a terceirização na administração pública

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  • 7/30/2019 A Terceirizao na Administrao Pblica

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    FUNDAO GETULIO VARGAS

    ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAO PBLICA E EMPRESAS

    CURSO DE PS-GRADUAO INTENSIVA EM ADMINISTRAO PBLICA

    CIPAD 3

    A TERCEIRIZAO NA ADMINISTRAO PBLICA: VANTAGENS E

    DESVANTAGENS

    Por

    Ana Cludia Adriano Machado

    Rio de Janeiro

    2008

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    A TERCEIRIZAO NA ADMINISTRAO PBLICA: VANTAGENS E

    DESVANTAGENS

    por

    Ana Cludia Adriano Machado

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado aoCurso Intensivo de Ps-Graduao emAdministrao Pblica (CIPAD 3), como requisitopara obteno do ttulo de Especialista emAdministrao Pblica.

    Rio de Janeiro2008

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    A Deus, pela presena constante em minha vida.A toda minha famlia, pelo suporte e incentivo...Enfim aos que muito me ajudaram, sacrificando suas vidas para que eurealizasse o meu desejo, compartilhando minhas alegrias e tristezas.

    Ana Cludia Adriano Machado

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    Estratgia a arte ou cincia de saberidentificar e empregar meios disponveis paraatingir determinados fins, apesar de a eles seoporem obstculos e/ou antagonismosconhecidos.

    Sun Tzu

    Planos no so nada; planejamento tudo.

    Dwight D.Eisenhower

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a todos pela confiana depositada em mim, por acreditarem no meu esforo, na

    minha determinao.

    Quero aqui expressar meu sentimento de gratido e apreo para com todos os mestres, que

    tanto fizeram para que pudssemos chegar at aqui. Agradeo tambm pela amizade, pela

    orientao, pela capacidade de transmitir seus conhecimentos de forma leal e esperanosa,

    sem deixar de acreditar em cada um de ns.

    A todas as pessoas que contriburam de alguma forma no desenvolvimento deste trabalho.

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    RESUMO

    Este trabalho objetivou identificar as vantagens e desvantagens para a

    Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de empresa especializadapara a execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de reciclagem ecompostagem de resduos slidos urbanos. Foram analisadas as publicaes de autoresbrasileiros, bem como realizada pesquisa de campo para levantamento de dados concretos

    junto aos responsveis pela empresa contratada, funcionrios da mesma, e populao e aindaum levantamento fotogrfico com o fim de comprovar visualmente e qualitativamente aprestao dos servios contratados e seus processos. Chegou-se concluso que, o Municpioest no caminho certo, o que falta uma fiscalizao eficaz, eficiente e efetiva.

    Palavras Chave: Terceirizao, Administrao Pblica, Servio Pblico

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    SUMRIO

    1. INTRODUO.....................................................................................................................1

    2. O PROBLEMA.....................................................................................................................2

    3. OBJETIVOS..........................................................................................................................33.1 Objetivo final..................................................................................................................33.2 Objetivos intermedirios................................................................................................3

    4. DELIMITAO DO ESTUDO...........................................................................................4

    5. RELEVNCIA DO ESTUDO.............................................................................................5

    6. METODOLOGIA.................................................................................................................66.1 Tipo de Pesquisa...............................................................................................................66.2 Universo e Amostra.........................................................................................................76.3 Seleo dos Sujeitos.........................................................................................................86.4 Coleta de Dados...............................................................................................................86.5 Tratamento de Dados.....................................................................................................106.6 Limitaes do Mtodo...................................................................................................10

    7. REFERENCIAL TERICO..............................................................................................116.1 Conceito de Terceirizao...............................................................................................116.2 Terceirizao na Administrao Pblica.........................................................................116.3 A Terceirizao no Municpio de Rio Claro RJ..............................................................126.3 Vantagens da Terceirizao............................................................................................136.5 Desvantagens da Terceirizao.......................................................................................13

    8. ANLISE DOS RESULTADOS........................................................................................148.1 O Processo Administrativo.............................................................................................148.2 Dados coletados junto empresa contratada (Ambien)..................................................158.3 A prestao dos servios aos olhos da populao...........................................................218.4 Os funcionrios contratados responsveis pela limpeza urbana.....................................27

    9.CONSIDERAES FINAIS..............................................................................................3110. CONCLUSO...................................................................................................................35

    11. REFERNCIAS BILIOGRFICAS...............................................................................37

    ANEXO A: Levantamento fotogrfico dos servios prestados...............................................38

    ANEXO B: Levantamento fotogrfico sobre a usina de reciclagem e compostagem.............40

    ANEXO C: Levantamento fotogrfico sobre a limpeza urbana de algumas ruas...................43

    ANEXO D: Relatrio encaminhado Secretaria Municipal de Meio Ambiente.....................44

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    1 INTRODUO

    Vivemos em um mundo globalizado economicamente, em que a tecnologia, a

    sociedade, a poltica, a cultura esto constantemente se renovando, e diante da flexibilidade,

    acabam gerando mudanas em diversos setores, refletindo diversas transformaes nas

    organizaes e no cenrio mundial. Por isso preciso que a administrao procure meios de

    se adequar aos novos modelos para melhor execuo de suas atividades, pois se faz necessrioqualificao para atender melhor aos anseios da coletividade.

    Um dos problemas que aflige o mundo o lixo, que de forma geral, de alta

    complexidade ambiental, social e econmica, o que faz surgir a necessidade de um novo

    posicionamento do Poder Pblico, com o fim de garantir para toda populao um ambiente

    que assegure boas condies de vida.

    A Administrao Pblica, com vistas a aperfeioar e melhorar a prestao dos

    servios pblicos muitas vezes lana mo da terceirizao, ou seja transfere a terceiros a

    realizao de determinados servios, cuja interrupo poderia comprometer o andamento da

    mquina administrativa.

    O presente trabalho o resultado de estudos elaborados sobre a terceirizao na

    Administrao Pblica no mbito do Municpio de Rio Claro/ RJ, ressaltando que no se

    pretende avaliar as decises assumidas pelos gestores do Municpio de Rio Claro nos

    processos de terceirizao, mas sim oferecer suporte para futuras decises e contribuir para o

    estudo do tema.

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    2 O PROBLEMA

    O Municpio de Rio Claro-RJ, especfico no estudo em tela, est localizado na

    Regio do Mdio Paraba e dividido em 5 (cinco) Distritos: Rio Claro-Distrito Sede; Ldice-2

    Distrito, So Joo Marcos-3 Distrito; Passa Trs-4 Distrito e Getulndia-5 Distrito. A

    distncia mdia entre os Distritos de aproximadamente 20 (vinte) quilmetros.

    O Municpio em estudo possui uma rea total de 868 Km2 e um total de 17.216(dezessete mil, duzentos e dezesseis) habitantes, de acordo com o Censo do IBGE (2007),

    tendo como atividades econmicas principais a agricultura, a pecuria e a avicultura (presente

    com a atuao da Empresa Rica). A arrecadao municipal est basicamente no FPM (Fundo

    de participao dos Municpios), nos royalties, que possuem valores irrisrios e demais

    verbas especficas.

    Diante disso, a administrao optou por contratar uma empresa atravs de um

    procedimento licitatrio, com a finalidade de reduzir custos, aumentar a eficincia e a

    produtividade, ter um maior controle dos servios prestados aos muncipes e ainda promover

    a reciclagem e compostagem do lixo urbano produzido no Municpio de Rio Claro/RJ.

    Devido complexidade do assunto, se fez necessrio um estudo claro e objetivo

    para que os gestores e a populao sintam-se mais esclarecidos quanto aos pontos positivos e

    negativos advindos de uma terceirizao. Por isso buscou-se responder a seguinte questo:

    quais as vantagens e desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro

    na contratao de empresa especializada para a execuo de servios de limpeza urbana,

    operao de usina de reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos?

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    3 OBJETIVOS

    3.1 Objetivo Final

    O objetivo final do estudo se baseou em identificar as vantagens e desvantagens

    para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de empresa

    especializada terceirizada para execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de

    reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos.

    3.2 Objetivos Intermedirios

    Para atingir o objetivo principal, se fez necessrio traar alguns objetivos

    intermedirios, que levou aos seguintes procedimentos, conforme descrio a seguir:

    - anlise do procedimento licitatrio;

    - identificao das atividades, bem como seus processos na empresa contratada;

    - verificao visual quanto execuo dos servios contratados a contento;

    - levantamento junto comunidade o grau de satisfao quanto prestao dos

    servios;

    - anlise da reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos;

    - verificao da existncia de aes trabalhistas contra a empresa contratada e o

    Municpio;

    - identificao e anlise das principais caractersticas encontradas na prestao dos

    servios da empresa contratada com apoio da sociedade.

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    4 DELIMITAO DO ESTUDO

    O estudo limitou-se a abordar a terceirizao, identificando as vantagens e

    desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de

    empresa especializada para execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de

    reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos.

    O trabalho procurou abordar o tema de forma a explorar qualitativamente os

    dados coletados no contexto atual do Municpio.

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    5 RELEVNCIA DO ESTUDO

    Pretende-se que os dados levantados pelo TCC auxiliem gestores e sociedade a

    refletirem sobre a terceirizao na realidade atual, para que possam direcionar seus esforos

    na obteno de benefcios em favor da coletividade e do interesse local, uma vez que a

    Administrao Pblica precisa analisar no s os custos, mas tambm a qualidade, pois se no

    o fizer, pagar por um produto ou por um processo de produo, correndo o risco de ter que

    refazer tudo com mo-de-obra prpria.

    Uma melhor compreenso sobre as vantagens e desvantagens na contratao de

    empresa terceirizada fornece subsdios para os gestores conduzirem de forma mais eficaz a

    sua relao, seja com a empresa contratada, indivduos terceirizados, populao e os prprios

    servidores do quadro permanente, pois tero maior conhecimento das possibilidades de gesto

    de seus processos e das melhores prticas para se realizar um processo de terceirizao.

    Espera-se que este trabalho seja uma ferramenta para subsidiar os gestores a

    realizarem as mudanas necessrias com base nos valores e comportamentos preconizados

    pela Administrao Pblica, viabilizando a reviso dos processos internos com vistas maior

    eficincia e eficcia.

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    6 METODOLOGIA

    Este captulo trata dos seguintes itens que caracterizam a metodologia empregada

    no estudo realizado: tipos de pesquisa, quanto aos fins e aos meios; universo e amostra;

    seleo dos sujeitos; coleta e tratamento dos dados e limitaes do mtodo.

    6.1 Tipo de Pesquisa

    Para a classificao da pesquisa, considerou-se a taxionomia por Vergara (2006):

    Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva e explicativa.

    Descritiva: porque pretendeu expor os princpios e conceitos de Terceirizao,

    bem como fazer relaes com a Terceirizao no setor pblico.

    Explicativa: Porque visou esclarecer as vantagens e desvantagens na contratao

    de empresa terceirizada para execuo da limpeza urbana do Municpio de Rio Claro,

    investigando todos os passos da contratao.

    Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliogrfica, documental e de campo.

    Bibliogrfica: porque o estudo foi desenvolvido com base em material j

    publicado sobre o assunto em livros, revistas, jornais, internet, legislaes pertinentes ao

    assunto. Enfim, tudo que forneceu instrumento terico ao desenvolvimento da pesquisa.

    Documental: porque foram investigados documentos existentes no interior dos

    rgos concernentes ao objeto da pesquisa, tais como trabalhos desenvolvidos e apresentados

    nas etapas de contratao de empresa terceirizada para executar servios de limpeza urbana e

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    operao da usina de reciclagem e compostagem dos resduos slidos no Municpio de Rio

    Claro/RJ.

    De campo: porque foram aplicados questionrios a funcionrios da empresa

    terceirizada em funcionamento no Municpio de Rio Claro, aos responsveis pela gerncia da

    empresa AMBIEN (contratada), a pessoas que vivem no municpio, beneficiria ou no dos

    servios prestados e, ainda alguns dos servidores pblicos que participaram da licitao

    foram consultados sobre a licitao sob a Modalidade Tomada de Preo n 001/05.

    Com base nos objetivos intermedirios e final e nas observaes feitas atravs de

    visitas nos (5) cinco Distritos que compem o Municpio, foi feito um levantamento

    fotogrfico sobre a usina de reciclagem e compostagem, sobre as atividades prestadas pela

    contratada junto ao Municpio de Rio Claro, e ainda fotografias de algumas ruas para fins de

    verificao visual do aspecto esttico encontrado (limpeza).

    Estudo de Caso: porque o estudo teve como objetivo final identificar as vantagens

    e desvantagens na contratao de empresa terceirizada de um Municpio especfico.

    6.2 Universo e Amostra

    O universo da pesquisa se comps de aproximadamente 170 (cento e setenta)

    atores envolvidos no processo, dentre eles, dirigentes da empresa contratada, muncipes,

    funcionrios da empresa contratada e alguns servidores pblicos.

    Os colaboradores foram selecionados por acessibilidade e tipicidade.

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    6.3 Seleo dos Sujeitos

    Participaram da pesquisa, dirigentes da empresa contratada, muncipes, alguns

    funcionrios da empresa contratada, e servidores que participaram do procedimento

    licitatrio, divididos em trs grupos:

    1. aqueles que se beneficiam e dependem dos servios prestados pela empresa

    terceirizada, em que o objetivo foi levantar junto comunidade o grau de satisfao quanto

    prestao dos servios, verificando visualmente se a empresa est executando os servios

    contratados a contento, e ainda identificar e analisar criticamente as principais caractersticas

    encontradas na prestao dos servios da empresa contratada com apoio da sociedade.

    2. aqueles que participaram do procedimento licitatrio, com a finalidade de

    analisar o procedimento de licitao, verificar a existncia de aes trabalhistas contra a

    empresa contratada e o Municpio, bem como analisar a reciclagem e o destino final dos

    resduos slidos.

    3. aqueles que prestam diretamente os servios sociedade (dirigentes e

    funcionrios), cujo objetivo foi identificar as atividades e como so os seus processos naempresa contratada, analisando a reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos.

    6.4 Coleta de Dados

    Discutir a interpretao da realidade e suas contribuies para a sociedade exige a

    localizao da relao sujeito-objeto como a questo central.

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    Elencamos aqui os objetivos intermedirios descritos no projeto inicial da

    pesquisa, relacionados forma de coletar dados:

    1- analisar do procedimento licitatrio;

    2- identificar as atividades e como so os seus processos na empresa contratada;

    3- verificar visualmente se a empresa est executando os servios contratados a

    contento;

    4- levantar junto comunidade o grau de satisfao quanto prestao dos

    servios;

    5- analisar a reciclagem, bem como o destino final dos resduos slidos;

    6- verificar a existncia de aes trabalhistas contra a empresa contratada e o

    Municpio;

    7- identificar e analisar criticamente as principais caractersticas encontradas na

    prestao dos servios da empresa contratada com apoio da sociedade.

    A coleta de dados na literatura permitiu alcanar os objetivos 1 e 2 atravs de

    pesquisa bibliogrfica em livros, trabalhos acadmicos (monografias, dissertaes e teses com

    informaes pertinentes ao assunto.

    O objetivo 1, tambm foi alcanado atravs da pesquisa documental, encontradano mbito da administrao municipal, em documentos internos.

    Os demais objetivos foram atingidos por meio de questionrios junto aos atores

    envolvidos no processo, conforme enumerados na Seleo dos Sujeitos, com auxlio da

    literatura, fotografia, visitas nos Distritos e no site do TRT 1 Regio (Rio de janeiro).

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    6.5 Tratamento de Dados

    Os dados coletados foram tratados segundo uma abordagem dialtica, uma vez que

    seu enfoque a mudana, segundo um processo contraditrio, que no se encontra isolado,

    pois forma uma totalidade geral, em que cada parte fornece a sua contribuio e tem, em seu

    movimento, um lugar no todo.

    6.6 Limitaes do Mtodo

    O fator que poderia limitar a pesquisa, no que se refere coleta e ao tratamento

    dos dados era o seguinte:

    * por ser um Municpio pequeno, acreditava-se que as pessoas poderiam se recusar

    a preencher os questionrios, e assim haveria dificuldades para obteno das informaes

    junto aos sujeitos selecionados.

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    7 REFERENCIAL TERICO

    Este captulo tem como objetivo apresentar alguns estudos j realizados sobre a

    terceirizao.

    7.1 Conceito de Terceirizao

    Terceirizar transferir a terceiros, atravs de contrato com profissional liberal,

    autnomo ou empresa prestadora de servios) atividades que no as atividades fim da

    organizao, ou seja atividades acessrias, que servem de apoio.

    Polonio (2000) enfatiza que a terceirizao pode ser definida como um processo de

    gesto empresarial consistente na transferncia para terceiros (pessoas fsicas ou jurdicas) de

    servios que originalmente seriam executados dentro da prpria empresa, e ainda, que o

    processo de terceirizao resultou da busca incessante da reduo dos custos e melhoria de

    qualidade, uma vez que a empresa terceirizadora, ao concentrar energia em suas atividades

    principais, deixa para empresas especializadas a realizao de atividades (administrativas ou

    operacionais) que exigem certo investimento para buscar sempre qualidade e segurana, com

    otimizao de custos, necessrios num mercado cada vez mais competitivo.

    7.2 Terceirizao na Administrao Pblica

    Segundo Di Pietro (2005), no mbito do direito do trabalho, terceirizao a

    contratao, por determinada empresa (o tomador de servio), do trabalho de terceiros para o

    desempenho de atividade-meio, e que o conceito o mesmo para a Administrao Pblica

    que, com muita freqncia, celebra contratos de empreitada (de obra e de servio) e de

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    fornecimento, com fundamento no ar. 37, XXI da CF/88, observadas as normas da Lei n

    8.666/93, que regulamenta os contratos administrativos.

    Quanto viabilidade legal de terceirizao de servios pela administrao pblica,

    lcita apenas no que diz respeito s atividades - meio dos entes pblicos, no sendo cabvel

    adot-la para o exerccio de atividades pertinentes a atribuies de cargos efetivos prprios de

    seu quadros, nem para funes que impliquem no exerccio de poder de polcia ou na prtica

    de atos administrativos.

    De acordo com Ramos (2001), terceirizao um mtodo de gesto em que uma

    pessoa jurdica pblica ou privada transfere, a partir de uma relao marcada por mtua

    colaborao, a prestao de servios ou fornecimento de bens a terceiros estranhos aos seus

    quadros. Esse conceito prescinde da noo de atividade-meio e atividade-fim para ser

    firmado, uma vez que tanto podem ser delegadas atividades acessrias quanto parcelas da

    atividade principal da terceirizante. Segundo a autora, portanto, a terceirizao uma das

    formas de insero do particular na prestao do servio pblico, que se faz por meio de

    contrato administrativo. O terceiro um mero executor material, destitudo de qualquer

    prerrogativa com o Poder Pblico, uma vez que no se trata de gesto do servio pblico, mas

    uma mera prestao de servios.

    7.3 A Terceirizao no Municpio de Rio Claro/RJ

    A contratao de firma especializada para realizar a limpeza urbana no Municpio de

    Rio Claro/RJ, partiu da necessidade de melhorar os servios populao, e colocar em

    funcionamento uma usina de reciclagem, de acordo com o processo administrativo de deu

    origem licitao n 001/2005 sob a modalidade Tomada de Preo, fundamentado na Lei

    8.666/93.

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    7.4 Vantagens da Terceirizao

    As vantagens em geral, so cobranas imediatas dos servios e resposta,

    aproveitamento do material reciclado, preservao do meio ambiente, soluo de um

    problema que aflige 90% (noventa por cento) dos Municpios brasileiros que o destino final

    dos resduos slidos, a prestao de servio mais eficaz e satisfatrio para a populao, alm

    de um menor custo.

    Para Polonio (2000), o objetivo de um processo de terceirizao a liberao da

    empresa da realizao de atividades consideradas acessrias (ou atividades meios), permitindo

    que a administrao concentre suas energias e criatividades nas atividades essenciais. Como

    resultado desse processo alcana-se maior eficincia com produtos de melhor qualidade.

    7.5 Desvantagens da Terceirizao

    A terceirizao de servios por parte da administrao pblica, quando praticada

    sem o devido respaldo legal, acarreta conseqncias distintas para o contratado pela empresa

    prestadora, para esta e para a autoridade contratante. A contratao irregular, nesse caso, no

    gera vnculo empregatcio com o rgo pblico tomador do servio. Apesar disso, o ente

    pblico contratante no pode eximir de efetuar pagamento correspondente aos servios

    efetivamente prestados, pois no pode a administrao enriquecer ilicitamente s custas do

    prestador de servios ou de seus empregados.

    Para Di Pietro (2005) a terceirizao acaba, muitas vezes, por implicar burla aos

    direitos sociais do trabalhador da empresa tomadora do servio, o que coloca a Administrao

    Pblica sob a gide do direito do trabalho.

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    8 ANLISE DOS RESULTADOS

    8.1O Processo Administrativo

    De acordo com os servidores pblicos que fizeram parte da licitao e com

    documentos acostados ao processo administrativo que deu origem Licitao de n 001/2005

    (Tomada de Preo), o Municpio j possua uma Usina de Reciclagem e Compostagem de

    resduos slidos para ser colocada em operao, mas no tinha pessoal capacitado/treinado

    para desenvolver as atividades.

    Devido a grande extenso territorial do Municpio em foco, e diante da grande

    preocupao com o destino final dos resduos slidos, que antes da contratao da empresa

    vencedora no processo licitatrio ocorrido em 2005, era enviado ao aterro sanitrio localizado

    no Municpio de Volta Redonda/RJ, que por fim em dezembro/2004 encontrava-se paralisado

    e sem retorno previsto para funcionamento, houve a necessidade de um sistema profissional

    passvel de aferio e cobrana por parte da populao beneficiada, o que levou o Poder

    Pblico a contratar uma empresa especializada para executar os servios de limpeza urbana,

    operao da usina de reciclagem e compostagem dos resduos slidos.

    O objeto da licitao se baseou nos seguintes termos: Contratao de firmaespecializada, sobre empreitada global, para coleta e transporte de lixo domiciliar urbano,

    limpeza de sarjeta, pinturas de guias, rvores e postes a base de cal, capina, operao de usina

    de reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos e superviso tcnica.

    Constatou-se que o aviso de licitao foi devidamente publicado, e trs empresas

    compareceram para retirar o edital: JDCON - CONSTRUES E INCORPORAES

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    LTDA.; AMBIEN INDSTRIA COMRCIO E CONSTRUES LTDA e PARGO

    ENGENHARIA LTDA.

    Nota-se nos autos que a firma PARGO ENGENHARIA LTDA foi desclassificada

    por no apresentar o Certificado de inscrio no cadastro de fornecedores da Prefeitura, nem

    de outro rgo pblico. Saiu vencedora a empresa AMBIEN INDSTRIA COMRCIO E

    CONSTRUES LTDA, uma vez que apresentou o menor valor global, atendendo s

    exigncias que constavam no edital.

    Analisando o processo licitatrio, de forma geral, verifica-se que foi um

    procedimento regular que observou a legislao pertinente, uma vez que o fundamento legal e

    o contrato administrativo teve como escopo a Lei n 8.666/93.

    8.2 Dados coletados junto empresa contratada (AMBIEN)

    No questionrio aplicado aos responsveis pela empresa contratada, as questes

    formuladas foram abertas, dando maior abertura s colocaes apresentadas.

    De acordo com as informaes prestadas pelos responsveis da empresa

    contratada, alm da usina de reciclagem e compostagem do lixo, tambm so responsveis

    pela limpeza urbana do Municpio de Rio Claro/RJ, o que j foi constatado atravs do

    processo administrativo em que se deu a licitao.

    Pelos responsveis da empresa foi informado atravs do questionrio que

    atualmente tem-se coletado 6 (seis) toneladas de lixo domiciliar por dia no Municpio de Rio

    Claro/RJ, que corresponde a 180 (cento e oitenta) toneladas por ms.

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    DESCRIO PORCENT. QUANT./DIA QUANT./MS

    Reciclado 20% 1,2 ton/dia 36 ton/msInerte 30% 1,8 ton/dia 54 ton/ms

    Orgnico 50% 3,0 ton/dia 90 ton/ms

    Tabela 1: Quantidade de lixo coletado

    Ao questionar o tipo de tratamento e disposio final dos resduos slidos, foi

    informado que o lixo orgnico tratado de forma tecnicamente correta, onde so depositados

    em baias de compostagem sem contato com o solo para posteriormente se tornarem adubopara plantio, o que corresponde a 50% (cinqenta por cento) do total de lixo coletado.

    Fig.1- Baias

    Quanto ao destino do material transformado em adubo, foi verificado junto

    Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que a mesma os recebe em doao a fim de

    distribu-lo aos agricultores do Municpio.

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    Os resduos no aproveitados, no percentual de 30% (trinta por cento), chamados

    de inertes, so devidamente aterrados de modo que o meio ambiente no seja afetado e os

    aproveitados que correspondem a 20% (vinte por cento) do lixo coletado so destinados s

    grandes fbricas do Estado do Rio de Janeiro, So Paulo e Paran.

    MATERIAL RECICLADO QUANTIDADE

    PVC 100 kg/ msPET 1.000 kg/msPET 500 kg/ms

    PP 350 kg/msPET (LEO) 400 kg/msPP (GUA MINERAL) 100 kg/msPLSTICO DURO 600 kg/msPAPELO 2.000 kg/msPAPELO 5.000 kg/msPLTICO FILME 5.000 kg/msSUCATA 2.000 kg/msVIDRO 2.000 kg/msALUMNIO 80 kg/msTETRA-PARK 800 kg/ms

    Tab.2: Quantidade de lixo reciclado

    Observa-se que a preparao e separao dos resduos se d atravs da utilizao

    de 1 (uma) esteira rolante, onde so depositados todo o lixo; de catao manual, feita pelos

    funcionrios da empresa e depositados em seus devidos recipientes para posteriormente seremprensados.

    Atualmente h 35 (trinta e cinco) funcionrios envolvidos diretamente no

    processo de compostagem e reciclagem do lixo. Verificou-se atravs de visita no local que os

    funcionrios que trabalham na usina tem a sua disposio os seguintes materiais: uniformes,

    mscaras, botas, e luvas, ou seja o necessrio para desenvolver os trabalhos com segurana.

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    Fig.2-material prensado

    Segundo informaes da empresa contratada, o sistema de pesagem e registro do

    lixo coletado feito da seguinte forma: todo o lixo reciclado pesado atravs de uma balana,

    logo aps serem prensados e fardados. A quantidade total do lixo calculada atravs da

    metragem cbica do caminho.

    Os responsveis pela empresa AMBIEN destacaram ainda que as reclamaes por

    parte dos muncipes sempre acontecem, mas no com muita freqncia. A empresa procura

    apurar devidamente todas as reclamaes, mas em muitos casos no procedem.

    Atualmente a empresa possui em seu quadro o total de 65 (sessenta e cinco)

    funcionrios, incluindo os que trabalham diretamente na usina e os que fazem a limpeza

    urbana, coleta e transporte de lixo.

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    De acordo com a empresa, antes de iniciarem suas atividades, os funcionrios so

    treinados e instrudos a seguirem as diretrizes da empresa.

    Ressalte-se que alguns funcionrios que trabalham diretamente com a limpeza

    urbana foram questionados quanto a possvel treinamento/capacitao oferecido pela empresa,

    o que se contraps ao item respondido pela mesma, uma vez que a maior parte das pessoas

    questionadas destacam que no receberam treinamento para trabalhar, como, por exemplo, no

    caso da utilizao de uma roadeira, em que um funcionrio aprendeu com outro colega, com

    exceo, dos funcionrios que trabalham na separao e destinao final do lixo diretamente

    na usina

    De acordo com a empresa, as normas de proteo ao trabalhador so

    rigorosamente observadas, uma vez que todos os funcionrios so devidamente registrados,

    conforme CLT, e obrigatoriamente recebem todo material de segurana fornecido

    gratuitamente para desempenhar determinada funo.

    Quanto questo ambiental, a empresa contratada, demonstra que tem procurado

    por melhorias na coleta. Em conjunto com o Municpio est providenciando a retirada dos

    tambores de forma gradativa, tem realizado palestras e visitas nas escolas, e at mesmo nausina de reciclagem e compostagem para melhor conscientizao da preservao do meio

    ambiente.

    Cabe salientar que a educao primordial conscientizao da populao, pois

    os recursos naturais so inegavelmente fatores de produo e, sua administrao racional deve

    ser um dos objetivos de uma poltica de bem-estar social.

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    Fig.3- Cartaz para campanha junto populao

    Fig.: 4- Cartaz com a rota da coleta de lixo entregue populao

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    A empresa relatou que mesmo cumprindo com as obrigaes legais, alguns

    funcionrios quando demitidos tem procurado a Justia do Trabalho, e desde 2005 at o

    momento houve aproximadamente 6 (seis) aes na Justia do Trabalho de Angra dos Reis.

    Conforme levantamento junto ao site do TRT da 1 Regio, constatou-se que

    atualmente h apenas1(uma) ao em curso na Justia do Trabalho de Angra dos Reis/RJ,

    onde constam no plo passivo a empresa contratada e o Municpio de Rio Claro/RJ. Vale

    ressaltar que se a empresa contratada no tiver condies de arcar com os crditos trabalhistas

    de seu empregado, o Municpio considerado responsvel subsidirio, de acordo com o

    Enunciado n 331 do TST:

    Enunciado 331 do TST:

    I- ....

    II-...III- No forma vnculo de emprego com o tomador a contratao de servios devigilncia (Lei n 7.102, de 20.6.83), de conservao e limpeza, bem como a deservios especializados ligados atividade-meio do tomador, desde queinexistente a pessoalidade e a subordinao direta.

    IV- O inadimplemento das obrigaes trabalhistas, por parte do empregador,implica na responsabilidade subsidiria do tomador dos servios quanto quelasobrigaes, inclusive quanto aos rgos da administrao direta, das autarquias,das fundaes pblicas, das empresa pblicas e das sociedades de economiamista, desde que hajam participado da relao processual e constem tambm dottulo executivo judicial (artigo 71 da Lei n 8.666/93).

    8.3 A prestao dos servios aos olhos da populao

    O estudo do questionrio feito populao, foi iniciado levando-se em conta o

    percentual de respostas em cada questo para apurar-se a incidncia de cada uma delas. A

    seguir temos os resultados:

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    Questo n 1

    Quais os servios efetivamente realizados pela AMBIEN (empresa contratada pelo

    Municpio de Rio Claro para fazer a limpeza urbana) na localidade onde voc mora?

    90% - Coleta de lixo domiciliar39% - Coleta de entulho53% - Varrio de ruas60% - Capina24% - Pintura de guias (meio-fio das ruas)9% - Pintura de rvores e postes

    Nota-se que o servio prestado pela empresa contratada est na maior parte focada

    na coleta de lixo domiciliar destinado usina de compostagem de reciclagem de resduos

    slidos. Esse servio seguido da capina, em que 60% (sessenta por cento) da populao

    atendida. A varrio de ruas atende pouco mais da metade da populao, o que precisa ser

    melhorado, mesmo porque no pode haver diferenciao na prestao de servio, ou seja,

    todas as ruas, localizadas no centro ou no, precisam ser igualmente varridas. Os servios de

    coleta de entulho, pintura de guias e pintura de rvores e postes so prestados, mas atendem

    menos da metade da populao, o que tambm foi verificado atravs das visitas.

    Assim, os dados coletados atravs da questo acima, demonstram que a maioria

    dos servios relacionados limpeza urbana prestados pela empresa contratada, atravs de

    licitao regular, ainda no esto sendo realizados a contento, apesar de haver uma melhora

    perceptvel aos nossos olhos, conforme levantamento fotogrfico que faz parte do Anexo C.

    Questo n 2

    Qual o seu grau de satisfao com os servios prestados?

    6% - timo41% - Bom

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    41% - Regular12% - Ruim

    Consta-se que a maior parte da populao est satisfeita com a prestao dos

    servios, apenas 12% (doze) da populao considera ruim. um item que precisa ser

    observado pelo Municpio, pois pode e deve haver melhoria na prestao dos servios

    contratados, pois o somatrio de 82% (oitenta e dois por cento) est dividido igualmente entre

    bom e regular, apenas 6% (seis por cento) da populao considera tima a qualidade dos

    servios prestados.

    Questo n 3

    Com qual freqncia feita a coletada de lixo na sua rua?

    19% - 1(uma) vez por semana18% - 2(duas) vezes por semana23% - 3(trs) vezes por semana22% - mais de 3(trs) vezes na semana17% - todos os dias1% - nenhum dia

    Neste item, observa-se que apenas 1%(um por cento) da populao no possui o

    servio de coleta de lixo. Nos distritos mais distante a coleta varia entre 3 (trs), 2 (dois) e 1

    (um) dia, o que pode ser melhorado, principalmente nos Distritos de So Joo Marcos, Passa

    Trs e Getulndia, que ficam mais distantes do Distrito Sede.

    No centro do Municpio sede e no centro de Ldice, a coleta realizada todos

    os dias, por isso o resultado do percentual ficou em 17% (dezessete por cento).

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    Questo n 4

    A quantidade de dias por semana em que o caminho passa para coletar o lixo

    suficiente para sua localidade?

    58% - Sim42% - No

    Neste item, constata-se que mais da metade da populao est satisfeita com a

    quantidade de dias em que a coleta de lixo prestada. Mesmo assim, este tambm precisa ser

    muito bem observado, tanto pelo Poder Pblico quanto pela empresa contratada, pois o

    percentual de insatisfao demonstrada alto, ou seja 42% (quarenta e dois por cento) das

    pessoas que responderam ao questionrio expressam a insuficincia na quantidade de dias em

    que o caminho passa na localidade onde reside para coletar o lixo.

    Questo n 5

    Quando no fica satisfeito com a coleta de lixo e com a limpeza de sua rua e/ou

    cidade, qual a sua atitude?

    41% - No reclama40% - Reclama, mas no adianta19% - Reclama e prontamente atendido

    Aqui se observa que a maior parte da populao informa que reclama quando

    no fica satisfeita com a limpeza de sua rua e com a coleta de lixo, sendo que 40% (quarenta

    por cento) diz que reclama, mas que no adianta e, 19 % (dezenove por cento) reclama e

    prontamente atendido. O percentual de pessoas que mesmo insatisfeitas no reclamam, alto,

    ou seja, 41% (quarenta e um por cento), quase a metade da populao.

    Vale aqui ressaltar, que foi feito levantamento junto ao setor competente para

    verificar possveis reclamaes, e formalmente nada foi encontrado, apenas algumas

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    reclamaes que compem revises somente na poca do pagamento do IPTU, objetivando

    reduo do mesmo.

    Destaca-se, que as reclamaes so como um termmetro para auxiliar a

    Administrao Pblica, pois so necessrias quando determinado servio ineficiente.

    atravs das mesmas, que o Poder Pblico pode centralizar esforos na busca de melhorias e

    solucionar os problemas encontrados.

    A populao deve ter em mente que a Administrao Pblica precisa de sua

    participao, pois um de seus objetivos est pautado na busca pelo aperfeioamento e

    melhoria na execuo da prestao do servio pblico.

    Questo n 6

    Voc ficou satisfeito com a retirada dos lates de lixo na localidade onde voc

    mora? Se na sua localidade ainda no foram retirados os lates, favor desconsiderar essa

    questo.

    64% - Sim36% - No

    Esta questo levou em considerao apenas o Distrito sede (Rio Claro) e Ldice

    (2 Distrito), pois os lates esto sendo retirados gradativamente. O que pode ser observado

    que a populao, apesar de uma resistncia inicial, passou a respeitar e a apoiar a atitude,

    sendo responsvel pela entrega do seu lixo em sacolas plsticas e em horrio determinado. Os

    que no concordam com a retirada dos lates, se justificam informando que no h onde

    colocar o lixo, que o caminho da coleta passa cedo ou fora do horrio. Os que apiam,

    informam que com a retirada dos lates, houve diminuio de lixo nas ruas, uma vez que os

    mesmos eram quase sempre remexidos e derrubados por cachorros, o que atraia ratos, e ainda

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    que atualmente a cidade est esteticamente mais limpa e bonita, e que cada morador se tornou

    responsvel pelo seu lixo.

    Questo n 7

    Voc est satisfeito com o horrio de passagem do caminho que transporta olixo?

    64% - Sim36% - No

    Quanto ao horrio, mais da metade da populao est satisfeita,

    principalmente nos centros dos Distritos, ressalvando que o percentual de 36%(trinta e seis

    por cento) deve ser considerado, pois pode ser melhorado.

    Questo n 8

    Voc considera a sua cidade limpa em comparao h 5(cinco) anos atrs?

    59% - Sim41% - No

    Neste item verifica-se que a maior parte da populao considera sua cidade

    mais limpa que h cinco anos atrs, sendo esta uma das vantagens com a terceirizao, o que

    tambm demonstram as fotografias em anexo. Mesmo assim, os Distritos que compem o

    Municpio de Rio Claro podem ficar mais limpos, tendo em vista que 41% (quarenta e um por

    cento) das pessoas questionadas no consideram sua cidade mais limpa.

    Questo n 9

    As pessoas que residem em sua comunidade procuram meios de manter a cidadelimpa?

    47% - Sim53% - No

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    Outro fato questionado, que tem por base a educao, foi quanto manuteno

    da limpeza urbana por parte da populao, pois no adianta o Municpio investir na

    contratao de uma empresa, se a populao no faz a sua parte. Assim, verifica-se atravs do

    resultado obtido que mais da metade da populao informa que em sua comunidade as

    pessoas no procuram meios de manter a cidade limpa. Vale ressaltar, que em conversa

    informal com muncipes e funcionrios que trabalham fazendo a limpeza urbana, foi

    constatado que os alunos das redes municipal e estadual de ensino, so os principais

    responsveis por sujarem as ruas aps a varrio.

    Questo n 10

    Voc concorda com a criao de uma lei para aplicao de multa s pessoas quejogam o lixo nas ruas?

    92% - Sim8% - No

    Observou-se no item anterior que a maioria das pessoas no procuram manter a

    sua localidade limpa, faltando assim, uma conscientizao sobre o seu papel perante

    sociedade em que vive. Assim a questo acima complementa a anterior, o que foi muito

    satisfatrio Administrao Pblica, pois os atores envolvidos concordam com a criao de

    uma lei para aplicao de multa s pessoas que jogam lixo nas ruas.

    8.4 Os funcionrios contratados responsveis pela limpeza urbana

    A aplicao do questionrio a alguns funcionrios da empresa contratada se

    limitou aos que trabalham diretamente com a limpeza urbana. E os resultados so o seguinte:

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    Questo 1

    A empresa fornece os materiais necessrios para desenvolvimento de suas

    atividades?

    83% - Sim17% - No

    O resultado obtido nesta questo, revelou que a empresa fornece os materiais

    necessrios ao desenvolvimento das atividades, sendo que recebem uniformes e botas, alm

    de outros materiais tais como, vassoura, carrinho de mo, saco plstico, p, carrinho, enxada,

    protetor de ouvido, roadeira, peneira, culos, luvas, mscaras, de acordo com as atividades

    desempenhadas. Os que mencionaram que no recebem, reclamam da demora no recebimento

    de vassouras, luvas e uniforme. Esse fato deve tambm ser observado pela Administrao e

    empresa Ambien, pois os valores dos materiais necessrios para fazer a limpeza e demais

    atividades esto inclusos no valor recebido mensalmente pela empresa.

    Questo 2

    Qual o seu grau de satisfao com a sua empregadora?

    33% - timo50% - Bom17% - Regular0% - Ruim

    Quanto ao grau de satisfao dos funcionrios com a empregadora, chegou-se

    ao percentual de: 33% - timo, 50% - Bom e 17% - Regular, portanto os mesmos esto

    satisfeitos com a empresa, levando em considerao que esto com a CTPS assinada. Os

    includos nos 17% (dezessete por cento) reclamam que quando so escalados em feriados e/ou

    domingos, no recebem em forma de horas extras e sim em forma de folga.

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    Questo 3

    A empresa oferece meios de proteo aos seus trabalhadores?

    33% - Sim67% - No

    Conforme resultado, nota-se que a empresa est deixando a desejar quanto aos

    meios de proteo, os que participam da varrio no possuem luvas para trabalhar, mas os

    mesmos informaram que os funcionrios que trabalham diretamente na coleta do lixo e usina

    de reciclagem e compostagem de resduos slidos recebem alm de uniformes e botas, luvas e

    mscaras, para fins de proteo.

    Apura-se atravs de levantamento fotogrfico, que o tipo de caminho que

    recolhe o lixo no apropriado para tal finalidade, e acaba comprometendo a sade e

    segurana dos funcionrios. Essa questo est visvel, e a Administrao precisa observar

    com muito cuidado, pois como j foi dito, responsvel subsidirio.

    Fig.5- Caminho de coleta de lixo

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    Destaca-se, que foi feito um levantamento junto ao setor competente e

    verificou-se que atualmente o Municpio est no Plo Passivo de uma Ao Indenizatria na

    Justia do Trabalho de Angra dos Reis/RJ juntamente com a empresa Ambien. A ao est

    sendo promovida pelos pais de um funcionrio da empresa que contava com 26 (vinte e seis)

    anos de idade quando veio a falecer (2006) em virtude de um acidente. Tal fatalidade ocorreu

    quando o mesmo estava exercendo a funo de gari e sendo transportado na caamba do

    caminho em que trabalhava.

    Questo 4

    A empresa oferece treinamento ao funcionrio para realizao das atividades?

    17% - Sim83% - No

    Em contrapartida resposta da empresa quanto ao item treinamento,

    constatou-se junto aos funcionrios que a empresa no oferece treinamento para realizao

    das atividades de limpeza.

    Questo 5

    A populao demonstra respeito aos servios prestados por voc/Empresa

    Ambien?

    17% - Sim83% - No

    Conforme resultado acima, essa questo complementa a questo 9 aplicada

    populao, pois os funcionrios informam que a populao no demonstra respeito aos

    servios prestados, relatando que os alunos que estudam no Municpio so os principais atores

    responsveis por sujarem as ruas aps a varrio, ou seja preciso mais educao.

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    9 CONSIDERAES FINAIS

    Retornando questo 2 do questionrio aplicado populao, vale ressaltar, que

    analisando separadamente os percentuais dos dados coletados, verificou-se que a parte da

    populao que demonstrou maior insatisfao com os servios prestados, se concentra nos

    Distritos de Passa Trs, Getulndia e So Joo Marcos (aglomerao populacional ocorre no

    Macundu), sendo estes os mais distantes do centro do Distrito Sede.

    Atravs de observaes em cada Distrito, e com conversas informais com a

    populao, constatou-se tambm que em Passa Trs (4 Distrito) h apenas 2 (dois)

    funcionrios contratados pela empresa vencedora da licitao, sendo que fazem apenas

    varrio no centro distrital, e 1(uma) funcionria na Fazenda da Grama (parte de Passa Trs)

    com a funo de juntar o lixo nos lates. Por isso, os servios de varrio, coleta de entulho,

    pintura de guias e capina so realizados por funcionrios que pertencem ao quadro

    permanente do Municpio em questo. A empresa contratada est focando seus servios na

    coleta de lixo. O mesmo est ocorrendo em So Joo Marcos (3 Distrito) e Getulndia (5

    Distrito). Mesmo assim, a maior parte da populao considera sua cidade, conforme resultado

    da questo 8.

    Quanto aos funcionrios contratados pela AMBIEN, notou-se que esto

    concentrados em Rio Claro - Distrito sede e em Ldice (2 Distrito). Conforme Anexo B,

    verifica-se que os funcionrios esto distribudos na varrio, coleta do lixo domiciliar, coleta

    de entulho, capina, roada e operao de usina de reciclagem e compostagem.

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    Fig.6- Usina de reciclagem

    Fig.7- Caminho de coleta de entulho

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    Fig.8- Varrio

    Ressalte-se que a fiscalizao exercida pelo Municpio se d atravs de

    observao e acompanhamento de relatrios solicitados mensalmente pela Secretaria

    Municipal de Meio Ambiente, o que no suficiente, pois o Municpio tem que observar

    especialmente o princpio da eficincia, pois o administrado no possui apenas o direito

    prestao do servio, mas a sua prestao satisfatria, clere e efetiva.

    O Poder Pblico, atravs dos gestores e demais atores, precisam ter em mente

    que a prestao de servios regida por princpios prprios, dentre eles, a igualdade dos

    usurios perante o servio, a continuidade do servio pblico, a mutabilidade do regime

    jurdico, a generalidade e a eficincia (DI PIETRO, 2005).

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    Ressalte-se, que todos os atores envolvidos no processo precisam se conscientizar

    tanto sobre seu papel na sociedade, quanto questo da limpeza urbana e da destinao final

    do lixo, pois responsabilidade de todos, uma questo de preservao da sade pblica e

    dos recursos naturais, e s atravs das atitudes que se fazem as mudanas, seja atravs de

    terceirizao ou no.

    fundamental adquirir e compartilhar conhecimento, promovendo um processo

    de aprendizagem contnua, pois o conhecimento e sua disseminao fator primordial para a

    promoo de mudanas, quer no setor privado ou no setor pblico.

    Cabe destacar ainda, que o Municpio de Rio Claro pode ser especialista naquilo

    que lhe compete, basta estar focado no cidado, investir na transformao da cultura para que

    os servidores pblicos tenham em mente a misso de sua organizao e planejar

    estrategicamente para atingir seus objetivos de forma exemplar, e talvez sem necessitar

    contratar uma empresa especializada, pois o Poder Pblico.

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    10 CONCLUSO

    O trabalho realizado buscou responder a seguinte questo: quais as vantagens e

    desvantagens para a Administrao Pblica do Municpio de Rio Claro na contratao de

    empresa especializada para a execuo de servios de limpeza urbana, operao de usina de

    reciclagem e compostagem de resduos slidos urbanos?

    Destaca-se, que imprescindvel a anlise discricionria da Administrao Pblicaa cerca da convenincia e da oportunidade de determinada contratao, uma vez que corre o

    risco de pagar por duas vezes pelo mesmo servio.

    No desenvolvimento do trabalho foi analisado o processo licitatrio, foram

    identificadas as atividades efetivamente realizadas pela empresa contratada, bem como seus

    processos, o nvel de satisfao da populao quanto aos servios prestados e dos funcionrios

    da empresa, entre outras aes intermedirias para se chegar ao objetivo final.

    Conforme se observou, o Municpio j possua uma usina de reciclagem e

    compostagem, mas no tinha pessoal capacitado. Por isso, necessrio pensar a longo prazo,

    ter uma viso de futuro, pois o mundo muda com uma rapidez enorme. Assim, a

    Administrao Pblica precisa acompanhar a evoluo, buscando meios para inovar, para que

    os usurios, fornecedores fiquem mais satisfeitos e confiantes na organizao. A cultura de

    uma organizao pblica influencia todo processo de criao, implantao e sucesso de

    qualquer estratgia.

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    Em resposta a questo inicial, verificou-se no decorrer do trabalho algumas

    vantagens advindas da terceirizao, tais como: tratamento dos resduos slidos municipais

    dentro dos limites do Municpio, que uma deficincia nacional; independncia para lidar

    com os funcionrios e cobrar rendimento e eficincia, questo de difcil gesto no servio

    pblico; maior abrangncia dos servios prestados, integrao entre diversas reas, maior

    satisfao da populao, melhoria na conservao dos logradouros e no aspecto esttico da

    cidade; o custo atualmente praticado em funo do gerenciamento da usina, das obrigaes

    sociais, do transporte e coleta dos resduos e da manuteno dos logradouros inferior ao

    custo anterior licitao; possibilidade de aferio por parte do Gestor e substituio da

    Empresa contratada em caso de insatisfao.

    Quanto s desvantagens identificadas destacam-se: necessidade de criao de uma

    estrutura de controle e fiscalizao eficiente, principalmente no que se refere Usina de

    reciclagem e compostagem, responsabilidade subsidiria por inadimplemento de verbas

    trabalhistas, falta de disponibilidade de fiscais para verificao dos servios prestados em

    todos os Distritos e para fiscalizao da empresa contratada, de acordo com os princpios que

    regem Administrao Pblica, diferenciao na prestao dos servios coletividade,

    preocupao da empresa contratada apenas na coleta do lixo em 3(trs) Distritos (So Joo

    Marcos, Passa Trs e Getulndia) e falta de cobrana por parte da populao.

    Ressalte-se que a inteno do Municpio em terceirizar foi boa, e mesmo com as

    vantagens e desvantagens identificadas, est no caminho certo, o que falta uma fiscalizao

    eficaz, eficiente e efetiva .

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    37

    11 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CARVALHO FILHO, Jos dos Santos.Manual do Direito Administrativo. 15 ed. rev. ampl.e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

    DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.Direito Administrativo, 18 ed. So Paulo: Atlas, 2005.

    GASPARINI, Digenes.Direito Administrativo. 11 ed. rev.e atual. So Paulo: Saraiva, 2006.

    MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33 ed. So Paulo: Malheiros,2007.

    PAULA, Dilma Andrade de.Histria de Rio Claro. 2 ed. Rio de Janeiro: Eletronuclear, 2007.POLONIO, Wilson Alves. Terceirizao: Aspectos Legais, Trabalhistas e Tributrios. SoPAULO: Atlas, 2000. p.97- 127.

    RAMOS, Dora Maria de Oliveira. Terceirizao na Administrao Pblica. So Paulo: Ltr,2001.

    VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatrios de Pesquisa em Administrao. 8 ed. SoPaulo: Atlas, 2007.

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    ANEXO A LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DE ALGUNS SERVIOSPRESTADOS (LIMPEZA URBANA)

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    ANEXO B LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DA USINA DE RECICLAGEM ECOMPOSTAGEM

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    ANEXO C LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DE ALGUMAS RUAS DOMUNICPIO DE RIO CLARO/RJ

    RIO CLARO (DISTRITO SEDE)

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    LDICE (2DISTRITO)

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    SO JOO MARCOS (3 DISTRITO)

    MACUNDU (PERTENCENTE AO DISTRITO DE SO JOO MARCOS)

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    PASSA TRS (4 DISTRITO)

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    FAZENDA DA GRAMA ( PERTENCENTE A PASSA TRS)

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    GETULNDIA (5DISTRITO)

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    FUNDAO GETLIO VARGAS

    O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.

    Cludio Calada Fernandes Machado.

    Rio de Janeiro2008

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    FUNDAO GETLIO VARGAS

    O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.

    Cludio Calada Fernandes Machado.

    Trabalho de concluso de curso apresentado EscolaBrasileira de Administrao Pblica- E.B.A.P. daFundao Getlio Vargas no Curso Intensivo de Ps-Graduao em Administrao Pblica- C.I.P.A.D. comorequisito parcial para a obteno de grau de especialistaem Administrao Pblica.

    Rio de Janeiro2008

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    FOLHA DE APROVAO

    O CONTROLE SOCIAL E O TRIBUNAL DE CONTAS:Aspectos relevantes para uma parceria eficaz.

    Cludio Calada Fernandes Machado

    Trabalho de concluso de curso apresentado EscolaBrasileira de Administrao Pblica- E.B.A.P. daFundao Getlio Vargas no Curso Intensivo de Ps-Graduao em Administrao Pblica- C.I.P.A.D. comorequisito parcial para a obteno de grau de especialistaem Administrao Pblica.

    Habilitao: Administrao Pblica

    Data de Aprovao ___/__/__

    Banca Examinadora:

    _____________________________

    _____________________________

    _____________________________

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho acadmico aos meus queridos pais, por todo amor e carinho que

    sempre me deram, inclusive nas horas mais difceis desta caminhada. Rogo a DEUS, do fundo

    do meu corao, que no me falte oportunidades para, cada vez mais, trazer-lhes novas

    alegrias.

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    AGRADECIMENTOS

    Muitos so os agradecimentos, que palavras se tornam insuficientes para exprimir

    minha gratido.

    Primeiramente, agradeo a DEUS por demonstrar que a luz sempre se far presente

    em nossa caminhada.

    Ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Escola de Contas e Gesto,

    pela grande oportunidade oferecida a todos os servidores pblicos que, assim como eu, seesforaram para participar deste projeto.

    A todos os mestres, funcionrios e colegas da Fundao Getlio Vargas que

    partilharam comigo de momentos inesquecveis, os quais, certamente, ficaro guardados para

    sempre em minha memria.

    Maria Jos, por todo apoio, exemplo de f e coragem que me motivam a seguir

    adiante.

    Juliana, por muitas razes, mas principalmente, por existir em minha vida.Por fim, agradeo a todos os bons amigos que sempre estiveram presentes nas horas

    incertas.

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    EPGRAFE

    [...] creio no governo do povo pelo povo; creio, porm, que o governo do povo pelo povo

    tem base de sua legitimidade na cultura da inteligncia nacional pelo desenvolvimento

    nacional do ensino, para o qual maiores liberalidades do Tesouro constituiro sempre o mais

    reprodutivo emprego da riqueza pblica; creio na tribuna sem frias e na imprensa semrestries, porque creio no poder da razo e da verdade; creio na moderao e na tolerncia,

    no progresso e na tradio, no respeito e na disciplina, na impotncia fatal dos incompetentes

    e no valor insupervel das capacidades.

    Ruy Barbosa.

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    RESUMO

    Este trabalho buscou demonstrar, atravs de pesquisa bibliogrfica, a importncia do

    controle social para o desenvolvimento do Estado Democrtico de Direito, para os objetivos

    da Repblica e para o novo modelo gerencial pblico, o qual passou a vigorar no Brasil aps a

    promulgao da Constituio da Repblica de 1988 e das sucessivas reformas ocorridas na

    dcada de noventa do sculo XX.

    A proposta, no entanto, foi apresentar novos caminhos para o desenvolvimento do

    controle social, mediante aes educativas e de integrao do controle externo institucionalcom controle social.

    Esta mudana de paradigma partiu da premissa de que rgos pblicos, no caso

    especfico, Tribunais de Contas e Escolas de Contas, tambm possuem responsabilidades

    sociais, que na hiptese se traduzem especificamente em preparar os cidados e a sociedade

    civil para melhor exercerem suas prerrogativas.

    Por fim, cabe enfatizar que, caso tais medidas sejam implementadas, possvel

    prever uma aumento na eficcia do controle social e na efetividade das polticas pblicaspromovidas pelos trs nveis de governo.

    Palavras-Chave: Controle Social, Tribunais de Contas, desenvolvimento do

    controle social, aes educativas e integrativas, eficcia, eficincia e efetividade.

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    SUMRIO

    1- INTRODUO .................................................................................................................02

    1.1 O Problema......................................................................................................................04

    1.2 Objetivos ........................................................................................................................05

    1.2.1 Objetivo Final ...........................................................................................................05

    1.2.2 Objetivos Intermedirios ..........................................................................................05

    1.3 Delimitao e Relevncia do Estudo ..............................................................................06

    1.4 Metodologia.....................................................................................................................06

    2- A FUNO CONTROLE.................................................................................................072.1 Aspectos histricos e filosficos......................................................................................07

    2.2 Origem e conceituao do controle lato sensu.................................................................10

    2.2.1 Quanto ao sentido lxico............................................................................................11

    2.2.2. Quanto ao sentido da Cincia Jurdica......................................................................11

    2.2.3. Quanto ao sentido da Cincia da Administrao......................................................12

    2.3 Classificao da funo controle lato sensu....................................................................13

    2.3.1. Classificao jurdica de controle.............................................................................133- ASPECTOS RELEVANTES DO CONTROLE SOCIAL..............................................16

    3.1. origem e conceituao do controle social.......................................................................16

    3.2 Caractersticas do controle social.....................................................................................18

    3.3 O controle social como corolrio do Estado Democrtico de Direito e do Princpio

    Republicano...........................................................................................................................19

    3.4 O controle social e a administrao pblica gerencial.....................................................26

    3.4.1 O surgimento do modelo gerencial e suas caractersticas..........................................263.4.2 A importncia do controle social para o modelo gerencial........................................30

    4- A MISSO INSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DE CONTAS, APS A LEI DE

    RESPONSABILIDADE FISCAL........................................................................................ 34

    5- PROPOSTAS DE AES PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE

    SOCIAL...................................................................................................................................37

    5.1 O Frum de Controle Social............................................................................................39

    5.2 O Programa de Educao Fiscal (PROEFIS)...................................................................40

    6- CONCLUSO.....................................................................................................................42

    7- BIBLIOGRAFIA................................................................................................................44

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    1- INTRODUO:

    Aps a promulgao da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, em 1988, o

    pas iniciou um processo de transio de uma democracia de elites para uma democracia de

    sociedade civil (Bresser - Pereira, 2000)1. A partir de ento, foi possvel notar o aumento da

    participao popular, atravs do exerccio pleno da cidadania.

    Juntamente com este fenmeno, tambm surgiram os chamados movimentos da

    sociedade civil, os quais foram constitudos, em grande parte, sob a forma de organizaes

    no governamentais. Dentre as reivindicaes feitas, estavam aquelas que exigiam do Poder

    Pblico maior transparncia e eficincia na execuo de seus servios.

    Alm disso, com o restabelecimento da liberdade de informao, a imprensa passou a

    ter um papel fundamental na formao da opinio pblica, servindo de instrumento social

    para o aprimoramento das instituies democrticas.

    Diante da soma desses fatores (democracia, sociedade civil e imprensa livre) eclodiu

    o controle social, que passou a reivindicar mudanas na Administrao Pblica, no apenas no

    sentido de contrapor-se s prticas que se desviavam do interesse pblico, mas tambm,

    propondo parcerias com o Poder Pblico na busca de solues, a partir de uma viso de fora

    para dentro do ambiente organizacional.

    No cenrio externo, o mundo iniciava o processo de globalizao, promovido pelarevoluo tecnolgica e pelas transformaes no contexto econmico, que obrigou os pases a

    se adaptarem a uma nova realidade, para dar continuidade ao processo de desenvolvimento.

    Em razo disso, foi preciso repensar o papel da Administrao Pblica para que ela

    pudesse interagir de maneira satisfatria com a nova ordem que estava emergindo. Muitas

    naes passaram a investir em projetos de qualidade contnua na gesto pblica, utilizando-se

    1 Afirmao feita pelo aludido autor no captulo Da Poltica de Elites Democracia de Sociedade Civil- apudReis Velloso, ( 2000, p. 517-538).

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    de tcnicas de benchmarking2, para adotar polticas pblicas mais eficientes e que

    permitissem maior captao de investimentos externos.

    Desde ento, a gesto pblica vem passando por um processo de transmisso do

    modelo burocrtico weberiano para o modelo gerencial (managerialism), conforme asseverou

    Pollitt (1993) 3, sobretudo aps as experincias ocorridas, na dcada de noventa, em certos

    pases da Europa e nos Estados Unidos.

    O principal argumento para tais mudanas, estava na constatao de que o modelo

    burocrtico, criado por Max Weber, e que fora amplamente utilizado no sculo XX, no

    correspondia mais s demandas da sociedade.

    Foi percebendo tais acontecimentos que, em setembro de 1995, o Governo Federal

    apresentou a chamada reforma gerencial, mediante o Plano Diretor da Reforma do Aparelho

    do Estado. Em linhas gerais sua misso tinha por escopo fixar novos paradigmas para a

    Administrao Pblica, a fim de torn-la mais eficiente.

    Muitas medidas foram adotadas, dentre elas, destacaram-se as privatizaes, as

    emendas constitucionais (reforma administrativa e previdenciria) e as leis

    infraconstitucionais, que trataram de temas como: a concesso de servios pblicos, agncias

    reguladoras, organizaes sociais e da sociedade civil, lei de responsabilidade fiscal, parcerias

    pblico-privadas e consrcios pblicos.

    Convm observar que os fatos anteriormente narrados inauguram o presente trabalhopara demonstrar a convergncia de interesses da democracia da sociedade civil e do modelo

    gerencial com os do controle social, uma vez que todos eles objetivam melhorar a qualidade

    da gesto pblica.

    2 Segundo Geraldo Duarte, in Dicionrio de Administrao (pgina 160), benchmarking a sondagem tcnicasistemtica e contnua de medida comparativa das prticas e do desempenho de uma organizao, em relao outra reconhecidamente excelente.3 Extrado do texto: Managerialism and public service de Cristopher , conforme referncia bibliogrfica.

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    Aduza-se que, com a vigncia da Lei Responsabilidade Fiscal, o controle social

    passou a ter maior relevncia, em razo do papel estratgico atribudo participao popular4

    para assegurar maior transparncia na gesto fiscal, que um dos pilares da accountability5

    .

    Entretanto, at hoje se constata que a participao popular nas audincias pblicas,

    durante o processo de elaborao e discusso das leis oramentrias, tem sido exercida de

    forma pouco apropriada, considerando o desconhecimento de grande parte dos cidados no

    uso de suas reais prerrogativas. por este motivo que a eficcia do alto controle social fica,

    decididamente, comprometida.

    Uma alternativa vivel para suprir esta carncia seria utilizar a excelncia tcnica do

    Tribunal de Contas em favor da dinmica do controle social, atravs de aes educativas

    voltadas para difundir, junto sociedade, os fundamentos do controle social enquanto

    expresso da cidadania.

    Assim sendo, este o pano de fundo que sustenta este tema e cujos aspectos mais

    relevantes sero desenvolvidos nos captulos seguintes.

    1.1 O problema:

    Conforme se depreende pelas consideraes iniciais, o presente trabalho buscou

    responder como o controle social poderia ser aprimorado pelo Tribunal de Contas,especialmente quanto eficcia da participao popular na gesto fiscal.

    Para tanto, o tema e o problema foram correlacionados com a consolidao da

    democracia no pas, enquanto regime poltico, diante da necessidade e oportunidade de se

    promover um amplo debate sobre os novos passos a serem dados na efetivao do exerccio

    da cidadania plena e dos objetivos fundamentais da Repblica.

    4 Vide pargrafo nico do artigo 48 da LRF (Lei Complementar 101 de 04/05/2000).5 Refere-se ao conceito anglo-saxo que se aproxima da expresso responsabilidade fiscal e foi adotada peladoutrina fiscal ptria, aps a LC 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

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    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo final

    O objetivo final deste trabalho foi propor o aprimoramento do controle social pelo

    Tribunal de Contas, atravs de cursos, palestras e seminrios destinados aos cidados e

    ministrados pela Escola de Contas e Gesto em parceria com instituies pblicas e privadas

    de notria excelncia sobre o assunto.

    1.2.2 Objetivos Intermedirios

    Este trabalho tambm teve como objetivos intermedirios:

    Demonstrar a relevncia do controle social e do Tribunal de Contas

    para o bom funcionamento da democracia da sociedade civil e do novo

    modelo gerencial pblico, atravs de anlise bibliogrfica dos aspectos

    administrativos e jurdicos que envolvem o tema;

    Propor a implantao, pelo Tribunal de Contas, do Programa de

    Educao Fiscal (PROEFIS), destinado aos cidados e ministrado pelaEscola de Contas e Gesto em pareceria com instituies pblicas e privadas

    de notria excelncia;

    Difundir a cultura fiscal perante a sociedade civil e seus cidados a fim

    de aumentar a qualidade do exerccio do controle social como forma de

    expresso da cidadania;

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    Aproximar e integrar o controle externo exercido pelo Tribunal de

    Contas com o controle social, atravs de um Frum de Controle Social, com

    a participao de rgos de controle institucional, tais como: Tribunais de

    Contas, Controladoria - Geral; Ministrio Pblico e a sociedade civil

    organizada (ONG s, Os e etc.), aberto ao pblico em geral.

    1.3 Delimitao e Relevncia do Estudo

    O trabalho em tela se limitou a estudar de que forma o Tribunal de Contas poderia

    aprimorar o controle exercido pela sociedade civil e seus cidados, no mbito da gesto fiscal.

    Portanto, no est inserido no presente contexto o aprimoramento do exerccio do controle

    social junto a outros rgos.

    Por se tratar de tema bastante amplo, cujo carter interdisciplinar oferece inmeras

    possibilidades, esta pesquisa tambm sofreu limitao quanto ao contedo doutrinrio

    analisado, na medida em que somente foram abordados aspectos administrativos e jurdicos

    vinculados ao objeto estudado.

    Embora o presente estudo seja terico, sua relevncia est em propor solues para

    uma questo fundamental e relativa ao Estado Democrtico de Direito, que o controle social

    e a participao popular como instrumentos de proteo dos interesses republicanos,assegurados pela Constituio da Repblica de 1988.

    1.4 Metodologia

    No tocante metodologia aplicada neste trabalho, podemos dizer que o tipo de

    pesquisa foi, quanto aos meios, bibliogrfica, porque se utilizou da literatura tcnica para

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    extrair elementos jurdicos e de administrao pblica que serviram de base para a

    fundamentao terico-metodolgica, como por exemplo: conceitos, classificaes, naturezas

    jurdicas, princpios e normas de direito constitucional e administrativo, bem como teorias da

    administrao, mtodos e planejamentos.

    Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva, explicativa e aplicada. Descritiva, porque

    pretendeu apresentar o controle social no Brasil e sua atual realidade. Explicativa, porque

    procurou esclarecer a importncia do desenvolvimento do controle social no Brasil. E por

    ltimo, aplicada, na medida em que sua finalidade prtica foi apresentar propostas para o

    desenvolvimento do controle social.

    Sobre a coleta de dados, a presente pesquisa analisou livros, revistas especializadas,

    jornais, sites de internet e outros meios de informao postos disposio, tais como:

    consultas a monografias, relatrios de pesquisa, dissertaes e teses.

    O mtodo de pesquisa utilizado no tratamento dos dados foi o da anlise de

    contedo, uma vez que a abordagem foi feita com base na literatura coletada a fim de

    estabelecer as inferncias necessrias ao bom desenvolvimento do trabalho.

    Por fim,no que pertine limitao do mtodo a opo feita foi pela grade fechada,

    uma vez que foram estabelecidas, a priori, quais as categorias seriam analisadas na pesquisa e

    que se utilizariam da literatura especializada.

    2- A FUNO CONTROLE

    2.1 Aspectos histricos e filosficos:

    Por muitas vezes ouvimos falar sobre o controle, sem notarmos a amplitude

    semntica deste vocbulo e o quanto ele importante para o progresso de uma nao. Basta

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    observarmos os fatos cotidianos ocorridos em todo mundo, veiculados pela mdia, para

    compreendermos, claramente, a necessidade do seu constante aprimoramento. Evidencia-se,

    que onde no h controle, no h ordem e, sem ordem, no h progresso - mas sim, a barbrie

    retratada pelos quadros dantescos.

    Foi por esta razo que vrios filsofos clssicos desde os iluministas at os

    contemporneos seguidores de Habermas6, detiveram-se em abordar sobre este assunto, mas

    sob prismas diversos.

    No entanto, aquele que melhor se expressou sobre a importncia do controle, foi

    Montesquieu, em sua obra intitulada: Do Esprito das Leis. Nela, uma clebre passagem que

    se destaca no Captulo IV, do Livro XI, tornou-se primordial para todo o entendimento acerca

    da Teoria da Separao dos Poderes e dos fundamentos do controle como funo essencial

    para a proteo da res pblica.

    Dizia o Baro de Montesquieu:

    Para que no se possa abusar do poder, preciso que, pela

    disposio das coisas, o poder detenha o poder.

    A partir desta mxima, deveras parafraseada pela doutrina, firmou-se o

    entendimento de que o poder no pode ser absoluto, devendo sofrer limitaes, para que no

    venha a se desvirtuar de seus fundamentos instituidores.

    Assim, o filsofo iluminista passou a desenvolver sua teoria sustentando que muitoembora o poder seja uno e indivisvel, suas funes deveriam ser distribudas essencialmente

    em trs: a executiva, a legislativa e a jurisdicional e que elas deveriam atuar de maneira a

    exercer controle recproco (ou mtuo).

    6 Jrgen Habermas, filsofo alemo da escola de Frankfurt, autor da Teoria da Ao Comunicativa, dentre outrasobras.

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    Cabe, entretanto, ressaltar que sua obra fora inspirada em conceitos baseados na

    ptica aristotlica, que j na Grcia antiga, inaugurava este pensamento, sem, contudo,

    desenvolv-lo com a mesma consistncia do filsofo francs.

    Alis, outro aspecto de extrema importncia para a compreenso do tema foi

    estabelecido no captulo anterior da obra de Montesquieu, no qual ao discorrer sobre o que a

    liberdade, se aproximou das idias de Locke para fundar sua teoria, sob o argumento de que a

    liberdade de todos dependia dos limites impostos a todos, atravs do primado da lei.

    Esta aluso acabou por vincular a idia de liberdade ao princpio da legalidade,

    estabelecendo tambm limites atuao do Estado perante o cidado e moldando o sistema de

    checks and balances.

    do conjunto de idias expostas que podemos inferir o seguinte: controle a

    limitao do poder pelo poder.

    A teoria de Montesquieu passou a ter grande influncia na formao do chamado

    EstadoNao, que surge aps o incio da Revoluo Francesa e da Declarao dos Direitos

    do Homem e do Cidado de 1789.

    Alis, com relao sobredita Declarao, dois artigos demonstram, nitidamente, a

    influncia iluminista da separao de poderes e do controle exercido pela sociedade. So eles:

    Artigo 16: Qualquer sociedade em que no esteja assegurada

    a garantia dos direito, nem estabelecida a separao dos

    poderes no tem Constituio.

    Artigo 15: A sociedade tem o direito de pedir contas a todo

    agente pblico pela sua administrao.

    Desde ento, estas regras, que esto plasmadas nos direitos humanos de primeira

    gerao, verteram-se em marcos histricos para o desenvolvimento do controle (seja o de

    natureza institucional ou social) e passaram a ser positivadas, em grande parte nas

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    Constituies democrticas contemporneas, como por exemplo, a dos Estados Unidos,

    Frana e Brasil (1988).

    2.2 Origem e conceituao do controle (lato sensu):

    Quanto ao surgimento do controle, no existe consenso entre os historiadores acerca

    da origem, mas, sabe-se que so remotas e derivam dos primrdios da organizao humana

    em cidades.

    Segundo Lima (2007, p.01), h quem veja exemplos de atuao do controle na

    organizao dos faras do antigo Egito, entre os hindus, chineses e os sumrios, ou em

    instituies presentes na Atenas do Sculo de Ouro (sculo V- a.C.).

    Acerca da etimologia da palavra controle, cabe dizer que tem origem francesa,

    contre-rle, assim como do latim medieval contrarotulus, de acordo com a pesquisa de

    Guerra (2005, p.89) apud Lima (2007, p.02).

    No entanto, como ressaltou Mileski (2003, p.137), embora hoje a palavra j seja

    perfeitamente integrada linguagem jurdica nacional, sendo de uso corrente no Direito

    Pblico, houve tempo em que a sua utilizao foi alvo de severas criticas por parte dos

    puristas da linguagem que no admitiam galicismos, por entender que no portugus havia

    termo adequado - fiscalizaopara indicar o sentido tcnico.Porm, esta controvrsia somente fora dirimida aps o posicionamento doutrinrio

    de Meirelles (2001, p.624), mediante sua preciso tcnica:

    A palavra controle de origem francesa (contrle) e por isso

    sempre encontrou resistncias entre os cultores do vernculo.

    Mas por ser intraduzvel e insubstituvel no seu significado

    vulgar ou tcnico, incorporou-se definitivamente no nosso

    idioma, j constando dos modernos dicionrios da lngua

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    portuguesa nas vrias acepes, e, no direito ptrio, o conceito

    controle foi introduzido e consagrado por Seabra Fagundes

    desde a publicao de sua insupervel monografia, O controle

    dos atos administrativos do Poder Judicirio (1 ed.,1941).

    Muitos so os conceitos de controle, haja vista o seu carter interdisciplinar, por

    este motivo que pedimos vnia para apresentarmos algumas das definies que melhor

    exprimem as linhas de pensamento expostas neste estudo.

    2.2.1 Quanto ao sentido lxico:

    De acordo com o Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa, controle, na primeira

    acepo :

    Monitorao ou fiscalizao minuciosa de acordo com

    padres e normas

    2.2.2 Quanto ao sentido da Cincia Jurdica, nos esclarece Carvalho Filho

    (2008, p.836):

    ... controle da Administrao Pblica o conjunto de

    mecanismos jurdicos e administrativos por meio dos quais se

    exerce o poder de fiscalizao e de reviso da atividade

    administrativa em qualquer das esferas de poder.

    Cabe aqui uma observao que julgamos ser oportuna, para justificar os motivos

    pelos quais no foram utilizadas as conceituaes de Meirelles (2001, p.624) e Di Pietro

    (2008, p.691). Em primeiro lugar, a conceituao do saudoso jurista certamente brilhante,

    contudo, definecontrole como sendo uma faculdade, o que, a nosso sentir, data vnia, no

    retrata a realidade, mas, sim, um poder-dever, conforme bem asseverou Di Pietro (2008,

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    p.691). J no tocante a definio de controle apresentada pela laureada professora da USP,

    cabe apenas uma humilde reserva, a de que o exerccio do controle da administrao pblica

    no exercido apenas por rgos dos poderes constitudos, mas tambm pelos cidados,

    atravs do controle social que exgeno7, ou seja, exercido de fora para dentro do ambiente

    organizacional, razo pela qual o conceito de Di Pietro, muito embora seja altamente

    profcuo, no seria o mais adequado nesta pesquisa.

    Logo, com base em tais argumentos, optamos por empregar o conceito de Carvalho

    Filho (2008, p.836), haja vista que por conter uma definio mais aberta no est a excluir a

    importncia do exerccio do controle social que um dos corolrios da democracia de

    sociedade civil, razo pela qual no se exerce controle apenas pelos rgos do Estado.

    2.2.3 Quanto ao sentido da Cincia da Administrao:

    Segundo Chiavenato (2007,334):

    A essncia do controle consiste em verificar se atividade

    controlada est ou no alcanando os seus resultados

    desejados. Quando se fala em resultados desejados, parte-se do

    princpio de que esses resultados foram previstos e precisam

    ser controlados. Ento, o controle pressupe a existncia de

    objetivos e planos, pois no se pode controlar sem planos, para

    definir o que deve ser feito. O controle verifica se a execuo

    est de acordo com o que foi planejado. Quanto mais

    complexos, definidos e coordenados forem os planos e quanto

    maior for o perodo de tempo envolvido, tanto mais complexo

    ser o controle.

    7 Esta afirmativa de Carvalho Filho (2008, p.844), conforme referncia bibliogrfica anexa.

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    No obstante todos esses significados, o controle tambm uma funo

    administrativa, e como tal deve ser exercida, numa democracia, no apenas pelo Estado, mas

    tambm por toda a sociedade.

    2.3 Classificao da funo controle (lato sensu)

    A classificao da funo controle tambm bastante variada, dependendo do autor

    e do enfoque que se queira dar. Conforme se observa nas doutrinas das cincias jurdica e

    administrativa, muitas so as possibilidades, razo pela qual, abordaremos apenas aquelas

    classificaes que sustentam os objetivos deste estudo.

    2.3.1 Classificao jurdica de controle:

    A classificao jurdica de controle abaixo analisada encontrada na doutrina de

    forma pacfica e foi extrada de Meirelles (2001, p.625), Di Pietro (2008, p.691), Carvalho

    Filho (2008, p.838) e Borges (2004, p.489), apenas nos pontos em que se comunicam:

    Quanto ao rgo controlador, o controle pode ser:

    1) Administrativo- origina-se da prpria Administrao Pblica -

    autotutela (Smulas 346 e 473 do STF);

    2) Legislativo - exercido por meio do Poder Legislativo (Congresso

    Nacional ou por cada uma de suas casas legislativas) Ex: art. 49 da

    CRFB/88 ou com o auxlio do Tribunal de Contas - Ex: art. 71 da

    CRFB/88;

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    3) Judicial - levado efeito pelo Poder Judicirio (art.5 , inciso

    XXXV, da CRFB/88).

    Quanto ao momento (ou oportunidade) o controle :

    1) Prvio (preventivo) ou (a priori) visa a impedir a prtica do

    ato ilegal ou contrrio ao interesse pblico- (art.49, II, III, XV,XVI; art.

    52, III, IV, V da CRFB/88);

    2) Concomitante no mesmo instante da atuao administrativa -

    sistema de auditoria;

    3) Posterior (ou a posteriori) rever os atos j praticados - visa

    corrigir, desfazer, confirmar aprovao ou homologao, revogao,

    convalidao e anulao.

    Quanto origem (ou extenso do controle):

    1) Interno - cada Poder exerce sobre seus prprios atos (art.70 a 74

    da CRFB/88);

    2) Externo - a cargo do Congresso Nacional com auxlio do

    Tribunal de Contas ou por via do Poder Judicirio (art.5 XXXV, da

    CRFB/88);

    Cabe tambm aduzir que o controle externo, segundo Meireles (2001, p.626),

    tambm pode ser o popular (controle externo popular) - que seria o previsto no artigo 31,

    pargrafo 3, da CRFB/88 determinando que as c