a sustentabilidade ambiental na construÇÃo civil … · por vezes não tem destinação correta....
TRANSCRIPT
A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
NA CONSTRUÇÃO CIVIL FRENTE À
NECESSIDADE DE UM TRABALHO
TECNOLOGICAMENTE INOVADO
Wagner Costa Botelho (UNIP)
Oduvaldo Vendrametto (UNIP)
Renata Maciel Botelho (BSILIDES)
Embora com atraso, inicia-se os processos de Inovações Tecnológicas
na Indústria da Construção Civil. Novos equipamentos, materiais,
sistemas de gestão e manutenção, perfil de mão de obra, estão
rompendo metodologias e modelos tradicionais até agora utilizados.
Tratando-se de setor em que utiliza mão de obra em grande escala e de
baixa qualificação, um paradoxo começa a ser observado na
construção civil: os empregos exigem um perfil de trabalhador pouco
disponível no mercado e os trabalhadores desempregados não estão
qualificados a participarem dos novos processos inovados
tecnologicamente, processos estes que certamente geram resíduos, que
por vezes não tem destinação correta. Providências devem ser
tomadas, as mudanças que estão acontecendo comprometem o setor,
trazendo para as empresas a oportunidade concreta de se envolverem
com ações sustentáveis. A pesquisa que orientou este trabalho revelou
para o setor da Construção Civil, o uso de mão de obra má
qualificada, sem educação técnica especializada, tem conduzido a não
qualificação para atividades em que a Inovação Tecnológica da
Construção Civil se faz presente. Uma proposta de implementação no
curso de Formação de Técnicos de Nível Médio em Eletrotécnica, de
disciplinas que contemplem tal evolução tecnologia voltada para um
mundo sustentável e ambientalmente correto, é o propósito deste
trabalho.
Palavras-chaves: Sustentabilidade ambiental, Inovação tecnológica,
Construção Civil, Educação técnica.
5, 6 e 7 de Agosto de 2010
ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
2
1. Introdução
Momento em que sem exceção, todos os países estão engajados em mitigar os danos
ambientais, com ações integradas e processos sustentáveis, novas especializações
profissionais e postos de trabalho surgem, enquanto diversas ocupações tradicionais são
transformadas ou extintas. As novas demandas profissionais surgem com a exigência dos
novos padrões de conhecimento e habilitações, apanhando os sistemas formadores de
surpresa.
O mercado ainda carece de políticas públicas e privada quanto a dois aspectos importantes:
- A qualificação adequada para os ingressantes nos novos empregos que são gerados no
mercado do trabalho e;
- O estabelecimento de mecanismos de apoio que re-qualifiquem os trabalhadores para este
novo mercado. Além de exigir dos trabalhadores contínua atualização, desenvolvimento de
habilidades e competências de modo a atender aos novos requisitos-técnicos para alargar a sua
sobrevivência e aumentar sua empregabilidade com o enriquecimento da função a qual ele
exerce.
A preocupação com a formação de profissionais técnicos, diante dessa realidade, inspirou este
trabalho que se propõe a um estudo de caso sobre o ensino de instalações elétricas
residenciais, quanto à manutenção e instalação da rede elétrica em paredes divisórias não
tradicionais como as construídas com Drywall. Uma vez que as atividades empresariais,
influenciadas pelas novas realidades tecnológicas e de gestão, buscam profissionais com
competências adequadas prontos para atuarem neste novo mundo tecnologicamente inovado,
com operações de baixo impacto ambiental e sustentável.
O contexto em que este trabalho está inserido é o do mercado brasileiro da Construção Civil,
que embora com atraso, inicia a inserção de processos de Inovações Tecnológicas radicais.
Portanto, o interesse pessoal dos pesquisadores para o tema, se impõe pela recorrência das
discussões sobre as Inovações Tecnológicas na Construção Civil e a mudança do perfil de
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
3
mão de obra no Brasil, assunto permanente nesse ambiente. Pesquisas desta natureza
favorecem a compreensão do real papel dos agentes formadores de técnicos numa
sociedade composta de pessoas de baixa formação escolar e profissional. A prospecção com
recém formados mostrou o desconhecimento da evolução tecnológica.
A presente pesquisa teve como alvo, identificar novas tecnologias, materiais e processo em
obra Civil como o Drywal, e o perfil do trabalhador capacitado em cursos profissionais
Técnicos de nível médio em Eletrotécnica, quando inseridos nesse mercado após terem sido
instruídos para metodologias convencionais de operação nas atividades de uma obra. A
configuração da pesquisa apresentada neste artigo foi motivada pelos docentes e
pesquisadores como tentativa de propor melhorias para a área de atuação desse modelo de
ensino, que se encontra aquém da velocidade evolutiva que deveria estar.
O direcionamento esteve nos processos inovados tecnologicamente e os tradicionais, para
estudar a mudança do perfil do trabalhador, os requisitos de conhecimento exigidos dos novos
profissionais Técnicos, a provável redução de postos de trabalho disponíveis, a trabalhadores
de baixa qualificação atuantes em obras com processos inovados tecnologicamente, sem
educação técnica especializada. Essa demanda orientou para a inserção de uma disciplina no
curso de Formação de Técnicos de Nível Médio em Eletrotécnica, que contemple a evolução
tecnológica na Construção Civil para um universo onde o meio ―ambiente sustentável‖ é a
frase do momento.
O problema central está identificado como: - A importância da capacitação de profissionais
Técnicos do curso de Eletrotécnica nos novos métodos de trabalho da Construção Civil faz-se
imprescindível nestes novos tempos?
Este problema leva para a imediata hipótese:
- No curso de Técnico de Nível Médio em Eletrotécnica, a inclusão de uma disciplina que
aborde as inovações tecnológicas no setor da Construção Civil, a fim de manter estes
profissionais no mercado de trabalho competitivo, faz-se necessária.
Portanto, o objetivo pôde ser concentrado na identificação da necessidade de capacitação do
futuro Técnico Eletrotécnico nas novas tecnologias do setor da Construção Civil. Na
construção / instalação e montagem inovadas, vem com tendência futura de desemprego
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
4
tecnológico em função do novo perfil profissional exigido para este setor, demandando para si
cursos Técnicos que tenha esta visão de mudança sistêmica.
Com uma busca bibliográfica de modo exploratório, procurou-se estudar o caso da mudança
de perfil do técnico que está transitando de obras tipo ―construção‖ para obra do tipo
―montagem‖. Procurou-se também, avaliar a tendência futura de desemprego tecnológico em
função do novo perfil profissional exigido para os profissionais Técnicos Eletrotécnicos
dentro deste setor da Construção Civil, além da consciência do meio ambiente sustentável.
A pesquisa de caráter exploratório bibliográfico é colocada como o passo inicial para a
tomada de consciência de um problema, para posterior formulação das hipóteses sobre o
mesmo. Devido ao viés da Inovação Tecnológica e a limitação do ambiente de pesquisa, o
estudo de caso mostra-se indicado o aprofundamento do tema. É fundamental ressaltar que,
apesar de as atividades pesquisadas serem significativas de acordo com o referencial teórico
apresentado, não esgota as possibilidades do tema em estudo.
2. O mundo do trabalho e as mudanças tecnológicas
Oliveira (1995) apresenta que as mudanças tecnológicas no mundo do trabalho ocorreram a
partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, que se caracterizou pela evolução
tecnológica aplicada na produção e a conseqüente revolução nos processos de produção e nas
relações sociais.
Lamera (2000) constata que trabalhadores migrantes, quase sempre de baixa escolaridade e
precária formação profissional, encontravam na Construção Civil a possibilidade de venda da
sua força física de trabalho, geralmente terceirizados, origina a mão de obra deste setor.
Contudo, a realidade brasileira é de pouca qualificação, baixa escolaridade, aprendizado na
prática e baixa capacidade em aprender, na qual vem ocorrendo importantes mudanças
relacionadas a processo de trabalho gerando conseqüentemente nas empresas alteração
organizacional do trabalho.
2.1 A Construção Civil, características, tendências, mão de obra e
tecnologia
Segundo Guerrini (1998), a Construção Civil se relaciona com grande parte dos setores
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
5
industriais, desde a fase extrativista de minérios para fabricação de materiais e componentes
até a manutenção e automação de edifícios. Esta característica está inter-relacionada em um
contexto geral com outras áreas como a Eletrotécnica. Destacando-se, portanto, a importância
social e econômica da Construção Civil, em face da grande absorção da mão de obra técnica
especializada de outros setores e o poder de reprodução de empregos diretos e indiretos.
A Construção Civil está passando por um processo de mudança, com a reestruturação da sua
capacidade de produção, frente à crescente competição externa, que conduz ao processo
técnico e a adoção de modelos claramente distinta de gerência de produção caracterizada por
uma organização tradicional em fase de mudanças radicais. Na Construção Civil, a
reestruturação produtiva está mais ligada à utilização de novos materiais do que à introdução
de novas máquinas e equipamentos. É o caso, por exemplo, dos painéis de gesso acartonado,
que substituem as paredes de alvenaria. Cabe aos profissionais Técnicos de instalações
elétricas se capacitarem na instalação e manutenção neste novo tipo de parede.
É visível uma forte tendência à utilização de sistemas construtivos baseados na pré-fabricação
de elementos antes produzidos no próprio canteiro, transformando o processo de Construção
em sistemas de montagem. Paredes de gesso acartonado separam compartimentos de uma
construção. São compostas por um miolo de gesso e aditivos, envolto por cartão especial.
A soma destes elementos, resistentes a esforços de compressão e tração, o gesso e o cartão,
resultam em uma superfície de revestimento e acabamento, a qual se pode pregar, aparafusar,
serrar e trabalhar inclusive superfícies curvas. A organização tradicional da Construção Civil
subdividiu e reduziu as tarefas tornando sua execução extremamente simples, sendo este
segmento caracterizado pela intensidade de mão de obra, baixo nível de escolaridade e
qualificação profissional Técnica.
Portanto, as mudanças que começam acontecer deverão ter repercussão significativa na
qualificação de mão de obra deste e de outros setores de apoio – instalação elétrica é um
delas. Frente a presente característica da atividade da Construção Civil, os profissionais
Técnicos do setor e os dos demais setores necessitam, além do aprendizado prático,
desenvolver a habilidade de lidarem com novos materiais.
Ainda nos dias de hoje, alguns especialistas apontam falta de treinamento na Construção
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
6
Civil. Como exemplo, pode-se destacar, segundo Barros (1999), que as características da mão
de obra para a produção, manutenção e instalação de elementos elétricos em paredes de
vedações verticais em chapas de gesso acartonado, aponta um problema que é: ― ... a
deficiência no processo de treinamento e capacitação da mão de obra técnica ...‖.
Lima (1994) considera que o processo de formação da mão de obra na Construção Civil,
ocorre através da iniciação e da colaboração direta na execução prática das tarefas.
Contudo, o desconhecimento e desqualificação podem ser recuperados através do treinamento
especifico, tendo em vista que as tecnologias e novas técnicas sempre estão em evolução. A
preocupação desta pesquisa em analisar o aspecto humano envolvido nessas modificações do
processo construtivo, pela introdução de novos materiais e conseqüentemente novo perfil de
mão de obra, é partilhada por Farah (1992) ao afirmar que: ―... os ofícios sofrem assim um
novo processo de empobrecimento e extinção, apesar da continuidade da necessidade de
domínio de um saber fazer que não se subordine integralmente a uma prescrição
padronizada‖.
Diversos autores têm-se preocupado em conceituar tecnologia segundo sua área de interesse.
Entretanto, no entendimento popular, a tecnologia é o equipamento, a máquina, o software. O
pragmatismo do empresário leva a considerações do tipo: a compra dessa tecnologia que
possibilitará dobrar a produção pelo simples fato de ter adquirido uma máquina
(VENDRAMETO, 2003). Tecnologia é, sobretudo, conhecimento (PORTER, 2004).
Esse conhecimento instrumentaliza-se quando se incorporam numa ferramenta ou
equipamento tangível, em procedimentos, métodos, técnicas, algoritmos, softwares e
anotações: ―... de todas as coisas que podem modificar as regras da concorrência, a
transformação da tecnologia figura entre as mais proeminentes‖.
Há também efeitos negativos, assim como efeitos positivos da tecnologia. Cattani (2002)
considera que a ação contra os efeitos negativos da tecnologia é a educação técnica em prol de
sua valorização para serviços especiais, através de ações de governos e empresas para com
programas especiais de formação e treinamento de Técnicos.
Nos anos 70, em decorrência das transformações dos processos produtivos verificados em
escala mundial, é que o debate sobre Inovação Tecnológica ressurgiu. Para Porter (2004), a
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
7
Inovação Tecnológica pode ser divida em: substituição de equipamentos e aquisição de novos
conhecimentos e métodos.O trabalho passa por mudanças significativas de organização e
conhecimento. (FRACCARI, 2004)
A Inovação Tecnológica substitui materiais construtivos que chegam à obra em regime de
Just-in-Time e são montados, como paredes, revestimentos, janelas, portas, instalações
elétricas, instalações hidráulicas e trabalhadores de perfil profissional diferente daqueles que
anteriormente realizavam essas atividades.
Rifkin (2001) observa que enquanto as primeiras tecnologias industriais substituíram a força
física do trabalho humano, trocando força muscular por máquinas, a Inovação Tecnológica
baseada no computador promete substituir a própria inteligência humana, colocando máquinas
inteligentes no lugar dos seres humanos em toda a escala de atividade econômica.
No passado quando uma revolução tecnológica ameaçava a perda em massa dos empregos em
determinado setor econômico, um novo setor surgia para absorver a mão de obra excedente.
O Brasil terá de estar preparado. Para isso precisa qualificar o trabalhador para enfrentar o
desafio e se ajustar às exigências dos novos mercados de trabalho que está extinguindo ou
reduzindo antigas atividades e talentos. (FRACCARI, 2004)
A escolarização em massa de boa qualidade será o melhor antídoto para superar tal desafio.
Assim, é interessante reproduzir as afirmações de Pastore (2004), Acosta-Hoyos (1985) e
Rifkin (2001): Há duas alternativas: ou educamos aceleradamente a nossa gente e passamos a
competir com eficiência; ou convencemos os nossos concorrentes a deseducar seus povos e
parar de competir. E, a saída é uma só: educar. Educar mais e, sobretudo, educar bem.
(PASTORE, 2004)
Neste contexto, hoje os problemas e conflitos surgidos do avanço tecnológico na Construção
Civil são de tal importância, que certos profissionais técnicos deste setor estão ameaçados de
sucumbir se eles não forem solucionados ou amenizados. (ACOSTA-HOYOS, 1985)
Os trabalhadores deverão passar por processos de aprendizagem ou adquirirem novas
competências até para que possam migrar para outras atividades. A Inovação Tecnológica
como parte integrante da cultura, marca a sua presença em cada época e em cada sociedade,
levantando problemas e introduzindo conflitos a serem resolvidos.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
8
2.2 Desemprego tecnológico e formação profissional
Na literatura há respostas para alguns questionamentos, como Pastore (2004), ao afirmar que
nas últimas décadas, vários países têm apresentado uma ocorrência simultânea de um rápido
desenvolvimento tecnológico e elevação do desemprego, dizendo que: A simples coincidência
de avanços tecnológicos com aumento de desemprego não é suficiente para se concluir que as
inovações tecnológicas, de modo isolado, são destruidoras de empregos. Uma inovação
tecnológica pode ter um impacto direto destrutivo e um impacto indireto construtivo - em
outro setor da economia. Além disso, uma Inovação Tecnológica pode destruir empregos
hoje, e criar amanhã - na mesma empresa. (PASTORE, 2004)
Alguns analistas vêem o progresso técnico como o grande e único responsável pela redução
de empregos. Alguns consideram a Inovação Tecnológica como a grande responsável pelo
desemprego e desigualdade de renda, outros como a grande saída para se criar novos postos
de trabalho e melhorar o bem estar humano. Porém, a coincidência do avanço tecnológico
com o aumento do desemprego não é suficiente para se concluir que o avanço da tecnologia
produz desempregos. Neste contexto, Sacomano (2002), relata que as construtoras passam a
cobrar maior capacitação de seus subcontratados e estabelece novos parâmetros para a
terceirização de serviços/produtos dentro e fora da obra.
A mão de obra que foi educada e preparada até a pouco, vem perdendo espaço rapidamente
sem entender o que se passa, principalmente em razão da rapidez dos acontecimentos, que não
permitem tempo para digerir e adequar-se à nova realidade de um cenário atual de mudanças
tecnológicas.
Estes acontecimentos vêm sendo puxados pelo momento altamente competitivo, imposto pela
realidade da globalização, eliminando postos de trabalho de dentro da obra e criando
outros fora da obra, porém, de capacitação diferente das que eram exigidas dentro da obra.
O CONSTRUBUSINESS (2007) apresenta a Indústria da Construção Civil como responsável
pela geração de 1,25 milhões de empregos diretos, sendo uma grande geradora de ocupação
da mão de obra nacional quando se compara com outras atividades industriais. Aponta-se este
setor como sendo aquele que mais emprega no setor industrial.
Acredita-se que, em longo prazo, o número de empregos eliminados nas indústrias e
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
9
escritórios em razão da automação será superado pelos recém-criados empregos em
engenharia, manufatura, vendas e assistência técnica para produtos de nova tecnologia.
Embora isso possa ser verdadeiro, há uma questão preocupante em curto prazo: o que farão os
trabalhadores que perderem seus empregos para a automação?
Por exemplo, um trabalhador pode monitorar três robôs de soldagem elétrica em uma tarefa
que antes exigia quatro trabalhadores. Ainda, uma secretária pode fazer o trabalho de três,
graças aos modernos processadores de texto. Uma conseqüência da Inovação Tecnológica é a
eliminação de certos empregos.
Para Gaither (2002) a resposta é: ―Eles serão transferidos para outras funções dentro de suas
empresas, ou irão para outras empresas, ou ficarão desempregados‖.
Todos os três setores tradicionais da economia — agricultura, indústria e serviços — estão
vivenciando a Inovação Tecnológica, encaminhando milhões de trabalhadores para as filas do
desemprego. Segundo Rifkin (2001), o único novo setor emergente é o setor do
conhecimento, formado por uma pequena elite de empreendedores, cientistas, técnicos,
programadores de computador, profissionais técnicos, educadores e consultores.
Dentre as diversas causas do desemprego, uma está associada à tecnologia, ou seja, as
Inovações Tecnológicas podem ser responsáveis pela redução do emprego, na medida em que
elas representam racionalização dos processos produtivos e aumento da produtividade do
trabalho, sem que haja necessária contrapartida em termos de incremento na demanda de
trabalho.
Espera-se que se repita o fenômeno verificado nos setores de autopeças, eletromecânico, entre
outros, começa a se confirmar. A inserção de novos materiais, equipamentos com bases
tecnológicas controladas por computadores, novos métodos de gestão e organização do
trabalho estão substituindo trabalhadores em larga escala também na construção civil.
Esta pesquisa é realizada nesta conjuntura, com o objetivo de estudar a mudança do perfil do
trabalhador e os requisitos de conhecimento exigidos para os novos profissionais técnicos do
setor de eletrotécnica na Construção Civil.
Zibas (2003) considera que a Formação Profissional é uma expressão que designa processos
históricos que digam respeito à capacitação para no trabalho, portanto, à relação permanente
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
10
entre o trabalhador e o processo de trabalho: ―A disponibilidade de uma força de trabalho
educada é condição necessária, embora não suficiente, para viabilizar estratégias produtivas
centradas na capacidade de aprendizado e inovação das organizações‖.
Cattani (2002) propõe que a Formação Profissional, designa todos os processos educativos
que permitam, ao indivíduo, adquirir e desenvolver conhecimentos teóricos, técnicos e
operacionais relacionados à produção de bens e serviços quer esses processos sejam
desenvolvidos nas escolas ou nas empresas.
3. Novos materiais da Construção Civil estudados: alvenaria tradicional e
gesso drywall
O uso das chapas de gesso acartonado do tipo Drywall na produção de vedações verticais
(ESGA – Execução em Sistema de Gesso Acartonado) vem se tornando cada vez mais
intenso, substituindo respectivamente a tradicional vedação em alvenaria. Nesse contexto
nacional, onde a atual situação sócio-econômica do Brasil tem levado as empresas
construtoras a buscarem eficiência no seu processo de produção, apesar da utilização
crescente desses componentes, há uma carência no Brasil sobre o conhecimento destas novas
tecnologias construtivas, bem como a falta de mão de obra técnica qualificada na operação
desta inovação.
Parede para Modesto (2004) pode ser definida como qualquer elemento divisório ou de
vedação de uma Construção, constituído de tijolos, argamassa, pedra, concreto, etc., que serve
para separar as diferentes partes de uma edificação. No atual setor da Construção Civil, sub-
setor de edificações, entre tantos métodos construtivos tecnologicamente inovadores, pode-se
citar a Execução do Sistema de Gesso Acartonado para fechamento vertical.
Alvenaria de divisão pode ser composta de painéis de elementos especiais, para divisão de
ambientes, internamente, nas edificações. (ZULIAN, 2002)
De acordo com a definição da ABFCD (2004) – Associação Brasileira de Fabricantes de
Chapa de Drywall, a concepção básica do sistema de paredes é de uma estrutura leve em
perfis de chapas de aço galvanizado, constituída basicamente por guias e montantes, sobre os
quais são fixadas chapas de gesso, em uma ou mais camadas, gerando uma superfície pronta
para receber o acabamento final (pintura, papel de parede, cerâmica, laminados plásticos, etc.)
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
11
- figura 1.
Segundo Loturco (2004), a manutenção elétrica em paredes em Drywall, pela própria natureza
da tecnologia empregada, é facilmente executada apenas por Técnicos Eletrotécnicos, sem
"quebra-quebra", no entanto, se o problema for localizado pode-se efetuar apenas a
substituição parcial da placa. Em situações em que o estrago é maior, substitui-se toda a placa.
Apesar de se tratar de uma intervenção maior, o processo também é rápido e prático. Em
ambos os casos somente a placa afetada é manipulada. O conjunto da parede só será afetado
em razão do revestimento utilizado.
3.1 Descarte deste material inovado tecnologicamente
A geração do resíduo durante a fase de construção é decorrência das perdas dos processos
construtivos. Parte das perdas do processo permanece incorporada nas construções, na forma
FIGURA 1 - Misto de Drywall, alvenaria e elétrica convencional. Fonte: Conceito (2005)
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
12
componentes cujas dimensões finais são superiores àquelas projetadas. Este é o caso de
argamassas de revestimento, concretos, etc. Outra parcela vai se converter em resíduo de
construção. A proporção entre as duas não é conhecida em detalhes. Mudanças tecnológicas
também podem reduzir as perdas e o entulho da construção. Processos como a incorporação
de instalações em paredes de alvenaria que exigem a quebra parcial da parede recém
construída e sua reconstrução com argamassa, por exemplo, devem ser abandonados.
No entanto, nem todas as novas tecnologias adotadas recentemente colaboram com a redução
das perdas. Na fase de manutenção está associada a fatores de correção de defeitos; reformas
ou modernização do edifício ou de partes do mesmo, que normalmente exigem demolições
parciais; descarte de componentes que tenham degradado e atingido o final da vida útil e por
isso necessitam ser substituídos.
Nesse contexto, entende-se que realmente a tecnologia tem dado vantagem competitiva para
as organizações que nela investem como resultado de serem mais bem sucedidas que seus
concorrentes. Assim, as organizações que segundo Penrose (2006) são concebidas com uma
predisposição por parte de indivíduos para assumir riscos na expectativa de um ganho, a
Inovação Tecnológica na Construção Civil, pode ser para os empresários um meio
competitivo, sustentável e com impacto ambiental inexorável.
4. Desenvolvimento de competências e ações ambientais na Construção
Civil
A modernização da Construção Civil substitui mão de obra por novas máquinas e
equipamentos, estruturas de concreto armado por metálicas, paredes de alvenaria por novos
materiais, sistemas hidráulicos e elétricos. É visível a forte tendência à utilização de sistemas
construtivos baseados na pré-fabricação. (CAMPBELL, 2009)
Dentro de uma abordagem de sustentabilidade, as empresas mundiais têm como objetivo
político e ético a colaboração com a redução das emissões de carbono. O desenvolvimento e a
adoção de tecnologias mais limpas tem sido um caminho para isso. Essa mudança implica em
preparar profissionais para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, que gerem não só
ganhos econômicos, mas também ambientais e sociais. Tais soluções devem buscar a
eficiência energética, edifícios verdes, ―Retroffiting‖ (modernização de edifícios, máquinas e
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
13
equipamentos) e produção de componentes para edifícios.
González (2010), afirma que para minimizar a geração de resíduos nos processos produtivos é
preciso um modelo de desenvolvimento sustentável da obra. O responsável técnico deve estar
atento com a degradação da qualidade da vida humana no planeta e do trabalhador. Por ser o
setor de Construção Civil responsável por uma enorme parcela da diminuição da qualidade
ambiental, este setor caracteriza-se por desperdiçar matéria prima e insumos utilizados nos
processos construtivos.
Se as fontes de energia fossem inesgotáveis e os recursos naturais não finitos seriam o melhor
dos mundos para um País sustentável, diz Júnior (2010). O autor continua: ―Os princípios
básicos em obra são a racionalização do uso do material de construção lutando contra o
desperdício, diminuindo a geração de resíduos para reduzir extração de matéria prima,
preservando fontes de recursos naturais e minimizando impactos ambientais‖.
Para a Indústria da Construção Civil, define Valença (2006), é imprescindível atuar no
desenvolvimento de tecnologias que potencializem o reuso de resíduos. Esta ação deve ser
aplicada nos processos de produção, nos produtos e serviços cujo principal objetivo é
diminuir os impactos ambientais. Além desses, é desejável que também se reduzam os custos
diretos e indiretos de produção, tempo e desperdício de materiais. O empreendimento deve
apresentar edifícios mais eficientes do ponto de vista energético, que possam gerar impactos
cada vez menores ao meio ambiente.
A produção mais limpa direciona para as questões ambientais em diversas áreas, entre as
quais o desenvolvimento de medidas de conservação de consumo de matéria prima, água e
energia. Para os produtos pretende-se, segundo Júnior (2010), reduzir os impactos ambientais
à saúde humana, considerando a segurança em todo seu ciclo de vida, desde a extração da
matéria prima, fabricação, uso e destinação final.
5. A mudança no trabalho na construção civil: uma investigação
estruturada
A Construção Civil é um setor que apresenta certas particularidades dentro do universo
produtivo da economia brasileira, desempenhando um papel fundamental no seu
desenvolvimento. Tem sido um dos mais importantes da economia nacional e grande
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
14
empregador de mão de obra. Na última década, a Construção Civil brasileira vem passando
por um processo de mudanças e reestruturação produtiva, causando impactos diretamente no
cotidiano dos trabalhadores do setor. (DIEESE, 2007)
Dentre estes motivos até aqui apresentados, dentre outros, é que um grupo de pesquisadores –
do qual um dos autores deste trabalho participou, realizou uma investigação estruturada que
contemplou:
Etapa 1: Aplicação de questionário estruturado via Internet com o uso do método Delphi
Web;
Etapa 2: Aplicação de questionário estruturado via Internet, com emissão de relatórios 1 e 2,
como o objetivo de elucidar dúvidas remanescentes da Etapa 1;
Etapa 3: Pesquisa de campo com aplicação de questionário não-estruturado, para dirimir
divergências remanescentes das etapas 1 e 2;
Etapa 4: Organização de Workshop e conclusão das Etapas 1, 2 e 3; Etapa 5: Conclusão da
Pesquisa com base nas etapas 1, 2, 3 e 4.
Em sua investigação, o grupo de pesquisadores citado anteriormente (BOTELHO, 2005),
conclui que o mercado brasileiro de Construção Civil está vivendo um visível momento de
mudança onde novos materiais, a industrialização de seus processos, o uso de equipamentos,
o sistema de gestão e o perfil da mão de obra empregada estão rompendo o tradicionalismo,
repassando para o trabalhador um novo padrão de empregabilidade.
O mesmo grupo de pesquisadores, também chegou ao resultado que apresenta a organização
tradicional da Construção Civil fragmentada em diversas empresas terceirizadas dentro de
uma obra e reduziu as tarefas individuais uma vez que chegam as obras segmentos do
processo tradicional (produtos pré-fabricados), tornando sua montagem extremamente
simples. Porém, demanda um perfil de trabalhador técnico especializado com requisitos de
conhecimento específicos exigidos, ou seja, uma visão do todo e raciocínio espacial mais
desenvolvido.
5.1 Discussão
Concorrente a conclusão obtida pelo grupo de pesquisadores, nota-se que o trabalho passa por
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
15
mudanças significativas de organização e conhecimento. Trabalhadores tradicionais como
auxiliares, pedreiros, carpinteiros, encanadores, eletricistas e outros, devem passar por
processos de aprendizagem ou adquirirem novas competências até para migrarem para outras
atividades. Neste caso um agravante é que o baixo nível intelectual de grande parte dos
trabalhadores de diversos setores da Indústria da Construção Civil dificulta o aprendizado das
novas tecnologias, assim como a migração para outros setores de atividade econômica.
Portanto, os comentários a seguir têm como escopo à verificação do objetivo formulado neste
trabalho, a fim de amenizar a carência de treinamento técnico especializado e capacitação de
trabalhadores formados no curso Técnico de Nível Médio em Eletrotécnica, frente às novas
tecnologias do setor da Construção Civil, onde:
A modernização da Construção Civil, que tem exigido mais produtividade e qualidade do
produto utilizado nas obras, não tem sido acompanhada de preparação e da valorização da
mão de obra. Os profissionais Técnicos tradicionais de eletrotécnica não estão sendo
qualificados para aplicar os novos materiais de base tecnológica da evolução do setor
da Construção Civil;
A Construção Civil, com significativa capacidade de reprodução de empregos diretos e
indiretos é responsável pela absorção de grande parte da mão de obra de trabalhadores
brasileiros de diversos setores produtivos, sendo a capacitação profissional nestes setores
obtida em processos on-the-job, em que não há treinamento formal, para os profissionais
destes diversos setores. Esta informalidade leva apenas a reprodução e transferência do
status-quo da cultura já existente, com imperfeições crônicas, entre os próprios
trabalhadores, através do convívio com as atividades executadas por seus colegas de
trabalho. Forma-se um "ciclo vicioso do conhecimento e capacitação", em que não se
incrementa a plena Inovação Tecnológica que está cada vez mais presente nas obras e são
realizadas por terceiros, muitas vezes despreparados, apesar de serem Técnicos formados
em escolas técnicas;
As conseqüências sociais e industriais da Inovação Tecnológica com maior intensidade
estão acontecendo ainda em pequena escala. Os seus efeitos mais profundos deverão ser
sentidos na medida em que os materiais e equipamentos advindos da Inovação Tecnológica
se popularizem e tenham seus preços mais competitivos. Para reduzir os efeitos dessas
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
16
mudanças é preciso qualificar os trabalhadores de todos os setores da cadeia da Construção
Civil, principalmente o os do setor elétrico, para enfrentar o desafio e se ajustar às
exigências dos novos mercados de trabalho, que está reduzindo antigas atividades, onde
muitos talentos estão deixando de ser necessários.
O levantamento bibliográfico realizado para o embasamento deste trabalho englobou os
principais assuntos correlatos e necessários à estruturação deste.
O estudo de caso foi realizado de acordo com o objetivo estabelecido - Pesquisar as novas
tecnologias, materiais, processo e perfil do trabalhador frente aos componentes inovados
tecnologicamente em uma obra Civil, como o Drywall, na capacitação de profissionais
Técnicos do Ensino Médio do curso de Eletrotécnica, quando inseridos neste novo mercado
de trabalho, após terem sido instruídos para metodologias convencionais de operação, nas
atividades de uma obra e a provável redução de postos de trabalho disponíveis a trabalhadores
de baixa qualificação.
5.2 Evidências conclusivas
Para tanto a conclusão pode ser dividida em três partes sendo:
Parte-1: Houve consenso na pesquisa bibliográfica, que os materiais e os métodos usados
decorrentes de Inovação Tecnológica, não só substituem os tradicionais como exige um
conhecimento que os trabalhadores tradicionais dos diversos setores da Construção Civil. A
pesquisa apurou que o número de trabalhadores, na aplicação de métodos inovados é menor
que os utilizados nos métodos convencionais, gerando consequentemente uma menor
demanda de mão de obra que por sua vez deve ser especializada. Para que os impactos da
Inovação Tecnológica não sejam sentidos nos diversos setores das obras, tais setores devem
investir em mais educação formal da mão de obra com uma conseqüente redução do
treinamento on-the-job, observando que não basta treinar-por-treinar: o trabalhador deve
aprender (ser capacitado) sobre as novas tecnologias de materiais, atribuição esta, que deve
contemplar os cursos técnicos das Etecs;
Parte-2: As obras tecnologicamente inovadas utiliza-se de produtos industriais, construídos
fora do canteiro de obras locais em que também demandar profissionais Técnicos
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
17
especializados em modelos diferenciados de produção. Tais atividades são dimensionalmente
mais precisas e levadas posteriormente para serem montadas nas edificações. Essa
metodologia aumenta a produtividade possibilitando a realização de mais trabalho
proporcionalmente por dia, aumentando a produtividade. Isto implica na redução dos
trabalhadores e extinção de postos de trabalhos tradicionais;
Parte-3: Conclui-se que a forma de execução das instalações elétricas de uma parede em
alvenaria convencional acabada é mais longo que em parede acabada em sistema Drywall. A
comprovação do proposto pela pesquisa bibliográfica pôde definir frente à Inovação
Tecnológica da Indústria da Construção Civil, os trabalhadores dos demais setores ou
subsetores, precisam ser capacitados por meio de treinamentos especializados para crescerem
como profissionais Técnicos e se manterem no mercado de trabalho, em conseqüência da
modernização da Construção Civil, que tem exigido mais produtividade e qualidade do
produto utilizado nas obras, e não tem sido acompanhada do preparo e da valorização da mão
de obra.
A mão de obra apta a aplicar estes novos produtos tem obtido sua capacitação profissional em
processos on-the-job na indústria dos componentes construtivos e no canteiro de obras com
profissionais Técnicos tradicionais. Observa-se que os fornecedores de materiais inovados
tecnologicamente são quem tem se preocupado em dar treinamentos específicos para os
trabalhadores operacionais dos diversos setores da Construção Civil. A Etec, por sua vez, não
tem feito o seu papel de capacitar seus Técnicos frente aos materiais e processos inovados
tecnologicamente na Construção Civil.
Os comentários e conclusões que seguem apoiaram-se na pesquisa bibliográfica, podendo
afirmar que o problema universal de todo o cidadão do novo milênio é como ter acesso às
informações sobre o mundo e como ter condições de articulá-las e organizá-las ao mesmo
tempo.
Neste contexto, entende-se que em função das novas tecnologias, materiais, processo dos
componentes inovados tecnologicamente aplicados na Construção Civil, os responsáveis pelo
curso de Técnico de Nível Médio em Eletrotécnica, devem atentar-se também ao mercado da
Construção Civil que emprega atualmente grande parte de seus egressos, incluindo em sua
grade curricular teoria e prática que contemplas as novas tecnologias do mercado da
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
18
construção que sejam correlatas à habilitação do Técnico Eletrotécnico.
No entanto, hoje a organização tradicional do trabalho na Construção Civil subdividiu e
reduziu as tarefas tornando sua execução extremamente simples. Novas tecnologias têm
substituído os equipamentos, materiais, métodos e pessoas. Este trabalho está concentrado no
aspecto evolutivo paredes inovadas tecnologicamente, gesso acartonado, e suas instalações
elétricas especiais.
O presente trabalho procurou assim, identificar a mudança de perfil do Técnico que está
transitando da construção / instalação para a montagem, com uma tendência futura de
desemprego tecnológico em função do novo perfil profissional exigido para este setor,
demandando para si cursos Técnicos que tenha esta visão de mudança sistêmica, por meio da
capacitação de profissionais Técnicos do Curso de Eletrotécnica do Ensino Médio na Etec
Basilides de Godoy (São Paulo) frente às Inovações Tecnológicas na Construção Civil e a
mudança do perfil de mão de obra.
6. Conclusão
O técnico é um elo fundamental na execução, supervisão e implantação de projetos, já que a
ele é conferida toda a formação com ênfase na operacionalidade, onde o Curso de
Eletrotécnica deve oferecer a formação técnica, conferindo aos profissionais competências
para atuar em iniciativas em que a base técno-científica seja atualizada com áreas afins.
A nova legislação da educação brasileira definiu, a partir de 1998, as novas diretrizes
curriculares para a educação profissional de nível técnico. Assim os argumentos utilizados
neste artigo permitiram responder, mesmo que parcialmente, a pergunta formulada no início
deste trabalho. O questionamento: ―Qual a importância da capacitação de profissionais
Técnicos do curso de Eletrotécnica nos novos métodos de trabalho da Construção Civil?‖
Dessa forma, evidencia-se que é necessário ir mais além, visto que ela não se esgota em si
mesma. Apesar de o objetivo pontual ser alcançado por este trabalho, a presente pesquisa foi
extremamente limitada. Para dar continuidade é importante que outros aspectos não
abordados neste estudo sejam enfocados, como outros tipos de materiais construtivos
inovados tecnologicamente em outros setores de atuação do Técnico Eletrotécnico.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
19
Nesse sentido, destacam-se os pontos a seguir. Em primeiro lugar, a Lei de Inovação
Tecnológica, ao buscar estabelecer um diálogo cada vez mais intenso entre as instituições
produtoras de bens de conhecimento, surge como mais um instrumento para facilitar a criação
de uma cultura de inovação no País. Em segundo, a inovação tecnológica, submetida a uma
concepção de desenvolvimento sustentável, deve resultar da interação entre educadores,
configurando um ponto de convergência entre as potencialidades e as necessidades
econômicas, sociais e ambientais. Em terceiro lugar, a Inovação Tecnológica faz parte de um
ciclo que partiu da discussão focada nas necessidades observadas que agora precisam ser
implementados.
É possível inferir a partir da pesquisa que as instituições de ensino podem prestar relevantes
contribuições e funcionar como instrumento de suporte para romper o ciclo vicioso da
dependência tecnológica do País.
A educação e o treinamento facilitam o aperfeiçoamento pessoal e das habilidades do
trabalhador, assim como a consciência ambiental. Abrem possibilidades para melhor entender
e evoluir para utilização de novas tecnologias. A concorrência e a busca de competitividade,
imperiosa para a sobrevivência da empresa, age de maneira perversa com o trabalhador menos
qualificado e menos habilitado, ao adotar Inovações Tecnológicas que de modo direto ou
indireto, imediato ou futuro afetam a sua vida educacional e profissional.
Deste modo, o trabalhador sem qualificação é sumariamente descartado a menos que haja
uma preocupação permanente, por parte de governo e empresas, em equipá-lo com
conhecimentos e treinamentos que lhe dê oportunidade de permanecer no mundo do trabalho
moderno dentro dos preceitos de sustentabilidade do planeta.
Esta pesquisa revela o uso de mão de obra má qualificada, sem treinamento, além do descarte
pouco consciente do gesso acartonado, mais comumente nomeado de Drywall. Além de não
estar havendo transferência entre a indústria, escola técnica e o trabalhador tradicional, quanto
às novas ocupações e necessidades de capacitação que estão surgindo.
Portanto, a implementação de melhorias em cursos de ensino técnico é uma alternativa
estratégica, para que os trabalhadores possam fazer frente às condições atuais do mercado e as
exigências da sociedade de forma sustentável e ambientalmente correta.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
20
Referências
ABFCD – Chapa de Drywall <http://www.abragesso.org.br/index.php/2 - acesso em
abril/2008>, 2004.
ACOSTA-HOYOS, L. E. Tecnologia e Qualidade de Vida: Uma polêmica de nosso tempo.
Viçosa: Editora UFV, 1985.
BARROS, M. M. B. O processo de produção das alvenarias racionalizadas. In: Seminário
Tecnologia e Gestão Na Produção De Edifícios: Vedações Verticais, EPUSP/PCC, São
Paulo, 1999.
BOTELHO, W. C. A inovação tecnológica na Construção Civil de edifícios e a qualificação
da mão de obra. São Paulo, 2005. 150p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Paulista,
2005.
CATTANI, A. D. Tecnologia e Trabalho: Dicionário Critico. São Paulo: Ed. Vozes, 2002.
CAMPBELL, Steve Lead by Example Walls and Cieling. 2009 <Acesso em:
http://www.wconline.com - 08/05/2009>.
CONSTRUBUSINESS-2007. Folder eletrônico <disponível em
http://www.abcp.org.br/sala_de_imprensa/noticias/popup_construbusiness.shtml / - acesso
em abril/2008>
DIEESE. Resenha: Reestruturação Produtiva Na Construção Civil – Estudos Setoriais n. 12
<Disponível em: http:// www.dieese.org.br/esp/ civil.pdf - acesso em abril/2008>.
FARAH, M. F. S. Tecnologia, processo de trabalho e construção habitacional. Tese
(Doutorado) — Faculdade de Filosofia, Sociologia, Letras e Ciências Humanas, Universidade
de São Paulo. São Paulo, 1992.
FRACCARI, P., VENDRAMETO, O., BOTELHO, W. A inovação tecnológica na
Construção Civil e o novo perfil da mão de obra. XIII Simpósio de Gestão da Inovação
Tecnológica: Tecnologia e desenvolvimento: desafios e caminhos para uma nova sociedade.
FIA-PPGTUSP. Curitiba – PR, 2004.
GAITHER, N. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Thomson– 8ª ed, 2002.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
21
GONZÁLEZ, M. A. S. Sustentabilidade econômica - proposta de aplicação de
descobrimento de conhecimento no processo de concepção de produtos imobiliários –
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) <Disponível em:
http://www6.ufrgs.br/norie/tic2007/artigos/A1128.pdf; Acesso em: 20/03/2010 – 15:00h>.
GUERRINI, F. M. Um Modelo Integrado de Administração de Produção para Empresas de
Construção Civil, São Carlos. Tese (Doutorado), Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 1998.
JÚNIOR, J. L. M. Produção limpa na construção civil Uma visão prática do engenheiro de
produção. <Disponível em:
http://www.monitoriadeengenharia.com.br/arquivos/ArtigoEngAmbiental.pdf; Acesso em:
30/03/2010 -20.05h>.
LAMERA, D. L. (Coord.) Perfil do Trabalhador na Indústria da Construção Civil de
Goiânia. São Paulo: Editora FUNDACENTRO, 2000.
LIMA, I. S. A qualidade na construção de edificações e a qualidade de vida no trabalho. In:
XIV ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 1994, João Pessoa, PB.
Anais. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, out. 1994.
LOTURCO, B. Revista Téchne 84 - março de 2004.
MODESTO. Dicionário on-line da construção <disponível em:
http://www.modesto.com.br/glossario/p.html; 2004 - acesso em abril/2008>.
OLIVEIRA, C. R. História do Trabalho. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
PASTORE, J. A Controvérsia Sobre Tecnologia e Emprego. <Disponível em : http://www.
mct.gov.br/CEE/revista/Parcerias5/tecnoemp.htm – 2004 - acesso em abril/2008>.
PENROSE, E. A teoria do crescimento da firma. São Paulo – UNICAMP, 2006.
PORTER, M. E. Vantagem Competitiva. R. de Janeiro: Editora Campus, 23ª edição, 2004.
RIFKIN, J. Fim dos Empregos: O Declínio Inevitável dos Níveis dos Empregos e a Redução
da Força Global de Trabalho. São Paulo: Ed. Makron Books, 2001.
SACOMANO, J. B. A relação da gestão da cadeia de suprimentos de empresas de
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
22
Construção Civil com um sistema de administração de produção. Tópicos emergentes em
engenharia de produção vol.1. São Paulo, Arte e Ciência Editora: 2002.
VALENÇA, M. Z. Gestão dos Resíduos Sólidos da Construção Civil: por uma prática
integrada de sustentabilidade empresarial – ENEGEP 2006 <Disponível em:
http://publicacoes.abepro.org.br/index.asp?pchave=&ano=2006&x=19&y=18; Acesso em:
17/03/2010>.
VENDRAMETO, O. Políticas de inovação tecnológica: proposta de alinhamento para
desenvolvimento de cadeias produtivas endógenas. Tópicos emergentes em engenharia de
produção vol.2. São Paulo, Arte e Ciência Editora: 2003.
ZIBAS, D. M. L. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar. Ed.
Vozes, Petrópolis, 2003.
ZULIAN, C. S. et all Notas de aulas da disciplina Construção Civil - Universidade Estadual
de Ponta Grossa: curso de engenharia civil alvenaria – 2002 < disponível em:
www.uepg.br/denge/civil/ e www.tibagi.uepg.br/civil/index2.asp - acesso em abril/2008>.