a pessoa real do analista no processo psicanalÍtico

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A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

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A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO A interação paciente-analista está

fundamentada unicamente na configuração do fenômeno transferêncial-contratransferêncial? Ou a pessoa real do analista, com seus atributos, valores, jeito ser, etc; também exerce uma decisiva importância no desenvolvimento do processo analítico?

A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Os autores da primeira posição

defendem a idéia de que o vínculo analítico mantém-se inalterável na sua essência, variando, isto sim, a maior ou menor capacidade do analista em detectar e manejar os sentimentos transferências, com as respectivas reações contratransferênciais.

A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Para a corrente que defende este

ponto de vista, as eventuais falhas do analista ou uma influência negativa no andamento do processo analítico se deve á falta de uma melhor análise pessoal.

A PESSOA REAL DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Os autores do segundo ponto de

vista consideram que a pessoa real do analista empresta uma característica singular, que também funciona como um importante fator que concorre para o êxito- ou fracasso – analítico.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Pesquisas constatam que além da questão

transferêncial-contratransferêncial, existe a questão do encontro analítico.

Assim um mesmo paciente analisado por dois psicanalista, de uma mesma competência e seguidores de uma mesma corrente psicanalítica pode evoluir muito mal com um deles e de uma forma muito bem sucedida com outro, e vice-versa.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO A expressão “pessoa real do

analista” comporta dois significado: a primeira leva em conta aspectos exteriores, a segunda leva em conta as questões internas.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Exteriores:

Idade: não influência no andamento da análise, salvo se:

Não for respeitada a vontade inicial que o(a) provável paciente manifesta diante da idade de um determinado analista a quem foi encaminhado.Cabe ao terapeuta ser sensível para abrir um espaço para o paciente opinar e se posicionar, de acordo com seus sentimentos, o que não significada que sua decisão não deva ser discutida.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

Quando uma pessoa mais velha vir se tratar com um jovem, pode representar uma dificuldade se houver significativa diferença cultural e intelectual.

O sexo biológico do terapeuta também não influência no curso da análise.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO O sexo biológico, a idade, a ideologia

pessoal, não influem mais acentuadamente no curso da análise, quando se trata de um terapeuta mais experimentado ou iniciante, isto porque um mesmo indivíduo repetirá com seu analista tanto a transferência materna quanto a paterna, em cujo caso o analista será o representante de quem deve frustrar certas demandas do paciente.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO O importante é que ele conheça a

sua geografia psíquica, assim sabendo reconhecer e discriminar as partes bebê, criancinha, criança, púbere ou adolescente, as quais, ainda remanescem e agem dentro dele.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Questões internas, atributos pessoais:

È importante enfatizar a importância do estado mental, do modo que o analista encara a psicanálise como método de tratamento da saúde psíquica, além de como ele se posiciona diante de seu paciente.O ideal é que ele não tenha sua mente saturada por preconceitos, dogmas, desejos, ânsia de compreensão imediata e de intolerância.O seu estado mental, deve ser do tipo “permanentemente interrogativo”, baseado no assim chamado estado de incerteza, isto é, as verdades sempre são relativas e nunca estão totalmente e definitivamente acabadas.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

Isso significa que o analista deve, sim, ser uma pessoa curiosa, desde que fique claro que existe uma diferença entre uma curiosidade “patogênica” e uma curiosidade “sadia”.

O analista deve ter um atributo de tolerância ás falhas, ás faltas e ás diferenças, assim como também requer que o terapeuta tenha uma boa condição de paciência (ativa).

O analista deve funcionar como um adequado continente para conter as identificações projetivas provindas do paciente, sob a forma de vazios, necessidades, desejos, demandas, dúvidas, angústias.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

Se o terapeuta possuí está condição de continência, ele estará em condições de conter, decodificar, dar um sentido, significado e nomeação aos sentimentos dos pacientes, de modo a poder devolvê-los devidamente desintoxicados e compreendidos, por meio de sua atividade interpretativa.

A identificação projetiva não é somente uma fantasia inconsciente, mas ela produz efeitos reais num objeto também real, o analista.O analista também precisa entender e conter suas próprias dificuldades.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

Uma adequada capacidade de continência permitirá uma melhor função egóica que possibilitará o surgimento da empatia.

O exercício combinado das funções de continente e de empatia implicam um outro atributo indispensável ao terapeuta: o de uma boa capacidade de saber escutar (que não é o mesmo que ouvir).

O terapeuta deve olhar seu paciente de uma forma renovada, reconhecendo suas reais qualidades que possam estar oculta.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

Se a precisão técnica das interpretações do analista não vier acompanhada de sua forma real de ser, no sentido de ele ter tolerância às falhas, às limitações, às resistências, ás diferenças e, sobretudo, às possíveis decepções e desilusões que o paciente vier a lhe causar, a sua correta atividade interpretativa perde o que é mais importante: sua eficácia.

Dissociação do ego: durante o trabalho analítico, as crenças, desejos e sentimentos pessoais do analista não devem influenciar na compreensão dos sentimentos próprios do paciente.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO

O analista deve ser uma pessoa generosa,isto não significa ser bom ou bonzinho. Objeto bom não é aquele que nunca frustra, confundindo ser uma pessoa amiga do paciente, pelo contrário é o que dá limites, define limitações, assim impondo realísticas frustrações inevitáveis, procurando desenvolver a capacidade de o paciente suportá-las e contê-las.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Limitações do analista:

O próprio Freud vai demarcar está condição: “ Os analistas são pessoas que aprenderam a

exercer determinada arte, mas que nem por isso perderam o direito de permanecerem homens semelhantes aos outros homens. Exige-se de um médico que trata de doenças internas que seus orgãos estejam em perfeito estado?

“(...) o analista deve possuir certa superioridade, de maneira a poder, em diversas situações analíticas, servir de modelo para seus pacientes, e ás vezes , guiá-los.”

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO O analista como um novo modelo de

identificação: Além do trabalho interpretativo, a pessoa

do analista também influência no crescimento mental do analisando.

Quanto mais evoluído e estruturado estiver o self de nosso paciente, mais importantes são as interpretações, enquanto que, tanto mais ele estiver com faltas e falhas no seu self, mais importante é a “atitude interna” do analista, embora é claro, ambos os eixos se complementam e estejam em permanente intersecção.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO De forma equivalente aos poucos o

paciente vai se identificando introjetivamente com a forma que seu analista pensa os problemas emocionais; como discrimina, comunica e verbaliza os sentimentos e idéias, como se posiciona nas situações de forte angústia; como cumpre as combinações do contrato e do setting;

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Na sua capacidade de sobreviver aos

ataques agressivos, eróticos ou narcisistas e, sobretudo, vale destacar, a importância do paciente identificar-se com a condição do analista conseguir funcionar como um adequado continente, no qual o paciente pode projetar todas as suas angústias, pulsões, objetos, vazios, etc

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO Além da função alfa do terapeuta

que vai servir de modelo para o analisando poder transformar e dar um nome às, ainda inominadas, sensações e experiências emocionais primitivas, de sorte a abrir caminho para a simbolização e o pensamento.

A PESSOA DO ANALISTA NO PROCESSO PSICANALÍTICO A ênfase que foi dada à pessoa do

analista como modelo de identificação fica justificada pelo fato de que toda análise bem-sucedida deve necessariamente transitar por processos de algumas desidentificações, seguidas de re-identificações.