a rave como expressÃo da contemporaneidade sob um olhar psicanalÍtico - pedro h. o. costa

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A RAVE COMO EXPRESSÃO DA CONTEMPORANEIDADE SOB UM OLHAR PSICANALÍTICO Pedro H. O. Costa Pedro H. O. Costa

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Page 1: A RAVE COMO EXPRESSÃO DA CONTEMPORANEIDADE SOB UM OLHAR PSICANALÍTICO - Pedro H. O. Costa

A RAVE COMO EXPRESSÃO DA CONTEMPORANEIDADE SOB UM

OLHAR PSICANALÍTICO

Pedro H. O. CostaPedro H. O. Costa

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A RAVE COMO EXPRESSÃO DA CONTEMPORANEIDADE SOB UM

OLHAR PSICANALÍTICO

Este trabalho, pretende apresentar as festas rave como uma forma de expressão da contemporaneidade;

Uma leitura sobre a pós-modernidade, guiada pelas visões de Zygmunt Bauman, que será ilustrada pela rave e analisada sob um olhar psicanalítico;

Apontaremos a rave e sua música eletrônica, através do referencial psicanalítico, como possibilidades de satisfação características da era contemporânea;

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Pontuações sobre a pós-modernidade

• Significativas mudanças ocorrem na sociedade e nos sujeitos, do século XX ao XI.

• Bauman, aponta que os laços se tornaram líquidos e horizontais.

• Passamos de uma era de “grupos de referência” para uma outra de “comparação universal”.

• A contemporaneidade evidencia ser um tempo de falta de garantias. Presença de insegurança, incerteza e instabilidade.

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Pontuações sobre a pós-modernidade

• Exige, segundo Bauman, um homem flexível, que saiba manejar seus recursos e reinventar-se.

• Os sujeitos deste tempo podem pertencer a comunidades efêmeras e mudarem-se de acordo com a situação, podendo assumir, conforme aponta Melman (2008), polissubjetividades.

• Explorar diferentes gozos e situações, vivenciando o que Melman também sugere como o verdadeiro liberalismo, o liberalismo psíquico.

• Um tempo de invenção e responsabilidade.

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Pontuações sobre a pós-modernidade

“Na falta de segurança a longo prazo, a “satisfação instantânea” parece ser uma estratégia razoável. O que quer que a vida ofereça, que o faça hit et

nunc – no ato.” Bauman (2001)

• Surgem as chamadas, por Jorge Forbes de, patologias do imediato.

• Forbes (2012), as explica como se opondo àquelas patologias mediadas pela fala, resolvidas pelo deslocamento de significantes, tais como as neuroses habituais.

• Há, portanto, uma apreensão da verdade, mas uma verdade que não se guia pelo saber, diferente daquela que se revelaria numa cadeia de significações.

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Pontuações sobre a pós-modernidade

• Neste cenário surgiram inúmeras possibilidades de se viver, algumas não cogitadas anteriormente, assim como outras que passaram a ser mais aceitas.

• Novos campos de trabalho, novas formas de comunicação, de união, de expressão nas artes e nas maneiras de se relacionar.

• Neste contexto, também nasceram a música eletrônica e as festas rave, que são o recorte feito por este trabalho.

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Visitando a contemporaneidade numa Rave

• A rave será nosso guia, através do qual poderemos demonstrar as características da dinâmica social que permitiu seu surgimento

• Pretendemos apontar aqui, através deste modo de festejar, que a contemporaneidade evidencia ser uma época em que os sujeitos se relacionam de uma nova maneira com a busca de sua satisfação e apreensão do gozo.

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A Rave

• Surge no final dos anos 80, na era pós-moderna, acompanhando seu desenvolvimento.

• Rave significa delirar, extasiar, segundo Mendes (2010).

• A trilha sonora é feita pela música eletrônica.

• Ter longa duração, realizar-se ao ar livre, ao som da música eletrônica e sob efeitos de psicoativos, são as principais características do evento.

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A Rave

• É realizada por todo o mundo, mas tem seu locais devidamente escolhidos e preparados para o evento.

• Ocorrem em lugares afastados dos centros populacionais, contudo é frequentada, principalmente, por jovens urbanos.

• Há uma decoração especial e vestimenta própria.

• A coreografia da dança não é fixa, não há limites para as rodas de amigos e dança-se com todos, e com ninguém.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

“Lose yourself to dance”

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• Neste recorte da rave, destacaremos que a maneira como se relacionam a música, a dança e o uso de psicoativos, denota uma postura do sujeito contemporâneo, perante seu desejo e a busca de seu gozo.

• Uma música sem mensagens, sem início, meio ou fim.

• O DJ, tal qual um xamã, é o guia deste ritual pós-moderno.

• Uma analogia entre as raves e os rituais tribais.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• A teoria freudiana sobre o Narcisismo.

• Narcisismo primário e secundário.

• A partir da teoria do narcisismo, podemos apontar, que na rave, na busca por um momento de transcendência, almeja-se um estado relativo ao narcisismo primário.

• Desvinculação do Outro e retorno ao 'eu'.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• A busca por um prazer individualizado e hedonista.

• Um modo atual de satisfação, posto que sem referências ou limites, mas autístico, por seu aspecto de retorno ao 'eu' e desvinculação de uma autoridade simbólica.

• Cada um enquanto dança encontra seu interesse corporal para fazê-lo. Portanto, a aliança entre os membros é efêmera.

• A música eletrônica é global e intraduzível.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• Uma música que toca, mas não diz.

• Os participantes não precisam compreenderem-se, nem mesmo comunicarem-se.

• As principais características, como a música, uso de substâncias psicoativas e a forma da dança, apresentam meios de satisfação que estão fora do circuito da palavra.

• Seria um sinal, segundo uma hipótese de Forbes (2012), de uma nova forma de apreensão do gozo do corpo.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• Pela rave, podemos perceber características da sociedade pós-moderna, que a viu surgir, e seu desbussolamento.

• O jargão raver de que o “futuro é agora”.

• A rave cria um ambiente onde, mesmo os participantes dançando voltados para si mesmos, desvinculados uns dos Outros, se faz fundamental a coletividade.

• A rave aponta para uma maneira atual de fazer laços. Diferentes dos que sustentaram gerações anteriores, mas não patológico por apresentar-se desta maneira.

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A Rave sob um olhar psicanalítico

• A rave é uma expressão da contemporaneidade, por apontar características deste tempo, que em psicanálise podemos aludir como a época do Outro que não existe.

• O papel dos psicólogos e psicanalistas.

• A singular verdade do sujeito, ao ir frequentar um rave, pode ser compreendida, portanto, apenas no caso a caso.

• A rave pode propiciar vínculos, laços e contribuir para a estabilização de um sujeito. Ainda pode garantir a busca de uma verdade pessoal, uma maneira singular de lidar com a angústia que viver acomete cada um.

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After Party!