pão” (Sl 37.25).

As facilidades para ganhar di-nheiro sujo, através da corrupção institucionalizada ou não, podem ser tentadoras, mas devem ser con-denadas por nós, porque será um dinheiro maldito, reprovável aos olhos de Deus.

O sucesso com o dinheiro con-quistado honestamente depende da nossa consciência como mor-domos, estabelecendo prioridades corretas. Cada pessoa ou família terá uma realidade, mas todos de-vemos estar convictos de que a gestão financeira pessoal ou fami-liar também faz parte do culto que prestamos a Deus.

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Há pessoas que não conseguem ser fiéis a Deus com o dinheiro. Fi-cam até mal humoradas quando se fala nisso. Não conseguem ser ge-nerosas, porque são pastoreadas por Mamom (Mt 6.24).

Tem membro de Igreja especia-lizado no discurso contra o dízimo. Gasta tempo formulando desculpas, ao invés de ser honesto e assumir a infidelidade a Deus e à comunidade de fé, que não poderá contar com ele para nenhum investimento no Reino a partir da Igreja local.

Infeliz é a pessoa que cuida do dinheiro apenas para si. Não apren-deu a ser um bom mordomo das finanças, porque se esqueceu que saiu nú do ventre da mãe e nú mor-rerá (Jó 1.21).

3. Mordomia do voluntariado. É de cortar o coração perceber que há pessoas que só produzem algo na Igreja se forem pagas. Por outro lado, emociona perceber a multidão de voluntários em nossas Igrejas! Pessoas que são verdadeiros mor-domos, dedicando parte de seu tempo para, voluntariamente, ser-vir a Deus servindo as pessoas, na Igreja e na comunidade em geral.

O voluntariado é uma das maio-res riquezas de uma comunidade de fé. E como emociona conviver com essas preciosidades na Primei-ra Igreja Batista no Bairro São João. Que o Senhor levante mais mordo-mos do voluntariado entre nós!

Para pensar e agir:Quando penso em diaconia, no

prazer em servir, me emociono com o exemplo de vários irmãos queridos, que enobreceram e enobrecem a minha trajetória e afetividade. Como tenho aprendido com servos assim!

Um deles é o irmão José Viana, da Primeira Igreja Batista em Alcân-tara. Esse irmão me marcou com a sua diaconia silenciosa e modes-ta. Dono de um sorriso envolvente, o irmão Viana todos os sábados à tarde se dirigia ao templo para do-brar os boletins. E que perfeição! No domingo bem cedo, ele estava à porta, entregando festivamente o in-formativo aos que chegavam para o culto. A minha esposa tinha a honra de receber o boletim personalizado. O irmão Viana escrevia o nome dela e a entregava com enorme carinho, dizendo: esse é o da Thaís. E olha que nem éramos namorados na ocasião, quando presenciei essa gentileza. Ele não fazia isso porque era a esposa do pastor. Ele tinha prazer em servir a todos, sem distin-ção. Memórias de valor inestimável!

Jesus teve uma vida de serviço. Como seus seguidores, não temos outra opção. É servir ou servir!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Marcos 10.35-45

Terça: Lucas 17.24-30

Quarta: Romanos 12.1-8

Quinta: Gálatas 5.13-15

Sexta: Filipenses 2.5-11

Sábado: 1Pedro 4.10

Domingo: João 12.25-26

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Filipenses 2.3-4

O VALOR DO OUTRO

Qual seria o método para me-dirmos o valor das pessoas? É possível estabelecer, numerica-mente, o valor de uma vida? Hou-ve um tempo, um capítulo desas-troso da história do ser humano, em que pessoas eram tratadas como mercadorias. Sim, naquele tempo, pessoas tinham um preço. Uma cantora popular brasileira, ao reconhecer esse fato da se-gregação racial na sociedade, es-creveu o seguinte verso: “A carne

mais barata do mercado é a carne negra”. Porque pessoas negras eram tratadas como objetos. Mas as pessoas não são objetos, são seres vivos, autoconscientes, ge-rados a partir do amor de Deus.

Sim, existe um método para avaliarmos o quanto as pessoas valem. Elas terão valor à medida que as valorizarmos. E a referên-cia dessa valorização somos nós mesmos. As pessoas terão exa-tamente o mesmo valor que você

LIÇÃO 11

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der a si mesmo. Ou seja, você e o próximo são iguais. Dignos do mes-mo amor, bondade, compaixão e misericórdia.

A consciência e o exercício des-sa valorização acontecem dentro e fora de nós. A partir das disposições do coração em relação a elas e na forma como nos relacionamos, na prática, com elas.

O amor é uma escolhaPor mais nobre que seja o amor,

vivê-lo nem sempre é uma tare-fa fácil. Amar as pessoas que nos fazem bem, que demonstram seu amor por nós e que cuidam de nós acontece naturalmente. Elas facili-tam nossa tarefa, pois suas ações já se convertem em uma motivação para retribuirmos. O desafio está em amar as pessoas que não têm relações anteriores conosco. Ainda mais difícil é amar aquelas que nos fazem mal.

Por isso que o amor cristão não será apenas aquele sentimento que espontaneamente nasce em nos-so interior. Será aquele sentimento que nos comprometemos a nutrir. Sim, amar é uma escolha que faze-mos. Mesmo que as circunstâncias nos levem a odiar. É a vontade que deve vencer o orgulho.

Sejamos sinceros. Existem pes-soas que amam odiar alguém. Car-regam esse sentimento maligno no peito, certos de que é justo e mere-cido. Alguns vão até considerar ser vontade de Deus renegar pessoas

que, aos nossos olhos, são más e não merecem o amor. Não se enganem! A instrução bíblica não abre espaço para exceções. Deve-mos amar até mesmo os inimigos: “Mas digo a vós, que ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam e orai pelos que vos maltratam” (Lc 6.27-28).

Vivemos no tempo em que as pessoas se sentem no direito de odiar. A era da informação e as re-des sociais tornaram públicas coi-sas que antes eram guardadas no íntimo. Não houve outro período na história que ficou tão evidente uma sociedade dividida em partida-rismos. Os de direita contra os de esquerda, liberais contra conserva-dores, democratas contra republi-canos, pobres contra ricos e assim por diante. Todos defendendo suas bandeiras, mas com muito ódio e rancor em seus discursos. Poucas são as palavras “temperadas com sal” (Cl 4.6). Há muito vigor em ofender para defender seu ponto de vista. Muitos se sentem senhores da razão e o diálogo é uma lembrança distante da civilidade.

Nunca foi tão importante decidir amar as pessoas como nesse tem-po de ódios gratuitos. A hipocrisia no meio da Igreja fica cada vez mais evidente sempre que um cristão se nega a amar alguém de quem ele discorda. Como podemos odiar as pessoas que o próprio Deus ama? Quem somos nós para negarmos o amor, se o Senhor de toda verda-

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de e toda justiça não o fez? “Se al-guém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, a quem viu, não pode amar a Deus, a quem não viu” (1Jo 4.20). Voltemos ao óbvio: se somos de Deus não temos o direito de não amar.

A unidade é uma necessidadeA unidade é a forma pela qual

a Igreja existe. Não há um jeito de ser Igreja em que as pessoas não se falam, não concordam em nada e detestam estar juntas num mes-mo lugar. Não vai funcionar. O am-biente da Igreja é um ambiente de interdependência, onde um precisa do outro e todos precisam de Deus.

Para tanto, primeiro é preciso estabelecer aquilo que é comum a todos. E o que temos em comum é O Cabeça, Cristo, que em si concen-tra tudo aquilo que a Igreja é ou faz. “Há alguma motivação por estar em Cristo? Há alguma consolação que vem do amor? Há alguma comu-nhão no Espírito? Há alguma com-paixão e afeição? Então completem minha alegria concordando sincera-mente uns com os outros, amando--se mutuamente e trabalhando jun-tos com a mesma forma de pensar e um só propósito” (Fp 2.1-2). Então, é “Cristo por todos e todos por Cris-to”. Assim deve funcionar!

Sermos individualmente dife-rentes é da natureza da Igreja. O apóstolo Paulo faz uma linda rela-ção entre a Igreja e o corpo: “Por-

que também o corpo não é cons-tituído de um só membro, mas de muitos” (1Co 12.14). Essa foi uma ideia genial de Deus! Como é rica e grandiosa a capacidade de rea-lização de um grupo de pessoas diferentes, com habilidades diferen-tes, trabalhando juntas, em harmo-nia, por uma causa comum. Torna a Igreja não só um corpo, mas um corpo dinâmico, com múltiplas for-mas de testemunhar a fé e sinalizar o Reino de Deus. As partes distintas colaboram entre si, completando-se mutuamente, fazendo coisas dife-rentes, mas fazendo pela mesma razão: a glória de Jesus. Entenda que a sua ação sem o outro que a complete é insuficiente. Você sozi-nho não dará conta de expressar a gloriosa face de Cristo. O exercício da cristandade começa em você, mas tem continuidade no outro.

Quando a unidade de propósito se perde, a Igreja entra em colapso. As partes, que antes funcionavam combinadas, passam a conflitarem umas com as outras. Esse é o efei-to do partidarismo dentro da Igreja. Subgrupos menores, as famosas “panelinhas”, alimentam objetivos particulares no meio da coletivida-de. É como uma fruta podre posta bem no meio do cesto, causando o apodrecimento de todas as outras. Porque essas pessoas começam a agir não mais em benefício do Corpo, mas em benefício do grupo menor. Vaidade e orgulho não dão vida à Igreja de Jesus. Na verdade, a destrói em agonia.

55

O altruísmo é um compromissoAltruísmo é a atitude que visa o

bem-estar do próximo, não tendo em consideração os seus próprios interesses. À primeira vista, se as-semelha muito ao amor. Mas tem diferenças importantes. O amor é mais uma disposição íntima, um sentimento. Enquanto o altruísmo é a ação efetiva que produz o bem a alguém. É um compromisso que te-mos porque, dentro da dinâmica do Corpo de Cristo, não somos apenas servos de Jesus em ação, somos também servos uns dos outros.

Um dos momentos mais subli-mes de Jesus com seus apóstolos foi o episódio registrado por João, no capítulo 13, onde o Senhor e Mestre age como um serviçal: “Se eu, Senhor e Mestre, lavei os vos-sos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros. Pois eu vos dei exemplo, para que façais também o mesmo” (v.14-15). A cena deve ter sido chocante para os apósto-los. Ver o seu Mestre, inclinado no chão, lavando os pés empoeirados daqueles que eram inferiores a Ele. Um escândalo jamais visto. Pedro até tenta reagir àquele absurdo, mas foi prontamente repreendido por Jesus. Este era o Mestre dos mestres, cultivando nos corações dos seus discípulos o desejo de servir aos outros.

Estamos comprometidos com Cristo em servir aos outros? Não há condição ou função dentro da Igreja que deva nos impedir. Antes

de querer ser servido, precisamos ter prazer em servir. Proporcionar o bem ao próximo desinteressada-mente. Uma atitude solidária, cola-borativa, desapegada de ambições particulares, que se realiza na sim-ples constatação de que abençoa-mos a vida de alguém. Essa é a ati-tude dos seguidores de Jesus!

Para pensar e agir:Valorizar o outro passa pela fir-

me decisão de amar as pessoas, independente do que elas fazem. Compreende a necessidade de completude que temos, pois sozi-nhos não temos grande capacidade de realização, dadas as nossas li-mitações. E se compromete a pro-duzir o bem na prática em favor das pessoas, sem visar um ganho pró-prio, apenas pelo prazer de ver algo bom se realizar na vida do outro.

Essas coisas, quando realiza-das, demonstram nossa consciên-cia de que o outro tem valor para nós. Não é apenas um discurso va-zio, mas é algo que acreditamos e nos dedicamos a viver.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Filipenses 2.5-11

Terça: Marcos 12.28-33

Quarta: João 13.1-20

Quinta: 1Coríntios 12.12-27

Sexta: Romanos 12.9-21

Sábado: Efésios 4.1-6

Domingo: Gálatas 6.9-10

56

DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: Mateus 5.13-16

MAIS QUE PALAVRAS

Testemunho é um princípio cristão de singular grandeza, por-que a vida se torna o grande con-vite, muito mais que as palavras. O sentido de “sal da terra” e “luz do mundo” estabelece o cristão como aquele que empenha a sua vida, com um “custo” pessoal, sacrifi-cial, para que Cristo seja visto por todos através das suas atitudes, seus comportamentos.

Conta-se que um ateu, depois de ouvir o testemunho de um ho-mem que por muito tempo havia

sido um beberrão, comentou de forma escarnecedora: “Isso é uma grande bobagem! O que está me dizendo não passa de tolice e pura imaginação de sua mente. O que está acontecendo com você, nada mais é do que uma fuga da realidade. É um sonho”.

De repente, o ateu sentiu um puxão em sua camisa e viu uma criança pequena olhando firme para ele, com os olhos confusos: “Por favor, senhor”, disse a crian-ça, soluçando, “se ele estiver so-

LIÇÃO 12

57

nhando, não o desperte. Ele tem sido um pai muito bom para nós desde que virou crente”.

O ateu ficou tão impactado com o testemunho daquela criança que se afastou sem dizer mais nenhuma palavra.

Sal da terraJesus se referiu aos seus ser-

vos como “sal da terra” (v.13). O sal sempre foi algo precioso e possuía grande valor nos tempos antigos. “Os gregos costumavam dizer que o sal era divino. Os romanos, em uma frase que em latim era algo como uma das rimas comerciais da atualidade, diziam: ‘Nada é mais útil que o sol e o sal’” 1.

1. Na época de Jesus, o sal era relacionado à pureza, em razão da sua brancura. O cristão, en-quanto sal da terra, é aquele cuja vida é pura, sem mácula. Essa é a exigência. Esse deve ser o alvo.

2. O sal também era o mais comum conservante. O sal pro-longava a vida válida do alimento, evitando que apodrecesse. Antiga-mente, quando a maioria das fa-mílias não possuía geladeira, sal e banha de porco eram elementos utilizados para a conservação dos alimentos. Meu avô Leôncio conta que sempre havia peixe salgado e carne de porco curtida na banha em sua casa, porque não havia o recurso da geladeira.

1 - BARCLAY, William. The Gospel of Mattew. Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 1964. A referida obra também foi uma referência pelo seu esboço didático na apresentação dos comentários.

O testemunho cristão conserva os valores de Cristo entre a huma-nidade. Temos de agir para a pre-servação dos ensinos cristãos, pois somente em Cristo a preservação da vida é real e eterna.

3. O sal dá sabor. No início da minha adolescência, tive uma com-plicação nos rins, fruto de uma bac-téria que estava alojada na gargan-ta. Passei por momentos difíceis. Como a minha Igreja na época – Terceira Igreja Batista em Cabo Frio – orou por mim! Minha família e eu somos profundamente agradecidos. Deus, usando médicos e medica-mentos, me curou.

Uma das maiores dificuldades foi ingerir alimentos totalmente sem sal. O médico tentava me consolar, dizendo que o ser humano é o úni-co animal que coloca sal na comida. Não valia de nada. Comer tinha per-dido a graça. Uma mísera pitada de sal faria toda a diferença naquela ocasião. Mas por um lado foi bom: aprendi a colocar pouquíssimo sal nos alimentos, até hoje.

O cristão verdadeiro dá sabor ao mundo. As coisas ficam mais fe-lizes, ganham mais sabor, quando um servo de Deus está presente. Jesus espera isso de nós!

Luz do mundo

Outra expressão utilizada por Jesus foi “vós sois a luz do mundo” (v.14). Nossa responsabilidade é

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enorme, porque o próprio Jesus de-clarou sobre si mesmo: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mun-do” (Jo 9.5).

1. Uma luz, pela sua razão de ser, é vista. Assim como a luz, o cristão deve ser visto. Isso faz parte do testemunho. Não somos cristãos para ficar escondidos, como quem se sente protegido numa redoma. É imperioso ao testemunho sairmos da zona de conforto.

Tal qual uma luz, a vida cristã deve ser vista pelas pessoas que nos rodeiam. Tem coisa estranha se no trabalho ou na escola ninguém sabe que você é crente, não acha? A sua luz está com problemas, pre-cisa melhorar para ser vista.

2. A luz serve de guia. Em mui-tos lugares, as luzes são colocadas de forma estratégica para mostrar o caminho. O testemunho cristão precisa ser uma espécie de farol, apontando o caminho, que é Cristo (Jo 14.6).

As pessoas, ao olharem para um cristão, não devem se perder. Pelo contrário, o cristão tem de ser uma referência segura. Não somos o Cristo (Jo 1.20), mas temos o com-promisso de ser condutores da sua mensagem. Apontamos para Jesus com as nossas vidas (Jo 1.29).

O apóstolo Paulo foi formidável como luz a guiar pessoas a Jesus, ao ponto de dizer: “Sede meus imi-tadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Podemos dizer o mesmo?

3. Uma luz também serve como advertência. Geralmente à noite, nas estradas, os perigos são sinalizados pela luz. São luzes que nos advertem, com a finalidade de fazer com que nos detenhamos.

O cristão, muitas vezes, precisa ser essa luz de advertência, ou seja, precisa exortar as pessoas. É preci-so, com amor, dizer a verdade. Sem Jesus, o ser humano caminha para um precipício espiritual chamado inferno, condenado à morte eterna.

A Igreja não está no mundo para fazer relações públicas, mas para anunciar: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam apagados” (At 3.19). Não pregamos adesão, porque não somos um clube. Pre-gamos conversão!

Assim resplandeça a vossa luzA conclusão de Jesus é primo-

rosa e esclarecedora: “Assim res-plandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus” (v.16).

1. Resplandecer diante de to-dos. A missão está posta. O cristão precisa resplandecer a Cristo diante das pessoas. “Vós mesmos sois a nossa carta, escrita em nosso co-ração, conhecida e lida por todos, manifestos como carta de Cris-to, ministrada por nós, escrita não com tinta, mas pelo Espírito Santo do Deus vivo, não em tábuas de pe-dra, mas em tábuas de corações de carne” (2Co 3.2-3).

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2. Boas obras visíveis. É a ver-dade bíblica em sua integralidade: “Assim também a fé por si mesma é morta, se não tiver obras” (Tg 2.17). As boas ações do cristão devem re-fletir a beleza de Cristo. A bondade nascida de um coração piedoso é sempre atrativa.

Um pastor estava triste porque a sua Igreja estava vazia e desa-nimada. Do outro lado da rua, em frente ao templo, havia um circo cheio e vibrante. O pastor pergun-tou ao apresentador o segredo para tamanho público, lamentando a rea-lidade da sua congregação. Ele res-pondeu: a diferença, pastor, é que eu falo mentiras como se fossem verdades, e o senhor fala verdades como se fossem mentiras.

Nossas boas obras, de tão ver-dadeiras e belas, devem ser vistas. Jesus quer isso de nós, como sal e luz. Precisamos demonstrar a ale-gria de ser de Jesus. Isso precisa transbordar em nós.

3. A glória é de Deus. Nem mesmo as boas ações que pratica-mos devem ser para nossa própria promoção. Jamais! Jesus foi bem claro: “glorifiquem vosso Pai” (v.16). O que fazemos é para ser visto pe-las pessoas, com a finalidade de verem Cristo em nós e glorificarem a Deus.

Pastores que alardeiam seus ministérios, líderes que ostentam seus feitos, membros de Igreja que se gabam dos seus desempenhos e atuações, devem ser refutados. Toda glória é exclusiva de Deus:

“Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente! Amém” (Rm 11.36).

Para pensar e agir:É atribuída a Francisco de Assis

a afirmação: “Pregue o Evangelho o tempo todo. Se necessário, use palavras”. Há um aspecto negativo nela, se for mal interpretada, porque também devemos pregar com pala-vras, falando de Cristo aos outros. A frase, portanto, não deve ser uma fuga para não abrirmos nossas bo-cas para anunciar a mensagem de salvação, muito pelo contrário!

Mas, sendo corretamente inter-pretada, a afirmação traz o lindo ideal de que a vida deve falar mais alto que as palavras. Ou seja, deve-mos viver o que pregamos, porque o testemunho é um elemento extre-mamente útil à evangelização.

Já parou para pensar que você pode ser a única Bíblia que alguém esteja lendo? Há pessoas que não leem a Bíblia (livro), mas veem a Bíblia pelo nosso testemunho, “por-que para Deus somos o bom aroma de Cristo” (2Co 2.15).

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Mateus 5.13-16

Terça: 1Coríntios 11.1-2

Quarta: Filipenses 1.27-30

Quinta: Atos 5.30-32

Sexta: Mateus 28.18-20

Sábado: Provérbios 11.30

Domingo: Atos 1.8

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DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: 1Timóteo 4.7-8

O EXERCÍCIO DA ESPIRITUALIDADE

Pense em um grande jogador de futebol, o melhor que você pu-der imaginar. Esse atleta não se tornou esse grande jogador por acaso. Conquistou isso ao custo de muito treino e dedicação, ab-dicando de coisas que prejudica-riam seu rendimento. Trabalhou in-tensamente com uma meta muito clara: a excelência na prática es-portiva. Eu, particularmente, ado-ro futebol. Torço por um time, co-nheço as regras do jogo e, de vez

em quando, jogo com os amigos. Mas tudo isso não me torna apto a substituir um jogador profissional num time profissional (seria vergo-nhoso, na verdade), já que eu não tenho o preparo necessário.

Às vezes vivemos desse jeito nossa espiritualidade. Amamos a Jesus, conhecemos sua vida e ministério e, de vez em quando, fazemos algumas coisas que Ele fez. Mas isso nunca será suficien-te para sermos como Ele (e aca-

LIÇÃO 13

61

ba sendo igualmente vergonhoso). Para chegarmos a essa condição, precisamos reproduzir o mesmo tipo de preparação que Ele se sub-meteu. Jesus não conquistou essa condição gratuitamente, mas ao custo de muito sacrifício. Sim, Ele trabalhou muito para ser como foi. Precisou abdicar de coisas para si e se submeter a uma rigorosa disci-plina espiritual para alcançar a mais sublime relação com Deus.

John Wesley, certa vez, disse que havia um ditado comum na Igre-ja primitiva: “A alma e o corpo for-mam um homem; o espírito e a dis-ciplina formam um cristão”. O ideal da vida cristã é ser como Jesus. É necessário que passemos pelo mesmo processo que Ele passou.

Disciplina para evoluirSer disciplinado é basicamen-

te ser obediente a um conjunto de regras ou parâmetros. Seguir em ritmo contínuo as diretrizes de um projeto ou ideal. Para desenvolver espiritualidade com o mesmo rigor que um atleta quando se prepara para uma competição, precisamos aprender com ele. O alto desem-penho passa pelo conhecimento e domínio do próprio corpo, pelo de-senvolvimento muscular para lhe dar potência e pelo aprimoramento técnico, para lhe dar precisão. Cada um desses aspectos tem os seus parâmetros e rotina de trabalho. Seguindo-os disciplinadamente, al-cançaremos a excelência.

Subjugar do corpoVocê precisa se conhecer. Sa-

ber de seus talentos, fraquezas e limites. Uma vez conhecidas essas características, trabalhamos para moldá-las conforme a meta princi-pal. Em nosso caso, a meta é ser como Jesus.

O corpo é elemento central de nossa preocupação. Ele pode ser instrumento de sucesso ou de que-da, dependendo da forma como o usamos. E essa não é uma ideia nova. Paulo foi muito enfático ao fa-lar da sua relação com seu corpo: “aplico socos no meu corpo e o tor-no meu escravo, para que, depois de pregar aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado” (1Co 9.27). O corpo tem seus próprios desejos e inclinações, precisa ser subjuga-do à vontade espiritual de servir para a glória de Jesus. Do contrário, ele seguirá apenas seus instintos para sua própria satisfação. “Por-tanto, não reine o pecado em vosso corpo mortal, a fim de obedecerdes aos seus desejos. Tampouco apre-senteis os membros do vosso cor-po ao pecado como instrumentos do mal; mas apresentai-vos a Deus como vivificados dentre os mortos, e apresentai os membros do vosso corpo a Deus como instrumentos de justiça” (Rm 6.12-13).

Esse é um processo pelo qual Jesus também passou. Quando dizemos que Ele subjugou seu corpo, precisamos entender que “Jesus era humano, não só divino.

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Ele precisou de disciplina não por-que fosse pecador e necessitante de redenção, como nós, mas por-que tinha um corpo como o nos-so”1. O corpo tem de ser posto a serviço da espiritualidade, para não ser pedra de tropeço. Se bem disci-plinado, será instrumento de justiça.

Desenvolver a musculaturaA musculatura é a origem da

potência na atividade física. Ao de-senvolvê-la, ganha-se em desem-penho, resistência e poder de ação. Um atleta pode conhecer-se bem e dominar com perfeição a técnica, mas sem a força muscular a ativi-dade é débil.

A espiritualidade saudável exige um espírito forte. De onde vem o poder espiritual na vida do crente?

1. Da sensibilidade à voz do Espírito – “Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer so-bre vós” (At 1.8) – Quanto mais con-seguirmos ouvir a voz do Espírito e nos permitirmos ser guiados por Ele, mais poderosa será a sua ação em nossas vidas. Teremos mais capacidade de entender as Escri-turas, estaremos frequentemente no centro da vontade de Deus e de-senvolveremos mais o Fruto do Es-pírito (alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão e domínio próprio – Gl 5.22).

2. Da fé – “Eu asseguro que, se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão 1 - WILLARD, Dallas. O Espírito das Disciplinas. Rio de Janeiro: Danprewan, 2003.

dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá, e ele irá. Nada será impossível para vocês” (Mt 17.20) – A fé traz o sobrenatural à vida, sustenta em momentos de grandes dificuldades e fortifica a esperança. Dá solidez à espiritualidade do crente, à medida que ela se renova.

3. Do Evangelho – “Porque não me envergonho do evange-lho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16) – O Evangelho é o marco da esperança dos homens. O con-teúdo do coração e boa nova nos lábios do crente. Sua mensagem revigora a vida e liberta os cativos do poder mortal do pecado.

4. Da humildade – “A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2Co 12.9) – Estar enfraquecido é estar pronto para o agir de Deus, nos restaurando e reerguendo. O humilde admite suas falhas e re-conhece que depende da graça de Jesus para viver. Quanto mais nos ausentamos do protagonismo das nossas vidas, mais Jesus toma esse lugar e desempenha seu se-nhorio sobre nós.

Aprimorar a técnicaÉ o conhecimento específico de

uma atividade. Usando o exemplo de um jogador de futebol, a técnica relaciona-se à precisão nos passes, chutes e desarmes, ocupação de espaços no campo, tática, etc.

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Na espiritualidade, a técnica tem a ver com a prática da vida cristã. Estar familiarizado com os instru-mentos de trabalho, com os proce-dimentos habituais, os objetivos tra-çados e os valores defendidos.

A nossa principal ferramenta de trabalho é a Bíblia. Precisamos co-nhecê-la com distinção. Ela é o livro mais vendido da história, mas talvez seja o menos entendido. Não é ad-missível para um cristão desconhe-cer seu único guia de fé e prática. Você deve conhecer suas divisões, temas e escritores, saber aplicar os versículos adequadamente nas ocasiões corretas e ser capaz de correlacionar o Antigo Testamen-to com o Novo Testamento. A falta de intimidade com as Escrituras tem produzido interpretações intei-ramente equivocadas, causando confusão e produzindo cristãos mal formados espiritualmente.

Discipular pessoas e conduzi--las pelo caminho da fé é uma ha-bilidade que necessita de cultivo. A improdutividade é um dos piores males que podem acometer ao cris-tão. Não apenas porque devemos cumprir o comissionamento de Je-sus (Mt 28.19-20), mas porque de-pendemos disso. Nossa espiritua-lidade se fortalece na medida em que nos dedicamos a encaminhar outros pela fé. O ensino é um exer-cício eficaz para aprimorar nossa prática cristã.

Em algumas igrejas, a prática da visitação é privilégio de poucos. Em geral, é um trabalho concedido a um departamento ou ministério especí-

fico. O cristianismo é uma religião de contato pessoal. Jesus caminha-va pelas ruas das cidades e aldeias procurando por pessoas para se re-lacionar com elas. Nesse exercício, se deparava com as mais variadas carências afetivas e espirituais. En-contrava pessoas marginalizadas e desprezadas e com elas se sentava para conversar acerca da vida, da fé e da verdade. Encontro, conver-sa, compartilhamento, comunhão – uma sequência de acontecimentos que tornam o cristão mais ciente do que ele é. Ele é a mão de Deus pre-sente na vida dos oprimidos, dos solitários, dos sofridos e abatidos.

Para pensar e agir:A excelência na vida cristã está

à nossa espera. Temos o conteúdo e o caminho para nos aperfeiçoar-mos. É tudo uma questão de força de vontade e disciplina.

Os atletas trabalham com muito empenho e sacrifício para conquis-tas terrenas. Coisas que perecem com o tempo, glórias que duram até o próximo vencedor. Qual deve ser, então, a intensidade de nossa entrega, já que nossa conquista é espiritual e eterna?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Coríntios 9.25-27

Terça: Romanos 6.1-14

Quarta: Gálatas 5.22-23

Quinta: Mateus 28.19-20

Sexta: Mateus 4.23-25

Sábado: Mateus 17.14-20

Domingo: 2Coríntios 12.9

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Revista da Convenção Batista Fluminense

Ano 14 - n° 55 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2017

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Currículo 2018

Primeiro TrimestreMULTIPLICANDO DISCÍPULOS“Obediência ao Ide de Cristo” Pr. Jozadaque Gomes Nunes

Segundo TrimestreRESGATANDO OS VERDADEIROS VALORES DA FAMÍLIAPr. Nataniel Sabino

Terceiro TrimestreVIVENDO PARA A GLÓRIA DE DEUSFundamentado na Epístola de Paulo aos ColossensesPr. Evaldo Rocha

Quarto TrimestreFruto do Espírito - A Verdadeira Liberdade!Pr. Roberlan Julião

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