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A VANTAGEM DA GESTÃO BASEADA NA ÉTICA E NA RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA OS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS BRASILEIROS. Raquel Aparecida Vasques Folco [email protected] (LATEC/UFF) Resumo: Propõe-se discutir no presente artigo científico uma estrutura organizacional básica para o micro e pequeno empreendedor que obtiver interesse em obter vantagem competitiva através da utilização da ética e responsabilidade social em seus negócios. A Ética e Responsabilidade Social são hoje dentro das organizações como estratégias, e as que praticam estas gestões estão tendo um diferencial a mais em sua imagem perante os consumidores, clientes e fornecedores. Por meio de um levantamento bibliográfico descrevem-se os conceitos de responsabilidade social com base em autores renomados. Sugere-se um roteiro para verificação dos indicadores a serem construídos para a introdução dessas práticas nas micro e pequenas empresas, tendo como principal referência o Instituto Ethos. Neste estudo foi possível concluir que é grande a vantagem competitiva no mercado para o micro e pequeno empreendedor que utiliza a responsabilidade social e pratica a ética empresarial em seu negócio. Portanto, o objetivo será apresentar como as organizações socialmente responsáveis e eticamente corretas estão definindo suas estratégias para o bem social. Palavras-chaves: responsabilidade social, ética, micro e pequena empresa. ISSN 1984-9354

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A VANTAGEM DA GESTÃO BASEADA NA ÉTICA E NA

RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA OS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS BRASILEIROS.

Raquel Aparecida Vasques Folco

[email protected]

(LATEC/UFF)

Resumo: Propõe-se discutir no presente artigo científico uma estrutura organizacional básica para o micro e

pequeno empreendedor que obtiver interesse em obter vantagem competitiva através da utilização da ética e

responsabilidade social em seus negócios. A Ética e Responsabilidade Social são hoje dentro das organizações como

estratégias, e as que praticam estas gestões estão tendo um diferencial a mais em sua imagem perante os

consumidores, clientes e fornecedores. Por meio de um levantamento bibliográfico descrevem-se os conceitos de

responsabilidade social com base em autores renomados. Sugere-se um roteiro para verificação dos indicadores a

serem construídos para a introdução dessas práticas nas micro e pequenas empresas, tendo como principal referência

o Instituto Ethos. Neste estudo foi possível concluir que é grande a vantagem competitiva no mercado para o micro e

pequeno empreendedor que utiliza a responsabilidade social e pratica a ética empresarial em seu negócio. Portanto, o

objetivo será apresentar como as organizações socialmente responsáveis e eticamente corretas estão definindo suas

estratégias para o bem social.

Palavras-chaves: responsabilidade social, ética, micro e pequena empresa.

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1- INTRODUÇÃO

Na atualidade mais que a metade dos micro e pequenos empresários do Brasil, utilizam a

responsabilidade social e a ética como um instrumento que facilita a divulgação de uma boa imagem

do seu negócio para a sociedade. No intuito de alcançar uma vantagem competitiva no mercado a

tendência da utilização desta ferramenta torna real e ideal tanto para os empreendedores como para a

sociedade, pois isto contribui profundamente para um desenvolvimento social.

Num mercado totalmente globalizado onde os aspectos tecnológicos e os preços, já não

representam um diferencial de mercado tão significativo para as organizações, ocasionando uma

tendência dos consumidores em exigirem das empresas um comportamento ético e responsável

socialmente, pois a competitividade vem na mesma velocidade que vêm as informações, o que

representa um desafio constante para o micro empreendedor que pretende obter e inserir este

comportamento nas atividades de seu negócio.

A responsabilidade social está sendo tratada como uma questão ética das organizações, ou seja,

passou a ser considerada como fator importante a ser perseguido pelas empresas modernas. Todas as

organizações que assumiram praticar a ética e a responsabilidade social estão jurando seu

compromisso inadiável com a comunidade; o consumidor está deixando de ser desrespeitado; e muitas

dessas empresas, agora, estão sendo consideradas como as melhores para se trabalhar.

Conceituando a ética e a responsabilidade social empresarial o micro empreendedor pode

claramente expressar a ideia de como adaptar seu negócio, fazendo mudanças necessárias com a

finalidade de iniciar ou introduzir comportamentos éticos e responsáveis socialmente, adquirindo

vantagem competitiva no mercado, sem custos adicionais.

A mídia, com frequência, tem enfocado a importância da ética empresarial e da

responsabilidade social como fatores competitivos para as empresas. No universo corporativo, as

organizações têm se preocupado muito em resgatar seus valores éticos para desenvolver ações voltadas

para as questões sociais. As tentativas de criar códigos de conduta ética; treinamento para

funcionários; linhas para denúncias e sugestões que sejam de forma direta são algumas das iniciativas

das empresas para garantir padrões éticos no relacionamento com seus públicos.

A obtenção da ética e da responsabilidade social pelos micro e pequenos empresários são

pontos de extrema importância para toda a sociedade, pois ao identificar fatores que geram vantagem

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competitiva no mercado, utilizando temas que são tratados pelo Instituto Ethos, pode-se correlacionar

e propor uma melhoria nessa relação.

1.1- CONCEITOS DE ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA MICRO E PEQUENA

EMPRESA.

Segundo Idalberto Chiavenato autor de diversos livros na área da administração

“responsabilidade social é o grau de obrigações de uma organização em assumir ações que protejam e

melhorem o bem estar da sociedade na medida em que ela procura atingir seus próprios interesses”

(CHIAVENATO, 2004, p.112). Com este propósito o micro empreendedor pode estabelecer o quanto

poderá contribuir sendo responsável socialmente e ao mesmo tempo eficiente e eficaz em suas

atividades.

Chiavenato conceitua a ética tanto para a pessoa quanto para a organização como:

Código moral de uma pessoa ou organização que estabelece os padrões de conduta considerados corretos ou

adequados pela sociedade. O propósito da ética é estabelecer princípios de comportamento capazes de ajudar as

pessoas a fazer escolhas entre cursos alternativos de ação. O comportamento ético é aquele que é aceito como bom

e certo, em oposição ao mau e errado. Albert Schwetzer, o famoso médico humanitarista, definia ética como “a

nossa preocupação com o bom comportamento. É sentir obrigação de considerar não apenas o nosso bem-estar,

mas, aquilo que você não deseja que lhe façam (CHIAVENATO, 2004, p.179).

No entanto ressaltando que a ética de certa forma está ligada a moral, não representam

sinônimos, pois são conceitos que se assemelham por envolver a normatização e a teoria do

comportamento das pessoas, como é conceituado por Elizete Passos, autora do livro Ética nas

organizações:

Poder-se-ia dizer que a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza sobre as condutas,

estudando as concepções que dão suporte à moral. São, pois, dois caminhos diferentes que resultam em status

também diferentes; o primeiro, objeto, e o segundo, de ciência. Donde deduzimos que é a Ética é a ciência da

moral (PASSOS, 2004, p.23).

Desse modo entende-se que o conceito de moral estabelece regras que são assumidas pela

organização, como uma forma de garantir sua sobrevivência no mercado. A moral independe das

fronteiras geográficas e garante uma identidade entre organizações que sequer se relacionam, mas

utilizam este mesmo referencial moral comum, que ao realizarem atitudes morais, considerando que a

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organização pratica a ética em seus valores e na sua cultura, o que em maioria das vezes influencia

diretamente no clima organizacional.

Com a conscientização dos consumidores, as micro e pequenas empresas tendem a serem “mais

transparentes e responsáveis em relação ao meio ambiente e à sociedade, nesse contexto, encontra-se a

discussão sobre ética e justiça no interior das organizações e no mercado de trabalho” (ROESCH,

2005, p.89). Com isto, micro empresários utilizam a responsabilidade social empresarial e a ética como

uma estratégia de marketing, no intuito de divulgar e propagar uma boa imagem para a população que

se encontra em volta da micro e da pequena empresa. Atualmente esta prática tem alcançado resultados

satisfatórios, aumentando e ao mesmo tempo colaborando com o desenvolvimento de toda a sociedade.

Demonstrando desta forma, o que acontece na prática com os consumidores que se encontram

atualmente mais atentos à participação das organizações nas causas sociais, resultando num maior

número de adeptos a um determinado produto que tenha sua marca associada a projetos deste cunho.

Agregando força positiva e valorizando a marca, o que não pode ser avaliado como um instrumento

visionário de lucro para a micro e pequena empresa.

A responsabilidade social empresarial é defendida pelo Instituto Ethos como a maneira pela

qual a empresa realiza a gestão de seu negócio com um nível socialmente responsável relacionado

diretamente com a ética e a transparência, o que pode refletir nas decisões cotidianas ocasionando

impactos na sociedade, no meio ambiente e no futuro dos próprios negócios. Simplificando, podemos

dizer que a ética nos negócios ocorre quando as decisões de interesse de determinada organização

empresarial respeitam o direito, os valores e os interesses de todos aqueles envolvidos e dos

colaboradores de um modo geral.

2- ADAPTAÇÕES E MUDANÇAS EM PROL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA

NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.

O mundo passa por transformações em praticamente todas as atividades humanas, o que inclui

o universo empresarial. Sistemas de produção foram modernizados, novos mercados surgiram, as

informações se multiplicaram e o consumidor ficou mais exigente. A globalização derrubou fronteiras.

Mas se, por um lado, os mercados se ampliaram, por outro, a competição cresceu.

Os micro e pequenos empresários ao se depararem com um ambiente novo, ou em constante

mudança, devem estar preparados para a quebra de antigos paradigmas dentro e fora do ambiente

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organizacional, sempre estabelecendo um plano “B”, para uma tomada de decisão que envolva

estratégia a curtíssimos prazos, como ocorre nos dias atuais, em todas as organizações empresariais.

Captar recursos ou insumos do ambiente, para uma fabricação de produtos ou prestação de

serviços, de modo a não degradá-lo, assim como promover a integração das pessoas que se encontram

dentro e em volta da organização, incluindo-as socialmente, são pontos que podem se tornar num

grande diferencial de mercado para as micro e pequenas empresas.

De acordo com a ideologia proposta por C. K. Prahalad (Exame, 2000), professor de estratégia

corporativa na Michigan Business School, cada vez mais as organizações devem reconhecer mudanças

como oportunidades, aprendendo a ser inovador, considerado este o verdadeiro desafio da alta

administração que gerenciam as micro e pequenas empresas no novo milênio.

Seguindo o pensamento de Prahalad as mudanças podem transformar uma competência

essencial para uma rigidez essencial. Ao mesmo tempo, em que novas competências essenciais

precisam ser adquiridas para se aproveitarem as novas oportunidades que vão surgindo. Com isto, os

administradores precisam simultaneamente esquecer-se de modo seletivo e aprender com

agressividade.

Demonstrando que o aprendizado é um ponto primordial, experimental e coletivo, no qual a

organização vem a desempenhar um papel importante na sociedade. Prahalad afirma também que o

futuro pertence aos que têm imaginação, e aos que tiverem coragem de superar as descontinuidades e

ousarem remodelar suas empresas para fazer face aos desafios da “nova economia”.

Ainda de acordo com Prahalad (2000) ser mais responsável socialmente é na atualidade uma

maneira utilizada pelas micro e pequenas empresas como um diferencial competitivo no mercado.

Com o decorrer do tempo, a sociedade classifica como ultrapassada algumas das formas que antes as

empresas utilizavam para se tornarem competitivas. Num primeiro momento o mercado foi inundado

por uma série de produtos e serviços de péssima qualidade, deixando o cliente com pouca opção de

escolha, nesta época o que importava era a produção em larga escala para atender uma grande

demanda existente. O período posterior foi marcado por uma conscientização do mercado, não só em

relação aos preços, mas também a qualidade dos produtos e serviços ofertados. Hoje num mercado

onde a satisfação do cliente e de todos envolvidos no negócio é ponto fundamental para o sucesso da

micro empresa no mercado, levando esta situação em consideração, podemos claramente expressar a

ideia que o micro empresário colabora diretamente para o desenvolvimento da sociedade.

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A capacidade de comunidades e regiões se organizarem, definirem vocações e mobilizarem

forças em torno de um objetivo comum é o novo fator da competitividade. O esforço conjunto de

empresas (fornecedores e concorrentes), sindicatos, universidades, poder público e centros de

formação de mão-de-obra, tornando o grupo mais sólido, eficaz e habilitado para conquistar mercados

e gerar riqueza à comunidade ou região. Melhorando o comportamento da micro e pequena empresa,

ocorrerá em paralelo a melhora do próprio negócio e a qualidade de vida da comunidade.

3- ADQUIRINDO VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS ÉTICAS E SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS.

O presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos afirma que “a responsabilidade social

já é um diferencial de mercado das empresas, não só dos EUA, como nos chamados países

desenvolvidos, teoricamente mais exigentes” (CHIAVENATO, 2004, p.512). Reforçando a tese de que

a utilização da responsabilidade social e ética nos negócios das micro e pequenas empresas como

vantagem competitiva no mercado globalizado.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou no Boletim da Pesquisa Ação

Social das Empresas / Brasil em julho 2006, os resultados finais que pela segunda vez, em todo o

Brasil, apontam um crescimento significativo, entre 2000 e 2004, na proporção de empresas privadas

brasileiras que realizaram ações sociais em benefício das comunidades. Neste período, a participação

empresarial na área social aumentou de 59% para 69%. São aproximadamente 600 mil empresas que

atuam voluntariamente. Em 2004, houve um investimento de R$ 4,7 bilhões, o que correspondia a

0,27% do PIB brasileiro naquele ano.

O montante deste investimento social privado, porém, é pouco influenciado pela política de

benefícios tributários, uma vez que apenas 2% das empresas que atuaram no social fizeram uso de

incentivos fiscais. Dentre os motivos da não utilização desses benefícios, cerca de 40% dos

empresários alegaram que o valor do incentivo era muito pequeno e que, portanto, não compensava

seu uso. Para 16%, as isenções permitidas não se aplicavam às atividades desenvolvidas, e outros 15%

nem mesmo sabiam da existência de tais benefícios.

A comparação entre as informações das duas edições da pesquisa mostra que houve um

crescimento generalizado na participação social das empresas, porém onde ocorreu o maior

crescimento no Brasil, foi na região Sul, passando de 46% em 2000, para 67% em 2004.

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Quanto às áreas de atuação, merece destaque o crescimento das ações voltadas para a

alimentação, que se torna área prioritária de atendimento, com 52%, ultrapassando as iniciativas

voltadas para a assistência social com 41 %. Já em relação ao nicho de mercado, o atendimento à

criança continuou a ser o foco principal das organizações empresariais: em torno de 62%.

A novidade dessa segunda edição da pesquisa realizada pelo IPEA, foi a investigação sobre o

que dificulta ou impede o desenvolvimento de ações sociais comunitárias: para 62% das empresas

brasileiras, a principal razão é a falta de dinheiro. Já uma pequena parcela das empresas não atua

porque nunca pensou nessa possibilidade, cerca de 5%, ou acredita que este não seja seu papel, com a

mesma porcentagem, o que aponta para um potencial de crescimento dessa participação social. A

pesquisa teve também a finalidade de descobrir a percepção dos empresários sobre sua atuação

voluntária para as comunidades. A grande maioria (78%) acredita que é obrigação do Estado cuidar do

social e que a necessidade de atuar para as comunidades é maior hoje do que há alguns anos (65%).

Os consumidores, que se tornam cada vez mais exigentes, possuem premissas nas suas relações

ao procurarem no mercado um serviço ou produto qualquer. Suas escolhas são embasadas de forma

ética e transparente, sempre na busca de seu bem estar, procurando manter um comprometimento

responsável socialmente com o ambiente. Daí a pequena organização que consegue focalizar suas

ações neste ponto, ganha vantagem no mercado, ou seja, quem aposta em ética e responsabilidade

social vem conquistando mais cliente além do respeito da sociedade. Muitas das micro e pequenas

empresas já possuem esta visão de “empresa cidadã”, o que contribui para a melhoria e o

desenvolvimento da comunidade na qual está presente.

As organizações (micro e pequenas) possuem práticas éticas e de responsabilidade social

quando trabalham de forma simples, consciente e clara; quando elas cumprem de fato o que está

estabelecido em sua missão, o que envolve:

Quem é a empresa realmente?

O que ela faz?

Como a empresa faz?

Por que a empresa faz?

Para quem ela faz e com que responsabilidade ela faz?

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Neste sentido as organizações obtêm um melhor ambiente de trabalho ao investir em qualidade

de vida do trabalho de seus funcionários, atingindo também uma melhor imagem junto à comunidade

local quando respeitam as tradições existentes e são mais consistentes nas relações com seus

fornecedores e clientes.

As organizações terão de aprender a equacionar a necessidade de obter lucros, obedecer às leis, ter um

comportamento ético e envolver-se em alguma forma de filantropia para com as comunidades em que se inserem.

Além disso, mudanças, como nas formas que são concebidos e comercializados os produtos e serviços, trazem

consigo novas questões éticas com que as organizações têm de aprender a lidar – principalmente porque, cada vez

mais, as novas tecnologias de informação e oportunidades comerciais e empresariais abertas pela globalização

tendem a levar todas as organizações a abraçar padrões globais de operação (ASHLEY, 2005, p.6).

Este modelo, de gestão social globalizada, surgiu juntamente com o movimento da ética

empresarial nos EUA no intuito de reduzir conflitos existentes entre os valores morais da sociedade e a

prática adotada por empresas que buscavam atingir resultados financeiro-econômicos altamente

“satisfatórios”.

Os micros e pequenos empresários que adotam uma posição ética e responsável socialmente,

são formadores de profundas mudanças culturais e responsáveis por possíveis transições dos valores

éticos que influenciam todos os colaboradores da empresa, incentivando uma sociedade mais justa e

solidária, e defendendo a promoção social e a proteção ambiental.

No Brasil, o movimento da responsabilidade social empresarial ganha força a partir do início da

década de 90, porém com mais intensidade devido à necessidade e a conscientização do mercado, que

se torna muito mais exigente e ético dando ênfase a transparência nos negócios. Consequentemente, o

movimento gerou novas oportunidades para a ampliação dos negócios que desenvolvem produtos e

serviços ambientalmente sustentáveis, com a finalidade de substituir ou cobrir a ausência do Estado em

determinadas ocasiões em que a sociedade necessita de apoio ou se encontra numa situação de

carência.

Dentro da economia global, há ainda a questão da cultura propriamente dita. As grandes corporações

internacionais, bem como qualquer organização que almeje expandir seus mercados em escala global, precisam

estar cada vez mais atentas à diversidade cultural reinante entre os povos. Se parece verdadeira a afirmativa de que

a comunicação intercultural entre povos diferentes tende a homogeneizar todas as culturas (presumivelmente em

favor da cultura dominante, ou do país mais rico, como se costuma afirmar), também podemos perceber o

movimento inverso: contatos entre culturas com diferentes percepções e padrões sobre direitos humanos, por

exemplo, vêm aumentando as expectativas das populações dos diversos países, que passam a exigir das empresas

um comportamento socialmente responsável e que respeite as noções internacionais de direitos humanos, liberdade

e participação democrática (ASHLEY, 2005, p.6).

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Atualmente, a população está muito mais exigente quando o assunto é a respeito de ética e

responsabilidade social por parte das atitudes e comportamentos das empresas.

Nesse sentido, podemos dizer que um dos efeitos da economia global é a adoção, por um todo o mundo, de

padrões éticos e morais mais rigorosos, seja pela necessidade das próprias organizações de manter sua boa imagem

perante o público, seja pelas demandas diretas do público para que todas as organizações atuem de acordo com tais

padrões. Valores éticos e morais sempre influenciaram as atitudes das empresas, mas estão se tornando, cada vez

mais, homogêneos e rigorosos (ASHLEY, 2005, p.6-7).

Nesta mesma toada o Presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração (Anpad), o professor titular da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Dr.

Carlos Osmar Bertero (2005) considera que: “a ética é uma necessidade não só para os objetivos

estratégicos da organização, mas também como norteador das ações individuais e grupais”. Ou seja, a

definição da ética organizacional é constituída a partir de padrões sociais e legais anteriormente

estabelecidos, levando em conta as posições éticas das pessoas que formam a organização. Dando uma

imagem para a organização, favorável e sustentada a uma posição no mercado junto à comunidade,

vista como fator primordial e absoluto para a criação de um diferencial competitivo.

Segundo Fábio Bittencourt (2005), doutorando da FGV na administração, a ética é formada por

uma acumulação de nossas próprias reflexões, do que significa ser Administrador e “como essa

profissão deve ser constituída em termos dos princípios que deverão dirigir as ações e suas

consequências, pois a ética, no fundo, é uma reflexão sobre a nossa prática, a nossa vida”. Deste modo,

ao utilizar a responsabilidade social e a ética como vantagem competitiva no mercado,

consequentemente passam a privilegiar toda a sociedade, resultando num grande avanço para o início

do desenvolvimento social.

4- COMO A MICRO E PEQUENA EMPRESA PODE SER ÉTICA E SOCIALMENTE

RESPONSÁVEL.

O Instituto Ethos trata da responsabilidade social e da ética empresarial, dividindo-a em sete

temas, para facilitar que uma micro e pequena empresa possa adotar esta ferramenta como vantagem

competitiva no mercado, os quais serão esmiuçados em respectiva ordem:

Valores e Transparência;

Público Interno;

Meio Ambiente;

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Fornecedores;

Consumidores e Clientes;

Comunidade;

Governo e Sociedade.

4.1.Valores e Transparência.

Ao adotar valores e trabalhar com transparência, a empresa demonstra os resultados de valores

e princípios em condutas e decisões cotidianas. Ser socialmente responsável é atender às

expectativas sociais, com transparência, mantendo a coerência entre o discurso e a prática. Este

compromisso serve de instrumento para a existência de um bom relacionamento da empresa com

os públicos com os quais se relacionam, com esta finalidade o micro e pequeno empresário deve

preocupar se com:

4.1.1.Visão e Missão.

Ao criar uma missão de uma empresa socialmente responsável vai além do propósito de

“lucrar” ou “ser a melhor”, como imposto em costumes adotados por nossa cultura.

Embora simples, a missão de uma empresa identifica suas metas e aspirações. Deve

expressar também seus valores e sua cultura e as estratégias a serem utilizadas. Ao definir a

missão de uma empresa, portanto, procure agregar valor a todos os envolvidos no ambiente

empresarial: proprietários, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e o próprio

meio ambiente.

Cabe a cada empresa definir a própria missão, procurando envolver funcionários e

colaboradores em sua definição.

4.1.2.Ética e Transparência.

Identificar e declarar valores éticos com clareza de uma organização, determinando a

maneira pela qual o negócio é administrado.

Um código de ética decorrente de Declaração de Valores e Princípios Éticos pode

ajudar a desenvolver relações sólidas com fornecedores, clientes e outros parceiros,

esclarecendo sempre o que a micro e pequena empresa acredita como missão e visão, a

maneira como trabalha, no que trabalha, para que trabalha e com que responsabilidade

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trabalha, sempre preocupado em negociar conflitos de interesses e reduzir o número de

processos legais, assegurando o cumprimento das leis.

Entre os princípios geralmente mencionados num Código de Ética estão: honestidade,

justiça, compromisso, respeito ao próximo, integridade, lealdade, solidariedade. Todos

esses princípios podem ser indicados na declaração de valores éticos da organização

empresarial.

Transparência então significa uma maneira de agir com ética, sem omitir e/ou prejudicar

todos os envolvidos com o negócio da organização, podendo acarretar danos futuros, para si

própria e para o ambiente.

4.1.3.Clima Organizacional.

O Professor e autor do livro Gestão do Clima Organizacional conceitua clima

organizacional como “o reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos

funcionários de uma empresa, num dado momento” (LUZ, 2003. P. 12).

Com esta idéia o administrador micro empreendedor deve criar um ambiente de trabalho

nas quais as questões possam ser discutidas livremente, com incentivos a inovações, o

micro e pequeno empresário deve manter um clima organizacional que satisfaça seus

funcionários possuindo disponibilidade para esclarecimentos e para diferentes opiniões,

comunicando com clareza as decisões, esclarecendo para os funcionários que a

responsabilidade não é só pela execução de suas atribuições, mas igualmente pela prática

dos princípios adotados pela empresa.

4.1.4.Direitos Humanos.

Identificar nos Direitos Humanos aspectos de grande importância para a área

empresarial como: trabalho infantil, trabalho forçado, liberdade de associação, preconceitos

discriminatórios, saúde e segurança.

No intuito de mobilizar a comunidade empresarial internacional na promoção de valores

fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambientes e éticas,

foram lançados em 1999 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Pacto Global.

Este programa defende dez princípios universais, derivados da Declaração Universal de

Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre os

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Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, e da Convenção das Nações Unidas

Contra a Corrupção.

Os Princípios de Direitos Humanos são:

Respeitar e proteger os direitos humanos.

Impedir violações de direitos humanos.

Princípios de Direitos do Trabalho:

Apoiar a liberdade de associação no trabalho.

Abolir o trabalho forçado.

Abolir o trabalho infantil.

Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho

Já os Princípios de Proteção Ambiental são:

Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais.

Promover a responsabilidade ambiental.

Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente.

4.2.Público Interno.

Valorizando os empregados a micro e pequena organização empresarial segue um caminho

socialmente responsável, que agrega valor ao público interno, assim chamado, pois para

comunidade o funcionário é relacionado como parte da empresa e este é o melhor modo de

divulgar se a organização tem uma boa política e um relacionamento satisfatório para ambos.

Idalberto Chiavenato (2004) defende uma idéia semelhante a ser adotada pela área de recursos

humanos, que pode ser também adotada e adaptada como estratégia por toda e qualquer micro e

pequena organização empresarial, segundo ele “todas as atividades da empresa devem ser abertas,

transparentes, confiáveis e éticas. As pessoas não devem ser discriminadas, os seus direitos básicos

devem ser garantidos”. Então os princípios éticos devem ser aplicados em todas as atividades, onde

independe o ramo, estes princípios devem seguir padrões éticos e de responsabilidade com a

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sociedade. Pois para ele “a responsabilidade social não é uma exigência feita apenas às

organizações, mas também e principalmente às pessoas que nelas trabalham” (CHIAVENATO,

2004, p.12-13).

Segundo o consultor Thomaz Wood Jr, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV),

“qualquer empresa que queira enfrentar o desafio da competitividade deve abandonar velhos

organogramas e descrições de cargo e adotar modelos organizacionais mais flexíveis e orientados

para o mercado” (EXAME, 2000). Neste intuito o micro empreendedor que se compromete com o

comportamento adequado para o seu negócio, deve tomar alguns cuidados, como:

4.2.1. No local de trabalho comprometer-se com a legislação trabalhista incentivando a novas

ideias e sugestões, o que de certa forma envolve diretamente o conceito de qualidade de vida no

trabalho, que para Idalberto Chiavenato este conceito é demonstrado como “os aspectos da

experiência do trabalho, como estilo ou maneira de gestão, liberdade e autonomia para a tomada de

decisão, ambiente agradável, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas

significativas e agradáveis” que buscam atender a maioria das necessidades dos empregados

(CHIAVENATO, 2004, p.11).

4.2.2. Com a diversidade, incorporar empregados de diversos locais ou de comunidades carentes

como um valor essencial, selecionando funcionários capacitados, porém diversificados, não se

importando com fatos discriminatórios sociais (Ex.: deficientes, opção sexual), além de fazer um

investimento em capacitação e formação de pessoas diversas.

4.2.3. Com o assédio sexual e o assédio moral, desenvolver e implementar uma política firme

contra o assédio sexual, principalmente quando envolver superior direto, ou práticas que envolvam

abusos e humilhações sofridas nas relações de trabalho, o assédio moral, esse tipo de agressão é

novidade, e trata segundo a médica do trabalho Margarida Barreto da “violação do direito

cotidiano e se dá quando uma pessoa se comporta para rebaixar o outro nos mais diferentes meios”

(JORNAL DO SENADO, 2005, p.3).

4.2.4. No desenvolvimento profissional, recompensar o desenvolvimento de talentos valorizando e

estimulando toda a mão de obra relacionada com a organização, delegando poderes, incentivando a

autossuficiência de toda uma produção ou prestação de serviço, sempre almejando dar autonomia

aos funcionários para a prática de tarefas possibilitando a tomada de decisões individuais no intuito

de alcançar um resultado ideal e satisfatório, o que influenciará diretamente no clima

organizacional.

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4.2.5. Na gestão participativa informar aos funcionários de maneira clara o desempenho financeiro

da empresa, remunerando e incentivando, através de planos de cargos e salários, estabelecendo

objetivos e metas consolidadas e realistas, além de criar um programa de participação nos lucros da

empresa de acordo com o desempenho dos funcionários.

4.2.6. Nas demissões, deve-se evitar, ou se possível comunicar antes para que haja uma preparação

por parte dos funcionários, reduzindo o pessoal com dignidade, procurando demonstrar com

clareza o porquê e quando deste fato para que eles saibam.

4.2.7. No trabalho e com a família, preservar a vida pessoal e familiar do funcionário, procurando

estabelecer horários para que o funcionário se programe antes com a vida particular e com

familiares, avaliando as necessidades dos funcionários em sua vida particular, procurando atingir

resultados da micro e pequena empresa, sem atrapalhar as necessidades pessoais, sendo o mais

flexível possível, pois dar ao funcionário a oportunidade de resolver problemas pessoais, ao mesmo

tempo em que estabeleça compensações de dias para os funcionários, quando possível, em troca de

horas extras. Auxiliar de modo construtivo aos novos pais funcionários, adotando práticas

saudáveis aos seus bebês, auxilie seus funcionários a inclusão escolar de seus filhos fazendo

parcerias com o comércio local, no intuito de divulgar esta parceria para seus funcionários e seus

familiares.

Em geral todo o micro empreendedor ético e consciente de sua responsabilidade social ao gerir

seu negócio, deve preocupar-se com a saúde, o bem-estar e a segurança deve-se ser solidário em

situações de emergência, em troca de um bom clima organizacional, promovendo iniciativas que

possibilitem hábitos saudáveis de vida principalmente no ambiente do trabalho, relacionados à

segurança, higiene e evitar riscos à saúde e acidentes de trabalho, valorizando um ambiente adequado e

a higiene, sem constrangimentos.

4.3.Meio Ambiente.

Uma das áreas mais promissoras atualmente e formalizada como tendência é a gestão

ambiental, pois se trata do ambiente o qual envolve as empresas, e de onde essas retiram os

insumos a serem processados pela micro e pequena empresa.

Com a questão ambiental ganhando importância, em grande parte graças à evolução dos meios de comunicação

(um acidente ambiental sério é acompanhado hoje ao vivo e em cores, instantaneamente, por grande parte da

humanidade), as empresas constataram que demonstrar qualidade ambiental é um item considerado importante por

seus clientes. E as pessoas são hoje mais bem informadas e motivadas para o assunto, sendo raro o dia em que a

televisão, os jornais e revistas não abordem temas ambientais (MOURA, 2004, p.27-28).

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Atualmente a conscientização acontece um modo semelhante em toda a sociedade, devido ao

fato de as informações serem rapidamente propagadas, num ambiente globalizado.

A existência de qualidade ambiental tem sido uma preocupação das empresas mesmo que não haja o interesse em

certificação por normas. Considerando o que disse o Prof. Deming, comentando sobre a adesão aos princípios da

qualidade total pelas empresas – “Você não é obrigado a fazer isso, a sobrevivência é opcional”, pensamos que a

mesma coisa pode vir a se aplicar à questão ambiental. Por outro lado, as empresas que conseguirem se adaptar

aos novos tempos terão vantagens competitivas, já que a preocupação ecológica é hoje vista como um fator

estratégico de competitividade. (MOURA, 2004, p.28).

A qualidade ambiental é encarada como uma questão de sobrevivência para as micro e

pequenas empresas, englobada a responsabilidade social e ética, é logicamente utilizada como um

fator estratégico de competitividade, o que resulta com evidência uma vantagem competitiva, com

isso as que não se adaptarem a esta nova forma de gerir, tendem a extinção. No entanto, a

conscientização do empresário leva a micro e pequena empresa a desenvolver ações de preservação

do meio ambiente. O Instituto Ethos aborda o tema gestão ambiental sob cinco pontos de vistas,

sob os quais o micro e pequeno empresário, deve também preocupar-se com:

4.3.1. As políticas e operações, definindo e respeitando princípios ambientais

comprometendo-se integralmente com a legislação vigente, incentivando os funcionários a

preservar o ambiente, além de comprar sempre produtos ambientalmente corretos;

4.3.2. A minimização de resíduos reciclando o máximo de materiais possíveis, usando de

preferência produtos reciclados, reciclados, reformados e recondicionados, que estabeleçam

comparação igualitária com novos produtos, evitando produtos que geram resíduos.

4.3.3. A prevenção da poluição, reduzindo a utilização de produtos tóxicos, promovendo o descarte

seguro destes, mantendo a utilização de produtos de limpeza não tóxicos;

4.3.4. A utilização eficiente de energia e água, identificando usos inadequados que representem

desperdício de energia e retificá-los, viabilizando alternativas que venha a contribuir para reduzir o

consumo de energia, se possível possibilitar o trabalho à distância, por seus funcionários;

4.3.5. E no projeto ecológico, procurar criar ou viabilizar um sistema de reciclagem, trabalhando

em parceria com fornecedores e cliente, considerando a possibilidade de se unir-se a outros

parceiros, dar importância para o pós-venda de produtos ou serviços;

4.4.Fornecedores.

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O Sebrae (2015) propõe a ideia de que o empresário deve manter parcerias e conscientizá-las em

agir de forma ética e responsável socialmente. Já o instituto Ethos propõe para o micro

empreendedor envolver fornecedores, estabelecendo transparência em suas ações, cumprindo os

contratos estabelecidos, contribuindo para seu desenvolvimento e incentivando os fornecedores

para que também assumam compromissos de responsabilidade social, é uma tarefa árdua para o

micro e pequeno empresário, pois envolve muito mais que o ato de persuadir, e sim o

relacionamento.

O importante é divulgar seus valores pela cadeia de fornecedores, empresas parceiras e serviços

terceirizados. Pode-se adotar como critério de seleção de parceiros a exigência de que os

empregados de serviços terceirizados tenham condições de trabalho semelhantes às de seus

próprios funcionários. Enfim, a micro e pequena empresa deve evitar terceirizar serviços para,

organizações nas quais haja degradação das condições de trabalho, informando aos fornecedores os

padrões adotados, antes de firmar parcerias, ajudando a melhorar e incentivar um ambiente de

colaboração.

4.5. Consumidores e Clientes.

Agir de forma a proteger os clientes e os consumidores com procedimentos de responsabilidade

social no trato com consumidores e clientes demonstrando que são essenciais. Desenvolvendo

produtos e serviços confiáveis em termos de qualidade e segurança, fornecendo instruções de uso e

informando sobre seus riscos potenciais, eliminando os danos à saúde dos usuários, são ações

muito importantes, visto que a micro e pequena empresa produz cultura e influencia o

comportamento de todos os envolvidos.

A micro empresa socialmente responsável oferece qualidade não apenas durante o processo de

venda, mas em toda a sua rotina de trabalho. Faz parte das atribuições da micro e pequena empresa

promover ações que melhorem a credibilidade, a eficiência e a segurança dos produtos e serviços,

observando padrões técnicos cabíveis como, por exemplo, as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), as prescrições da Vigilância Sanitária e o Código de Defesa do

Consumidor. Com esta finalidade o micro e pequeno empresário deve seguir caminhos que

facilitem todo o procedimento em pontos primordiais de produtos e serviços, promovendo o uso de

seu produto com segurança e responsabilidade, assegurando-se de que os produtos ou serviços de

sua empresa não são prejudicais à saúde e ao meio ambiente durante todo o seu ciclo de vida.

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Para um melhor controle o micro empreendedor deve ouvir as manifestações dos clientes e

consumidores no sentido de melhorar o atendimento, os produtos e os serviços oferecidos por sua

empresa. Mais do que isso, incentive sugestões e críticas. E realize periodicamente pesquisas de

opinião entre os clientes.

4.6. Comunidade.

A relação que a empresa tem com sua comunidade em sua volta é um dos pontos fortes da

organização, o que pode se referir a diversos fatores referentes a contribuições em projetos

educacionais, em ONG’s ou organizações comunitárias, a destinação de verbas a instituições

sociais e a divulgação de princípios que aproximam o micro empreendimento as pessoas ao seu

redor, são algumas das ações que demonstram o valor que a micro e pequena empresa dá à

comunidade.

Um entrosamento saudável e dinâmico com os grupos representativos locais na busca de

soluções conjuntas para os problemas comunitários fará do micro empreendimento um parceiro da

comunidade, reconhecido e considerado por todos.

Num âmbito geral a micro e pequena empresa que mantém interesse pela comunidade a sua

volta, identifica problemas sociais e através de um breve diagnóstico da situação, pesquisando

quais prioridades que possam dispor para participar e cooperar para uma melhoria na situação

encontrada.

Para o ambiente que envolve a micro e pequena empresa, seja uma comunidade carente, com

um nível de situação econômica classe média baixa para cima, um dos fatores primordiais e

fundamentais seria a responsabilidade social e ética colaborando diretamente com a educação

local, onde o micro e pequeno empresário poderá contribuir com a educação local, por exemplo:

criando intercâmbio com uma escola, pois muitas escolas procuram empresas, sejam elas de

qualquer porte, desde que seja situada em proximidades locais e que possam oferecer estágios,

remunerado ou não, aos seus alunos, também com o intuito de criar alguma parceria. Tentando

criar uma verdadeira oportunidade de aprendizado para o estagiário, bem como para a própria

micro e pequena empresa.

4.7. Governo e Sociedade.

Comprometer-se com o bem comum é uma preocupação que deve ser enfatizada por todo

micro empreendedor, seu relacionamento ético com o poder público, assim como o cumprimento

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das leis, faz parte da gestão de uma empresa socialmente responsável. Ser ético, nesse caso,

significa cumprir as obrigações de recolhimento de impostos e tributos, alinhar os interesses da

micro e pequena empresa com os da sociedade, comprometer-se formalmente com o combate à

corrupção, contribuir para projetos e ações governamentais voltados para o aperfeiçoamento de

políticas públicas na área social, o que abrange a contribuição decisivamente para o

desenvolvimento de uma região e do país.

No que se refere aos valores básicos sociais que são responsabilidades do governo como:

Segurança, Ordem e Justiça são monopólios, porém liberdade e bem estar são valores sociais, os

quais o micro empreendedor deve focar suas atitudes, para agir quando por motivos variados o

governo não cumpre com sua obrigação que é de estabelecer, manter e defender estes valores para

a população, ocasionando problemas sociais.

O posicionamento político do micro empreendedor responsável socialmente e preocupado em

agir com ética, tem por estabelecer suas atitudes fundamentadas em ideais, procurando solucionar

ou evitar problemas que ocasionam o sofrimento da população refletindo também sobre a vocação

social de seu negócio e procurando estabelecer parcerias na implementação de programas sociais.

Em consequência destes fatos ocorre uma rápida divulgação de uma boa imagem de seu micro

empreendimento para a sociedade.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A globalização desencadeou uma série de consequências no ambiente empresarial, a alta

competitividade e a busca desenfreada pelo consumidor. Por outro lado acarreta uma nova mudança no

comportamento das pessoas (consumidores), que ao procurarem produtos ou serviços para o consumo,

são facilitados por uma variedade de opções encontradas no mercado. Comercializar produtos ou

serviços tornou se uma tarefa cada vez mais complexa, onde quem oferta deve estar preparado para

uma real competição.

O micro e pequeno empreendedor preocupado em gerir seu negócio neste novo ambiente

competitivo, pode adquirir atitudes ou meios de agir baseadas em modelos propostos por instituições,

como o Sebrae ou o Instituto Ethos. Enfatizando comportamentos propostos pelo Sebrae, o micro

empresário pode agir em grupo com outros micros empresários, formalizando redes comerciais, com o

intuito de reduzir custos e estabelecer parcerias enfatizando a conscientização da ética e

responsabilidade social. Focalizando o comportamento em ideais propostos pelo Instituto Ethos a

micro e pequena empresa pode contribuir para a sociedade, de diversas maneiras filantrópicas.

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Embora algumas vezes ainda seja confundida com filantropia, segundo o Instituto Ethos, a

Responsabilidade Social é mais abrangente à medida em que foca na cadeia de negócios da empresa e

engloba preocupações com acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores,

consumidores, comunidade, governo e meio ambiente a longo prazo.

Desta forma a micro e pequena empresa que possui interesse em tomar atitudes quotidianas

responsáveis e éticas, estabelecem para si e para todos que estão envolvidos diretamente ou não, ou

seja, num ambiente interno e externo da organização, um conceito de “empresa cidadã” (aquela que

possui seus direitos e deveres dentro da sociedade a qual esta inserida), passando a obter um

diferencial no mercado através de um marketing bem elaborado, divulgando e propagando uma boa

imagem do empreendimento, a fim de estabelecer um vínculo com a sociedade, agregando um valor

social, obtendo vantagem competitiva no mercado e tendo uma contribuição para o desenvolvimento

social local e regional.

Com esta prática, 69 % das micro e pequenas empresas do Brasil (como comprovado pela

pesquisa publicada no Brasil em julho de 2006 realizada pelo Ipea) utilizam atualmente a ética e a

responsabilidade social, como uma ferramenta de marketing voltado diretamente para agregar valor

dentro deste mercado altamente competitivo, esquecendo que toda filantropia tem por objetivo único

auxiliar o desenvolvimento da sociedade, e enfatizando o foco da sua atividade no objetivo final

semelhante ao de todas as outras organizações, que é o aumento da lucratividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Saraiva, 2002 e 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,

2004 (2ª reimpressão).

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas

organizações. 2ª ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2004(2ª reimpressão)

LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.

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MOURA, Luiz A. A. Qualidade e gestão ambiental. 4ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira,

2004.

NETO, João A. M. Filosofia e ética na administração. São Paulo: Saraiva, 2004.

PASSOS, Elizete. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004.

ROESCH, Sylvia M.A. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guia para

estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudo de caso. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.

OUTRAS REFERÊNCIAS

Boletim da Pesquisa Ação Social das Empresas, http://www.ipea.gov.br/portal/ Acesso em:

Janeiro de 2015.

JORNAL DO SENADO, Brasília, nº 83, 25 à 31 de julho de 2005.

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, Ano XVI, nº 51, dez. 2005.

Revista Exame, www.portalexame.abril.com.br Acesso em: janeiro de 2015

CLARO TELEFONIA MÓVEL, RH RESPONSABILIDADE SOCIAL. São Paulo:

GAD’BRANDING&DESIGN, 2006.

SEBRAE www.sebrae.com.br Acesso em: janeiro de 2015.