a américa latina como uma “nação de repúblicas”: a utopia

16
A América Latina como uma “nação de repúblicas”: a utopia bolivariana no pensamento político de Carlos Quijano Cristiano Pinheiro de Paula Couto * Ana Alice Brancher ** * Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ** Professora na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-Graduada em História pela UFSC. Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar o pensamento político de Carlos Quijano, diretor do prestigioso semanário Marcha, fundado em 1939 e fechado em 1974 após o golpe militar uruguaio. Quijano defendeu com entusiasmo a integração da América Latina, uma “nação de repúblicas”, projeto histórico encarnado na utopia bolivariana. No exílio, manteve as mesmas ideias que defendeu no Uruguai como “intelectual público”, entre elas, o socialismo democrático enraizado em modelos nacionais. Dissidente do Partido Nacional, particularmente da sua fração social-democrata, criou nas revistas culturais um novo modo de fazer política. Tributário das ideias de José Enrique Rodó, Quijano deixou no periodismo político-cultural uma marca de independência crítica. Palavras-chave: América Latina. Pensamen- to político. História intelectual. Uruguai. Abstract: The paper focuses on the political thought of Carlos Quijano, director of the preeminent weekly independent magazine Marcha, founded in 1939 and closed in 1974 after the Uruguayan military coup d’etat. He has defended effusively the integration of Latin America, a “nation of republics”, as according to the Bolivarian utopia. In exile, Quijano maintained the same ideas he defended in Uruguay as a “public intellectual”. In addition, he has supported the democratic socialism rooted in national models as the political paradigm for Latin America. Though a member of the National Party, particularly of its social- democrat faction, he has relinquished the party and created in the cultural magazines a new way of making politics. A zealous follower of José Enrique Rodó’s ideas, he has left a mark of independent criticism. Keywords: Latin America. Political thought. Intellectual history. Uruguay. Latin America as a “nation of republics”: the Bolivarian utopia in the Carlos Quijano’s political thought CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:59 67

Upload: others

Post on 02-Oct-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 6 7

A América Latina como uma “nação de repúblicas”: autopia bolivariana no pensamento político de Carlos Quijano

Cristiano Pinheiro de Paula Couto*

Ana Alice Brancher**

* Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS).** Professora na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-Graduada em Históriapela UFSC.

Resumo: Este artigo tem como objetivoanalisar o pensamento político de CarlosQuijano, diretor do prestigioso semanárioMarcha, fundado em 1939 e fechado em1974 após o golpe militar uruguaio.Quijano defendeu com entusiasmo aintegração da América Latina, uma “naçãode repúblicas”, projeto histórico encarnadona utopia bolivariana. No exílio, manteveas mesmas ideias que defendeu no Uruguaicomo “intelectual público”, entre elas, osocialismo democrático enraizado emmodelos nacionais. Dissidente do PartidoNacional, particularmente da sua fraçãosocial-democrata, criou nas revistas culturaisum novo modo de fazer política. Tributáriodas ideias de José Enrique Rodó, Quijanodeixou no periodismo político-culturaluma marca de independência crítica.

Palavras-chave: América Latina. Pensamen-to político. História intelectual. Uruguai.

Abstract: The paper focuses on the politicalthought of Carlos Quijano, director of thepreeminent weekly independent magazineMarcha, founded in 1939 and closed in1974 after the Uruguayan military coupd’etat. He has defended effusively theintegration of Latin America, a “nation ofrepublics”, as according to the Bolivarianutopia. In exile, Quijano maintained thesame ideas he defended in Uruguay as a“public intellectual”. In addition, he hassupported the democratic socialism rootedin national models as the political paradigmfor Latin America. Though a member ofthe National Party, particularly of its social-democrat faction, he has relinquished theparty and created in the cultural magazinesa new way of making politics. A zealousfollower of José Enrique Rodó’s ideas, hehas left a mark of independent criticism.

Keywords: Latin America. Politicalthought. Intellectual history. Uruguay.

Latin America as a “nation of republics”: the Bolivarianutopia in the Carlos Quijano’s political thought

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5967

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20096 8

No habrá, pensamos, América una sin patrias diversas.Uno, sin dejar de ser uno, entre varios.

La centralización es un sueño de laboristas desarraigados.Carlos Quijano

(Marcha, 5 nov. 1965).

Desde o Congresso Anfictiônico do Panamá, ocorrido em 1826,no qual Bolívar exprimiu sua ideia de união das nações hispano-americanas, que tinham travado juntas a Guerra de Independência contrao domínio espanhol, a América Latina persegue a consecução de seumaior projeto histórico: a integração regional, a Patria Grande, de ManuelUgarte. Em prólogo para livro com textos compilados de Quijano sobrea América Latina, organizado pela Cámara de Representantes, Parlamentouruguaio, Arturo Ardao se referiu a um “latinoamericanismo de Quijano”.(ARDAO, 1989, p. XVII-XLI). Nesse prólogo, escrito em outubro de1989, Ardao desenvolve com acuidade uma análise acerca da ideia deAmérica Latina no pensamento político do fundador e diretor doprestigioso semanário uruguaio Marcha (1939-1974). Devemos dizer,todavia, com toda a moderação, que não temos a pretensão decomplementar o texto do filósofo uruguaio, pois nem teríamos elementospara levar a cabo tal tarefa. O que tencionamos é apenas nos juntar aoseu esforço, para, dentro dos limites deste estudo, apresentar algumasconsiderações a respeito da presença do projeto histórico unionista latino-americano no interior do pensamento político de Quijano,aprofundando, no âmbito acadêmico brasileiro, o conhecimento sobreo pensamento do fundador de Marcha.

Antes do aparecimento do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras eComércio (Gatt), instituído em 1947, e do Tratado de Roma, pedrafundamental da Comunidade Econômica Europeia (CEE), de 1957,Quijano já externava uma compreensão do novo mapa da economia eda geopolítica internacionais, já percebia o recrudescimento da tendênciade retomada do livre cambismo e do surgimento dos conglomeradossupranacionais e intergovernamentais, disposição que ganharia relevono sistema-mundo do pós-guerra. A consciência das agudastransformações pelas quais passava esse sistema-mundo provocava emQuijano inquietações sobre a inserção do Uruguai e da América Latinano novo panorama político e econômico que estava em gestação:

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5968

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 6 9

Se presiente que vamos a la formación de grandes confederaciones deestados y se comprende que será necesario reemprender el camino quesobre todo el abusivo proteccionismo yanqui enseñó a cerrar: la libertadinternacional del comercio. Si no sabemos unirnos, los grandes, queserán después de esta guerra más grandes y más fuertes, nos aplastarán.(QUIJANO, 1989, p. 67).¹ “La Conferencia Regional del Plata.” Marcha,Montevideo, 31 en. 1941.

O despontar de potências que irromperam fortalecidas comoprotagonistas no cenário político do pós-guerra, principalmente osEstados Unidos, trouxe para as reflexões de Quijano a primazia do temada integração regional que se fazia mais premente na nova arquiteturada distribuição de poder. Possível é, também, distinguir, no seuentendimento das configurações políticas que tomavam forma, aconvicção de que os Estados mais vulneráveis em vez de priorizaremalianças bilaterais, com grande propensão aos desequilíbrios provocadospelas assimetrias, deveriam fortalecer vínculos multilaterais:

Para escapar a la sujeción y ser lo que debe ser, América Latina tiene queunirse y, en principio, cuanto contribuya a esa unión debe ser bienrecibido. Desde un punto de vista más específico, el de los paísesdébiles, es preferible asimismo, unirse con todos, a depender de unosolo. La opción está determinada no sólo por razones económicas sinotambién políticas. (QUIJANO, 1989, p. 196). “ALALC y la unidadlatinoamericana.” Marcha, Montevideo, 5 nov. 1965.

O chamado do primeiro presidente da Quinta República Francesa,Charles de Gaulle, por uma Europa ao mesmo tempo coesa e diversa foia fórmula política da qual Quijano se apropriou para defender igualprojeto para a América Latina: “De Gaulle reclama una Europa que seala Europa de las patrias. Reclamo idéntico con más razón debemosformular.” (QUIJANO, 1989, p. 197). “Alalc y la unidad latinoamericana”.Marcha, Montevideo, 5 nov. 1965. No seguimento de seu raciocínio, aideia de que era necessário conjugar a individualidade com a diversidadesurge mais uma vez: “Como latinoamericanos nuestro deber es impulsarla unión. Como orientales el deber es mantener nuestra individualidad.”(QUIJANO, 1989, p. 197). “Alalc y la unidad latinoamericana.” Marcha,Montevideo, 5 nov. 1965.

Em princípio, para Quijano, tudo aquilo que pudesse jogar águano moinho do processo de integração latino-americana deveria ser bem-

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5969

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20097 0

recebido. Sua predisposição a referendar toda e qualquer iniciativaintegracionista, todavia, com o desenrolar do tempo arrefeceu porqueacabou se deparando com o andamento controverso dos projetos oficiais,como o da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc), surgidoem 1960, que ele passou a acompanhar com muitas reservas:

¿Qué es la ALALC? Todavía una borrosa hipótesis que vuelapor los aires y a veces rebota en la tierra; cuya frustracióndemorará el penoso proceso de integración; cuya vastedadconspira contra su eficacia; cuya timidez, cuyo origen ycuyos apoyos y contactos la condenan a ser, si a tiempo nose le salva, un apéndice de la OEA y del CIES, uninstrumento de la política imperial. Escenario paradiplomáticos y campo de operaciones del capitalmonopolista extranjero y de las empresas más poderosas.Significativo es que los convenios en su gran mayoría, nosean convenios entre países, sino, dentro de sectores muybien definidos, entre empresas. Los gobiernos marchan ala zaga de éstas. No imponen las directivas. Los propiosinteresados se las dan ya hechas. (QUIJANO, 1989, p. 196).“Alalc y la unidad latinoamericana.” Marcha, Montevideo,5 nov. 1965.

O Tratado de Montevidéu, para Quijano, tão vago quantodesconexo, tinha em sua concepção vícios que ameaçavam a suaoperacionalidade e minavam as suas possibilidades de sucesso. O papelsecundário desempenhado pelos governos e o protagonismo cada vezmais agressivo das empresas também o deixavam reticente. Aspectostécnicos do tratado, como as tarifas aduaneiras e a política comercial,não passaram ao largo das suas preocupações. Formado em Direito, nareputada Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidad de la República,estudou economia, mais tarde, em sua estada em Paris, experiência quecontribuiu para a formação de seu pensamento e moldou, junto com oconhecimento da teoria do Estado e da teoria política, a sua percepçãoda realidade. A economia, pois, sempre foi um lastro substantivo desuas análises, inclusive na sua avaliação dos parâmetros contraproducentesdo acordo comercial. Quijano enumerou alguns pontos sensíveis doacordo, entre eles a ausência de uma política monetária comum, que,no nosso entender, deveria ser o centro nervoso e o catalisador de qualquer

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5970

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 7 1

projeto de integração. Sem conserto das políticas monetárias, qualqueresforço integracionista corre o risco de se tornar estéril. Há, parece,implícita, na avaliação de Quijano, a indicação da importância demedidas de salvaguarda, instrumento de política comercial paracombater assimetrias:

Significativo es también que complejos problemas comunesno hayan sido abordados. Aquí en el Plata por ejemplo, lacomercialización de las lanas o de las carnes, interesan porigual a la Argentina, al sur del Brasil y al Uruguay. Pudodedicarse a tema de tanta repercusión el tiempo empleadoa estudiar las dificultades de la televisión en colores. Enotros terrenos, también se tropieza con el vacío. Laposibilidad de una política monetaria común, circunscritaa una región determinada, tampoco ha merecido mayoratención, la atención acordada, en cambio, a la produccióny colocación de repuestos para autos. (QUIJANO, 1989, p.196). “Alalc y la unidad latinoamericana.” Marcha,Montevideo, 5 nov. 1965.

A avaliação de Quijano é acertada: áreas de livre comércio devemcompensar discrepâncias para nivelar equitativamente seus benefícios.Contudo, ele desconsiderou que havia, no Tratado de Montevidéu, umacláusula da nação mais favorecida, o artigo 18, que estendiaincondicionalmente às partes contratantes qualquer vantagem ouprivilégio concedido a produtos e bens originários ou destinados a outrospaíses por uma dessas partes. Além disso, o Capítulo VI tinha cláusulasde salvaguarda. Ainda que o conteúdo econômico do projeto deintegração latino-americano tenha, como já dissemos, ocupado espaçoprivilegiado nas reflexões de Quijano, o traçado que o seu pensamentoparece delinear indica uma preocupação muito maior com a importânciada política para a realização desse projeto.

Nos moldes em que foi criada, a Alalc desagradava Quijano: “Elpacto social – a que aludía Bolívar – que debe formar en este mundouna nación de Repúblicas, ha sido sustituido por tratados que hablande aranceles.” (QUIJANO, 1989, p. 265). “Una nación de repúblicas – ElSELA, punto de partida.” Excelsior, México, 31 mayo 1976.

Mais do que um simples tratado de livre comércio ou até mesmoetapas posteriores do processo de integração, como a união aduaneira e

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5971

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20097 2

o mercado comum, defendia a coordenação política:

La integración tal como aquí la hemos encarado hasta ahora y de modoespecial en el caso de ALALC, es un proceso económico. Etapa necesariapuede ser; pero de ninguna manera suficiente. La unidad de AméricaLatina que seguramente no surgirá de la noche a la mañana, que quizáexija aproximaciones constantes y parciales en el espacio y en el tiempo,debe ser una empresa esencialmente política, la más vasta aventura denuestro continente. (QUIJANO, 1989, p. 268). “Una nación derepúblicas – El SELA, punto de partida.” Excelsior, México, 31 mayo1976.

Quijano, porém, era contrário aos meios e não aos princípios, ouseja, sua percepção passava pela crença de que a articulaçãointergovernamental era mesmo o melhor caminho para a integraçãoregional. Defensor do processo de integração da América Latina, mascom uma compreensão realista das questões internacionais, Quijanonão ignorava a importância da etapa dos acordos regionais no iníciodesse processo:

Tres son las políticas que se nos ofrecen en América: el panamericanismo,el latinoamericanismo, los acuerdos regionales. Con más o menosexactitud, hasta se podría personalizarlas: Monroe, Bolívar e Artigas.Por supuesto, que estas tres políticas no tienen porqué ser siempreexcluyentes. Practicando una de ellas, se puede intentar otra. De esastres políticas, una – el panamericanismo – es, quiérase o no, el vasallaje.Otra, la segunda, es hoy una utopía sólo capaz de inflar las bombas deestruendo de cierta oratoria inofensiva. La única viable y realista es laúltima. (QUIJANO, 1989, p. 59). “Panamericanismo, no; acuerdosregionales, si.” Marcha, Montevideo, 26 jul. 1940.

A crítica de Quijano ao latino-americanismo, que aparece nessapassagem, deve ser contextualizada e analisada com mais profundidade,para que dela não se deduza que o fundador da Marcha era avesso aoideal da Patria Grande, o que estaria em completo desacordo com o quetemos apresentado. A economia política das relações internacionais, bemcomo o desenrolar dos processos sócio-históricos constituíram, comovimos, importantes referenciais teóricos das análises de Quijano. Para sechegar à integração dos diversos atores políticos do subcontinente, forçososeria formular estratégias pragmáticas e realistas, uma vez que,

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5972

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 7 3

historicamente, a formação do Estado Nacional na América Latinaocorreu sob o signo da balcanização. A superação de rupturas políticas ea negociação de interesses conflituosos dão-se por meio do esforçodiplomático ou da guerra. Quando aquele atinge seu limite, esta inicia,de acordo com a célebre fórmula de Clausewitz. Ao contrário dos EstadosUnidos que preservaram a sua unidade territorial por meio de uma guerra,quando dois projetos civilizatórios antagônicos ameaçavam provocar umacisão, a América Latina, em detrimento do desejo de seus próceres, quepugnavam a favor do unionismo, presenciou a atomização e oestabelecimento de fronteiras que indicavam os limites das áreas deinfluência de oligarquias domésticas. A relação entre latino-americanismoou bolivarianismo e acordos regionais ou artiguismo não era, paraQuijano, de exclusão, mas de complementação. Não seria uma guerra,como aquela que houve nos Estados Unidos, que iria possibilitar, pelavia da subordinação, a integração latino-americana, senão as alianças eas aproximações entre os diversos atores políticos do subcontinente. Valefrisar que as teorias da integração econômica, formuladas na década de50 do século XX, postulavam a ocorrência de cinco etapas nos processosde integração: zona de comércio livre; união aduaneira; mercado comum;união econômica; e integração total. Exemplo clássico de união aduaneira,a Deutscher Zollverein, política econômica fundamentada na supressãodas barreiras alfandegárias entre os Estados alemães, criada em 1834,funcionou, também, como dínamo do processo de unificação alemã.Essas teorias e exemplos históricos eram conhecidos por Quijano, e suacompreensão realista das relações internacionais não passava ao largo daanálise de conjunturas e condições materiais:

La integración de América Latina es un viejo ideal y una necesidad;pero no debemos ocultarnos sus dificultades [...]. Una integraciónsupone establecer inicialmente, por lo menos, una unión aduanera yexige que las partes aporten algo más que el deseo de unirse y seancapaces de resistir a las fuerzas centrífugas internas y a la presión deaquellas otras, externas, que tienen interés en mantener la desunión.(QUIJANO, 1989, p. 333). “Los caminos de la liberación.” Cuadernos deMarcha, Segunda Época, n. 01, México, mayo/jun. 1979.

A propósito, o imbricamento entre economia e política logo revelariaao diretor do semanário Marcha o rasgo de linhagem exclusivamenteliberal que alicerçava a Alalc; ele foi um observador muito atento dos

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5973

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20097 4

acontecimentos em torno do acordo comercial. Não tardou em perceberos verdadeiros significados escondidos por detrás do rechaço ao pedidode adesão de Cuba ao tratado de Montevidéu, quando, em agosto de1962, no México, no segundo período de sessões, a Conferência daAlalc declarou que, em vista da incompatibilidade absoluta entre osistema econômico de Cuba e o Tratado, a sua adesão não poderia seraceita. Ora, o episódio, para Quijano, não foi somente mais umabizantina decisão técnica pro forma; reforçou nele todas as reservas quejá tinha ao acordo comercial e o fez transitar de uma posição transigentea uma posição refratária: “Alalc está destinada a la esterelidad y al fracaso.[...] mientras permanezcan o se hagan más estrechas las actuales relacionescon el imperialismo.” (QUIJANO, 1989, p. 211). “La nostalgia de la patriagrande.” Marcha, Montevideo, 28 oct. 1966.

Assessorada pela Comissão Econômica para a América Latina e oCaribe (Cepal), pelo Conselho Interamericano Econômico e Social daOrganização dos Estados Americanos (Cies), conforme o artigo 44 dotratado, e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de acordo comuma das suas resoluções, a Alalc, para Quijano, fora concebida parapromover uma política de integração dependente, posto que atrelada,com exceção da Cepal, a organismos internacionais enviesados ecomprometidos com interesses estadunidenses:

Puesto que ALALC está, difícil es prescindir de ella; pero como suslogros no se compadecen con sus declarados propósitos, ni tampococon nuestras posibilidades y menos con nuestras necesidades, útil seráque, dentro de ella o fuera de ella si corresponde, nos dediquemos arealizar una política de auténtica integración, con objetivos precisos.Una política que no persiga vaguedades ni se limite a homologarconvenios entre empresas. Una política que no ponga la pretextadaunidad al servicio de nuestros enemigos. Prudente en la marcha; audazen la concepción; flexible y obstinada. Con rumbo único: fortificarnuestras patrias, confederarlas y lograr nuestra liberación. (QUIJANO,1989, p. 198). “ALALC y la unidad latinoamericana.” Marcha,Montevideo, 5 nov. 1965.

Em outro momento, quando já estava há dois anos no exílio, em1976, Quijano voltou a insistir no valor da política para a construçãodo projeto integracionista. A Europa costumava ser uma referência paraele. Se outrora a afirmação de De Gaulle sobre a unidade europeia lhefora sugestiva, dessa vez o bloqueio à adesão da Espanha de Franco à

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5974

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 7 5

CEE fora o pretexto para ele tecer mais comentários acerca da importânciada consonância política para os projetos de integração. Não estamosseguros se havia, na jurisprudência da época, algo semelhante aoinstrumento jurídico da cláusula democrática, que existe atualmenteno Direito da Integração, mas, na América Latina, desde o início doséculo XX, há, no Direito das Gentes, uma linha de pensamento queorienta a conduta internacional de governos com relação às bruscasmudanças de poder em seus congêneres, baseada na Doutrina Tobar,elaborada em 1907, pelo ministro das Relações Exteriores do Equador,Carlos Tobar, que postulou o não reconhecimento de governos quechegam ao poder com o emprego da força ou sem o apoio popular. Sejade que forma for, Quijano já percebera no episódio referente à adesão deCuba à Alalc uma clara cisão nas possibilidades de integração. Para ele,uma disjuntiva evidente impôs-se: o projeto de integração latino-americano só poderia ser capitalista e dependente ou socialista edemocrático. Os dois projetos eram inconciliáveis:

¿Es posible hablar de integración sin una concepciónpolítica general común? El mercado común Europeo –neocapitalismo matizado de social democracia – le cerró lapuerta a Franco. ¿Cómo se compadece la búsqueda de unaintegración que inicie el proceso liberador con la entrega alas multinacionales? ¿Cómo cuajará una integración queaplique dos pesos y dos medidas al capital extranjero? ¿Quénacionalice en un lado y desnacionalice en otro? (QUIJANO,1989, p. 269). “Una nación de repúblicas – El SELA, puntode partida.” Excelsior, México, 31 mayo 1976.

Assim, foi com certo otimisto que, em outubro de 1975, eletestemunhou o surgimento do Sistema Econômico Latino-Americano(Sela), constituído mediante o Convênio do Panamá, com as atribuiçõesde coordenar as posições governamentais dos países membros nos fórunsinternacionais, de estimular a cooperação horizontal entre os países daregião, de apoiar os processos de integração da região e de propiciarações coordenadas entre eles. Ele emitiu esta opinião sobre o Sela:

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5975

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20097 6

Este año, por suerte, se ha puesto en marcha el SELA. Punto de llegaday punto de partida. Acta de defunción del ayer. Y afirmación, repetidadel tenaz y paciente afán de unidad, que corre a través de toda nuestrahistoria. Los objectivos se han clarificado y el imperio, por primera vez,no se sienta entre nosotros. Puede que esa organización flexible, nospermita marchar hacia delante. (QUIJANO, 1989, p. 270). “Una naciónde repúblicas – El SELA, punto de partida.” Excelsior, México, 31mayo 1976.

Para Quijano, qual era o maior desafio da América Latina na novacartografia geopolítica mundial que emergiu no pós-guerra e tomouforma nos anos da Guerra Fria? O sistema-mundo que derivou daíadquiriu um contorno bipolar. A emergente ordem internacional pendiapara a concentração de poder em zonas de infuência repartidas entre osEstados Unidos e a União Soviética. No Uruguai, gestou-se uma correntede pensamento que foi designada como “terceirismo”, segundo a qual opaís deveria ter uma atuação independente no cenário internacional.Essa corrente teve forte presença nos enunciados de Marcha e dos seusCuadernos e embasou muitas de suas análises, incidindo também nasreflexões de Arturo Ardao e de Carlos Real de Azúa. Enquanto a críticade Quijano ao modelo soviético era normalmente tíbia, seus libeloscontra o modelo estadunidense costumavam ser explícitos econtundentes, como este que foi feito no interior de considerações sobreum dos nós históricos da América Latina, a união de suas nações:

He ahí el desafío. En este mundo de las grandes concentraciones y delos grandes centros de poder, para sobrevivir debemos unirnos, peropara unirnos debemos trazarnos, una clara meta común. En larevolución de nuestra independencia, fueron las masas populares lasque instintivamente se batieron contra las propias oligarquías criollas,por la república. E se fue el rumbo. Ahora deberán combatir por laliberación y por la justicia. Contra el imperio y contra el capitalismo.(QUIJANO, 1989, p. 269). “Una nación de repúblicas – El SELA,punto de partida.” Excelsior, México, 31 mayo 1976.

Se Quijano, por um lado, nutria uma grande hostilidade pelocapitalismo, o socialismo que reivindicou, por outro, não era o socialismoreal soviético ou maoísta sobre os quais ele tinha inúmeras reservas.²Herdeiro de uma arraigada tradição liberal uruguaia, o principismo,que na sua juventude o levara a formar parte das hostes do Partido

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5976

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 7 7

Nacional, na Agrupación Nacionalista Demócrata Social (Ands), umafração política social-democrata, colocando-o em dissenso com o lídersocialista uruguaio, Emilio Frugoni, Quijano, posteriormente, defendeua noção de um socialismo democrático e imprimiu no projeto políticodos Cuadernos a marca dessa noção. A tríade socialismo democrático,anti-imperialismo e latino-americanismo constituiu a espinha dorsal deseu pensamento. Essa tríade sempre colidiu com as ideias dos gruposconservadores uruguaios, e a sua defesa inamovível levou Quijano aoexílio, de onde ele continuou a exprimi-la. Ele acalentava um ardenteanelo de testemunhar o surgimento de novos valores e paradigmas, osmesmos que apareceram na carta que Guevara lhe escreveu, em marçode 1965, intitulada El hombre nuevo, publicada no Marcha. O espíritodo mundo, como Hegel chamou a história, deveria desencadeartranformações na América Latina, para que eclodissem esses novos valores.Quijano, atento aos rumores da história, observador dos processos eacontecimentos que revolvem vagarosamente o magma sobre o qualflutuam as endurecidas estruturas das sociedades humanas, tinha aconvicção de que o projeto de integração latino-americano representavao novo, que, envolto em renúncias e decisões, carregava um apeloirresistível:

Mire este es un mundo de grandes integraciones y hay quecomprenderlo, con todo lo que eso representa de desgarramientos y decreaciones. La vida siempre empieza mañana. No hay que tenerle miedoa las cosas que se transforman. Hay que tenerle miedo a las cosas que seosifican y que quedan congeladas, porque eso es la muerte. (QUIJANO,1989, p. 299). “Capitalismo, socialismo real y América Latina.”Cuadernos de Marcha, Tercera Época, Montevideo, n. 1, jun. 1985.

Obturado, para ele, era o nacionalismo centralizador. Quijano eranacionalista, mas sua ideologia nacional só adquiria forma e substânciaquando emparelhada com o latino-americanismo anti-imperialista: “Nohabrá, pensamos, América una sin patrias diversas. Uno, sin dejar de seruno, entre varios.” (QUIJANO, 1989, p. 196-197). “Alalc y la unidadlatinoamericana”. Marcha, Montevideo, 5 nov. 1965. Isolado, onacionalismo de campanário não tinha significado. Um questionamentoimpõe-se: quais são os fundamentos e as características desse nacionalismoesgrimido pelo diretor de Marcha? Em um fragmento extraído daDeclaração de Princípios da Ands, escrita em 1928, Quijano evidenciaalgumas características da sua compreensão acerca do nacionalismo:

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5977

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20097 8

Nuestro nacionalismo no es, sin embargo, de esos que se exteriorizansolamente en desfiles patrióticos y en culto de los muertos. Entendemospor nacionalismo una política de creación o de vigorizamiento de lanacionalidad, de estudio constante de nuestra realidad, de soluciones,ya lo hemos dicho, basadas en esa realidad. (QUIJANO, 1989, p. 53)“Nacionalismo – Antimperialismo.” Acción, Montevideo, 15 jul. 1933.(Grifo dos autores).

A enunciação de Quijano é incisiva e revela uma fragilidade doprocesso de formação dos Estados Nacionais na América Latina: afundação das repúblicas independentes latino-americanas mergulhou ocontinente em um período anárquico³ no entorno do vazio de poderdeixado pela Coroa espanhola que se estende por muitos anos em lutasintestinas entre os caudilhos locais. Depois desse período, sobreveio aetapa de consolidação das oligarquias regionais, processo que está naraiz da fragmentação política do continente. (CUEVA, 2004, p. 127).

Quijano quis defender uma noção de nacionalismo contraposta àconcepção conservadora das classes dominantes, isto é, a burguesia deMontevidéu, os militares e os pecuaristas, sustentáculos de um modeloeconômico dependente nos termos de troca e voltado prioritariamentepara o mercado externo. Ciente da natureza ideológica do nacionalismoe do aspecto inorgânico da formação nacional, tanto do Uruguai comodos outros países latino-americanos, orientada para atender aos interessesdas classes dominantes locais, Quijano não ignorou a carência de umconceito de nacionalismo identificado com os processos sociais ehistóricos que constituíram as complexas divisões de classe e seusresultados na consolidação das estruturas da sociedade. Sua percepçãode nacionalismo brandido pelas forças detentoras do poder assumiu umviés crítico e revelou-lhe o cariz estéril e pretensamente universalistaque o animava. O tom acerbo que costumava nutrir suas análises eenunciações veio à tona mais uma vez para demolir os pilares de umaconstrução falaciosa que se aninhava na retórica oficialista. Para Quijano,o nacionalismo deveria representar uma relação algébrica positiva emvez de um jogo de soma zero, isto é, deveria partir de um estudo profundoda realidade nacional como único meio de engendrar um projeto denação agregador em que todos os setores da sociedade participassem daprodução e do usufruto dos bens culturais e econômicos resultantes doesforço coletivo. Além do mais, deve-se assinalar que o nacionalismo deQuijano forma um sintagma junto com sua visão anti-imperialista.

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5978

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 7 9

Ambas as categorias constituem peças insubstituíveis de uma mesmaconstrução. Quijano desvencilhou o nacionalismo do patriotismo.Entendia o patriotismo como um recurso inócuo a certo passado quedificilmente incorporava a história do país ao seu presente político eque mais raramente ainda buscava fora dos horizontes das fronteirasnacionais elementos para a construção da identidade nacional.Impregnado de convicções anti-imperialistas, Quijano defendeu tambémuma nova concepção de nacionalismo; antes que um “estar en el Uruguay”,apontava para um “estar en el mundo”; antes que a queda na engrenagemcega do pan-americanismo, aposta decidida na construção de umafederação latino-americana. (CAETANO; RILLA, 1986, p. 183).

O nacionalismo sustentado por Quijano é revolucionário, ou seja,extrapola as fronteiras dos Estados Nacionais para encontrar na“comunhão de destino” histórica e cultural latino-americana, a PatriaGrande, teorizada no começo do século XX por Manuel Ugarte, o únicoprojeto capaz de promover a união dos povos da América Latina efortalecer a sua soberania. Para Quijano, o nacionalismo revolucionárioé essencialmente anti-imperialista:

Es el juego dialéctico de la vida y de la historia. Quisimos ser un país ynos esforzamos por serlo. A través de muchos años de callados y aunsangrientos sacrificios defendimos nuestras débiles fronteras. Ahora entiempo de integraciones sin dejar de ser patria, la patria chica, debemoshacer con todos los otros, aquellos que dentro del continente afrontanel mismo desafío otra patria, la patria grande, fruto y prolongación dela revolución emancipadora, frustrada por la codicia ajena, labalcanización y la traición y miopía de las oligarquías nativas. (QUIJANO,1989, p. 258). “Morir oriental.” Marcha, Montevideo, 9 feb. 1968.

O Uruguai, na sua percepção, poderia resguardar as suasidiossincrasias e os traços que o tornavam sui generis, desde que, nointerior de uma unidade histórica maior, a América Latina. Quijanoapegou-se obstinadamente à ideia de que o nacionalismo orientalartiguista e sua vigência em um sistema-mundo que pendia para odesvanecimento do Estado Nacional implicava a defesa do federalismointegracionista latino-americano:

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5979

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20098 0

Cómo podemos creer en este mundo de grandes integraciones, degrandes centros de poder, que los países chicos pueden vivir conindependencia. No es cierto. Es una mistificación. Si seguimosmanteniendo un tipo de nacionalismo estrecho eso nos va a conducir,tarde o temprano, a los países chicos, a la servidumbre. Me pareceinevitable. O nos juntamos o desaparecemos. (QUIJANO, 1989, p. 300).“Capitalismo, socialismo real y América Latina.” Cuadernos de Marcha,Tercera Época, Montevideo, n. 1, jun. 1985.

A integração latino-americana, na sua compreensão, como se pôdeentrever, não denotava o nivelamento das identidades e a diluição doterrunho em um espaço geocultural maior, mas a coexistência doautóctone com o contíguo, posição ineludivelmente defendida peloprojeto político dos Cuadernos, como se percebe nestas consideraçõesde Roig:

Cada vez estamos más convencidos de la unidad cultural que hace deLatinoamérica un continente con perfil propio, como también loestamos de la rica diversidad que se integra armónicamente en aquellaunidad. Grandes zonas culturales dan forma a este continente queahora tal vez con más fuerza que nunca despierta con viva voluntad dedarse una misión y un destino en la historia. (1972, p. 7-8).“Elaboremos nuestro propio vino.” Cuadernos de Marcha, PrimeraÉpoca, Montevideo, n. 63, jul. 1972.

Não poderia ser mais contundente a irradiação das ideias deQuijano nos Cuadernos, como ocorre nessa declaração de Roig, quedefende, dentro do mesmo movimento, a perpetuação da diversidadeno fortalecimento da unidade.

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5980

MÉTIS: história & cultura – COUTO, Cristiano P. P.; BRANCHER, A. L. 8 1

1 Esta e as citações subsequentes de Carlos Quijano foram transcritas do livro AméricaLatina: una nación de repúblicas, que é uma compilação de alguns de seus artigossobre a América Latina, publicados no semanário Marcha e em outros periódicos. Nocorpo do texto, após os excertos que fazem parte dessa compilação, disponibilizamosa indicação do título de cada artigo, acompanhada do periódico e da data em que foipublicado.

² Em entrevista com Ana María Fagalde, realizada em junho de 1982, em que Quijanoresponde a uma série de perguntas sobre a conjuntura política internacional e latino-americana, há uma breve passagem acerca do socialismo real que revela sua crítica aomodelo autárquico soviético: “Esa es la tragedia del mundo actual. El capitalismo haentrado en una crisis irreversible. Y el socialismo real, a mi modo de ver, ha entrado enotra crisis también a la cual no le veo salida y por consiguiente no puede constituir unmodelo”. Mais tarde, essa entrevista veio a ser publicada, com o título “Capitalismo,socialismo real y América Latina”, no primeiro número da Terceira Época dos Cuadernosde Marcha, em junho de 1985.

³ O vocábulo não deve ser associado à corrente de pensamento anarquista de Proudhone Bakunin. Está empregado em alusão à ideia de “estado de natureza”, desenvolvidapor Thomas Hobbes, no Capítulo XIII do seu Leviatã. Seu oposto é o Estado deDireito, fundamentado no primado da lei.

Notas

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5981

MÉTIS: história & cultura – v. 8, n. 15, p. 67-82, jan./jun. 20098 2

ARDAO, Arturo. Prólogo. In:QUIJANO, Carlos. América Latina: unanación de repúblicas. Montevideo:Cámara de Representantes de laRepública Oriental del Uruguay, 1989.v. 3. t. 1.

CAETANO, Gerardo; RILLA, Leopoldo.El joven Quijano (1900-1933): izquierdanacional y conciencia crítica. Montevideo:Banda Oriental, 1986.

CUEVA, Agustín. El desarrollo delcapitalismo en América Latina. 19. ed.México: Siglo Veintiuno, 2004.

PAULA COUTO, C. P. Cuadernos deMarcha (Primeira Época, Montevidéu,1967-1974): uma “trincheira de idéias”desde o Uruguai para o mundo. 2008.128 p. Dissertação (Mestrado emHistória) – Programa de Pós-Graduaçãoem História/UFSC, Florianópolis, 2008.

QUIJANO, Carlos. América Latina: unanación de repúblicas. Montevideo:Cámara de Representantes de laRepública Oriental del Uruguay, 1989.v. 3. t. 1.

______. Nacionalismo – Antimperialismo.Acción, Montevideo, 15 jul. 1933.

______. Panamericanismo, no; acuerdosregionales, si. Marcha, Montevideo, 26jul. 1940.

Referências

______. La Conferencia Regional delPlata. Marcha, Montevideo, 31 en.1941.

______. ALALC y la unidadlatinoamericana. Marcha, Montevideo, 5nov. 1965.

______. La nostalgia de la Patria Grande.Marcha, Montevideo, 28 oct. 1966.

______. Morir oriental. Marcha ,Montevideo, 9 feb. 1968.

______. Una nación de repúblicas – ElSELA, punto de partida. Excelsior ,México, 31 mayo 1976.

______. Los caminos de la liberación.Cuadernos de Marcha, Segunda Época,México, mayo/jun. 1979.

______. Capitalismo, socialismo real yAmérica Latina. Cuadernos de Marcha,Tercera Época, Montevideo, jun. 1985.

ROIG, Arturo Andrés. Elaboremosnuestro propio vino. Cuadernos deMarcha, Primera Época, Montevideo, n.63, jul. 1972.

SIERRA, Carmen de. Marcha en elcontexto político-económico internacionaldel siglo XX. In: MORAÑA, Mabel;MACHÍN, Horacio (Org.). Marcha yAmérica Latina. Pittsburgh: Universidadede Pittsburgh; Instituto Internacional deLiteratura Iberoamericana; Biblioteca deAmérica, 2003.

Artigo recebido em 17 maio de 2009. Aprovado em 20 de julho de 2009.

CAPITULO4.pmd 16/8/2010, 14:5982