a rede de urgência na região norte de minas gerais. um modelo replicável?
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Departamentos de urgência(Pronto-socorros) sempre lotados
Dificuldade de internação dos pacientes Recusa de recebimento de ambulâncias Transporte fragmentado e desorganizado Ausência de atendimento especializado Atendimento e lotação nos serviços de urgência
de pacientes de baixo risco Sistema despreparado para maxi-emergências ou
aumento da procura
Uma crise Mundial
Hospital-Based Emergency Care: At the Breaking Point http://www.nap.edu/catalog/11621.html
As soluções apontadas• Estruturação em Rede• Coordenação e Comando único• Regionalização• Categorização de Serviços (concentração x dispersão)• Linguagem única (protocolos e linha guia)• Accountability ( transparência nas informações)• Trabalhar com indicadores que avaliem a performance dos
serviços e também a performance da rede 24 horas)
Fonte:Hospital-Based Emergency Care at the braking point
Institute of Medicine of the national academies- 2007
Rede de urgência
Paciente Certo = Gravidade
Local Certo = Ponto de atenção preparado
Tempo mais adequado para a situação clínica = Logística e guidelines
Redução de mortalidade precoce = resultado regional
QUAIS AS EVIDÊNCIAS?• AHA (American Heart Association). 2005. Sudden Cardiac Death: AHA
Scientific Position.[Online]. Available: http://www.americanheart.org/presenter.jhtml?identifier=4741 [accessed February 15, 2006].
• Bardach NS, Olson SJ, Elkins JS, Smith WS, Lawton MT, Johnston SC. 2004. Regionalization of treatment for subarachnoid hemorrhage: A cost-utility analysis. Circulation 109(18):2207–2212.
• Chiara O, Cimbanassi S. 2003. Organized trauma care: Does volume matter and do trauma centers save lives? Current Opinion in Critical Care 9(6):510–514.
• Dummit LA. 2005. Specialty hospitals: Can general hospitals compete? National Health Policy Forum Issue Brief (804):1–12.
• GAO. 2003b. Specialty Hospitals: Geographic Location, Services Provided, and Financial Performance. Washington, DC: U.S. Government Printing Office.
• Glance LG, Osler TM, Dick A, Mukamel D. 2004. The relation between trauma center outcome and volume in the national trauma databank. Journal of Trauma-Injury Infection & Critical Care 56(3):682–690.
• Grumbach K, Anderson GM, Luft HS, Roos LL, Brook R. 1995. Regionalization of cardiac surgery in the United States and Canada: Geographic access, choice, and outcomes. Journal of the American Medical Association 274(16):1282–1288.
ALS
HELICOPTER
MILANO URBAN AREA: 3,000,000 INHABITANTS
LEVEL II (CTZ)
LEVEL III (PST)
LEVEL I (CTS)
Percent of ISS > 15 Adult PatientsTreated at a Level I/II Center
# Level I/II per Million Population
% of ISS>15 Treated at a Level
I/IIFlorida 1.1 56%California 1.2 55%North Carolina
1.1 66%
Maryland 1.3 78% Pennsylvania 2.0 63%New York 2.4 69%Illinois 4.9 77%
Coordenar a implantação de Redes de Atenção à Saúde nos territórios sanitários do Estado.
Fonte: Programa de Governo 2003
DIRETRIZ SES/MGDIRETRIZ SES/MG
Diretrizes
Princípios de organização- Territórios, população, economia de escala e acesso
Reengenharia dos pontos de atenção- Horizontal e vertical e da logística.
O modelo de atenção- percursos no território e na rede assistencial com regras (linguagem)
Centro de comunicação e comando Governança – Contratos , programação ,
gestão clínica dos percursos e financiamento.
UMA BASE CONCEITUAL Modelagem da rede ideal para atenção às urgências seguindo a lógica da
regionalização e adotando uma “linguagem única” nos pontos de atenção, com um novo modelo de governança e custeio
Territórios macrorregionais A distribuição dos serviços se baseiam em economia de escala,
disponibilidade e acesso que no caso do atendimento de urgência se traduz pelo tempo.
Numa região 90% da população deve ter condições de acesso a um dos pontos de atenção da rede com o tempo máximo de 1 hora ou menos ,seja este ponto de atenção fixo ou móvel
As linhas-guia (linguagem) da rede é quem determinam a estruturação e a comunicação dos pontos de atenção,dos pontos de apoio operacional e da logística (centrada no paciente)
Distribuição das vinte principais causas de anos de vida perdidos devido à mortalidade (YLL) (MG, 2005)
Causas de óbito YLL %IIG.02 D. Isquêmica do coração, IAM, angina 9,23% 9,23%IIG.03 D. cerebrovasculares (Inf.cerebral, AVC) 8,39% 17,62%IIIB.02 Viol. (Agressões/Negligência/abandono) 6,46% 24,08%IIIA.01 Acid. de trânsito (traum. em colisão) 5,01% 29,09%IB.01 Infecções de vias aéreas inferiores 3,96% 33,05%IIG.05 D. Hipertensivas 3,67% 36,72%II.C Diabetes mellitus 3,45% 40,17%ID.02 Asfixia e Traumatismo ao nascer 3,33% 43,50%III.02 Cirrose hepática 3,26% 46,76%IIG.04 D. inflamatórias coração 2,52% 49,28%IIH.01 D. pulmonar obstrutiva crônica 2,40% 51,68%IA.15 Septicemia 1,79% 53,47%IIE.05 Transt. Mentais/comport - uso de álcool 1,59% 55,06%IIIB.01 Auto-intox./Lesões auto-provoc. 1,52% 56,58%II.D D. Endócrinas/Metab. 1,52% 58,10%IIA.07 Neop malig da traquéia/brônquios/pulmões 1,52% 59,62%IA.09 Doença de Chagas - Infecção 1,42% 61,04%IA.03 HIV 1,40% 62,44%IIA.03 Neoplasia maligna do estômago 1,34% 63,78%IIA.09 Neoplasia maligna da mama 1,19% 64,97%
Outras Causas 35,03%100,00
%
As situações desafiadoras
1.Trauma Maior- 60 minutos
2.Insuficiência coronariana aguda- 90 minutos
3.AVCI- 4 horas e meia
Modelos de Regionalização de redes de urgência
1.Modelo Metropolitano- Maior concentração de população e de serviços de saúde
2.Modelo Regional com pólo metropolitano bem definido- Desafio de dispersão da resposta
3.Modelo de áreas territoriais grandes com baixa densidade demográfica: ultrapassa fronteiras e é o maior desafiador para a logísticaFonte: Regionalizing emergency care: Summary I.O.M-2010
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A relação entre escala e acesso
A carteira de serviços:• Os sistemas em rede partem de uma relação dialética entre
concentração e dispersão de serviços• Os serviços que se concentram são os que exigem maior
densidade tecnológica na resposta,• Ex: Hospitais para resposta a trauma maior exigem uma
escala de referência de no mínimo 1 milhão de pessoas(fonte: American College of Surgeons)
• O atendimento de maior volume é de pacientes de baixo risco que em tese não precisam se deslocar
As centrais de regulação também são otimizadas por uma escala populacional mínima
O SISTEMA INCLUSIVO DE ATENÇÃO AO TRAUMAO SISTEMA INCLUSIVO DE ATENÇÃO AO TRAUMAGRAVIDADEGRAVIDADE
Trauma Menor:Outros Pontos
de urgência
Lesões leves e moderadas
Hospitais nível 3 e 4
Lesões moderadas e graves
Hospitais nível 2
Lesões mais gravesHospitais de nível 1
Núm
ero
de P
acie
ntes
Núm
ero
de P
acie
ntes
Fonte: Resources for Optimal Care of the Injured Patient 2006
REDE DE ASSISTÊNCIA AO TRAUMA MAIOR
RECURSOSHOSPITAIS
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3Neurocirurgia
Cirurgia vascular
Angiografia intervencionista
Sobreaviso cirurgias torácica, cardíaca, pediátrica, plástica, bucomaxilo, reimplante
Heliponto com acesso exclusivo
Sala de ressuscitação (Rx móvel e US)
Sala cirúrgica grande porte
Tomografia computadorizada
Cirurgião do trauma
Ortopedista
Emergencista
Cirurgião geral
Anestesiologista
Unidade transfusional
Unidade Terapia Intensiva
Oficinas presenciais com gestores e prestadores (6 oficinas)
O diagnóstico O primeiro desenho da rede O plano estratégico A governança A logística A capacitação e incentivo
A execução(2007)
1 USA/ 7 USB
1 USA/ 6 USB
3 USB
2 USA/7 USBComplexo Regulador
1 USB
1 USA/ 4 USB
1 USA/ 6 USB
Janaúba /Monte Azul
Salinas / Taiobeiras
Francisco Sá
Brasília de Minas/São Francisco
Pirapora
Januária/Manga
1 USA/ 6 USB
C. de Jesus
Montes Claros/Bocaiuva
SAMU MACRO NORTESAMU MACRO NORTERegião de abrangênciaRegião de abrangência
USB - Unidade de Suporte Básico
USA - Unidade de Suporte Avançado
Complexo Regulador
Distribuição das unidadesDistribuição das unidades
A CENTRAL DE URGÊNCIA
É estrutura de logística e governança clínicaÉ o centro de comunicação na redeCoordena a resposta pactuada e os recursos
necessários para a melhor resposta na redeÉ únicaTem que ter autoridade sanitáriaFoco no paciente
Central de Regulação – SAMU Central de Regulação – SAMU 192192
Recepção do chamado
Despacho
Regulação MédicaMR
TARM TARMTARMTARM
CO
ORD
ENAÇ
ÃO M
ÉDIC
A
RORO
TARM TARM
MRMR ROMRBM
Aumento da capacidade- ex: 2007 a região tinha 20 leitos de UTI. Expansão de 90 leitos de UTI.
Investimentos em equipamentos e sistema de informação
Investimentos em reformas Capacitação Modelo de incentivos de acordo com o porte dos
hospitais Desenvolvimento de diretrizes em rede Construção de um novo hospital
Investimentos nos Serviços
-Treinamentos para as bases descentralizadas do SAMU Macro Norte, evitando o deslocamento dos funcionários (Treinamento Admissional, Atualização em Urgência e Emergência, Reciclagem para Médicos, Múltiplas Vítimas,QBRN)
- Treinamento da Rede de Urgência - Portas de Entrada (Hospitais da Macro região, Centros de Saúde, AMANS);
- Treinamento para regionalização do SAMU na região Macro Sudeste e Macro Sul;
NEP – Núcleo de Educação Permanente
Redução da Mortalidade em Redução da Mortalidade em GeralGeral
No norte de Minas, a No norte de Minas, a primeira região a primeira região a receber as ações do receber as ações do programa, o resultado programa, o resultado foi a redução de cerca foi a redução de cerca de mil mortes por ano.de mil mortes por ano.
Os hospitais
Atendimentos de maio a outubro de 2011 Em torno de 142.587 episódios e 121.693
pacientes Uma média de 950 pacientes/dia 3 hospitais em Montes Claros 4 hospitais microrregionais
Fonte: ADW-SES MG Maio a outubro de 2011
HOSPITAIS
BRAS. DE
MINASPIRAPO
RATAIOBEIR
ASJANAÚB
ASANT
A CASA
HU HAT
Média de atendimentos /dia
88 106 76 75 224 139 127
Internação (média) 4 a
5/dia3 a 4/dia 5 a 6/dia * 30/ dia 15/dia 8 a
10/dia
Tempo R-CR (< 30’) 80,85% 95,17% 96,43% * 68% 78,44% 87,82%
Tempo AD-OBS 116’ 58’ 33’ * 93’ 121’ 138’
Tempo OBS-ALT 183’ 432’ 132’ * 80’ 92’ 142’
Tx Abandono 0,09% 1% 0 * 4% 12% 1%
Com Atendimento Médico
100% 99,48% N/A * 98,86% 49,59% 99,17%
% de maior risco 60% 50% 35% 41% 78% 62% 32%
Hospitais Atendimentos/dia
Prioridade-Maior risco
Obs-triagem(< 15’)
LOS-média
Episódio> 6 horas (%)
Santa Casa 224 - 203 78% - 73%
54% - 75%
2,9 h – 4,1 h
21,1%-13,7%
Aroldo Tourinho
127 - 98 32% - 64%
84 % - 68%
4,6 h – 4,2 h
38% - 34%
Universitário
139-130 62% - 69% 79% - 80% 3,5 h – 5,8 h
27% - 42%
Pirapora 106 - 132 50% - 53% 95% - 92% 8,1 h- 7,3 h
41% - 60%
Brasilia de Minas
88-104 60% - 70% 65% - 67% 5h – 3,6 h 53% - 75%
Comparação entre hospitais 2011-2013
Fonte:ADW SES/MG
Resultado dos modelos univariados de regressão logística para cada prioridade do
protocolo de Manchester
Fonte: Welfane Cordeiro Júnior- tese de mestrado - HSL* P<0,001
632
822 93
0
908
1027
1015
1017 10
69
940 99
3
955 10
02
974
Média de pacientes/dia: 33
DIFICULDADE NA SAÍDA DE PACIENTES DO PS
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL
Fonte: Santa casa de Montes claros
RESULTADO FINANCEIRO DO PRONTO SOCORRO (FLUXO DE CAIXA)
ACUMULADO MÉDIACUSTO 11.280.894,21 1.128.089,42
Custo com Pessoal 7.061.262,37 706.126,23
Materiais Variáveis 605.039,26 60.503,93
Materiais Fixos 175.781,49 17.578,15
Custos Gerais 535.690,21 52.369,02
Honorários Médicos 1.150.712,36 115.071,24
Rateios Absorvidos 1.764.408,62 176.440,86
CUSTO DO REAL FATURADO 3,16 3,16
Fonte: Santa casa de Montes claros .Período Analisado: Janeiro a Outubro de 2013
ACUMULADO MÉDIACOBERTURA DO CUSTO 31,66% 31,66%
ACUMULADO MÉDIARECEITA 3.571.394,40 357.139,44
Produção (Ambulatorial)¹ 1.603.937,40 160.393,74Subsídio Urgência e Emergência 1.967.457,00 196.745,70
¹ - Atendimento de Urgência c/ observação até 24 horas em atenção especializada – R$ 12,47;¹ - Atendimento de Urgência em atenção especializada – R$ 11,00;¹ - Administração de Medicamentos em Atenção Especializada – R$ 0,63.
ACUMULADO MÉDIARESULTADO (7.709.499,81) (770.949,98)
DIAGNÓSTICO: FINANCIAMENTO
RESULTADO DAS INTERNAÇÕES VIA PRONTO SOCORRO (VALOR FATURADO)
ACUMULADO MÉDIA
RECEITA 8.210.135,95 1.026.266,99
ACUMULADO MÉDIACUSTO 15.540.865,15 1.942.608,14
Diárias 9.189.679,95 1.148.709,99Procedimentos 3.737.885,07 467.235,63MAT/MED 2.613.300,13 326.662,52
ACUMULADO MÉDIARESULTADO (7.330.729,22) (916.341,15)
ACUMULADO MÉDIA
CUSTO DO REAL FATURADO 1,89 1,89
ACUMULADO MÉDIACOBERTURA DO CUSTO 52,83% 52,83%
DIAGNÓSTICO: FINANCIAMENTO
Fonte: Santa casa de Montes claros .Período Analisado: Janeiro a Outubro de 2013
Os SUPER HUBS (grandes hospitais) são todos acreditados pela JCAHO e têm resultados clínicos semelhantes ou melhores que hospitais americanos( ex: 1 em cada 200 angioplastias nos EUA precisam de intervenção cirúrgica.No sistema CARE somente 2 complicações aconteceram em 40.000 procedimentos)
O custo da cirurgia cardíaca aberta no Narayana health foi de U$ 3.600,00 . Considerando que o valor pago ao médico na Índia é menor que nos EUA(U$ 1.054,00 x U$ 11.594,00) o custo de uma cirurgia nos EUA poderia ser em torno de U$ 13.700,00(hoje fica em torno de U$ 75.662,00 – U$ 342.087,00) com resultados clínicos semelhantes.
Os resultados
Fonte:Vijay Govindarajan and Ravi Ramamurti- Harvard Business review 2013
Fee For Service Modificado (FFS);
Pagamento por Performance (P4P);
Pagamento por Episódio (GDH);
Capitação.
Modelos de Pagamento
1) Potencial para reduzir utilização desnecessária
2) Potencial para aumentar a qualidade da assistência
3) Potencial para indução de integração do sistema
4) Viabilidade operacional
Avaliação por critérios
Avaliação Utilização Qualidade Integração Operação
FFS X XXX
P4P XXX X XX
GDH XX XX XX XX
Capitação XXX XX XXX X
Avaliação
Reflexões O modelo é reproduzível, MAS precisa ser
aprimorado. Melhorou acesso, mas impactou pouco na
qualidade e na minha opinião ainda não é sustentável.
É preciso mudar o modelo de descentralização. Modelos municipalistas não combinam com redes integradas.(ex: PPI)
É preciso mudar o modelo de pagamento e conceitos regulatórios( contratos globais determinam o modelo regulatório)
Dogmas do sistema como centrais virtuais de comando são ineficientes em redes integradas. As centrais de urgência têm um papel fundamental de direcionamento de fluxo clínico, sempre pré- combinado.
Unidades não hospitalares só cumprem seu papel adequado se integradas a um dos componentes do sistema(hospitais ou atenção primária)
SEMPRE organizar o sistema com foco no paciente
Reflexões
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...Que já têm a forma do nosso corpo ...E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aosmesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...E se não ousarmos fazê-la ...Teremos ficado ... para sempre ...À margem de nós mesmos...”
Fernando Pessoa