a tecnologia na sala de aula: uma proposta para...
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A TECNOLOGIA NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA PARA
O ENSINO COM USO DE METODOLOGIAS INOVADORAS
Vaneila Bertoli – [email protected]
Marijane Linhares Gili – [email protected]
Elcio Schuhmacher – [email protected]
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Rua Antônio da Veiga, 190 – Bairro Victor Konder – 89012- 900
Blumenau – Santa Catarina
Resumo: Este artigo apresenta um relato de experiência sobre o acontecimento de uma
formação continuada realizada para professores da rede pública estadual da cidade de
Blumenau Santa Catarina. Com o objetivo de apresentar tecnologias como metodologia de
ensino e enriquecer o “fazer pedagógico” de cada docente. Inicialmente apresentamos um
breve relato sobre o planejamento do projeto, que contou com colaborações dos alunos do
Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, da
Universidade Regional de Blumenau, bem como orientações do coordenador do programa,
numa parceria com o programa Novos Talentos da Capes. Posteriormente descreve-se a
trajetória da formação com a utilização dos recursos tecnológicos nas escolas visitadas. Em
seguida apresentamos alguns resultados obtidos, com planos de aula aplicados pelos
professores cursistas. Todas as atividades foram aplicadas no Ensino Fundamental
objetivando formar alunos críticos e capazes de utilizar a tecnologia em favor da construção
do conhecimento científico. Com base nas práticas apresentadas neste artigo, fica evidente
que os professores foram “contaminados” com ensino através de uma metodologia
inovadora, como a lousa digital, por exemplo. A tecnologia não vem acompanhada do saber
científico, cabe ao professor articular e planejar uma aula que possibilite construir o
conhecimento com apoio pedagógico e tecnológico, nossos objetivos foram alcançados e o
projeto de formação continuada pode servir de inspiração para outros que queiram
contribuir com a formação de alunos capazes de estabelecer um elo entre a tecnologia e o
saber.
Palavras-chave: Formação de Professores, Tecnologias, Ensino.
1 INTRODUÇÃO
O ensino contemporâneo se distancia da realidade vivenciada pelos alunos, na maioria
das vezes, estes não atribuem significado ao mesmo. A seleção dos conteúdos disciplinares e
a metodologia utilizada atualmente não proporcionam um ensino interdisciplinar e
contextualizado. Diante disto, buscamos atualizações para a formação docente que recebemos
na graduação.
O mercado tecnológico tem sido mais atrativo do que o conhecimento científico presente
na escola. Precisamos encontrar maneiras de utilizar estas tecnologias a favor do
conhecimento, articulando aulas com novas metodologias de ensino, capaz de fazer o aluno
perceber que o mundo tecnológico pode contribuir para a construção do seu conhecimento.
Com base nisso, mestrandos do Programa de Pós graduação em Ensino de Ciências
Naturais e Matemática (PPGECIM) da Universidade Regional de Blumenau (FURB),
desenvolveram um projeto de formação continuada, com a finalidade de utilizar a tecnologia
como uma das possíveis metodologias para o ensino de qualquer área de conhecimento.
O projeto foi desenvolvido por alunos do curso de Pós-graduação (PPGECIM)
juntamente com o coordenador do programa, numa parceria com uma instituição privada de
Blumenau a Fundação Fretz Müller e o Projeto Novos Talentos da CAPES.
A formação foi realizada no primeiro semestre de 2014, em quatro escolas da rede
pública estadual de Blumenau. Com isso, visando a importância de uma formação junto ao
seu ambiente de trabalho.
Os cursos de formação de professores com a utilização das novas tecnologias, tem como
objetivo principal, despertar nos professores o “aprender a aprender”, aprimorar suas
ferramentas didáticas com o auxílio tecnologico e preparar esses professores para a sociedade
já que esta, está sempre em constante transformação. (MERCADO, 1999).
Nos últimos anos a educação vem passando por várias mudanças. A começar com a
implementação das novas tecnologias destinadas para as redes públicas de ensino. E com isso,
vem à preocupação com a qualidade e formação dos profissionais de ensino, levando em
consideração que é de fundamental importância a formação desses profissionais tanto para o
aprendizado de seus alunos com a utilização de novas práticas pedagógicas, quanto para a
melhoria na educação em nosso país. E importante ressaltar que essa prática é uma forma de
conceber a educação que envolve alunos, professores e tecnologias disponíveis nas escolas.
2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O USO DAS TECNOLOGIAS
Nos tempos atuais não podemos mais falar em educação de qualidade sem mencionar
uma formação de professores adequada, já que este vem sendo considerado um assunto
fundamental nas políticas públicas para a educação.
Barbosa salienta que:
Quando se fala da formação do educador, no entanto, impõe-se clarear bem a
questão. Não se trata apenas de sua habilitação técnica, da aquisição e do domínio de
um conjunto de informações e de habilidades didáticas. Impõe-se se ter em mente a
formação humana em sua integralidade. (BARBOSA, 2003, p. 74).
Na atualidade, com a inserção das novas tecnologias nas escolas, precisamos cada vez
mais de profissionais capacitados. Com isso a implementação de uma reforma educacional é
de extrema importância atribuindo novos significados através de mudanças na visão do papel
do professor e dos seus saberes. No documento do SEMTEC / MEC (1999) no Art. 22 da
LDB aponta com intuito da Educação Básica, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a
informação comum para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores”.
Com todos esses avanços tecnológicos, não temos em nossas escolas professores
habilitados para com o uso dessas tecnologias, sendo que hoje no Brasil a formação que é
disponibilizada aos professores não é suficiente para formar e desenvolver cidadãos mais
exigentes em aspectos cotidianos e profissionais. Diante dos objetivos educacionais, temos
que:
A questão da formação de professores é uma questão mundial, sobretudo nos países
onde as reformas curriculares têm sido implementadas. Essas reflexões têm
mostrado a necessidade de se rever a função e o papel do professor. As reformas
curriculares têm mostrado que novos saberes têm que ser adquiridos, um novo ofício
tem que ser construído e, consequentemente, uma nova formação tem que ser
pensada. (SEMTEC / MEC, 1999, p. 2).
Numa perspectiva educacional, a formação de professores é fundamental para melhor
desempenho em sua prática profissional, possibilitando ao professor novas formas de
ministrar suas aulas e ampliar seus conhecimentos com o uso de recursos didáticos
pedagógicos e tecnológicos no dia-a-dia em sala de aula.
A formação continuada de professores na visão da autora busca “definir as relações entre
o que os professores fazem em sala de aula e os produtos de aprendizagem de seus alunos,
supondo-se que um conhecimento mais sofisticado de tais relações possa conduzir a uma
melhoria do ensino e que programas de formação de professores possam ser reconfigurados
de forma a promover práticas atingentes”. (BARBOSA, 2003, p. 202).
No entanto, quando mencionamos à formação continuada de professores, logo pensamos
em uma educação com qualidade e em profissionais críticos e capacitados. Sendo que, até
então, os professores de redes públicas e privadas só utilizam produtos tradicionais como
métodos de ensino em sala de aula, tais como: livros escolares, materiais didáticos, quadro e
giz. Nos últimos anos com a evolução dessas tecnologias, escolas e professores terão um novo
desafio em suas práticas cotidianas.
A melhoria na educação é de fundamental importância para o âmbito escolar, no entanto:
“Não basta apenas dotar as escolas com novas tecnologias, comprando
equipamentos sofisticados e aumentando o espaço físico, sendo necessário formar e
preparar o professor para que ele tire o melhor proveito destas tecnologias que estão
à sua disposição”. (MERCADO, 1999, p.25).
A formação de professores nos permite compreender com mais eficiência as maneiras de
como os professores dão significado ao seu trabalho e como atuam em seu contexto
educacional. A formação destes em novas tecnologias, segundo Mercado (1999, p. 100) “se
converte em processo de transmissão de conhecimentos científicos e culturais”.
Para Nóvoa:
“Muitas vezes, e isto é um problema de fundo as instituições de formação de
professores ignoram ou conhecem mal a realidade das escolas, especialmente do
ensino fundamental. É fundamental assegurar que a riqueza e a complexidade do
ensino se tornem visíveis, do ponto de vista profissional e científico, adquirindo um
estatuto idêntico a outros campos de trabalho académico e criativo. E, ao mesmo
tempo, é essencial reforçar dispositivos e práticas de formação de professores
baseadas numa investigação que tenha como problemática a acção docente e o
trabalho escolar”. (NÓVOA, 2011, p. 19).
Vivemos hoje, onde a escola é muito criticada e o resultado disso são professores
desmotivados e desnorteados. É necessário que a formação desses profissionais colabore e
promovam educação aos alunos portadores de deficiência. Nóvoa (2011, p. 76), coloca ainda
que: “sempre com a consciência de que a inclusão se define pela capacidade de aprender e de
dominar os instrumentos básicos do conhecimento e da vida em sociedade. São os mais
desprotegidos que necessitam de mais e de melhor escola. A educação para todos só faz
sentido se traduzir na aprendizagem de todos”.
Para a formação de professores uma das situações mais importantes de aprendizagem é o
seu funcionamento dentro das próprias escolas onde os profissionais de educação lecionam. O
processo de formação continuada de professores com a utilização das novas tecnologias
dentro de seu ambiente escolar se deve pela compreensão de que o uso dessas ferramentas
auxiliara na construção de conhecimento, de modo a capacitá-los com a utilização destas em
suas práticas pedagógicas aprimorando o aprendizado de seus alunos.
Neste processo de formação, será responsabilidade do professor incorporar o uso de
tecnologias como processo de aprendizagem de seus alunos, com isso criando novos materiais
didáticos e possibilitando a iteração de alunos – professores – tecnologias, vivenciando novas
experiências dentro e fora da escola. No entanto, para muitas escolas passam por problemas
com seus recursos tecnológicos educacionais devido à falta de manutenção.
A formação de professores deve ser voltada para a melhoria do ensino, adequando-se as
necessidades profissionais. O professor deve sempre participar eventos relacionados com sua
profissão aperfeiçoando-se em novos conceitos, métodos e tecnologias. Podendo assim dizer
como sendo esta uma forma de formação continuada de professores, sendo assim um
profissional sempre atualizado.
Segundo Mercado (1999), o processo de formação continuada permite condições para o
professor construir conhecimento sobre as tecnologias, entender por que e como integrar estas
na sua prática pedagógica. Espera-se que o professor possa adquirir estes conhecimentos de
forma crítica, para atuar de forma compromissada em facilitar a aprendizagem de seus alunos,
e não apenas de forma a facilitar a tarefa de ensinar.
A formação continuada de professores com auxílio das novas tecnologias, juntos com
uma boa proposta pedagógica, são de grande importância quando vistas como instrumentos
e/ou mídias educacionais sendo elas facilitadores no ensino/aprendizagem. No entanto, os
alunos passam a construir seus próprios conhecimentos buscando resolver suas próprias
necessidades escolares e cotidianas.
Com a prática de capacitação de professor que fundamentam a prática da utilização das
novas tecnologias na educação, Mercado (1999), coloca que:
“É preciso considerar a análise dos valores culturais, sócio-político e pedagógicos da
realidade, na qual o processo de incorporação destas tecnologias pela escola seja um
meio de ampliação das funções do professor, favorecendo mudanças nas condições e
no processo de ensino – aprendizagem e não como um meio de substituição da ação
docente”. (MERCADO, 1999, p. 53).
Assim como o professor auxilia seus alunos com propostas iterativas com o uso das
tecnologias em sala de aula, os alunos também podem partilhar seus conhecimentos junto ao
professor, o que favorece e muito a relação professor – aluno. Visto que, nos tempos atuais, a
maioria dos alunos dá um show quando o assunto é inovação tecnológica.
Mercado (1999) observa que, o maior desafio da escola é ampliar o acesso ao uso das
novas tecnologias, mantendo sempre uma boa qualidade e apoiando seus professores para sua
utilização em sala de aula. Podendo diversificar suas aulas elaborando diversos materiais
didáticos, aprimorando o aprendizado dos alunos.
3 PLANEJAMENTO DO PROJETO
Na fase de elaboração do projeto, participaram os alunos do PPGECIM e o coordenador
do curso. Os objetivos do projeto estão destacados a seguir:
1. Aprimorar estratégias de ensino ofertadas pela rede pública;
2. Inserir nas Unidades Escolares avanços tecnológicos, atualizando estratégias e
agilizando trabalhos escolares;
3. Cooperar tecnicamente no apoio as atividades de ensino e pesquisa;
4. Enriquecer o “fazer pedagógico”.
Para alcançar tais objetivos dividimos o projeto em dois momentos, um com apresentação
e operacionalização das Tecnologias e um segundo momento onde serão feitas sugestões de
práticas pedagógicas interdisciplinares com o uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC’s).
Durante as duas etapas foram realizadas acompanhamento e orientação sobre o uso das
estratégias mediadas pelas TIC’s por uma página da rede social Facebook e avaliação
constante do processo e aprendizado.
A metodologia utilizada baseou-se na utilização de Recursos tecnológicos como, lousa
digital, softwares educacionais do sistema operacional Linux Educacional, alguns recursos do
Google Drive, sistema de armazenamento online Dropbox e ainda o software online chamado
Prezi. Além disso, a rede social como meio de socialização de trabalhos realizados na escola
pelos professores cursistas, através de uma página do curso no Facebook.
Após a fase de elaboração do projeto buscamos parceria junto a Gerencia Regional de
Educação de Blumenau, que prontamente nos apoiaram e selecionaram algumas escolas da
rede a participar do projeto de formação continuada. A gerência nos listou primeiramente
quatro escolas, ambas de Ensino Fundamental. Elaboramos um cronograma de forma que em
cada escola ocorressem dois encontros quinzenais com 4 horas de duração.
3.1 Aplicação do projeto: primeiro encontro
No primeiro encontro apresentamos aos professores cursistas os objetivos da formação e
a metodologia. O encontro aconteceu na sala de informática da escola, onde necessitamos do
uso de internet para demonstração da página da rede social, projetor multimídia e lousa
digital. Iniciamos nossas discussões com os professores através de um vídeo, reportagem
exibida pela Rede Globo de televisão, onde temos uma demonstração do quanto o uso da era
digital afeta nossos alunos. A tecnologia está presente no nosso cotidiano dentro e fora da sala
de aula. A geração y, ao qual estamos lecionando, não estão se sentindo atraída pelos
conteúdos curriculares da forma que estamos acostumados a apresentar. Não se contentam
mais com aulas tradicionais e métodos que não lhe chamem a atenção e despertem seu
interesse.
As discussões geradas com os professores levantam algumas temáticas, como por
exemplo a dificuldade em operacionalizar tecnologias na sala de aula, a falta de instruções
sobre como planejar uma aula com uso das TIC’s, a péssima qualidade da velocidade de
internet nas salas de informática da escola, os poucos computadores disponíveis para
utilização. Diante disso, buscamos apresentar maneiras de utilizar os recursos presentes na
escola em favor de um planejamento de aula adequado as expectativas de nossos alunos,
buscando aprimorar o conhecimento dos professores em relação ao uso dessas tecnologias.
As lousas digitais, foram enviadas as escolas da rede estadual no ano de 2013, porém a
maioria dos professores não tinha nem se quer visto-a em funcionamento. Na “Figura 1”,
podemos vê-la.
Figura 1. (lousa digital em funcionamento).
Num primeiro momento explicamos quais os materiais que a lousa disponha, que seriam
uma régua com conectividade Bluetooh, caneta digital e modem para estabelecer a conexão
entre o computador e a lousa. Posteriormente apresentamos todas as funcionalidades da lousa,
quais as funções de cada menu e como utilizá-los.
Os professores demonstraram grande interesse em aprender a operacionalizar esta
tecnologia, fizeram vários questionamentos sobre como utilizar na sala de aula, perguntas
técnicas da área de informática, e além disso curiosidade sobre aplicações já realizadas.
Os recursos da lousa digital possibilitam trabalhar com edição de imagem, gravação de
vídeo, estratégias de ensino articuladas ao uso das mais variadas formas. Um recurso presente
na escola mais que a maioria dos professores desconhece. É essa nossa perspectiva na
formação, poder instigar o docente a trabalhar em sala de aula com os recursos disponíveis na
sua escola, de acordo com o contexto de cada uma.
Além da lousa, trabalhamos com os softwares do Linux Educacional. Os computadores
disponibilizados pelo estado de Santa Catarina as escolas são dotados deste software. O que
nos propomos a fazer foi demonstrar um a um o que cada software proporciona, junto a esta
demonstração citamos alguns exemplos do que pode ser utilizado com os alunos em termos de
planejamento de aula. Os recursos são para todas as disciplinas do currículo escolar, não
devendo deter-se o professor atrelado a uma especificidade, podemos realizar trabalhos
interdisciplinares e enriquecer o cunho pedagógico.Na “Figura 2” podemos ver uma das
demonstrações realizadas aos professores.
Figura 2, professores operacionalizando softwares do Linux Educacional.
Em todas as escolas ao qual fizemos a formação tivemos depoimentos de alguns
professores que já utilizaram recursos do Linux, eles citaram como utilizaram fazendo uma
troca de informações que enriqueceu nossa formação.
Neste primeiro encontro ainda, socializamos com os professores cursistas nossa atividade
à distância. A ideia inicial era despertar o interesse em utilizar um dos recursos ao qual nós
apresentamos no encontro. Cada professor individualmente ou em grupo, deveria elaborar um
plano de aula para aplicar com seus alunos, e posteriormente postar seu planejamento na
página da rede social da formação continuada. No caso de uma experiência interdisciplinar
um dos professores apenas realizaria a postagem. Como o próximo encontro seria após 15
dias eles tiveram tempo hábil para seu planejamento e alguns inclusive conseguiram aplicar o
mesmo, relatando sua experiência. No decorrer deste artigo apresentaremos alguns trabalhos
destaque, frutos desta formação continuada, cujo foram aplicados em sala de aula e mostraram
grande desempenho pedagógico.
Segundo encontro
O segundo momento da formação é também nosso último contato pessoalmente com os
professores cursistas. Por este motivo faremos a explanação das TIC’s restantes e logo após
uma socialização dos planos de aula publicados na página da rede social encerrando nossas
atividades presenciais.
Além da lousa digital e softwares do Linux Educacional contamos com inúmeros
recursos tecnológicos para nos auxiliar em sala de aula. Nesta perspectiva apresentamos os
recursos disponíveis no Google Drive, que possibilitam a construção de arquivos de texto em
compartilhados até criação de planilhas e formulários online. Estes recursos podem ser
utilizados nos mais variados contextos da sala de aula, desde uma pesquisa como um
questionário, cuja análise gráfica e de dados é feita pelo Drive, até uma análise de construção
de textos com correção online. A maioria dos professores nunca utilizou este recurso em sua
didática, aproveitamos a oportunidade e criamos uma conta de acesso para cada um,
facilitando seu envolvimento com a tecnologia.
Um outro recurso apresentado foi o Dropbox, sistema de armazenamento em “nuvem” ou
online. Muito prático, possibilita que possamos compartilhar das informações salvas em nosso
computador pessoal e acessá-las de qualquer dispositivo com internet. Aos professores é
muito prático, pois não precisamos carregar hardwares com nossas atividades para impressão
por exemplo, basta acessar e imprimir de qualquer lugar. Os professores adoraram a ideia, e
criaram de imediato sua conta no Dropbox.
Quando um professor utiliza um recurso de projetor multimídia em sala de aula, na
maioria das vezes é com intenção de mostrar slides para apresentar sua aula, ou vídeos que
enriqueçam o conteúdo programático. Então resolvemos apresentar um software online que
tem estes recursos, mas que se apresenta de maneira mais chamativa e articula vídeos e
imagens de maneira diferente ao que eles utilizam, como o Power Point. Estamos falando do
Prezi, os professores gostaram muito desta nova alternativa e alguns já planejaram utilizar em
sala de aula, inclusive para ensinar aos alunos uma nova possibilidade de apresentação de
trabalhos em slides.
Terminadas nossas atividades passamos para o momento de socialização. Cada professor
apresentou seu plano de aula, a grande maioria deles conseguiu aplicar o planejamento o que
foi ainda mais satisfatório. Tivemos muitos trabalhos interdisciplinares, o que facilita o
envolvimento dos alunos e percepção dos mesmos nos conteúdos curriculares.
No tópico a seguir vamos apresentar alguns destes trabalhos, tivemos várias ideias
maravilhosas, nas mais diversas áreas do conhecimento. A colaboração dos técnicos de
informática da escola que ajudaram os professores na operacionalização das TIC’s.
Trabalhos destaques
Durante toda a execução do projeto de formação continuada tivemos vários planos de
aula sendo divulgados na página virtual do curso. Alguns tornaram-se projetos da escola,
envolveram diversas áreas do conhecimento, outros foram aplicados individualmente, até
mesmo com alunos que possuem deficiências. Ficamos satisfeitos com as inúmeras
contribuições e troca de experiência pelos próprios docentes.
Escolhemos então durante o decorrer do curso alguns trabalhos que julgamos como
destaque, não desmerecendo nenhuma ideia apenas valorizamos algumas atividades que
tomaram proporção maior durante sua execução.
Como um dos trabalhos realizados podemos citar um com a turma do quarto ano, onde
com o auxílio de um software do programa Linux Educacional estudaram o conteúdo de
geografia. Onde primeiramente fizeram atividades em sala com estados e capitais do Brasil e
também países participantes da Copa do Mundo, também com suas respectivas capitais e
bandeiras. Com a ajuda do software os alunos puderam visitar cada estado, país estudado
através do mapa 3d, segundo a professora a turma do quarto ano ficou bem entusiasmada, e
recebeu ainda a colaboração da professora de educação física, que colaborou nas informações
sobre a copa do mundo. Na “Figura 3” podemos observar os alunos utilizando o software.
Figura 3, alunos operacionalizando software do Linux Educacional.
Como um destaques mostramos uma aplicação realizada por uma professora de apoio, ela
trabalha como segunda professora em umas das escolas visitadas. Atende uma criança com
deficiência mental, que tem 11 anos e ainda não é alfabetizada. Por este motivo ela procurou
um meio de utilizar a tecnologia como facilitador de alfabetização para seu aluno. As
atividades buscavam reconhecer letras e palavras.
Utilizando os softwares do Linux Educacional foram realizadas as seguintes etapas:
1º) Em programas educacionais acessaram o software idiomas para aprender o alfabeto. Onde
o aluno teve que identificar a letra na tela e reproduzi-la no teclado do computador.
2º) Acesso ao software jogos, onde tinham que fazer ordenação de letras. Neste jogo além de
ordenar as letras deviam identificar a palavra e reproduzi-la no teclado do computador.
3º) Jogo da forca. A finalidade era descobrir a palavra usando as letras do teclado. Segundo
depoimento da professora “foram aulas muito divertidas, minha aluna gostou muito da
experiência e combinamos de fazer estas atividades mais vezes”. Este é um ótimo exemplo de
como a tecnologia pode auxiliar todos os alunos, independente das suas limitações, o que
precisamos é de docentes dispostos a “tentar”, não desistir do ensino e continuar buscando
melhorias em sua prática.
Uma das novidades em nossa formação continuada, era apresentar aos professores
cursistas a lousa digital, cujo foi enviada as escolas pela Secretaria Estadual de Educação,
através das Gerências Regionais. O que esperávamos era despertar o interesse dos professores
por este recurso tecnológico, uma vez que serviria de grande atrativo aos alunos e pode
contribuir para a construção do seu conhecimento. Ficamos surpresos com as inúmeras
atividades desenvolvidas e aplicadas em sala de aula com o uso da lousa. Citaremos apenas
um dos planos de aula, além destes outros podem ser observados na página online da
formação.
O plano de aula foi desenvolvido pela professora da disciplina de artes, para uma turma
do segundo ano do ensino fundamental. A proposta era testar o conhecimento dos alunos em
relação as cores primárias, onde com o recurso da caneta e da lousa digital, o alunos deveria
ligar os pontos na projeção, relacionando a cor escrita em uma coluna com a respectiva cor
na outra coluna. Na “Figura 4” podemos observar com mais clareza do que se tratava a
atividade.
Figura 4: alunos utilizando a lousa digital.
Segundo a professora, os alunos deram um retorno positivo e adoraram este novo recurso
para as aulas. Ainda segundo a mesma “o feedback foi positivo, com certeza este é mais um
recurso super válido para utilizarmos em sala de aula”.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como em qualquer aplicação de projeto temos pontos positivos e negativos a apresentar.
Nem tudo o que pensamos deu certo como o esperado, é preciso saber lidar com as situações
inesperadas, como por exemplo a falta de acesso a uma internet com velocidade de qualidade.
Não tivemos muitas situações de erros, ficamos felizes por isso. Além da internet que não era
adequada em todas as escolas, fomos surpreendidos pela repressão de alguns professores
quanto ao uso das tecnologias em sala de aula. Este com certeza foi nosso maior desafio,
enfrentar a crítica de profissionais desmotivados e talvez cansados de tentar novas maneiras
de ensinar. Mas como cita Nóvoa, é preciso começar, para ele:
A educação para todos só faz sentido se traduzir na aprendizagem de todos [...], é
preciso ter a coragem de começar [...], nada se resolve de um dia para o outro. Mas é
preciso começar. As mais importantes experiências pedagógicas tiveram origem em
pequenos gestos. (NÓVOA, 2011, p. 77).
Como um dos nossos objetivos era aprimorar estratégias de ensino ofertadas pela rede
pública, precisamos conhecer a realidade de cada escola. Na conversação com os professores
fomos identificando um perfil de suas metodologias, bem como suas estratégias de ensino.
Procuramos delinear cada apresentação e exemplo de atividades direcionados aquele grupo de
professores específicos. Não foi fácil provar com inúmeras tentativas que é possível utilizar a
tecnologia a nosso favor na sala de aula, mas cremos que conseguimos fazer com que a
maioria dos cursistas enxergue uma nova possibilidade em seu futuro planejamento e
estratégia de ensino.
Como segundo objetivo nos propomos inserir nas Unidades Escolares avanços
tecnológicos, atualizando estratégias e agilizando trabalhos escolares. Na verdade apenas
utilizamos os recursos já disponíveis em cada escola. Uma dificuldade encontrada neste
aspecto relaciona-se ao uso da lousa digital, algumas escolas não havia nem aberto a caixa
enviada pela Secretaria Estadual de Educação, portanto foi preciso fazer toda a instalação do
equipamento, o que destacamos como um ponto positivo, pois assim os professores tiveram a
oportunidade de aprender a operacionalizar o equipamento em seu computador pessoal,
difundindo o uso dos recursos por ele oferecido.
Com tal atitude acabamos atingindo também nosso terceiro ideal, que visava cooperar
tecnicamente no apoio as atividades de ensino e pesquisa. Além da instalação do equipamento
os professores tinham muitas dúvidas sobre as funções dos softwares. Cada atividade
apresentada gerou discussões e as dúvidas foram sendo resolvidas até mesmo entre os
professores, que cooperaram entre si compartilhando seus conhecimentos e experiências.
Não há dúvidas que cumprimos também o último propósito do curso, enriquecer o “fazer
pedagógico”. Com base nas práticas apresentadas neste artigo no item 3.3 fica evidente que os
professores foram “contaminados” com ensino através de uma metodologia inovadora, como
a lousa digital por exemplo. A tecnologia não vem acompanhada do saber científico, cabe ao
professor articular e planejar uma aula que possibilite construir o conhecimento com apoio
pedagógico e tecnológico. Para Mercado:
As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor em aula ajudam
os alunos a estabelecerem um elo de ligação entre os conhecimentos acadêmicos
com os adquiridos e vivenciados, ocorrendo uma troca de ideias e experiências, em
que o professor se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência deste.
(MERCADO, 1999, p. 90).
Com base nesta afirmação, concordamos que a troca de ideias e experiência entre
professor aluno enriquece não só o conhecimento, mas também a prática da sala de aula num
todo, pois o aluno sente-se útil e motivado a aprender, buscando colaborar com o uso das
tecnologias e interagir com seus colegas e docente.
Em cada escola que realizamos a formação nos sentimos bem acolhidos, percebemos que
compartilhamos das mesmas angústias e anseios quando se trata do ensinar com êxito. Esta
aproximação nos faz perceber que todos somos pesquisadores, e esta busca incessante por
uma metodologia de ensino atrativa para “geração y” ao qual lecionamos, pode ser facilitada
através do uso de tecnologias.
Acreditamos que a maioria dos professores percebeu que podemos fazer um bom trabalho
com as possibilidades que a escola oferece. Cada realidade é diferente, porém com boa
vontade, criatividade e coragem podemos sim fazer um excelente trabalho.
Agradecimentos
Nossos agradecimentos se estendem a Capes, Fundação Fretz Müller de Blumenau e ao
Programa de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior (FUMDES).
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, R. L. L. Formação de educadores: desafios e perspectivas / organizadora
Raquel Lazzari Leite Barbosa. - São Paulo: Editora UNESP, 2003.
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Formação De Educadores – 2005. UNESP - Universidade Estadual Paulista - Pro-Reitoria De
Graduação. Disponível em: <http://www.unesp.br/prograd/e-
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_________. Formação Continuada de Professores: Uma Análise das Modalidades e das
Práticas em Estados e Municípios Brasileiros. Estudo realizado pela Fundação Carlos Chagas
por encomenda da Fundação Victor Civita. 2011. Disponível em:
<http://fvc.org.br/pdf/relatorio-formacao-continuada.pdf>. Acesso em: 15 de Julho de 2014.
MARTINS, L. M.; DUARTE, N. Formação de Professores: Limites contemporâneos e
alternativas necessárias/ Lígia Márcia Martins, Newton Duarte (orgs.); apoio técnico Ana
Carolina Galvão Marsiglia. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. il.
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação Continuada de professores e Novas
tecnologias/ Luiz Paulo Leopoldo Mercado - Maceió: Edufal, 1999.
NOGUEIRA, L. K.C.; OLIVEIRA, B. M. B.; OLIVEIRA, S. S.; JÚNIOR, A. O. S.
Formação de professores e tecnologias da informação – TICs: uma relação necessária
para o uso de recursos tecnológicos na educação. ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de
Ensino Superior a Distância Belém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 – UNIREDE. Disponível
em: < http://www.aedi.ufpa.br/esud/trabalhos/poster/AT2/114324.pdf>. Acesso em: 14 de
Julho de 2014.
NÓVOA, A. O Regresso dos Professores. Lisboa: Portugal. EDUCA. 2011.
SEMTEC / MEC. Fundamentos para a Formação do Professor da Educação Básica.
(1999). Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/esbo%E2%80%A1o4.pdf>. Acesso em: 13 de
julho de 2014.
TECHNOLOGY IN THE CLASSROOM: A PROPOSAL FOR
TEACHING WITH USE OF INNOVATIVE METHODOLOGIES
Abstract: This article presents an experience report on the event of continued training for
teachers the public school of the city of Blumenau Santa Catarina. Our objective is to present
technologies to use as teaching methodology and enrich the "pedagogical practice" of each
teacher. Initially we present a brief report on project planning, the project had the students
contribution of the Graduate Program in Teaching Mathematics and Natural Sciences,
Regional University of Blumenau, too had collaboration of the coordinator of the program,
besides partnership with the New Talent Capes program. Subsequently we describe the
trajectory of the formation with the use of technological resources in the schools visited. Then
we present some results obtained with lesson plans implemented by the participant teachers.
All activities were implemented in elementary education aiming to form students critical and
able to use technology in favor of the construction of scientific knowledge. Based on the
practices presented in this article, it is evident that teachers were "contaminated" with
education through an innovative methodology, as the digital board, for example. The
technology is not accompanied of scientific knowledge, is necessary the teacher plan a lesson
that enables construct knowledge with pedagogical and technological support. Our objectives
were achieved and the project of continuing education can serve as inspiration for others who
wish to contribute to the training of students able to establish a link between technology and
knowledge.
Key-words: Teacher Training, Technology, Teaching.