a terceirização na administração pública
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FUNDAO GETULIO VARGAS
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAO PBLICA E EMPRESAS
CURSO DE PS-GRADUAO INTENSIVA EM ADMINISTRAO PBLICA
CIPAD 3
A TERCEIRIZAO NA ADMINISTRAO PBLICA: VANTAGENS E
DESVANTAGENS
Por
Ana Cludia Adriano Machado
Rio de Janeiro
2008
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A TERCEIRIZAO NA ADMINISTRAO PBLICA: VANTAGENS E
DESVANTAGENS
por
Ana Cludia Adriano Machado
Trabalho de Concluso de Curso apresentado aoCurso Intensivo de Ps-Graduao emAdministrao Pblica (CIPAD 3), como requisitopara obteno do ttulo de Especialista emAdministrao Pblica.
Rio de Janeiro2008
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A Deus, pela presena constante em minha vida.A toda minha famlia, pelo suporte e incentivo...Enfim aos que muito me ajudaram, sacrificando suas vidas para que eurealizasse o meu desejo, compartilhando minhas alegrias e tristezas.
Ana Cludia Adriano Machado
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Estratgia a arte ou cincia de saberidentificar e empregar meios disponveis paraatingir determinados fins, apesar de a eles seoporem obstculos e/ou antagonismosconhecidos.
Sun Tzu
Planos no so nada; planejamento tudo.
Dwight D.Eisenhower
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a todos pela confiana depositada em mim, por acreditarem no meu esforo, na
minha determinao.
Quero aqui expressar meu sentimento de gratido e apreo para com todos os mestres, que
tanto fizeram para que pudssemos chegar at aqui. Agradeo tambm pela amizade, pela
orientao, pela capacidade de transmitir seus conhecimentos de forma leal e esperanosa,
sem deixar de acreditar em cada um de ns.
A todas as pessoas que contriburam de alguma forma no desenvolvimento deste trabalho.
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RESUMO
Este trabalho objetivou identificar as vantagens e desvantagens para a
Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de empresa especializadapara a execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de reciclagem ecompostagem de resduos slidos urbanos. Foram analisadas as publicaes de autoresbrasileiros, bem como realizada pesquisa de campo para levantamento de dados concretos
junto aos responsveis pela empresa contratada, funcionrios da mesma, e populao e aindaum levantamento fotogrfico com o fim de comprovar visualmente e qualitativamente aprestao dos servios contratados e seus processos. Chegou-se concluso que, o Municpioest no caminho certo, o que falta uma fiscalizao eficaz, eficiente e efetiva.
Palavras Chave: Terceirizao, Administrao Pblica, Servio Pblico
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SUMRIO
1. INTRODUO.....................................................................................................................1
2. O PROBLEMA.....................................................................................................................2
3. OBJETIVOS..........................................................................................................................33.1 Objetivo final..................................................................................................................33.2 Objetivos intermedirios................................................................................................3
4. DELIMITAO DO ESTUDO...........................................................................................4
5. RELEVNCIA DO ESTUDO.............................................................................................5
6. METODOLOGIA.................................................................................................................66.1 Tipo de Pesquisa...............................................................................................................66.2 Universo e Amostra.........................................................................................................76.3 Seleo dos Sujeitos.........................................................................................................86.4 Coleta de Dados...............................................................................................................86.5 Tratamento de Dados.....................................................................................................106.6 Limitaes do Mtodo...................................................................................................10
7. REFERENCIAL TERICO..............................................................................................116.1 Conceito de Terceirizao...............................................................................................116.2 Terceirizao na Administrao Pblica.........................................................................116.3 A Terceirizao no Municpio de Rio Claro RJ..............................................................126.3 Vantagens da Terceirizao............................................................................................136.5 Desvantagens da Terceirizao.......................................................................................13
8. ANLISE DOS RESULTADOS........................................................................................148.1 O Processo Administrativo.............................................................................................148.2 Dados coletados junto empresa contratada (Ambien)..................................................158.3 A prestao dos servios aos olhos da populao...........................................................218.4 Os funcionrios contratados responsveis pela limpeza urbana.....................................27
9.CONSIDERAES FINAIS..............................................................................................3110. CONCLUSO...................................................................................................................35
11. REFERNCIAS BILIOGRFICAS...............................................................................37
ANEXO A: Levantamento fotogrfico dos servios prestados...............................................38
ANEXO B: Levantamento fotogrfico sobre a usina de reciclagem e compostagem.............40
ANEXO C: Levantamento fotogrfico sobre a limpeza urbana de algumas ruas...................43
ANEXO D: Relatrio encaminhado Secretaria Municipal de Meio Ambiente.....................44
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1 INTRODUO
Vivemos em um mundo globalizado economicamente, em que a tecnologia, a
sociedade, a poltica, a cultura esto constantemente se renovando, e diante da flexibilidade,
acabam gerando mudanas em diversos setores, refletindo diversas transformaes nas
organizaes e no cenrio mundial. Por isso preciso que a administrao procure meios de
se adequar aos novos modelos para melhor execuo de suas atividades, pois se faz necessrioqualificao para atender melhor aos anseios da coletividade.
Um dos problemas que aflige o mundo o lixo, que de forma geral, de alta
complexidade ambiental, social e econmica, o que faz surgir a necessidade de um novo
posicionamento do Poder Pblico, com o fim de garantir para toda populao um ambiente
que assegure boas condies de vida.
A Administrao Pblica, com vistas a aperfeioar e melhorar a prestao dos
servios pblicos muitas vezes lana mo da terceirizao, ou seja transfere a terceiros a
realizao de determinados servios, cuja interrupo poderia comprometer o andamento da
mquina administrativa.
O presente trabalho o resultado de estudos elaborados sobre a terceirizao na
Administrao Pblica no mbito do Municpio de Rio Claro/ RJ, ressaltando que no se
pretende avaliar as decises assumidas pelos gestores do Municpio de Rio Claro nos
processos de terceirizao, mas sim oferecer suporte para futuras decises e contribuir para o
estudo do tema.
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2 O PROBLEMA
O Municpio de Rio Claro-RJ, especfico no estudo em tela, est localizado na
Regio do Mdio Paraba e dividido em 5 (cinco) Distritos: Rio Claro-Distrito Sede; Ldice-2
Distrito, So Joo Marcos-3 Distrito; Passa Trs-4 Distrito e Getulndia-5 Distrito. A
distncia mdia entre os Distritos de aproximadamente 20 (vinte) quilmetros.
O Municpio em estudo possui uma rea total de 868 Km2 e um total de 17.216(dezessete mil, duzentos e dezesseis) habitantes, de acordo com o Censo do IBGE (2007),
tendo como atividades econmicas principais a agricultura, a pecuria e a avicultura (presente
com a atuao da Empresa Rica). A arrecadao municipal est basicamente no FPM (Fundo
de participao dos Municpios), nos royalties, que possuem valores irrisrios e demais
verbas especficas.
Diante disso, a administrao optou por contratar uma empresa atravs de um
procedimento licitatrio, com a finalidade de reduzir custos, aumentar a eficincia e a
produtividade, ter um maior controle dos servios prestados aos muncipes e ainda promover
a reciclagem e compostagem do lixo urbano produzido no Municpio de Rio Claro/RJ.
Devido complexidade do assunto, se fez necessrio um estudo claro e objetivo
para que os gestores e a populao sintam-se mais esclarecidos quanto aos pontos positivos e
negativos advindos de uma terceirizao. Por isso buscou-se responder a seguinte questo:
quais as vantagens e desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro
na contratao de empresa especializada para a execuo de servios de limpeza urbana,
operao de usina de reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos?
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3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Final
O objetivo final do estudo se baseou em identificar as vantagens e desvantagens
para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de empresa
especializada terceirizada para execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de
reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos.
3.2 Objetivos Intermedirios
Para atingir o objetivo principal, se fez necessrio traar alguns objetivos
intermedirios, que levou aos seguintes procedimentos, conforme descrio a seguir:
- anlise do procedimento licitatrio;
- identificao das atividades, bem como seus processos na empresa contratada;
- verificao visual quanto execuo dos servios contratados a contento;
- levantamento junto comunidade o grau de satisfao quanto prestao dos
servios;
- anlise da reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos;
- verificao da existncia de aes trabalhistas contra a empresa contratada e o
Municpio;
- identificao e anlise das principais caractersticas encontradas na prestao dos
servios da empresa contratada com apoio da sociedade.
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4 DELIMITAO DO ESTUDO
O estudo limitou-se a abordar a terceirizao, identificando as vantagens e
desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de
empresa especializada para execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de
reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos.
O trabalho procurou abordar o tema de forma a explorar qualitativamente os
dados coletados no contexto atual do Municpio.
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5 RELEVNCIA DO ESTUDO
Pretende-se que os dados levantados pelo TCC auxiliem gestores e sociedade a
refletirem sobre a terceirizao na realidade atual, para que possam direcionar seus esforos
na obteno de benefcios em favor da coletividade e do interesse local, uma vez que a
Administrao Pblica precisa analisar no s os custos, mas tambm a qualidade, pois se no
o fizer, pagar por um produto ou por um processo de produo, correndo o risco de ter que
refazer tudo com mo-de-obra prpria.
Uma melhor compreenso sobre as vantagens e desvantagens na contratao de
empresa terceirizada fornece subsdios para os gestores conduzirem de forma mais eficaz a
sua relao, seja com a empresa contratada, indivduos terceirizados, populao e os prprios
servidores do quadro permanente, pois tero maior conhecimento das possibilidades de gesto
de seus processos e das melhores prticas para se realizar um processo de terceirizao.
Espera-se que este trabalho seja uma ferramenta para subsidiar os gestores a
realizarem as mudanas necessrias com base nos valores e comportamentos preconizados
pela Administrao Pblica, viabilizando a reviso dos processos internos com vistas maior
eficincia e eficcia.
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6 METODOLOGIA
Este captulo trata dos seguintes itens que caracterizam a metodologia empregada
no estudo realizado: tipos de pesquisa, quanto aos fins e aos meios; universo e amostra;
seleo dos sujeitos; coleta e tratamento dos dados e limitaes do mtodo.
6.1 Tipo de Pesquisa
Para a classificao da pesquisa, considerou-se a taxionomia por Vergara (2006):
Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva e explicativa.
Descritiva: porque pretendeu expor os princpios e conceitos de Terceirizao,
bem como fazer relaes com a Terceirizao no setor pblico.
Explicativa: Porque visou esclarecer as vantagens e desvantagens na contratao
de empresa terceirizada para execuo da limpeza urbana do Municpio de Rio Claro,
investigando todos os passos da contratao.
Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliogrfica, documental e de campo.
Bibliogrfica: porque o estudo foi desenvolvido com base em material j
publicado sobre o assunto em livros, revistas, jornais, internet, legislaes pertinentes ao
assunto. Enfim, tudo que forneceu instrumento terico ao desenvolvimento da pesquisa.
Documental: porque foram investigados documentos existentes no interior dos
rgos concernentes ao objeto da pesquisa, tais como trabalhos desenvolvidos e apresentados
nas etapas de contratao de empresa terceirizada para executar servios de limpeza urbana e
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operao da usina de reciclagem e compostagem dos resduos slidos no Municpio de Rio
Claro/RJ.
De campo: porque foram aplicados questionrios a funcionrios da empresa
terceirizada em funcionamento no Municpio de Rio Claro, aos responsveis pela gerncia da
empresa AMBIEN (contratada), a pessoas que vivem no municpio, beneficiria ou no dos
servios prestados e, ainda alguns dos servidores pblicos que participaram da licitao
foram consultados sobre a licitao sob a Modalidade Tomada de Preo n 001/05.
Com base nos objetivos intermedirios e final e nas observaes feitas atravs de
visitas nos (5) cinco Distritos que compem o Municpio, foi feito um levantamento
fotogrfico sobre a usina de reciclagem e compostagem, sobre as atividades prestadas pela
contratada junto ao Municpio de Rio Claro, e ainda fotografias de algumas ruas para fins de
verificao visual do aspecto esttico encontrado (limpeza).
Estudo de Caso: porque o estudo teve como objetivo final identificar as vantagens
e desvantagens na contratao de empresa terceirizada de um Municpio especfico.
6.2 Universo e Amostra
O universo da pesquisa se comps de aproximadamente 170 (cento e setenta)
atores envolvidos no processo, dentre eles, dirigentes da empresa contratada, muncipes,
funcionrios da empresa contratada e alguns servidores pblicos.
Os colaboradores foram selecionados por acessibilidade e tipicidade.
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6.3 Seleo dos Sujeitos
Participaram da pesquisa, dirigentes da empresa contratada, muncipes, alguns
funcionrios da empresa contratada, e servidores que participaram do procedimento
licitatrio, divididos em trs grupos:
1. aqueles que se beneficiam e dependem dos servios prestados pela empresa
terceirizada, em que o objetivo foi levantar junto comunidade o grau de satisfao quanto
prestao dos servios, verificando visualmente se a empresa est executando os servios
contratados a contento, e ainda identificar e analisar criticamente as principais caractersticas
encontradas na prestao dos servios da empresa contratada com apoio da sociedade.
2. aqueles que participaram do procedimento licitatrio, com a finalidade de
analisar o procedimento de licitao, verificar a existncia de aes trabalhistas contra a
empresa contratada e o Municpio, bem como analisar a reciclagem e o destino final dos
resduos slidos.
3. aqueles que prestam diretamente os servios sociedade (dirigentes e
funcionrios), cujo objetivo foi identificar as atividades e como so os seus processos naempresa contratada, analisando a reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos.
6.4 Coleta de Dados
Discutir a interpretao da realidade e suas contribuies para a sociedade exige a
localizao da relao sujeito-objeto como a questo central.
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Elencamos aqui os objetivos intermedirios descritos no projeto inicial da
pesquisa, relacionados forma de coletar dados:
1- analisar do procedimento licitatrio;
2- identificar as atividades e como so os seus processos na empresa contratada;
3- verificar visualmente se a empresa est executando os servios contratados a
contento;
4- levantar junto comunidade o grau de satisfao quanto prestao dos
servios;
5- analisar a reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos;
6- verificar a existncia de aes trabalhistas contra a empresa contratada e o
Municpio;
7- identificar e analisar criticamente as principais caractersticas encontradas na
prestao dos servios da empresa contratada com apoio da sociedade.
A coleta de dados na literatura permitiu alcanar os objetivos 1 e 2 atravs de
pesquisa bibliogrfica em livros, trabalhos acadmicos (monografias, dissertaes e teses com
informaes pertinentes ao assunto.
O objetivo 1, tambm foi alcanado atravs da pesquisa documental, encontradano mbito da administrao municipal, em documentos internos.
Os demais objetivos foram atingidos por meio de questionrios junto aos atores
envolvidos no processo, conforme enumerados na Seleo dos Sujeitos, com auxlio da
literatura, fotografia, visitas nos Distritos e no site do TRT 1 Regio (Rio de janeiro).
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6.5 Tratamento de Dados
Os dados coletados foram tratados segundo uma abordagem dialtica, uma vez que
seu enfoque a mudana, segundo um processo contraditrio, que no se encontra isolado,
pois forma uma totalidade geral, em que cada parte fornece a sua contribuio e tem, em seu
movimento, um lugar no todo.
6.6 Limitaes do Mtodo
O fator que poderia limitar a pesquisa, no que se refere coleta e ao tratamento
dos dados era o seguinte:
* por ser um Municpio pequeno, acreditava-se que as pessoas poderiam se recusar
a preencher os questionrios, e assim haveria dificuldades para obteno das informaes
junto aos sujeitos selecionados.
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7 REFERENCIAL TERICO
Este captulo tem como objetivo apresentar alguns estudos j realizados sobre a
terceirizao.
7.1 Conceito de Terceirizao
Terceirizar transferir a terceiros, atravs de contrato com profissional liberal,
autnomo ou empresa prestadora de servios) atividades que no as atividades fim da
organizao, ou seja atividades acessrias, que servem de apoio.
Polonio (2000) enfatiza que a terceirizao pode ser definida como um processo de
gesto empresarial consistente na transferncia para terceiros (pessoas fsicas ou jurdicas) de
servios que originalmente seriam executados dentro da prpria empresa, e ainda, que o
processo de terceirizao resultou da busca incessante da reduo dos custos e melhoria de
qualidade, uma vez que a empresa terceirizadora, ao concentrar energia em suas atividades
principais, deixa para empresas especializadas a realizao de atividades (administrativas ou
operacionais) que exigem certo investimento para buscar sempre qualidade e segurana, com
otimizao de custos, necessrios num mercado cada vez mais competitivo.
7.2 Terceirizao na Administrao Pblica
Segundo Di Pietro (2005), no mbito do direito do trabalho, terceirizao a
contratao, por determinada empresa (o tomador de servio), do trabalho de terceiros para o
desempenho de atividade-meio, e que o conceito o mesmo para a Administrao Pblica
que, com muita freqncia, celebra contratos de empreitada (de obra e de servio) e de
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fornecimento, com fundamento no ar. 37, XXI da CF/88, observadas as normas da Lei n
8.666/93, que regulamenta os contratos administrativos.
Quanto viabilidade legal de terceirizao de servios pela administrao pblica,
lcita apenas no que diz respeito s atividades - meio dos entes pblicos, no sendo cabvel
adot-la para o exerccio de atividades pertinentes a atribuies de cargos efetivos prprios de
seu quadros, nem para funes que impliquem no exerccio de poder de polcia ou na prtica
de atos administrativos.
De acordo com Ramos (2001), terceirizao um mtodo de gesto em que uma
pessoa jurdica pblica ou privada transfere, a partir de uma relao marcada por mtua
colaborao, a prestao de servios ou fornecimento de bens a terceiros estranhos aos seus
quadros. Esse conceito prescinde da noo de atividade-meio e atividade-fim para ser
firmado, uma vez que tanto podem ser delegadas atividades acessrias quanto parcelas da
atividade principal da terceirizante. Segundo a autora, portanto, a terceirizao uma das
formas de insero do particular na prestao do servio pblico, que se faz por meio de
contrato administrativo. O terceiro um mero executor material, destitudo de qualquer
prerrogativa com o Poder Pblico, uma vez que no se trata de gesto do servio pblico, mas
uma mera prestao de servios.
7.3 A Terceirizao no Municpio de Rio Claro/RJ
A contratao de firma especializada para realizar a limpeza urbana no Municpio de
Rio Claro/RJ, partiu da necessidade de melhorar os servios populao, e colocar em
funcionamento uma usina de reciclagem, de acordo com o processo administrativo de deu
origem licitao n 001/2005 sob a modalidade Tomada de Preo, fundamentado na Lei
8.666/93.
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7.4 Vantagens da Terceirizao
As vantagens em geral, so cobranas imediatas dos servios e resposta,
aproveitamento do material reciclado, preservao do meio ambiente, soluo de um
problema que aflige 90% (noventa por cento) dos Municpios brasileiros que o destino final
dos resduos slidos, a prestao de servio mais eficaz e satisfatrio para a populao, alm
de um menor custo.
Para Polonio (2000), o objetivo de um processo de terceirizao a liberao da
empresa da realizao de atividades consideradas acessrias (ou atividades meios), permitindo
que a administrao concentre suas energias e criatividades nas atividades essenciais. Como
resultado desse processo alcana-se maior eficincia com produtos de melhor qualidade.
7.5 Desvantagens da Terceirizao
A terceirizao de servios por parte da administrao pblica, quando praticada
sem o devido respaldo legal, acarreta conseqncias distintas para o contratado pela empresa
prestadora, para esta e para a autoridade contratante. A contratao irregular, nesse caso, no
gera vnculo empregatcio com o rgo pblico tomador do servio. Apesar disso, o ente
pblico contratante no pode eximir de efetuar pagamento correspondente aos servios
efetivamente prestados, pois no pode a administrao enriquecer ilicitamente s custas do
prestador de servios ou de seus empregados.
Para Di Pietro (2005) a terceirizao acaba, muitas vezes, por implicar burla aos
direitos sociais do trabalhador da empresa tomadora do servio, o que coloca a Administrao
Pblica sob a gide do direito do trabalho.
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8 ANLISE DOS RESULTADOS
8.1O Processo Administrativo
De acordo com os servidores pblicos que fizeram parte da licitao e com
documentos acostados ao processo administrativo que deu origem Licitao de n 001/2005
(Tomada de Preo), o Municpio j possua uma Usina de Reciclagem e Compostagem de
resduos slidos para ser colocada em operao, mas no tinha pessoal capacitado/treinado
para desenvolver as atividades.
Devido a grande extenso territorial do Municpio em foco, e diante da grande
preocupao com o destino final dos resduos slidos, que antes da contratao da empresa
vencedora no processo licitatrio ocorrido em 2005, era enviado ao aterro sanitrio localizado
no Municpio de Volta Redonda/RJ, que por fim em dezembro/2004 encontrava-se paralisado
e sem retorno previsto para funcionamento, houve a necessidade de um sistema profissional
passvel de aferio e cobrana por parte da populao beneficiada, o que levou o Poder
Pblico a contratar uma empresa especializada para executar os servios de limpeza urbana,
operao da usina de reciclagem e compostagem dos resduos slidos.
O objeto da licitao se baseou nos seguintes termos: Contratao de firmaespecializada, sobre empreitada global, para coleta e transporte de lixo domiciliar urbano,
limpeza de sarjeta, pinturas de guias, rvores e postes a base de cal, capina, operao de usina
de reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos e superviso tcnica.
Constatou-se que o aviso de licitao foi devidamente publicado, e trs empresas
compareceram para retirar o edital: JDCON - CONSTRUES E INCORPORAES
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LTDA.; AMBIEN INDSTRIA COMRCIO E CONSTRUES LTDA e PARGO
ENGENHARIA LTDA.
Nota-se nos autos que a firma PARGO ENGENHARIA LTDA foi desclassificada
por no apresentar o Certificado de inscrio no cadastro de fornecedores da Prefeitura, nem
de outro rgo pblico. Saiu vencedora a empresa AMBIEN INDSTRIA COMRCIO E
CONSTRUES LTDA, uma vez que apresentou o menor valor global, atendendo s
exigncias que constavam no edital.
Analisando o processo licitatrio, de forma geral, verifica-se que foi um
procedimento regular que observou a legislao pertinente, uma vez que o fundamento legal e
o contrato administrativo teve como escopo a Lei n 8.666/93.
8.2 Dados coletados junto empresa contratada (AMBIEN)
No questionrio aplicado aos responsveis pela empresa contratada, as questes
formuladas foram abertas, dando maior abertura s colocaes apresentadas.
De acordo com as informaes prestadas pelos responsveis da empresa
contratada, alm da usina de reciclagem e compostagem do lixo, tambm so responsveis
pela limpeza urbana do Municpio de Rio Claro/RJ, o que j foi constatado atravs do
processo administrativo em que se deu a licitao.
Pelos responsveis da empresa foi informado atravs do questionrio que
atualmente tem-se coletado 6 (seis) toneladas de lixo domiciliar por dia no Municpio de Rio
Claro/RJ, que corresponde a 180 (cento e oitenta) toneladas por ms.
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DESCRIO PORCENT. QUANT./DIA QUANT./MS
Reciclado 20% 1,2 ton/dia 36 ton/msInerte 30% 1,8 ton/dia 54 ton/ms
Orgnico 50% 3,0 ton/dia 90 ton/ms
Tabela 1: Quantidade de lixo coletado
Ao questionar o tipo de tratamento e disposio final dos resduos slidos, foi
informado que o lixo orgnico tratado de forma tecnicamente correta, onde so depositados
em baias de compostagem sem contato com o solo para posteriormente se tornarem adubopara plantio, o que corresponde a 50% (cinqenta por cento) do total de lixo coletado.
Fig.1- Baias
Quanto ao destino do material transformado em adubo, foi verificado junto
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que a mesma os recebe em doao a fim de
distribu-lo aos agricultores do Municpio.
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Os resduos no aproveitados, no percentual de 30% (trinta por cento), chamados
de inertes, so devidamente aterrados de modo que o meio ambiente no seja afetado e os
aproveitados que correspondem a 20% (vinte por cento) do lixo coletado so destinados s
grandes fbricas do Estado do Rio de Janeiro, So Paulo e Paran.
MATERIAL RECICLADO QUANTIDADE
PVC 100 kg/ msPET 1.000 kg/msPET 500 kg/ms
PP 350 kg/msPET (LEO) 400 kg/msPP (GUA MINERAL) 100 kg/msPLSTICO DURO 600 kg/msPAPELO 2.000 kg/msPAPELO 5.000 kg/msPLTICO FILME 5.000 kg/msSUCATA 2.000 kg/msVIDRO 2.000 kg/msALUMNIO 80 kg/msTETRA-PARK 800 kg/ms
Tab.2: Quantidade de lixo reciclado
Observa-se que a preparao e separao dos resduos se d atravs da utilizao
de 1 (uma) esteira rolante, onde so depositados todo o lixo; de catao manual, feita pelos
funcionrios da empresa e depositados em seus devidos recipientes para posteriormente seremprensados.
Atualmente h 35 (trinta e cinco) funcionrios envolvidos diretamente no
processo de compostagem e reciclagem do lixo. Verificou-se atravs de visita no local que os
funcionrios que trabalham na usina tem a sua disposio os seguintes materiais: uniformes,
mscaras, botas, e luvas, ou seja o necessrio para desenvolver os trabalhos com segurana.
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Fig.2-material prensado
Segundo informaes da empresa contratada, o sistema de pesagem e registro do
lixo coletado feito da seguinte forma: todo o lixo reciclado pesado atravs de uma balana,
logo aps serem prensados e fardados. A quantidade total do lixo calculada atravs da
metragem cbica do caminho.
Os responsveis pela empresa AMBIEN destacaram ainda que as reclamaes por
parte dos muncipes sempre acontecem, mas no com muita freqncia. A empresa procura
apurar devidamente todas as reclamaes, mas em muitos casos no procedem.
Atualmente a empresa possui em seu quadro o total de 65 (sessenta e cinco)
funcionrios, incluindo os que trabalham diretamente na usina e os que fazem a limpeza
urbana, coleta e transporte de lixo.
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De acordo com a empresa, antes de iniciarem suas atividades, os funcionrios so
treinados e instrudos a seguirem as diretrizes da empresa.
Ressalte-se que alguns funcionrios que trabalham diretamente com a limpeza
urbana foram questionados quanto a possvel treinamento/capacitao oferecido pela empresa,
o que se contraps ao item respondido pela mesma, uma vez que a maior parte das pessoas
questionadas destacam que no receberam treinamento para trabalhar, como, por exemplo, no
caso da utilizao de uma roadeira, em que um funcionrio aprendeu com outro colega, com
exceo, dos funcionrios que trabalham na separao e destinao final do lixo diretamente
na usina
De acordo com a empresa, as normas de proteo ao trabalhador so
rigorosamente observadas, uma vez que todos os funcionrios so devidamente registrados,
conforme CLT, e obrigatoriamente recebem todo material de segurana fornecido
gratuitamente para desempenhar determinada funo.
Quanto questo ambiental, a empresa contratada, demonstra que tem procurado
por melhorias na coleta. Em conjunto com o Municpio est providenciando a retirada dos
tambores de forma gradativa, tem realizado palestras e visitas nas escolas, e at mesmo nausina de reciclagem e compostagem para melhor conscientizao da preservao do meio
ambiente.
Cabe salientar que a educao primordial conscientizao da populao, pois
os recursos naturais so inegavelmente fatores de produo e, sua administrao racional deve
ser um dos objetivos de uma poltica de bem-estar social.
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Fig.3- Cartaz para campanha junto populao
Fig.: 4- Cartaz com a rota da coleta de lixo entregue populao
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A empresa relatou que mesmo cumprindo com as obrigaes legais, alguns
funcionrios quando demitidos tem procurado a Justia do Trabalho, e desde 2005 at o
momento houve aproximadamente 6 (seis) aes na Justia do Trabalho de Angra dos Reis.
Conforme levantamento junto ao site do TRT da 1 Regio, constatou-se que
atualmente h apenas1(uma) ao em curso na Justia do Trabalho de Angra dos Reis/RJ,
onde constam no plo passivo a empresa contratada e o Municpio de Rio Claro/RJ. Vale
ressaltar que se a empresa contratada no tiver condies de arcar com os crditos trabalhistas
de seu empregado, o Municpio considerado responsvel subsidirio, de acordo com o
Enunciado n 331 do TST:
Enunciado 331 do TST:
I- ....
II-...III- No forma vnculo de emprego com o tomador a contratao de servios devigilncia (Lei n 7.102, de 20.6.83), de conservao e limpeza, bem como a deservios especializados ligados atividade-meio do tomador, desde queinexistente a pessoalidade e a subordinao direta.
IV- O inadimplemento das obrigaes trabalhistas, por parte do empregador,implica na responsabilidade subsidiria do tomador dos servios quanto quelasobrigaes, inclusive quanto aos rgos da administrao direta, das autarquias,das fundaes pblicas, das empresa pblicas e das sociedades de economiamista, desde que hajam participado da relao processual e constem tambm dottulo executivo judicial (artigo 71 da Lei n 8.666/93).
8.3 A prestao dos servios aos olhos da populao
O estudo do questionrio feito populao, foi iniciado levando-se em conta o
percentual de respostas em cada questo para apurar-se a incidncia de cada uma delas. A
seguir temos os resultados:
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Questo n 1
Quais os servios efetivamente realizados pela AMBIEN (empresa contratada pelo
Municpio de Rio Claro para fazer a limpeza urbana) na localidade onde voc mora?
90% - Coleta de lixo domiciliar39% - Coleta de entulho53% - Varrio de ruas60% - Capina24% - Pintura de guias (meio-fio das ruas)9% - Pintura de rvores e postes
Nota-se que o servio prestado pela empresa contratada est na maior parte focada
na coleta de lixo domiciliar destinado usina de compostagem de reciclagem de resduos
slidos. Esse servio seguido da capina, em que 60% (sessenta por cento) da populao
atendida. A varrio de ruas atende pouco mais da metade da populao, o que precisa ser
melhorado, mesmo porque no pode haver diferenciao na prestao de servio, ou seja,
todas as ruas, localizadas no centro ou no, precisam ser igualmente varridas. Os servios de
coleta de entulho, pintura de guias e pintura de rvores e postes so prestados, mas atendem
menos da metade da populao, o que tambm foi verificado atravs das visitas.
Assim, os dados coletados atravs da questo acima, demonstram que a maioria
dos servios relacionados limpeza urbana prestados pela empresa contratada, atravs de
licitao regular, ainda no esto sendo realizados a contento, apesar de haver uma melhora
perceptvel aos nossos olhos, conforme levantamento fotogrfico que faz parte do Anexo C.
Questo n 2
Qual o seu grau de satisfao com os servios prestados?
6% - timo41% - Bom
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41% - Regular12% - Ruim
Consta-se que a maior parte da populao est satisfeita com a prestao dos
servios, apenas 12% (doze) da populao considera ruim. um item que precisa ser
observado pelo Municpio, pois pode e deve haver melhoria na prestao dos servios
contratados, pois o somatrio de 82% (oitenta e dois por cento) est dividido igualmente entre
bom e regular, apenas 6% (seis por cento) da populao considera tima a qualidade dos
servios prestados.
Questo n 3
Com qual freqncia feita a coletada de lixo na sua rua?
19% - 1(uma) vez por semana18% - 2(duas) vezes por semana23% - 3(trs) vezes por semana22% - mais de 3(trs) vezes na semana17% - todos os dias1% - nenhum dia
Neste item, observa-se que apenas 1%(um por cento) da populao no possui o
servio de coleta de lixo. Nos distritos mais distante a coleta varia entre 3 (trs), 2 (dois) e 1
(um) dia, o que pode ser melhorado, principalmente nos Distritos de So Joo Marcos, Passa
Trs e Getulndia, que ficam mais distantes do Distrito Sede.
No centro do Municpio sede e no centro de Ldice, a coleta realizada todos
os dias, por isso o resultado do percentual ficou em 17% (dezessete por cento).
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Questo n 4
A quantidade de dias por semana em que o caminho passa para coletar o lixo
suficiente para sua localidade?
58% - Sim42% - No
Neste item, constata-se que mais da metade da populao est satisfeita com a
quantidade de dias em que a coleta de lixo prestada. Mesmo assim, este tambm precisa ser
muito bem observado, tanto pelo Poder Pblico quanto pela empresa contratada, pois o
percentual de insatisfao demonstrada alto, ou seja 42% (quarenta e dois por cento) das
pessoas que responderam ao questionrio expressam a insuficincia na quantidade de dias em
que o caminho passa na localidade onde reside para coletar o lixo.
Questo n 5
Quando no fica satisfeito com a coleta de lixo e com a limpeza de sua rua e/ou
cidade, qual a sua atitude?
41% - No reclama40% - Reclama, mas no adianta19% - Reclama e prontamente atendido
Aqui se observa que a maior parte da populao informa que reclama quando
no fica satisfeita com a limpeza de sua rua e com a coleta de lixo, sendo que 40% (quarenta
por cento) diz que reclama, mas que no adianta e, 19 % (dezenove por cento) reclama e
prontamente atendido. O percentual de pessoas que mesmo insatisfeitas no reclamam, alto,
ou seja, 41% (quarenta e um por cento), quase a metade da populao.
Vale aqui ressaltar, que foi feito levantamento junto ao setor competente para
verificar possveis reclamaes, e formalmente nada foi encontrado, apenas algumas
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reclamaes que compem revises somente na poca do pagamento do IPTU, objetivando
reduo do mesmo.
Destaca-se, que as reclamaes so como um termmetro para auxiliar a
Administrao Pblica, pois so necessrias quando determinado servio ineficiente.
atravs das mesmas, que o Poder Pblico pode centralizar esforos na busca de melhorias e
solucionar os problemas encontrados.
A populao deve ter em mente que a Administrao Pblica precisa de sua
participao, pois um de seus objetivos est pautado na busca pelo aperfeioamento e
melhoria na execuo da prestao do servio pblico.
Questo n 6
Voc ficou satisfeito com a retirada dos lates de lixo na localidade onde voc
mora? Se na sua localidade ainda no foram retirados os lates, favor desconsiderar essa
questo.
64% - Sim36% - No
Esta questo levou em considerao apenas o Distrito sede (Rio Claro) e Ldice
(2 Distrito), pois os lates esto sendo retirados gradativamente. O que pode ser observado
que a populao, apesar de uma resistncia inicial, passou a respeitar e a apoiar a atitude,
sendo responsvel pela entrega do seu lixo em sacolas plsticas e em horrio determinado. Os
que no concordam com a retirada dos lates, se justificam informando que no h onde
colocar o lixo, que o caminho da coleta passa cedo ou fora do horrio. Os que apiam,
informam que com a retirada dos lates, houve diminuio de lixo nas ruas, uma vez que os
mesmos eram quase sempre remexidos e derrubados por cachorros, o que atraia ratos, e ainda
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que atualmente a cidade est esteticamente mais limpa e bonita, e que cada morador se tornou
responsvel pelo seu lixo.
Questo n 7
Voc est satisfeito com o horrio de passagem do caminho que transporta olixo?
64% - Sim36% - No
Quanto ao horrio, mais da metade da populao est satisfeita,
principalmente nos centros dos Distritos, ressalvando que o percentual de 36%(trinta e seis
por cento) deve ser considerado, pois pode ser melhorado.
Questo n 8
Voc considera a sua cidade limpa em comparao h 5(cinco) anos atrs?
59% - Sim41% - No
Neste item verifica-se que a maior parte da populao considera sua cidade
mais limpa que h cinco anos atrs, sendo esta uma das vantagens com a terceirizao, o que
tambm demonstram as fotografias em anexo. Mesmo assim, os Distritos que compem o
Municpio de Rio Claro podem ficar mais limpos, tendo em vista que 41% (quarenta e um por
cento) das pessoas questionadas no consideram sua cidade mais limpa.
Questo n 9
As pessoas que residem em sua comunidade procuram meios de manter a cidadelimpa?
47% - Sim53% - No
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Outro fato questionado, que tem por base a educao, foi quanto manuteno
da limpeza urbana por parte da populao, pois no adianta o Municpio investir na
contratao de uma empresa, se a populao no faz a sua parte. Assim, verifica-se atravs do
resultado obtido que mais da metade da populao informa que em sua comunidade as
pessoas no procuram meios de manter a cidade limpa. Vale ressaltar, que em conversa
informal com muncipes e funcionrios que trabalham fazendo a limpeza urbana, foi
constatado que os alunos das redes municipal e estadual de ensino, so os principais
responsveis por sujarem as ruas aps a varrio.
Questo n 10
Voc concorda com a criao de uma lei para aplicao de multa s pessoas quejogam o lixo nas ruas?
92% - Sim8% - No
Observou-se no item anterior que a maioria das pessoas no procuram manter a
sua localidade limpa, faltando assim, uma conscientizao sobre o seu papel perante
sociedade em que vive. Assim a questo acima complementa a anterior, o que foi muito
satisfatrio Administrao Pblica, pois os atores envolvidos concordam com a criao de
uma lei para aplicao de multa s pessoas que jogam lixo nas ruas.
8.4 Os funcionrios contratados responsveis pela limpeza urbana
A aplicao do questionrio a alguns funcionrios da empresa contratada se
limitou aos que trabalham diretamente com a limpeza urbana. E os resultados so o seguinte:
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Questo 1
A empresa fornece os materiais necessrios para desenvolvimento de suas
atividades?
83% - Sim17% - No
O resultado obtido nesta questo, revelou que a empresa fornece os materiais
necessrios ao desenvolvimento das atividades, sendo que recebem uniformes e botas, alm
de outros materiais tais como, vassoura, carrinho de mo, saco plstico, p, carrinho, enxada,
protetor de ouvido, roadeira, peneira, culos, luvas, mscaras, de acordo com as atividades
desempenhadas. Os que mencionaram que no recebem, reclamam da demora no recebimento
de vassouras, luvas e uniforme. Esse fato deve tambm ser observado pela Administrao e
empresa Ambien, pois os valores dos materiais necessrios para fazer a limpeza e demais
atividades esto inclusos no valor recebido mensalmente pela empresa.
Questo 2
Qual o seu grau de satisfao com a sua empregadora?
33% - timo50% - Bom17% - Regular0% - Ruim
Quanto ao grau de satisfao dos funcionrios com a empregadora, chegou-se
ao percentual de: 33% - timo, 50% - Bom e 17% - Regular, portanto os mesmos esto
satisfeitos com a empresa, levando em considerao que esto com a CTPS assinada. Os
includos nos 17% (dezessete por cento) reclamam que quando so escalados em feriados e/ou
domingos, no recebem em forma de horas extras e sim em forma de folga.
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Questo 3
A empresa oferece meios de proteo aos seus trabalhadores?
33% - Sim67% - No
Conforme resultado, nota-se que a empresa est deixando a desejar quanto aos
meios de proteo, os que participam da varrio no possuem luvas para trabalhar, mas os
mesmos informaram que os funcionrios que trabalham diretamente na coleta do lixo e usina
de reciclagem e compostagem de resduos slidos recebem alm de uniformes e botas, luvas e
mscaras, para fins de proteo.
Apura-se atravs de levantamento fotogrfico, que o tipo de caminho que
recolhe o lixo no apropriado para tal finalidade, e acaba comprometendo a sade e
segurana dos funcionrios. Essa questo est visvel, e a Administrao precisa observar
com muito cuidado, pois como j foi dito, responsvel subsidirio.
Fig.5- Caminho de coleta de lixo
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Destaca-se, que foi feito um levantamento junto ao setor competente e
verificou-se que atualmente o Municpio est no Plo Passivo de uma Ao Indenizatria na
Justia do Trabalho de Angra dos Reis/RJ juntamente com a empresa Ambien. A ao est
sendo promovida pelos pais de um funcionrio da empresa que contava com 26 (vinte e seis)
anos de idade quando veio a falecer (2006) em virtude de um acidente. Tal fatalidade ocorreu
quando o mesmo estava exercendo a funo de gari e sendo transportado na caamba do
caminho em que trabalhava.
Questo 4
A empresa oferece treinamento ao funcionrio para realizao das atividades?
17% - Sim83% - No
Em contrapartida resposta da empresa quanto ao item treinamento,
constatou-se junto aos funcionrios que a empresa no oferece treinamento para realizao
das atividades de limpeza.
Questo 5
A populao demonstra respeito aos servios prestados por voc/Empresa
Ambien?
17% - Sim83% - No
Conforme resultado acima, essa questo complementa a questo 9 aplicada
populao, pois os funcionrios informam que a populao no demonstra respeito aos
servios prestados, relatando que os alunos que estudam no Municpio so os principais atores
responsveis por sujarem as ruas aps a varrio, ou seja preciso mais educao.
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9 CONSIDERAES FINAIS
Retornando questo 2 do questionrio aplicado populao, vale ressaltar, que
analisando separadamente os percentuais dos dados coletados, verificou-se que a parte da
populao que demonstrou maior insatisfao com os servios prestados, se concentra nos
Distritos de Passa Trs, Getulndia e So Joo Marcos (aglomerao populacional ocorre no
Macundu), sendo estes os mais distantes do centro do Distrito Sede.
Atravs de observaes em cada Distrito, e com conversas informais com a
populao, constatou-se tambm que em Passa Trs (4 Distrito) h apenas 2 (dois)
funcionrios contratados pela empresa vencedora da licitao, sendo que fazem apenas
varrio no centro distrital, e 1(uma) funcionria na Fazenda da Grama (parte de Passa Trs)
com a funo de juntar o lixo nos lates. Por isso, os servios de varrio, coleta de entulho,
pintura de guias e capina so realizados por funcionrios que pertencem ao quadro
permanente do Municpio em questo. A empresa contratada est focando seus servios na
coleta de lixo. O mesmo est ocorrendo em So Joo Marcos (3 Distrito) e Getulndia (5
Distrito). Mesmo assim, a maior parte da populao considera sua cidade, conforme resultado
da questo 8.
Quanto aos funcionrios contratados pela AMBIEN, notou-se que esto
concentrados em Rio Claro - Distrito sede e em Ldice (2 Distrito). Conforme Anexo B,
verifica-se que os funcionrios esto distribudos na varrio, coleta do lixo domiciliar, coleta
de entulho, capina, roada e operao de usina de reciclagem e compostagem.
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Fig.6- Usina de reciclagem
Fig.7- Caminho de coleta de entulho
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Fig.8- Varrio
Ressalte-se que a fiscalizao exercida pelo Municpio se d atravs de
observao e acompanhamento de relatrios solicitados mensalmente pela Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, o que no suficiente, pois o Municpio tem que observar
especialmente o princpio da eficincia, pois o administrado no possui apenas o direito
prestao do servio, mas a sua prestao satisfatria, clere e efetiva.
O Poder Pblico, atravs dos gestores e demais atores, precisam ter em mente
que a prestao de servios regida por princpios prprios, dentre eles, a igualdade dos
usurios perante o servio, a continuidade do servio pblico, a mutabilidade do regime
jurdico, a generalidade e a eficincia (DI PIETRO, 2005).
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Ressalte-se, que todos os atores envolvidos no processo precisam se conscientizar
tanto sobre seu papel na sociedade, quanto questo da limpeza urbana e da destinao final
do lixo, pois responsabilidade de todos, uma questo de preservao da sade pblica e
dos recursos naturais, e s atravs das atitudes que se fazem as mudanas, seja atravs de
terceirizao ou no.
fundamental adquirir e compartilhar conhecimento, promovendo um processo
de aprendizagem contnua, pois o conhecimento e sua disseminao fator primordial para a
promoo de mudanas, quer no setor privado ou no setor pblico.
Cabe destacar ainda, que o Municpio de Rio Claro pode ser especialista naquilo
que lhe compete, basta estar focado no cidado, investir na transformao da cultura para que
os servidores pblicos tenham em mente a misso de sua organizao e planejar
estrategicamente para atingir seus objetivos de forma exemplar, e talvez sem necessitar
contratar uma empresa especializada, pois o Poder Pblico.
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10 CONCLUSO
O trabalho realizado buscou responder a seguinte questo: quais as vantagens e
desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de
empresa especializada para a execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de
reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos?
Destaca-se, que imprescindvel a anlise discricionria da Administrao Pblicaa cerca da convenincia e da oportunidade de determinada contratao, uma vez que corre o
risco de pagar por duas vezes pelo mesmo servio.
No desenvolvimento do trabalho foi analisado o processo licitatrio, foram
identificadas as atividades efetivamente realizadas pela empresa contratada, bem como seus
processos, o nvel de satisfao da populao quanto aos servios prestados e dos funcionrios
da empresa, entre outras aes intermedirias para se chegar ao objetivo final.
Conforme se observou, o Municpio j possua uma usina de reciclagem e
compostagem, mas no tinha pessoal capacitado. Por isso, necessrio pensar a longo prazo,
ter uma viso de futuro, pois o mundo muda com uma rapidez enorme. Assim, a
Administrao Pblica precisa acompanhar a evoluo, buscando meios para inovar, para que
os usurios, fornecedores fiquem mais satisfeitos e confiantes na organizao. A cultura de
uma organizao pblica influencia todo processo de criao, implantao e sucesso de
qualquer estratgia.
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Em resposta a questo inicial, verificou-se no decorrer do trabalho algumas
vantagens advindas da terceirizao, tais como: tratamento dos resduos slidos municipais
dentro dos limites do Municpio, que uma deficincia nacional; independncia para lidar
com os funcionrios e cobrar rendimento e eficincia, questo de difcil gesto no servio
pblico; maior abrangncia dos servios prestados, integrao entre diversas reas, maior
satisfao da populao, melhoria na conservao dos logradouros e no aspecto esttico da
cidade; o custo atualmente praticado em funo do gerenciamento da usina, das obrigaes
sociais, do transporte e coleta dos resduos e da manuteno dos logradouros inferior ao
custo anterior licitao; possibilidade de aferio por parte do Gestor e substituio da
Empresa contratada em caso de insatisfao.
Quanto s desvantagens identificadas destacam-se: necessidade de criao de uma
estrutura de controle e fiscalizao eficiente, principalmente no que se refere Usina de
reciclagem e compostagem, responsabilidade subsidiria por inadimplemento de verbas
trabalhistas, falta de disponibilidade de fiscais para verificao dos servios prestados em
todos os Distritos e para fiscalizao da empresa contratada, de acordo com os princpios que
regem Administrao Pblica, diferenciao na prestao dos servios coletividade,
preocupao da empresa contratada apenas na coleta do lixo em 3(trs) Distritos (So Joo
Marcos, Passa Trs e Getulndia) e falta de cobrana por parte da populao.
Ressalte-se que a inteno do Municpio em terceirizar foi boa, e mesmo com as
vantagens e desvantagens identificadas, est no caminho certo, o que falta uma fiscalizao
eficaz, eficiente e efetiva .
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11 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
CARVALHO FILHO, Jos dos Santos.Manual do Direito Administrativo. 15 ed. rev. ampl.e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.Direito Administrativo, 18 ed. So Paulo: Atlas, 2005.
GASPARINI, Digenes.Direito Administrativo. 11 ed. rev.e atual. So Paulo: Saraiva, 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33 ed. So Paulo: Malheiros,2007.
PAULA, Dilma Andrade de.Histria de Rio Claro. 2 ed. Rio de Janeiro: Eletronuclear, 2007.POLONIO, Wilson Alves. Terceirizao: Aspectos Legais, Trabalhistas e Tributrios. SoPAULO: Atlas, 2000. p.97- 127.
RAMOS, Dora Maria de Oliveira. Terceirizao na Administrao Pblica. So Paulo: Ltr,2001.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatrios de Pesquisa em Administrao. 8 ed. SoPaulo: Atlas, 2007.
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ANEXO A LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DE ALGUNS SERVIOSPRESTADOS (LIMPEZA URBANA)
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ANEXO B LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DA USINA DE RECICLAGEM ECOMPOSTAGEM
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ANEXO C LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DE ALGUMAS RUAS DOMUNICPIO DE RIO CLARO/RJ
RIO CLARO (DISTRITO SEDE)
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LDICE (2DISTRITO)
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SO JOO MARCOS (3 DISTRITO)
MACUNDU (PERTENCENTE AO DISTRITO DE SO JOO MARCOS)
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PASSA TRS (4 DISTRITO)
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FAZENDA DA GRAMA ( PERTENCENTE A PASSA TRS)
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GETULNDIA (5DISTRITO)
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FUNDAO GETLIO VARGAS
O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.
Cludio Calada Fernandes Machado.
Rio de Janeiro2008
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FUNDAO GETLIO VARGAS
O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.
Cludio Calada Fernandes Machado.
Trabalho de concluso de curso apresentado EscolaBrasileira de Administrao Pblica- E.B.A.P. daFundao Getlio Vargas no Curso Intensivo de Ps-Graduao em Administrao Pblica- C.I.P.A.D. comorequisito parcial para a obteno de grau de especialistaem Administrao Pblica.
Rio de Janeiro2008
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FOLHA DE APROVAO
O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.
Cludio Calada Fernandes Machado
Trabalho de concluso de curso apresentado EscolaBrasileira de Administrao Pblica- E.B.A.P. daFundao Getlio Vargas no Curso Intensivo de Ps-Graduao em Administrao Pblica- C.I.P.A.D. comorequisito parcial para a obteno de grau de especialistaem Administrao Pblica.
Habilitao: Administrao Pblica
Data de Aprovao ___/__/__
Banca Examinadora:
_____________________________
_____________________________
_____________________________
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho acadmico aos meus queridos pais, por todo amor e carinho que
sempre me deram, inclusive nas horas mais difceis desta caminhada. Rogo a DEUS, do fundo
do meu corao, que no me falte oportunidades para, cada vez mais, trazer-lhes novas
alegrias.
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AGRADECIMENTOS
Muitos so os agradecimentos, que palavras se tornam insuficientes para exprimir
minha gratido.
Primeiramente, agradeo a DEUS por demonstrar que a luz sempre se far presente
em nossa caminhada.
Ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Escola de Contas e Gesto,
pela grande oportunidade oferecida a todos os servidores pblicos que, assim como eu, seesforaram para participar deste projeto.
A todos os mestres, funcionrios e colegas da Fundao Getlio Vargas que
partilharam comigo de momentos inesquecveis, os quais, certamente, ficaro guardados para
sempre em minha memria.
Maria Jos, por todo apoio, exemplo de f e coragem que me motivam a seguir
adiante.
Juliana, por muitas razes, mas principalmente, por existir em minha vida.Por fim, agradeo a todos os bons amigos que sempre estiveram presentes nas horas
incertas.
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EPGRAFE
[...] creio no governo do povo pelo povo; creio, porm, que o governo do povo pelo povo
tem base de sua legitimidade na cultura da inteligncia nacional pelo desenvolvimento
nacional do ensino, para o qual maiores liberalidades do Tesouro constituiro sempre o mais
reprodutivo emprego da riqueza pblica; creio na tribuna sem frias e na imprensa semrestries, porque creio no poder da razo e da verdade; creio na moderao e na tolerncia,
no progresso e na tradio, no respeito e na disciplina, na impotncia fatal dos incompetentes
e no valor insupervel das capacidades.
Ruy Barbosa.
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RESUMO
Este trabalho buscou demonstrar, atravs de pesquisa bibliogrfica, a importncia do
controle social para o desenvolvimento do Estado Democrtico de Direito, para os objetivos
da Repblica e para o novo modelo gerencial pblico, o qual passou a vigorar no Brasil aps a
promulgao da Constituio da Repblica de 1988 e das sucessivas reformas ocorridas na
dcada de noventa do sculo XX.
A proposta, no entanto, foi apresentar novos caminhos para o desenvolvimento do
controle social, mediante aes educativas e de integrao do controle externo institucionalcom controle social.
Esta mudana de paradigma partiu da premissa de que rgos pblicos, no caso
especfico, Tribunais de Contas e Escolas de Contas, tambm possuem responsabilidades
sociais, que na hiptese se traduzem especificamente em preparar os cidados e a sociedade
civil para melhor exercerem suas prerrogativas.
Por fim, cabe enfatizar que, caso tais medidas sejam implementadas, possvel
prever uma aumento na eficcia do controle social e na efetividade das polticas pblicaspromovidas pelos trs nveis de governo.
Palavras-Chave: Controle Social, Tribunais de Contas, desenvolvimento do
controle social, aes educativas e integrativas, eficcia, eficincia e efetividade.
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SUMRIO
1- INTRODUO .................................................................................................................02
1.1 O Problema......................................................................................................................04
1.2 Objetivos ........................................................................................................................05
1.2.1 Objetivo Final ...........................................................................................................05
1.2.2 Objetivos Intermedirios ..........................................................................................05
1.3 Delimitao e Relevncia do Estudo ..............................................................................06
1.4 Metodologia.....................................................................................................................06
2- A FUNO CONTROLE.................................................................................................072.1 Aspectos histricos e filosficos......................................................................................07
2.2 Origem e conceituao do controle lato sensu.................................................................10
2.2.1 Quanto ao sentido lxico............................................................................................11
2.2.2. Quanto ao sentido da Cincia Jurdica......................................................................11
2.2.3. Quanto ao sentido da Cincia da Administrao......................................................12
2.3 Classificao da funo controle lato sensu....................................................................13
2.3.1. Classificao jurdica de controle.............................................................................133- ASPECTOS RELEVANTES DO CONTROLE SOCIAL..............................................16
3.1. origem e conceituao do controle social.......................................................................16
3.2 Caractersticas do controle social.....................................................................................18
3.3 O controle social como corolrio do Estado Democrtico de Direito e do Princpio
Republicano...........................................................................................................................19
3.4 O controle social e a administrao pblica gerencial.....................................................26
3.4.1 O surgimento do modelo gerencial e suas caractersticas..........................................263.4.2 A importncia do controle social para o modelo gerencial........................................30
4- A MISSO INSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DE CONTAS, APS A LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL........................................................................................ 34
5- PROPOSTAS DE AES PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE
SOCIAL...................................................................................................................................37
5.1 O Frum de Controle Social............................................................................................39
5.2 O Programa de Educao Fiscal (PROEFIS)...................................................................40
6- CONCLUSO.....................................................................................................................42
7- BIBLIOGRAFIA................................................................................................................44
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1- INTRODUO:
Aps a promulgao da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, em 1988, o
pas iniciou um processo de transio de uma democracia de elites para uma democracia de
sociedade civil (Bresser - Pereira, 2000)1. A partir de ento, foi possvel notar o aumento da
participao popular, atravs do exerccio pleno da cidadania.
Juntamente com este fenmeno, tambm surgiram os chamados movimentos da
sociedade civil, os quais foram constitudos, em grande parte, sob a forma de organizaes
no governamentais. Dentre as reivindicaes feitas, estavam aquelas que exigiam do Poder
Pblico maior transparncia e eficincia na execuo de seus servios.
Alm disso, com o restabelecimento da liberdade de informao, a imprensa passou a
ter um papel fundamental na formao da opinio pblica, servindo de instrumento social
para o aprimoramento das instituies democrticas.
Diante da soma desses fatores (democracia, sociedade civil e imprensa livre) eclodiu
o controle social, que passou a reivindicar mudanas na Administrao Pblica, no apenas no
sentido de contrapor-se s prticas que se desviavam do interesse pblico, mas tambm,
propondo parcerias com o Poder Pblico na busca de solues, a partir de uma viso de fora
para dentro do ambiente organizacional.
No cenrio externo, o mundo iniciava o processo de globalizao, promovido pelarevoluo tecnolgica e pelas transformaes no contexto econmico, que obrigou os pases a
se adaptarem a uma nova realidade, para dar continuidade ao processo de desenvolvimento.
Em razo disso, foi preciso repensar o papel da Administrao Pblica para que ela
pudesse interagir de maneira satisfatria com a nova ordem que estava emergindo. Muitas
naes passaram a investir em projetos de qualidade contnua na gesto pblica, utilizando-se
1 Afirmao feita pelo aludido autor no captulo Da Poltica de Elites Democracia de Sociedade Civil- apudReis Velloso, ( 2000, p. 517-538).
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de tcnicas de benchmarking2, para adotar polticas pblicas mais eficientes e que
permitissem maior captao de investimentos externos.
Desde ento, a gesto pblica vem passando por um processo de transmisso do
modelo burocrtico weberiano para o modelo gerencial (managerialism), conforme asseverou
Pollitt (1993) 3, sobretudo aps as experincias ocorridas, na dcada de noventa, em certos
pases da Europa e nos Estados Unidos.
O principal argumento para tais mudanas, estava na constatao de que o modelo
burocrtico, criado por Max Weber, e que fora amplamente utilizado no sculo XX, no
correspondia mais s demandas da sociedade.
Foi percebendo tais acontecimentos que, em setembro de 1995, o Governo Federal
apresentou a chamada reforma gerencial, mediante o Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado. Em linhas gerais sua misso tinha por escopo fixar novos paradigmas para a
Administrao Pblica, a fim de torn-la mais eficiente.
Muitas medidas foram adotadas, dentre elas, destacaram-se as privatizaes, as
emendas constitucionais (reforma administrativa e previdenciria) e as leis
infraconstitucionais, que trataram de temas como: a concesso de servios pblicos, agncias
reguladoras, organizaes sociais e da sociedade civil, lei de responsabilidade fiscal, parcerias
pblico-privadas e consrcios pblicos.
Convm observar que os fatos anteriormente narrados inauguram o presente trabalhopara demonstrar a convergncia de interesses da democracia da sociedade civil e do modelo
gerencial com os do controle social, uma vez que todos eles objetivam melhorar a qualidade
da gesto pblica.
2 Segundo Geraldo Duarte, in Dicionrio de Administrao (pgina 160), benchmarking a sondagem tcnicasistemtica e contnua de medida comparativa das prticas e do desempenho de uma organizao, em relao outra reconhecidamente excelente.3 Extrado do texto: Managerialism and public service de Cristopher , conforme referncia bibliogrfica.
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Aduza-se que, com a vigncia da Lei Responsabilidade Fiscal, o controle social
passou a ter maior relevncia, em razo do papel estratgico atribudo participao popular4
para assegurar maior transparncia na gesto fiscal, que um dos pilares da accountability5
.
Entretanto, at hoje se constata que a participao popular nas audincias pblicas,
durante o processo de elaborao e discusso das leis oramentrias, tem sido exercida de
forma pouco apropriada, considerando o desconhecimento de grande parte dos cidados no
uso de suas reais prerrogativas. por este motivo que a eficcia do alto controle social fica,
decididamente, comprometida.
Uma alternativa vivel para suprir esta carncia seria utilizar a excelncia tcnica do
Tribunal de Contas em favor da dinmica do controle social, atravs de aes educativas
voltadas para difundir, junto sociedade, os fundamentos do controle social enquanto
expresso da cidadania.
Assim sendo, este o pano de fundo que sustenta este tema e cujos aspectos mais
relevantes sero desenvolvidos nos captulos seguintes.
1.1 O problema:
Conforme se depreende pelas consideraes iniciais, o presente trabalho buscou
responder como o controle social poderia ser aprimorado pelo Tribunal de Contas,especialmente quanto eficcia da participao popular na gesto fiscal.
Para tanto, o tema e o problema foram correlacionados com a consolidao da
democracia no pas, enquanto regime poltico, diante da necessidade e oportunidade de se
promover um amplo debate sobre os novos passos a serem dados na efetivao do exerccio
da cidadania plena e dos objetivos fundamentais da Repblica.
4 Vide pargrafo nico do artigo 48 da LRF (Lei Complementar 101 de 04/05/2000).5 Refere-se ao conceito anglo-saxo que se aproxima da expresso responsabilidade fiscal e foi adotada peladoutrina fiscal ptria, aps a LC 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
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1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo final
O objetivo final deste trabalho foi propor o aprimoramento do controle social pelo
Tribunal de Contas, atravs de cursos, palestras e seminrios destinados aos cidados e
ministrados pela Escola de Contas e Gesto em parceria com instituies pblicas e privadas
de notria excelncia sobre o assunto.
1.2.2 Objetivos Intermedirios
Este trabalho tambm teve como objetivos intermedirios:
Demonstrar a relevncia do controle social e do Tribunal de Contas
para o bom funcionamento da democracia da sociedade civil e do novo
modelo gerencial pblico, atravs de anlise bibliogrfica dos aspectos
administrativos e jurdicos que envolvem o tema;
Propor a implantao, pelo Tribunal de Contas, do Programa de
Educao Fiscal (PROEFIS), destinado aos cidados e ministrado pelaEscola de Contas e Gesto em pareceria com instituies pblicas e privadas
de notria excelncia;
Difundir a cultura fiscal perante a sociedade civil e seus cidados a fim
de aumentar a qualidade do exerccio do controle social como forma de
expresso da cidadania;
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Aproximar e integrar o controle externo exercido pelo Tribunal de
Contas com o controle social, atravs de um Frum de Controle Social, com
a participao de rgos de controle institucional, tais como: Tribunais de
Contas, Controladoria - Geral; Ministrio Pblico e a sociedade civil
organizada (ONG s, Os e etc.), aberto ao pblico em geral.
1.3 Delimitao e Relevncia do Estudo
O trabalho em tela se limitou a estudar de que forma o Tribunal de Contas poderia
aprimorar o controle exercido pela sociedade civil e seus cidados, no mbito da gesto fiscal.
Portanto, no est inserido no presente contexto o aprimoramento do exerccio do controle
social junto a outros rgos.
Por se tratar de tema bastante amplo, cujo carter interdisciplinar oferece inmeras
possibilidades, esta pesquisa tambm sofreu limitao quanto ao contedo doutrinrio
analisado, na medida em que somente foram abordados aspectos administrativos e jurdicos
vinculados ao objeto estudado.
Embora o presente estudo seja terico, sua relevncia est em propor solues para
uma questo fundamental e relativa ao Estado Democrtico de Direito, que o controle social
e a participao popular como instrumentos de proteo dos interesses republicanos,assegurados pela Constituio da Repblica de 1988.
1.4 Metodologia
No tocante metodologia aplicada neste trabalho, podemos dizer que o tipo de
pesquisa foi, quanto aos meios, bibliogrfica, porque se utilizou da literatura tcnica para
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extrair elementos jurdicos e de administrao pblica que serviram de base para a
fundamentao terico-metodolgica, como por exemplo: conceitos, classificaes, naturezas
jurdicas, princpios e normas de direito constitucional e administrativo, bem como teorias da
administrao, mtodos e planejamentos.
Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva, explicativa e aplicada. Descritiva, porque
pretendeu apresentar o controle social no Brasil e sua atual realidade. Explicativa, porque
procurou esclarecer a importncia do desenvolvimento do controle social no Brasil. E por
ltimo, aplicada, na medida em que sua finalidade prtica foi apresentar propostas para o
desenvolvimento do controle social.
Sobre a coleta de dados, a presente pesquisa analisou livros, revistas especializadas,
jornais, sites de internet e outros meios de informao postos disposio, tais como:
consultas a monografias, relatrios de pesquisa, dissertaes e teses.
O mtodo de pesquisa utilizado no tratamento dos dados foi o da anlise de
contedo, uma vez que a abordagem foi feita com base na literatura coletada a fim de
estabelecer as inferncias necessrias ao bom desenvolvimento do trabalho.
Por fim,no que pertine limitao do mtodo a opo feita foi pela grade fechada,
uma vez que foram estabelecidas, a priori, quais as categorias seriam analisadas na pesquisa e
que se utilizariam da literatura especializada.
2- A FUNO CONTROLE
2.1 Aspectos histricos e filosficos:
Por muitas vezes ouvimos falar sobre o controle, sem notarmos a amplitude
semntica deste vocbulo e o quanto ele importante para o progresso de uma nao. Basta
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observarmos os fatos cotidianos ocorridos em todo mundo, veiculados pela mdia, para
compreendermos, claramente, a necessidade do seu constante aprimoramento. Evidencia-se,
que onde no h controle, no h ordem e, sem ordem, no h progresso - mas sim, a barbrie
retratada pelos quadros dantescos.
Foi por esta razo que vrios filsofos clssicos desde os iluministas at os
contemporneos seguidores de Habermas6, detiveram-se em abordar sobre este assunto, mas
sob prismas diversos.
No entanto, aquele que melhor se expressou sobre a importncia do controle, foi
Montesquieu, em sua obra intitulada: Do Esprito das Leis. Nela, uma clebre passagem que
se destaca no Captulo IV, do Livro XI, tornou-se primordial para todo o entendimento acerca
da Teoria da Separao dos Poderes e dos fundamentos do controle como funo essencial
para a proteo da res pblica.
Dizia o Baro de Montesquieu:
Para que no se possa abusar do poder, preciso que, pela
disposio das coisas, o poder detenha o poder.
A partir desta mxima, deveras parafraseada pela doutrina, firmou-se o
entendimento de que o poder no pode ser absoluto, devendo sofrer limitaes, para que no
venha a se desvirtuar de seus fundamentos instituidores.
Assim, o filsofo iluminista passou a desenvolver sua teoria sustentando que muitoembora o poder seja uno e indivisvel, suas funes deveriam ser distribudas essencialmente
em trs: a executiva, a legislativa e a jurisdicional e que elas deveriam atuar de maneira a
exercer controle recproco (ou mtuo).
6 Jrgen Habermas, filsofo alemo da escola de Frankfurt, autor da Teoria da Ao Comunicativa, dentre outrasobras.
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Cabe, entretanto, ressaltar que sua obra fora inspirada em conceitos baseados na
ptica aristotlica, que j na Grcia antiga, inaugurava este pensamento, sem, contudo,
desenvolv-lo com a mesma consistncia do filsofo francs.
Alis, outro aspecto de extrema importncia para a compreenso do tema foi
estabelecido no captulo anterior da obra de Montesquieu, no qual ao discorrer sobre o que a
liberdade, se aproximou das idias de Locke para fundar sua teoria, sob o argumento de que a
liberdade de todos dependia dos limites impostos a todos, atravs do primado da lei.
Esta aluso acabou por vincular a idia de liberdade ao princpio da legalidade,
estabelecendo tambm limites atuao do Estado perante o cidado e moldando o sistema de
checks and balances.
do conjunto de idias expostas que podemos inferir o seguinte: controle a
limitao do poder pelo poder.
A teoria de Montesquieu passou a ter grande influncia na formao do chamado
EstadoNao, que surge aps o incio da Revoluo Francesa e da Declarao dos Direitos
do Homem e do Cidado de 1789.
Alis, com relao sobredita Declarao, dois artigos demonstram, nitidamente, a
influncia iluminista da separao de poderes e do controle exercido pela sociedade. So eles:
Artigo 16: Qualquer sociedade em que no esteja assegurada
a garantia dos direito, nem estabelecida a separao dos
poderes no tem Constituio.
Artigo 15: A sociedade tem o direito de pedir contas a todo
agente pblico pela sua administrao.
Desde ento, estas regras, que esto plasmadas nos direitos humanos de primeira
gerao, verteram-se em marcos histricos para o desenvolvimento do controle (seja o de
natureza institucional ou social) e passaram a ser positivadas, em grande parte nas
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Constituies democrticas contemporneas, como por exemplo, a dos Estados Unidos,
Frana e Brasil (1988).
2.2 Origem e conceituao do controle (lato sensu):
Quanto ao surgimento do controle, no existe consenso entre os historiadores acerca
da origem, mas, sabe-se que so remotas e derivam dos primrdios da organizao humana
em cidades.
Segundo Lima (2007, p.01), h quem veja exemplos de atuao do controle na
organizao dos faras do antigo Egito, entre os hindus, chineses e os sumrios, ou em
instituies presentes na Atenas do Sculo de Ouro (sculo V- a.C.).
Acerca da etimologia da palavra controle, cabe dizer que tem origem francesa,
contre-rle, assim como do latim medieval contrarotulus, de acordo com a pesquisa de
Guerra (2005, p.89) apud Lima (2007, p.02).
No entanto, como ressaltou Mileski (2003, p.137), embora hoje a palavra j seja
perfeitamente integrada linguagem jurdica nacional, sendo de uso corrente no Direito
Pblico, houve tempo em que a sua utilizao foi alvo de severas criticas por parte dos
puristas da linguagem que no admitiam galicismos, por entender que no portugus havia
termo adequado - fiscalizaopara indicar o sentido tcnico.Porm, esta controvrsia somente fora dirimida aps o posicionamento doutrinrio
de Meirelles (2001, p.624), mediante sua preciso tcnica:
A palavra controle de origem francesa (contrle) e por isso
sempre encontrou resistncias entre os cultores do vernculo.
Mas por ser intraduzvel e insubstituvel no seu significado
vulgar ou tcnico, incorporou-se definitivamente no nosso
idioma, j constando dos modernos dicionrios da lngua
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portuguesa nas vrias acepes, e, no direito ptrio, o conceito
controle foi introduzido e consagrado por Seabra Fagundes
desde a publicao de sua insupervel monografia, O controle
dos atos administrativos do Poder Judicirio (1 ed.,1941).
Muitos so os conceitos de controle, haja vista o seu carter interdisciplinar, por
este motivo que pedimos vnia para apresentarmos algumas das definies que melhor
exprimem as linhas de pensamento expostas neste estudo.
2.2.1 Quanto ao sentido lxico:
De acordo com o Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa, controle, na primeira
acepo :
Monitorao ou fiscalizao minuciosa de acordo com
padres e normas
2.2.2 Quanto ao sentido da Cincia Jurdica, nos esclarece Carvalho Filho
(2008, p.836):
... controle da Administrao Pblica o conjunto de
mecanismos jurdicos e administrativos por meio dos quais se
exerce o poder de fiscalizao e de reviso da atividade
administrativa em qualquer das esferas de poder.
Cabe aqui uma observao que julgamos ser oportuna, para justificar os motivos
pelos quais no foram utilizadas as conceituaes de Meirelles (2001, p.624) e Di Pietro
(2008, p.691). Em primeiro lugar, a conceituao do saudoso jurista certamente brilhante,
contudo, definecontrole como sendo uma faculdade, o que, a nosso sentir, data vnia, no
retrata a realidade, mas, sim, um poder-dever, conforme bem asseverou Di Pietro (2008,
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p.691). J no tocante a definio de controle apresentada pela laureada professora da USP,
cabe apenas uma humilde reserva, a de que o exerccio do controle da administrao pblica
no exercido apenas por rgos dos poderes constitudos, mas tambm pelos cidados,
atravs do controle social que exgeno7, ou seja, exercido de fora para dentro do ambiente
organizacional, razo pela qual o conceito de Di Pietro, muito embora seja altamente
profcuo, no seria o mais adequado nesta pesquisa.
Logo, com base em tais argumentos, optamos por empregar o conceito de Carvalho
Filho (2008, p.836), haja vista que por conter uma definio mais aberta no est a excluir a
importncia do exerccio do controle social que um dos corolrios da democracia de
sociedade civil, razo pela qual no se exerce controle apenas pelos rgos do Estado.
2.2.3 Quanto ao sentido da Cincia da Administrao:
Segundo Chiavenato (2007,334):
A essncia do controle consiste em verificar se atividade
controlada est ou no alcanando os seus resultados
desejados. Quando se fala em resultados desejados, parte-se do
princpio de que esses resultados foram previstos e precisam
ser controlados. Ento, o controle pressupe a existncia de
objetivos e planos, pois no se pode controlar sem planos, para
definir o que deve ser feito. O controle verifica se a execuo
est de acordo com o que foi planejado. Quanto mais
complexos, definidos e coordenados forem os planos e quanto
maior for o perodo de tempo envolvido, tanto mais complexo
ser o controle.
7 Esta afirmativa de Carvalho Filho (2008, p.844), conforme referncia bibliogrfica anexa.
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No obstante todos esses significados, o controle tambm uma funo
administrativa, e como tal deve ser exercida, numa democracia, no apenas pelo Estado, mas
tambm por toda a sociedade.
2.3 Classificao da funo controle (lato sensu)
A classificao da funo controle tambm bastante variada, dependendo do autor
e do enfoque que se queira dar. Conforme se observa nas doutrinas das cincias jurdica e
administrativa, muitas so as possibilidades, razo pela qual, abordaremos apenas aquelas
classificaes que sustentam os objetivos deste estudo.
2.3.1 Classificao jurdica de controle:
A classificao jurdica de controle abaixo analisada encontrada na doutrina de
forma pacfica e foi extrada de Meirelles (2001, p.625), Di Pietro (2008, p.691), Carvalho
Filho (2008, p.838) e Borges (2004, p.489), apenas nos pontos em que se comunicam:
Quanto ao rgo controlador, o controle pode ser:
1) Administrativo- origina-se da prpria Administrao Pblica -
autotutela (Smulas 346 e 473 do STF);
2) Legislativo - exercido por meio do Poder Legislativo (Congresso
Nacional ou por cada uma de suas casas legislativas) Ex: art. 49 da
CRFB/88 ou com o auxlio do Tribunal de Contas - Ex: art. 71 da
CRFB/88;
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3) Judicial - levado efeito pelo Poder Judicirio (art.5 , inciso
XXXV, da CRFB/88).
Quanto ao momento (ou oportunidade) o controle :
1) Prvio (preventivo) ou (a priori) visa a impedir a prtica do
ato ilegal ou contrrio ao interesse pblico- (art.49, II, III, XV,XVI; art.
52, III, IV, V da CRFB/88);
2) Concomitante no mesmo instante da atuao administrativa -
sistema de auditoria;
3) Posterior (ou a posteriori) rever os atos j praticados - visa
corrigir, desfazer, confirmar aprovao ou homologao, revogao,
convalidao e anulao.
Quanto origem (ou extenso do controle):
1) Interno - cada Poder exerce sobre seus prprios atos (art.70 a 74
da CRFB/88);
2) Externo - a cargo do Congresso Nacional com auxlio do
Tribunal de Contas ou por via do Poder Judicirio (art.5 XXXV, da
CRFB/88);
Cabe tambm aduzir que o controle externo, segundo Meireles (2001, p.626),
tambm pode ser o popular (controle externo popular) - que seria o previsto no artigo 31,
pargrafo 3, da CRFB/88 determinando que as c