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A POLÍTICA DE REFORMA AGRÁRIA NOS GOVERNOS FHC E LULA E SEUS REBATIMENTOS NA REGIÃO DO BREJO
Diego Pessoa Irineu de França Universidade Federal da Paraiba- UFPB
Pablo Melquisedeque Souza e Silva Universidade Federal da Paraiba- UFPB
Resumo
O objetivo deste artigo é refletir acerca da política de reforma agrária brasileira desenvolvida na década de 1990 especialmente durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), observando os diferentes rebatimentos sobre a microrregião do Brejo paraibano. Neste sentido, buscou-se entender a política de reforma agrária no contexto da questão agrária brasileira que, por sua vez, tem se modificado devido às transformações impulsionadas pela modernização da agricultura, sobretudo a partir da consolidação do capitalismo no Brasil.
Palavras chave: Questão Agrária. Reforma Agrária. Brejo Paraibano.
Introdução
O debate acerca da questão agrária brasileira vem sendo construído ao longo de muitos
anos por estudiosos de diferentes áreas do conhecimento. Alguns são favoráveis à
realização de uma política de reforma agrária que supostamente resolveria os problemas
de desigualdade no campo e aliviaria os problemas na cidade. Outros consideram que a
questão agrária nem existe mais em nosso país. No entanto, embora tenha se modificado
ao longo do processo histórico, a questão agrária se apresenta como um problema
estrutural no interior do capitalismo.
Deste modo, se faz importante distinguir reforma agrária de questão agrária, pois a
primeira, consiste em uma política governamental fruto de conquistas populares, ao
passo que, a segunda diz respeito a um problema muito mais amplo referente à
cojuntura econômica, social e política do país. Portanto, a existência da política de
reforma agrária não garante efetivamente que irá resolver a questão agrária como foi
visto ao longo de diversos governos (SILVA, 1980).
A reforma agrária vista enquanto uma conquista que surge de reivindicações e pressões
dos movimentos sociais e dos diferentes sujeitos sociais envolvidos, remete a sua
compreensão a partir da noção do território. Através da luta, o território assume um
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lugar central nas disputas por terra o que se caracteriza enquanto embates antagônicos
entre classes distintas (Oliveira, 2002). Neste sentido, o jogo de poder entre os sujeitos
que reivindicam a reforma agrária e os que teimam em não realiza-la, além de
permanecer latente na batalha legal, é evidenciado nos diferentes conflitos por todo o
território nacional.
Sendo assim, o objetivo desse trabalho é refletir criticamente acerca da política de
reforma agrária brasileira desenvolvida na década de 1990 especialmente durante os
governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva (Lula),
observando os diferentes rebatimentos sobre a microrregião do Brejo paraibano. Essa
região embora não tenha sido alvo de grande modernização agrícola, ao contrário de
outras regiões brasileiras, foi o locos de grande número de conflitos por terra, sobretudo
contra a exploração do trabalho e a expropriação familiar, resultando em assentamentos
rurais frutos das lutas camponesas articuladas com os diferentes agentes sociais[1].
O presente texto está estruturado em três partes principais. Na primeira, busquei discutir
sucintamente o processo histórico que resultou no agravamento da questão agrária
brasileira no intuito de identificar a gênese dos problemas agrários articulados ao
desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Na segunda, retomei a discussão do processo
de redemocratização e do desenvolvimento da política de reforma agrária na década de
1990, com ênfase nos governos de FHC e Lula. E por último, identifiquei alguns dos
principais rebatimentos da política de reforma agrária, referentes às transformações nas
relações de trabalho, na estrutura fundiária e nas relações de poder.
A questão agrária Brasileira
Durante muito tempo defendeu-se a necessidade de uma reforma agrária no Brasil,
fizeram leis que a efetivassem e criaram-se institutos que se encarregariam de
desenvolver a política agrária nacional. No entanto, ela não se concretizou totalmente,
pois na atualidade ainda persiste a grande concentração de terras e da riqueza
(ANDRADE, 1994).
Essa realidade não é uma coisa nova, tem suas origens arraigada na forma de ocupação
e exploração do território nacional desde o período colonial até os dias atuais. Um
processo que percorre toda a história do Brasil e que se mostra aos contemporâneos
como um problema a ser resolvido tendo em vista a necessidade de milhares de pessoas
em conseguir acesso a terra.
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De acordo com José de Souza Martins (1997, p. 48):
“a questão agrária brasileira nasce no processo de extinção da escravidão negra no século XIX (....)(pois) até então o regime de propriedade era o da livre ocupação das terras devolutas (...)(de modo que) o estado mantinha o domínio(das terras) e cedia apenas ao uso. O direito a propriedade recaia apenas sobre as benfeitorias. Os títulos da terra só podiam ser obtidos por homens livres e brancos (os chamados homens bons) que tinham direitos políticos ”.
Como pode-se perceber a propriedade da terra no Brasil sempre esteve ligada
diretamente a uma condição sócio-econômica dos indivíduos, pois o monopólio sobre
os meios de produção e sobre a força de trabalho foi, uma marca da sociedade
escravocrata fundada no tripé monocultura, latifúndio e escravidão.
Com o declínio da escravidão no Brasil, especialmente a partir de 1850, os Estado cria
mecanismos para que a mão-de-obra, tão necessária nas grandes propriedades, não
faltasse. Nesse caso, sendo o escravo a força de trabalho predominante para o sistema
sócio-econômico, quem trabalharia nas terras com o fim da escravidão? Evidentemente,
necessitava cada vez mais da criação de mecanismos para favorecer a disponibilidade de
força de trabalho nas propriedades dos senhores.
Nesta perspectiva, a lei de terras de 1850 serviu para solucionar este problema, pois ela
restringiu o acesso a terra unicamente pela via da compra, o que impossibilitaria,
logicamente, sua aquisição pela maior parte da sociedade brasileira formada de
escravos, índios e pobres. Deste modo, muitos autores costumam dizer que antes(1850)
existiam terras livres e homens presos e, depois, homens soltos e terras presas.
A partir de então, a aquisição da propriedade da terra tem um papel significativo para
entender a organização e submissão do trabalho. Pois, ex-escravos, homens livres e
migrantes estrangeiros que não detinham dinheiro para adquiri-las, passaram a trabalhar
um bom tempo em fazendas (meeiro, parceiros, moradores, alugados) para conseguir
juntar dinheiro até comprar terras próprias (MARTINS, 1997).
Nas diferentes regiões do país o trabalhador agrícola combinou a produção de seus
meios de vida com o trabalho na grande lavoura do fazendeiro e assim foi enquanto a
terra teve fome de braços até meados do século XX (1950), a consolidação do
capitalismo e, atrelada a ele, a modernização da agricultura altera significativamente
esse quadro (MARTINS, 1997).
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Todavia, o processo de modernização brasileira a partir da incorporação do capitalismo
pelo Estado se deu de forma incompleta o que José de Souza Martins vai chamar de
modernização inconclusa. O Estado brasileiro inicia o processo de industrialização
especialmente a partir de 1930 com o governo de Getúlio Vargas, porém, faz isso,
conservando a estrutura oligárquica arcaica, promovendo uma conciliação entre a
burguesia industrial ascendente e os grandes proprietário rurais.
Como mostra claramente Paulo Martinez (1987) em Reforma Agrária questão de terra
ou de gente, a fusão dos capitais em diferentes investimentos econômicos ampliou a
solidariedade entre os donos desses capitais. Desta maneira, um dono de indústrias
mantinha negócios voltados à propriedade agrícola, bem como, os fazendeiros
mantinham negócios na indústria, buscando interesses comuns a todos os proprietários
de capitais, o lucro. Isso ao invés de gerar um enfraquecimento das oligarquias
latifundiárias acabou fortalecendo-as no cenário político nacional e se mostra como uma
entrave para a efetivação da reforma agrária.
Esse cenário brasileiro de modernização agrícola e de industrialização sem a efetivação
de uma política de reforma agrária, desencadeou processos de exclusão sociais tanto no
campo quanto nas cidades o que amplia a questão agrária para seus reflexos urbanos.
Neste sentido, os homens expulsos do campo tanto pela concentração fundiária quanto
pelo modelo agrícola moderno que não absorvia tanta mão de obra, migravam para os
grandes centros urbanos do sudeste pelo desenvolvimento da indústria. No momento em
que o avanço técnico torna a força de trabalho obsoleta e retrai a absorção de pessoas
com baixa qualificação, às cidades se tornam o lugar de problemas sociais devido à
incapacidade de incorporar tanta gente com as condições mínimas para garantir a
dignidade humana.
A luta pela terra vista neste contexto de um desenvolvimento desigual do capitalismo
agrário que ao invés de gerar desenvolvimento socioeconômico, ampliou as
disparidades entre classes e disseminou a pobreza no campo e na cidade, sobretudo a
partir da década de 1950, que marcou a consolidação do capitalismo brasileiro e
acentuou as tensões no campo. Isto propiciou o surgimento de movimentos contra a
exploração do trabalho e expropriação da terra a exemplo da Revolta de Trombas e
Formoso em Goiás, a Guerrilha de Porecatu no Paraná e ligas camponesas Nordeste
(OLIVEIRA, 1990).
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No entanto, os movimentos de contestação da ordem estabelecida pelo novo modelo
implantado retraiu com advento do regime militar. Segundo Oliveira (1990) o período
de 1964-86 marcou uma verdadeira caçada as lideranças dos movimento
revolucionários o que explica em parte a grande incidência de violência e de mortes no
campo neste período[2] e a retração das lutas populares .
Neste contexto, a política de reforma agrária deste período esteve centrada
principalmente para conter as tensões sociais no campo, através de instrumentos legais
como o estatuto da terra de 1964, que só era aplicado em casos extremos em algumas
regiões de maiores graus de conflito.
Com o período de abertura política e o processo de redemocratização brasileiro, a
reforma agrária ganha visibilidade no cenário nacional, sobretudo a partir das pressões
dos movimentos sociais que surgiram do seio das reivindicações sociais inicialmente
com a CPT surgida em 1974 e, posteriormente, com o MST surgido em Cascavel no
Paraná em 1984.
Portanto, os conflitos no campo se intensificaram, especialmente a partir da década de
1990 devido a uma insatisfação maciça dos movimentos sociais com o desenvolvimento
da política governamental de reforma agrária e também por outros fatores tais como:
intensificação da exploração do trabalho, da expropriação de camponeses por
fazendeiros e pelo capital agroexportador, da concentração fundiária e da ampliação das
desigualdades.
A redemocratização e a reforma agrária nos Governos FHC e Lula
O período de redemocratização brasileira foi marcado por uma retomada das lutas no
campo brasileiro especialmente pela permanência e acirramento da concentração
fundiária[3] e das desigualdades no campo, sobretudo nas regiões de expansão das
culturas de exportação que dão sustentáculo ao novo modelo agroexportador brasileiro
baseado na modernização agrícola (ALENTEJANO, 2011).
Nesse contexto, Fernandes (2008) considera que houve um processo simultâneo de
consolidação do modelo agroexportador/agroindustrial e intensificação das lutas pela
terra, culminando num processo de territorialização de significativo número de famílias
com a criação de assentamentos rurais em todo o país. (Tabela 1).
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Tabela 1 – Ocupações, famílias assentadas e assentamentos criados -1985-2006 Período Ocupações Famílias ocupantes Famílias
assentadas Assentamentos Área(ha)
(1985-89) 229 34.333 122.598 800 8.248.899 (1990-94) 507 82.600 61.825 461 4.485.953 (1995-98) 1987 301.908 240.819 2211 10.706.365 (1999-2002) 1991 290.578 149.140 1712 7.296.429 (2003-06) 2387 343.958 192.257 1879 17.092.624 TOTAL 7.101 1.053.377 766.639 7.063 47.830.270 Fonte: DATA LUTA (2008) adaptado de Fernandes (2008 p. 78).
A tabela 1 mostra muitas distinções entre os diferentes períodos que correspondem a
governos distintos na década de 1990. Em primeiro lugar, podemos observar um
aumento significativo número de ocupações desde a redemocratização. Este aspecto é
fundamental pra entender a reforma agrária brasileira, tendo em vista se tratar de uma
política pública e, por isso, partir de demandas sociais.
De maneira geral, o aumento das pressões sociais através da intensificação das
ocupações, proporcionou a ampliação das conquistas tanto em número de assentamentos
quanto em dimensão de área ocupada por eles[4]. Se projetarmos nossa atenção para o
período de 1995 a 2002, correspondente aos dois mandatos de FHC, verificaremos que
o foi o governo que mais assentou na história na reforma agrária brasileira.
Esta constatação feita pelo Data Luta (2008), também é evidenciada pelos documentos
oficiais responsáveis pela divulgação dos resultados de políticas governamentais. Como
podemos ver a seguir, as considerações acerca da reforma agrária são bem enfatizadas.
“Em sete anos deste governo, mais de 565 mil famílias foram assentadas. Nos trinta anos anteriores, até 1995, foram assentadas 218 mil famílias. A meta para o ano de 2002 é assentar em torno de cem mil famílias seja pelo instituto da desapropriação, pelo INCRA, ou por meio do crédito fundiário do banco da terra. O Brasil está realizando sem atropelos nem arranhões ao Estado de Direito – a maior reforma agrária do mundo” (BRASIL, 2002, p. 192).
Mesmo apresentando números significativos, vale resaltar que existem muitas críticas à
reforma agrária desenvolvida por FHC, por parte dos movimentos sociais e por
intelectuais que estudam a questão agrária brasileira. Essas críticas estão concentradas
principalmente sobre o favorecimento deste governo ao modelo que denominou de
Novo Rural.
Este modelo corresponde a uma série de políticas direcionadas ao desenvolvimento do
capital e do mercado, através da criação do Banco da Terra, o que tem destituído o
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sentido das formas históricas de lutas dos trabalhadores. Neste modelo a reforma
agrária de mercado, como ficou conhecida, tem descaracterizado o conceito de reforma
agrária enquanto luta social (FERNANDES, 2001).
Isso causa implicações muito negativas, sobretudo quando entendemos que a inserção
da política de reforma agrária na lógica de mercado de troca e venda de terras, além de
subordinar os assentamentos a essa lógica, enfraquece a historicidade dos movimentos
sociais que lutam por mudanças estruturais como o MST, que tem na luta pela terra e
contra o modelo do agronegócio, seu principal motivo de existir.
Além disso, as políticas de criminalização dos movimentos sociais foram uma marca
deste governo. O que o governo chama de combate às invasões de propriedades rurais,
é, na verdade, uma série de medidas adotadas para impedir o avanço das conquistas
sociais para uma efetiva reforma agrária.
Como os próprios dados do governo mostram, tais medidas provocaram uma retração na
luta pela terra através das ocupações de terra:
“A medida provisória nº 2183, de 2001, determinou que imóvel que for objeto de invasão motivada por conflito agrário ou fundiário não será vistoriado, avaliado ou desapropriado para fins de reforma agrária nos dois anos seguintes ou o dobro desse prazo em caso de reincidência. A portaria nº 101, de 2001, do MDA, exclui do programa de reforma agrária do governo federal as pessoas que forem identificadas como participantes diretos ou indiretos de invasões (...). As invasões que em 1997 chegaram a 502, em 2001 foram reduzidas para 157” (BRASIL, 2002, p. 197).
Como pode ser visto essas medidas provocaram uma redução significativa no número
de ocupações no período de sua vigência. Ao mesmo tempo, pode-se observar um
decréscimo no número de famílias assentadas (- 38%), de assentamentos criados (-
22,6%) e dá área (-31,8%) no período de implementação das medidas conforme mostra
a tabela I anteriormente. Portanto, a política de reforma agrária de FHC tem servido
muito mais para conter as tensões sociais desencadeadas no campo, resultantes do novo
modelo adotado, do que para promover verdadeiras mudanças estruturais referentes à
questão agrária.
Como mostra Fernandes (2003), embora FHC tenha propagandeado que realizou a
maior reforma agrária da história do Brasil, na realidade sua política de reforma agrária
produziu pelo menos dois resultados lamentáveis: o represamento com o crescimento do
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número de famílias acampadas, que em 2003, chegou a cento e vinte mil famílias, e a
precarização dos assentamentos implantados, que foram implantados como projetos
incompletos, que além de não terem infra-estrutura básica, a maior parte também não
recebeu crédito agrícola e de investimento.
Reforma agrária no Governo Lula
O governo Lula nasce como uma esperança para enfrentamento da questão agrária
brasileira que durante séculos não encontrou solução efetiva nas políticas
governamentais. No entanto, como já mostrava Fernandes (2003), por não haver uma
correlação de forças favoráveis à efetivação reforma agrária no congresso nacional,
tendo em vista a afinidade desta com o paradigma do capitalismo agrário, a questão
agrária poderia ser tida como inexistente e a reforma agrária, por sua vez, tomada como
política compensatória, culminando em um retrocesso das conquistas sociais.
Para Fernandes (2003) o governo Lula deveria enfrentar alguns desafios para realizar
efetivamente a reforma agrária. Um deles consiste em conceber a reforma agrária
enquanto uma política de desenvolvimento territorial cujo objetivo é a desconcentração
da estrutura fundiária e não como uma política compensatória como todos os governos
anteriores fizeram.
“A reforma agrária é uma política pública de desconcentração fundiária por meio da desapropriação de terras. Crédito fundiário para compra de terras não deve ser confundido com reforma agrária, para não se repetir a esdrúxula expressão: “reforma agrária de mercado”do governo FHC” (FERNANDES, 2003).
O governo Lula está imbuído no processo de modernização da agropecuária inserida em
uma lógica de mercado global que por sua vez é encabeçada por empresas e instituições
supranacionais que ao monopolizam o território nacional, geram processos de exclusão
e precarização do trabalho. Neste sentido, o avanço das monoculturas tem provocado
uma serie de transformações no campo, acelerando o processo de expropriação de
muitos camponeses, sobretudo nas fronteiras agrícolas[5], o que provoca um aumento
significativo da violência no campo.
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Para Simonetti (2010) o governo Lula vem repetindo as mesmas políticas para o campo
de seus antecessores, através do fortalecimento de um modelo concentrador de terras, de
riqueza e de poder. Isto pode ser evidenciado quando observa-se o descumprimentos nas
metas previstas pelo II PNRA e falseando dados da reforma agrária
Como mostra Oliveira (2007):
“[...] se for somado à Meta 1 - novos assentamentos, com a Meta 2 - regularização fundiária, nos quatro anos do primeiro mandato do governo Lula, deveriam ter sido assentadas 900.000 famílias, entretanto, alcançou-se apenas 42% da meta proposta. Pior do que isso, o MDA/Incra passou a faltar com a verdade, pois, NÃO ESTÁ CUMPRINDO AS METAS DOS ASSENTAMENTOS NOVOS, por exemplo, quanto se analisa os dados de 2003, 2004 e 2005, o MDA/Incra anunciou ter assentado 245.061 famílias. Mas, a reclassificação desses dados permite chegar-se aos seguintes resultados: - reforma agrária - Meta 01 do II PNRA (Assentamentos decorrentes de ações desapropriatórias de grandes propriedades improdutivas, compras de terra e retomada de terras públicas griladas) - foram assentadas apenas 79.298 famílias; - regularização fundiária (Reconhecimento do direito das famílias – populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhos, pescadores posseiros, etc. - já existentes nas áreas objeto da ação (flonas, resex, agroextrativista, desenvolvimento social, fundo de pastos, etc) - foram assentadas 39.221 famílias; - reassentamentos fundiários de famílias atingidas por barragens (proprietárias ou com direitos adquiridos em decorrência de grandes obras de barragens e linhas de transmissão de energia realizadas pelo Estado e/ou empresas concessionárias e/ou privadas) - assentaram 1.670 famílias; - reordenação fundiária (substituição e/ou reconhecimento de famílias presentes nos assentamentos já existentes) - envolveram 124.872 famílias” (OLIVEIRA, 2007).
Para Fernandes (2008), além desses problemas de descumprimentos nas metas do II
PNRA, a simpatia do governo Lula pelo agronegócio tem se mostrado cada vez mais
um impedimento a realização da reforma agrária. Neste sentido, a não desapropriação
de terras em áreas de interesses das multinacionais tem sido uma maneira de garantir
apoio político do agronegócio.
Essa ideia é reforçada por Porto-Gonçalves (2009) ao demonstrar, a expansão das
culturas de exportação em detrimento de culturas que compõe a alimentação básica dos
brasileiros, o que chama de anti-reforma agrária dos governos ao longo de dezesseis
anos. “[...] anti-reforma agrária quando se observam os dados de evolução da área plantada no Brasil nos últimos 16 anos (entre 1990 e 2006). Se tomamos três produtos típicos da agricultura empresarial – a cana, a
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soja e o milho – que estão implicados nos processos de uma agricultura voltada para a produção de combustível (cana e soja) ou para alimentação animal (milho e soja) observamos que a área total plantada passou de 27.930.805 hectares, em 1990, para 41.198.283 hectares, em 2006, um aumento de 47,5%. Quando observamos a área total destinada à produção de três produtos característicos da cesta básica de alimentação do brasileiro – o arroz, o feijão e a mandioca - notamos que a área total diminuiu de 11.438.457 hectares para 9.426.019 hectares, ou seja, uma queda de 17% no mesmo período”.
Como se pode perceber, o problema da não realização da reforma agrária não está
assentada especificamente em um governo especial seja ele de direita, ou de esquerda.
Embora seja uma necessidade e uma dívida histórica para milhares de pessoas por todo
o país, a reforma agrária tende a não sair do papel. Por que? Certamente, a
complexidade que envolve a questão agrária é muito profunda e não temos uma resposta
precisa a está pergunta. Porém, diante da conjuntura de uma economia mundializada em
que os países, sobretudo os em desenvolvimento como o Brasil que priorizam as
políticas direcionadas a reprodução do capital industrial e financeiro, poderíamos pensar
em uma reforma agrária efetiva fora dessa lógica? Acredito ser pertinente pensar nessa
segunda pergunta, pois talvez esteja nela a chave a entender o entrave da reforma
agrária e do agravamento da questão agrária brasileira.
Os rebatimentos sobre o Brejo
Como foi visto, a década de 1990 foi um marco na história do Brasil no que se refere à
criação de assentamentos rurais por todo o território nacional, sobretudo nos governos
de FHC e Lula que, por sua vez, tiveram algumas diferenças, mas também, semelhanças
e continuidades.
Neste período, o Brejo paraibano foi uma região de grandes conflitos agrários
impulsionados principalmente pela intensificação da exploração do trabalho e da
estrutura fundiária, o que acarretou no surgimento de 34 áreas de assentamentos, numa
área de 19.730 hectares, sob a posse de 1.551 famílias nos diferentes municípios.
(INCRA, Demonstrativo dos assentamentos). (Tabela 2).
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Tabela 2. ÁREA TOTAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS EM RELAÇÃO AO BREJO E AOS MUNICIPIOS DO BREJO -1990-2006
Região/municípios Área total Nº de PAs**
Área (ha) % da área total* Nº de Famílias
BREJO (região) 89.832 34 19.730 22 1551 ALAGOA GRANDE
22.037 12 4057 18 515
BANANEIRAS 16.736 8 4851 29 354 PILÕES 5.185 4 1457 28 129 AREIA 21.966 7 7777 35 418 MATINHAS 3.632 1 996 27 50 SERRARIA 6.703 2 991 15 85 Fonte: Organizada a partir dos dados do IBGE, 2006 e INCRA, 2010. *Esse percentual é referente ao total de área dos estabelecimentos agropecuários na Região ou município. **Projetos de assentamentos Como mostra a tabela 2, as mudanças provocadas pelo surgimento dos assentamentos
são muito significativas do ponto de vista quantitativo, onde cerca de 22% da área total
dos estabelecimentos que compõe o Brejo é formada de assentamentos criados no
período de FHC e Lula. Neste contexto, a partir da tabela 3, também é possível observar
uma leve redução da concentração de terras no intervalo de tempo entre os dois Censos
Agropecuários de 1995/6 e 2006[6], período este que coincide com a oficialização da
maior parte dos assentamentos.
Ao analisar, no mesmo período anterior, o crescimento percentual dos pequenos
estabelecimentos agropecuários enquadrados entre 10 e 20 hectares, notamos um
aumento de 67% no número de estabelecimentos e de 62% da área ocupada por eles.
Por outro lado, os grandes tiveram um decréscimo significativo tanto em termos de
número quanto em área ocupada especialmente nos estabelecimentos maiores de 100
hectares. (Tabela 3 – VER ANEXO - I).
Tabela 3. ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO BREJO PARAIBANO (1995- 2006) 1995 2006 Tx. de Cresc. No
período (%) Grupos de área(ha)
Nº Est. % Est Área % Area Nº Est. % Est. Área % rea Nº Est. Área
0 -10 7386 85,98 21613 20,7 9229 84,82 25853 28,78 25 19,6 10- 20 545 6,34 6836 6,6 775 7,12 9750 10,85 42 42,6 20 - 50 304 3,54 8861 8,5 328 3,01 9362 10,42 8 5,7 50 - 100 136 1,58 9221 8,8 115 1,06 7886 8,78 -15 -14,5 100 -200 116 1,35 15406 14,8 93 0,85 12103 13,47 -20 -21,4 200 - 500 86 1 24299 23,3 56 0,51 16557 18,43 -35 -31,9 500 - 1000 13 0,15 8452 8,1 7 0,06 4670 5,2 -46 -44,7 1000 - 5000 5 0,06 9631 9,23 3 0,03 3650 4,06 -40 -62,1 S/ declaração de área
- - - - 276 2,54 - -
Total 8591 100 104318 100 10882 100 89831 100
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Verifica-se no mapa 1 a distribuição espacial dos Projetos de Assentamentos da
Microrregião do Brejo Paraibano. Todavia, vale ressaltar que além da fragmentação da
propriedade no Brejo, a partir de uma política de reforma agrária pela implementação de
projetos de assentamento, existem muitas outras formas de divisão da propriedade seja
através da compra direta por outras pessoas, ou até mesmo pela transferência através de
herança. Mas o que não se pode negar é a influência direta que a luta pela terra e a ação
do Estado teve para atenuar esta concentração no Brejo.
Mapa 1 – Projetos de Assentamentos na microrregião do Brejo Paraibano
Fonte: Dados presente no quadro demonstrativo dos projetos de assentamentos do INCRA-PB-2005.
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Se por um lado, observamos algumas mudanças passiveis de quantificação como a
estrutura fundiária, por outro, estamos conscientes de que os impactos não são
meramente quantificáveis e, por isso, buscamos refletir sobre as transformações na vida
de camponeses após o surgimento dos assentamentos, especialmente no que diz respeito
às relações de trabalho. Neste sentido, a partir do momento em que há uma
fragmentação da propriedade da terra, também ocorre simultaneamente uma
reconfiguração na relação de trabalho e de poder anteriores (SILVA, 2006).
Deste modo, os assentamentos rurais representam, inicialmente, uma vitória dos
trabalhadores que antes de possuir um pedaço de chão viviam submissos à figura do
patrão através de diferentes relações de trabalho (meia, trabalho alugado, morador,
arrendatário etc.) como pode ser exemplificado pelas palavras de um assentado: “no
início quando as terras era do patrão, nós trabaiava de meia, a maioria das casas era
de paia, ele não deixava agente criar nem uma cabra sequer, nem mesmo pra alimentar
os filhos”[7].
Como mostra Bergamasco (1997), ao analisar a realidade dos assentamentos brasileiros
a partir dos números disponíveis no I Censo da Reforma Agrária do Brasil[8], a maior
parte dos assentados de Reforma agrária já viviam e/ou trabalhavam na agricultura,
todavia, sob diferentes relações de trabalho.
“A grande maioria dos beneficiários já trabalhou na agricultura. Cerca de 19,7% deles foram arrendatários, parceiros e foreiros; 16,6% foram posseiros e 9,1% ocupantes; 12,4% vendiam sua força de trabalho na forma de assalariamento. Do total, apenas 16,3% eram proprietários anteriormente. Assim, os assentamentos representam uma transformação no tipo de relações sociais nas quais estavam inseridas estas famílias; uma transformação na forma de uso da terra; uma transformação das práticas de produção agropecuária. Representam uma nova forma de produzir, um novo controle sobre o tempo de trabalho, a realização de atividades que até então não faziam parte de suas atribuições nas relações sociais anteriores. A redefinição das relações sociais em torno da posse da terra pode ser compreendida como um ponto de partida para a redefinição de um conjunto de outras práticas sociais”( BERGAMASCO, 1997, p. 8).
Neste sentido, o surgimento dos assentamentos permite a construção de novas
sociabilidades que em muitos casos rompem com a estrutura de dominação da terra. Por
isso, é importante perceber essas mudanças nas relações trabalho, pois no mundo
camponês o trabalho não está voltado para obtenção de lucro a partir da produção.
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Muito pelo contrario, até a sua noção de lucro é diferente da capitalista. Portanto trata-se
de dois modelos e duas concepções de mundo distintas.
Nesta perspectiva, Bombardi (2004) vai perceber, assim como Chayanov já apontava,
que a centralidade do trabalho camponês nas necessidades da família é um fator muito
importante para que o campesinato continue existindo, pois mesmo se o produto de seu
trabalho não trouxer muito “lucro” em relação ao dispêndio de trabalho e de insumos
utilizados na produção, o camponês se satisfaz na medida que este produto seja
suficiente para a manutenção da família (garantir alimentação, aquisição de mercadorias
que ele não produz, sementes para o cultivo etc.).
Assim, o trabalhador camponês detém os meios de produção e regula/reconhece seu
tempo de trabalho e de sua produção, possuindo assim, relativa autonomia. Ao
contrário, um trabalhador assalariado é desprovido de qualquer meio para garantir sua
existência, e por isso, está submetido ao capital que, por sua vez, é detentor tanto do
tempo como do produto do seu trabalho. Portanto, mesmo uma reforma agrária
fundamentada na lógica de redistribuição de terras, a apropriação por parte do camponês
promove uma resignificação do território fundamentado em uma lógica camponesa.
Considerações finais
Diante do exposto até aqui, percebemos a grande complexidade da questão agrária
brasileira na atualidade, pois sua efetivação envolve disputas de poder entre diversos
grupos que tentam fazer valer seus interesses através da estrutura institucional do
Estado. Neste sentido, entende-se em parte porque a reforma agrária, enquanto uma
política governamental, não alcançou seu objetivo central de promover uma redução da
concentração fundiária e, a partir disso, com diversas políticas atreladas, reduzir
significativamente as desigualdades.
Deste modo a política de reforma agrária desenvolvida nos governos de FHC e Lula
foram intencionadas, de maneira geral, a não inferir mudanças significativas na
estrutura agrária brasileira, pois grupos de empresários e grandes proprietários que
deram sustentáculo político e econômico a esses governos, certamente constituíam-se
em um forte empecilho a sua efetivação.
Porém quando observamos em uma menor escala como a região do Brejo, o que de fato
chama a atenção é que mesmo uma política governamental fundada em uma lógica
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distribucionista, provoca diferentes transformações no território em suas múltiplas
dimensões desde a redução da estrutura fundiria até às relações de trabalho e de poder.
Uma última resalva importante, diz respeito à luta pela terra como um elemento central
na transformação da realidade no campo brasileiro. A reforma agrária, além de uma
política governamental, refere-se a uma conquista no processo histórico, complexo e
contraditório de luta dos vários segmentos excluídos (subordinados) da sociedade em
busca de melhorias. Portanto, longe de ser passiva diante das transformações, a
sociedade civil em seus vários momentos de luta, assume um papel determinante para
promover mudanças no campo brasileiro.
Notas ______________ [1] Historicamente o Brejo sempre foi uma região de elevado grau de politização tendo em vista a forte atuação dos sindicatos, das pastorais rurais e urbana, da igreja católica, do Centro de educação popular entre outros. Um bom exemplo é a sindicalista Margarida Maria Alves que morreu assassinada a mando do Fazendeiro Agnaldo Veloso Borges na frente dos seus filhos por lutar pelos direitos dos trabalhadores rurais.
[2] Paraíba é um dos Estados brasileiros onde as mortes tiveram repercussões nacional principalmente em Sapé com ênfase para a de João Pedro Teixeira que era o líder e camponês da liga de Sapé-PB e a de Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande(Oliveira, 1990, p. 30)
[3] O índice de Gini que mede a concentração fundiária permaneceu estagnado nas ultimas duas décadas. Passou de 0,856 em 1996 para 0,854 em 2006. Todavia em algumas regiões um aumento da concentração, desencadeado pela expansão do agronegócio nas fronteiras agrícolas (ALETEJANO, 2011).
[4] O período que corresponde ao governo de José Sarney é uma exceção desse período, onde o número de famílias ocupantes não é maior que o de famílias assentadas. Segundo Fernandes (2008), isso se dá pela esperança que os movimentos sociais tinham na reforma agrária desse governo. No entanto, ele só cumpriria 10% do I PNRA, tornando as ocupações inevitáveis nos períodos seguintes. Certamente, esse descumprimento de metas, a ampliação das desigualdades sociais no campo e na cidade e o maior poder de articulação dos movimentos sociais (principalmente o MST) foram determinantes para o aumento das ocupações.
[5] A região Centro-Oeste apresentou os maiores índices de conflito, secundada pela região norte, coincidindo com as áreas onde se verificou a expansão da agricultura empresarial. Rondônia, Tocantins, Rodovia Cuiabá-Santarém, sul do Piauí, Maranhão, oeste da Bahia, são os estados onde se verificam os maiores índices de violência no ano de 2003, coincidindo com a expansão e intensificação da agricultura de exportação.
[5] Este período corresponde ao surgimento da maior parte dos assentamentos do Brejo.
[6] Entrevista realizada com Assentado do PA. Nossa Sra. das Graças na casa de Farinha quando trabalhava na fabricação da farinha em 01 de julho de 2010.
[7] Este censo foi encomendado pelo INCRA fica sob a responsabilidade de várias Universidades brasileiras coordenadas pela Universidade de Brasília, devido à polêmica iniciada a partir dos questionamentos do MST sobre a política de Reforma Agrária do Governo FHC (Bergamasco,1997).
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Referências
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