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A NAÇÃO COMO NOVIDADE: DA REVOLUÇÃO AO LIBERALISMO 1

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A NAÇÃO COMO NOVIDADE: DA REVOLUÇÃO AO LIBERALISMO

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Nações e nacionalismo

Na recente Enciclopédia Brasileira Mérito, a nação é “a comunidade de cidadãos de um Estado, vivendo sob o mesmo regime ou governo e tendo uma comunhão de interesses; a coletividade de habitantes de um território com tradições, aspirações e interesses comuns, subordinadas a um poder central que se encarrega de manter a unidade do grupo; o povo de um Estado, excluindo o poder governamental.”

Como em outros lugares, a palavra desenvolveu-se para descrever grandes grupos fechados, como guildas e outras corporações, que necessitavam ser diferenciados de outros com os quais coexistiam: daí as “nações” aparecerem como sinônimo de estrangeiro.

O significado fundamental de “nação”, e também o mais freqüentemente ventilado na literatura, era político. Equalizava “o povo” e o Estado à maneira das revoluções francesa e americana, uma equalização que soa familiar em expressões como “Estado-Nação”, “Nações-Unidas”...

A equação nação = Estado = povo e, especialmente, povo soberano, vinculou indubitavelmente a nação ao território, pois a estrutura e a definição dos Estados eram agora essencialmente territoriais. Implicava também uma multiplicidade de Estados-nações assim constituídos, e de fato isso era uma conseqüência da autodeterminação popular.

(HOBSBAWM, Eric. A nação como novidade: da revolução ao liberalismo. In: Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. pp. 27-32.)

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Hobsbawm - Não há dúvida alguma de que o nacionalismo foi, em grande medida, parte do processo de formação dos Estados modernos, que exigiu uma forma de legitimação diferente da do Estado tradicional teocrático ou dinástico. A ideia original do nacionalismo era a criação de Estados maiores, e me parece que essa função unificadora e de expansão foi muito importante.Um exemplo típico foi o da Revolução Francesa, na qual, em 1790, pessoas apareceram dizendo: "Não somos mais delfineses ou sulistas --somos todos franceses".Em uma etapa posterior, dos anos 1870 em diante, vemos movimentos de grupos no interior desses Estados impulsionando a criação de seus Estados independentes. Isso, é claro, gerou o momento wilsoniano de autodeterminação --se bem que, felizmente, em 1918-19, ele ainda fosse corrigido, até certo ponto, por algo que desde então desapareceu por completo, a saber, a proteção das minorias.Era reconhecido, mesmo que não pelos próprios nacionalistas, que nenhum desses novos Estados-nações era, de fato, étnica ou linguisticamente homogêneo. Mas, depois da Segunda Guerra [1939-45], os pontos fracos das situações existentes foram enfrentados, não apenas pelos vermelhos, mas por todos, pela criação proposital e forçada da homogeneidade étnica. Isso provocou uma quantidade enorme de sofrimento e crueldade, e, no longo prazo, também não funcionou.Apesar disso, até aquele período, o tipo separatista de nacionalismo operou razoavelmente bem. Ele foi reforçado após a Segunda Guerra Mundial pela descolonização, que, por sua própria natureza, havia criado mais Estados; e foi fortalecido ainda mais, no final do século, pela queda do império soviético [em 1991], que também criou novos Miniestados separados, incluindo muitos que, assim como aconteceu com as colônias, não tinham desejado de fato separar-se, mas aos quais a independência foi imposta pela força da história.Não posso deixar de pensar que a função dos Estados separatistas pequenos, que se multiplicaram tremendamente desde 1945, mudou. Para começo de conversa, eles são reconhecidos como existentes. Antes da Segunda Guerra, os Miniestados --como Andorra, Luxemburgo e todos os outros-- nem sequer eram vistos como parte do sistema internacional, exceto pelos colecionadores de selos.A ideia de que tudo, até a Cidade do Vaticano, hoje é um Estado, potencialmente membro das Nações Unidas, é nova. Está muito claro, também, que, em termos de poder, esses Estados não são capazes de exercer o papel de Estados tradicionais --não possuem a capacidade de travar guerra contra outros Estados.Tornaram-se, na melhor das hipóteses, paraísos fiscais ou bases subalternas úteis para as instâncias decisórias transnacionais. A Islândia é um bom exemplo disso, e a Escócia não fica muito atrás.A função histórica de criar uma nação como Estado-nação deixou de ser a base do nacionalismo. Pode-se dizer que não é mais um slogan muito convincente. Pode ter sido eficaz, no passado, como meio de criar comunidades e organizá-las contra outras unidades políticas ou econômicas.

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Mas enfim , o que é nação ?Nação, do latim natio, de natus (nascido), é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mesmos costumes, formando, assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo as mesmas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional.Mas, a rigor, os elementos território, língua, religião, costumes e tradição, por si sós, não constituem o caráter da nação. São requisitos secundários, que se integram na sua formação. O elemento dominante, que se mostra condição subjetiva para a evidência de uma nação assenta no vínculo que une estes indivíduos, determinando entre eles a convicção de um querer viver coletivo. É, assim, a consciência de sua nacionalidade, em virtude da qual se sentem constituindo um organismo ou um agrupamento, distinto de qualquer outro, com vida própria, interesses especiais e necessidades peculiares.Nesta razão, o sentido de nação não se anula porque seja esta fracionada esta entre vários Estados, ou porque várias nações se unam para a formação de um Estado. O Estado é uma forma política, adotada por um povo com vontade política, que constitui uma nação, ou por vários povos de nacionalidades distintas, para que se submetam a um poder público soberano, emanado da sua própria vontade, que lhes vem dar unidade política. A nação preexiste sem qualquer espécie de organização legal. E mesmo que, habitualmente, seja utilizada em sinonímia de Estado, em realidade significa a substância humana que o forma, atuando aquele em seu nome e no seu próprio interesse, isto é, pelo seu bem-estar, por sua honra, por sua independência e por sua prosperidade.Para Hobsbawn as nações não fazem Estados e nacionalismo,pelo contrário, as nações surgem num determinado momento do desenvolvimento econômico, e só há nacionalismo moderno num Estado independente.Para Hobsbawm, não há elementos sólidos capazes desedimentar de maneira objetiva as vicissitudes do processo de formação decomunidades humanas6.Entretanto, o autor afirma que diante da imprecisão objetiva própria dotermo “nação” parece ser mais razoável caracterizá-lo através de uma perspectivasubjetiva facilmente adaptável às diferentes formas e critérios objetivosresponsáveis pela definição teórica de uma nação. Mas, a subjetividade do termotambém não deixaria de ser um preceito insuficiente à medida que atribuiexclusivamente ao voluntarismo a possibilidade de definir os membros e portanto,5 “Pois a principal característica desse modo de classificar grupos humanos é que – apesar daalegação, daqueles que pertencem a uma nação, de que ela é, em alguns sentidos, fundamental e

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básica para a existência social de seus membros e mesmo para a sua identificação individual –nenhum critério satisfatório pode ser achado para decidir quais das muitas coletividades humanasdeveriam ser rotuladas desse modo”. Eric Hobsbawm. Nações e Nacionalismo desde 1780 –Programa, Mito e Realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. 3a. edição, p. 14.

Hobsbawm ,bebe na fonte de Adam Smth para melhor contextualizar o sentido de nação , Desde meados do século XVIII, fisiocratas e liberais defendiam a idéia da necessidade de se facilitar a circulação dos bens num território através da redução, simplificação e uniformização do sistema tributário, devendo-se superar a fragmentação legal e, por extensão, o patrimonialismo do sistema fiscal, pois enxergavam na superação dessa estrutura um meio de estimular o equilíbrio entre as regiões de um Estado, uma vez que aumentaria a reciprocidade das trocas inter-regionais. Sistematizando tais idéias, Adam Smith (1723-1790), em “A Riqueza das Nações” (obra de 1776), afirmaria que a especialização no trabalho e na produção favoreceria largamente a qualidade e a quantidade na produção de bens; para tanto, uma condição fundamental era que houvesse boas condições para a circulação da produção, pois, havendo isso, o mecanismo do mercado agiria por si mesmo para corrigir o desequilíbrio na distribuição das riquezas de um Estado. Ora, concretizar tal idéia significaria, como já se notou, uma mudança de paradigma de tempo e espaço, pois dos diversos fragmentos autoconstitutivos de um território dever-se-ia constituir um conjunto organicamente integrado. Em termos socioculturais, era o mesmo que dizer que cada lugar deveria reaprender a situar-se na paisagem de um novo tipo de Estado, isto é, deveria ter domínio de um código novo de comunicação cujo pressuposto era reconhecer que o Todo (Estado da Razão) antecede as partes (as comunidades locais), o que é o mesmo que dizer que as partes são constituídas pelo Todo e não mais o contrário. O nacionalismo é fruto da revolução capitalista que, além dele, deu origem a uma outra ideologia de origem burguesa, o liberalismoO nacionalismo, portanto, é produto e instrumento da revolução capitalista ou da modernização. Nesse processo em que é essencial um razoável grau de coesão social e de legitimidade política, o papel do nacionalismo é garantir a autonomia e o desenvolvimento econômico nacional. O nacionalismo é a ideologia do estado-nação que, por sua vez, é a forma de unidade político-territorial própria do capitalismo. Durante a revolução comercial, a burguesia não se organizou em estados-nação mas em cidades-estado, a partir das quais realizava o comércio de longa distância, caracterizado por pequeno volume, risco elevado e altas margens de lucro monopolista. Essa forma de comércio foi efetiva para que a acumulação originária de capital se realizasse, mas era insuficiente para que a Revolução Industrial ocorresse.

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Para isso, eram necessárias economias de escala, incompatíveis com o comércio de longa distância, mas possíveis desde que se formassem os grandes estados-nação. As revoluções nacionais ocorrem então, um pouco antes das respectivas revoluções industriais, para dar origem aos primeiros estados-nação plenos: a Inglaterra e a França.6 São essencialmente essas economias de escala que estão por trás da associação entre o monarca e a burguesia na constituição dos estados-nação. Ao monarca interessava ver seu poder ampliado; à burguesia, a possibilidade de ampliar decisivamente seu comércio e passar para o estágio da grande indústria. Não é por acaso, portanto, que estado-nação e nacionalismo estão intrinsecamente identificados com o desenvolvimento capitalista .Embora tenha sido originalmente uma ideologia da burguesia, por ser ela a principal interessada na formação do estado-nação ou Estado Nacional, o nacionalismo não podia ser apenas isso. Uma ideologia dominante só faz sentido se, de um lado, amplia seu âmbito de influência e justifica o sistema de poder vigente, e, de outro, atende também a interesses dos dominados. O nacionalismo, ao ter como razão de ser a união da sociedade nacional, só faz sentido se tiver também um caráter popular. Só assim poderia solidarizar a nação tanto na defesa do território nacional – o patriotismo significando a disposição de morrer pela pátria – quanto na competição econômica com as demais nações. Para isso, o nacionalismo precisava afirmar a possibilidade de ganhos mútuos para capitalistas e trabalhadores, que se originam do aumento da produtividade, do desenvolvimento econômico, portanto.

PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS EUROPEUS A Unificação Italiana

Imbuída de forte sentimento nacionalista despertado pelas divisões impostas pelo Congresso de Viena, que ocorrera após a derrota de Napoleão Bonaparte para a redefinição territorial européia, a Itália, aceleraria sua política de unificação no século XIX.

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Duas correntes se destacaram nas lutas de 1848: os republicanos, liderados por Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, e os monarquistas, liderados pelo conde Camilo Cavour. Os últimos tomaram a liderança das lutas pela unificação a partir do reino do Piemonte-Sardenha, Estado italiano independente, industrializado e progressista, governado por Vítor Emanuel II.

Em 1860, os “camisas vermelhas” de Garibaldi – forças populares republicanas –, conquistaram os Estados Pontifícios, libertaram a Sicília e o sul da Itália, governados pelo monarca absolutista da família Bourbon, Francisco II.

Com a ajuda de Napoleão III, o Piemonte anexou vários territórios italianos ao norte que estavam sob tutela dos austríacos. Em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, quando a França abandonou Roma para enfrentar os alemães, as forças de unificação invadiram Roma, transformando-a na capital italiana. Em 1871, Vitor Emanuel, transferiria-se para Roma completando o processo de unificação.A Unificação Alemã

Até meados do século XIX, a Alemanha não compreendia uma nação unificada. O território da atual Alemanha era composta por 39 Estados soberanos, tendo na liderança o império Austríaco, que se contrapunha à Prússia, mais desenvolvida comercial e industrialmente.

O Congresso de Viena formou no que hoje compreende a atual Alemanha a Confederação Germânica (Deutscher Bund).“(...) o espírito de um povo [volkgeist]: é um espírito de características muito bem definidas, que se constrói em um mundo objetivo. Este mundo existe e permanece em sua religião, seu culto, seus costumes, sua constituição e suas leis políticas em toda a esfera de suas instituições, seus acontecimentos e seus

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feitos. Esta é o seu trabalho: um povo, é isso que é uma nação! Os povos são o que são os seus feitos. (...) A função do indivíduo é apossar-se de sua existência material, tornando-a parte de seu caráter e de sua capacidade, fazendo com que dessa maneira ele tenha um lugar no mundo. Ele descobre a existência do povo a que pertence como um mundo já estabelecido, um mundo estável, a que deve adaptar-se.”(HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. O curso da história do mundo: A dialética dos princípios nacionais. In: HARTMAN, Robert S. (org.). A razão na história. São Paulo: Editora Moraes Ltda, 1990. p. 125.)

O passo fundamental para a unidade alemã foi a criação do Zollverein (1834) – união alfandegária –, que derrubou as barreiras aduaneiras entre os Estados alemães, proporcionando uma união econômica dinamizando o capitalismo alemão.A Prússia iniciou a partir de 1860 a aplicação de um plano de modernização militar sustentado pela aliança entre a alta burguesia com os grandes proprietários e aristocratas – os junkers.Tendo à frente o chanceler Otto Von Bismarck, a Prússia visava exaltar o espírito nacionalista alemão através de sua participação em guerras. A primeira delas foi a Guerra dos Ducados contra a Dinamarca (1864), onde a Prússia lutou para anexar os ducados de Schleswig e de Holstein de população alemã, até então pertencente à Dinamarca.

Os Estados do norte reorganizaram-se na Confederação Germânica do Norte sob a liderança do kaiser Guilherme I Hohenzolern, de quem Bismarck era ministro. Outro empecilho à unificação completa da Alemanha era Napoleão III, que se opunha à emergência de uma grande potência nas fronteiras da França.

Bismarck forjou então um estado de guerra entre França e Prússia, alterando o texto de um despacho de Guilherme I ao embaixador da frança, tomado como um insulto à França; foi a causa imediata da declaração de guerra de Napoleão III.

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Esta foi a Guerra Franco-Prussiana, vencida pela Prússia, o que possibilitou a criação do Segundo Reich (Império) alemão, completando o processo de unificação alemão.

Com a unificação, a Alemanha cresceu vertiginosamene, a ponto de, em 1900, superar a Inglaterra na produção de aço. O desenvolvimento industrial alemão colocou em risco a hegemonia britânica mundial, causando sucessivos atritos. A Alemanha logo exigiu uma revisão colonial no mundo. Era a era dos Impérios.

RESULTANTES DA FORMAÇÃO DESSES ESTADOS NACIONAIS Na segunda metade do século XIX, intensificou-se o processo de expansão imperialista que se estenderia até o início do século XX. Esse processo levou à partilha dos continentes africano e asiático.

O neocolonialismo, por sua vez, necessitava de mercados consumidores de manufaturados e fornecedores de matérias-primas, além de as grandes potências buscarem colônias para a colocação de seu excedente populacional.

A política colonizadora imperialista fundamentou-se na “diplomacia do canhão”, ou seja, foi conseguida pela força. Também havia um ideal justificador: os dominadores eram portadores de uma “missão civilizadora, humanitária e cultural”. Isto, fruto dos preconceitos do homem ocidental, fundamentados nas idéias de superioridade do homem branco.A forma de dominação era realizada pela administração direta, com a ocupação dos colonizadores dos principais cargos dos governos dos países dominados por agentes metropolitanos, ou indireta, por meio de alianças com as elites locais.

As disputas entre potências por áreas coloniais agravaram conflitos e estimularam o armamentismo, o que levou à formação de blocos de países rivais, que criaria a conjuntura da Primeira Guerra Mundial (1914).

A partilha da África se deu através na Conferência de Berlim (1884), da qual participaram quatorze países europeus, Estados Unidos e a Rússia.

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A França dominava a Argélia, Tunísia, o Marrocos, o Sudão, a ilha de Madagascar e a Somália francesa. A Inglaterra, ficaria com boa parte do sul da África. A Alemanha conquistou o Camerun (atual República dos Camarões), O Togo e o sudeste da África. A Itália tomou o litoral da Líbia e territórios da Somália. A Bélgica tomou o Congo.

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Neocolonialismo. Ingleses em esfinge no Egito, marca dominio inglês na África, século XIX.

As nações européias impuseram seu domínio direto também à Ásia e à Oceania. Em relação à Índia, os portugueses foram os primeiros europeus a chegar neste país, com Vasco da Gama em 1498. Contudo o predomínio sobre a região coube à Inglaterra, que se apossou definitivamente da Índia em 1763.

Neocolonialismo. Ingles le cartas servido por indianos, início do século XX.

A presença inglesa despertou o nacionalismo indiano, que culminou na Guerra dos Cipaios (soldados indianos), em 1857. Os revoltosos foram sufocados em 1859 e a Índia passou a ser colônia britânica.

No Japão, os primeiros europeus a chegar a este país foram os portugueses, em 1542, seguidos pelos espanhóis, organizando diversas missões jesuíticas de catequização na região. A partir de 1648, o Japão fecha seus portos aos estrangeiros e se isola do restante do mundo.

Em 1854, os Estados Unidos forçou a abertura dos portos japonesa ao comércio mundial sob ameaças militares, iniciando acordos comerciais entre Estados Unidos e Europa com os japoneses. A abertura comercial japonesa provocou o inicio da europeização do país.

Na China, a penetração dominadora da Europa, Estados Unidos e do Japão realizou-se através de diversas guerras, dentre elas a Guerra do Ópio (1841).

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Os ingleses produziam a droga do ópio em abundancia na Índia, forçaram um mercado consumidor na China, disseminando o vício entre os chineses.

Em 1839, as autoridades chinesas jogaram 20 mil caixas de ópio ao mar. A Inglaterra exigiu indenização, como esta não foi paga, declarou guerra à China, iniciando a Guerra do Ópio. Em 1842, derrotada, a China assinou o Tratado de Nanquim, abrindo seus portos ao livre comércio e entregando a ilha de Hong Kong à Inglaterra (esta devolvida à China somente em 1997).

Houve ainda na China a Guerra dos Boxers (1900). Os “punhos fechados” ou boxers eram chineses nacionalistas radicais que objetivavam libertar o país. Em 1900, rebelaram-se, matando mais de duzentos estrangeiros. Uma força expedicionária internacional, composta por ingleses, franceses, alemães, russos, japoneses e norte-americanos, invadiu a China, subjugando o país às potências imperialistas.

Tamanho é documento ?Extensão territorial e nação Hobsbawm chega a citar a definição liberal de nação doeconomista alemão Friedrich List, ressaltando que “...um território extenso e umagrande população, dotados de múltiplos recursos nacionais, são exigênciasessenciais da nacionalidade normal13”. O que se pode extrair da formulação de umconceito liberal de nação em List é que, independente da necessidade de grandesextensões e populações para o desenvolvimento da economia nacional, a ligaçãoentre Estado e nação se fortalece por somar-se à economia. Mas, se as dimensõesfísicas do território são relevantes, a nação depende de um contínuo estado deexpansão que realizar-se-ia pela união ou conquista de populações que, por si só,seriam incapazes de atingir uma extensão territorial que favorecesse o desenvolvimento de sua economia .

Formação estados modernos , ponto critico , entre guerras Hobsbawm relata a “Catástrofe”, ocasionada por duas guerras mundiais, que ele classifica como um embate só: a “Guerra dos 31 Anos” (1914-1945). Nessa etapa, os projetos nacionais das potências capitalistas européias entraram em choque. De um lado, França e Grã Bretanha, de outro, a desafiante Alemanha. Com o conflito, as velhas monarquias feudais – Império Áutro-Húngaro, Império Otomano e Rússia czarista – perderam seus territórios. Da primeira, surgiram novos Estados nacionais. A segunda foi retalhada entre França e Grã Bretanha. E a partir do que restou da terceira apareceu uma potência ideológica, a União Soviética. Com as mudanças no mapa tornou-se necessário um órgão internacional para regular as nações beligerantes. Nasceu, então, a Liga das Nações, que antecedeu a Organização das Nações Unidas (ONU).

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Só que o medo da expansão socialista e a humilhação dos países derrotados da Primeira Guerra Mundial criaram o cenário para a ascensão do nazismo, que levou ao extremo ideais nacionalistas étnicos e desafiou as potências vencedoras, ignorando a Liga das Nações. Assim tornaram-se inevitáveis os confrontos expansionistas. Primeiro, na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), e depois durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O derramamento de sangue na Europa, – ou a Guerra dos 31 anos – consolidou a vitória de duas potências ideológicas rivais: Estados Unidos e União Soviética.A segunda etapa do século começou com os vitoriosos da Segunda Guerra dividindo as áreas de influência do mundo. De um lado, o bloco socialista, e de outro, uma nova versão do capitalismo visando barrar o avanço comunista. No bloco capitalista, vivia-se uma era de industrialização privada, de investimentos no setor público, de consolidação das burocracias e de expansão do ensino público. Ou seja, uma releitura do modelo capitalista clássico, do economista John Maynard Keynes – o keynesianismo. No bloco socialista, o avanço industrial apoiou-se no planejamento estatal, com políticas de redistribuição de renda e burocratização do Estado.Na chamada “Idade de Ouro”, houve um boom econômico nas sociedades capitalistas. As nações desenvolvidas criaram os “Estados de Bem-Estar Social”. Já os países subdesenvolvidos apostaram em projetos desenvolvimentistas, com rápida industrialização e grande melhora na qualidade de vida da população. O bloco socialista tornou-se o contraponto para os regimes ocidentais, oferecendo uma alternativa política. Isso fez com que os países capitalistas buscassem formas alternativas para se sustentar, ao mesmo tempo em que consolidavam suas instituições.Nesse período de transição muitos Estados nacionais tornaram-se independentes. A liberdade resultou de dois fatores: a decadência dos projetos coloniais; e a nova ordem, liderada pelos Estados Unidos e pela União Soviética, que defendiam a independência em nome de seus interesses, e do princípio da autodeterminação dos povos, que regularia um novo Sistema Internacional de Estados Nacionais. Surge aí uma nova instituição, a ONU, que começou a ter um papel de legitimadora desse princípio, e de fórum de discussões entre os dois blocos políticos rivais.Evolucionismo Social EVOLUCIONISMO SOCIAL refere-se às teorias antropológicas de desenvolvimento social segundo as quais acredita-se que as sociedades têm início num estado primitivo e gradualmente tornam-se mais civilizadas com o passar do tempo. Nesse contexto, o primitivo é associado com comportamento animalístico; enquanto civilização é associada com a cultura européia do século XIX. O Evolucionismo Social tem relação com o Social-Darwinismo e representa a primeira teoria de Evolução Cultural.

Evolução cultural é um conceito que remonta a uma reflexão muito antiga a respeito da diversidade das culturas humanas. Pascal, Vico, Comte, Condorcet haviam refletido sobre esta idéia, mas Spencer e Tylor desenvolvem oficialmente o conceito de evolucionismo social.

Este pensamento se consolida na Antropologia com o evolucionismo biológico, desenvolvido por Darwin (ver Lévi-Strauss- Antropologia Estrutural II, Raça e Cultura/O Etnocentrismo,1973:337).

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Entretanto, enquanto na biologia pode-se comprovar as mutações genéticas na transformação das espécies, na antropologia há uma interpretação distorcida do evolucionismo, que leva a uma visão de que a humanidade desenvolveria sua cultura em um sentido único. Assim, os povos australianos, americanos e seu modo de organização social, do ponto de vista evolucionista, seriam apenas um estágio anterior ao desenvolvimento da sociedade ocidental.

IDENTIDADE CULTURAL é o sentimento de identidade de um grupo ou cultura, ou de um indivíduo, na medida em que ele é influenciado pela sua pertença a um grupo ou cultura.

Identidade é a igualdade completa. Cultural é um adjetivo de saber. Logo, a junção das duas palavras produz o sentido de saber se reconhecer. Todos nós já nascemos com uma identidade própria, a identidade de gênero, ou seja, masculino e feminino, que possui uma característica própria e incontestada.

Um exemplo da consistência dessa identidade é o fato de que quando vemos uma gestante logo ficamos curiosos em saber se aquele novo ser é menino ou menina. O fato é que biologicamente a criança nascerá com uma dessas identidades (masculina ou feminina) e morrerá com a mesma.

Já as demais identidades (cultural, religiosa, etc), as chamadas identidades subjetivas, são totalmente flexíveis, pois podem ser facilmente influenciadas. Retomando o exemplo do bebê, ele poderá nascer com o órgão genital masculino e ter atitudes totalmente femininas e vice-versa. Isso se dá devido à influências do meio em que o ser está inserido.

Na identidade cultural isso não é muito diferente, isto é, a influência do meio modifica totalmente um ser já que nosso mundo é repleto de inovações e características temporárias, os chamados "modismos". Uma pessoa que nasce em um lugar absorve todas as características deste, porém se ela for submetida a uma cultura diferente por muito tempo ela adquirirá características do local onde está agregada.

No passado as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre culturas diferentes; porém, com a globalização, isso mudou fazendo com que as pessoas interagissem mais, entre si e com o mundo ao seu redor.

O importante é que devemos respeitar todos os tipos de identidade (subjetivas), para que não haja conflitos e desavenças entre os povos, pois essas são apenas esteriótipos que se modificam com o decorrer do tempo.Acreditar que o evolucionismo de Darwin pode explicar como as sociedades se modificam no tempo é puro positivismo: não há razão alguma para acreditar que haja uma "seleção natural" das sociedades. Lembram do exemplo do rapaz do censo populacional, que após passar por três casas seguidas onde moravam em cada uma delas um John Williams concluiu que em todas as casas seguintes ele encontraria outros John Williams? Não há pressupostos para que a bela teoria darwiniana, que explica em toda sua glória como os seres vivos evoluem, se ajuste a todos os tipos de eventos em nosso planeta,

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quiçá nem mesmo do Universo! Sem exagerar, é mais fácil levar em conta o desenvolvimento de cada uma das sociedades, das menos tecnológicas às mais socialmente justas, como resultado de uma escolha dentre um amplo espectro de caminhos a serem tomados, de forma que nenhuma das opções escolhidas por cada sociedade deve ser mais importante do que as outras. Não é justo dizer que as populações indígenas sejam primitivas e que fizeram a escolha errada. Simplesmente optaram (talvez de forma inconsciente) por não sofrerem da desgraça das grandes civilizações, como genocídios, pestes, exploração do trabalho, dentre tantas outras mazelas inerentes a países com grandes populações. Achar que os índios deveriam ter desenvolvido um Estado é mero eurocentrismo.a teoria da evolução social tenha funcionado como ‘kind of social scientific world view’, que ampliou a relevância de certas questões, em detrimento de outras. Este é um ponto essencial e que deve ser fixado. O evolucionismo do século XIX __ temos em vista o evolucionismo social __ estava baseado numa série de pressupostos firmemente estabelecidos, aceitos universalmente. Não será ocioso lembrar que nessa teoria havia entre pensar e ordenar uma relação de imanência. A experiência é uma só __ o pensado é simultaneamente ordenado numa série dada. Nesta, a polaridade é expressa em termos de simples-complexo, célula-organismo, categorias que são passíveis, no entanto, de várias traduções,

Nacionalismo históricoHobsbawm : ''A idéia de nacionalismo vem passando por mudancças.Mas não morreu.Já não terá a importância central que tinha no seculo dezenove,quando inclusive o desenvolvimento econômico era largamente baseado na fundação de estados nacionais suficientemente grandes.Isto não se referia necessariamente a estados étnicos ou linguisticos,no sentido em que o nacionalismo é identificado hoje''.Segundo Ernst Gellner (1983) o nacionalismo é a ideologia fundamental da terceira fase da história da humanidade, a fase industrial, [1] quando os estados nação se tornam a forma de organização político cultural que substitui o império .A nação e o nacionalismo foram e são variáveis instrumentais manipuladas para consolidar as transformações sociais que se iniciaram na Europa no século XVIII. O nacionalismo inventa nações onde elas não existem"[6]. Eric Hobsbawm trilha o mesmo caminho: "Tal como Gellner, realço os elementos de artefacto, invenção e engenharia social presentes na construção das nações. (…) Em síntese, (…) o nacionalismo vem antes das nações. Não são as nações que engendram os Estados e os nacionalismos, mas exactamente o contrário." (Hobsbawm, 1990:10). Naturalmente, este trabalho de criação e burilamento de tradições e identidades nacionais responde directamente aos interesses que se erguem das revoluções liberal e industrial, isto é, do capitalismo e da sua classe burguesa.

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Referencias

Em Era dos Extremos, o escritor Eric Hobsbawm destrincha os acontecimentos do século 20por Fábio Metzer em http://historia.abril.com.br/cultura/era-extremos-vivendo-limite-434222.shtmlNacionalismo no centro e na periferia do capitalismo ,Luiz Carlos Bresser-Pereira em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142008000100012&script=sci_arttextEric Hobsbawm :Um dos maiores historiadores do planeta avisa :Há quatro revoluções em andamento por Geneton Moraes Neto.Emhttp://www.geneton.com.br/archives/000143.htmlAs unificações e o imperialismo do século 19 por Prof. Leonardo Castro , em http://novahistorianet.blogspot.com/2009/01/as-unificaes-e-o-imperialismo-no-sculo.htmlA falácia do evolucionismo social , por Tiago Almeida em http://utopando.blogspot.com/2009/03/hoje-um-camarada-insinuou-que-franca.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal

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