a quarta necessidade humana

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INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015 A quarta Necessidade Humana RESUMO O presente trabalho é referente a disciplina de artes visuais e mobiliario, que tem por tema a Era dos Luises. Embora entitulado com um estilo artistico da França pós renacentista até meados do inicio do império Napoleônico, os movimentos artisticos dessa época se estendeu por todo velho continente. No entanto, mesmo que houveram estes outros estilos de decoração de mobiliário em concomitâcia aos estilos reproduzidos na França, este trabalho será desenvolvido acerca somente do estilo frances de decoração e design de mobiliário, uma vez que a figura escolhida possui muito do estilo frances de decoração e mobiliário do período de reinado dos Luises. Inicialmente será discorrido sobre análise de obras de arte, buscando a relação existente entre arte (artes visuais) o design de mobiliário e o design de interiores, no desenvolvimento e evolução de nossa sociedade. E m um segundo momento, será feita uma breve “cronologia” contextualizada históricamente, da evolução do mobiliário frances, com exemplos de cada época. Em seguida será apresentada a análise da figura. 1. O homem, a arte, o design, os ambientes internos e o mobiliário : uma relação construida através da evolução humana A palavra arte é derivada do latim ars, cujo o significado é tecnica ou habilidade, entendida como atividade humana ligada à manifestação de ordem estética. A história da arte se confunde com o desenvolvimento e evolução da espécie humana, visto que o homem sempre teve a necessidade de consumir as sua manifestações de beleza. A beleza apesar de ser algo relativo, não deixa de ser beleza, podendo ser criticada, avaliada e até mesmo reprovada por alguns mas não deixa de ser beleza.Embora a beleza da arte seja passivel e necessite de aprimoramento e evolução. O ser humano possui necessidades básicas a serem satisfeitas e dentre elas está a mais fundamental de todas as necessidades, é a de se alimentar. A segunda necessidade que nos distanciou dos outros animais, seja motivada por necessidades climáticas ou fruto de nosso convivio social, é a de cobrir o corpo-se vestir.A terceira necessidade que é a busca por abrigo e proteção,que é criar moradias (segurança). Todavia o ser humano para alem dessas necessidades imadiatas possui uma quarta necessidade, que se trata da necessidade de consumir criatividade, a beleza produzida pelo homem seja ela atrvés de sons, palavras, cores, formas, expressões corporais ou outras formas artisiticas de representação do belo.Isso foi sempre assim através dos tempos. Como exemplificado no trabalho anterior, foi o Homo Sapiens Sapiens (nós) que através do desenvolvimento das capacidades cognitivas superiores conseguiu dar contas dessas três primeiras ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 1

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Exercicio feito durante o curso técnico de design de interiores, com caráter estritamente didático, visando a aprendizado da história do mobiliario focado do mobiliários francês.

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  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015

    A quarta Necessidade Humana

    RESUMO

    O presente trabalho referente a disciplina de artes visuais e mobiliario, que tem por tema a Era dosLuises. Embora entitulado com um estilo artistico da Frana ps renacentista at meados do iniciodo imprio Napolenico, os movimentos artisticos dessa poca se estendeu por todo velhocontinente. No entanto, mesmo que houveram estes outros estilos de decorao de mobilirio emconcomitcia aos estilos reproduzidos na Frana, este trabalho ser desenvolvido acerca somente doestilo frances de decorao e design de mobilirio, uma vez que a figura escolhida possui muito doestilo frances de decorao e mobilirio do perodo de reinado dos Luises. Inicialmente serdiscorrido sobre anlise de obras de arte, buscando a relao existente entre arte (artes visuais) odesign de mobilirio e o design de interiores, no desenvolvimento e evoluo de nossa sociedade. Em um segundo momento, ser feita uma breve cronologia contextualizada histricamente, daevoluo do mobilirio frances, com exemplos de cada poca. Em seguida ser apresentada aanlise da figura.

    1. O homem, a arte, o design, os ambientes internos e o mobilirio : uma relao construida atravs da evoluo humana

    A palavra arte derivada do latim ars, cujo o significado tecnica ou habilidade, entendida

    como atividade humana ligada manifestao de ordem esttica. A histria da arte se confunde com

    o desenvolvimento e evoluo da espcie humana, visto que o homem sempre teve a necessidade de

    consumir as sua manifestaes de beleza. A beleza apesar de ser algo relativo, no deixa de ser

    beleza, podendo ser criticada, avaliada e at mesmo reprovada por alguns mas no deixa de ser

    beleza.Embora a beleza da arte seja passivel e necessite de aprimoramento e evoluo.

    O ser humano possui necessidades bsicas a serem satisfeitas e dentre elas est a mais

    fundamental de todas as necessidades, a de se alimentar. A segunda necessidade que nos

    distanciou dos outros animais, seja motivada por necessidades climticas ou fruto de nosso convivio

    social, a de cobrir o corpo-se vestir.A terceira necessidade que a busca por abrigo e proteo,que

    criar moradias (segurana). Todavia o ser humano para alem dessas necessidades imadiatas possui

    uma quarta necessidade, que se trata da necessidade de consumir criatividade, a beleza produzida

    pelo homem seja ela atrvs de sons, palavras, cores, formas, expresses corporais ou outras formas

    artisiticas de representao do belo.Isso foi sempre assim atravs dos tempos.

    Como exemplificado no trabalho anterior, foi o Homo Sapiens Sapiens (ns) que atravs do

    desenvolvimento das capacidades cognitivas superiores conseguiu dar contas dessas trs primeiras

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 1

  • necessidades, permitindo que pudssemos evoluir socialmente at hoje. Isso por que As funes

    psicolgicas superiores (FPS), tais como a ateno, memria, imaginao, pensamento e linguagem

    so organizadas em sistemas funcionais, cuja finalidade organizar adequadamente a vida mental

    de um indivduo em seu meio. Ns (homo sapiens sapiens) de posse de um aparato mental que nos

    permitia resolver problemas imediatos da sobrevivncia, tendo atendidas as primeiras trs

    necessidades, podemos dirigir a ateno para uma quarta necessidade, usar a memria para fazer

    analogias entre o mundo exterior e a imaginao com o uso de linguagens poder expressar nossos

    pensamentos. Em suma criar algo para o prazer, indiferente da necessidade ou utilidade. A Arte.

    A despeito de nossas capacidades cognitivas superiores serem o alicerce que nos

    possibilitou nos expressar pela arte. A arte s se tornou possvel por que somos seres sociais. Nas

    palavras de Aristteles o homem um animal social, e a arte desde os primordios um

    componente social inerente ao desenvolvimento da espcie humana.

    A Arte como Fenmeno Social - como fenmeno social, a arte possui relao direta com a

    sociedade, essa relao no esttica e imutvel, mas ao contrrio, dinmica e modifica-se no

    decorrer da histria. A histria da arte marca diversos momentos vividos pela humanidade, sejam

    eles de carter poltico, religioso, social, etc. As obras artsticas, nas suas diversas modalidades,

    podem mapear uma descrio antropolgica humana. Ao longo da histria o conhecimento foi

    sendo construdo, ensinado e aprendido e a linguagem foi se desenvolvendo, por meio da

    experincia e observao; logo, as tcnicas artsticas foram se aprimorando atravs da confeco de

    utenslios e ferramentas. A evoluo trouxe novas perspectivas e possibilidades, o homem passou a

    modificar o intuito com o qual criava suas obras artsticas. Ento nasce a filosofia da arte, a esttica

    e a apreciao das composies; os artistas passam a direcionar suas criaes para mltiplas

    finalidades e o conceito de arte comea a ser estabelecido, em um gama imensurvel de definies.1

    Toda a forma de representao artstica somente acontece em um ambiente em que o homem

    pode expressar-se por meio de suas produes. A arte tambm produzida, acima de tudo, por uma

    necessidade de expresso, segundo Fischer (1987, p.20), A arte quase to antiga quanto o

    homem. Nesse sentido, Duarte Jnior (1994, p. 136) complementa A arte est com o homem

    desde que este existe no mundo, ela foi tudo o que restou da culturas pr-histricas. O

    levantamento histrico das antigas civilizaes ocorre, principalmente, por meio de registros

    histricos que so encontrados; percebe-se assim que essas civilizaes empregavam a arte na

    grande maioria de suas atividades

    1 Ipsis litteris - A arte cnica como instrumento para o desenvolvimento cognitivo da criana

    2

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015O ser humano se expressa por meio da arte desde os tempos mais remotos; a expresso

    artstica a forma que o homem encontra para representar o seu meio social. De acordo com Buoro

    (2000, p. 25) Portanto, entendendo arte como produto do embate homem/mundo, consideramos

    que ela vida. Por meio dela o homem interpreta sua prpria natureza, construindo formas ao

    mesmo tempo em que se descobre, inventa, figura e conhece.2

    Disso infere-se que contexto scio-historico-cultural da arquitetura de interiores, a relao

    existente entre homem a a arte e o ambiente vem de longa data. Com isso, pode-se dizer que

    produo artistica e design de interiores possuem uma relao de afetao com o meio

    social/histrico em que esto inseridos.Fatoque pode ser visto atravs da histria da arte, os

    movimentos sociais/culturais de um perodo histrio so refletidos na forma e estilo de construo

    (arquitetura), pintura, escultura etc. E por consequencia tambm na forma de cuidar, lidar com os

    ambientes internos (design de interiores) e tambem a forma como lidamos e somos afetados pelos

    objetos que nos circundam cotidianamente (design de mobilirio) etc.

    O design de interiores e mobilirio tendo essa relao de afetao de elementos scio-

    historico-culturais em sua forma e estilo. imperativo que o desgner conhea esses elementos e

    como pode usa-los a seu favor, e com isso oferecer as melhores solues para os projetos de

    interiores.Do ponto de vista esttico, conhecer esses elementos pode oferecer um aparato de estilos

    que permite ter mais opes, o que pode conferir originalidade aos projetos, dessa forma criando

    uma identidadedo designer.

    Conhecer o perodo histrico e social de um movimento/estilo artistico fundamental. Isso

    por que, conhecer o contexto em que a obra e o autor estavam inseridos permite que seja feita uma

    leitura mais concisa da obra. Pelo fato de que:

    O artista um ser social - como ser social, o artista reflete na obra de arte sua prpriamaneira de sentir o mundo em que vive, as alegrias e as angstias, os problemas e esperanasde seu momento histrico. Para Georg Lukcs: "O artista vive em sociedade e - queira ouno - existe uma influncia recproca entre ele e a sociedade. O artista - queira ou no - seapia numa determinada concepo do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo".A obra de arte percebida socialmente pelo pblico - por mais ntima e subjetiva que sejaa experincia do artista deixada em sua obra, esta ser sempre percebida de alguma maneirapelas pessoas. A obra de arte ser ento um elemento social de comunicao da mensagemdo seu criador. Afirma ainda Georg Lukcs: "Uma arte que seja por definio sem eco,incompreensvel para os outros - uma arte que tenha o carter de puro monlogo - s seriapossvel num asilo de loucos (...) A necessidade de repercusso, tanto do ponto de vista daforma, quanto ao contedo, a caracterstica inseparvel, o trao essencial de toda obra de

    2 ARTE, UMA NECESSIDADE HUMANA: FUNO SOCIAL E EDUCATIVA.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 3

  • arte autntica em todos os tempos". 3

    Fazer a leitura de uma obra de arte, de um ambiente, ou at mesmo de mobilirio, no

    diferente de fazer a leitura de um texto. Assim como nos expressamos por palavras atravs de uma

    determinada linguagem, emitimos uma mensagem para ser decodificada por um leitor. Ler uma

    obra de arte/ambiente/mobilirio, demanda decodificar a mensagem expressa pelo artista/designer,

    a experincia de leitura no a mesma desprovida do conhecimento do contexto em que

    determinada obra, composio de um ambiente ou moblia foi originado.

    Dessa forma para poder fazer uma anlise mas prxima de uma leitura concisa, ser feita

    uma tentativa de cronologia cruzada do desenvolvimento de mobilirio frances apontando o

    contexto histrico de cada estilo dentro dos prinicipais movimentos artisticos(renascimento,

    barroco, rococ,neoclassicismo) a partir do final da renacena e fazendo o cruzamento com o estilo

    atribuido a cada monarca correspondente ao perodo histrico.

    2. Da renacena ao neoclassissismo: o Mobilirio Francs, os estilos dos Luses,Regncia e Diretrio.

    Mais do que simples objetos que integram a decorao, ou refletem preferncias e estilos, os

    mveis podem servir como narrativas de perodos, movimentos, sociedades; podem nos contar um

    pouco a histria de reis e rainhas, indicando questes como status e poder. Sua importncia no

    cotidiano grande, e podemos pensar a histria do mobilirio sob diversos aspectos4

    A evoluo esttica e social pode ser compreendida atravs do uso do mobilirio utilizado

    pelo homem na suas tarefas cotidianas de trabalho, descanso e lazer, pois refletem, conforme

    Fischer (1977) o contedo da sociedade enquanto adaptao deliberada do mundo exterior s

    necessidades materiais e espirituais e a forma como este processo se desenvolve.5

    Esse trabalho, por ter um carter didtico, no permite um levantamento bibliogrfico

    aprofundado sobre os temas que terminam a produo do mvel enquanto resultado de uma situao

    histrica, social e econmica de uma determinada civilizao.

    3 http://sempresophia.blogspot.com.br/2010/10/texto-complementar-para-os-terceiros.html4 Introduo Histria do Mobilirio5 IPSIS LITTERIS - Mazzini JR., E. G.; Bisognin, E. L., Crrea, L., Bortoluzzi. C. G.; Beck, L. A.Trabalho da linha

    de pesquisa: Design e Gesto do Produto, Histria, Esttica e Cultura do Design. HISTRIA DO MOBILIRIO:BAUHAUS. Curso de Design do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.Disponivel em : http://www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/5427.pdf . Acesso em 28 de julho de 2015.

    4

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015Os elementos a serem considerados no estudo do mvel esto agrupados em dois grupos. O

    primeiro se refere aos elementos histricos, ou seja, a reconstituio de uma poca ou estilo atravs

    de documentos relativos aos tipos de mveis, enquanto que no segundo momento sero observados

    no contexto socioeconmico relativo produo e a estrutura tecnolgica relativo ao uso de

    matrias e tcnicas aplicadas e ao processo de produo.

    Este estudo se refere a cronologia do mobiliario Francs,visto que a figura que ser

    anlisada ao final do trabalho tem influncia de decorao e mobilirio condizente com os perodos

    aqui expostos. considerada do renascimento at o neoclassisismo, perodo de profundas mudanas

    scio-histrico-culturais. Transformaes as quais ficaram impressas tambm atravs do design

    desses objetos do cotidiano (moblia) de forma luxuosa e nica, conferindo uma identidade e

    singularidade aos ambientes desses perodos, que encanta e fascina at a a atualidade.

    3. O mobilirio atravs do tempo: um elemento scio-historico-cultural

    O mvel ocupa um lugar curiosamente ambguo entre os artefatos humanos. Estritamente

    falando, ele no necessrio para a existncia humana; e algumas culturas, mais especialmente

    aquelas nmades, parecem viver suficientemente bem sem mveis. Por causa de seu volume, os

    mveis implicam numa existncia sedentria. De fato, em certo sentido, os mveis so inseparveis

    da arquitetura.

    O estudo do mobilirio, que nasceu do interesse dos antiquaristas do sculo dezenove, foi

    desde ento confundido com a obsesso pelo antigo. A histria do mobilirio tempouco a ver com

    as questes de identificao e autenticidade. Ela tenta, ao contrrio, mostrar como os mveis tm

    relao com o desenvolvimento geral das sociedades e tambm com a psicologia individual.

    Para compreender o mobilirio do passado essencial considerar no apenas o tipo de

    significado que cada mvel ocupa isoladamente para aqueles que o compraram ou o

    encomendaram, mas tambm a questo do arranjo dos mveis como um todo. A questo do arranjo

    dos mveis entre si um tema sobre o qual os historiadores do assunto tm tambm dedicado uma

    ateno cada vez maior, e o resultado tem sido no apenas a publicao de livros fascinantes, mas

    tambm a recriao de espaos em museus.6

    6 (Traduo adaptada de LUCIE-SMITH, Edward. Furniture: a concise history. London:Thames & Hudson,1997.)

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 5

  • 3.1 Histria do mobilirio

    Informaes sobre o mobilirio antigo possibilita-nos reconhecer os estilos atravs de

    diversos planos entrelaados. Saber que o mobilirio est intimamente ligado aos hbitos e

    costumes de uma poca, entender a forma que por sua vez explica o gosto vigente ajuda-nos

    compreender que a decorao de superfcies relaciona-se as tecnologias de fabrico e as matrias

    utilizadas na confeco do objeto associam-se as cores, as ferramentas, as possiblidades tcnicas,

    enfim todos elementos de um artefato podem explicar a natureza e o espirito de uma criao. A

    histria do mobilirio gera evidencias de como cada estilo surgiu e podemos entender que um estilo

    aparece em consequncia natural daquele que o precedeu mas tambmcondicionado a uma

    funcionalidade ou ao estilo arquitetnico contemporneo ao mvel.

    muito antiga a histria do mobilirio. Tudo comeou quando o homem deixou de ser

    nmade para ter um local fixo para morar. A necessidade de se ter um "teto" para ficar bem

    abrigado fez com que o homem criasse algumas peas para seu maior conforto, assim surgiu o

    mvel. O mobilirio comeou a ser criado de acordo com a necessidade humana e a sensibilidade

    esttica acompanhava sua criao. Na Antiguidade, como no Egito Antigo, j existiam os mveis.

    Com o passar do tempo os estilos comearam a aparecer, cada um no seu perodo. A cultura do

    povo de cada poca unida a sua capacidade tcnica e a regio onde moravam influenciariam na

    formao desses estilos.7

    3.1.1 Os estilos dos mobilirios

    A histria da civilizao est intimamente ligada histria dos interiores e do mobilirio e,

    pode-se dizer, em linhas gerais, que o esprito de cada poca ficou expresso categoricamente nos

    mveis e na decorao dos ambientes internos. Ao se observar a vida do homem, verifica-se que na

    maior parte de seu tempo esta ocorre em ESPAOS INTERIORES, portadores de estabilidade,

    permanncia e continuidade, e que mantm uma ntima relao com seus usurios.

    Assim, o homem e o espao interno acompanham-se e harmonizam-se na mtua e agradvel

    tarefa de criar satisfaes ntimas. Ao entrar em um recinto, pode-se sentir uma srie de impresses,

    que produzem vrias sensaes, desde a de repouso e quietude at a de fora e incomodidade.Os

    MVEIS contribuem para essas impresses, pois alguns transmitem familiaridade, enquanto que

    outros no tm o mesmo ar de graa e de encanto convencionais. Conforme DONDIS (2002), estas

    influncias dspares so provocadas por certos elementos, cuja escolha e combinao pode provocar

    7IPSIS LITTERIS . HISTRIA, ARTE, ARQUITETURA E MOBILIRIO. Disponivel em:http://www.arqsilviaaline.com.br/estilos-de-mobiliario/ .Acesso em 28 de julho de 2015.

    6

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015diferentes sensaes: a linha, a textura e a cor.

    3.1.2 Harmonia

    O principal objetivo do interiorismo a harmonia, a qual somos todos sensveis, mesmo

    desconhecendo suas regras. Alm disto, pode-se ainda dizer que cada um possui sua harmonia

    pessoal, que est vinculada ao seu prprio complexo e na qual atuam as foras hereditrias, de raa

    e de costumes. HARMONIA pode ser entendida como a qualidade de um conjunto que resulta do

    acordo entre suas partes. produto das relaes de adaptao, conformidade e convenincia entre

    seus elementos. De modo geral, est determinada pelo tamanho, isto , o valor das massas dos

    mveis, no que se refere a interiores e pelas distncias, ou seja, o espao livre que h entre elas;

    alm de outros fatores.

    Ao se analisar os grandes perodos da Histria da Arte e Arquitetura, verifica-se que, em

    cada um deles, houve o predomnio de determinadas linhas ou estilos artsticos, que expressavam o

    esprito de cada poca. Denomina-se ESTILO VISUAL a sntese de todas as foras e fatores

    (elementos, princpios, tcnicas e finalidade bsica do artista), constituindo na unificao ou

    integrao de numerosas decises que predominam esteticamente.8

    Esta pesquisa tem como objetivo abordar os principais estilos de decorao de interiores,

    analisando o decorrer da histria da humanidade at o advento da Modernidade. Busca-se construir

    um quadro geral sobre as principais caractersticas do tratamento de espaos internos, no que

    concerne arquitetura domstica e ao design de mobilirio.

    Cabe ressaltar aqui dificilmente necessrio dizer que o estilo com que estamos preocupados

    no comeou nem terminou com o reinado de um determinado monarca ou outro. A tradicional

    denominao de estilos raramente corresponde com a sua incidncia, e seria de fato estranho se com

    a morte de um rei e da acenso de seu herdeiro deve modificar a forma em que mveis feito. Alm

    disso, seria absurdo dizer tal um estilo terminou em tal ano seguido do inicio de outro estilo

    (impossivel criar um linha cronolgica com datas exatas) . Estilos no tem cores fortemente

    definidas;so largas zonas de meios-tons com imperceptveis gradaes.

    3.2 O Renascimento

    O interiorismo ocidental antigo encontrou seu esplendor nas civilizaes da Grcia e de

    8 IPSIS LITTERIS- CASTELNOU, Antonio. Apostila da CCR - MOBILIRIIO & DECORAO. Curso deArquiitetura e Urbanismo Universidade Federal do Paran.Curitiba, 2008.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 7

  • Roma, as quais criaram e souberam explorar o sentido de harmonia e deram aos ambientais

    caractersticas estticas de grande beleza e perfeio tcnica. A busca do equilbrio, do ritmo e da

    escala humana conferiu aos interiores clssicos graciosidade e harmonia, sem deixar de lados

    questes prticas e funcionais.

    J desde o sculo XII, os primeiros sinais da Renascena faziam-se sentir, quando os artistas

    comearam a se interessar pela cultura antiga. Esse perodo prrenascentista, que ocupou o final da

    Baixa Idade Mdia, apresentou uma moblia com elementos clssicos, incluindo colunas, frontes e

    volutas, mas ainda baseada na arte romnica e sofrendo influncias tambm da arte bizantina e

    sarracena.9 A arte e arquitetura renascentistas desenvolveram-se entre os sculos XV e XVII, sendo

    marcadas por um interesse renovado pela cultura greco-romana. Foi nesta poca que a Itlia

    transformou-se em um grande centro artstico, notvel em todos os setores, inclusive no mobilirio

    e na decorao de interiores.

    Foi primeiramente na Itlia que se redescobriu a Antiguidade clssica, resgatando-se a

    herana greco-romana e virando-se as costas ao mundo medieval. Foi ali que, desde meados do

    sculo XIII, soube-se recolocar o homem no centro das artes e das cincias como escala principal e

    referncia absoluta.

    3.2..1 O Renascimento Francs

    Contexto Histrico

    Surgido no sculo XVI, o Renascimento francs abrangeu dois grandes perodos. O

    primeiro, gerado pelas expedies militares de Charles VIII (1470-98), de Louis XII (1462-1515) e,

    depois, de Franois I (1494-1547) na Itlia, correspondeu ao aprendizado progressivo do

    Renascimento italiano, trazido primeiro ao Vale do Loire (1495-1525) e depois le-de-France

    (1527-1540), onde os mestres italianos criaro, quando da volta de Franois I do cativeiro, um

    centro decorativo de repercusso internacional: a COLE DE FONTAINEBLEAU. O segundo

    grande perodo, que se estendeu de cerca de 1540 ao fim do perodo dos Valois (1589),

    correspondeu naturalizao do Estilo Renascentista. A partir de Henri II (1519-59), os artistas

    franceses tomaram o lugar de seus colegas italianos e desenvolveram uma arte talentosa e original,

    cada vez mais ambiciosa.

    O PRIMEIRO RENASCIMENTO francs foi marcado por folhagens espiraladas, que

    9IPSIS LITTERIS - CASTELNOU, Antonio. Apostila da CCR - MOBILIRIIO & DECORAO. Curso deArquiitetura e Urbanismo Universidade Federal do Paran.Curitiba, 2008.

    8

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015receberam conchas, putti, crtulas15, mascares16, bucrnios e pssaros, defrontando-se ao gosto

    antigo. Outros motivos arcaizantes eram os medalhes ornados com figuras de imperadores e de

    bustos salientes. O SEGUNDO RENASCIMENTO francs assinalou o amadurecimento do estilo

    surgido no incio do sculo XVI, assim como a sua naturalizao, resultando no chamado Estilo

    Francis I. Foi a poca dos grandes descobrimentos e da construo de parte do Louvre. Palcios

    urbanos (palaix) substituram castelos (chteaux), passando os cmodos a serem mais proporcionais

    ao seu destino.

    O Mobilirio

    Quanto ao MOBILIRIO renascentista francs, inicialmente pesado e volumoso no comeo

    do sculo XVI por permanecer fiel s formas medievais, assim como eminentemente vertical devido

    ao esprito religioso, aos poucos assumiu o esprito de serenidade clssica, passando a ser mais

    sbrio e horizontal, tanto o civil como o religioso. As tcnicas que predominavam eram a talha em

    madeira; a marchetaria (Marcheterie) geomtrica; a pintura colorida; e as incrustaes de osso,

    marfim e ncar, inclusive em instrumentos musicais.

    Eram utilizadas madeiras puras (ao natural), como o bano e o

    pau-santo, alm de gros finos para polimento perfeito. Para

    realar o polimento, empregavam-se o extrato de nogueira e o

    leo mordente. Tambm se usavam as madeiras estucadas,

    como o pinho e o cedro. Estucavam-se com uma mistura de

    gesso, cal apagada e p de mrmore; e, sobre o estuque,

    aplicava-se folha de ouro. Havia ainda o uso de metais,

    empregados puros ou incrustados, forjados, cinzelados ou

    decorados a fogo. Como tecidos, aplicavam-se brocados, tranados e

    couros repuxados e policromados.

    Os MOTIVOS DECORATIVOS mais utilizados nos

    ornamentos dos mveis eram folhagens, arabescos, caritides,

    meandros, ovais, palmitos, acantos e motivos naturalistas em geral,

    alm de figuras de Hermes (cabea do deus Mercrio sobre um fuste

    retangular). As cenas utilizadas nas pinturas dos mveis eram

    mitolgicas, histricas ou pags. Apareciam pinturas de carrancas e

    cabedais, enrolados como pergaminhos.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 9

  • 3.2.2 Barroco Francs

    Contexto Histrico

    Alta Renascena Francesa/inicio do barroco teve incio com o final da dinastia Valois e o

    comeo do reinado do primeiro dos Bourbon, Henrique IV.Lus XIII, sucessor de Henrique IV, seu

    pai, praticamente entregou o governo ao cardeal Richelieu, que teve o mrito de patrocinar o

    desenvolvimento artstico na Frana. Embora, Henrique IV e Lus XIII tiveram seus reinados em

    pocas distintas, o estilo de arte em ambos os perodos igual, sendo comum se referir a esse estilo

    como sendo Henrique IV-Lus XIII.

    O Barroco francs floresceu na passagem do sculo XVI para o XVII, durante o reinado de

    Henri IV, entre 1589 e 1610, tendo influncia direta do italiano e tambm das tendncias vindas de

    Flandres e da cole de Fontainebleau, que passou por um fecundo renascimento na poca. Da o

    aspecto dspar e fortemente contrastado da arte decorativa caracterizado pelo rigor da modinatura e

    pela exuberncia das formas .

    O sculo XVII foi considerado o Grand Sicle para os franceses, j que o fim das guerras

    religiosas iniciou um perodo de grande influncia e poder da Frana em toda a Europa e demais

    continentes. Louis XIII iniciou a grande era da decorao e mobilirio francs, marcada pelo

    requinte e pela elegncia, que atingiu seu pice atravs do Rococ.

    Lus XIII de Bourbon, chamado O Justo (Fontainebleau, 27 de

    setembro de 1601 Saint-Germain-en-Laye, 14 de Maio de 1643),

    foi rei de Frana e Navarra entre1610 e 1643. Filho de Henrique IV,

    primeiro da dinastia Bourbon, e de Maria de Mdicis, a qual,

    durante a sua menoridade (1610-1617), governou a Frana como

    regente.10

    Em 14 de maio de 1610, quando morre Henrique IV, Luis XIII sobe

    ao trono com apenas nove anos de idade. Seu reinado foi marcado

    por lutas religiosas ocasionais entre os catlicos e os protestantes ou

    huguenotes, assim como pela luta contra a Casa de Habsburgo e por

    inmeras conspiraes. Casou-se por convenincia com uma

    Hapsburg, a Princesa Ana de ustria (1601-1666), filha de rei Filipe III de Espanha.

    10 Luis XIII (1610 D.C - 1643 D.C . Disponivel em:http://www.moveisroselle.com.br/html/europa/franca/luisxiii/luisxiii.html . Acesso em 28 de julho de 2015.

    10

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 20153.2.3 Estilo Lus XIII

    No inicio sofrendo as influncias de estilo renascentista italiano, o estilo Lus XIII aparece

    com um aspecto pesado e redundante, reflete grandiosidade.Os modelos hispano-flamengos e

    italianos dividiram a preferncia dos decoradores da poca e de seus clientes (prncipes, nobres e

    burgueses ricos).Embora j no houvesse tantos artistas italianos trabalhando na Frana, a Itlia

    ainda considerada grande inspiradora na arquitetura e na pintura e, alm disso, haviam certos artigos

    tidos como especialidades italianas que os nobres faziam questo de possuir, tais como os espelhos

    de Veneza, veludos de Gnova e sedas de Milo.

    Observa-se que no perodo do reinado de Luis XIII, foi uma poca de transio, isso porque,

    ainda que o renascimento estivesse presente isso no significa que os outros estilos deixaram de

    existir por completo, e isso pode ser visto em algumas obras como a Igreja Saint-Paul-Saint-Louis

    (Paris, 1627-1641), de acordo com Ducher (1992,p.120).

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 11

    Um bom exemplo da mescla das influencias artsticas que ocorrem

    na Frana do primeiro tero do seculo XVII, esta igreja se inspira na

    fachada romana de dois nveis,o segundo mais estreito ligado ao

    primeiro por aletas. Esse modelo foi fixado em II Gesu (1575),

    igreja-mae dos jesutas em Roma, e pelos tratados de arquitetura de

    Vignola e de Serlio. Mas tais exemplares aqui estao associados ao

    verticalismo da composio herdada do Renascimento. Acrescenta-se

    a isso a exuberancia ornamental e os jogos plasticos imputaveis ao

    mesmo tempo ao barroco romano e ao barroco flamengo. Ao

    primeiro deve-se a orquestrao cenica das ordens de colunas, das

    superficies planas, dos frontes quebrados, dos nichos guarnecidos

    de estatuas e de balaustradas. Ao segundo, as pesadas guirlandas, os

    espessos drapeados e a insistencia na desordem ornamental de

    cartulas, de panos, de volutas e de cascatas de frutos que notamos no

    ultimo andar. Imitada de II Gesu pelos autores da igreja, o irmao

    Martellange e o padre Derand, a planta de nave unica, flanqueada de

    capelas e encimada de tribunas, ajusta-se igualmente a uma

    composio grandiosa. A nave larga, ritmada por grandes pilastras

    corntias, e coberta no cruzeiro por uma cpula: principal importao

    romana, que devia trazer seu coroamento asensibilidade barroca da epoca.

  • Mobilirio

    A vida na Frana se tornou mais luxuosa neste periodo e a demanda por mobiliarios caseiros

    finos se popularizou. Os estilos e ornamentos se tornaram mais variados, mais torneados e com

    entalhes de concha. As cadeiras tornam-se mais numerosas, tm os ps ligados por uma travessa que

    lhes assegura maior solidez e apoio para os braos em forma de osso de carneiro.

    O mvel de grandes dimenses apresentava detalhes de influncia italiana, espanhola,

    holandesa, belga e alem. As linhas eram retas e as formas pesadas, sendo executado em madeira

    macia, seguindo a influncia italiana que d ao mvel um carter arquitetnico. A madeira de

    carvalho foi substituda pela nogueira e pelo bano. A tcnica de folhear a madeira comum com

    bano foi bastante utilizada como as incrustaes que tinha como principal finalidade suavizar o

    aspecto austero do mvel. As incrustaes podiam ser em marfim ou osso.

    O mobilirio Luis XIII caracterizado pelos entalhes pesados e escalas monumentais. As

    Peas como a mesa e aparador so caracterizados por painis moldados em padres geomtricos11.

    Os tipicos temas de design eram a ponta diamente, padres de piramides e grandes ps coques de

    armrios. Tem um estilo mais primitivo, direto e menos ousado.

    Os mveis mais utilizados foram os armrios, o cabinet ou contador, camas, mesas e

    cadeiras. Os motivos clssicos como as mscaras, cabeas de leo, folhas de acanto e motivos

    11 Histria do mobilirio Renascimento.Publicado em: 17 de maro de 2011. Disponivel em:http://andreiarenovandoereciclando.blogspot.com.br/2011/03/historia-do-mobiliario-renascimento.html. Acesso em30 de julho de 2015.

    12

    Desenhos geomtricos esculpidos e colunas retorcidas.

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015florais foram empregados nas ornamentaes.

    Os torneados podem ser utilizados para as pernas ou macas, e

    estas formas simples eram criadas em um torno mecnico.

    12

    Os torneados nesse perdo vem forma de espirais,

    contas ou rosrio, os entalhes profundos, a

    gravao a fogo sobre o couro, a pintura em

    veludo, os bordados em seda e as tapearias para o

    revestimento das superfcies estofadas foram

    algumas das caractersticas do mvel neste

    perodo.13

    Os ps dos mveis passaram por algumas modificaes neste meio tempo, primeira mente as

    pernas eram quadradas, A evoluo foi para o estilo cabriolet, Depois tivemos uma espcie de

    cabriole modificado, O ltimo dos quatro estilos de pernas seja talvez o melhor deles. As pernas so

    geralmente menores do que nos armrios nas cadeiras com uma ligeira curva e trabalho flamengo

    parecidos com encontrados no estilo William and Mary. As traves do ps eram em forma de H em

    geral torneadas. Confome as figuras acima.

    No final do reinado de Lus XIII, comeou a reduo da influncia estrangeira, tornando-se a

    arte francesa mais grandiosa, luxuosa e elegante. O caminho estava preparado para o primeiro estilo

    verdadeiramente francs, o Lus XIV.

    3.2.4 Estilo Lus XIV

    Contexto Histrico

    12 Louis XIII FURNITURE. LA MAISONETTE ANTIQUES & FRENCH BROCANTE.Disponivel em:Shttp://lamaisonette-newyork.com/louis-xiii-furniture .Acesso em 29 de julho de 2015.13LUIS XIII (1610 1643). Disponivel em: http://www.arqsilviaaline.com.br/estilos-de-mobiliario/mobiliario-no-barroco/ .Acesso em 29 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 13

  • Conhecido como o Rei Sol, Lus XIV foi o grande responsvel pela supremacia francesa nas

    artes. Sua maior obra foi a construo do suntuoso Palcio de Versalhes. Nasceu em 1638, tendo

    como seus pais Lus XIII e Ana de ustria, que j estavam casados h vinte e trs anos. Por isso

    alguns historiadores acreditam que ele no era filho biolgico de Lus XIII. Foi batizado Louis-

    Dieudonn ("Lus, o presente de Deus") e recebeu alm do tradicional ttulo de Delfim o de Premier

    Fils de France ("Primognito da Frana").

    O rei no confiava em sua mulher e procurou evitar que ela ganhasse influncia sobre o

    pas. Porm, aps sua morte em 1643, Ana tornou-se regente. Ela confiou todos os poderes do

    Estado ao cardeal italiano Giulio Mazarino, que era odiado pela maioria dos crculos polticos

    franceses.

    O perodo de regncia exercido pela me de Lus terminou

    oficialmente em 1651, quando ele tinha 16 anos. Lus assumiu o

    trono, mas Mazarino continuou a controlar os assuntos de Estado at

    1661. Outros membros do governo esperavam que fosse substitudo

    por Nicolas Fouquet, o superintendente de finanas. Ele no s no

    assumiu como foi preso por m administrao do Tesouro francs. O

    rei anunciou que assumiria ele prprio o governo do reino.

    O Tesouro estava perto da falncia quando Lus XIV assumiu o poder. As coisas no

    melhoraram j que ele gastava dinheiro extravagantemente, despendendo vastas somas de dinheiro

    financiando a Corte Real. Parte desse dinheiro ele gastou como patrono das artes, financiando

    nomes como Moliere, Charles Le Brun e Jean-Baptiste Lully. Tambm gastou muito em melhorias

    no antigo Palcio do Louvre, que acabou por abandonar em favor da nova fundao de Versalhes,

    construdo sobre um antigo pavilho de caa de Lus XIII.

    Basicamente, pode-se dividir o reinado de Louis XIV em 03 (trs) fases:

    Estilo de Transio (de 1643 a 1660): correspondente menoridade do rei; uma poca de maturao

    marcada pela persistncia das formas Louis XIII e por forte penetrao do Barroco italiano, mas que se

    distinguia tambm pela arte classicista, por exemplo, de Franois Mansart (1598-1666) no Chteau de

    Maisons, atual Maisons-Laffite (1642/51).

    Primeiro Estilo Louis XIV (de 1660 a 1690): referente ao perodo triunfante do reinado pessoal, ao qual

    correspondeu uma arte de Corte brilhante e ostentatria, exibida no Palais de Versailles atravs dos

    14

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015trabalhos de LeBrun, LeVau e Hardouin- Masart, entre outros;

    Segundo Estilo Louis XIV (de 1690 a 1715): outra fase de transio, que apareceu nos ltimos anos do

    reinado, sob influncia de Hardouin-Masart e de decoradores como Jean Berain (1639- 1711), onde a nova

    leveza das formas e a fantasia das linhas j anunciavam o estilo Louis XIV.

    O estilo Lus XIV foi fortemente influenciado pelo Barroco Italiano e

    marcado pelo luxo e esplendor da corte Francesa. Em seu primeiro

    perodo a linha era reta, carregada de ornamentaes, os mveis

    tinham tamanho reduzido e mais beleza nas propores. A decorao

    se tornou mais pomposa e os mveis eram mais impressionantes que

    confortveis.

    As tendncias barrocas desta poca se refletem nas cadeiras, que

    tornaram-se mais femininas, menores e com braos e encostos sem

    estofados. Os ps das cadeiras eram em pontas ou em forma de copo e

    o estilo pata para os ps tambm foi usado, porm com ligeira volta

    em S. As cadeiras e os sofs apresentam braos com uma graciosa

    curva inclinada.

    Mobilirio

    Durante os primeiros 20 anos do reinado de Lus XIV, a manufatura de mveis na Frana

    ainda recebia as influncias italianas e flamengas. S a partir de 1660, esse quadro comeou a

    mudar, surgindo um estilo de mobilirio com caractersticas prprias da Frana. Muito contribuiu

    para a essa evoluo a criao da Manufacture Royale des Meubles de la Couronne (Manufatura

    dos mveis da Coroa), cujo primeiro diretor foi o pintor Charles le Brun.

    Essa fbrica, fundada em 1667, aprovava o desenho e a execuo de todos os mveis feitos

    para a corte, se constituindo um agente de controle de qualidade rigoroso sobre a manufatura

    francesa. Daniel Marot e Jean Brain, entre outros, foram contratados para desenhar mveis de

    acordo com os hbitos da corte e com o estilo de arquitetura.

    O mobilirio Lus XIV tem porpores grandes, absolutamente simtrico, muito luxuoso e

    embora apresente uma ornamentao extravagante, tem crater masculino. Na estrutura dos mveis

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 15

    Armoire, Andr-Charles Boulle

    (French, 16421732)

  • predominam linhas retas, as curvas sendo severas e dignas. Os painis so retangulares, limitados

    por molduras arquitetnicas. A entalhao rica e abundante, se utilizando de cabeas e patas de

    leo, de mscaras, stiros, grifos, esfinges, folhas de acanto, golfinhos e folhagens. As madeiras

    utilizadas eram o carvalho, bano e castanheiro.

    Os mveis eram dourados ou ornamentados com

    incrustaes de metais e trabalho de marchetaria. Ficaram

    famosos os mobilirios de Charles Andr-Boulle, o maitre-

    bniste do reinado. Este artista criou o processo de folhear o

    mobiliario com uma combinao de bano, tartaruga,

    estanho, lato e madre-prola, no necessariamente todos em

    uma s pea.

    Muitas peas de mobilirio de prata macia foram feitas para mobiliar o Palcio de

    Versalhes, mas nenhuma delas se conservou, sendo derretidas para a cunhagem de moedas, tanto

    nas guerras europeias de Lus XIV como na Revoluo Francesa. Mas, pelo menos, uma pea se

    salvou: uma mesa de prata macia que o Rei Sol deu de presente ao rei Carlos II da Inglaterra. Esta

    pea est hoje no Palcio de Windsor. 14

    O mobilirio Lus XIV caracterizado por suas grandes

    propores, simetria, luxo, extravagncia por causa dos detalhes.

    Suas linhas retas e curvas rgidas lhe do um carter masculino.

    Se encaixa na esttica barroca por essas caractersticas. H uma

    influncia da Antigidade no que tange aos ps dos mveis, que

    em suas terminaes h uma pata de animal (normalmente leo)

    ou outras figuras que conotem poder e masculinidade. As cadeiras

    eram feitas de acordo com a posio social do usurio. Apenas o

    rei poderia ter braos nas cadeiras. As cadeiras variavam de

    acordo com a posio social do usurio, podendo ser de braos ou

    sem eles, espaldar alto, pernas retas e braos curvos ou retos, as

    traves unidas em "X" ou "H", os assentos forrados de veludo, tapearias ou brocado. Alm de um

    estilo prprio no mobilirio que j era usual,como mesas, camas, cadeiras e armrios, surgiram

    novas peas: secretria, medalheiro, billard, cmoda, canap e o console.

    14 O MOBILIRIO ESTILO LUS XIV . Disponivel em :http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/33mobil.htm . Acesso em 29 de julho de 2015.

    16

    Commode, Andr-Charles Boulle (French, 16421732)

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015

    15

    15 O estilo Lus XIV O Estado Sou Eu. Publicado em 9 de setembro de 2008. Disponvel em:http://sylkellydecor.blogspot.com.br/2008/09/o-estilo-lus-xiv.html . Acesso em 31 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 17

  • 3.2.5 Estilo Regncia

    Contexto Histrico

    A Regncia francesa caracteriza-se pelo perodo de transio entre dois grandes estilos; o

    Barroco representado pelo rei Lus XIV e o Rococ que tem como representante o rei Lus XV,

    nesse perodo transitrio entre esses dois monarcas a Frana teve como Regente o duque Felipe D

    Orleans.

    Com a morte do Rei Lus XIV, em 1715, assume o governo na Frana o Regente Duque de

    Orleans, j que o sucessor do Rei Sol, seu bisneto Lus XV, tinha apenas 5 anos de idade. Por isso o

    estilo Regncia a transio entre os estilos Lus XIV e Lus XV. Nesse estilo - Regncia - com a

    corte sendo transferida de Versalhes para Paris, sentia-se uma reao para menor pompa, maior

    alegria e simplicidade. Estava plantada a semente do rococ.

    A Frana passava por uma situao econmica difcil, e o reflexo disso notava-se na

    construo de palcios menores, que sugeriam maior intimidade nas festas. Com a transferncia da

    alta sociedade para Paris, os edifcios particulares como o Htel de Toulouse, Htel d'Assy, o

    Chateau de Chantilly e o prprio Palais Royal, de propriedade do Regente, tornaram-se o palco

    onde se executavam as mais deslumbrantes decoraes no estilo Rococ.

    O termo Rococ* originou-se de duas palavras francesas: "rocaille", que significa rocha ou

    gruta, e "coquille", que quer dizer concha, ornamento muito encontrado no estilo Lus XV.

    Na arquitetura, o estilo Regncia conservou a majestade de composio do estilo Lus XIV,

    com o acrscimo de uma nova liberdade, j que a arte deixou de sofrer o controle real. O interior

    das construes, as salas e quartos, tambm mantiveram um pouco do esplendor do sculo XVII,

    mas adotando as curvas livres e formas do Rococ. No era ainda a fantasia transbordante do estilo

    Lus XV, mas existia a liberdade que permitiu que as caractersticas do novo estilo de arte

    alcanassem seu pleno desenvolvimento. Na metade do sculo XVIII, o estilo Rococ passou a

    dominar, mas a arte dos dois perodos se entrelaou to fortemente que dificulta uma diviso exata.

    Mobilirio

    Este estilo foi marcado pela perda da pompa, a opulncia e o formalismo que eram

    obrigatrios no reinado deLus XIV. A burguesia passou a ditar a moda, no sentido do gosto pela

    leveza e elegncia, associados ao conforto, com um estilo de vida mais tolerante e livre. Assim, os

    ambientes tornam-se mais leves e ntimos e o mobilirio passou a ter dimenses mais reduzidas e

    conforto.

    18

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015 Os fabricantes de mobilirio se chamavam artfices e trabalhavam direto para a coroa. Estes tinham

    sua oficina no palcio e no estavam sujeitos s restries das guildas. Isto implicava nestes

    profissionais terem seus prprios fundidores de bronze, douradores e qualquer outro artfice que

    necessitasse. No perodo da Regncia surgiram muitas peas de mobilirio novas, tais como as

    cmodas, e o uso da palhinha nas costas e assentos dos mveis de assento, cadeiras, canaps e

    chaise-longue.

    As madeiras mais utilizadas durante este estilo foram: o bano, o carvalho e

    a nogueira. Para os mveis da corte era utilizada a nogueira, quase sempre

    dourada, e para o mobilirio burgus a nogueira sem o processo de

    douragem, o carvalho e a faia. Para as estruturas dos mveis e para os

    armrios usavam-se madeiras indgenas menos nobres.16

    No ornamento, marchetaria,

    incrustaes e aplicaes com

    motivos florais, chineses, pastorais e de concha.

    Tambm o mobilirio pintado se tornou popular e um

    vernis usado pelos irmos Martin (Vernis Martin)

    substituiu a laca chinesa. Charles Cressente foi um

    ebanista de destaque nesse perodo criando lindos

    trabalhos em bronze e marcheteria na madeira.17

    Secretary, -Attributed to Martin Carlin (French, ca. 17301785) Paris. Atribuda aomarceneiro Martin Carlin, que era conhecido por seus graciosos mveismontados com porcelana de Svres, esta requintado mesa de duas peas foifeita por volta de 1776. Pintada na parte de trs da placa porcelana central huma carta datada nesse ano, juntamente com o marca de Edme-FrancoisBouillat (1739 / 40-1810), um pintor na confeco Sevres. Um especialista emdiferentes tipos de ornamento floral, Bouillat decorou a placa principal comuma cesta de flores suspensas a partir de uma grande bowknot. A histriadeste secretria est bem documentada.

    16 Barroco Estilo Regncia. Publicado em 13 de fevereiro de 2012. Disponivel em :http://moveltempodesign.blogspot.com.br/2012/02/barroco-estilo-regencia.html .Acesso em 29 de julho de 2015.

    17 O mobilirio na Regncia. Publicado em 26 de fevereiro de 2012. Disponivel em :http://diariodomovel.blogspot.com.br/2012/02/o-mobiliario-na-regencia-regencia.html. Acesso em 29 de julho de2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 19

    Commode,Charles Cressent(French, 16851768)

  • 3.2.6 Nasce o Rococ Francs - Estilo Lus XV

    Contexto Histrico

    Lus XV (Versalhes, 15 de fevereiro de 1710 Versalhes, 10 de maio de

    1774), tambm conhecido como Lus, o Bem Amado, foi o Rei da

    Frana e Navarra de 1715 at sua morte. Ele sucedeu seu bisav Lus

    XIV com apenas cinco anos de idade. At alcanar a maioridade em

    1723, seu reino foi governado por seu tio-av Filipe II, Duque d'Orlees

    como regente. O cardeal Andr Hercule de Fleury foi seu principal

    ministro de 1726 at 1743, quando o rei assumiu controle nico de seu

    reino.

    Lus XV destituiu o duque, que se tornara impopular, e escolheu, em 1726, seu antigo

    preceptor, o cardeal de Fleury (1726-1743), para governar. Este engajou a Frana na guerra da

    Sucesso da Polnia (1733-1735), que terminou com o Tratado de Viena (1738) e a aquisio do

    ducado de Lorraine, e na guerra da Sucesso da ustria, em aliana com Frederico II da Prssia, at

    o final das hostilidades selada pelo Tratado de Aquisgro (1748). Aps a morte de Fleury, em 1743,

    Lus, exibindo amantes oficiais Mmes de Chteauroux, de Pompadour e du Barry, com quem ele

    esbanjou enormes quantias de dinheiro - decidiu governar sem primeiro-ministro, assumindo

    verdadeiramente o poder, mas provou ser um rei fraco, que reduziu o prestgio da monarquia

    francesa tanto interna quanto externamente. Dirigiu, sobretudo, as relaes exteriores.18

    Nessa poca, ocorreram vrias mudanas na Corte. Mesmo casado desde os 15 anos com a

    princesa polaca Marie Leszczyska (1703-68), o rei teve vrias amantes e favoritas. As principais

    foram a Duchesse de Chteauroux (1717-44), depois substituda pela Marquise de Pompadour e

    finalmente pela Comtesse du Barry (1743-93), as quais influenciaram a decorao.

    3.2.7 Estilo Lus XV

    Apesar de tradicionalmente ser conhecido como homem voltado ao prazer e aos caprichos,

    Lus XV fez destacar o Reino no plano intelectual e das artes. O mais original de todos os estilos de

    arte franceses o Lus XV, que rejeitou influncias e tradies de fora, criando um estilo mais

    essencialmente francs, livre da inspirao clssica greco-romana. Mas no ficou livre de

    influncias: derivado do Barroco, recebeu um toque oriental da Turquia e da China trazido pela

    Companhia das ndias. Tambm o pintor Watteau j mostrava a possibilidade de uma arte mais

    18 Lus XV de Frana. Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponivel em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_XV_de_Fran%C3%A7a . Acesso em 29 de julho de 2015.

    20

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015espiritual, mais alegre e fantasista. Na figura abaixo, observa-se as influncias orientais no

    mobiliario francs de Louis XV. 19

    Pompadour apaixonou-se pela influncia chinesa, o que se degenerou na

    chinoiserie, uma adaptao francesa dos motivos chineses e orientais

    (pssaros, mandarins e pescadores), que iniciou a importao de mveis e

    biombos laqueados. Os desenhos chineses fizeram uniram-se a outras

    fantasias, como a chamada singerie15 (do francs singe, macaco).

    Em sua durao, o ESTILO LOUIS XV apresentou duas tendncias: a do exagero no

    emprego das linhas tortuosas e composies assimtricas; e a de uma fantasia comedida e uma

    simetria bem rigorosa. Em ambas, contudo, havia a inteno de suprimir as ordens clssicas.

    Basicamente, ele pode ser dividido em 02 (duas) fases consecutivas:

    Primeiro Estilo Louis XV (de 1715 a 1750): correspondente ao desabrochar da rocaille,

    o ornato em forma de concha, o que resultou no emprego de linhas curvas e contra-curvas, em uma

    decorao marcada pela sinuosidade e ondulaes; Segundo Estilo Louis XV (de 1750 a 1774),

    quando ocorreu uma reao muito forte contra os excessos, fazendo predominar o esprito

    neoclssico, que preparou o advento do Estilo Louis XVI.

    Mobilirio

    O estilo de decorao e mobilirio Lus XV, desenvolveu-se na Frana entre 1730 e 1750-

    60, durante o reinado de Lus XV. Esse estilo caracterizado pelos seus tons pasteis e linhas fludas

    e graciosas do Rococ. Algumas peas foram muito marcantes e so utilizadas at hoje em muitos

    ambientes contemporneos, como suas cmodas (que muitas vezes so pintadas com laca para

    ficarem mais modernas) e as famosas cadeiras/poltronas Lus XV.

    O mobilirio Lus XV tem um estilo que segue a esttica do rococ, com linhas orgnicas e

    arabescos. Diferente do estilo lus xiv, o rococ tinha horror linha reta, possua um carter mais

    feminino, pernas cncavas (e no retas) e, ao invs de animais nos ps dos mveis, havia flores,

    19 Histria da arte: ARTE FRANCESA.Estilos Regncia, Rococ e Luis Xv. Disponivel em :http://www.areliquia.com.br/artigos%20anteriores/34historiaa.htm . Acesso em 29 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 21

    Corner cabinet (encoignure) (one of a pair), 174549 Stamped by Bernard van Risenburgh (French, after 1696ca. 1766) Disponivel em: http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/1983.185.1a,b

  • usando bastante grinaldas contorcidas, conchas, folhagens e marchetaria, por influncia holandesa,

    compunha grandes centros com flores, frutas e assuntos pastoris.

    O mobilirio sempre possua predomnio de linhas curvas, com um contnuo uso dos ps

    encurvados e influncia oriental. Como ornatos principais destacaram-se: as volutas, as cabeas de

    carneiro, as asas e, obviamente, a rocaille da talha dourada do Estilo Louis XV. Alguns materiais

    que aparecem com freqncia no mobilirio so o mrmore em tampos de mesas, diversos tipos de

    madeira com a nogueira e o carvalho e a lindssima aplicao em bronze. So utilizados tambm

    ps cabriolet, uso de conchas, flores e folhagens como ornamento e ausncia quase total do uso de

    linhas retas.20

    Armchair, ca. 1710 French -Carved and gilded walnut, covered in late 17thcentury wool,velvet. Disponivel em : http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/1983.526 TRADUO LIVRE - O quadro desta poltrona talhada com uma variedade de ornamentos,tais como conchas e motivos lambrequin, trilhas florais e folhagens cu aberto da mais altaqualidade. Sua parte traseira arqueada, enrolando os braos, pernas e incurving so claramenteum afastamento da gravidade do estilo barroco. Eles servem como precursores do estilo rococemergente com suas formas curvilneas. Antecipa a evoluo estilstica do sculo XVIII. umtipo com uma parte traseira plana chamada fauteuil la reine em oposio ao fauteuil encabriolet esportivo um cncavo ligeiramente para trs, o que estava na moda tardia, durante operodo de Louis XV.

    Armchair (bergre en cabriolet) (one of a pair), 176070 Stamped by ClaudeLouis Burgat(French, 1717before 1782.Disponivel em:http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/1982.60.89 . TRADUOLIVRE - Esta poltrona de transio combina o desenho curvilneo do estilo rococ commotivos que foram amplamente utilizados durante o perodo Neoclssico, tal como a fronteiracontnua de sobreposio medalhes nos apoios para os braos e o guilochs sobre os carris deassento. A rea fechada entre os braos eo assento, juntamente com a parte traseira cncava,classific-lo como uma bergre en cabriolet, um dos novos tipos de cadeira introduzidas duranteo sculo XVIII que expressa o interesse crescente em conforto e informalidade.

    Os ltimos anos do reinado foram marcados por uma recuperao interna e pelo

    revigoramento da aliana com a ustria. O reinado viu a prosperidade da aristocracia e da opulenta

    burguesia, apesar de o pas estar beira da bancarrota. O fracasso do rei em solucionar os assuntos

    financeiros fez com que ele deixasse para seu sucessor, Lus XVI, um governo insolvente.

    20 Caractersticas do encantador estilo Lus XV. Publicado em 29 de agosto de 2011.disponivelem :http://construcaoedesign.com/caracteristicas-do-encantador-estilo-luis-xv/ . Acesso em 29 de julho de 2015.

    22

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 20153.2.8 O Neoclassicismo - Estilo Lus XVI

    O Neoclassicismo foi uma corrente artstica cujo apogeu ocorreu entre 1780 e 1830, que

    expressou os interesses, os hbitos e a mentalidade da burguesia mercantilista, que assumira a

    direo da sociedade europia com a Revoluo Francesa (1789/99) e o Imprio de Napoleo

    Bonaparte (1804/14). Os primeiros sinais do neoclassicismo se fazem notar em vrios pontos da

    Europa nas primeiras dcadas do sculo XVIII, embora desde j se deva advertir que a cronologia

    dos estilos sempre muito polmica, e seus limites, muito imprecisos.

    O neoclassicismo, como o nome indica, foi um movimento cultural revivalista, que voltou-

    se para a Antiguidade clssica - a Grcia e a Roma antigas - como a principal referncia esttica e

    modelo de vida. Considerava-se h muito tempo que a tradio clssica onde se inclua a cultura

    renascentista, tambm um revivalismo classicista era imbuda de grande autoridade moral e

    esttica, e por isso era um modelo ideal. De fato, a "volta aos clssicos" um fenmeno recorrente

    na histria da cultura do ocidente.21

    A Revoluo Burguesa do final do sculo XVIII determinou uma mudana absoluta na vida

    social da populao e exerceu grande influncia nas orientaes decorativas. Foi um perodo em

    que a Frana estava em momentos decisivos, vinha de meio sculo de prazeres. A prudncia e o

    cansao, reclamavam por uma maior simplicidade na decorao de interiores e embora sem ser

    severa, dominavam as linhas retas, as curvas eram discretas, geralmente em crculos, elipses ou

    ovais; logo aps viria a revoluo de 1789. O novo esprito republicano reagiu contra tudo aquilo

    relacionado ao Ancin Rgime e, de modo especfico, contra o que lembrava a nobreza ou era real

    ou aristocrtico.22

    Contexto Histrico

    Lus XVI (Versalhes, 23 de agosto de 1754 Paris, 21 de janeiro de 1793) foi

    rei da Frana e Navarra de 1774 at 1792, antes de sua deposio e execuo

    durante a Revoluo Francesa. Seu pai, Lus, Delfim de Frana, era o filho e

    herdeiro de Lus XV de Frana. Como resultado da morte de seu pai, em 1765,

    Lus sucedeu seu av em 1774. Era irmo mais velho dos futuros reis Lus

    XVIII e Carlos X.23

    21 Neoclassicismo.Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.Disponivel em :https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo . Acesso em 29 de julho de 2015.

    22 Estilo Luis XVI ou Neoclssico. Publicado em 5 de maro de 2012. Diponivel em:http://moveltempodesign.blogspot.com.br/2012/03/estilo-luis-xvi-ou-neoclassico.html . Acesso em 29 de julho de2015.

    23 Lus XVI de Frana. Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.Disponivel em :https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_XVI_de_Fran%C3%A7a . Acesso em 29 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 23

  • A primeira parte do reinado de Lus foi marcada por tentativas de reformar a Frana, de

    acordo com os ideais iluministas. Estes incluram esforos para abolir a servido, remover a taille, e

    aumentar a tolerncia em relao aos no-catlicos. A nobreza francesa reagiu com hostilidade s

    reformas propostas, e com uma oposio bem sucedida sua implementao. Em seguida ocorreu o

    aumento do descontentamento entre as pessoas comuns. Em 1776, Lus XVI apoiou ativamente os

    colonos norte-americanos, que buscavam sua independncia da Gr-Bretanha, que foi realizada no

    Tratado de Paris de 1783.

    Em um contexto de guerra civil e internacional, o rei foi suspenso e preso na poca da

    insurreio de 10 de agosto de 1792, um ms antes da monarquia constitucional ser abolida e a

    Primeira Repblica Francesa ser proclamada em 21 de setembro do mesmo ano. Foi julgado pela

    Conveno Nacional (auto-instituda como um tribunal para a ocasio), considerado culpado de alta

    traio e executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793.

    Depois de inicialmente considerado tanto um traidor como um mrtir, historiadores

    franceses tm adotado uma viso geral diferente de sua personalidade e papel como rei,

    descrevendo-o como um homem honesto impulsionado por boas intenes, mas que no estava

    altura da tarefa herclea que teria sido uma profunda reforma da monarquia. Foi o nico rei da

    Frana na histria a ser executado, e sua morte ps fim a mais de mil anos de monarquia francesa

    contnua.

    3.2.9 Estilo Lus XVI

    O estilo de arte conhecido como Lus XVI nasceu por volta de 1760, portanto, antes do rei

    ascender ao trono da Frana, o que s ocorreu em 1774. Isso vem mostrar que nem sempre um

    estilo, que toma o nome de um rei, nasce com a nomeao do monarca, e nem sempre termina com

    a sua morte. Todo estilo sofre um desenvolvimento gradual, suas tendncias manifestando-se antes

    mesmo de ser conhecido.

    Este estilo segue as linhas do anterior, o estilo Lus XV, sendo que, entre o final deste e at

    1774, existe um perodo de transio que se traduz em alteraes superficiais do foro decorativo e

    no estruturais. A transio culmina na afirmao total do novo estilo com a inaugurao do Castelo

    de Louveciennes, decorado por Ledoux para Madame du Barry.

    O estilo assimila simultaneamente duas caractersticas distintas, a do estilo anterior, dentro

    do esprito do rococ, e a do momento que d agora os primeiros passos, o neoclassicismo, que s

    24

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015assumir toda a sua fora aps a Revoluo Francesa. O estilo Lus XVI , deste modo, um estilo

    hbrido, que conjuga nas suas peas vrios elementos opostos, criando assim uma esttica muito

    prpria.

    A corte vai ser mais uma vez o modelo da nova esttica, onde a prpria rainha Maria

    Antonieta, com as suas mltiplas encomendas para o Petit Trianon, se vai tornar numa das peas

    chave no desenvolvimento do estilo. Tambm a Madame de Pompadour, que se tinha rendido ao

    gosto do estilo Lus XV, se comea a interessar pelas novas formas revolucionrias.24 O movimento

    de mudana, abrangendo inicialmente a arquitetura, pintura e escultura, baseou-se (tambm) no

    retorno a formas greco-romanas, mas no foi - segundo historiadores - o mesmo Clssico do

    Renascimento. Foi acadmico e romntico. Chamado de Neoclssico ( mais uma vez o

    entrelaamento de estilos em um mesmo perodo), representava uma reao contra o luxo, prazeres

    e futilidades do perodo Lus XV, buscando mais simplicidade e ponderao, mais de acordo com a

    situao econmica da Frana.

    A reao contra o Rococ do perodo Lus XV comeou na arquitetura, passando para a

    pintura, escultura e decorao interior. A arquitetura pseudoclssica predomina na Frana, mas os

    elementos greco-romanos eram usados sem concepo artstica, mais como moda. A Revoluo

    estava chegando e a nobreza estava quase falida, fazendo a decorao de interiores ficar mais

    simples, embora no completamente severa.No estilo Lus XVI os ornatos usados eram de ordem

    clssica, sentimental e naturalista.

    ESTILO NEOCLSSICO ESTILO LOUIS XVI

    Mais pequenos e delicados, os mveis neoclssicos

    possuam reforos em bronze, o que contribua para o

    predomnio das linhas retas. Os Elementos decorativos so

    terrinas, medalhes, ovais, instrumentos musicais; de

    inspirao na Antiguidade Clssica: frisos, colunas, folhas

    de laurcea, setas; de perodos anteriores (Barroco e

    Rococ): grinaldas, drapeados, entrelaados; inspirao na

    natureza:trofus com instrumentos de jardinagem, rosas,

    prolas;

    As madeiras mais utilizadas foram o mogno, a nogueira, a

    caoba e a palissandra, geralmente esmaltadas, laqueadas

    ou douradas. Utilizaram-se muito os chapeados,

    O mobilirio Lus XVI segue a simplicidade e elegncia

    de propores da arquitetura, em oposio curva livre

    dos perodos anteriores, passando a apresentar suportes

    retos, painis simtricos e ornamentos clssicos. O mvel

    Lus XVI leve e pequeno, as pernas encimadas por uma

    roseta ou patera, com ornamentao clssica, de

    guirlandas, festes e laos de fitas.

    A madeira mais usada era o mogno, encontrando-se belos

    trabalhos de marchetaria e aplicao de bronze. A laca

    dourada ou preta e o bano voltaram a serem utilizados e

    24 Estilo Lus XVI Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponivel em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_Lu%C3%ADs_XVI . Acesso em 29 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 25

  • principalmente em tampos escuros com filetes em madeira

    clara ou rosada, alm do uso de ouro. Os centros dos

    mveis eram em macheterie de motivos geomtricos ou

    florais.

    Os espaldares dos assentos eram entalhados ou atapetados,

    de forma quadrada, arqueada ou en chapeau. Os braos

    curtos e ligeiramente curvos, com pernas retas caneladas.

    os pequenos pormenores frvolos destinados a seduzir

    passaram a aplicar nos mveis belas placas de porcelana

    de Svres.

    Umbonheur-du-jour, secretria para senhora de meados do sculo XVIII, pea

    feita por Martin Carlin com leve decorao floral e usando placas de

    porcelana de Svres. A curva suave das pernas sugere o fim do estilo Rococ.

    O p canelado como se fosse uma coluna

    clssica

    O estilo Lus XVI , deste modo, um estilo hbrido, que conjuga nas suas peas vrios

    elementos opostos, criando assim uma esttica muito prpria.

    Esta imagem abaixo congrega bem o perodo de transio em que onde ainda persiste a

    influncia barroca, rococ, no decorrer do perodo dado com do estilo Luis XVI e o alvorecer do

    estilo neoclssico, deomonstra bem o o hibridismo desse periodo de mudanas. Influcias estas

    que promoveram transformaes e agregaram a produo mobiliria, originando verdadeiras obras

    de arte em forma de moblia.

    26

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015

    EXTRAIDO DO LIVRO: LOUIS XVI FURNITURE BY SEYMOUR DE RICCI

    Movel com caracteristicas neoclassicas e tambm do estlio Luis XVI

    Secrtaire abattant (fall-front desk with drawers and pigeonholes)

    Stamped with the mark of Pierre GARNIER (Paris, c. 1720 - Paris, 1800)

    Disponivel em: http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/drop-front-secretaire-0

    Durante a Revoluo Francesa, o secrtaire foi apreendido do rue du Faubourg

    Saint-Honor na casa de Pierre-Charles-tienne Maignard, marqus de la

    Vaupalire e tenente-general. Ele foi designado para o Ministrio da Justia em

    1796. Carimbada com o nome de Garnier, esse mvel mostra como a moda de

    mveis lacados persistiu at o final do sculo XVIII, como o gosto pelo

    neoclassicismo em marcenaria, assegurou a contnua popularidade dos projetos

    "estilo grego" de Garnier.

    Exemplo de mvel perodo de Luis XVI.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 27

  • Console table with four legs C. 1780 Paris -Georges JACOB (Cheny, 1739 - Paris, 1814)

    Esta mesa foi feita em 1781 pelo marceneiro Georges Jacob para o segundo quarto turco do conde de Artois, o futuro

    Carlos X, no Chteau de Versailles. A base da mesa esculpida em madeira dourada. As quatro pernas culminam em

    sereias aladas, enquanto o avental esculpida com vrios trofus de armas. A parte superior cinza-azul de mrmore.

    Disponvel em: http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/oak-console-table-marble-top

    28

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015

    3.3 Estilo Diretrio25

    O estilo Diretrio um estilo decorativo de design de interiores e mobilirio, que se observa

    num curto perodo de tempo entre o fim do sculo XVIII e incio do sculo XIX na Frana. O estilo

    Diretrio abrange o final do reinado de Lus XVI, sendo um estilo transitrio entre Lus XVI e o

    Imprio, porm tem mais caractersticas do estilo Imprio. Aps a Revoluo foi um perodo em

    que a situao econmica da Frana estava pssima. Este estilo caracteriza-se pela fuso formal

    entre o carter mais sbrio e severo do estilo Lus XVI, conseqncia da reao ao luxo de uma

    sociedade conturbada e empobrecida devido revoluo, e os novos elementos de antecipao do

    estilo imprio, nomeadamente os smbolos de glria do imperador Napoleo I.

    A decorao de interiores vai assumir um papel de extrema importncia neste estilo,

    surgindo a moda dos sales, onde as pessoas procuram esquecer os terrores da revoluo e estar em

    sociedade. De um modo geral o interior ganha em leveza e elegncia. As tapearias so substitudas

    pelo papel de parede; as cortinas, assim como os txteis sobre o mobilirio, so simples e estreitos,

    e apresentam agora decorao classicista no lugar dos brocados anteriores.

    A descoberta das runas de Pompeia vai fazer emergir toda uma srie de gostos classicistas,

    que vo ser reavivados um pouco por todas as expresses artsticas, apresentando a pintura uma

    enorme variedade destes elementos assimilados. Exemplo disso so as pinturas de Jacques-Louis

    David, onde se podem observar, no s vrias peas de mobilirio inspiradas nos achados de

    25 LUS XVI E DIRETRIO. Publicado em 6 de novembro de 2012 . Disponivel em:http://omoveldantesedepois.blogspot.com.br/2012/11/luis-xvi-e-diretorio.html .Acesso em 31 de julho de 2015.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 29

  • Pompeia, como tambm a nova moda no que diz respeito indumentria, especialmente a feminina.

    Madame Rcamier por Jacques-Louis David, 1800, leo sobre tela, 244 x 75 cm Museu do Louvre,

    Paris.

    Mobilirio

    O mobilirio do estilo Diretrio evoluiu a partir de Lus

    XVI como se os estilos continuassem sem se perturbar

    com a revoluo. No aconteceu no mobilirio uma

    revoluo artstica sbita e completa como foi na

    poltica, filosofia e na sociedade.

    No perodo os marceneiros mostraram

    lealdade ao regime, eliminando motivos e

    desenhos que lembrassem monarquia. As

    propores e linhas do estilo Lus XVI foram

    30

    Madame de Verninac por Jacques-Louis David, 1799, Cadeira em estilo directrio e indumentria de inspirao clssica (idealizao).

    Nicos Hadjinicolaou, historiador de arte, referiu-se a esta pintura

    como a ideologia imagtica do directrio. A figura est reclinada

    sobre uma lit de repos executada por Georges Jacob.

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DESIGN DE INTERIORES AGOSTO DE 2015conservadas, tendo por ornamentos motivos clssicos ou revolucionrios.Os mveis eram pintados

    com tons esbranquiados, s vezes com linhas vermelhas e azuis, que eram as cores da bandeira da

    liberdade.

    Os mveis eram inspirados atravs dos baixos

    relevos gregos e romanos; continuavam com as

    pernas retas, s vezes as pernas de trs se curvavam

    ligeiramente para fora (arcadas), sendo denominadas

    por pernas em sabre. Os encostos eram curvos

    terminados em rolo exteriormente, voltados para trs

    terminando em voluta.

    Caracterizao formal do mobilirio

    Estruturas: depuradas e simples, propores

    equilibradas, linhas direitas ou curvas discretas, e

    decorao de inspirao na Antiguidade;

    Materiais: uso generalizado de materiais mais

    baratos. Madeira (mogno macio ou folheado,

    cerejeira, limoeiro) e quase ausncia total de bronze

    e talha aplicada ao mobilirio. Moda de mobilirio

    totalmente feito em metal semelhana das peas

    encontradas em Pompeia;

    Pintura: o mobilirio freqentemente lacado

    apresentando uma enorme gama de tons (violetas,

    laranjas e preto); os motivos escultricos destacam-se em cores vivas sobre fundos escuros, moda

    de Pompeia. Cadeiras: Mogno ou faia pintada; espaldar vazado (com aberturas) terminando em

    banda horizontal abaulada ou enrolada para fora na parte superior, pernas simples, de seco

    quadrada ou circular, em que as de trs podem fazer uma ligeira curvatura para fora.

    ARTES VISUAIS E MOBILIARIO Cristiane Lell de Souza 31

  • As cmodas, mesinhas, secretrias e penteadeiras recebem linhas mais rgidas.

    32

  • Abaixo temos uma tabela com o mobiliario em cada perodo:

    ESTILOS FRANCESES - BARROCO E NEOCLASSICISMO (SC.. XVII E XVIII)

    Extraido de: CASTELNOU, Antoniio . Apostila 1 - Histria da Habitao e Mobilirio - Curso De Arquitetura e Urbanismo .Universidade Federal Do Paran. 2008.

  • FIGURA 1: Abaixo a figura escolhida para fazer anlise dos estlios de mobilirio francs:

    Extrado De: Um Translumbrante Palcio Na Europa. Maio 2013 - Decorador: Jean-Philippe DejustDisponivel em : http://www.40forever.com.br/um-translumbrante-palacio-na-europa/ Acesso em 29 de julho de 2015.

    1 23

    2

    1

    43

  • A ambiente acima apresenta traos dos movimentos artisticos mais profcuos no desenvolvimento da decorao de interiores e design de

    mobilirio na Frana. O estilo rococ esta presente nas propores mais reduzidas e harmoniosas do mobilirio, com ornamentos mais leves e

    delicados, dispostos assimetricamente. Alm das curvas estilizadas e mais livres, os motivos decorativos, como atributos ao amor, msica e a cincia,

    flores, que tornaram-se o emblema feminino e levaram os motivos florais a predominaram tanto no entalhe como na marchetaria.

    Objetos analisados:

    1 - Cadeira - Este modelo de cadeira similar a presente na figura se trata de um - Bergres neoclssicos la

    reine por Demay tambm na coleo do museu (1973.305.3).

    Feito de madeira de faia entalhada e dourada, as poltronas tm uma volta ligeiramente curvada. Dois remates pinha

    rescindir o trilho superior enquanto os motivos decorativos de prolas e guilloches, rolos de acanto, e colunas so

    freqentemente encontradas em mobilirio neoclssicos criados durante o reinado de Lus XVI. No entanto, na

    figura os desenhos so florais remetendo ao estilo Rococ. Elementos dourados e prateados, as aplicaes em

    bronze e, complementando os aspectos decorativos, usou-se a superfcie dos mveis com contornos claramente

    definidos por entalhes em forma de volutas, flores e palmas. Outro aspecto que enquadra essa cadeira no estilo de

    Luis XVI so o estlio das pernas retas e com desenho fileteados remetendo as colunas greco-romanas, caracretistica do perodo neoclssico.

  • 2 - Cadeira - Semelhante a cadeira demosntrada no ambiente acima se trata de um modelo que sinnimo

    de estilo rococ. H uma resistncia e uma solidez nas de Louis XV, mas com generosas pores de curvas

    sinuosas: ao longo dos trilhos de assento, as costas, os braos e as pernas. Os fauteuils, ou poltronas cobertas,

    ainda tem um amplo aspecto, rectangular para eles, mas a forma cortejada com curvas, Entalhe, e

    douramento. No meio reinado de Lus XV, o luxo opulento de cadeiras totalmente douradas cresceu um

    pouco mais suave, s vezes substituindo douramento uniforme com uma combinao de tinta branca e ouro.

    No movel da figura como um exemplar do estiloo de luis XV apresenta o principio da continuidade.

    O Mobilirio Lus XV tem mais em comum com o ser vivo, a unidade e a continuidade de partes. Em uma

    poltrona Louis XIII ou Louis XVI as pernas, onde se encontram a sede parecem terminar abruptamente num

    molde circular ou de um cubo, ornamentada com rosetas; a separao do dois elementos voluntariamente

    afrmada.

    Por outro lado, em uma poltrona Louis XV, a perna uma continuao do banco, que tambm continuada

    no console do brao; o console 'e o brao parecem ser um s, e o brao carrega nas costas apenas como um

    ramo continua a tronco de uma rvore, ou como um membro continua o tronco de um animal. Isto, de fato,

    uma das caractersticas dominantes do Estilo Lus XV; ele pode ser chamado "O princpio da continuidade.

    https://www.onekingslane.com/info/home/rococo-in-france/#.VbkOyPlViko

  • 3- Cmoda - Apresenta-se como um movel de

    transio, pois tem as formas em linhas retas e os ps

    canelados do estilo Luis XVI. No entanto apresenta a

    laca e a aplicao do douramento e seu tampo em

    mrmore heranas do estlio de Luis XV. Pode- se

    dizer que se trata de um hibrido..

    Pois tras a simplicidade e a elegncia das propores

    e dimenses marcam o estilo de Lus XVI onde h

    uma busca por repouso e moderao nas linhas com

    prioridades para uma harmonia entre as linhas retas e

    curvas que eram geometrizadas. Com a pompa e o

    luxo nos detalhes de Luis XV.

    um estilo hbrido que conjuga elementos opostos,

    preferindo a linha reta e a sobriedade na decorao,

    no entanto deixando tona linhas curvas que

    suavizam a rigidez, dotando as peas de alguma

    leveza criando assim uma esttica muito prpria e

    considerado um dos estilos franceses de maior

    impacto sendo por isso ao longo do tempo o mais

    revivido. Este estilo apresenta os ps retos, estreitando em direo ao cho, assemelhando-se mais a suportes.Os fustes em caneluras das colunas

    dricas influenciaram os ps das peas que eram encimadas por um quadradinho com patera ou roseta.

  • 4 - sof - O estilo Lus XVI traz maiorsimplicidade e rigidez. Mas ainda com apresena de curvas ainda de Luis XV e osmotivos florais. Os ngulos um pouco maisretos so predominantes, contrastando com omobilirio Lus XV. influenciado pelosmveis da Antigidade Clssica (uso decolunas e drapeados) e pelo seucontemporneo Chippendale.