a pele da terra (5ª série)

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  • 8/14/2019 A pele da Terra (5 Srie)

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    Prospectorelativoaumt

    em

    a-chavedoAnoInterna

    cionaldo

    PlanetaTerra

    2007-2009

    Cincias da Terra para a Sociedade

    www.yearofplanetearth.org

    Solo -a pele da Terra

  • 8/14/2019 A pele da Terra (5 Srie)

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    Qual o propsito deste prospecto?

    Este prospecto relativo a um dos principais

    temas cientficos a tratar no mbito do Ano

    Internacional do Planeta Terra.

    Descreve, de forma acessvel, por que motivo este

    tema foi escolhido e qual a razo de toda a

    investigao com ele relacionada e que o Ano

    Internacional espera apoiar de importncia

    vital para a nossa compreenso do Sistema Terra e

    da sociedade.

    O prospecto foi escrito por um conjunto de

    especialistas mundiais reunidos sob os auspcios

    do Comit do Programa Cientfico do Ano

    Internacional do Planeta Terra.

    Para saber mais

    Para saber mais acerca dos outros temas de

    investigao contemplados, favor consultar

    www.yearofplanetearth.org e www.progeo.pt/aipt

    (onde podem ser encontradas todas as nossas

    publicaes).

    O que fazer de seguida

    Se um cientista que deseja desenvolver uma

    proposta de investigao sobre este tema, por favor

    visite o site www.yearofplanetearth.org,

    descarregue o formulrio "Expression of Interest

    (Science)" adequado e siga as instrues ou envie-o

    para o Ano Internacional. Se no conseguir

    encontrar o formulrio que pretende, isso significa

    que ainda no est em condies de ser

    disponibilizado. Neste caso, por favor, continue avisitar o site.

  • 8/14/2019 A pele da Terra (5 Srie)

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    Quem esteve na

    origem do Ano

    Internacional do

    Planeta Terra?

    Proposto pela Unio

    Internacional das Cincias

    Geolgicas (IUGS) em

    2001, o Ano Internacional

    foi aceite, de imediato, pela

    Diviso das Cincias da

    Terra da UNESCO e, maistarde, pela UNESCO e pelo

    Programa Internacional

    de Geocincias da IUGS

    (IGCP).

    O principal objectivo do Ano

    Internacional demonstrar

    o enorme potencial que as

    Cincias da Terra possuem

    no estabelecimento de uma

    sociedade mais prspera,

    segura e saudvel

    explica o lema dado ao Ano

    Internacional: Cincias da

    Terra para a Sociedade.

    Sem os solos, a paisagem da Terra

    seria to estril como a de Marte

    A pele da Terra

    Os solos so verdadeiramente maravilhosos. Eles so o principal

    sistema de suporte da vida e do bem-estar humano. Fornecem o

    substrato para as razes, retm gua o tempo suficiente para esta

    ser utilizada pelas plantas e fixam nutrientes essenciais para a

    vida sem os solos, a paisagem da Terra seria to estril como

    a de Marte. Os solos so o lar para mirades de microrganismos

    que provocam importantes transformaes bioqumicas - fixandoazoto atmosfrico, conduzindo decomposio de matria orgnica

    - e para exrcitos de animais microscpicos, bem como para as

    familiares minhocas, formigas e trmitas. Na realidade, a maioria

    da biodiversidade terrestre ocorre no interior do solo e no sobre

    ele.

    Constri-se no solo, sobre o solo e com o solo. Porm, os solos no sotodos iguais! A abundncia de vida, de habitats e de actividades humanasreflectem a grande variedade de solos que so a pele da Terra.

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    Solo espesso e frtil num local estvel;

    estrutura resistente, rica em matria

    orgnica, com bom nvel de nutrientes

    e capacidade de reteno de gua;permite uma agricultura intensiva

    O solo est repleto de vida

    Solo infrtil, fortemente alterado e lexiviado,

    cido e pobre em nutrientes. necessrio

    um dispendioso investimento para garantir

    uma agricultura sustentvel, embora este

    solo seja excelente para o fabrico de tijolos

    Os solos no so todos iguais!

    Diversos tipos de solos ocorrem em diferentes paisagens, no de formaaleatria mas segundo padres, identificados h 125 anos, pelo pedlogopioneiro russo Vasiliy Dokuchaev (1846-1903), em funo do material deorigem, do clima, do relevo e dos organismos vivos que actuam ao longo dotempo ou, como ele o disse, da idade da paisagem.

    As pessoas tambm fazem parte desta equao; os solos, tal como aspaisagens, so muitas vezes produzidos pelo homem. Os agricultoresdesenvolvem solos agrcolas que, se forem bem sucedidos, so a base desistemas agrcolas sustentveis; por vezes a produo de solos fracassa,mas todas as boas prticas de gesto dos solos tm como objectivo aimplementao de uma agricultura sustentvel. As marcas do Homemso cada vez mais expressivas no desenvolvimento urbano, o que resultaem presses sobre os solos cada vez mais especficas, atravs da alteraoda utilizao dos solos, modificando a infiltrao e o escoamento, e dasalteraes climticas, para as quais os solos constituem a nica barreira quesomos capazes de gerir.

    As diferentes coberturas pedolgicas respondem gesto (e falta de gesto)de vrias formas. Por esta razo, determinados tipos de produo ou deconstruo so favorecidos em certos lugares e no noutros. Os estudos decampo identificam e caracterizam as unidades pedolgicas; vrias tcnicasda cincias do solo so ento aplicadas a fim de maximizar as vantagensnaturais ou evitar as dificuldades, como por exemplo, irrigar os solos secos,drenar os hmidos, fertilizar os pobres, e planear fundaes de obras pesadasem solos brandos.

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    A utilizao e a gesto do territrio so bem

    sucedidas quando existe compatibilidade

    com a aptido dos solos

    Os mapas de solos retratam diferentes

    tipos de solo na regio, permitindo

    uma variedade de interpretaes para

    utilizao prtica

    Principais interaces entre pedosfera

    (solo), biosfera (plantas e animais),

    litosfera (rochas), hidrosfera (gua) e

    atmosfera (ar)

    A vida, o solo, a atmosfera, a gua e as geoformas evoluram em conjunto;nenhum destes elementos seria tal como o conhecemos, sem todos osoutros. Os solos que cobrem a superfcie terrestre estabelecem a ligaoe interagem com a atmosfera e condies climticas, com as guas

    superficiais e subterrneas e com osecossistemas.

    Apesar de poderem ser irregulares e

    pouco espessos, dos solos, a camadavital do Planeta Terra, que dependetoda a vida. Contudo, tomamo-lo comocerto, tratando-o como um recursode produo e explorao ilimitadas,por vezes sem preocupao com a suaqualidade. No h muito tempo, solo,gua, combustvel e recursos mineraiseram considerados simplesmente isso

    recursos. As economias e sociedadesso construdas com base nos solos emuito do trabalho em Cincias da Terra

    dedicado a actividades que suportama economia.

    No caso das cincias do solo, istosignifica o apoio a vrias actividades,incluindo a produo agrcola, aengenharia civil, o fornecimento degua, a qualidade da gua e do ar,o saneamento e a recolha de lixo,

    DISTRIBUIO DE SOLOS NO MUNDO

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    Desenvolvimento

    sustentvel

    O termo desenvolvimento

    sustentvel surgiu da

    oposio existente entre

    aqueles que defendiam

    polticas de preservao

    da sustentabilidade

    do ambiente na Terra e

    aqueles que advogavam

    o desenvolvimento

    econmico. Os

    ambientalistas

    reconheceram que

    o desenvolvimento

    econmico necessrio

    (em parte para evitar que

    os custos da proteco

    ambiental recassem

    sobre aqueles que tinham

    menos possibilidades

    econmicas de o fazer) e

    tambm que a estagnao

    econmica reduz, muitas

    vezes, o apoio a esforos

    de proteco ambiental.

    (continua...)

    Desenvolvimento urbano em vertentes (Hong Kong). Vista area do mesmo local aps

    um deslizamento de terra em consequncia de intensa precipitao.

    visando a utilizao sustentvel deste sistema finito e frgil (ver caixaDesenvolvimento sustentvel).

    Cincias do solo e sociedadeA utilizao e a gesto do territrio so bem sucedidas quando existecompatibilidade com a aptido dos solos. As colheitas e jardins florescem,o gado cresce, as nascentes e poos enchem, as estradas e os edifciosso utilizados de forma adequada, os investimentos esto seguros e a

    maioria das pessoas nem sequer se apercebe. Esse sucesso no ocorre seos solos forem incapazes de reter gua e nutrientes necessrios. Neste caso,as colheitas falham e o gado adoece; estradas, edifcios, condutas e cabosdanificam-se em solos instveis ou com contaminao salina, podendomesmo algumas estruturas ruir catastroficamente. Nas grandes urbes, aimpermeabilizao dos solos (revestindo-os com cimento ou asfalto) induzum maior e mais rpido escoamento superficial.

    Quando existem grandes alteraes na utilizao do solo e na sua gesto,atinge-se uma situao em que as suas aptides produtivas, hidrolgicas eecolgicas se perdem aptides que consideramos como um dado adquirido.

    Apesar dos enormes sucessos obtidos neste domnio (como por exemplo,

    na aplicao de fertilizantes, na drenagem e na irrigao) verificam-se aindagraves desfasamentos entre a utilizao do solo e a sua real aptido.O desafio para as cincias do solo o de fornecer conhecimento para quelocais inadequados possam ser evitados ou que possam ser tomadas asdevidas precaues, de forma a que a estabilidade e as funes essenciais dosolo sejam garantidas.Uma nova perspectiva do Planeta Terra tem vindo a ser revelada pelas novas

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    Apesar dos enormes sucessos obtidos no domnio dos solos,

    existem ainda graves desfasamentos entre o desempenho

    das suas funes e as suas verdadeiras aptides

    De igual modo, os

    que defendiam o

    desenvolvimento

    econmico reconheceram

    um paralelismo entre as

    dotaes para a proteco

    ambiental e o conceito de

    proteco do capital numa

    economia sustentvel. Uma

    economia vivel deve viver

    dos seus rendimentos sem

    uma reduo lquida do

    capital ao longo do tempo.

    Igualmente, as populaes

    devem viver dentro da

    capacidade de carga dos

    seus ecossistemas, que

    representam uma forma

    natural de capital.

    tecnologias, que retratam processos e sistemas geolgicos nas escalas emque realmente acontecem. Sem as limitaes associadas nossa escala fsicae aos nossos cinco sentidos, podemos agora observar e medir desde a escalamolecular escala global, em perodos de tempo que vo do nanossegundoao milnio. Estas observaes tm sido integradas em modelos de processosgeolgicos, que prevem cenrios futuros com base nas actuais tendncias enas opes de gesto. Em vez de se confiar no destino, usam-se modelos depreviso para suportar decises e polticas, com potencial para melhorar a

    qualidade do solo e proteger a pele da Terra para as geraes futuras.

    O conhecimento dos minerais, da estrutura dos solos, dos organismos vivos escala microscpica e dos processos fsicos, qumicos e biolgicos oferecenovas potencialidades interessantes ao nvel da manipulao e da interveno

    sem grandes alteraes no modo como a cincia desenvolvida ou na formacomo as decises so tomadas. O antigo cientista do microscpio ptico ou daretorta o actual cientista do microscpio electrnico ou do espectrmetro demassa. Contudo, as polticas baseadas neste novo tipo de informao continuama depender da vontade e conscincia individuais, bem como da competnciadas administraes nacionais.

    O conhecimento actual acerca dos sistemas terrestres, que so maiores, maispoderosos e que existem h muito mais tempo do que os poucos milnios dedurao da civilizao humana, traz maiores implicaes.

    Na origem est a guaA fonte de toda a gua doce a chuva. Dependendo da cobertura vegetale do tipo de solo, a gua interceptada ou evaporada, infiltrada no soloou perdida atravs do escoamento superficial. O escoamento superficialmuito rpido gera inundaes, erodindo solos frteis e margens dos rios,

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    Programa Cientfico

    Um painel de 20 geocientistas

    eminentes de todas as

    partes do mundo decidiram

    elaborar uma lista da

    qual constam dez temas

    cientficos abrangentes

    gua Subterrnea, Desastres

    naturais, Terra e Sade,

    Alteraes climticas,

    Recursos, Megacidades,

    Interior da Terra, Oceano,

    Solo e Terra e Vida.

    O prximo passo proceder

    identificao de tpicoscientficos pertinentes e

    passveis de desenvolvimento

    no mbito de cada um dos

    principais temas abrangentes.

    Foram formadas equipas para

    cada um destes temas com

    o objectivo de organizar um

    Plano de Aco. Cada equipa

    elaborou um texto que ser

    publicado sob a forma de

    um prospecto dedicado a umdeterminado tema, do tipo

    daquele que tem entre mos.

    Posteriormente, sero criados

    uma srie de Grupos de

    Implementao de forma a

    iniciar o trabalho dedicado a

    cada um dos dez programas.

    Sero desenvolvidos todos

    os esforos para que se

    envolvam especialistas de

    pases com um particular

    interesse por algum dos

    temas.

    Para mais informao:

    www.yearofplanetearth.org

    Os recursos hdricos podem ser destrudos,

    ou triplicados, dependendo do

    modo de gesto dos solos

    prejudicando ecossistemas aquticos e obstruindo reservatrios e canais.Dependendo da espessura, da permeabilidade e da capacidade dos solos parareter a gua infiltrada, esta pode ser utilizada pelas plantas ou drenada para arecarga de aquferos e de cursos de gua superficiais.

    A diferena entre a gua se tornar um perigo ou um recurso est na formacomo se encontra distribuda superfcie e no perfil do solo. Por outras pala-

    vras, depende do tipo de solo, da sua utilizao e da sua gesto. Os recursos

    hdricos podem ser destrudos ou triplicados, dependendo do modo como segere o solo. Contudo, enquanto que a gesto das nascentes de gua realiza-da maioritariamente por agricultores e pastores nas reas rurais de captao,os beneficirios deste trabalho vivem esmagadoramente nas zonas urbanas ajusante. A gesto sustentvel dos recursos hdricos e a mitigao dos perigosassociados requer:

    uma melhor compreenso de cada um dos subsistemas da gua (clima,solos, morfologia, guas superficiais e subterrneas e ocupao do solo)

    uma gesto escala da bacia hidrogrfica e no apenas de sectoresseleccionados

    um pagamento, pelos beneficirios a jusante, aos gestores da gua a

    montante, no sentido de se conseguir uma gesto do territrio e da gua,mais abrangente do que a actual.

    De entre estes sistemas globais, os solos so parteintegrante do:

    Clima: atravs da interferncia no ciclo hidrolgico, na reteno de carbonoe na emisso de gases de efeito de estufa (vapor de gua, CO2, NOx emetano); (ver Terra e Sade, prospecto n 4 desta srie)

    Ciclo da hidrolgico: os solos funcionam como um elemento de ligao ecomo sistema regulador do ciclo hidrolgico global. Cerca de 60% da guadoce gua verde, retida no solo e disponvel para as plantas. Os solostambm regulam os cursos de gua e os reservatrios de gua subterrnea

    que suportam as zonas hmidas, a irrigao e os abastecimentosdomstico e industrial por vezes milhares de quilmetros a jusante (verO Planeta Terra nas Nossas Mos, prospecto n 1 desta srie)

    Ciclos dos nutrientes e dos resduos: os solos reciclam os nutrienteslibertados pela alterao das rochas ou transportados pelo ar eneutralizam as toxinas. Alteraes neste ciclo podem causar a eutrofizaoou poluio dos solos e da gua, ou ainda, a reduo de nutrientes,ameaando meios de subsistncia em todo o mundo

    Eroso: a perda da cobertura vegetal pode originar a degradao dossolos e causar danos irreparveis, como por exemplo, torrentes de lamae acumulao de sedimentos em locais onde no so desejveis - solosfrteis, rios, barragens e portos. A eroso nem sempre negativa, uma vez

    que, muitos dos solos mais frteis em deltas, plancies aluviais e depsitosde loess, so produtos da eroso ocorrida no passado, tal como o soos nutrientes presentes nos oceanos. Contudo, quando a eroso elicae hdrica acelerada devido a m gesto, origina-se uma preocupante

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    Os solos funcionam como um elemento

    de ligao e como sistema

    regulador do ciclo hidrolgico global

    degradao dos solos e a diminuio da qualidade do ar e da gua.

    Poluio da terra e da gua

    Os solos so frequentemente utilizados como lixeiras de resduos domsticose industriais. Em muitas reas de agricultura intensiva, a lexiviao dosnutrientes do estrume e dos fertilizantes inorgnicos e os efluentes da criaode gado e do cultivo de plantas podem gerar elevados nveis de nitratos e

    de outros compostos qumicos nas guas subterrneas. Embora alguns solosfuncionem como filtros naturais, retendo e reciclando grandes quantidades deresduos, elevadas quantidades de compostos txicos podem ser transferidospara os cursos de gua e para os aquferos. Os solos arenosos so permeveisfavorecendo a lexiviao enquanto que as argilas so impermeveis.

    Em todo o mundo, a poluio do solo e da gua resultante dodesenvolvimento urbano e industrial e da agricultura intensiva, constituium importante tema de investigao. A recuperao dos solos severamentepoludos s pode ser conseguida na maioria das vezes com recurso atecnologias dispendiosas. Na Unio Europeia, na Amrica do Norte e na

    Austrlia, j h procedimentos legais para a preveno e recuperao dos

    solos.

    Solos com problemasNo seu estado natural, alguns solos so demasiado compactos quando secos,demasiado viscosos quando hmidos, deficientemente drenados, pedregosos,contm poucos nutrientes ou quantidades txicas de alumnio ou sal. Desdeo incio da agricultura, o homem tem modificado estes solos, embora algunspermanecem mais problemticos do que outros.

    Os solos ricos em sulfuretos so os mais perigosos do mundo. Imperturbados,no constituem um problema mas, quando drenados, produzem cidosulfrico por oxidao dos sulfuretos. 10 metros cbicos de solo sulfuroso

    podem lanar nas bacias de drenagem 1,5 toneladas de cido sulfrico euma mistura de alumnio, metais pesados e arsnico. O cido corri o ao eo cimento, polui rios e esturios, matando peixes e causando doenas. Osefeitos do alumnio, dos metais pesados e do arsnico na cadeia alimentarno so ainda bem compreendidos, mas certamente no so bem-vindos.

    Estes solos ocorrem principalmente em pntanos litorais, existindo desdesempre interesse na sua ocupao, com o objectivo de explorar a suapossvel mas pouco conhecida fertilidade e, mais recentemente, para odesenvolvimento urbano e de lazer. Geraes de pessoas que dependiamdestes solos foram sendo debilitadas e envenenadas pela gua quebebiam. As obras de engenharia e as suas consequncias ambientais tm

    normalmente sido desastrosas.

    Gradualmente, os habitantes locais encontraram solues empricas uma vezque as solues cientificamente suportadas tardavam em chegar. Em 1880,

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    Solos extremamente poludos na Holanda,

    para os quais fundamental a escavao

    O que significa o logtipo do Ano

    Internacional do Planeta Terra? O Ano

    Internacional pretende reunir todos os

    cientistas que estudam o Sistema Terra,

    pelo que a Terra slida (litosfera)

    representada a vermelho, a hidrosfera

    a azul escuro, a biosfera a verde e a

    atmosfera a azul claro. O logtipo

    baseado num desenho original realizadopor ocasio de uma iniciativa idntica

    ao Ano Internacional, designada Jahr

    der Geowissenschaften 2002 (Cincias

    da Terra, Ano 2002) e que teve lugar na

    Alemanha. O Ministrio da Educao e

    Investigao da Alemanha disponibilizou

    o logtipo IUGS.

    Imagem de microscpio electrnico

    de pirite num solo sulforoso

    como resultado da reduo dos

    sulfatos por bactrias em solos

    mal drenados. Os cristais em

    crescimento captam igualmente

    metais pesados e arsnico do meio

    ambiente

    Solo extremamente cido (acid

    sulphate soil na terminologia

    norte-americana): o mineral de cor

    amarelada a jarosite, que se forma

    sob condies de acidez extrema

    originadas pela oxidao da pirite

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    A cincias do solo tem contribudo

    largamente para o aumento

    exponencial da produo agrcola

    J. M. Van Bemmelen demonstrou o mecanismo conducente acidificaodos solos sulfurosos em consequncia da oxidao dos sulfuretos depoisde drenados, aps a tentativa falhada do maior projecto conhecido deremediao, o Haarlemmermeerpolder, em 1852. O consistente conhecimentocientfico actual, que permite resolver problemas prticos e prever aocorrncia e a perigosidade destes solos a nvel mundial demorou mais deum sculo a estabelecer-se.

    Inventariao rpida e eficaz dos sistemasregionais e mundiais

    A deteco remota tem contribudo para o avano do conhecimento sobreos sistemas regionais e mundiais. A anlise de dados, possvel graas aoaumento do poder de processamento informtico, revela a dimenso, acomplexidade e as escalas de tempo destes sistemas e permite identificarcomo eles se inter-relacionam. A informao detalhada e fidedigna fundamental para uma governao responsvel. Os cientistas tm de fazerchegar essa informao aos decisores e estar envolvidos na aplicao daspolticas.

    A informao sobre os solos bastante vasta, mas muita dela est ultrapassa-da, imprecisa, indisponvel em escalas convenientes ou relativamente inaces-svel. Novos instrumentos de deteco remota asseguram detalhe, preciso,cobertura rpida a nvel regional ou mundial, sem precedente, e, no caso dossensores magnticos e electromagnticos, fornecem igualmente informaosobre elementos situados abaixo da superfcie. Os dados obtidos por satlite,em particular, caracterizam-se pela capacidade de monitorizao a um customuito reduzido. No entanto, a calibrao efectuada no campo e a interpreta-o competente continuam a ser cruciais.

    A informao obtida atravs da utilizao das novas tecnologias, est a serutilizada em modelos climticos, em estimativas de produo agrcola eflorestal, na avaliao da degradao e da melhoria do solo, na gesto dos

    Fotografia area sobreposta a

    uma imagem electromagntica da

    condutividade, 30-40 metros abaixo

    da superfcie. A vermelho esto

    representados paleocanais de gua

    subterrnea salina (condutora)

    e a azul, materiais no salinos

    (resistente; imagem da esquerda)

    Imagem area magntica. A cor magenta indica cascalho que pode constituir um

    corredor para o fluxo de gua subterrnea (direita)

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    recursos aquticos e em estimativas das taxas de eroso e sedimentao.A informao de qualidade pode apoiar medidas para evitar a salinizao,para identificar lenis freticos pouco profundos, para conceber soluesde armazenamento de gua e outros trabalhos de engenharia, e ainda paraavaliar a aptido do solo para uma eficaz utilizao.

    Solo sistema dentro de um sistemaO cientista ingls James Lovelock referiu que o Planeta Terra parece

    comportar-se como um sistema auto-regulador, a que chamou GAIA. A serverdade, as implicaes so profundas, para as Cincias da Terra e para omodo como as sociedades tomam decises.

    Compreender os sistemas globais requer cooperao - interdisciplinar,interinstitucional e internacional

    Os sistemas globais transcendem a propriedade privada e as jurisdies ecompetncias locais e nacionais

    Os sistemas globais actuam ao longo de dcadas e sculos. Alteraesindesejveis podero ter uma evoluo lenta, mas em contrapartida sermuito difcil interromp-las ou revert-las

    Os sistemas globais so a base de todas as economias e sociedades, mas os

    seus benefcios so reclamados quer como propriedade privada quer comorecursos de livre acesso

    Nesse sentido, os programas Cientfico e de Divulgao do Ano Internacionaldo Planeta Terra focar-se-o nos sistemas regionais e globais que suportamas nossas vidas familiares, o futuro da nossa espcie e a evoluo do nossoplaneta.

    Quatro questes-chave

    1. At onde deveremos expandir o nosso conhecimentopara maior benefcio da sociedade e do ambiente?

    As cincias do solo tm contribudo largamente para o aumento exponencialda produo agrcola e, como resultado, para a alimentao, habitao e

    vesturio da populao mundial. O apoio agricultura continua a ser umimportante tema de investigao, embora presentemente as cincias dosolo incluam a agricultura, agricultura biolgica, sequestro do carbono(pelos sistemas agrcolas e florestais), remediao de solos degradados esustentabilidade.

    Desde a dcada de 1970, as cincias do solo tm sido fundamentaisem temticas de investigao ambiental como a poluio, as alteraesclimticas, a preservao do ciclo hidrolgico, o papel dos solos em reasurbanas e a biodiversidade sustentvel. H ainda muitos desafios para as

    cincias do solo medida que aumenta o crescimento da populao humanae as suas ambies originam maiores presses sobre o solo e a gua. Tantoa caracterizao espacial e temporal dos solos bem como da sua funonos ecossistemas so fulcrais para o conhecimento da Terra enquanto um

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    sistema global. O uso sensato dos recursos naturais requer um conhecimentocrescente sobre a dinmica de um mundo em rpida mudana. Definir ospontos essenciais de actuao uma questo chave.

    2. Como podemos interligar os conhecimentos das Cinciasdo Solo com as diversas reas das Cincias da Terra?No passado, os dados ambientais foram adquiridos no mbito de vriasdisciplinas incluindo a geologia, a geomorfologia, as cincias do solo, a

    hidrologia e a ecologia. Equipas interdisciplinares usam cada vez mais dadosde especialistas para, por exemplo, comprovar alteraes ambientais oudesenvolver modelos globais de cenrios futuros. Grandes benefcios podemser obtidos com uma maior integrao desta base de dados e da investigaonormalmente situada na fronteira entre os domnios cientficos tradicionais:por exemplo, estudos do reglito entre os solos e o substrato rochoso ouda influncia da gesto e ocupao territorial nas caractersticas dos solos,a escalas espaciais variadas. A pedosfera a ligao entre a atmosfera e asoutras esferas da superfcie terrestre, e torna-se necessria a melhoria dainteraco entre os diferentes grupos, demonstrando a importncia dos solospara todos. Novas iniciativas so precisas para suprimir estas lacunas e aquesto-chave como faz-lo mais eficazmente.

    3. Como podemos comunicar melhor com a sociedade?Em investigao cientfica, costumava dizer-se que se a investigao no foipublicada, porque no existiu. No entanto, a publicao dos resultadosem revistas cientficas raramente chega aos decisores e sociedade em geral,no influenciando de forma directa as polticas e iniciativas. Os financiadoresexigem cada vez mais capacidade de comunicao. Informao relevante combase cientfica necessria para que decises correctas sejam tomadas, o quesignifica mais interaco efectiva com os governantes. Contudo, ter que serum processo desenrolado nos dois sentidos, com aprendizagem de ambas aspartes. igualmente necessrio chegar a programas de rdio e de televiso,a peas de teatro, fotografia, imprensa e internet para abranger o maiornmero de pessoas. As melhorias na comunicao devem tambm servir para

    atrair estudantes, dos quais depender o futuro das cincias do solo.

    4. Como podemos aproveitar ao mximo o conhecimentosobre solos autctones?Diferentes pessoas e sociedades tm diversos tipos de conhecimento sobreos solos, obtido atravs da observao e da experincia transmitida ao longode geraes. Os solos autctones so funcionais, produtivos e delimitadosespacialmente, mas apenas tm sido estudados pela comunidade cientfica.Contudo, devem ser considerados um importante recurso. A sua identificaoe integrao na informao formal sobre solos no muito fcil.

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    O conhecimento dos solos autctones apenas

    tm sido utilizado em investigao cientfica.

    Contudo, devem ser considerados um importante recurso

    Programa de Divulgao

    O Programa de Divulgao do Ano Internacional

    do Planeta Terra enfrenta um desafio de escala

    muito particular. Com, potencialmente,

    10 milhes de dlares para gastar, inconcebvel

    que pudesse operar de uma forma prescritiva.

    Nenhum indivduo ou comit pode idealizar

    modos eficazes de utilizar tal verba na sua

    totalidade. Assim, o Programa de Divulgao,

    tal como o Programa Cientfico, ir funcionar

    como um corpo de dotao de fundos, recebendo

    propostas para apoio financeiro,

    desde recursos educativos para a internet a

    obras de arte que ajudem a reforar junto

    do pblico a mensagem central do Ano

    Internacional. O Programa de Divulgao ir

    permitir que as coisas aconteam localmente no

    mbito de um evento internacional, dando-lhes

    perfil e coerncia.

    Um Prospecto de Divulgao nesta srie

    (nmero 11) encontra-se disponvel para todos

    os que esto interessados em candidatar-se.

  • 8/14/2019 A pele da Terra (5 Srie)

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    United Nations Educational Scientific

    and Cultural Organisation

    www.yearofplanetearth.org

    Textos

    David Dent (Netherlands, leader); Alfred Hartemink

    (Netherlands), John Kimble (USA).

    Agradecemos os comentrios de Rudi Dudal (Belgium)

    e Donald Sparks (USA).

    Edio Ted Nield

    Fotografias www.geolsoc.org.uk, Ted Nield,

    Henk Leenears, David Dent,

    Alfred Hartemink, John Simmons,

    Sjoerd van der Zee, ISRIC-World

    Soil Information

    Design Andr van de Waal, Cordesign, Leiden

    Edio portuguesa

    Coordenao Jos Brilha, Universidade do Minho

    geral Artur S, Univ. de Trs-os-Montes e Alto Douro

    Traduo para PANGEO, Braga [www.pangeo.pt]

    lngua

    portuguesa

    Apoio cientfico Delminda Moura, Universidade

    na traduo do Algarve

    Outubro 2007 www.progeo.pt/aiptComisso Nacional da UNESCO

    Parceiros internacionais

    American Association of Petroleum Geologists (AAPG)

    American Geological Institute (AGI)

    American Institute of Professional Geologists (AIPG)

    Geological Society of London (GSL)

    International Association of Engineering Geologists and the

    Environment (IAEG)

    International Geographical Union (IGU)

    International Lithosphere Programme (ILP)

    International Union for Quaternary Research (INQUA)

    World Soil Information (ISRIC)

    International Society for Rock Mechanics (ISRM)

    International Society for Soil Mechanics and Geotechnical

    Engineering (ISSMGE)

    International Union of Geodesy and Geophysics (IUGG)

    International Union of Soil Sciences (IUSS)

    TNO Built Environment and Geosciences - Geological Surveyof the Netherlands

    May 2005,

    Earth Sciences for Society Foundation,

    Leiden, The Netherlands

    Apoio edio internacional

    Edio portuguesa

    Patrocnios:

    Apoios:

  • 8/14/2019 A pele da Terra (5 Srie)

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    International Year of Planet Earth

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    NGU

    N-7491 Trondheim

    NORWAY

    T + 47 73 90 40 00

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    www.yearofplanetearth.org