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Universidade de Brasília – UnB Faculdade de Comunicação – FAC A Segurança Pública no Brasil Planejamento para Enfrentar os Desafios Trabalho de Introdução ao Planejamento Professor: Kátia M a Belisario Alunos: Lorena Palmeira 10/0111238 Otacílio Marques 10/0117902 Vanessa Negrini 10/0126197 Brasília-DF, 26 de janeiro de 2011

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Universidade de Brasília – UnB Faculdade de Comunicação – FAC

A Segurança Pública no Brasil

Planejamento para Enfrentar os Desafios

Trabalho de Introdução ao Planejamento

Professor: Kátia Ma Belisario

Alunos: Lorena Palmeira 10/0111238

Otacílio Marques 10/0117902

Vanessa Negrini 10/0126197

Brasília-DF, 26 de janeiro de 2011

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, pág. 2

2. ANÁLISE DE CENÁRIO, pág. 3

2.1. AMBIENTE INTERNO, pág. 3

2.1.1. ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, pág.5

2.2. AMBIENTE EXTERNO, pág. 8

2.2.1. AMBIENTE DEMOGRÁFICO, pág. 8

2.2.2. AMBIENTE ECONÔMICO, pág. 9

2.2.3. AMBIENTE SOCIOCULTURAL, pág. 12

2.2.4. AMBIENTE NATURAL, pág. 14

2.2.5. AMBIENTE TECNOLÓGICO, pág. 15

2.2.6. AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL, pág. 16

3. ANÁLISE SWOT, pág. 19

4. DIAGNÓSTICO, pág. 22

4.1. DIAGNÓSTICO GERAL, PÁG. 22

4.2. DIAGNÓSTICO DA COMUNICAÇÃO, pág. 24

5. OBJETIVOS / METAS, pág. 25

5.1. OBJETIVOS / METAS GERAIS, pág. 26

5.2. OBJETIVOS / METAS PARA A COMUNICAÇÃO, pág. 28

6. ESTRATÉGIAS SUGERIDAS, pág. 29

6.1. ESTRATÉGIAS GERAIS, pág. 29

6.2. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO, pág. 30

7. CONCLUSÃO, pág. 30

7.1. CONCLUSÃO DO TRABALHO, pág. 30

7.2. FEEDBACK DO GRUPO, pág. 32

7.2.1. LORENA PALMEIRA, pág. 32

7.2.2. OTACÍLIO MARQUES, pág. 32

7.2.3. VANESSA NEGRINI, pág. 32

BIBLIOGRAFIA, pág. 33

1

"Segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos...”, Constituição Federal, art. 144

1. INTRODUÇÃO

A questão da segurança pública está intrinsecamente ligada com a origem do

Estado e sua razão de ser. De acordo com o pensamento de teóricos

contratualistas, quando as pessoas resolveram viver em comunidade, abriram mão

de determinadas liberdades individuais em favor de um organismo – o Estado – que

passaria a garantir a segurança do grupo. É o chamado Pacto Social. A partir de

então, deixou de vigorar a lei do mais forte, com cada um tendo que lutar pelo que é

seu. Você deixa de fazer justiça com as próprias mãos e entrega ao Estado o

monopólio do uso da força. Com o passar do tempo, as configurações de Estado

foram evoluindo até se chegar ao que temos hoje. Mas uma preocupação sempre

se manteve presente no âmbito central: a Segurança.

Depois da Saúde e da Educação, a Segurança Pública aparece como a terceira

maior preocupação dos brasileiros, de acordo com pesquisa Ibope para o Jornal

Nacional, em agosto de 2010. E para gerir uma categoria tão importante, como a

Segurança Pública, planejamento é a palavra chave. “A Segurança Pública no

Brasil: Planejamento para Enfrentar os Desafios” trata-se de trabalho final da

disciplina “Introdução ao Planejamento”, do curso de Comunicação

Organizacional da Universidade de Brasília – UnB.

A proposta do trabalho é – com base nos conhecimentos adquiridos com a disciplina

– realizar a análise de cenário, identificar os pontos fortes, as fraquezas, as

ameaças e oportunidades do setor, compondo os elementos de uma matriz SWOT,

para em seguida diagnosticar as condições da Segurança Pública do Brasil,

propondo objetivos, metas, e sugerindo estratégias para se alcançar os resultados

almejados.

Importante frisar que o foco é da análise será feita a partir do ponto de vista do

Ministério da Justiça (MJ), como principal “gestor” da Segurança Pública no Brasil,

2

com todas as implicações que isso representa num sistema federativo, onde cada

ente tem seus próprios atributos e responsabilidades estabelecidas

constitucionalmente.

As informações foram colhidas com base em notícias na mídia, discursos de posse

dos governadores e secretários estaduais de Segurança Pública, além de

entrevistas exclusivas com o novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

(gravada por telefone), com o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o

delegado federal José Mariano Beltrame (que respondeu as perguntas por email, por

meio de sua Assessoria de Imprensa), e com o então secretário executivo do MJ e

presidente do Grupo de Trabalho da Copa, Rafael Favetti (gravada pessoalmente).

Os dados estatísticos foram apurados no “Anuário 2010”, do Fórum Brasileiro de

Segurança Pública, no relatório “Números Consolidados da Área de Segurança

Pública” e no “Perfil das Instituições de Segurança Pública”, ambos do Ministério da

Justiça, no “Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) – Segurança

Pública”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e no “Global

Corruption Barometer 2010”, da Transparência Internacional.

2. ANÁLISE DE CENÁRIO

2.1. AMBIENTE INTERNO

Conforme dito inicialmente, o presente trabalho será feito levando-se em

consideração o Ministério da Justiça como “gestor” da Segurança Pública no Brasil.

Logo, o ambiente interno investigado é o próprio Ministério da Justiça.

José Eduardo Cardozo é o novo comandante Ministério da Justiça, a partir do

governo da presidente Dilma Rousseff. Paulista, 48 anos, advogado, professor de

Direito Administrativo, Cardozo é procurador do município de São Paulo desde 1982.

Para assumir a Justiça, deixou o posto de secretário-geral do Diretório Nacional do

Partido dos Trabalhadores, que ocupava desde 2008. Iniciou a vida parlamentar

como vereador pelo PT de São Paulo. Depois, teve dois mandatos como deputado

federal também pelo PT de São Paulo. Em 2010 resolveu não se candidatar a um

3

novo mandato eletivo dizendo-se decepcionado com o sistema político brasileiro.

Alegou que o alto custo de campanhas e as dificuldades do processo eleitoral

contribuíram para sua decisão.

Como parlamentar, Cardozo presidiu a Comissão Especial de Reforma do Judiciário,

foi relator do Ficha Limpa e subrelator da CPMI dos Correios. Defensor da reforma

política, acha que as eleições proporcionais são fonte de corrupção na política.

Cardozo, que integra o grupo Mensagem ao Partido, mesma corrente do ministro da

Justiça anterior, Tarso Genro, acredita que um dos pontos fortes de sua pasta é

justamente o legado que herdou. Nos últimos anos, segundo ele, tanto o ministro

Márcio Thomas Bastos quanto Tarso Genro, fizeram um ótimo trabalho estruturando

a pasta.

Na estrutura interna do Ministério da Justiça (no item 2.1.1. vide a estrutura completa

do Ministério da Justiça), notadamente as áreas que mais se destacaram e se

desenvolveram nos últimos anos foram: Assessoria de Comunicação Social, a

Secretaria-Executiva do Pronasci, o Departamento de Polícia Federal, o

Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário

Nacional, a Força Nacional de Segurança Pública, o Conselho Nacional de Combate

à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual – CNCP, o Conselho Nacional

de Segurança Pública – Conasp e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica

– CADE.

Por outro lado, alguns setores importantes ficaram relegados a um segundo plano e

pouco fizeram ou tiveram atuação muito aquém do desejado. Nesse grupo, em

primeiro lugar, a Conportos - Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos,

Terminais e Vias Navegáveis, seguindo ainda o Conselho Nacional de Política

Criminal e Penitenciária – CNPCP, a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, a

Secretaria de Reforma do Judiciário e a Comissão de Anistia.

Agregando ao mesmo tempo competência técnica e perfil político, uma das

primeiras medidas do novo ministro da Justiça, foi trazer a Secretaria Nacional de

Políticas sobre Drogas (Senad), o Conselho Nacional de Política sobre Drogas

4

(Conad) e a gestão do Fundo Nacional Antidrogas (Funad), que saem do Gabinete

de Segurança Institucional, para integrar o MJ. Com isso, o MJ assume as

competências, os acervos técnicos e patrimoniais e os direitos e obrigações relativos

aos órgãos transferidos. Entre elas: articular e coordenar as atividades de repressão

da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; propor a atualização da

política nacional sobre drogas na esfera de sua competência; instituir e gerenciar o

sistema nacional de dados estatísticos de repressão ao tráfico ilícito de drogas. A

medida dá mostras do que deve ser uma das grandes preocupações de sua gestão:

o enfretamento às drogas.

2.1.1. ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

MISSÃO: O Ministério da Justiça tem por missão garantir e promover a Cidadania, a

Justiça e a Segurança Pública, através de uma ação conjunta entre o Estado e a

sociedade.

VISÃO: O Ministério da Justiça não especificou a sua “visão”.

Ministro: José Eduardo Cardozo

I - órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado

Chefia de Gabinete do Ministro

Assessoria de Comunicação Social

Assessoria Internacional

Assessoria Parlamentar

Coordenação do Programa de Transparência

Secretaria-Executiva do Pronasci

Comissão de Anistia

Consultoria Jurídica

Coordenação-Geral de Controle da Legalidade

Coordenação-Geral de Processos Judiciais e Disciplinares

Secretaria-Executiva

5

Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração

II - órgãos específicos singulares

Defensoria Pública da União

Subdefensoria Pública-Geral da União

Departamento de Polícia Federal

Corregedoria-Geral de Polícia Federal

Diretoria de Administração e Logística Policial

Diretoria de Combate ao Crime Organizado

Diretoria de Gestão de Pessoal

Diretoria de Inteligência Policial

Diretoria Técnico-Científica

Diretoria-Executiva

Departamento de Polícia Rodoviária Federal

Coordenação-Geral de Administração

Coordenação-Geral de Operações

Coordenação-Geral de Planejamento e Modernização Rodoviária

Coordenação-Geral de Recursos Humanos

Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal

Departamento Penitenciário Nacional

Diretoria de Políticas Penitenciárias

Diretoria do Sistema Penitenciário Federal

Diretoria-Executiva

Ouvidoria do Sistema Penitenciário

Secretaria de Assuntos Legislativos

Departamento de Elaboração Normativa

Departamento de Processo Legislativo

Secretaria de Direito Econômico

Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor

Departamento de Proteção e Defesa Econômica

Secretaria de Reforma do Judiciário

Departamento de Política Judiciária

Secretaria Nacional de Justiça

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Departamento de Estrangeiros

Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação

Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica

Internacional

Secretaria Nacional de Segurança Pública

Conportos - Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos,

Terminais e Vias Navegáveis

Departamento da Força Nacional de Segurança Pública

Departamento de Execução e Avaliação do Plano Nacional de Segurança

Pública

Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de

Pessoal em Segurança Pública

Departamento de Políticas, Programas e Projetos

III - órgãos colegiados:

Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos - CFDD

Secretaria-Executiva do CFDD

Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade

Intelectual - CNCP

Secretaria-Executiva do CNCP

Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária - CNPCP

Conselheiros do CNPCP

Conselho Nacional de Segurança Pública - Conasp

Secretaria-Executiva do Conasp

Conselheiros do Conasp

IV - entidades vinculadas:

Autarquia:

Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE

Fundação:

Fundação Nacional do Índio - Funai

Chefia de Gabinete do Presidente

Conselho Fiscal

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Conselho Indigenista

Diretoria de Administração

Diretoria de Assistência

Diretoria de Assuntos Fundiários

Museu do Índio

2.2. AMBIENTE EXTERNO

Em analogia aos ensinamentos de Philip Kotler, em sua obra “Administração de

marketing: a edição do novo milênio” (2000), no capítulo “Coleta de informações e

análise do ambiente de marketing”, da mesma forma que as empresas, o Governo

também atua em um macroambiente de forças e tendências que podem levar a

novas oportunidades e ameaças. Tais forças correspondem a fatores não

controláveis que o Governo “precisa monitorar e aos quais precisa reagir”. Seis

importantes forças ambientais devem ser monitoradas: demográfica, econômica,

sociocultural, natural, tecnológica e político-legal.

2.2.1. AMBIENTE DEMOGRÁFICO

De acordo com Philip Kotler (2000), o tamanho e a taxa de crescimento da

população, a distribuição etária, a composição étnica, os graus de instrução, os

padrões familiares, as características das diferentes regiões e as movimentações

entre elas, são alguns dos elementos que precisam ser levados em consideração na

análise do ambiente demográfico.

Em se tratando de Segurança Pública, as grandes aglomerações das capitais e das

cidades maiores tendem a intensificar as desigualdades sociais, o que pode ser

identificado como um fator propício à violência urbana. Logo, o gestor deverá estar

atento às movimentações e as tendências demográficas a fim de planejar suas

ações, ajustar as necessidades de efetivo policial, prever conflitos oriundo da falta

de oportunidade de trabalho para todos.

8

Outra questão a ser analisada diz respeito à idade do efetivo policial, uma vez que a

carreira faz jus à aposentadoria especial após 20 anos de efetivo trabalho na

atividade policial, com pelo menos mais 10 anos de contribuição em outra atividade

qualquer. Em 2007, 35% do efetivo policial civil estava com idade superior a 45

anos, e 26% já contava com mais de 20 anos de trabalho (Fonte: “Perfil das

Instituições de Segurança Pública”, Ministério da Justiça, setembro/2010). Isso

demanda planejamento a médio e a longo prazo para a realização de novos

concursos. O aspecto positivo diz respeito à renovação do quadro. Como os

certames estão cada vez mais concorridos, inclusive passando a exigir nível superior

em várias categorias, a tendência é obter quadros cada vez mais qualificados. Já o

reflexo negativo tem haver com o ambiente econômico, que será visto

detalhadamente no item 2.2.2. Trata-se do impacto financeiro aos cofres públicos,

uma vez que o Estado terá que arcar com uma folha cada vez mais extensa de

aposentados.

2.2.2. AMBIENTE ECONÔMICO

A Ciência Política ensina que política é primordialmente a “arte” de gerir recursos

escassos. Dessa forma, a Segurança Pública será confrontada, como todas as

demais áreas governamentais, com uma limitação básica: a econômica.

Adepta do planejamento estratégico, a presidente Dilma Rousseff adotará um

modelo de governança no estilo empresarial. Obcecada por metas, Rousseff vai

redefinir prioridades e cortar gastos, algo em torno de R$ 35 bilhões do Orçamento.

O Ministério da Justiça terá que disputar recursos com áreas igualmente sensíveis e

carentes, como Saúde, Educação, Infraestrutura. Como o “cobertor é curto”, não há

como suprir cem por cento as demandas de todas as áreas. A vantagem da

Segurança Pública com relação às demais áreas pode vir de fora. Como o Brasil

será palco de grandes eventos internacionais a partir deste ano até 2016, não há

como deixar de lado a Segurança, sob o risco de afugentar os visitantes

aguardados. Em dezembro de 2009, de acordo com o então secretário executivo do

MJ e presidente do Grupo de Trabalho da Copa, Rafael Favetti, o valor orçado

apenas para as ações de segurança na Copa era de R$ 4 bilhões de reais.

9

Dinheiro parece nunca ser o bastante quando o assunto é Segurança Pública.

Mesmo com o aumento dos investimentos nos últimos anos, a sensação é de que

todo esforço ainda não é suficiente. Os R$ 47 bilhões de reais investidos em 2009

pela União, Estados e Municípios em Segurança Pública é mais do que o dobro do

que era gasto em 2003 (R$ 22 bilhões de reais). Os Estados responderam pela

maior parcela da conta, mais de R$ 38 bilhões de reais.

As dificuldades são imensas, sobretudo em função das diferentes condições

econômicas de cada região do País e de quanto cada ente federado está disposto a

gastar com a área (tabela 1). Em 2009, a União aplicou em Segurança Pública o

equivalente a R$ 38,05 por habitante. O Acre foi o Estado que mais gastou (R$

402,77) e o Distrito Federal o que menos investiu na área (R$ 82,27). Em geral, os

gastos aumentaram, mas há casos como o do Rio de Janeiro que investiu R$ 231,78

por habitante, um valor menor do que era aplicado em 2006 (R$ 269,91).

Tabela 1: Despesa per capita realizada com a Função Segurança Pública

Unidade da Federação – 2006/2009

Unidades da Federação 2006 2007 2008 2009

Total 165,04 184,19 208,47 238,29

União 18,47 25,12 31,52 38,05

Acre 221,55 264,15 335,80 402,77

Alagoas 126,54 149,36 188,18 227,68

Amapá 244,98 258,35 370,66 399,80

Amazonas 130,09 137,25 167,47 186,96

Bahia 102,45 113,53 122,29 133,43

Ceará 54,81 62,43 74,15 103,88

Distrito Federal 38,69 33,36 57,32 82,27

Espírito Santo 136,48 196,04 190,21 200,67

Goiás 124,75 163,24 154,43 183,83

Maranhão 58,74 67,68 82,59 106,62

Mato Grosso 177,89 153,88 246,98 285,67

Mato Grosso do Sul 180,63 231,65 269,66 273,19

Minas Gerais 200,78 217,07 249,82 280,51

Pará 88,95 95,17 117,56 126,63

Paraíba 100,00 111,26 128,48 149,22

Paraná 97,28 98,67 108,90 112,47

Pernambuco 91,76 107,05 132,21 155,11

Piauí 67,79 77,28 57,30 84,25

Rio de Janeiro 269,91 278,69 309,97 231,78

Rio Grande do Norte 97,02 128,21 157,99 180,48

Rio Grande do Sul 132,01 138,43 127,00 201,04

Rondônia 225,76 241,57 327,62 376,43

Roraima 221,07 253,12 332,84 301,21

Santa Catarina 152,46 169,52 28,07 225,64

São Paulo 173,33 182,87 218,40 244,47

10

Sergipe 139,72 149,39 176,14 235,39

Tocantins 163,01 192,95 216,73 262,69

Fonte: “Anuário 2010”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Outro exemplo que envolve o embate entre a União e os Estados diz respeito à

aprovação da PEC-300, que pretende criar um piso nacional para policiais e

bombeiros. A proposta encontra forte resistência dos Estados, que é quem vai pagar

a conta. O próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu que só

haverá acordo para votação da matéria dentro de “condições orçamentárias

factíveis”. Mas não há como adiar o debate. Além dos baixos salários, existem

diferenças gritantes entre as unidades da federação (tabela 2). Tome-se como

exemplo a remuneração da Polícia Civil. Em 2007, quase 60% do efetivo percebia

em média entre dois a seis salários míninos. Os maiores salários em início de

carreira são pagos no Distrito Federal (R$ 7.317,18) e os menores em Santa

Catarina (R$ 1.228,01).

Tabela 2: Salário inicial nas Polícias Militares e Civis

Tabela Salarial dos Soldados das Polícias Militares em Início de Carreira (2009)

Tabela Salarial Inicial dos Policiais Civis do Brasil (2008)

Distrito Federal R$4.129,73 Distrito Federal R$ 7.317,18 Sergipe R$3.012,00 Goiás R$ 2.711,00 Goiás R$2.722,00 Roraima R$ 2.608,00 São Paulo R$2.387,00 Amazonas R$ 2.589,67 Mato Grosso do Sul R$2.176,00 Rio Grande do Norte R$ 2.500,13 Amapá R$2.070,00 Amapá R$ 2.190,00 Maranhão R$2.037,39 Espírito Santo R$ 2.100,00 Alagoas R$1.818,56 Pará R$ 2.060,00 (líq) Espírito Santo R$1.801,14 Paraná R$ 2.000,00 (aprox) Paraná R$1.789,00 Maranhão R$ 1.980,00 (aprox) Mato Grosso R$1.796,71 Piauí R$ 1.954,00 Minas Gerais R$1.775,42 Rio Grande do Sul R$ 1.830,00 Santa Catarina R$1.600,00 Acre R$ 1.812,00 Tocantins R$1.572,00 Sergipe R$ 1.776,97 Bahia R$1.550,00 Mato Grosso R$ 1.749,00 Amazonas R$1.546,00 Bahia R$ 1.739,00 Roraima R$1.526,91 Alagoas R$ 1.736,74 Piauí R$1.372,00 Mato Grosso do Sul R$ 1.700,00 Acre R$1.299,81 Ceará R$ 1.700,00 Paraíba R$1.297,88 Rondônia R$ 1.700,00 Rondônia R$1.251,00 Pernambuco R$ 1.719,90 Pernambuco R$1.237,29 Minas Gerais R$ 1.646,00 Pará R$1.200,00 Paraíba R$ 1.585,86 Ceará R$1.147,00 Rio de Janeiro R$ 1.530,07 Rio de Janeiro R$1.137,49 Tocantins R$ 1.465,90 Rio Grande do Norte R$1.111,00 São Paulo R$ 1.345,24 Rio Grande do Sul R$996,00 Santa Catarina R$ 1.228,01 + horas extras Fonte: http://www.papodepm.com/2010/01/tabela-salarial-dos-soldados-do-brasil.html

11

2.2.3. AMBIENTE SOCIOCULTURAL

A análise do ambiente sociocultural parte da compreensão das “visões que as

pessoas têm de si próprias, das outras, das organizações, da sociedade, da

natureza e do universo” (Philip Kotler, 2000). Para tanto, é preciso identificar os

valores centrais e secundários da sociedade, bem como das diferentes subculturas

presentes na comunidade. Logo, quando se pensa em Segurança Pública, não há

como ignorar questões como a corrupção e a violência policial. Os dois fatores

parecem arraigados no imaginário cultural do brasileiro e torna-se um desafio

romper com tal modelo.

O cientista político Ricardo Wahrendorff Caldas, diretor do Centro de Estudos

Avançados Multidisciplinares (Ceam), da Universidade de Brasília (UnB), estima que

entre 1% a 5% do PIB nacional é consumido com a corrupção. Para o pesquisador

da UnB, não há uma causa única para a corrupção no Brasil. Existem vários

aspectos que vão desde os traços culturais até a ineficácia punitiva do Estado. De

acordo com um levantamento publicado pela organização não governamental

Transparência Internacional (Barômetro da Corrupção Global 2010), 64% dos

brasileiros acreditam que a corrupção aumentou nos últimos três anos, enquanto

27% relataram que os níveis permanecem os mesmos. Apenas 9% disseram que a

corrupção diminuiu. Ainda de acordo com os dados, 5% dos brasileiros entrevistados

relataram ter pago suborno no ano passado. Os serviços incluem educação, justiça,

saúde, segurança pública, registro e autorização, utilidades, receitas fiscais e

alfândegas. No Brasil, a polícia obteve nota 3,8 num ranking de 1 a 5, onde 5

significa extremamente corrupto. Só perde para os partidos políticos e o parlamento

brasileiro, apontados como as instituições mais afetadas pela corrupção (nota 4,1). A

corrupção afeta a Segurança Pública mais do que se imagina, basta analisar que

seria impossível entrar com arma do Paraguai e chegar ao Rio de Janeiro, ou roubar

uma carreta no Maranhão e chegar à Bolívia, sem a conivência de agentes públicos.

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou pesquisa que revela às

percepções da população brasileira sobre a Segurança Pública e seus principais

órgãos – as Polícias Militar e Civil dos estados, a Polícia Federal e as Guardas

Municipais (SIPS – Sistema de Indicadores de Percepção Social, Segurança

12

Pública, dezembro/2010). Como as polícias são os órgãos pelos quais a Segurança

Pública é exercida pelo Estado, torna-se fundamental compreender como a

sociedade percebe tais instituições.

A Polícia Federal conta com o maior grau de confiança por parte da população

(82,5% dos entrevistados), enquanto 74,1% apresentam algum grau de confiança na

Polícia Civil e 72,3% na Polícia Militar. As Guardas Municipais tiveram o pior

desempenho, com 68,1% de algum nível de confiança. As porcentagens de

confiança nas polícias variam muito pouco por sexo, cor da pele, escolaridade,

renda, e entre as regiões pesquisadas. Entretanto, as respostas são diferenciadas

por faixas etárias. Os jovens entre 18 e 24 anos são os que menos confiam nas

instituições policiais.

Quanto à qualidade dos serviços prestados pelas instituições policiais, a maior

parte dos entrevistados manifestou insatisfação, além de apontar elementos como

preconceito e desrespeito aos direitos do cidadão no atendimento policial em geral.

De acordo com a pesquisa, 61,7% dos entrevistados apontaram lentidão da polícia

no atendimento a emergências via telefone. Os mais escolarizados e os mais

jovens são os mais insatisfeitos.

A polícia não aborda as pessoas de forma respeitosa para 66,5% dos

entrevistados e desrespeita os direitos do cidadão para 63,2%. Essa percepção

não muda de modo significativo de acordo com a região, gênero ou raça do

entrevistado, mas nos que afirmaram ter sofrido algum crime nos últimos doze

meses ou tido algum tipo de contato direto com a polícia, a avaliação é pior. A maior

proporção de opiniões favoráveis ao tratamento da polícia está entre as pessoas de

menor escolaridade, os de maior rendimento familiar mensal (com ganhos acima de

vinte salários mínimos) e os mais velhos (acima de 54 anos).

Além disso, para 65,3% a polícia é preconceituosa. A opinião dos entrevistados

quanto ao preconceito da polícia se manteve próxima da média geral entre os

estratos observados. Para 51,8% dos entrevistados a polícia não registra as queixas

e denúncias de forma satisfatória, e para 69,3% as investigações transcorrem de

13

forma lenta e ineficiente. A avaliação mais positiva é entre os indivíduos de menor

escolaridade e idade mais avançada.

De forma geral, para 55,4% dos entrevistados a polícia não se mostra competente

em suas atribuições. As opiniões mais favoráveis foram percebidas nas regiões

Nordeste e Centro-Oeste. Novamente, entre os indivíduos com menor grau de

instrução e maiores de 54 anos a opinião é mais favorável e piora entre os que

afirmaram ter sofrido algum crime nos últimos doze meses ou tido algum tipo de

contato direto com a polícia.

A pesquisa do IPEA revelou ainda dados sobre a sensação de insegurança da

população brasileira. A grande maioria dos entrevistados, 78,6%, afirmou ter muito

medo de ser vítima de assassinato, 68,7% tem medo de que sua casa seja

arrombada, e entre 41,6% a 57,5% declaram ter medo de sofrer agressão física em

vias públicas.

2.2.4. AMBIENTE NATURAL

Planejar ações para a Segurança Pública passa pela análise do ambiente natural,

com a identificação de fatores que podem afetar a área. O Brasil faz fronteira com

nove países: Argentina, Bolívia, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Peru, Suriname,

Venezuela, e com a Guiana Francesa. Só a fronteira do Brasil com a Bolívia é maior

do que a dos Estados Unidos com o México. São 16.886 quilômetros de fronteira,

extremamente vulneráveis, sendo 7.363 km de linha seca e 9.523 km de rios, lagos

e canais. Além disso, possui uma fronteira marítima de 7.367 quilômetros.

Nas fronteiras terrestres, as dificuldades passam por áreas isoladas e/ou de difícil

acesso, como a Floresta Amazônica (que abrange os Estados do Acre, Amapá,

Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) e o

Pantanal (no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). As regiões são utilizadas pela

guerrilha colombiana, pelos narcotraficantes, biopiratas, traficantes de armas e

contrabandistas, que se aproveitam das grandes extensões e da pouca presença do

Estado para agirem quase que impunemente. Isso sem contar com os conflitos

14

locais, entre as populações indígenas, madeireiros, mineradores. Já no litoral

brasileiro, especialmente pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Sepetiba

(RJ), ingressam no país milhares de armas de grosso calibre. Apenas em 2010, a

Polícia Federal apreendeu mais de 1.700 artefatos.

2.2.5. AMBIENTE TECNOLÓGICO

Além da dificuldade em equipar a polícia com recursos mais sofisticados que a

própria criminalidade, é preciso compreender que os criminosos se apropriam das

novas tecnologias para poder operar. Não há limites para a inventividade do crime.

Pedofilia, crimes cibernéticos (roubos a bancos online) e até mesmo a venda de

drogas, se utilizam das facilidades da internet. A polícia precisa acompanhar e se

atualizar para combater as novas formas de agir. Exemplo disso é o Projeto

Tentáculos da Polícia Federal. Em parceria com a Caixa Econômica Federal, a PF

desenvolveu um aplicativo que consegue cruzar milhares de informações que levam

a identificação de quadrilhas especializadas em fraudes bancárias pela internet.

Como os criminosos agem virtualmente não há uma base territorial fixa, o que

dificultava as investigações. Antes de sua implementação, a média anual de

inquéritos para investigar fraudes praticadas no sistema internet banking e com

clonagem de cartões era de 50 mil, e quase nunca se chegava aos culpados. Como

projeto, a PF criou uma base única de dados que possibilita, com agilidade, mapear

onde estão atuando as principais quadrilhas do país. Dessa forma, milhares de

inquéritos puderam ser condensados em um mesmo processo e o percentual de

resolução dos crimes cresceu.

Além disso, é preciso cuidar da atualização jurídico-legal, com a aprovação de leis

específicas que abarquem os novos crimes, que surgem com o incremento

tecnológico. Isso é fundamental para a punição dos criminosos, uma vez que no

Brasil, se determinado ato não está expresso no Código Penal, então não é crime.

Trata-se do Princípio da Legalidade, que vem incrustado na Constituição Federal,

inciso XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia

cominação legal”. A regra foi estabelecida para garantir segurança jurídica. Dessa

forma ninguém pode ser punido se não houver uma previsão legal anterior criando o

15

tipo incriminador. Os criminosos, obviamente, se aproveitam das lacunas da lei para

agir. Tramita no Congresso Nacional uma dúzia de projetos que atualizam o

ordenamento jurídico para incluir os novos crimes que surgiram com a disseminação

tecnológica.

2.2.6. AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL

De acordo com Philip Kotler (2000), o ambiente político-legal é aquele “formado por

leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam e limitam várias

organizações e indivíduos”. Nesse ambiente, a Segurança Pública torna-se ainda

mais sensível devido às peculiaridades do sistema federativo nacional (onde

Estados e Distrito Federal são autônomos e dotados de governo próprio). Segundo a

Constituição Federal, a Segurança Pública é “dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos”. Em vez de fortalecer a área, o dispositivo constitucional

acabou gerando um impasse: se é de todos, muitas vezes acaba que ninguém

chama para si a responsabilidade e fica um jogo de empurra entre Municípios,

Estados e Governo Federal.

A União é quem comanda a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (ambas

estão inseridas na estrutura do Ministério da Justiça). Já os Estados agem por meio

de suas respectivas Polícias Civis, Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares.

A cargo dos municípios, ficaram as Guardas Municipais. Além de haver uma

sobreposição de funções, existe falta de coordenação entre tais organismos. E, uma

vez que cada Estado organiza suas próprias estratégias, não há uniformidade de

atuação, e até mesmo a coleta de dados estatísticos fica prejudicada.

Ainda no ambiente político-legal, com o início de uma nova legislatura, é importante

visualizar o mapa político que se formou com as eleições de 2010 (tabela 3). As

alianças políticas podem determinar a adesão ou não aos projetos e metas

governamentais também no quesito Segurança Pública. O PSDB elegeu

governadores em 8 Estados (Alagoas, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Pará,

Paraná, Roraima e São Paulo); o PSB em 6 (Amapá, Ceará, Espírito Santo, Paraíba,

Pernambuco e Piauí); o PMDB (Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio

16

de Janeiro e Rondônia) e o PT (Acre, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e

Sergipe) em 5 Estados cada um; o DEM em 2 Estados (Rio Grande do Norte e

Santa Catarina) e o PMN em 1 (Amazonas). O PSDB elegeu ainda 5 senadores e 53

deputados federais; o PSB fez 3 senadores e 34 deputados federais; o PMDB fez 16

senadores e 79 deputados federais; o PT 11 senadores e 88 deputados federais; o

DEM 2 senadores e 43 deputados federais; e o PMN em 1 senador e 4 deputados

federais.

Tabela 3: Candidatos eleitos por partido | Eleições 2010

Fonte: http://eleicoes.terra.com.br/mapa-politico/2010/

A presidente Dilma Rousseff foi vitoriosa em 16 Estados, no Norte, Nordeste e

Sudeste, além do Distrito Federal, e perdeu em 11, no Centro-Oeste e Sul (figura 1).

No Senado Federal, Dilma começa seu governo com o apoio, em tese, de 54

parlamentares (PT, PMDB, PR, PDT, PP, PSB, PSC, PRB e PCdoB), de um total de

81 cadeiras (figura 2). É mais do que Lula tinha no final do mandado (43 aliados). Na

Câmara dos Deputados os governistas também são maioria. Os partidos que

apoiaram formalmente Dilma Rousseff conquistaram 309 cadeiras, o equivalente a

60% da casa. Entretanto, levantamento feito pelo site Congresso em Foco mostra a

base aliada com 402 deputados, o equivalente a 78% da Câmara. Nesse caso,

foram contabilizados também deputados de legendas que não fazem parte da

coligação formal, mas que estiveram ao lado do governo Lula nas votações.

17

Figura 1: Mapa político | Eleições 2010

Fonte: http://eleicoes.terra.com.br/mapa-politico/2010/presidente/

Figura 2: Composição do Senado Federal | Eleições 2010

Fonte: http://noticias.r7.com/eleicoes-2010/noticias/partidos-aliados-de-dilma-elegem-mais-senadores-que-a-oposicao-20101004.html

A gestão da Segurança Pública não é apenas um problema de polícia. Passa por

múltiplas áreas, notadamente o Desenvolvimento Social, Saúde, Educação. Ações

isoladas se revelaram ao longo do tempo insuficientes para conter o avanço da

criminalidade. Historicamente, as várias áreas de governo não se comunicavam. Os

programas e projetos não eram coordenados e muitas vezes se repetiam sem

alcançar os resultados esperados. Nos últimos anos, isso começou a mudar, com a

adoção de algumas iniciativas pontuais e isoladas. Mas a partir do governo da

presidente Dilma Rousseff, a prática poderá ser incorporada de vez na gestão

18

pública nacional. Adepta ao planejamento estratégico, a primeira mulher presidente

do Brasil quer um modelo de governança no estilo empresarial. Dilma determinou

aos seus ministros a formação de três grandes núcleos: políticas sociais,

desenvolvimento econômico e cidadania, além do grupo de infraestrutura, criado no

governo Lula, mas que será reformulado. Cada núcleo ficará responsável pela

preparação dos projetos e monitoramento das ações. O objetivo é fazer com que os

vários ministérios atuem em conjunto, coordenando suas ações de forma integrada,

para poupar recursos e maximizar os resultados. Dessa forma, a Segurança Pública

ficará no núcleo das políticas sociais.

3. ANÁLISE SWOT

A análise SWOT é uma ferramenta de gestão bastante útil para no planejamento de

políticas públicas. O termo SWOT é uma sigla oriunda do inglês, que traduzindo

significa: Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades

(Opportunities) e Ameaças (Threats). Com a elaboração da matriz SWOT fica fácil

visualizar os aspectos internos e externos favoráveis e desfavoráveis à organização,

sendo possível identificar eventuais problemas e corrigir as fragilidades. Depois de

pronta a matriz, o diagnóstico e as conclusões são quase que automáticas.

FAVORÁVEL

DESFAVORÁVEL

S

FORÇAS (Strengths)

W

FRAQUEZAS (Weaknesses)

Fat

ores

Int

erno

s (O

RG

AN

IZA

ÇÃ

O)

→Herança dos últimos ministros da

Justiça, Márcio Thomas Bastos e Tarso

Genro, que estruturaram o Ministério da

Justiça, fortalecendo especialmente as

seguintes áreas:

Assessoria de Comunicação Social;

→O Ministério da Justiça é uma

pasta que abarca um rol muito

extenso de atribuições, com áreas

de vão desde a questão indígena,

ao combate aos cartéis, à defesa

do consumidor, e à Segurança

19

Secretaria-Executiva do Pronasci;

Departamento de Polícia Federal;

Departamento de Polícia Rodoviária

Federal;

Departamento Penitenciário Nacional

Força Nacional de Segurança

Pública;

Conselho Nacional de Combate à

Pirataria e Delitos contra a

Propriedade Intelectual – CNCP;

Conselho Nacional de Segurança

Pública – Conasp; e

Conselho Administrativo de Defesa

Econômica – CADE.

→Novo ministro da Justiça, José

Eduardo Cardozo, tem ao mesmo tempo

competência técnica e perfil político.

→Secretaria Nacional de Políticas sobre

Drogas, o Conselho Nacional de Política

sobre Drogas e a gestão do Fundo

Nacional Antidrogas foram integrados

ao MJ. A medida indica que o combate

às drogas será priorizado, o que é um

bom passo para ajudar a conter a

violência.

Pública como um todo.

→Sistema Federativo faz com

que a área de atuação do MJ

fique restrita, colidindo com o que

é de competência dos Estados e

Municípios.

→Muitas vezes, o MJ só tem

competência para atuar nos

“efeitos” da violência e da

criminalidade. Para atingir as

“causas” depende da atuação de

outras áreas governamentais.

→Algumas áreas de competência

do MJ foram pouco priorizadas

nos últimos anos e, por isso

mesmo, iniciam com maiores

dificuldades:

Comissão Nacional de

Segurança Pública nos Portos,

Terminais e Vias Navegáveis

(pelos portos brasileiros

ingressam armas, drogas e

contrabando);

Conselho Nacional de Política

Criminal e Penitenciária

(situação dos presídios

brasileiros é precária);

FUNAI (prosseguem os

conflitos indígenas e as

dificuldades na demarcação

20

Secretaria de Reforma do

Judiciário (vários pontos

polêmicos não deixam a

discussão avançar); e

Comissão de Anistia (muitos

arquivos da ditadura

continuam fechados e não há

acordo para a comissão da

verdade).

O

OPORTUNIDADES

(Opportunities) T

AMEAÇAS (Threats)

Fat

ores

Ext

erno

s

(AM

BIE

NT

E)

→Grandes eventos internacionais que

ocorrerão no Brasil nos próximos 6 anos

pode priorizar os investimentos em

Segurança Pública.

→Ministério da Justiça afinado com o

Governo Federal.

→Governo tem maioria no Congresso e

venceu na maioria dos Estados.

→Secretarias estaduais de Segurança

Pública de 12 estados foram entregues

ao comando de delegados federais

(relevante, pois a PF integra a estrutura

do MJ, o que pode favorecer o diálogo

com estes Estados).

→Divergências políticas e não

adesão aos projetos por parte de

Estados não alinhados com o

Governo Federal.

→Limitação orçamentária

(Governo Federal já avisou que

vai cortar o Orçamento em R$ 35

bilhões de reais).

→Fronteiras nacionais

vulneráveis (por onde ingressam

armas e drogas).

→Dimensão territorial continental

que dificulta a presença do

Estado em todos os cantos.

→Terrorismo que pode ser

21

atraído para o Brasil, com a

realização de grandes eventos

internacionais.

→Crime organizado cada vez

mais organizado e se utilizando

de aparatos tecnológicos.

→Milícias (na ausência do Estado

criminosos se aliam a agentes

públicos para agir).

→Péssima imagem das

instituições policiais.

→Diferenças salariais e de

estrutura física das polícias nos

Estados.

4. DIAGNÓSTICO

4.1. DIAGNÓSTICO GERAL

O Ministério da Justiça é uma pasta que abarca um rol muito extenso de atribuições,

com áreas de vão desde a questão indígena, combate a cartéis, defesa do

consumidor, até a Segurança Pública como um todo. Dessa forma, a Segurança

Pública acaba diluída no meio as inúmeras atribuições da pasta e acaba tendo que

disputar espaço e atenção internamente.

O governo de Dilma inicia com ampla maioria do Congresso e dos Estados o que

pode significar apoio aos projetos e iniciativas relacionados à Segurança Pública.

Entretanto, falta tradição para que União, Estados e Municípios colaborem em ações

conjuntas e na aplicação dos recursos investidos, o que pode representar uma

22

barreira. O Sistema Federativo vigente no Brasil faz com que a área de atuação do

Ministério da Justiça fique restrita, colidindo com o que é de competência dos

Estados e Municípios.

Não é à toa que Dilma incumbiu o ministro da Justiça de iniciar uma maratona de

viagens para ouvir os governadores sobre políticas de Segurança Pública. A

presidente sabe que sem a adesão dos Estados nada poderá ser feito. Por outro

lado, é o Governo Federal que tem as chaves do cofre. As visitas tiveram início por

São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A partir destes encontros será

definida a pauta e a proposta de um pacto entre o governo federal e os governos

estaduais. O acordo deve ser sacramentado em reunião com os governadores,

prevista para ocorrer em fevereiro deste ano, em Brasília.

A percepção sociedade com relação às instituições que materializam a aplicação da

Segurança Pública – as polícias – não é nada boa. De acordo com a pesquisa do

IPEA (2010), a maior parte dos entrevistados manifestou insatisfação com a forma

de atuação das polícias, além de identificar elementos como preconceito e

desrespeito aos direitos do cidadão no atendimento policial em geral. A maioria dos

entrevistados também expressou elevada sensação de insegurança, declarando

sentir medo em relação a assassinato, assalto a mão armada, agressão física e

arrombamento da residência. Os jovens, os mais escolarizados e os declararam que

tiveram contato com a polícia ou sofreram algum tipo de violência nos últimos 12

meses são os mais insatisfeitos.

Uma das dificuldades em se planejar políticas e ações em Segurança Pública passa

pela compilação de dados confiáveis. Não há publicação de estatísticas exatas

sobre a criminalidade e os diferentes estudos apresentados apresentam

inconsistência entre si. Como os sistemas não são integrados, o levantamento de

dados fica sujeita à colaboração voluntária dos Estados e os números apresentados

nem sempre são exatos. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, deixaram de

informar vários campos solicitados pelo Ministério da Justiça para elaboração do

relatório “Perfil das Instituições de Segurança Pública”. Há também o problema da

manipulação dos dados. Vide o exemplo de Salvador, que de 1996 a 1999, adotou

uma prática no mínimo extravagante para melhorar suas estatísticas. A capital

23

baiana “exportou” seus cadáveres para outros municípios. Em 1996, Salvador teve

900 homicídios. Em 1997, 400, em 1998, 200, e chegou a 90, em 1999. A artimanha

foi pensada com o intuito de não afastar os turistas.

Apesar dos grandes investimentos realizados nos últimos anos, os resultados não

são visíveis e as pessoas seguem com sentimento de insegurança muito forte. Isso

leva a crer que recursos financeiros nunca serão suficientes se não houver mudança

de gestão, que trabalhe com planejamento, metas e aferição de resultados. O

Governo Federal já percebeu isso e a cultura do planejamento estratégico está cada

vez mais consolidado na gestão pública nacional.

Em que pese todos os aspectos negativos e todos os obstáculos, percebe-se que há

uma ambiente favorável para uma mudança de paradigma. A sociedade e as

lideranças políticas parecem convencidas de que é chegada a hora de uma

intervenção séria para o combate ao crime organizado, missão que só terá êxito se

forem articuladas ações preventivas e repressivas, de forma integrada com a União,

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O Estado do Rio de Janeiro,

recentemente, deu exemplo de que o trabalho integrado é fundamental para que os

resultados aconteçam. Segundo o ministro da Justiça, “temos que aprender com

esta experiência, aprofundá-la, aperfeiçoá-la, e levá-la aos quatro cantos do território

nacional”.

Por fim, não há como se pensar numa política de Segurança Pública no Brasil sem

resolver a questão do piso salarial. O policial precisar receber um salário digno que o

possibilite exercer sua atividade em tempo integral, sem precisar fazer “bico” ou se

render à corrupção.

4.1. DIAGNÓSTICO DA COMUNICAÇÃO

O Ministério da Justiça é protagonista de importantes campanhas institucionais que

sensibilizam a sociedade. Destacam-se as campanhas contra a exploração sexual

infantil, o tráfico de pessoas, a pirataria, pelo desarmamento, entre outras. Também

conseguiu estabelecer uma competente Assessoria de Comunicação que pauta com

24

eficiência as temáticas de interesse do Ministério. O site do órgão (figura 3) é

atualizado diariamente, é de fácil navegação e oferece uma vasta gama de notícias,

informações, serviços, fotos, artigos, entre outros de interessa da mídia e do cidadão

em geral. O Ministério da Justiça ainda não aderiu às redes sociais, como Twiter,

Youtube, Facebook, entre outros. A medida seria interessante para atingir um

público ainda maior, sem representar grandes gastos.

Figura 3: Site do Ministério da Justiça

5. OBJETIVOS / METAS

Depois de conhecer o cenário interno e externo, depois de visualizar as forças e

fraquezas, as oportunidades e ameaças, com a construção de uma matriz SWOT,

passos que permitiram se chegar a um diagnóstico da Segurança Pública no Brasil,

pelo ponto de vista do Ministério da Justiça, é chegada a hora de traçar os objetivos

25

e metas que devem ser perseguidos para melhorar o desempenho do setor e corrigir

os erros e as fragilidades. Importante destacar que objetivos e metas não se

confundem, embora se completem. Objetivo sem meta será apenas um sonho

dificilmente realizado. Segundo Kotler, os objetivos devem surgir da análise das

oportunidades e recursos e não de pensamentos e desejos. Objetivo é o que se quer

alcançar. Meta é o quanto se quer, como e quando. Ou seja, a meta é quantificável,

enquanto o objetivo traz enunciados genéricos.

Após toda a análise feita, seguem-se os objetivos e metas gerais (5.1.) e para a

comunicação (5.2), que determinarão o foco a ser perseguido por todos os

responsáveis (gestores e servidores) pela Segurança Pública.

5.1. OBJETIVOS / METAS GERAIS

OBJETIVOS METAS*

Modernizar a gestão do Sistema de

Justiça e Segurança Pública para

aumentar a eficiência e eficácia das

Instituições em busca da efetividade das

políticas públicas.

Implantar o Planejamento Estratégico

em XX% das áreas de atuação do

Ministério da Justiça.

Mapear e desmantelar XX% das facções

criminosas que atuam nas capitais e

grandes cidades brasileiras.

Combater o crime organizado

Recadastrar XX% das armas legais em

circulação nacional.

Redução de XX% dos homicídios.

Redução de XX% dos crimes

cibernéticos.

Reduzir a criminalidade

Redução de XX% do tráfico de pessoas.

Melhorar o controle das fronteiras e

portos.

Adquirir XX aviões não tripulados VANT,

para policiar as fronteiras.

26

Adquirir XX aparelhos de raio "x" para

verificar os contêineres, nos portos.

Aumentar em XX% as apreensões de

drogas.

Combater o tráfico de drogas

Aumentar em XX% o número de

operações policiais nas fronteiras e

portos.

Fortalecer as ações de proximidade e

melhoria da qualidade no

relacionamento entre polícia e

população

Alcançar índice de XX% de avaliação

positiva da população.

Alcançar índice de XX% de resolução de

crimes.

Melhorar a qualidade do atendimento ao

cidadão nas ações de segurança pública

Capacitar XX% dos policiais.

Consolidar e ampliar a capacidade de

atuação das ações integradas, a

cooperação com os órgãos e agências

de interesse da Segurança Pública e a

articulação com a sociedade organizada.

Criação dos Centros Integrados de

Comando em XX% das capitais e

cidades com mais de 100 mil habitantes.

Informatizar XX% das instituições

policiais.

Aumentar em XX% o número de

viaturas.

Modernizar e aparelhar as instituições

policiais.

Equipar XX% dos policiais com

armamento e equipamentos de

segurança apropriados.

Adotar o Registro Único de Identidade

ivil em XX% do território nacional. C

Modernizar e integrar os sistemas de

informação da Segurança Pública

nacional, estadual, municipal. Adesão de XX% dos Estados à Rede

Infoseg.

Valorizar os profissionais que atuam na

Segurança Pública.

Aprovar piso salarial nacional para os

policiais com vencimento inicial de R$

XX reais.

27

Atingir XX% do quadro com política

habitacional.

Contemplar XX% do quadro com plano

de saúde e seguro de vida.

Reduzir XX% da população nos

presídios.

Reduzir XX% da reincidência criminal.

Capacitar XX% dos presos durante o

cumprimento da pena.

Reestruturar o sistema carcerário e

prisional.

Reinserir XX% do ex-presidiários no

mercado de trabalho.

*As metas devem ser quantificadas pelo MJ juntamente com os setores específicos.

5.2. OBJETIVOS / METAS PARA A COMUNICAÇÃO

OBJETIVOS METAS*

Criação de e-mail institucional para XX%

do quadro de pessoal.

Envio de informativo online para XX% do

quadro de pessoal.

Melhorar a comunicação interna com o

objetivo de motivar e comprometer os

gestores e servidores com a execução

do Plano Estratégico do MJ.

Disponibilização de intranet para XX%

do público interno.

Melhorar a percepção da sociedade com

relação às instituições policiais.

Criação de campanhas para atingir XX%

do público externo, com enfoque no

público-problema (mais jovens e mais

escolarizados)

Melhorar o clima organizacional. Criação de campanhas para atingir XX%

do público interno.

Inserção nas redes sociais. Criação e manutenção de página do

Ministério da Justiça em XX% dos meios

disponíveis (Twiter, You Tube)

*As metas devem ser quantificadas pelo MJ juntamente com os setores específicos.

28

6. ESTRATÉGIAS SUGERIDAS

Se os objetivos da organização determinam o foco que deve ser perseguido por

todos (gestores e servidores) e as metas quantificam tais objetivos, a estratégia diz

“o que fazer” para ser alcançar.

Dessa forma, para melhorar a Segurança Pública, tendo como ponto de vista o

Ministério da Justiça, e alcançar os objetivos e metas propostos (5.1 e 5.2), seguem-

se sugestões de estratégias gerais (6.1.) e estratégias para a comunicação (6.2).

6.1. ESTRATÉGIAS GERAIS

1. Desmembrar o Ministério da Justiça. A Segurança Pública deve ter um

ministério próprio para o governo federal chamar para si a responsabilidade de

coordenar uma política pública nacional com a participação dos estados e

municípios.

2. Mudar a Constituição para permitir a União tenha um protagonismo maior na

Segurança Pública dos estados, determinando políticas nacionais e

coordenadas.

3. Criar verba orçamentária vinculada à área de Segurança Pública, como já

existe para educação e saúde.

4. Criar os Centros Integrados de Comando em todas as capitais e cidades com

mais de 100 mil habitantes, com a participação de vários níveis de comando,

vários órgãos ligados à Segurança Pública e outros relacionados ao

desenvolvimento social.

5. Vincular a liberação de recursos aos Estados à adesão do programas do

Governo Federal e ao cumprimento de metas.

29

6.2. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

1. Veicular campanhas instituicionais para melhorar a percepção da sociedade

com relação às instituições policiais.

2. Veicular campanhas internas para melhorar o clima organizacional, motivar o

quadro pessoal e aumentar a auto estima.

3. Inserir o Ministério da Justiça nas redes sociais (Twiter e You Tube, por

exemplo), para alcançar um público diferenciado que ainda não acompanha as

notícias do MJ pelos canais convencionais.

4. Criar o Portal da Segurança Pública, site onde a mídia e a sociedade poderiam

acessar todo conteúdo dos vários órgãos que integram o sistema.

7. CONCLUSÃO

7.1. CONCLUSÃO DO TRABALHO

Com o presente trabalho da disciplina introdutória de planejamento, do curso de

Comunicação Organizacional da UnB, ficou claro que o Planejamento Estratégico

Organizacional representa o caminho que uma organização elege para evoluir de

uma situação presente até outra, almejada no futuro. Sua implantação permite a

visão compartilhada da estratégia em todos os níveis da organização. Foi possível

compreender, de forma introdutória, as etapas iniciais básicas que devem esboçar

tal planejamento, quais sejam: análise de cenário, análise dos pontos fracos e fortes,

diagnóstico, e o estabelecimento de objetivos, metas e estratégias.

Mesmo que o objetivo do trabalho não tenha sido esmiuçar todas as etapas

processo, de forma geral, ficou claro que a opção pelo Planejamento envolve vários

níveis: Estratégico (onde se estabelece a direção a ser seguida e se definem a

missão e a visão da organização); Tático (que se baseia nos objetivos e metas

30

propostos na estratégia, sendo desenvolvido nos níveis organizacionais

intermediários, tendo como principal objetivo a utilização eficiente dos meios

materiais e humano); Técnico (que segue as táticas sugeridas para o cumprimento

das políticas de segurança, definindo qual o melhor sistema a ser implantado); e

Operacional (que descreve as normas de conduta sob forma de documentos

escritos, isto é, padrões de trabalho e práticas gerenciais que tratarão das ações a

serem executadas, “o como fazer”).

Com relação ao objeto eleito – Segurança Pública, pela ótica do Ministério da

Justiça – foi possível perceber que área está condicionada aos resultados de várias

outras, de caráter social (emprego e renda, educação, moradia, por exemplo). A

atuação isolada da União se mostrou insuficiente, uma vez que os Estados também

devem colaborar e todos precisam atuar de forma integrada e coordenada. A União

deve buscar um papel protagonista e puxar para si a responsabilidade da Segurança

Pública, uma vez que a problemática é nacional. Para tanto, serão necessárias

mudanças na legislação, no âmbito constitucional. Será interessante acompanhar,

nos próximos anos, a consolidação da cultura do planejamento estratégico no

âmbito do Ministério da Justiça – ou do Ministério da Segurança, caso venha a ser

criado – uma vez que as iniciativas atuais são pontuais, preliminares e

experimentais.

Especificamente com relação à Comunicação Organizacional que se desenvolve no

Ministério da Justiça, à medida que se espera que o órgão assuma o papel central

na coordenação da Segurança Pública nacional, será desejável acompanhar a

evolução da atual Assessoria de Comunicação para um patamar de “órgão central”

de um futuro “Sistema de Comunicação da Segurança Pública”. Nesse papel, o setor

abarcaria a coordenação de uma política integrada de comunicação para todos os

órgãos envolvidos com a Segurança Pública.

31

7.2. FEEDBACK DO GRUPO

7.2.1. LORENA PALMEIRA

“Com este trabalho pude verificar a morosidade e falta de coerência e concisão entre

os órgãos envolvidos com toda a questão de Segurança. O Ministério de Justiça que

é um órgão com voz e poder não o utilizam de maneira adequada. Apenas espero

que a partir dessa nova gestão algo novo possa mudar, para melhor.”

7.2.2. OTACÍLIO MARQUES

“Percebe-se que a Segurança Pública no Brasil carece de maiores investimentos,

principalmente no que tange os recursos humanos e tecnologicos. Ao se valorizar os

agentes de segurança, dotando-os de maiores salários e melhores condições de

trabalho, grande parte do problema da segurança pública estará sanado. Além disso

com o investimento em Tecnologia da Informação, buscando nas experiências bem

sucedidas de outros países, recursos tecnologicos que permitam um “olhar” amplo

das ações. Aliado a tudo isso, o país tem que utilizar e aplicar a sua legislação

(considerada uma das mais modernas do mundo), de forma efetiva, fugindo dos

entraves da burocracia que emperra o desenvolvimento do país, utilizando o

planejamento estrategico como aliado nesse projeto.”

7.2.3. VANESSA NEGRINI

“Superado o desafio inicial de ser confrontado com a dor do papel em branco,

superado o momento de organizar as idéias e estipular a melhor forma de expressá-

las, a realização do trabalho se revelou instigante e prazerosa. Os ensinamentos da

disciplina são fundamentais para o profissional de comunicação organizacional e já

estão sendo úteis no dia-a-dia. Em disciplinas futuras, seriam interessante ter a

oportunidade de aprofundar no assunto, até o domínio pleno do Planejamento

Estratégico.”

32

33

BIBLIOGRAFIA

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário 2010. Disponível em <http://www2.forumseguranca.org.br/node/24104>. Acesso em 26/12/2010. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Sistema de Indicadores de Percepção Social. Disponível

em <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/101202_sips_seguranca.pdf>. Acesso em 5/1/2011.

KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Números Consolidados da Área de Segurança Pública. Disponível em

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