a semana de arte moderna 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922

53
A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Upload: internet

Post on 17-Apr-2015

128 views

Category:

Documents


7 download

TRANSCRIPT

Page 1: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

A SEMANA DE ARTE MODERNA

13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Page 2: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922
Page 3: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922
Page 4: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922
Page 5: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922
Page 6: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922
Page 7: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA FORTALECIMENTO DA

POLÍTICA CAFÉ-COM-LEITE(A política do café-com-leite foi uma política de revezamento do poder nacional executada na República Velha pelos estados de São Paulo- mais poderoso economicamente, principalmente devido à produção de café - e Minas Gerais - maior pólo eleitoral do país da época e produtor de leite.)

Page 8: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL, PRINCIPALMENTE EM SÃO PAULO

AUMENTO DO NÚMERO DE IMIGRANTES EUROPEUS (NOTADAMENTE OS ITALIANOS)

DESCONTENTAMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL COM A POLÍTICA FEDERAL VOLTADA PARA A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DO CAFÉ

Page 9: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ANTECEDENTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA

1912 – CHEGADA DE OSWALD DE ANDRADE DA EUROPA

Oswald de Andrade retorna de sua primeira viagem à Europa trazendo consigo as idéias Cubistas e Futuristas. Impressionado com esses movimentos, escreve, em versos livres, o poema "Passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde". A obra foi tão mal recebida pelo público que o autor a jogou fora. A ida de Oswald à Europa foi muito importante, pois conheceu a técnica do verso livre proposta por Paul Fort. Sentindo a necessidade de remodelar as artes brasileiras, ainda muito influenciadas pelo acadernicismo, Oswald afirmou:"Estamos atrasados cinqüenta anos em cultura, chafurdados ainda em pleno Parnasianismo."

Page 10: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

PUBLICAÇÃO DA REVISTA “ORPHEU”, QUE MARCA O INÍCIO DO MODERNISMO EM PORTUGAL

Page 11: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

1913 – Exposição de obras LASAR SEGALL

Lasar Segall, um pintor russo que fixou-se no Brasil, fez uma exposição de pintura Expressionista. Essa mostra, apesar de representar a ruptura com o passado acadêmico, teve pouca repercussão nos meios artísticos. Algum tempo depois, Mário de Andrade disse o seguinte sobre essa exposição: “"a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país"

Page 12: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

LASAR SEGALL

Page 13: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

“Duas amigas”

Lasar Segall - Perfil de Zulmira, 1928

Page 14: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

SEGUNDA EXPOSIÇÃO DE ANITA MALFATTI, CAUSANDO O PRIMEIRO CONFRONTO ABERTO ENTRE O VELHO (MONTEIRO LOBATO COM O ARTIGO “PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO) E O NOVO (JOVENS ARTISTAS DE SÃO PAULO)

Page 15: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

“Nu cubista”, 1916

“A estudante”

Page 16: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ADESÃO DE GRAÇA ARANHA AO MOVIMENTO ARTÍSTICO DOS JOVENS PAULISTAS

Page 17: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

EXIBIÇÃO, EM SÃO PAULO, DA MAQUETE DA OBRA “MONUMENTO ÀS BANDEIRAS”, DE VICTOR BRECHERET

Page 18: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Auto-retrato (1923)

A mostra Tarsila do Amaral - Pintora Brasileira em Paris ocorre quase 80 anos depois da primeira exposição da artista na capital francesa, na Galeria Percier, em 1926.

Ela realizou uma segunda exposição em Paris, em 1928, e somente depois teve sua primeira mostra individual no Brasil.

Durante boa parte dos anos 20, Tarsila viveu entre o Brasil e a França.

Page 19: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ABAPORU, 1928

Page 20: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Desde algum tempo, Tarsila e Oswald de Andrade vinham entretendo um romance, que acabou em casamento no ano de 1926, verificando-se uma junção de propósitos com o início do Movimento Antropofágico.

      Foi então que surgiu o seu mais famoso quadro, o Abaporu, famoso e valioso, pois em um leilão realizado em 1995, nos Estados Unidos, foi arrematado por cerca de um milhão e meio de dólares!

     Tarsila pintou o Abaporu para impressionar Oswald. A intenção era criar um ser antropófago e o nome saiu mesmo de um dicionário de tupi-guarani. Não esperava, porém, tamanho impacto. Chamado por Tarsila, Oswald vai ao ateliê nos Campos Elísios e, ao ver o quadro, exclama: «Mas o que é isso ?!» De imediato, telefonou ao amigo Raul Bopp, pedindo-lhe que viesse sem mais demora. É ela que conta:

    

Page 21: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

«Bopp foi lá no meu ateliê, na rua Barão de Piracicaba, assustou-se também. Oswald disse: "Isso é como se fosse um selvagem, uma coisa do mato" e Bopp concordou. Eu quis dar um nome selvagem também ao quadro e dei Abaporu, palavras que encontrei no dicionário de Montóia, da língua dos índios. Quer dizer antropófago.»

     O casamento dos dois também foi devorado, pouco tempo depois. Em 1930, Tarsila e Oswald se separaram, seguindo cada um seu próprio destino.

Page 22: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

“Operários”, 1933

Page 23: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

“Antropofagia”, 1929”

Page 24: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

MODERNISMO – PRIMEIRA FASE 1922 A 1930

CARACTERÍSTICAS

Page 25: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ROMPIMENTO COM TODAS AS ESTRUTURAS DO PASSADO

CARÁTER ANÁRQUICO E DESTRUIDOR BUSCA DO MODERNO, DO ORIGINAL E

DO POLÊMICO VOLTA ÀS ORIGENS DO PAÍS PROCURA DE UMA “LÍNGUA BRASILEIRA”

Page 26: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

PARÓDIAS, HUMOR VALORIZAÇÃO DO ÍNDIO

VERDADEIRAMENTE BRASILEIRO DUAS VERTENTES DO NACIONALISMO:

DE UM LADO, O CRÍTICO, LIDERADO POR OSWALD DE ANDRADE; POR OUTRO, UM NACIONALISMO UFANISTA, LIDERADO POR PLÍNIO SALGADO

Page 27: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

LIBERDADE FORMAL (VERSOS LIVRES E BRANCOS)

POEMA-PÍLULA TEMAS LIGADOS AO COTIDIANO O ESPAÇO URBANO

Page 28: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

PRINCIPAIS OBRAS E REPRESENTANTES MÁRIO DE ANDRADE

“Eu sou um escritor difícil Que a muita gente enquisila,

Porém essa culpa é fácil De se acabar de uma vez:

E só tirar a cortina Que entra luz nesta escuridez.”

(A Costela de Grão Cão)

Page 29: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

EU SOU TREZENTOS...Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, As sensações renascem de si mesmas sem repouso, Ôh espelhos, ôh ! Pirineus ! Ôh caiçaras ! Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro ! Abraço no meu leito as milhores palavras, E os suspiros que dou são violinos alheios; Eu piso a terra como quem descobre a furto Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos !

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, Mas um dia afinal toparei comigo... Tenhamos paciência, andorinhas curtas, Só o esquecimento é que condensa, E então minha alma servirá de abrigo.

Mário de Andrade

Page 30: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

DESCOBRIMENTOAbancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim Na escuridão ativa da noite que caiu Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos, Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu. Mário de Andrade

Page 31: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

POESIA

HÁ UMA GOTA DE SANGUE EM CADA POEMA

PAULICÉIA DESVAIRADA CLÃ DO JABUTI

REMATE DE MALES LIRA PAULISTANA

Page 32: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

PROSA

AMAR, VERBO INTRANSITIVO

MACUNAÍMA

Page 33: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

TARSILA DO AMARAL

O BATIZADO DE MACUNAÍMA

Page 34: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ALDEMIR MARTINS, “MACUNAÍMA, 1982”

Page 35: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

OSWALD DE ANDRADE

POESIA:

PAU-BRASL CÂNTICO DOS

CÂNTICOS PARA FLAUTA E VIOLÃO

Page 36: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

PROSA

MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR

SERAFIM PONTE GRANDE

Page 37: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

MANUEL BANDEIRA

POESIA

A CINZA DAS HORAS O RITMO DISSOLUTO LIBERTINAGEM ESTRELA DA MANHÃ ESTRELA DA VIDA INTEIRA

Page 38: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

MANUEL BANDEIRA

Page 39: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Pardalzinho

O pardalzinho nasceuLivre. Quebraram-lhe a asa.

Sacha lhe deu uma casa,Água, comida e carinhos.Foram cuidados em vão:A casa era uma prisão,O pardalzinho morreu.

O corpo Sacha enterrouNo jardim; a alma, essa voouPara o céu dos passarinhos!

Petrópolis, 10-3-1943

Page 40: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.Só em Deus ela pode encontrar

satisfação.Não noutra alma.

Só em Deus — ou fora do mundo.As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

 

Page 41: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

TREM DE FERRO

Café com pãoCafé com pãoCafé com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora simCafé com pãoAgora simVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força(trem de ferro, trem de ferro)

 

Oô...Foge, bichoFoge, povoPassa pontePassa postePassa pastoPassa boiPassa boiadaPassa galhoDa ingazeiraDebruçadaNo riachoQue vontadeDe cantar!Oô...(café com pão é muito bom)

Page 42: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Quando me prenderoNo canaviáCada pé de canaEra um oficiáOô...Menina bonitaDo vestido verdeMe dá tua bocaPra matar minha sedeOô...Vou mimbora vou mimboraNão gosto daquiNasci no sertãoSou de OuricuriOô...

Vou depressaVou correndoVou na todaQue só levo Pouca gentePouca gentePouca gente...(trem de ferro, trem de ferro)

(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)

Page 43: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema.Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionaisQue fosse ardente como um soluço sem lágrimasQue tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação. 

Page 44: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

LIBERTINAGEM

ASPECTO FORMAL ALCANÇO DA MATURIDADE NA

LINGUAGEM LINGUAGEM COLOQUIAL VERSO LIVRE

Page 45: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

TEMÁTICA

ASPECTO AUTOBRIOGRÁFICO PRESENÇA DO COTIDIANO METALINGUAGEM SAUDOSISMO

Page 46: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

ANTÔNIO DE ALCÂNTARA MACHADO PROSA

BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA LARANJA DA CHINA

Page 47: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

CARACTERÍSTICAS DA OBRA BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA ONZE CONTOS CARACTERIZADOS

COMO NOTÍCIAS LINGUAGEM CONCISA FLASHES CINEMATOGRÁFICOS PERSONAGENS ÍTALO-BRASILEIRAS COSTUMES DE IMIGRANTES ITALIANOS

QUE INFLUENCIARÃO A CULTURA PAULISTANA

NARRATIVA ISENTA DE DESCRIÇÕES

Page 48: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

DIVULGAÇÃO DAS NOVAS IDÉIAS LANÇADAS NA SEMANA REVISTAS:

KLAXON (São Paulo) Festa (Rio de Janeiro) A Revista (Belo Horizonte)

Manifestos: Manifesto da poesia Pau-Brasil Manifesto antropófago Manifesto regionalista de Recife Manifesto nhenguaçu verde-amarelo Escola de Anta

Page 49: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Estrada de Ferro Central do Brasil, 1924

Page 50: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

MANIFESTO PAU-BRASIL

(...) A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.

Uma sugestão de Blaise Cendrars : - Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.

Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias.

A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.

Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.

Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, deexportação.(...)

Page 51: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

MANIFESTO ANTROPOFÁGICOSó a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Page 52: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem...”

Page 53: A SEMANA DE ARTE MODERNA 13, 15 E 17 DE FEVEREIRO DE 1922

FONTES

PEREIRA & PELACHIN, Helena Bonito e Marcia Maisa. Português Na

trama do texto. Ensino Médio. Ed. FTD TERRA, ERNANI. Português para o Ensino

Médio. Vol. Único. Ed. Scipione www.macusp.com.br