novos desafios na educaÇÃo

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Nelma Baldin Cristina Albuquerque (Organizadoras) Novos desafios na educação Frases chave dos diversos capítulos que compõem o livro A subjugação dos conhecimentos transmitidos, não somente a uma lógica de procura do mercado de trabalho e dos sistemas de concorrência econômica globalizada, mas, também, e sobretudo, a um discurso hegemônico acriticamente assimilado determina, com efeito, a concepção de cidadania e de desenvolvimento sustentável das sociedades do presente e do futuro”. (Nelma Baldin e Cristina Albuquerque) “A educação nos países do MERCOSUL e em toda a América Latina ainda necessita constituir-se como uma tarefa ‘para além do capital’ (Meszáros, 2008), no sentido de provocar verdadeiras transformações no atual modelo econômico, político e social, próprio destes tempos de exploração neoliberal”. (Ivete Simionatto e Mariléia Goin) “A economia do conhecimento realizada na redução dos tempos de formação reduziu também a capacidade de contextualização e de significação política e civilizatória de uma sociedade sustentável na formação dos jovens e em sua empregabilidade. Reduzidas também ficaram a cidadania e a soberania local, continental e planetária.” (Daniel José da Silva) “Há um grande desajuste entre os meios e as finalidades, um elevado desencontro entre lógicas e filosofias educa- tivas centradas no sujeito (…), e as lógicas economi- cistas, competitivas e de mercado que, mais ou menos mascaradamente, vão exercendo a sua ação e erigindo fortes contradições”. (Albertina Lima Oliveira) “Uma série de ‘caminhadas’ na investigação histórica poderá, no final dos níveis escolares, dotar os alunos de habilidades e conhecimentos pelos quais poderão ser reconhecidos como competentes para ler e avaliar as várias fontes; e a considerar a história como uma dimen- são significativa para compreender as raízes do presente por meio da discussão crítica e da comparação entre uma variedade de perspectivas e interpretações.” (Ivo Mattozzi) “Parece-nos fundamental educar para que a utilização da nova mídia seja feita de forma responsável, permita decisões e escolhas informadas e o desenvolvimento de relações interpessoais de qualidade, presenciais ou a distância, que contribuam para o crescimento individual (cognitivo, afetivo e moral) e para o bem estar social. Por outras palavras, é necessário educar para o desen- volvimento de uma cidadania ativa e responsável.” (Armanda Mota Matos) “(…), se a abordagem da gestão do conhecimento conseguir apreender a sua capacidade para não olhar de forma cega para todo o conhecimento como uma verdade absoluta, e se não repetir alguns dos erros da gestão da qualidade, no que se refere à impraticabilidade e exagero de realização, então terá potencial para substituir a gestão da qualidade num futuro próximo.” (Elisabeth Brito, Leonor Cardoso e Duarte Gomes) “Hoje, a nível internacional, fala-se exclusivamente de ‘padrões de competências profissionais’. Eu defendo que as competências são apenas aqueles elementos que servem para aprender um ofício, mas que o profissiona- lismo deve incluir também outras dimensões igualmente importantes e necessárias para desempenhar uma pro- fissão. Os mitos das competências, dos padrões e da eficiência acabaram por transformar os locais de trabalho em selvas de ‘analfabetos’.” (Corrado Ziglio) “É neste espaço de uma teoria crítica renovada que os processos de intervenção social como forma de utilita- rismo e operacionalização social do conhecimento assumem, atualmente, uma importância renovada, (…), relacionando a produção do conhecimento à responsa- bilidade do combate pela emancipação num mundo que se intitula como globalizado”. (Clara Cruz Santos) “Para se ser reexivo não basta saber, é necessário incorporar valores, experiências, saberes formais e infor- mais, partilhar conhecimento, explorar o desconhecido, integrar a complexidade analítica na percepção dos problemas e das oportunidades, contextualizar informa- ções e admitir o campo da prática como renovador e produtor de conhecimento.” (Helena Neves Almeida) “A afirmação de um novo sentido democrático deverá ter, por base, uma lógica de agregação em prol de um projeto comum, sob pena da sociedade se transformar num mero somatório de indivíduos. Neste sentido, há que incrementar o respeito e a partilha de conhecimentos diferenciados, consagrar a responsabilidade numa dimensão antropológica e cosmológica e diluir os me- canismos que tendem a posicionar os sujeitos como cidadãos de primeira ou de segunda categoria.” (Nelma Baldin e Cristina Albuquerque) Responsabilidade social, democracia e sustentabilidade Nelma Baldin | Cristina Albuquerque (Organizadoras) Novos desafios na educação O livro objetiva o debate crítico, desenvolvido, esse, ao longo dos dez capítulos que o compõem e que tratam da reconguração dos saberes, da educação e das práticas, face à transformação das sociedades atuais em decorrência do paradigma cientíco moderno da economia do conhecimento. Partindo de motes como o Processo de Bolonha e o Tratado de Lisboa, os capítulos destacam, via contribuições multidisciplinares, os grandes desaos e as possibilidades da atualidade na construção e na utilização de um conhecimento que se constitua como o fundamento de um novo paradigma assentado no Humano e na sustentabilidade. Logo, um conhecimento ético e socialmente responsável. Nessa direção, portanto, o livro associa um conjunto de contribuições que permitem explicitar e fundamentar criticamente alguns dos eixos do debate em curso nos meios sociais e acadêmicos (em especial: conhecimento; educação; democracia; cidadania; responsabilidade social e sustentabilidade), os quais consideramos cruciais para a compreensão das sociedades atuais e das respectivas possibilidades e riscos. Assim, ao longo dos capítulos, com as contribuições de autores brasileiros, portugueses e italianos, são discutidas as (novas) congurações e implicações do conhecimento nas sociedades atuais, em diversos domínios de ação, tais como o educacional, o organizacional, o prossional, o ético-político e o ambiental. Nestes, são discutidos, nomeadamente, os equilíbrios possíveis entre sustentabilidade e eciência, entre qualidade e celeridade, entre lógicas processuais (ou formais) e operativas e lógicas substanciais e reexivas. Essas situações encaminham para desaos novos, que se reforçam na nossa sociedade, potencializando relações possíveis de serem alicerçadas, com grandes probabilidades na associação e cooperação entre as nações, hoje e num futuro próximo. Sem dúvidas, esses propósitos podem e devem ser analisados sob uma perspectiva ampla, sem fronteiras. Fato este que, entende-se, o livro possibilita. Nelma Baldin Cristina Albuquerque

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Page 1: NOVOS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO

Nelma Baldin

Cristina Albuquerque(Organizadoras)

Novos desafi osna educação

Frases chave dos diversos capítulos que compõem o livro

“A subjugação dos conhecimentos transmitidos, não somente a uma lógica de procura do mercado de trabalho e dos sistemas de concorrência econômica globalizada, mas, também, e sobretudo, a um discurso hegemônico acriticamente assimilado determina, com efeito, a concepção de cidadania e de desenvolvimento sustentável das sociedades do presente e do futuro”.

(Nelma Baldin e Cristina Albuquerque)

“A educação nos países do MERCOSUL e em toda a América Latina ainda necessita constituir-se como uma tarefa ‘para além do capital’ (Meszáros, 2008), no sentido de provocar verdadeiras transformações no atual modelo econômico, político e social, próprio destes tempos de exploração neoliberal”.

(Ivete Simionatto e Mariléia Goin)

“A economia do conhecimento realizada na redução dos tempos de formação reduziu também a capacidade de contextualização e de significação política e civilizatória de uma sociedade sustentável na formação dos jovens e em sua empregabilidade. Reduzidas também ficaram a cidadania e a soberania local, continental e planetária.”

(Daniel José da Silva)

“Há um grande desajuste entre os meios e as finalidades, um elevado desencontro entre lógicas e filosofias educa-tivas centradas no sujeito (…), e as lógicas economi-cistas, competitivas e de mercado que, mais ou menos mascaradamente, vão exercendo a sua ação e erigindo fortes contradições”.

(Albertina Lima Oliveira)

“Uma série de ‘caminhadas’ na investigação histórica poderá, no final dos níveis escolares, dotar os alunos de habilidades e conhecimentos pelos quais poderão ser reconhecidos como competentes para ler e avaliar as várias fontes; e a considerar a história como uma dimen-são significativa para compreender as raízes do presente por meio da discussão crítica e da comparação entre uma variedade de perspectivas e interpretações.”

(Ivo Mattozzi)

“Parece-nos fundamental educar para que a utilização da nova mídia seja feita de forma responsável, permita decisões e escolhas informadas e o desenvolvimento de relações interpessoais de qualidade, presenciais ou a distância, que contribuam para o crescimento individual (cognitivo, afetivo e moral) e para o bem estar social. Por outras palavras, é necessário educar para o desen-volvimento de uma cidadania ativa e responsável.”

(Armanda Mota Matos)

“(…), se a abordagem da gestão do conhecimento conseguir apreender a sua capacidade para não olhar de forma cega para todo o conhecimento como uma verdade absoluta, e se não repetir alguns dos erros da gestão da qualidade, no que se refere à impraticabilidade e exagero de realização, então terá potencial para substituir a gestão da qualidade num futuro próximo.”

(Elisabeth Brito, Leonor Cardoso e Duarte Gomes)

“Hoje, a nível internacional, fala-se exclusivamente de ‘padrões de competências profissionais’. Eu defendo que as competências são apenas aqueles elementos que servem para aprender um ofício, mas que o profissiona-lismo deve incluir também outras dimensões igualmente importantes e necessárias para desempenhar uma pro-fissão. Os mitos das competências, dos padrões e da eficiência acabaram por transformar os locais de trabalho em selvas de ‘analfabetos’.”

(Corrado Ziglio)

“É neste espaço de uma teoria crítica renovada que os processos de intervenção social como forma de utilita-rismo e operacionalização social do conhecimento assumem, atualmente, uma importância renovada, (…), relacionando a produção do conhecimento à responsa-bilidade do combate pela emancipação num mundo que se intitula como globalizado”.

(Clara Cruz Santos)

“Para se ser reexivo não basta saber, é necessário incorporar valores, experiências, saberes formais e infor-mais, partilhar conhecimento, explorar o desconhecido, integrar a complexidade analítica na percepção dos problemas e das oportunidades, contextualizar informa-ções e admitir o campo da prática como renovador e produtor de conhecimento.”

(Helena Neves Almeida)

“A afirmação de um novo sentido democrático deverá ter, por base, uma lógica de agregação em prol de um projeto comum, sob pena da sociedade se transformar num mero somatório de indivíduos. Neste sentido, há que incrementar o respeito e a partilha de conhecimentos diferenciados, consagrar a responsabilidade numa dimensão antropológica e cosmológica e diluir os me-canismos que tendem a posicionar os sujeitos como cidadãos de primeira ou de segunda categoria.”

(Nelma Baldin e Cristina Albuquerque)

Responsabilidade social, democracia e sustentabilidade

Nelm

a Baldin | C

ristina Albuquerque

(Organizadoras)

Novos desafi

os na edu

cação

O livro objetiva o debate crítico, desenvolvido, esse, ao longo dos dez capítulos que o compõem e que tratam da recon�guração dos saberes, da educação e das práticas, face à transformação das sociedades atuais em decorrência do paradigma cientí�co moderno da economia do conhecimento. Partindo de motes como o Processo de Bolonha e o Tratado de Lisboa, os capítulos destacam, via contribuições multidisciplinares, os grandes desa�os e as possibilidades da atualidade na construção e na utilização de um conhecimento que se constitua como o fundamento de um novo paradigma assentado no Humano e na sustentabilidade. Logo, um conhecimento ético e socialmente responsável.

Nessa direção, portanto, o livro associa um conjunto de contribuições que permitem explicitar e fundamentar criticamente alguns dos eixos do debate em curso nos meios sociais e acadêmicos (em especial: conhecimento; educação; democracia; cidadania; responsabilidade social e sustentabilidade), os quais consideramos cruciais para a compreensão das sociedades atuais e das respectivas possibilidades e riscos. Assim, ao longo dos capítulos, com as contribuições de autores brasileiros, portugueses e italianos, são discutidas as (novas) con�gurações e implicações do conhecimento nas sociedades atuais, em diversos domínios de ação, tais como o educacional, o organizacional, o pro�ssional, o ético-político e o ambiental. Nestes, são discutidos, nomeadamente, os equilíbrios possíveis entre sustentabilidade e e�ciência, entre qualidade e celeridade, entre lógicas processuais (ou formais) e operativas e lógicas substanciais e re�exivas.

Essas situações encaminham para desa�os novos, que se reforçam na nossa sociedade, potencializando relações possíveis de serem alicerçadas, com grandes probabilidades na associação e cooperação entre as nações, hoje e num futuro próximo. Sem dúvidas, esses propósitos podem e devem ser analisados sob uma perspectiva ampla, sem fronteiras. Fato este que, entende-se, o livro possibilita.

Nelma BaldinCristina Albuquerque