a sociedade da informaÇÃo e os novos desafios para a educaÇÃo

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Neste artigo buscamos ampliar a discussão sobre os sentidos da “globalização” a partir da discussão sobreinclusão digital – acesso às tecnologias de informação e de comunicação/TIC – e as consequências e desafiospara a educação. Dentro deste cenário, discutimos a produção teórica na área de educação sobre a incorporaçãodas TICs no espaço educacional e a importância da formação continuada de professores neste processo.Enfatizamos que a discussão sobre a incorporação dos computadores e da internet na estrutura educacional incluia necessidade de integrar os instrumentos tanto no nível de concepção quanto no da prática, levando em conta acomplexidade da relação entre estes equipamentos e os conhecimentos e técnicas utilizados pelos docentes.

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  • A SOCIEDADE DA INFORMAO E OS NOVOS DESAFIOS PARA A EDUCAO

    Roberta Fantin Schnell Mestre em Educao pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Professora no Ncleo de

    Tecnologia Educacional da Rede Municipal de Educao da Prefeitura de Florianpolis Santa Catarina.

    E-mail: [email protected]

    Elisa Maria Quartiero Professora no Centro de Cincias Humanas e da Educao, da Universidade do Estado de Santa

    Catarina UDESC. E-mail: [email protected]

    Resumo Neste artigo buscamos ampliar a discusso sobre os sentidos da globalizao a partir da discusso sobre incluso digital acesso s tecnologias de informao e de comunicao/TIC e as consequncias e desafios para a educao. Dentro deste cenrio, discutimos a produo terica na rea de educao sobre a incorporao das TICs no espao educacional e a importncia da formao continuada de professores neste processo. Enfatizamos que a discusso sobre a incorporao dos computadores e da internet na estrutura educacional inclui a necessidade de integrar os instrumentos tanto no nvel de concepo quanto no da prtica, levando em conta a complexidade da relao entre estes equipamentos e os conhecimentos e tcnicas utilizados pelos docentes. Palavras-Chave: Globalizao. Tecnologias de Informao e de Comunicao. Formao de Professores. Tecnologia e Educao.

    THE INFORMATION SOCIETY AND THE NEW CHALLENGES FOR EDUCATION

    Abstract In this article we seek to broaden the discussion on the meanings of "globalization" from the discussion of digital inclusion - access to information technologies and communication / ICT - and the consequences and challenges for education. Within this scenario, we discuss the theoretical production in education on the incorporation of ICT in education space and the importance of continuing education for teachers in this process. We emphasize that the discussion on the embodiment of computers and the Internet in the educational structure includes the necessity to integrate the instruments at both the design and in practice, taking into account the complexity of the relationship between such equipment and the knowledge and techniques used by teachers. Keyworks: Globalization. Education and Technology. Information Technologies and Communication / ICT. Education for Teachers.

  • A SOCIEDADE DA INFORMAO E OS NOVOS DESAFIOS PARA A EDUCAO

    Roberta Fantin Schnell - Elisa Maria Quartiero

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    Introduo

    A sociedade contempornea passa por diversas transformaes de cunho cientfico e

    tecnolgico. Essas mudanas provocam modificaes na economia, na cultura e nas formas de

    as pessoas relacionarem-se e apropriarem-se do conhecimento. A sociedade que est

    emergindo dessas transformaes tem sido denominada sociedade da informao ou do

    conhecimento, na qual a caracterstica central a profuso de informaes que transitam

    mundialmente por meio de tecnologias de base digital. Esta realidade vai provocar mudanas

    radicais nas formas de acesso, distribuio e armazenamento das informaes.

    Consequentemente, vo intensificar-se as discusses tericas, principalmente nas reas de

    sociologia e poltica, sobre a apropriao e as repercusses desta nova maneira de acessar as

    informaes. Entre as expectativas e as possibilidades que se descortinam, uma primeira

    discusso remete diviso entre as sociedades tecnologicamente avanadas e aquelas

    inseridas parcialmente ou fora deste processo. Nas discusses ganham destaque as

    implicaes destas mudanas na formao humana e, mais especificamente, aquela realizada

    dentro das instituies escolares.

    Constatamos a importncia de discutir a formao tendo como parmetro indivduos

    que possam se apropriar, sistematizar e transformar este dilvio de novas informaes em

    conhecimento. Como analisa Bartolom (2005, p. 1) as mudanas que esto se realizando

    com as tecnologias de informao e de comunicao afetam os processos de aprendizagem

    de um modo muito mais profundo do que poderia parecer. E complementa: No s a

    informao disponvel cada vez maior o que implica uma mudana em nossas habilidades

    e tcnicas para process-la como tambm mudam os cdigos e o modo de acess-la.

    Frente a essa sociedade cada vez mais complexa, interpelamos os modos como a

    escola e seus professores so construdos e reconstrudos assim como constroem socialmente

    uma determinada realidade, dentro de um mundo cada vez mais globalizado e cuja principal

    caracterstica parece ser a incrvel capacidade de difuso, transporte, acesso e transformao

    de informaes em uma escala sem precedentes. Neste contexto, buscamos ampliar a

    discusso sobre os sentidos da globalizao e a produo terica na rea de educao sobre

    a incorporao das Tecnologias de Informao e de Comunicao/TIC no espao educacional

    e a importncia da formao continuada de professores neste processo.

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    A Configurao da Sociedade da Informao

    A expresso sociedade da informao passou a ser utilizada, nos ltimos anos do

    sculo passado, em substituio ao conceito da sociedade ps-industrial 1

    Com a finalidade de analisar e compreender melhor a diferenciao entre as

    sociedades da informao e do conhecimento, buscamos primeiramente, no dicionrio

    Aurlio, a definio dos dois conceitos fundamentais a essa discusso: informao e

    conhecimento. As acepes apresentadas pelo verbete informao consistem em:

    e como forma de

    transmitir o contedo especfico do novo paradigma tcnico-econmico que se firmava.

    Esse conceito refere-se s transformaes tcnicas, organizacionais e administrativas que tm

    como fator-chave no mais os insumos baratos de energia como na sociedade industrial

    mas os insumos baratos de informao, propiciados pelos avanos tecnolgicos na

    microeletrnica e telecomunicaes. Esta sociedade ps-industrial tem suas ligaes com a

    expanso e reestruturao do capitalismo a partir da dcada de 80 do sculo XX

    (WERTHEIN, 2002). Castells (2006) analisa, no entanto, que o conceito de sociedade ps-

    industrial no define com preciso a natureza das recentes transformaes promovidas pelo

    capitalismo globalizado. Para ele, o mais correto definir a sociedade atual como a

    Sociedade em Rede. Uma de suas discusses gira em torno do papel do conhecimento e da

    informao nessa nova sociedade e o papel da tecnologia. No entanto, no utiliza o conceito

    sociedade da informao por entender que informao e conhecimento sempre estiveram

    em todas as formas de desenvolvimento social, e uma sociedade baseada somente na

    informao no apresentaria efetiva transformao. Para ele o termo a ser utilizado

    corretamente informacional, haja vista que a gerao, o processamento e a transmisso da

    informao tornam-se fontes fundamentais de produtividade e poder devido s novas

    condies tecnolgicas surgidas nesse perodo histrico (2006, p.65), ou seja, na sociedade

    caracterizada pelo autor a informao produto dos processos produtivos.

    1. Ato ou efeito de informar(-se); informe. 2. Fatos conhecidos ou dados comunicados acerca de algum ou algo. 3. Instruo. 4. Tudo aquilo que, por ter alguma caracterstica distinta, pode ser ou apreendido, assimilado ou armazenado pela percepo e pela mente humanas (2004, p.478).

    Conhecimento, por sua vez, definido como o 1. Ato ou efeito de conhecer. 2.

    1 Conceito cunhado por Bell na obra O Advento da Sociedade Ps-Industrial: uma tentativa de previso social, publicada em 1973.

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    Informao ou noo adquiridas pelo estudo ou pela experincia. 3. Conscincia de si

    mesmo (p. 258). As acepes no dicionrio nos levam a perceber que ambas se assemelham

    muito, porm distinguem-se num pequeno, mas no menos importante, detalhe: enquanto a

    informao consiste nos dados a serem assimilados, armazenados, o conhecimento seria a

    assimilao, a compreenso dessas informaes, ou seja, a informao o que vamos buscar,

    e o conhecimento o que podemos sistematizar a partir dos dados obtidos.

    Frequentemente as expresses sociedade da informao e sociedade do conhecimento

    so utilizadas como sinnimas. No entanto, diante da complexidade desses conceitos, uma

    distino h de ser feita, por entendermos que o significado no o mesmo. De acordo com

    Burke (2003, p. 19) citado por Pacheco2

    Dessa forma, concordamos com Bianchetti (1998) ao afirmar que ter dados e

    informaes disposio constituem um pressuposto muito importante para o conhecimento.

    No entanto, ele alerta: no so garantia suficiente para que os seus possuidores abandonem a

    atitude passiva de meros depositrios. Pouco adianta uma gama imensa de informaes ao

    nosso dispor se no tivermos a capacidade de compreender, sistematizar essas informaes e

    transform-las em conhecimento de fato. O conhecimento, nunca demais repetir, tem a ver

    com construo, refora o autor (p. 94).

    , a informao o que relativamente cru,

    especfico e prtico, enquanto o conhecimento caracteriza-se por ser o que foi cozido,

    processado ou sistematizado pelo pensamento. Neste sentido, segundo Mcgarry (apud

    PINHEIRO; LOUREIRO 1995: p. 45), a informao consiste na matria-prima a partir da

    qual podemos chegar ao conhecimento, assim como os dados se constituem na matria-prima

    das informaes. Pois aceitando-se esta relao entre quantidade e qualidade, pode-se

    concluir que, especialmente em se falando de pases perifricos, estaramos no na sociedade

    do conhecimento, mas na sua pr-histria (BIANCHETTI, 1998, p. 94).

    A sociedade em que vivemos pode ser denominada sociedade da informao, por

    entendermos que estamos em uma fase em que muitos dados e informaes encontram-se

    disponveis e que, no entanto, precisam ser trabalhados, apreendidos, internalizados. Essa a

    condio necessria para que possamos chegar de fato a uma sociedade do conhecimento,

    para a qual temos caminhado a passos muito lentos. Como enfatiza Bianchetti (1998, p. 101),

    ao analisar a forma como o conhecimento concebido,

    2 PACHECO, J. A. Seminrio Especial: A problematizao do conhecimento escolar no contexto da Sociedade de Informao e do Conhecimento. 2007. Mimeog.

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    (...) uma construo individual e social, num espao e num tempo determinados, possibilitando apreender a realidade e nela interferir conscientemente, no sentido da promoo de todos os homens e mulheres. Neste processo, as novas TICs, bem como os dados e informaes que possibilitam o seu armazenamento e veiculao, se constituem em poderosos meios para que este conhecimento possa ser construdo. Se a quantidade e a qualidade puderem ser assim entremescladas, passa a ser possvel pensar numa sociedade em que a esfera pblica, o interesse coletivo ganhe primazia sobre os interesses privados, unilaterais de uma classe ou de um bloco de pases. Enquanto isto no se efetivar, a chamada sociedade do conhecimento no passar de um simulacro ou de um eufemismo para mascarar a contradio de um lugar e um tempo da histria no qual todas as condies materiais estavam dadas para a sua efetivao, tendo porm as opes polticas andado no sentido da sua obstruo.

    Para discutir o que caracteriza a sociedade da informao faz-se necessria tambm

    a discusso de outros dois conceitos que a permeiam: globalizao e mundializao.

    Entendemos que imprescindvel contextualizar e polemizar tais conceitos, tendo em vista

    que ambos esto intimamente relacionados nesta nova sociedade.

    O momento atual caracterizado por uma nova ordem mundial, globalizada, que tem

    apresentado mudanas significativas na vida das pessoas, principalmente com relao a tempo

    e espao, onde h uma ressignificao na sua forma de compreenso, a partir da utilizao

    maior das atuais tecnologias de comunicao. Uma caracterstica dessa nova ordem, segundo

    diversos autores (DREIFUSS, 2001; IANNI, 2005; CASTELLS, 2006), a compresso do

    tempo e do espao, onde as fronteiras so alargadas e diludas e h a constituio de uma rede

    de relaes polticas, sociais e principalmente econmicas entre pases, tendo como base a

    massificao e facilidade da troca de informaes em rede. De acordo com Castells (2006),

    nesta nova configurao, constituda a partir da interconexo das redes, a economia mundial

    torna-se global e interdependente. O autor constata que h uma nfase no papel

    desempenhado pela informao na constituio da sociedade contempornea. Na chamada

    sociedade da informao, a tecnologia, com todas as suas inovaes, a caracterstica

    principal desta nova ordem social.

    Nesse contexto, Giddens (apud IANNI, 1995), ao fazer a anlise desse momento

    histrico, conclui que o conceito de globalizao envolve a intensificao das relaes

    sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos

    locais so modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distncia e vice-versa.

    Segundo ele, este um processo dialtico porque tais acontecimentos locais podem se

    deslocar numa direo adversa s relaes muito distanciadas que os modelam. A

    transformao local tanto uma parte da globalizao quanto a extenso lateral das conexes

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    sociais atravs do tempo e espao. Assim, o autor analisa que, seja quem for, ao estudar as

    cidades hoje em dia, em qualquer parte do mundo, estar ciente de que o que ocorre numa

    vizinhana local tende a ser influenciado por fatores tais como dinheiro mundial e mercado

    de bens operando a uma distncia indefinida da vizinhana em questo.

    Para Brunner (2004, p. 22), a sociedade da informao pode ser caracterizada de

    diferentes maneiras segundo a concepo de cada autor, mas que no geral h um conjunto de

    caractersticas comuns: a) est em processo de formao; b) adquire gradualmente uma

    estrutura de redes; c) baseia-se na generalizao e convergncia das novas tecnologias de

    informao e comunicao, em particular a Internet; d) est dando lugar a economias que

    usam intensamente o conhecimento e, para funcionar com eficcia social, dever adotar a

    forma de uma sociedade de aprendizagem, que vir acompanhada de inovaes

    organizacionais, comerciais, sociais e jurdicas; e) dar lugar a diversos modelos de

    desenvolvimento, cujo principal elemento diferenciador ser o quanto integram ou excluem

    pessoas, grupos e naes; f) existir uma maior demanda de flexibilidade em todos os planos,

    incluindo oportunidades de formao, os mercados de trabalho e as relaes sociais.

    A partir da definio desses autores podemos dizer, acerca da sociedade da

    informao, que h uma convergncia de ideias para o fato de que, a partir da insero das

    tecnologias de informao e comunicao, as relaes sociais vm passando por

    transformaes, acelerando o desenvolvimento cientfico e tecnolgico e consolidando esta

    sociedade emergente, cujo elemento central a facilidade de acesso s informaes advindas

    das redes eletrnicas capazes de conectar pessoas de todas as partes do mundo, redefinindo o

    prprio conceito de tempo e espao.

    Um forte desdobramento do conceito de sociedade da informao o conceito de

    globalizao, outro conceito polissmico e, portanto, que merece um olhar mais detalhado

    de nossa parte. At por ser o grande argumento na definio e implementao de polticas

    pblicas de insero das Tecnologias de Informao e de Comunicao/TIC na educao.

    Utilizamos novamente Brunner (2004) que, ao analisar o processo denominado

    globalizao, o define como uma crescente interconexo de atividades em nvel mundial.

    Constata que so atividades de ordem poltica, econmica, social e cultural que influem

    diretamente no cotidiano das pessoas. Dreifuss (2001, p. 26), por sua vez, corrobora as ideias

    de Brunner ao afirmar que sob a denominao de globalizao podemos encontrar

    fenmenos ligados economia, cujos desdobramentos refletem na sociedade, cultura, marcam

    a poltica e condicionam a gesto e a governana nacional. Segundo ele, so fenmenos do

    mundo da tecnologia, da produo, das finanas e do comrcio que atingem de forma desigual

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    e combinada todos os pases da terra, e no somente aqueles que operam em escala mundial.

    Aliado ao fenmeno da globalizao, Dreifuss refere-se ainda a outro fenmeno

    intimamente ligado a ele, a mundializao, por ele entendido como a generalizao e

    uniformizao de produtos, instrumentos, informaes e os meios disponveis a grandes

    parcelas da populao mundial. Esse conceito, segundo Dreifuss (2001), tambm envolve a

    massificao e homogeneizao cultural, o que fica evidente quando observamos o consumo

    de produtos difundidos mundialmente: redes de fast food, refrigerantes, cigarros, entre outros,

    ou mesmo a prpria lngua inglesa, considerada por muitos e pelo prprio autor como um

    intercomunicante global. No entanto, apesar deste fenmeno global, o autor chama a

    ateno para os fatores locais e suas particularidades que tambm so incorporadas pela

    mundializao (grupos tnicos, religiosos, culturais, particularidades locais, regionais,

    nacionais), tornando a mundializao um fenmeno de mbito societrio, embora

    predominantemente condicionado economia e poltica.

    Ao refletir sobre o conceito de mundializao, Dreifuss entende que este deve ser

    discutido dentro do conceito de sociedade da informao, pois tem como eixo de conduo os

    produtos de inteligncia ou instrumentos-sistema (computadores, telefones, televisores) que

    fundem suas funes num s, os instrumentos-conhecimento (programas e aplicativos) e os

    servios-sistema, alicerados na indstria da informao. Esse entendimento pressupe que

    tais elementos constituem os elos indispensveis de cadeias de produo e servios que se

    cruzam e formam os megassistemas, responsveis por atender mercados diferenciados em

    vrios pases. Para ele so instrumentos de vinculao dos distantes (em termos espaciais,

    sociais e culturais) que agem como estruturantes de vrias corporaes responsveis pelo

    controle do espao da produo e o mercado de produtos, alm de determinar tambm estilos

    de vida e padres de consumo. Podemos dizer, ento, que globalizao e mundializao

    configuram-se em fenmenos imbricados de significados muito prximos e indissociveis,

    cuja origem, econmica, marcante e determinante, o que acaba por permear todas as

    relaes sociais em suas diversas ordens. A globalizao remete mais questo ideolgica,

    enquanto a mundializao s questes culturais.

    O conceito de globalizao sugere, de certa forma, uma unicidade, segundo anlise de

    Ortiz (1996, p. 5), pois quando nos referimos economia global, estamos falando de uma

    estrutura nica, no entanto com relao cultura no podemos agir da mesma forma, haja

    vista que uma cultura mundializada no implica o aniquilamento das outras manifestaes

    culturais, ela coabita e se alimenta delas.

    Utilizando-nos da percepo de Ortiz (idem, p. 29), a fim de realizar uma distino

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    entre o global e o mundial, dizemos que o global refere-se a processos econmicos e

    tecnolgicos, e a mundializao est ligada especificamente cultura, caracterizando-se

    como um fenmeno social que enreda o conjunto das manifestaes culturais. Para o autor,

    (...) a categoria mundo encontra-se assim articulada a duas dimenses. Ela vincula-se primeiro ao movimento de globalizao das sociedades, mas significa tambm uma viso de mundo, um universo simblico especfico civilizao atual. Nesse sentido ele convive com outras vises de mundo, estabelecendo entre elas hierarquias, conflitos e acomodaes.

    Ortiz afirma que uma cultura mundializada corresponde a uma civilizao cuja

    territorialidade se globalizou (p.31). Ainda no que tange ao fenmeno da globalizao, faz-

    se necessrio ressaltar que, segundo Dreifuss (2001, p. 158),

    (...) a globalizao traz consigo a concentrao de capitais, reforada por processos de associao e incorporao de diversos tipos (fuses de iguais, absores hostis) e outras variadas razes: adio de valor s posies dos acionistas, reduo de custos, ganho de escala, tomada de posio em novos mercados, penetrao regional ou nacional, alcance multinacional, aumento de produtividade, ganhos operacionais, novos produtos, aumento de receita etc.

    Este conceito ganha efetividade quando analisamos as diversas crises econmicas

    que, esporadicamente, tm sacudido as bolsas de valores e cujas repercusses so de ordem

    mundial.3 A aliana entre mundializao e globalizao pode se encontrar em outro exemplo

    vinculado s campanhas mundiais de consumo de produtos, que transformam equipamentos e

    acessrios em objetos de consumo internacional. Recentemente constatamos esse processo

    com a venda do aparelho IPhone3G, da Apple4

    3 Como exemplos, podemos citar: a queda da bolsa de New York, em 1929; a Segunda-Feira Negra, de 1987; a Crise do Mercado Asitico, em 1997; a Crise das Pontocom, em 2000; o 11 de Setembro, em 2001 e, em 2008, a crise da subprime ou das hipotecas, crise mundial com origem no mercado imobilirio americano.

    . O lanamento foi quase simultneo em

    diversos pases e em cada um deles especulava-se a data de lanamento no prximo pas. No

    caso do Brasil a mdia impressa e televisiva e, mais intensamente, a internet fizeram uma forte

    campanha de divulgao do aparelho antes mesmo de ser lanado no pas, transformando-o

    em objeto de desejo mundializado. Assim, de acordo com Dreifuss, h uma padronizao que

    induzida pelos fabricantes globais, ou mesmo uma globalizao do varejo. Este fenmeno

    ocorre com os mais variados produtos, desde as peas de vesturio at os aparelhos

    eletrnicos.

    4 Empresa multinacional americana que atua no ramo de aparelhos eletrnicos e informtica, fundada em 1976 na Califrnia, EUA.

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    Com a criao da rede eletrnica, as informaes passam a ser divulgadas/trocadas em

    um fluxo maior e mais rpido, o que contribui para modificaes nos processos de

    convivncia das sociedades que se vem transformadas e unificadas por um intercmbio

    sociocultural advindo da comunicao em redes.

    No Brasil, com o intuito de inserir o pas nesta nova sociedade, a da informao, o

    Ministrio da Cincia e Tecnologia coordenou o Programa Sociedade da Informao

    (SocInfo), institudo por Decreto Presidencial em 1999, durante o governo FHC (1994-2002),

    com o objetivo de integrar, coordenar e fomentar aes para a utilizao de tecnologias de

    informao e comunicao, de forma a contribuir para a incluso social de todos os brasileiros

    na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir para que a economia do Pas tenha

    condies de competir no mercado global5

    . O Programa desdobra-se em um conjunto de

    objetivos globais, com prioridade para cincia, tecnologia, educao e cultura. A tabela

    abaixo permite visualizar essas reas e seus objetivos.

    Tabela I reas de Atuao e Objetivos do Programa SocInfo

    Cincia e Tecnologia Colaborao e conduo de experimentos cooperativos e disseminao de informao cientfica e tecnolgica.

    Educao Educao a distncia de qualidade e bibliotecas temticas digitais.

    Cultura Criao e difuso cultural com nfase nas identidades locais, seu fomento e preservao.

    Sade Prottipos de servios de referncia em atendimento, telemedicina e de informao em sade.

    Aplicaes Sociais Mundo virtual como habilitador de competncias e de participao social.

    Comrcio Eletrnico Ambientes de comrcio eletrnico e transaes seguras atravs da rede.

    Informao e Mdia Meios, processos e padres para publicao e interao; propriedade intelectual e negcios de conhecimento.

    Atividades de Governo Integrao e maximizao de aes pblicas para a cidadania, transparncia das aes e melhoria da qualidade dos servios.

    Educao para a Sociedade da Informao

    Treinamento e formao tecnolgica; popularizao da cultura digital.

    Fonte: www.socinfo.org.br, acesso em 12/11/2008.

    5 Informaes obtidas junto ao site http://ftp.mct.gov.br/temas/Socinfo/livroverde.htm, acesso em 10 de novembro de 2008.

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    Dentro do trabalho realizado pelo Programa, foram organizadas as propostas e

    projetadas metas para preparar a nova gerao de redes, viabilizando um novo estgio de

    evoluo da Internet e suas aplicaes no pas em um documento, o Livro Verde (2000).

    Construdo com a participao do governo, sociedade civil, setor privado e instituies

    acadmicas, ele detalha as aes das grandes reas de atuao, apresentando-se com a

    seguinte estrutura, organizada a partir de captulos: 1) A Sociedade da Informao; 2)

    Mercado, Trabalho e Oportunidades; 3) Universalizao de Servios para a Cidadania; 4)

    Educao na Sociedade da Informao; 5) Contedos e Identidade Cultural; 6) Governo ao

    Alcance de Todos; 7) P&D, Tecnologias-chave e Aplicaes; 8) Infraestrutura Avanada e

    Novos Servios.

    O documento traz um conceito de sociedade da informao que remete aos conceitos

    presentes entre os tericos da rea, como podemos constatar no trecho transcrito do primeiro

    captulo do Livro Verde, onde realizado um trabalho de contextualizao do momento

    histrico que pe em discusso a necessidade de definir a atual sociedade como sendo de

    informao. Os autores analisam que esse um fenmeno global, com elevado potencial

    transformador das atividades sociais e econmicas onde a estrutura e a dinmica dessas

    atividades so afetadas pela infraestrutura de informaes disponveis. Enfatizam,

    igualmente, sua dimenso poltico-econmica, decorrente da contribuio da infraestrutura

    de informaes para que as regies sejam mais ou menos atraentes em relao aos negcios e

    empreendimentos. E, por fim, sua dimenso social, em virtude do seu elevado potencial de

    promover a integrao, ao reduzir as distncias entre pessoas e aumentar o seu nvel de

    informao (TAKAHASHI, 2000, p. 5, grifos do autor).

    O foco de nossa anlise nesse documento concentra-se no captulo referente

    Educao na Sociedade da Informao, no qual enfatizada a necessidade de insero das

    TICs nos espaos escolares e apontam-se estratgias para que isso ocorra, com nfase na

    preparao e qualificao dos professores para trabalharem com essas tecnologias, tanto na

    formao inicial quanto na continuada.

    Podemos dizer que, se por um lado a globalizao contribui para haver uma facilidade

    na troca de informaes devido aos meios de comunicao disponveis, por outro lado ela

    contribui para a criao de espaos de excluso, na medida em que estes meios no so

    disponveis e acessveis a todos.

    Martin-Barbero (2003) reflete sobre essa questo ao afirmar que os filhos de classes

    mais abastadas conseguem interagir com o novo ecossistema informacional e comunicativo

    presente em suas casas, enquanto os filhos das classes populares tm um acesso pobre e

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    controlado - via telecentros e cybercafs. O autor chama a ateno para o fato de que essas

    crianas estudam em escolas que, em geral, tambm no tm essa comunicao proporcionada

    pelo ambiente informtico, o que os deixa ainda mais margem do espao laboral e

    profissional que essa cultura tecnolgica configura. A partir dessas observaes, Martin-

    Barbero enfatiza a importncia de uma escola que trabalhe com princpios voltados para a

    utilizao crtica e criativa dos meios audiovisuais e das tecnologias informticas e seja um

    espao de socializao das TIC. Compartilhamos com a ideia de Martin-Barbero, pois as

    escolas tm um papel fundamental, na medida em que podem minimizar os processos de

    excluso digital e tm condies de proporcionar um acesso qualificado destas crianas e

    jovens.

    Ainda com relao insero das tecnologias nas escolas, Martinez (2004) atenta para

    o fato de que durante muito tempo as tecnologias foram introduzidas em sala de aula num

    processo inverso, em que primeiro se observavam as tecnologias disponveis, para s depois

    buscar uma definio de como utiliz-las. Para o autor, para que se obtenham resultados

    positivos faz-se necessrio inverter essa ordem: primeiro devemos saber o que queremos fazer

    na sala de aula e, posteriormente, determinar as tecnologias mais pertinentes para

    potencializar, simplificar e melhorar os processos de ensino e aprendizagem (p. 34).

    Assim, alunos e professores encontram-se no centro do processo e a tecnologia atua como um

    recurso coadjuvante.

    Com as tecnologias digitais e a comunicao em rede, amplia-se o problema existente

    na escola a respeito de como utilizar a televiso, o videocassete, o retroprojetor e outras

    tecnologias. O aparato tecnolgico est na escola, mas o professor, aquele que auxilia na

    construo e mediao do conhecimento de seus alunos, ainda no se sente preparado para

    utiliz-lo ou ao faz-lo demonstra muita insegurana. Desta forma, os alunos de classes

    populares ficam de fora do que, para Martin-Barbero (2004), estratgico: a insero da

    educao no processo de comunicao da sociedade atual.

    De acordo com Braslavsky (2004), faz-se necessria a busca de polticas mais ativas

    em detrimento das polticas de promoo, isto , polticas que forneam e facilitem o acesso

    aos artefatos necessrios, bem como a reelaborao dos modos de fazer dos professores. A

    partir destas aes fica mais vivel o alcance de uma educao centrada na aprendizagem dos

    alunos e no fazer pedaggico dos professores. Evidentemente estes fatores esto distantes do

    fato de ter ou no computadores e internet nas escolas.

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    Educar na Sociedade da Informao

    Diante de tantas mudanas, discute-se o trabalho realizado com as tecnologias no

    mbito da educao. Os professores esto sendo desafiados a repensar seu compromisso

    frente s novas condies que esto sendo produzidas socialmente nesse contexto de

    globalizao. Aponta-se a necessidade de atualizao do cotidiano escolar, de equipamentos

    mais modernos e de profissionais com outras competncias. Ou seja, a escola confrontada

    com a necessidade de aprender a conviver com as novas tecnologias, trilhar novos caminhos,

    bem como assimilar esses percursos a fim de que o novo possa ser de fato compreendido.

    Parece haver um consenso, e nos filiamos a ele, que a educao a forma mais

    eficiente para assegurar o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrtica. Uma

    educao voltada para o conhecimento e para as tecnologias de informao e comunicao

    deve partir do princpio de que fundamental investir maciamente na formao dos

    professores, fator considerado elemento-chave para uma educao realmente transformadora.

    No basta simplesmente aparelhar escolas sem, no entanto, promover o aperfeioamento dos

    professores para a utilizao destes equipamentos, numa perspectiva de que sejam

    desenvolvidas novas habilidades e competncias para a compreenso do trabalho com as

    tecnologias em sua prtica pedaggica. A esse respeito, Torres (2001, p. 426) salienta:

    Introduzir eficazmente as TIC na escola implica no s proviso massiva de computadores e acesso internet como um reordenamento geral da ordem escolar (infraestrutura, administrao, currculo, pedagogia) e formao (inicial e em servio) dos docentes como usurios competentes das chamadas TIC, tanto para o ensino como para a sua prpria aprendizagem permanente.

    evidente que se faz necessrio tambm o aparelhamento das escolas, com

    equipamentos digitais de boa qualidade, com conexo Internet e todos os recursos

    disponveis; no entanto, de nada adianta termos escolas bem preparadas se no temos o

    principal: professores preparados para introduzir estas tecnologias no seu fazer pedaggico.

    Martinez (2004, p. 100) concorda que o aparelhamento das escolas importante, mas

    atenta para o fato de que a tecnologia deve estar a servio da educao, e no o contrrio.

    importante tambm que o processo de equipar as escolas tenha sentido e esteja muito bem

    definido a fim de que se saiba para que, onde, como e quando eles sero utilizados. Ainda

    segundo esse autor, os educadores e associaes de pais devem participar do processo de

    equipar as escolas, a fim de que seja fortalecido o papel social que a escola desempenha na

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    comunidade. Os professores, porque conhecem a realidade escolar, e as associaes de pais,

    porque cumprem um papel importante como coparceiros no financiamento destas iniciativas

    ou mesmo como beneficiados na utilizao dos equipamentos.

    Mas afinal, o que educar nesta sociedade da informao? Quais as implicaes para

    a escola? No Livro Verde (2000, p. 45), a resposta para nosso primeiro questionamento a

    seguinte:

    [...] educar em uma sociedade da informao significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informao e comunicao: trata-se de investir na criao de competncias suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuao efetiva na produo de bens e servios, tomar decises fundamentadas no conhecimento, operar com fluncia os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mdias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicaes mais sofisticadas. Trata-se tambm de formar os indivduos para aprender a aprender, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contnua e acelerada transformao da base tecnolgica.

    Cercada por tecnologias e mudanas sociais que esto ocorrendo em grande parte do

    mundo, a escola se defronta com um desafio imediato e fundamental: formar cidados. Nesse

    sentido, cabe estrutura escolar6

    Os alunos esto crescendo neste mundo digital e tm acesso cada vez maior s

    tecnologias. A tabela a seguir apresenta dados acerca da utilizao da Internet no Brasil, os

    quais so de pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e

    da Comunicao sobre o uso das TICs no Brasil durante o ano de 2007:

    uma ampla transformao a fim de que possa acompanhar,

    apropriar e, se possvel, promover mudanas nas relaes entre as pessoas e no

    desenvolvimento social e econmico. Frente a isso, os desafios escola e seus educadores so

    os de criar processos permanentes e colaborativos de aprendizagem, ajudando os alunos a

    construir/desconstruir identidades, isto , que lhes permitam fazer escolhas, repensar, tanto o

    espao escolar quanto as relaes estabelecidas em seu interior. Apostar que a interao

    crtica e criativa com as tecnologias digitais poder contribuir para a formao de uma

    sociedade mais democrtica.

    6 Por estrutura escolar compreendemos a escola como um todo, desde sua organizao curricular at as pessoas que fazem parte de sua organizao, quais sejam: pais, professores, alunos, especialistas, diretores.

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    Tabela II Utilizao da Internet no Brasil - Percentual sobre o total de usurios de internet

    Fonte: NIC.br set. / nov. 2007

    A partir dos dados desta pesquisa percebemos que a populao de baixa renda vem

    utilizando cada vez mais os espaos das lan houses para acessar a Internet. No Brasil, a

    utilizao destes espaos ou de outros como os cybercafs envolvem 49% da populao. Na

    regio Sul, onde o nmero de usurios de computadores pessoais maior, este valor cai para

    30%.7

    Os centros pblicos de acesso pago so utilizados majoritariamente por pessoas com

    baixo nvel de escolaridade: dos que frequentam lan houses, 64% so estudantes do nvel

    fundamental e 53% so do nvel mdio. Entre os usurios que afirmam ter ensino superior,

    Entre os usurios da Internet com renda at 1 salrio mnimo, 78% declararam utilizar

    a rede nos centros pblicos de acesso pago. Esse nmero cai para 67% entre os que tm renda

    de 1 a 2 salrios mnimos; 55% para os que tm renda entre 2 e 3 salrios mnimos; 42% para

    os com renda entre 3 e 5 salrios mnimos; e de apenas 30% para os usurios com renda

    superior a 5 salrios mnimos.

    7 Fonte: NIC.br set. / nov. 2007 Disponvel em http://www.cetic.br/usuarios/tic/2007/rel-int-04.htm acesso em 10/08/2008.

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    esse percentual cai para 27%. Como a escolaridade, no Brasil, tem uma relao direta com o

    emprego e os nveis salariais, podemos concluir que a lan-house o principal espao para as

    classes E, D e C renda entre 1 e 4 salrios mnimos plugarem-se internet e localiza a

    populao que no tem poder aquisitivo para adquirir um computador pessoal.8

    O universo da informao de alunos e professores ampliou-se nestas ltimas dcadas.

    As informaes, saberes, conhecimentos so produzidos com tanta velocidade que h

    necessidade de um rigor seletivo para definirmos aquilo que realmente pertinente aos nossos

    propsitos, pois apesar da riqueza de contedos, impossvel o aceso a toda essa informao

    disponvel. No entanto, Porto (2003) em suas pesquisas sobre o uso de TICs nas escolas da

    regio Sul do pas constata que, no cotidiano da maioria das escolas pesquisadas, h muito

    conhecimento repetitivo, esttico, reproduzido ao infinito por meio de prticas pedaggicas

    vazias no sentido e significado, no s para os alunos como para os prprios professores,

    presos dentro de posturas dogmticas, fechadas e unilaterais.

    Em face deste cenrio, de tantas transformaes e possibilidades, para as escolas

    pertinente discutir a integrao crtica e criativa das tecnologias digitais no espao escolar,

    pois traz impressa a possibilidade de contribuir para mudanas qualitativas no processo

    ensino-aprendizagem. O professor, nesse processo, torna-se um ator importante por meio da

    mediao pedaggica que realiza. Pois no h tecnologia em si mesma; tecnologias so

    produtos de relaes sociais, so construtos culturais, e no naturais. Ao serem utilizadas e

    fazerem parte do cotidiano da escola, as tecnologias, em especial os computadores e a

    Internet, podem favorecem as relaes entre professores, alunos e conhecimento, o que

    permitiria estabelecer novas relaes e espaos colaborativos de aprendizagem. De acordo

    com Kenski (2007, p. 66),

    (...) as TICs e o ciberespao, como um novo espao pedaggico, oferecem grandes possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e social dos alunos e dos professores de todos os nveis de ensino, do jardim de infncia universidade. Para que isso se concretize, preciso olh-los de uma nova perspectiva. At aqui, os computadores e a internet tm sido vistos, sobretudo, como fontes de informao e como ferramentas de transformao dessa informao. Mais do que o carter instrumental e restrito do uso das tecnologias para a realizao de tarefas em sala de aula, chegada a hora de alargar os horizontes da escola e de seus participantes, ou seja, todos. O que se prope para a educao de cada cidado dessa nova sociedade e, portanto, de todos, cada aluno e cada professor no apenas

    8 Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informao e da Comunicao no Brasil 2007 realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e da Comunicao CETIC.br . Este centro faz parte do Comit Gestor da Internet no Brasil CGI.br . Disponvel em http://www.cetic.br/ acesso em 10/8/2008.

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    formar o consumidor e usurio, mas criar condies para garantir o surgimento de produtores e desenvolvedores de tecnologias. Mais ainda, que no aprendam apenas a usar e produzir, mas tambm a interagir e participar socialmente e, desse modo, integrar-se em novas comunidades e criar novos significados para a educao num espao muito mais alargado.

    A atual revoluo tecnolgica, dentro de uma sociedade cada vez mais complexa,

    impe educao a necessidade de discutir a incorporao e os usos das tecnologias no fazer

    pedaggico. Segundo os autores que teorizam sobre os impactos das tecnologias digitais na

    educao (ALMEIDA, 2007; FAGUNDES, 1999; GOMES, 2002; KENSKI, 2007; MORAN,

    2004; BEHRENS, 2000; VALENTE, 1997; MASETTO, 2000, PORTO, 2003), as mudanas

    envolvem todos os aspectos do processo educativo: o ensino, a aprendizagem, a estrutura e o

    funcionamento da escola, assim como as suas relaes com a comunidade. Na construo do

    cenrio educacional necessrio para a incorporao das tecnologias digitais, esses autores

    ressaltam dois aspectos: a dificuldade que o professor tem para utilizar o computador devido

    falta de contato e formao; e os requisitos e habilidades requeridos ao professor para a

    incorporao do computador no seu trabalho pedaggico. A inveno de aparelhos,

    instrumentos e tecnologias da cultura permite e exige novas formas de experincia que

    requerem novos tipos de habilidades e competncias.

    Enfatizam a importncia da subordinao da tcnica ao pedaggico ao mesmo tempo

    em que ressaltam que as novas possibilidades tcnicas criam novas aberturas pedaggicas e

    com isto cresce a importncia do aperfeioamento docente. Igualmente, analisam que as

    tecnologias podem provocar um impacto significativo na prtica do professor. Entre os

    autores que enfatizam esse aspecto, destaca-se Valente (1993), para quem o papel do

    computador na educao o questionamento da funo da escola e do professor deixar de

    ensinar para promover o aprendizado. Segundo ele, ao modificar a concepo de escola,

    altera-se tambm o papel do professor, que passa a ser no mais o repassador de informaes

    papel desempenhado pelo computador e sim de facilitador do processo de aprendizagem.

    Dessa forma, as tecnologias de informao e de comunicao no substituiriam o

    professor, mas modificariam as suas funes, ao possibilitarem uma maior dinamicidade na

    organizao pedaggica. Essa condio implicaria a transformao e construo de um novo

    paradigma centrado agora no desenvolvimento integral do cidado e, como nos aponta Levy

    (1993), na construo de uma ecologia cognitiva que favorecesse a construo de outra

    dinmica educacional.

    Paralelamente, vrios autores apontam a importncia da formao docente

    (BEHRENS, 2000; MASETTO, 2000, PORTO, 2003). Ao discutirem esse aspecto, enfatizam

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    a necessidade de se superar uma formao mecnica, onde o domnio tcnico e o domnio

    pedaggico sejam trabalhados separados. Na anlise de Imbernn (2000, p. 45), a formao

    continuada fundamenta-se em diversos princpios, quais sejam: a) aprendizagem contnua,

    colaborativa e participativa num ambiente de interao social, compartilhando dificuldades e

    sucessos com os colegas; b) relao dos conhecimentos advindos da socializao para aceit-

    los ou no em funo do contexto; c) aprendizagem mediante reflexo individual e coletiva e

    a resoluo de situaes prticas; d) elaborao de projetos de trabalho coletivo, vinculando-

    os formao atravs da pesquisa-ao.

    H uma grande nfase na necessidade de organizar a formao de modo que permita a

    criao de situaes de aprendizagem que favoream a aquisio e o desenvolvimento de

    competncias e habilidades para lidar com os desafios impostos pelo cotidiano, frente ao

    desenvolvimento acelerado das tecnologias de informao e de comunicao na sociedade

    contempornea. Nesse aspecto, os autores levantam uma srie de indicadores que demonstram

    que estamos vivendo uma revoluo tecnolgica sem precedentes. Estes pressupostos so

    adotados por diversos tericos (GATES, 1995; NEGROPONTE, 1995; DRUCKER, 1993) e

    criticados por outro grande nmero de pensadores (CHESNEAUX, 1996; HARVEY, 1993;

    DREIFUSS, 2001). Vale ressaltar a discusso de Vieira Pinto (2005, p. 41) sobre o conceito

    de era tecnolgica, no alentado estudo que realiza sobre o conceito de tecnologia entre as

    dcadas de 50 e 80 do sculo XX. Para Vieira, o conceito de era tecnolgica encobre, ao

    lado de um sentido razovel e srio, outro tipicamente ideolgico, graas ao qual os

    interessados procuram embriagar a conscincia das massas, fazendo-as crer que tm a

    felicidade de viver nos melhores tempos desfrutados pela humanidade. Segundo o autor, essa

    mistificao possvel pela converso da obra tcnica em valor moral, onde uma sociedade

    capaz de criar as estupendas mquinas e aparelhos atualmente existentes, desconhecidos e

    jamais sonhados pelos homens de outrora, no pode deixar de ser certamente melhor do que

    qualquer outra precedente. E nesta sociedade to complexa que o professor convocado a

    assumir outro papel: disseminador das informaes e conhecimentos gerados pelo uso das

    tecnologias digitais. Moran (2004) analisa que o rdio, o cinema e a televiso trouxeram

    desafios, novos contedos, histrias e novas linguagens para dentro da sociedade. Pensava-se

    que haveria muitas mudanas na educao em virtude destas mudanas ocorridas na

    sociedade; mas, aponta Moran, as pesquisas realizadas sobre o uso destes meios na educao

    evidenciaram que foram inseridos marginalmente, ou seja, as aulas continuaram a ser

    predominantemente orais e escritas, com algum recurso audiovisual de ilustrao. Segundo

    ele, houve um mascaramento, um verniz de novidade, dado pela embalagem mas que no

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    promoveu de fato mudanas na educao. Gomes (2002 p. 121) discute este aspecto quando

    afirma que:

    (...) a escola, como parte da sociedade, precisa estar preparada para acompanhar e participar das transformaes em curso pela introduo dos novos recursos informticos e comunicacionais cada vez mais numerosos e velozes que passam a integrar o dia a dia dos cidados.

    Dentro desta mesma discusso, Moraes (1996, p. 58) alerta para o fato de que

    programas visualmente agradveis, bonitos e at criativos, podem continuar representando o

    paradigma instrucionista, ao colocar no recurso tecnolgico uma srie de informaes a ser

    repassada ao aluno. Ou seja, insere-se a tecnologia, mas preservam-se as caractersticas da

    abordagem tradicional de educao. Masetto (2000) observa que no podemos colocar na

    tecnologia a possibilidade de soluo dos problemas educacionais brasileiros. Para ele, as

    tecnologias so um meio, um instrumento para colaborar no processo de aprendizagem e que,

    podem sim, auxiliar no desenvolvimento educacional de nossos alunos.

    Na anlise realizada sobre as possibilidades das TICs na educao, h uma nfase na

    tarefa que est sendo delegada ao professor a partir desta insero, seja na Educao Bsica

    ou no Ensino Superior. Essa nova tarefa geralmente apresentada de forma comparativa

    maneira como o professor atua sem o uso das atuais tecnologias. Ao mesmo tempo, h a

    definio de como deve ser este novo professor: consultor, articulador, mediador, orientador

    e facilitador do processo de aprendizagem do aluno. Almeida (2005, p. 47) aponta as novas

    caractersticas do trabalho docente com as tecnologias:

    O professor que trabalha na educao com a informtica h que desenvolver na relao aluno-computador uma mediao pedaggica que se explicite em atitudes que intervenham para promover o pensamento do aluno, implementar seus projetos, compartilhar problemas sem apontar solues, ajudando assim o aprendiz a entender, analisar, testar e corrigir os erros. (grifo nosso)

    Esse aspecto as caractersticas do professor para atuar competentemente com as

    tecnologias perpassa os trabalhos e obras de vrios autores da rea de Tecnologia

    Educacional ou Educao e Comunicao e remete, na nossa anlise, busca histrica de um

    professor ideal que norteou grande parte das discusses terico-metodolgicas da educao.

    Como exemplo citamos Moran (2003, p. 58), que ao analisar as mudanas decorrentes da

    introduo de tecnologias aposta numa prtica educativa inovadora e em educadores

    maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam

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    motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque delas samos

    enriquecidos.

    Consideraes Finais

    O modo como educamos e o prprio sistema educativo esto sendo submetidos a

    mudanas muito importantes, com relao: aos valores educacionais, ao conceito de

    autoridade, s novas necessidades de formao continuada, estrutura e composio do

    ncleo familiar. Uma mudana especialmente relevante aquela que se produz em relao ao

    modo como a informao distribuda atravs dos novos canais e meios de comunicao

    (Bartolom, 2005). Neste cenrio, os professores so convocados e considerados os

    responsveis pela insero de seus alunos neste novo espao tecnolgico, mais fortemente

    aqueles professores das escolas publicas. Disseminam-se discursos sobre o papel dos

    professores no sucesso ou fracasso escolar de seus alunos a partir da sua assimilao do novo,

    corporificado nas atuais tecnologias digitais. Entre os diversos discursos ressalta aquele que

    aponta a necessidade de os professores superarem suas reaes afetivas, ligao a modelos

    tradicionais e amigveis, para reconhecer qual a realidade do mundo em que vivem ou iro

    trabalhar seus alunos. Segundo Bartolom (2005, p. 4), ao procurar situar a escola dentro

    destas novas demandas sociais,

    (...) frente ao discurso unidirecional da classe magistral, do manual e do livro-texto, da interpretao clssica da televiso e dos meios audiovisuais, dos conceitos de ensino e de aprendizagem, saber e autoridade clssicos, das formas de governo clssicas, hoje a sociedade emerge com a ideia de participao.

    Para que os alunos sejam inseridos e participem efetivamente da sociedade da

    informao, enfatiza Pretto (2001, p. 48), deve ocorrer uma srie de aes continuadas, com a

    utilizao das tecnologias contemporneas de informao e comunicao no cotidiano escolar.

    Para o autor, essas aes podem ser desenvolvidas

    (...) a partir da articulao intensa de aes com a perspectiva de associar a montagem da rede, tanto no sentido fsico como no sentido terico, de forma a fortalecer uma nova concepo de currculo que no mais se constitua numa grade em sentido estrito e em sentido figurado tambm com um elenco de disciplinas e ementas soltas que passam a se encaixar na grade, formando o todo, estando as disciplinas elencadas e arrumadas em sequncia hierrquica, uma sendo pr-requisito para as demais, a se somarem

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    linearmente.

    Alm destas necessrias mudanas, um aspecto que precisaria ser revisto a formao

    de professores, tanto em nvel inicial quanto ao longo da vida profissional. Considerando que

    grande parcela de professores que atuam nas escolas publicas no teve, na sua formao

    inicial, contedos e prticas sobre o uso das tecnologias digitais para a incorporao ao seu

    trabalho docente, a formao continuada reveste-se da maior importncia, pois a

    possibilidade que os professores tm em adquirir uma formao que ocorra dentro das

    necessidades da sua escola e de seus alunos. Barreto (apud SHUI, 2003, p. 125), no entanto,

    alerta que a formao dos professores em servio deve ser permanente e continuada, mas no

    com o objetivo de substituir ou preencher as lacunas de uma formao inicial descuidada.

    Segundo ela, os cursos de formao inicial de professores precisam assumir a

    responsabilidade primeira de proporcionar aos futuros professores uma anlise crtica a

    respeito das relaes sociais, histricas, polticas e econmicas do acelerado desenvolvimento

    das tecnologias digitais e de suas implicaes terico-prticas no campo da educao. Ao ser

    contemplado este aspecto na formao inicial, segundo a autora, haveria a possibilidade de

    repensar o papel social da escola e do professor neste momento histrico.

    Os cursos superiores de formao inicial de professores precisam estar atentos

    formao dos novos professores necessrios para esta sociedade conectada. A discusso

    acerca das possibilidades pedaggicas da utilizao das tecnologias digitais nas escolas pode

    estar inserida na proposta curricular destes cursos a fim de que os professores sejam capazes

    de incorporar estas tecnologias s suas prticas.

    Referncias

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