a motivação dos professores do centro federal de educação

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Curso de Mestrado em Administração A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Para Participarem do Programa da Qualidade: Um Exame Com Base na Teoria da Expectância Helder Pontes Régis Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração. Recife, 2000

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Page 1: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Curso de Mestrado em Administração

A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Para

Participarem do Programa da Qualidade: Um Exame Com Base na Teoria da Expectância

Helder Pontes Régis

Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração.

Recife, 2000

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1

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Curso de Mestrado em Administração

A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Para Participarem do

Programa da Qualidade: Um Exame Com Base na Teoria da Expectância

Helder Pontes Régis

Dissertação submetida ao corpo docente do Curso de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Pernambuco e aprovada em: 05 de junho de 2000 Banca Examinadora: Profª Sônia Maria Rodrigues Calado, Ph.D.(Orientadora) Prof. Antonio Virgílio Bittencourt Bastos, D.Sc. (Examinador Externo) Profª. Janann Joslin Medeiros, Ph.D. (Examinadora Interna)

Page 4: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

2

Agradecimentos

Esta dissertação de mestrado faz parte de um projeto de vida e mais que isso, faz parte de

um sonho que agora se realiza. Sou eternamente grato a quem possibilitou a realização de um

sonho.

A Deus pela iluminação em todas as etapas deste trabalho. Na fraqueza me deu força, na

angústia me alegrou e na enfermidade me curou. À minha esposa Paula, mais que

companheira, cúmplice nos sucessos da vida. Aos meus pais, Joaquim e Nair Régis, que me

ensinaram a importância de aprender. À minha orientadora Prof.ra Sônia Calado, que

proporcionou, à cada reunião, não só uma orientação acadêmica mas motivação para continuar.

Ao Prof. Jorge Alexandre, meu co-orientador, sempre pronto a atender. Ao Prof. Robert Allen,

Wyoming University, pela atenção dispensada ao enviar o modelo do questionário. Aos

professores Antonio Virgílio e Janann Medeiros pelas avaliações críticas e referencial

necidos.

À UFPE por proporcionar a oportunidade de realização de um mestrado gratuito e de

qualidade. Ao CEFET-PB pelas portas sempre abertas ao desenvolvimento de pesquisas que

agregam conhecimento à humanidade. Ao CEFET-PE que, apesar das dificuldades, tem apoiado

os docentes que buscam nos programas de pós-graduação a capacitação profissional.

Como estas organizações não existiriam sem as pessoas e a tentativa de citá-las

incorreria em omissões injustas, opto por eleger representantes para agrade

em cada uma delas, contribuíram para que este trabalho fosse realizado. Na pessoa do Prof.

Page 5: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

3

Pedro Lincoln Mattos, agradeço à UFPE e a todos os docentes do Curso de Mestrado em

Administração; na pessoa do Prof. Almiro de Sá Ferreira, Diretor do CEFET-PB, agradeço a este

centro de ensino e a todos os docentes que participaram da pesquisa; na pessoa da Profra. Xênia

Luna de Souza, Gerente de Ensino do CEFET-PE, agradeço a esta organização e a todos os

colegas de trabalho que apoiaram e incentivaram a realização deste estudo.

Mesmo correndo os riscos de um esquecimento, não poderia deixar de agradecer

nominalmente àqueles que estiveram de forma mais próxima colaborando ou incentivando e

sempre trazendo uma mensagem de otimismo. Antônio Carlos Varela, Leila, Aleksandro de

Lima, Rivaldo Serrano, Verônica Lacerda, Alberto Sávio, Severino Cesarino, Alexandra,

Gibson, Carlos Santacruz, Edilson Machado, Arizoneide, Fátima, Conceição, Marileuza F. de

Lima, Nadja Pessoa, Lúcia, Vânia, Laura, Tércio Xavier, Luiz dos Santos Jr., Zaqueu, Solange,

Renato Castro, André Melo, Gustavo Koury, José Francisco, Irani, Floriza e Simone.

Por fim, agradeço a todos os amigos e familiares que em muitos momentos suportaram a

minha ausência por estar dedicado às atividades do mestrado.

Page 6: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

Resumo

Várias questões carecem de resposta quanto à motivação para a participação em

programas de mudança organizacional. Devido ao fato do engajamento depender da decisão

individual de ser voluntário, é importante compreender o que motiva tais decisões. Apoiado na

teoria da expectância, este estudo analisa o quadro motivacional dos docentes do Centro Federal

de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB) para o envolvimento no programa de

melhoria da qualidade. Um modelo do tipo “within-subject” da teoria da expectância é testado

quanto a sua validade em uma cultura diferente daquelas em que ele tem sido aplicado. Este

modelo, pertencente ao grupo cognitivo das teorias da motivação, está sendo retomado pela

comunidade científica internacional e nos últimos anos, vários estudos têm sido publicados. No

presente estudo, um questionário, aplicado em um estudo de caso nos Estados Unidos para

avaliar a decisão de participar, foi validado para o contexto do CEFET-PB. Foram encontradas

evidências, em apoio à descobertas anteriores, de que quanto maior a força motivacional

resultante, maior será a probabilidade do indivíduo se tornar voluntário para o programa de

melhoria da qualidade. Contudo, os dados também sugerem que há limitações transculturais

para a generalização do modelo da expectância.

Page 7: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

5

Abstract

There are a number of unanswered questions about motivation to participate in

organizational change programs. Given the fact that engagement in change programs depends

on the individual’s own decision to volunteer, it is important to understand what motivates such

decisions. Based on expectancy theory, the present study analyzes the motivation of teachers at

the Federal Center for Technological Education (CEFET-PB) in Paraiba State, Brazil, to

participate in a program for quality improvement. The validity of a within-subject model of

expectancy theory is tested in this study in a culture different from that in which it has previously

been applied. The model, which belongs to the cognitive group of motivational theories, is being

given a fresh look by the international scientific community and in recent years a number of new

studies have been published. In the present study, a questionnaire applied to a case study in the

United States to understand the engagement decision was validated for the CEFET-PB context.

Evidence was found that supports previous findings that the greater the resultant motivational

force, the greater the likelihood that the individual will volunteer to participate in a quality

improvement program. However, the data also suggest that there are cross-cultural limitations to

the generalizability of the expectancy model.

Page 8: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

6

SUMÁRIO

pág.

1 Introdução....................................................................................................... 09

1.1 Formulação do problema............................................................................... 14

1.2 Questões de pesquisa..................................................................................... 18

1.3 Objetivos....................................................................................................... 19

1.3.1 Objetivo geral............................................................................................. 19

1.3.2 Objetivos específicos................................................................................. 19

2 Fundamentação teórica.................................................................................... 21

2.1 Mudança organizacional: um convite à resistência..................................... 21

2.2 Mudança e resistência: um processo de aprendizagem organizacional...... 24

2.3 Os programas da qualidade total: aspectos motivacionais.......................... 26

2.3.1 Teorias da motivação............................................................................... 29

2.3.2 A motivação na abordagem de Maslow.................................................. 30

2.4 A Motivação para o engajamento no PQT................................................. 32

2.5 Os fundamentos da teoria da expectância................................................... 33

2.6 O modelo da expectância aplicado aos programas participativos.............. 35

2.6.1 Valência.................................................................................................... 36

2.6.2 Instrumentalidade..................................................................................... 37

2.6.3 Expectância............................................................................................... 38

2.7 Teste das predições da teoria da expectância.............................................. 41

2.8 A decisão individual de ser voluntário........................................................ 44

2.9 Limitações da teoria da expectância............................................................ 47

2.10 Limitações das pesquisas transculturais: necessidade de adaptação ao contexto nacional..........................................

48

3 Metodologia.................................................................................................... 51

3.1 Hipóteses.................................................................................................... 51

3.2 Desenho da pesquisa................................................................................... 52

3.3 Locus da investigação................................................................................. 54

Page 9: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

7

Sumário ( continuação) Pág.

3.4 Plano de amostragem.................................................................................. 54

3.5 Método de coleta de dados......................................................................... 56

3.6 Instrumentação das variáveis..................................................................... 58

3.6.1 Medição da força motivacional para participar........................................ 59

3.6.2 Medição da força motivacional para não participar................................. 61

3.6.3 Cálculo da força motivacional resultante................................................. 63

3.7 Tratamento dos Dados................................................................................ 64

4 Resultados....................................................................................................... 65

4.1 O estado atual dos respondentes quanto a participação no programa da qualidade.........................................................

65

4.2 Força para participar a partir dos escores das valências, instrumentalidades e expectâncias...............................................

66

4.3 Força motivacional para não participar....................................................... 72

4.4 Exatidão das predições da teoria da expectância......................................... 76

4.5 Probabilidade de participação com base na força motivacional resultante...........................................................

77

5 Discussões e conclusões.................................................................................. 79

5.1 O modelo multiplicativo de Vroom............................................................ 80

5.1.1 Valências................................................................................................... 81

5.1.2 Instrumentalidades.................................................................................... 82

5.1.3 Expectância............................................................................................... 84

5.1.4 A força para participar............................................................................. 85

5.2 A exatidão das predições............................................................................ 86

5.3 A probabilidade de ser voluntário com base na força resultante.......................................................................

89

5.4 Limitações do estudo.................................................................................. 90

5.5 Implicações práticas.................................................................................... 92

5.6 Sugestões para futuros trabalhos................................................................. 94

6 Referências bibliográficas............................................................................... 97

APÊNDICE A – Roteiros empregados nos painéis............................................

104

APÊNDICE B – Questionário aplicado.............................................................. 110

APÊNDICE C – Freqüências das valências........................................................ 117

APÊNDICE D – Freqüências das instrumentalidades de participação e de não participação...............................................................

120

Page 10: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

8

Sumário (continuação)

pág.

APÊNDICE E – Histogramas das expectâncias................................................. 125

APÊNDICE F – Histogramas das forças; Resultado das forças, predições, estado atual e erros nas predições para cada questionário..............................................................

127

APÊNDICE G – Regressão logística.................................................................. 132

APÊNDICE H – Resultados obtidos com o uso da escala original de instrumentalidades (-3 a +3).................................

134

ANEXO A – Modelo de questionário utilizado............................................ 147

LISTA DE QUADROS TABELAS

Quadro: pág. 1: Descrição da amostra 55 Tabelas: pág.

1: Nº de participantes e voluntários..................................................................... 66

2: Modas e percentagens das avaliações de valências para cada uma da 27 recompensas..................................................................

68

3: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades para as 27 recompensas....................................................................................

70

4: Frequências, percentagens e moda das avaliações de expectância de participação........................................................................

71

5: Resultados da força motivacional para participar do programa da qualidade...............................................................................

72

6: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades de não participação...........................................................

74

7: Frequências, percentagens e moda das avaliações da expectância de não participação.................................................................

75

8: Resultados da força motivacional para não participar do programa da qualidade...............................................................................

75

9: Nº de participantes, voluntários e as predições com base na força motivacional resultante.....................................................

76

10: Exatidão do modelo para predizer o comportamento dos docentes quanto ao PQT.........................................................................

77

11: Regressão logística para a probabilidade de ser voluntário para o programa da qualidade......................................................

78

Page 11: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

9

1 Introdução

Este capítulo apresenta uma exposição dos motivos que levaram à realização deste

estudo, incluindo a formulação do problema, as questões de pesquisa e os objetivos da

investigação.

Esta investigação é um estudo de caso que busca avaliar a aplicabilidade do modelo

multiplicativo de Victor H. Vroom da teoria da expectância para a análise da motivação dos

professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB) para

participarem de um programa da qualidade total.

Desta forma, o modelo da teoria da expectância aqui utilizado é submetido a um teste

transcultural. Além disso, os resultados poderão ser utilizados para maximizar a eficácia do

programa e desenvolver expectativas mais realistas concernentes aos efeitos destes programas

sobre a organização e seus membros.

Conforme Abrúcio apud Mello (1999), a implementação de novos modelos gerenciais

assim como as mudanças e adaptações que eles sofrem ante as necessidades de cada nação

têm sido tema de debates nos mais diversos países. Desta forma, as novas práticas gerenciais

contemplam um pluralismo organizacional sob bases pós-burocráticas vinculadas aos padrões

históricos (institucionais e culturais) de cada país.

A autora ainda destaca que as principais tendências de modificação do padrão

burocrático weberiano estão em torno do modelo gerencial. Tais tendências, que também

Page 12: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

10

ocorrem no Brasil, mostram maior autonomia das agências governamentais, no sentido de

horizontalizar a estrutura hierárquica, incentivar parcerias com o setor privado e com

organizações não governamentais. Além disso, elas buscam profissionalizar o servidor

público, introduzir novos mecanismos de avaliação de desempenho individual e de resultados

organizacionais baseados em indicadores de qualidade e produtividade.

Em março de 1996 o Governo Federal lançou o projeto de lei da reforma do ensino

técnico e médio. As transformações que estas modalidades de ensino vêm sofrendo trouxeram

muitas mudanças para o ambiente das Instituições de ensino técnico e médio (Brasil. Projeto

de Lei no 1.603). Aprovado pelo Congresso Nacional, foi decretado pelo Presidente da

República em abril de 97 (Brasil. Decreto no 2.208-17 abr.1997). Este decreto regulamenta a

lei de diretrizes e bases da educação nacional (Brasil. Lei no 9394, de 20 Dez. 1996) quanto

aos rumos do ensino profissionalizante. O modelo educacional determinado por esta

regulamentação, busca aumentar o desempenho das escolas e dar maior liberdade ao aluno,

permitindo que ele caminhe logo para o mercado de trabalho e disponha de uma educação

continuada.

De acordo com Carneiro (1996), um dos pressupostos teóricos que nortearam a

elaboração do referido projeto de lei foi a qualidade no ensino. Esta qualidade deve ser

expressada na melhoria de processos educacionais, no estabelecimento de padrões de ensino e

no desenvolvimento de habilitações requeridas pelas mudanças no ambiente global.[HPR1]

No ano de 1995 foi firmado um convênio entre o CEFET-PB e a SEMTEC1, com

assistência técnica de uma consultoria externa, para dar treinamento e consultoria durante a

implantação de Sistemas Gerenciais da Qualidade Total junto às instituições federais de

ensino técnico. Este convênio teve como objetivo retomar as atividades do Núcleo

1 SEMTEC- Secretaria da Educação Média e Tecnológica - Brasil. MEC

Page 13: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

11

Especial de Qualidade e Produtividade da SEMTEC. Assim, pretendia-se melhorar o

desempenho das escolas, diminuir a evasão escolar, reduzir a repetência e aumentar a

qualidade do ensino.

Ao se avaliar o projeto de implantação do programa da qualidade no CEFET-PB,

passados quatro anos do início da sua execução, pôde-se perceber que os resultados esperados

não foram alcançados e que não houve continuidade com respeito às ações inicialmente

planejadas. Associado a isto, foram observadas manifestações de rejeição às mudanças por

parte de muitos funcionários.

Robbins (1998) coloca que as organizações são, por natureza, conservadoras e que

resistem ativamente à mudança. Para ele, evidências deste fenômeno podem ser observadas

em órgãos do governo que resistem às mudanças independentemente da necessidade por seus

serviços mudar ou não. O autor ainda exemplifica:

Instituições educacionais, que existem para abrir mentes e desafiar doutrinas estabelecidas, são também extremamente resistentes à mudança. A maioria dos sistemas escolares está usando hoje essencialmente as mesmas tecnologias de ensino que usava há 50 anos (Robbins, 1998 p. 400).

Campos (1995) esclarece que ao adotarem a GQT – Gestão da Qualidade Total, as

organizações têm como missão maior, satisfazer as necessidades do ser humano. Alicerçado

na hierarquia das necessidades de Maslow, Campos enfatiza que a base da motivação é a

confiança (amizade, apoio, estabilidade) e que existem fatores básicos da motivação como:

influência do gerente, bom ambiente de trabalho, trabalho em grupo, reconhecimento e

crescimento constante. Para ele, a introdução do modelo americano de qualidade, cuja ênfase

está na satisfação do cliente, foi fortemente influenciada pela obra de Maslow que também é

americano.

Apesar da linha de questionamentos sobre os programas de GQT ter produzido

resultados interessantes no meio acadêmico, pesquisas com o foco sobre a motivação para

Page 14: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

12

participar de programas que envolvem as pessoas são necessárias. Os programas de qualidade

total têm sido difundidos nos processos de mudança organizacional do país, gerando uma

carência de estudos sistemáticos acerca das questões que envolvem o seu uso e os

pressupostos para o seu sucesso. Vale destacar as colocações de Bastos (2000):

Muito se tem, ainda, por compreender acerca dos fatores que diferenciam os indivíduos em termos do seu engajamento em programas de mudança organizacional. Essa compreensão é básica não só por vivermos em um contexto de aceleradas transformações sociais, tecnológicas e econômicas, com fortes reflexos nos formatos e processos organizacionais; torna-se relevante, também, pela contribuição que possa vir a agregar ao reduzido conhecimento disponível, especialmente na realidade brasileira, sobre fatores pessoais que predispõem à ação engajada em programas organizacionais, por ser esse engajamento, simultaneamente, condição indispensável e resultado desejável do processo de mudança.

A teoria da Expectância, um dos modelos contemporâneos de motivação mais

largamente aceitos e testados (Lawler III, 1991; Arnold, 1981; Giles, 1977; Mitchell, 1974),

foi escolhido como base para o estudo da motivação. Publicações internacionais recentes têm

dado relevância a esta teoria como uma forma de ajudar a explicar porque muitos

trabalhadores não estão motivados nos seus ambientes de trabalho e meramente executam o

mínimo necessário (Jurkiewicz, Massey Jr. & Brown, 1998). Este modelo também está entre

os mais complexos modelos motivacionais já elaborados e conta com uma boa produção

científica internacional embasando-o e desenvolvendo-o a partir da sua formulação inicial

(Allen, Lucero & Van Norman, 1997; Allen & Van Norman, 1996; Leanna, Ahlbrandt &

Murrell, 1992; Verma, 1989; Verma & McKersie, 1987; Arnold, 1981; Giles, 1977; Parker &

Dyer, 1976; Mitchell, 1974).

Foram encontrados mais de dez trabalhos de autores estrangeiros abordando o modelo

da expectância. Estes artigos foram publicados em revistas reconhecidas internacionalmente

entre 1996 e 19992. Isto mostra o suporte científico que o modelo tem recebido a nível

internacional. Entretanto, não foram encontradas publicações nacionais que abordem o

2 Pesquisa realizada no banco de dados on-line do ProQuest [www.umi.com/proquest].

Page 15: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

13

desenvolvimento ou aplicação do modelo da expectância no país.3 É importante, assim, a

aplicação da teoria da expectância buscando, não só, incorporar uma perspectiva de análise

dos processos cognitivos envolvidos nas decisões ‘motivadas’, mas possíveis elementos que

possam interferir numa aplicação transcultural do modelo. Para tanto, além de fornecer

embasamento ao estudo, o próprio modelo da expectância também é avaliado, à medida em

que é aplicado em uma cultura diferente da norte americana.

Desta forma, este estudo é precursor na análise do modelo da expectância no ambiente

brasileiro. Além disso, apesar da pouca difusão do modelo da expectância entre gestores e

empresas (Bastos, 2000), pode-se perceber através das publicações internacionais, que há um

contexto de transformação da dinâmica motivacional tendo em vista a retomada dos estudos

sobre as teorias cognitivas da motivação.

Devido à carência de dados atualizados para se estudar a falta de motivação em

relação a implantação do programa de qualidade do CEFET-PB e julgando que o sucesso

deste tipo de programa depende da participação voluntária das pessoas, a compreensão da

motivação dos professores para participar pode ser bastante útil na implementação e avaliação

do processo de mudança. A escolha do corpo docente de uma instituição de ensino como

objetos de análise, permitiu o acesso a elementos específicos sobre programas da qualidade

neste contexto.

O presente estudo replicou hipóteses e metodologias aplicadas por Allen, Lucero &

Van Norman, (1997) e Parker & Dyer, (1976), em um ambiente culturalmente diferente do

norte americano onde foram inicialmente aplicadas. Além disso, busca agregar conhecimento

à linha de pesquisa que tem usado métodos e terminologias similares no exame do processo

de envolvimento dos empregados. Estes trabalhos enquadram os sujeitos dentro de três

grupos: os participantes do programa (já participam), os voluntários (têm desejo de participar)

3 Pesquisa realizada nos bancos de dados “On -line”: USP, UFRGS, UFRJ, UnB, UFBA e UFPE, utilizando as palavras-chave:

Motivação, Modelos Cognitivos, Vroom, Expectância, Valência e Instrumentalidade.

Page 16: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

14

e os não-voluntários (não têm desejo de participar) (Allen, Lucero & Van Norman, 1997;

Allen & Van Norman, 1996; Leanna, Ahlbrandt & Murrell, 1992; Verma, 1989; Verma &

McKersie, 1987).

Com base nesta perspectiva, optou-se por analisar a antecipação dos resultados

associados com uma decisão de participar do programa da qualidade. Pretende-se assim,

conhecer os fatores que influem na decisão individual de participar do PQT - Programa da

Qualidade Total e avaliar a aplicabilidade da teoria da expectância em um contexto

transcultural. Busca-se ainda fornecer subsídios que auxiliem o CEFET-PB a enfrentar as

dificuldades que se apresentam em relação às mudanças exigidas pela conjuntura atual.

Dada a metodologia de estudo de caso, a seção seguinte apresenta o contexto

organizacional do CEFET-PB como a base para a formulação do problema de pesquisa.

1.1 Formulação do Problema

Observada a relevância do estudo, abordaremos a seguir o problema de pesquisa

levantado a partir das dificuldades enfrentadas na implantação do programa da qualidade total

no CEFET-PB.

Vale salientar que a qualidade tem sido objeto de estudo no setor industrial por algum

tempo, contudo, na área da educação os estudos são bastante recentes. A qualidade na

educação só passou a ser estudada após diversas abordagens sobre a qualidade nos serviços.

Pode-se constatar ainda, dificuldades na operacionalização dos conceitos da GQT na

educação (Moller, 1994; Barbosa, 1994).

Page 17: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

15

A implantação do PQT no CEFET-PB foi orientada por consultores externos

especializados na implantação de programas de melhoria da qualidade. Apesar das adaptações

para a educação, o modelo que se buscou implantar ainda trazia muitos conceitos inerentes ao

setor produtivo.

O projeto de implantação do Programa da Qualidade Total no CEFET-PB teve sua

execução iniciada a partir da criação de um Núcleo de Promoção da Qualidade – NPQ1 e de um

Grupo de Promoção da Qualidade – GPQ2. Após o treinamento inicial, o grupo de promoção

iniciou os trabalhos de implantação de técnicas e princípios da gestão pela qualidade total em

áreas administrativas e de ensino. Dentre os itens do programa a serem implantados, estavam:

a) Realização de palestras sobre os conceitos da Gestão pela Qualidade Total;

b) Implantação do Programa 5S’s;

c) Identificação dos processos;

d) Implantação de métodos de solução de problemas;

e) Padronização dos processos – Elaboração do manual de procedimentos;

f) Realização de pesquisa junto aos clientes;

g) Implantação de indicadores de eficiência e eficácia.

Após o treinamento inicial, o grupo de promoção iniciou os trabalhos de implantação de

técnicas e princípios da gestão pela qualidade total em áreas administrativas e de ensino. Aos

servidores destas áreas foi primeiramente apresentado o programa e o seu papel na organização e

foram treinados para a utilização de métodos de solução de problemas, programa 5S’s,

elaboração do manual de procedimentos, dentre outros. Estas pessoas foram então, incentivadas

a formarem grupos de trabalho, de forma livre e espontânea, para a aplicação dos métodos e

técnicas da GQT nos seus setores de trabalho e contando com o apoio do GPQ. Os professores

1 Núcleo de Promoção da Qualidade, composto pelos diretores dos departamentos e pelo diretor geral do CEFET -PB. 2 Grupo de Promoção da Qualidade, composto por funcionários dos diversos departamentos da instituição.

Page 18: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

16

também foram estimulados a adotarem as técnicas da GQT em sala de aula visando a melhoria

do processo ensino-aprendizagem.

Com o início dos treinamentos para a implantação do programa da qualidade no CEFET-

PB, pôde-se perceber as manifestações de rejeição às mudanças por parte de muitos professores.

Apesar da consultoria externa durante a implantação o programa não conseguiu gerar o impacto

desejado. Em uma avaliação do processo de implantação, realizada pelo próprio GPQ, foram

identificados problemas como:

a) Falta de resultados quantitativos quanto à melhoria dos processos de trabalho dos

setores envolvidos pelo programa;

b) Influência negativa sobre os outros setores da instituição, por não se perceber

melhorias na qualidade dos serviços fornecidos pelas áreas envolvidas pelo programa;

c) Alta rotatividade com relação aos membros do grupo de promoção da qualidade,

provocando um desnível dos conhecimentos com respeito à filosofia e às ferramentas

da GQT.

Iniciou-se assim, uma investigação empírica em busca de evidências que dessem alguma

luz sobre o clima psicológico existente no CEFET-PB. Manteve-se contato com alguns

professores em busca de respostas e atitudes; reações que refletissem um sentimento comum à

maioria das pessoas, se eram motivadas ou não pelas práticas administrativas da escola, o estilo

de liderança e a expectativa em relação ao programa de qualidade.

A seguir, são apresentados alguns indícios do ambiente interno, segundo considerações

dos coordenadores de curso e docentes, obtidas através de entrevistas e conversas informais:

Page 19: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

17

a) Os coordenadores dizem que boa parte dos professores estão acomodados, não se

comprometem com os resultados da instituição e enfatizam os pontos negativos da política

governamental para justificar suas ações;

b) Os docentes reclamam que há falta de informações corretas a respeito das diretrizes

governamentais, que não há interesse do governo em atualizar os salários defasados e que

a direção da escola não tem muito o que fazer devido às restrições orçamentárias e legais;

c) Membros do próprio GPQ afirmam estarem desmotivados em relação ao programa, não

acreditando na sua continuidade.

Considerando o contexto organizacional delineado através dos relatos e observações

acima citados, constata-se que a análise da motivação dos professores para participarem do

programa de melhoria da qualidade do CEFET-PB é essencial. Assim, pode-se conseguir um

melhor desempenho do PQT e um clima que mantenha a motivação para o engajamento.

Deve-se ressaltar que o clima na organização não estava imune às diversas mudanças

exógenas, como as novas necessidades dos clientes e as novas exigências legais concernentes à

educação profissionalizante. Nos últimos três anos a Escola Técnica Federal da Paraíba passou

por profundas mudanças na estrutura organizacional para se tornar um CEFET, com competência

para oferecer cursos de nível superior. A estrutura didático-pedagógica também vem passando

por transformações com vistas ao enquadramento à nova lei de diretrizes e bases da educação

(Brasil. lei no 9394, de 20 Dez. 1996). Com tantas mudanças, alguns servidores não conseguiram

se adaptar as novas exigências do ambiente com a rapidez necessária. Este fato pode haver

influenciado nas suas expectativas e motivação para participar do programa da qualidade.

Page 20: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

18

Apesar das diversas mudanças enfrentadas pelas pessoas no CEFET-PB, este estudo

priorizou como recorte desta investigação, a motivação dos professores para participarem de um

programa de GQT. Para a análise da motivação, foi empregado o modelo multiplicativo VIE –

“Valência x Instrumentalidade x Expectância” da teoria da expectância. Ressalta-se ainda, que

esta investigação não focaliza apenas a obtenção de um diagnóstico da situação motivacional,

mas avalia a aplicabilidade do modelo VIE em um ambiente culturalmente diferente e toma

como objeto de análise uma categoria profissional com características bastante específicas. Com

vistas à manutenção do curso desta investigação tomar-se-á como norte as questões de pesquisa

apresentadas a seguir.

1.2 Questões de Pesquisa

Para melhor especificar a problemática esboçada e delinear os contornos do objeto

de pesquisa, faz-se necessário responder as seguintes questões:

1) Até que ponto a teoria da expectância no modelo multiplicativo “valência x

instrumentalidade x expectância” de Victor H. Vroom se aplica na compreensão do

fenômeno motivacional para participar de um programa da qualidade total no ambiente

cultural brasileiro, mais especificamente no ambiente do CEFET-PB?

2) À luz da teoria da expectância, até que ponto os professores que se definem como

voluntários ao PQT do CEFET-PB são mais motivados do que aqueles que se definem como

não-voluntários?

Este trabalho foi orientado pelas indagações anteriormente formuladas. A seguir, são

apresentados os objetivos da investigação.

Page 21: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

19

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a motivação dos professores do CEFET-PB ao passo que avalia a

aplicabilidade do modelo multiplicativo de Vroom (VIE) em um ambiente

culturalmente diferente daqueles anteriormente empregados, com o intuito de auxiliar

a organização na execução do Programa da Qualidade Total.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar o nível de motivação dos docentes para o envolvimento no Programa da

Qualidade, com base no modelo multiplicativo VIE.

b) Avaliar a aplicabilidade do modelo da expectância na cultura brasileira, mais

especificamente no caso do CEFET-PB.

c) Identificar o potencial de voluntários para participarem do Programa da Qualidade.

d) Gerar dados que auxiliem a organização a enfrentar as resistências para a

implantação do programa.

e) Fornecer subsídios para que as pessoas se sintam motivadas para esta nova situação.

Este relatório de pesquisa é composto ainda pela fundamentação teórica (capítulo 2),

onde são revisados os temas mudança organizacional, resistência, aprendizagem organizacional,

programas de qualidade total, teorias da motivação, os fundamentos da teoria da expectância, o

modelo da expectância aplicado aos programas participativos e suas limitações. Este modelo é o

indutor das hipóteses do trabalho. O capítulo 3 trata da metodologia da pesquisa. Neste, são

Page 22: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

20

apresentadas as hipóteses, o desenho da pesquisa, o locus da investigação, o plano de

amostragem, o método de coleta de dados, a instrumentação das variáveis e a análise estatística

aplicada. O capítulo 4 mostra os resultados encontrados e o capítulo 5 encerra com as discussões

e conclusões.

Page 23: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

21

2 Fundamentação teórica

Este capítulo contém os fundamentos teóricos e conceituais do estudo. São apresentados a

mudança e a resistência nas organizações (um processo de aprendizagem), os programas da

qualidade total e seus aspectos motivacionais, a motivação para o engajamento no programa da

qualidade, os fundamentos da teoria da expectância, o modelo da expectância aplicado aos

programas participativos com suas respectivas valências, instrumentalidades e expectâncias. Por

fim, são apresentados os testes e as limitações da teoria da expectância. Assim, busca-se

fundamentar teoricamente as respostas às questões de pesquisa e gerar as hipóteses do trabalho.

2.1 Mudança organizacional: um convite à resistência

Rocha e Bastos (1999) esclarecem que nos dias de hoje as organizações enfrentam um

ambiente dinâmico e em mudança. Isto exige, portanto, uma rápida adaptação por parte das

organizações. Nestes ambientes onde a busca por mudanças é constante, as organizações se

deparam com uma outra grande necessidade: manter pessoas efetivamente comprometidas com a

Page 24: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

22

missão e valores da organização, assim, capazes de enfrentar as mudanças necessárias. Além

disso, esse contexto leva as pessoas a tomarem decisões que afetam os contratos psicológicos

historicamente construídos entre elas e a própria organização.

Estes autores salientam ainda que a implementação de programas de mudança podem

afetar as pessoas de uma forma negativa, gerando tensão, ansiedade e estresse. Isto acontece

normalmente devido a situações de incerteza e insegurança enfrentadas por elas e que podem

trazer conseqüências sobre o desempenho individual e organizacional. A compreensão dos

fatores que interferem na relação entre o indivíduo e a organização é bastante requerida nos dias

de hoje. Esta compreensão tem o objetivo de encontrar um equilíbrio entre a produtividade das

empresas e as aspirações, desejos e necessidades individuais. Nas teorias organizacionais são

encontrados múltiplos conceitos que buscam a compreensão dos vínculos do indivíduo com o

seu trabalho e consequentemente sua organização. As teorias sobre a motivação, a satisfação e

em especial, o comprometimento têm sido muito úteis na compreensão do comportamento micro

organizacional.

A mudança pode introduzir modificações importantes na estrutura da organização.

Redimensionamento de cargos ou de horários de trabalho, introdução de horas de trabalho

flexíveis ou ainda modificação no sistema de compensação da organização. A motivação pode

ser aumentada, por exemplo, com a introdução de bônus de desempenho ou participação nos

lucros (Jurkiewicz, Massey Jr. & Brown, 1998). Contudo, como comentam Szilagyi & Wallace

(1990), a maneira pela qual a mudança é introduzida pode criar áreas de resistência não só pelo

fato da magnitude da mudança mas pelo fato da mudança em si.

Page 25: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

23

Como se pode observar, as pessoas poderão reagir de variadas formas às mudanças. A

maneira que cada indivíduo avalia os custos e os benefícios de uma mudança determinará sua

reação. Estas reações podem vir na forma de resistência à mudança.

Na visão de Robbins (1998), descobertas bem documentadas dos estudos do

comportamento individual e organizacional mostram que as organizações e seus membros

resistem à mudança. O aspecto positivo destas descobertas é o fornecimento de um certo grau de

previsibilidade ao comportamento. Na ausência de resistência, o comportamento organizacional

assumiria características imprevisíveis e caóticas. A resistência à mudança pode estimular um

debate saudável sobre os méritos de uma idéia e resultar numa decisão melhor. Mas há, também,

desvantagens na resistência à mudança: ela pode atrasar a adaptação e o desempenho da

mudança.

Apesar das pessoas tenderem a resistir às mudanças, existe um efeito compensatório

advindo dos desejos que elas têm de experimentar as coisas novas e as recompensas associadas a

elas. Algumas mudanças não sofrem resistência ou sofrem pouca resistência, seja por sua

trivialidade ou por ter se tornado um desejo das pessoas. A habilidade com que a mudança é

planejada e gerenciada, poderá resultar na minimização da resistência (Davis & Newstrom,

1996).

Considerando que a resistência nem sempre é ruim, Hackman & Wageman (1995)

realçam alguns benefícios da resistência aos programas da qualidade. Ela pode auxiliar na

identificação de áreas específicas com problemas, de forma que os gerentes possam agir

corretivamente. Da mesma forma, pode fazer com que a gerência reexamine suas propostas de

mudança na busca de melhores decisões administrativas.

Como vimos, podemos aprender coisas novas não só com a mudança, mas também com a

resistência a ela. É portanto, desejável que as pessoas e as organizações passem por um processo

Page 26: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

24

de aprendizagem ao enfrentarem os desafios da mudança. A seguir, levantaremos a questão da

mudança como um processo de aprendizagem.

2.2 Mudança e resistência: um processo de

aprendizagem organizacional Na visão de Garvin (1993), melhorias contínuas requerem um comprometimento com a

aprendizagem. Na ausência da aprendizagem, organizações e indivíduos simplesmente repetem

velhas práticas. Szilagyi & Wallace (1990) explicam que numa perspectiva micro, a mudança

conduz a um processo de aprendizagem pelo qual as pessoas gradualmente desaprendem velhos

padrões de comportamento e adotam outros novos.

Quando um processo de mudança envolve medição da eficácia e análise dos resultados, é

comum encontrar uma lacuna entre o desempenho realizado e o desempenho desejado. É na

identificação e correção das falhas de desempenho que se percebe os processos de aprendizagem

na organização (Medeiros, Oliveira e Souza, 1999). Nevis, DiBella e Gould (1995) recomendam

que se visualizem os sistemas produtivos como sendo simultaneamente sistemas de aprendizado.

Para eles, é no processo de estruturação e realização de seus processos de trabalho que as

organizações aprendem. A este tipo de processo de retroalimentação e controle, se dá o nome de

aprendizagem de circuito simples (Argyris & Schon apud Hackman & Wageman 1995). A

aprendizagem de circuito simples é adequada para atividades de rotina em condições de

estabilidade ambiental.

Um outro tipo de processo de retroalimentação e controle, chamado aprendizagem de

circuito duplo (Argyris & Schon apud Hackman & Wageman, 1995), permite não só detectar os

Page 27: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

25

desvios dos objetivos estabelecidos mas também possibilita detectar problemas com os próprios

objetivos. A aprendizagem de circuito duplo, requer questionamento também dos propósitos ou

metas coletivas da organização. Este tipo de aprendizagem viabiliza os sistemas adaptáveis e

flexíveis, adequados às condições de turbulência que as organizações vêm enfrentando nos

últimos anos (Medeiros, Oliveira e Souza, 1999).

Hackman & Wageman (1995) comentam que as práticas da GQT criam bons ambientes

de aprendizagem, tanto pela minimização do medo na cultura organizacional como pelo

fornecimento de diversas ferramentas de aprendizagem. Além disso, a GQT expõe as pessoas aos

dados relativos aos seus processos de trabalho e os encoraja a usar métodos científicos para

analisar e melhorar estes processos. Contudo, o aprendizado contínuo através da melhoria do

processo de trabalho está no patamar do aprendizado adaptativo, ou de circuito simples. Apesar

da pouca ênfase à aprendizagem de circuito duplo, contemplada na filosofia da GQT apenas por

Juran quando trata dos gerentes, é importante que as pessoas das organizações sob GQT

busquem executar o circuito duplo tão bem quanto o circuito simples de aprendizagem.

Durante a implantação de programas da qualidade os executivos normalmente procuram

os consultores externos, temporários, com conhecimento especializado da teoria e métodos de

implementação. Entretanto, eles estão em desvantagem pois geralmente têm um entendimento

inadequado da história, cultura, procedimentos operacionais e pessoal da organização (Hackman,

& Wageman, 1995). Portanto, é preciso compreender a problemática que envolve a motivação

das pessoas para participarem dos processos de mudança organizacional, seja ela implantada por

consultores externos ou pela própria organização. A seguir, são apresentados os aspectos

motivacionais com relação aos programas da qualidade total.

Page 28: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

26

2.3 Os programas da qualidade total: aspectos motivacionais

As organizações têm buscado novos modelos de gestão que visam uma melhor

eficiência nos seus processo produtivos. Inúmeras ferramentas têm sido desenvolvidas na busca

de maior flexibilidade organizacional, onde se destaca, pela freqüência de uso e pela ampla

literatura disponível, os programas de Gestão pela Qualidade Total - GQT (TQM - total quality

management). Após a segunda guerra mundial, com o surgimento do conceito de organização

como sistema sociotécnico, várias experiências surgiram sobre novas arquiteturas

organizacionais. O conceito de sistemas de trabalho de alto desempenho (STADs) é uma

expressão recente, que busca sintetizar os elementos centrais que definem tais experiências

inovadoras. Essas experiências consistem em novas formas de realização da tarefa e verificação

dos resultados obtidos, podendo gerar níveis mais altos de desempenho (Nadler e Gerstein apud

Bastos e Borges-Andrade, 1999).

Segundo Barbosa et al. (1994), gerência da qualidade total (GQT) é um sistema

administrativo baseado no engajamento ativo de todos os profissionais de uma instituição em

atividades de controle da qualidade por toda a organização através de métodos e técnicas

específicos. Dentro da filosofia da GQT todos gerenciam os seus respectivos processos. Por

exemplo: numa escola o Diretor é um gerente, cada Professor é um gerente, cada Supervisor

Pedagógico é um gerente, o Secretário da escola é um gerente.

Para melhor entendermos a importância que o ser humano assume no contexto da GQT,

analisaremos alguns pontos relacionados à filosofia do crescimento do ser humano de Maslow e

também alguns aspectos ligados aos princípios da administração científica de Taylor.

O fator humano assume importância fundamental para a GQT, declara Barbosa et al

(1994). A implantação desse modelo gerencial em qualquer instituição pressupõe o

Page 29: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

27

envolvimento e engajamento das pessoas, um envolvimento que não pode se verificar por

nenhum mecanismo de imposição, nenhum artifício “de fora para dentro”, ou seja, mediante

exortação ou convocação. Não se pode conceber nem é possível implantar a GQT por decreto ou

instrumento similar.

Hackman e Wageman (1995), comentam que a GQT dá as oportunidades para as pessoas

aprenderem e desenvolverem a si próprias a partir dos esforços para a solução dos problemas. A

busca do atendimento às necessidades dos clientes e o trabalho de melhoria contínua dos

processos, produzem tarefas desafiantes que testam e estendem as habilidades dos membros.

Aliado a isto, a ênfase nos times de trabalho e os relacionamentos inter-funcionais promovem

muitas oportunidades para interações sociais. Desta forma, consegue-se incentivar a motivação

intrínseca das pessoas envolvidas com os programas da qualidade total. Entretanto, estes autores

alertam que os modelos de GQT que estão sendo implantados nas organizações não têm

considerado certos fundamentos teóricos apresentados por Juran, Ishikawa e Deming1. Dentre

estes aspectos estão o papel da alta administração, a utilização de métodos científicos, o

planejamento da abrangência dos programas, os dispositivos motivacionais, o treinamento na

metodologia da qualidade e os métodos de avaliação do próprio programa.

No início deste século, Taylor defendia o princípio segundo o qual o desempenho das

pessoas pode ser definido e controlado por padrões e regras do trabalho. Defendia também o uso

de estudos de tempos e movimentos para dividir as tarefas em etapas simples e separadas, a

serem executadas de forma repetitiva, sem desvios, por diferentes empregados. Taylor buscava o

aumento da produtividade mediante métodos que reduzissem o esforço e a fadiga dos operários

(Szilagyi & Wallace, 1990).

1 Juran, J. M.; Ishikawa, K e Deming, W. E., citados por Hackman & Wageman (1995) como primeiros teóricos da Qualidade.

Page 30: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

28

A administração Científica de Taylor evoluiu numa época em que predominavam

operários sem qualificação e instrução que eram absorvidos pelo parque industrial emergente.

Assim, Taylor separava as atividades de planejamento e execução de uma tarefa ou atividade: os

líderes planejavam e os operários limitavam-se à execução da tarefa. Sob este ângulo, acreditava -

se que a melhor maneira de aumentar a produção seria através da melhoria dos métodos e

técnicas, considerando as pessoas como simples executores da atividade planejada, estando o

planejamento a cargo de uns poucos (Campos, 1995).

Os pontos positivos do Taylorismo foram incorporados à GQT, entre os quais destacam-

se: a busca constante da melhoria dos métodos e técnicas de trabalho e o treinamento contínuo

do trabalhador. Todavia, faltava a “base humana”, indispensável, ao novo modelo gerencial cuja

ênfase está na pessoa humana e não exclusivamente nos métodos e técnicas. Assim, foram

adotados também aspectos da filosofia do crescimento humano de Maslow, psicólogo americano

que desenvolveu um esquema mediante o qual buscou explicar as necessidades humanas em suas

diferentes intensidades (Campos, 1992).

Segundo Maslow, os seres humanos possuem necessidades básicas que se apresentam de

forma concomitante, em graus de intensidade diferentes. Nesta perspectiva, favorecer o

crescimento do ser humano significa: buscar o atendimento a essas necessidades, buscar a

utilização do potencial mental e da capacidade de criar. Neste modo de pensar, relega-se a

segundo plano a força física e o trabalho repetitivo.

Devido à importância que os teóricos da qualidade total atribuem ao modelo motivacional de

Maslow, esse modelo será analisado de forma mais detalhada. Antes disso, torna-se relevante

posicionar os modelos motivacionais abordados neste estudo, a saber, a teoria das necessidades

de Maslow e a teoria da expectância de Vroom, frente as diversas abordagens teóricas da

motivação no campo do comportamento organizacional. Para tanto, é mostrado a seguir um dos

critérios de classificação das teorias da motivação.

Page 31: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

29

2.3.1 Teorias da motivação

As teorias da motivação têm buscado elucidar o comportamento do indivíduo no trabalho

de forma que o conceito de motivação já era tratado na filosofia grega. No início do século XX a

temática principal da teoria da motivação passou de uma abordagem filosófica para uma

abordagem psicológica-gerencial. Desde então as teorias têm tentado explicar o comportamento

das pessoas através do estudo de variáveis que focalizam não só o indivíduo mas também a

situação contingencial com a qual ele interage (Szilagyi & Wallace, 1990). No presente estudo,

não se pretende expor todas as teorias existentes sobre motivação, no entanto, cabe apresentar

um dos critérios de classificação empregados. Na classificação aqui apresentada as teorias se

classificam em: teorias de conteúdo e teorias de processo (Szilagyi & Wallace, 1990).

As teorias centradas no conteúdo tratam dos construtos substantivos que motivam a

atividade, como por exemplo, as necessidades. Ou seja, estas teorias têm seu foco sobre fatores

que provocam, estimulam ou atiçam a busca ou a escolha de estratégias que satisfaçam certas

necessidades à procura do estado de equilíbrio. Por exemplo, a motivação para o suprimento de

necessidades individuais como dinheiro, status e realização. Se enquadram nesta categoria a

teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, as teorias X e Y de McGregor, a teoria dos dois

fatores ou teoria da motivação-higiene de Herzberg, a teoria ERC (existência, relacionamento e

crescimento) de Alderfer e a teoria das necessidades de McClelland (Salanova, Hontangas e

Peiró, 1996).

Por outro lado, as teorias centradas no processo tratam não apenas do estímulo mas dos

fatores que dão direção para o comportamento motivado, ou seja, elaboram os construtos do

processo que possibilita direcionar e manter de uma conduta ou padrão de comportamento. Por

exemplo, a motivação devido à percepção do indivíduo quanto ao esforço que deve ser

Page 32: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

30

empregado no trabalho, quanto aos requisitos de desempenho e quanto às recompensas possíveis

de serem obtidas (Szilagyi & Wallace, 1990).

Estas teorias de processo têm o foco sobre uma área nitidamente psicológica. Três

estágios são identificáveis: a teoria do instinto, a teoria do reforço e as teorias cognitivas. Se

enquadram neste último estágio a teoria da expectância de Vroom, a teoria da eqüidade de

Adams, a teoria do estabelecimento de metas de Locke e a teoria da avaliação cognitiva

(Salanova, Hontangas e Peiró, 1996).

2.3.2 A motivação na abordagem de Maslow

Maslow formulou seu conceito de hierarquia de necessidades que influenciam o

comportamento humano, pelo fato de o homem ser uma criatura que expande suas necessidades

no decorrer da vida. À medida que o homem satisfaz suas necessidades básicas, outras mais

elevadas tomam o predomínio do comportamento. Segundo Maslow, as necessidades humanas

estão dispostas em uma hierarquia, a saber:

Necessidades Fisiológicas ( ar, comida, repouso, abrigo, etc.); Necessidades de Segurança (proteção, segurança, estabilidade, etc.) Necessidades Sociais (amizade, inclusão em grupos, etc.); Necessidades de Estima (reputação, reconhecimento, auto-respeito, auto-estima); Necessidades de Auto-realização (crescimento, realização, progressão, etc.). (Szilagyi & Wallace, 1990, p.97).

No modelo de Maslow, o estado natural das pessoas é de questionamento, de

insatisfação. Ainda que momentaneamente possam ficar satisfeitas, as pessoas tendem a

retornar ao estado natural de questionamento e insatisfação. Todavia, se uma pessoa convive

com um grupo que tem suas necessidades básicas atendidas, ela desfrutará do “estado de

satisfação” mais freqüentemente (Barbosa et al.,1994).

Page 33: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

31

A teoria das necessidades no modelo de Maslow tem recebido muitas críticas. Dentre elas

cabe assinalar as críticas que enfatizam que os modelos das necessidades têm que ser

complementados com outras explicações teóricas e as críticas que afirmam que as necessidades

informam somente qual aspecto deve ser atendido, contudo, não explicam como se produz a

motivação. Assim, as necessidades por si só são insuficientes para explicar as ações humanas.

Nos informam sobre o porquê uma pessoa realiza uma ação, mas nada dizem sobre a ação

particularmente escolhida. As teorias do processo motivacional surgem precisamente como

resposta a esta problemática (Salanova, Hontangas e Peiró, 1996).

Outras questões levantadas sobre o modelo das necessidades abordam a falta de consenso

entre os teóricos. Eles concordam sobre quais recompensas específicas são consideradas metas

pessoais, entretanto, discordam sobre quais tipos de necessidades levariam às recompensas tidas

como metas para as pessoas. Estas e outras discordâncias existentes acabam gerando questões

como: Quantas necessidades existem realmente? Há mesmo uma hierarquia nestas necessidades?

Podem as recompensas satisfazerem mais de uma necessidade? Qual a importância que as

pessoas dão às diferentes necessidades? Quão mutável é a importância das necessidades?

(Lawler III, 1991).

A abordagem cognitiva das teorias da motivação sugere que indivíduos que acreditam na

obtenção de recompensas como conseqüência do engajamento no programa da qualidade tenham

maior interesse em fazê-lo que quaisquer outros (Kanfer, 1990). Dada a necessidade de uma

melhor compreensão dos fatores que levam uma pessoa a querer participar de um programa da

qualidade, abordaremos a seguir a motivação para o engajamento no PQT.

Page 34: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

32

2.4 A Motivação para o engajamento no PQT

Apesar da importância do apoio dos trabalhadores para o sucesso dos programas

participativos, comumente se obtêm baixas taxas de participação (Dumaine apud Allen, Lucero

& Van Norman, 1997). A taxa de participação para com os programas depende da decisão

individual de se envolver no processo. Conseqüentemente, organizações usualmente

experimentam uma resposta mista dos empregados quando programas voluntários de

envolvimento das pessoas são introduzidos. Alguns empregados entusiasticamente endossam o

esforço, enquanto outros são indiferentes em relação a ele. Outros ainda podem resistir à

introdução de um programa de envolvimento. O ato de se voluntariar é o mecanismo pelo qual

os indivíduos tornam-se participantes do processo, portanto, passa a ser importante o

entendimento da motivação para se tornar voluntário (Allen, Lucero & Van Norman, 1997).

Estes autores ainda comentam que o sucesso de um programa participativo será, em certo

grau, uma função de quão bem as expectativas dos indivíduos que decidem se envolver são

atendidas. Assim sendo, pelo estudo da força que motiva os voluntários a se envolverem no

processo, uma melhor compreensão pode ser obtida com respeito às dinâmicas dos programas,

às expectâncias e aos obstáculos para o envolvimento.

Miller e Pritchard (1992), esclarecem que as descobertas geralmente suportam a visão de

que os interesses dos empregados nos programas tendem a refletir uma busca por auto-expressão

e realização pessoal. Isto sugere que a oportunidade de satisfazer as necessidades mais altas é

um fator importante que influencia na motivação para participar dos programas.

Neste aspecto, as recompensas intrínsecas têm um papel fundamental para a motivação

das pessoas, e de forma especial para os trabalhadores de empresas públicas. Estas, além

possuírem diferenças quanto à missão, são diferentes também quanto aos mecanismos de

Page 35: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

33

controle orçamentário para fins de recompensas extrínsecas para seus funcionários (Crewson,

1997).

Lawler III (1991), salienta a necessidade da compreensão da diferença entre as

implicações dos modelos de motivação baseados nas necessidades e a idéia da valência dentro

do modelo da expectância. No primeiro tipo, amplas generalizações podem ser utilizadas quando

um grupo de empregados tem as necessidades não satisfeitas. Em contrapartida, no modelo da

expectância, as informações sobre as preferências de um empregado em meio a um conjunto de

recompensas são específicas. Portanto, não só a atuação dos gerentes deve ser específica como

também deve haver uma monitoração das mudanças em relação a essas preferências. Nesta

perspectiva, é importante a compreensão das expectativas que as pessoas possuem em relação ao

processo de mudança trazido pela GQT. Buscando a melhor compreensão destas expectativas,

abordaremos a seguir um dos modelos cognitivos de motivação, a teoria da expectância.

2.5 Os fundamentos da teoria da expectância

Kanfer (1990) explica que a família das teorias da expectância tem suas raízes nas teorias

cognitivas da motivação propostas por Edwards, Lewin, Sears e outros. Na psicologia industrial

e organizacional é o modelo da expectância, desenvolvido por Victor H. Vroom, o mais

conhecido. Expansões e modificações realizadas por diversos autores, como Porter & Lawler e

Campbell & Pritchard, geraram um largo campo de pesquisa relacionada com a previsão do

desempenho da tarefa e a escolha ocupacional.

Vroom desenvolveu o modelo multiplicativo VIE: “valência x instrumentalidade x

expectância”. Este modelo pretendia predizer escolhas entre empregos, tarefas e níveis de

Page 36: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

34

esforço que produzem os mais altos benefícios percebidos. Na sua visão, o que motiva uma

pessoa a tomar uma decisão é um produto destas três variáveis: do quanto uma pessoa deseja

uma recompensa (valência), sua estimativa da probabilidade de que o esforço resultará num

desempenho bem-sucedido (expectância) e a estimativa de que aquele desempenho será um

meio para se chegar à recompensa (instrumentalidade). Esses relacionamentos são apresentados

na seguinte equação matemática (Kanfer, 1990; Szilagyi & Wallace, 1990; Nadler e Lawler III,

1991):

Valência x Expectância x Instrumentalidade = Força Motivacional

Após esta explanação da teoria da expectância, faz-se necessário uma melhor

compreensão deste modelo aplicado a um programa de melhoria da qualidade. Com este intuito,

a seção seguinte apresenta o modelo da expectância aplicado aos programas participativos.

Devido aos desafios enfrentados quando se tenta operacionalizar a teoria da expectância, uma

descrição mais detalhada das variáveis que compõem o modelo também é apresentada a seguir.

Mais que uma atitude fideísta à teoria da expectância, esse detalhamento busca dissecar o

modelo com o intuito melhor avaliá-lo.

Page 37: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

35

2.6 O modelo da expectância aplicado aos programas participativos

A partir da abordagem da teoria da expectância, pode-se estudar a motivação para o

envolvimento em um programa participativo como o programa da qualidade. Neste aspecto, o

foco do estudo está sobre a decisão individual de ser ou não ser voluntário para o programa.

Nesta abordagem, empregada por Allen, Lucero & Van Norman (1997) e tomada como modelo

para este estudo, a motivação para participar de um programa da qualidade pode ser vista como

uma função de três fatores: a probabilidade percebida pelo indivíduo de que ele é capaz de se

engajar no programa caso decida fazê-lo (expectância); a probabilidade também percebida de

que o engajamento seja um meio, ou instrumento, que leve a certas recompensas associadas à

participação (instrumentalidades); e, finalmente, o desejo que estas recompensas despertam no

indivíduo com base nos seus objetivos pessoais (valências). A teoria da expectância prediz que

as pessoas irão escolher a alternativa (voluntário ou não-voluntário) que promover a maior força

motivacional, isto é, o mais alto valor atingido quando expectância, instrumentalidades e

valências forem matematicamente combinadas.

Dada a composição básica do modelo de Vroom que possui três construtos distintos com

efeito multiplicador e procurando responder as questões de pesquisa de uma forma que permita

analises mais amplas, as subseções seguintes detalham as três variáveis. Cada subseção é

finalizada com a apresentação de uma subhipótese: A, B e C, respectivamente. As três

subhipóteses convergirão para a hipótese 1a que é apresentada ao final da última subseção.

Page 38: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

36

2.6.1 Valência

Valência é a força da preferência de uma pessoa por uma certa recompensa ou resultado.

Ela expressa o montante do desejo de se atingir um objetivo pessoal que pode ser um aumento

salarial, uma promoção, um reconhecimento, um trabalho de melhor qualidade, etc. A valência

de uma recompensa é única para cada indivíduo, estando condicionada às suas experiências e

pode variar substancialmente durante um período de tempo, uma vez que quando necessidades

antigas são satisfeitas, outras novas emergirão (Szilagyi & Wallace, 1990; Nadler & Lawler III,

1991).

As valências podem possuir valores tanto positivos como negativos, à medida que as

pessoas possuem preferências positivas ou negativas por um determinado resultado. Em uma

situação de trabalho, poderia se esperar que um aumento de salário pudesse ter uma valência

positiva enquanto que uma repreensão do supervisor tivesse uma valência negativa. Mas se a

pessoa é indiferente a uma dada recompensa, a valência é 0 (Szilagyi & Wallace, 1990;

Mitchell, 1974).

A valência tem seu foco sobre a relação recompensas-metas pessoais. Ou seja, o grau em

que as recompensas vêm satisfazer os objetivos ou necessidades individuais e a atratividade

destas potenciais recompensas para o indivíduo (Salanova, Hontangas e Peiró, 1996; Nadler &

Lawler III, 1991).

Ao se observar os princípios da GQT através dos fundamentos teóricos apresentados,

surgem evidências de que os professores valorizarão as recompensas, apesar do contexto

organizacional trazer indícios de uma motivação baixa. Isto é esperado porque muitas

recompensas, inerentes à participação em um programa da qualidade, satisfaze m necessidades

sociais, de auto-estima e de auto-realização. Portanto, com relação à valência, há evidências que

levam a seguinte subhipótese.

Page 39: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

37

Subhipótese A: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores

positivos de valência com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a

participação no PQT.

2.6.2 Instrumentalidade

Instrumentalidade representa a crença do indivíduo de que uma recompensa será

recebida em função do desempenho. Espera-se, portanto, que as pessoas façam um julgamento

subjetivo a respeito da probabilidade de que a organização valorize o desempenho e forneça

recompensas com base no desempenho. Também é necessário que o indivíduo perceba o sistema

como sendo justo, por exemplo, é recompensado quem obtém desempenho satisfatório, ser

amigo do chefe não vai fazer diferença (George & Brief, 1996; Szilagyi & Wallace, 1990).

A instrumentalidade tem seu foco sobre a relação desempenho-recompensa. Ou seja, até

que ponto o nível de desempenho alcançado na tarefa levará a uma recompensa na percepção da

pessoa. Se um empregado percebe que recompensas como aumento de salário, promoção, etc.,

estão relacionadas com os dados da avaliação de desempenho a instrumentalidade tenderá a ser

avaliada positivamente (sistema meritocrático). Todavia, não havendo clareza nesta relação,

uma baixa estimativa poderá ser feita (Salanova, Hontangas e Peiró, 1996). No caso do estudo

da motivação para participar no programa da qualidade, o desempenho satisfatório está

relacionado ao envolvimento no programa, esta é a tarefa. Neste caso, o desempenho não está

necessariamente relacionado aos resultados alcançados pelo indivíduo nas suas tarefas do

trabalho, como uma melhora nos índices de produtividade.

O quadro motivacional do CEFET-PB, apresentado no capítulo 1, visto através das bases

teóricas a respeito da variável instrumentalidade, mostra evidências de que os professores

Page 40: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

38

avaliarão como baixa a probabilidade de que a participação os leve a certas recompensas. Isto

conduz à elaboração da segunda subhipótese, que é relativa à instrumentalidade.

Subhipótese B: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores

baixos de instrumentalidade com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas

com a participação no PQT.

2.6.3 Expectância

Expectância é a crença de que um certo nível de esforço relacionado ao trabalho resultará

em um correspondente nível de desempenho. Este desempenho pode ser simplesmente a

conclusão da tarefa. A expectância é expressada em termos de probabilidade; a pessoa estima

até que ponto o desempenho será determinado pelo esforço despendido. Por expressar a

probabilidade de uma conexão entre esforço e desempenho, seu valor pode variar de 0 a +1 ou

de 0% a 100%. Se o indivíduo não vê uma chance que um dado esforço possa levar a um

desempenho desejado, a expectância é 0 (0%). Por outro lado, se ele tem alta confiança de que o

esforço possa levar à conclusão da tarefa, a expectância tem o valor 1 (100%) (Szilagyi &

Wallace, 1990; Nadler & Lawler III, 1991).

Salanova, Hontangas e Peiró (1996) comentam que a expectância pode estar relacionada

com um estado temporário ou com um traço de personalidade. A expectância como estado, está

relacionada a uma crença momentânea acerca da execução em um momento determinado. Neste

sentido, pode-se afirmar que as expectâncias variam e são determinadas em função das situações

e circunstâncias de um ambiente em constante mutação. Por outro lado, expectância como um

traço é uma cognição sobre a autocompetência, sendo estável através das situações. É similar ao

conceito de autoeficácia percebida.

Page 41: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

39

A expectância tem seu foco sobre a relação esforço-desempenho. Ou seja, uma dada

quantidade de esforço levará ao desempenho. Utilizada para avaliar a motivação relativa à

participação em um programa da qualidade, a variável expectância do modelo VIE passa a ser a

probabilidade percebida pelo indivíduo de poder se engajar no programa caso decida fazê-lo

(Allen, Lucero & Van Norman, 1997). Neste caso, o esforço empregado está relacionado às

resistências que o indivíduo enfrenta para o envolvimento. Estas resistências podem ser internas:

convicções pessoais quanto aos programas de qualidade, a resistência natural que cada indivíduo

possui diante de mudanças e traços de personalidade; ou externas: o sindicato pode ser contra o

programa, os pares podem ser contra o programa ou até mesmo a família pode não dar apoio a

este tipo de envolvimento (Miller & Prichard, 1992).

Dada a natureza voluntária do programa do CEFET-PB e dada a existência de tarefas que

exigem um certo nível de complexidade, como o uso de ferramentas estatísticas, a probabilidade

percebida pelo indivíduo de poder se engajar no programa pode ser interpretada como a

percepção da sua capacidade pessoal (autoeficácia). Neste sentido, apesar das pessoas poderem

perceber que um determinado desempenho (o engajamento) levará a certas recompensas

(instrumentalidade), que são desejáveis para elas (valências), ainda assim, elas poderão duvidar

da capacidade de conseguirem realizar adequadamente as ações necessárias (expectância baixa)

para concluir a tarefa de forma efetiva (um engajamento promissor na percepção do indivíduo)

(Salanova, Hontangas e Peiró, 1996).

O contexto do programa da qualidade do CEFET-PB, como apresentado no capítulo 1,

traz evidências de que os professores avaliarão como alta a probabilidade por eles percebida

para o engajamento no programa. Com base nestas evidências com respeito à variável

expectância, construiu-se a terceira subhipótese.

Page 42: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

40

Subhipótese C: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores

altos com respeito à expectância de participação no PQT.

Também vale ressaltar que, por se tratar de um modelo multiplicativo, “valência x

instrumentalidade x expectância”, a existência de uma variável com escores predominantemente

negativos ou baixos (valência, por exemplo) poderá produzir uma força motivacional negativa ou

baixa. Isto ocorre, mesmo que uma das variáveis (expectância, por exemplo) apresente valores

elevados (Mitchell, 1974).

As subhipóteses anteriores foram construídas a partir das evidências observadas no

contexto do PQT à luz dos fundamentos teóricos apresentados. Desta forma, seguindo as

orientações de Allen, Lucero e Van Norman (1977), busca-se responder as questões de pesquisa

convergindo as subhipóteses A, B e C para a hipótese 1a. Para uma melhor compreensão dos

fatores que induziram a formulação da hipótese 1a, as subhipóteses A, B e C estão repetidas.

Subhipótese A: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores positivos de valência com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a participação no PQT. Subhipótese B: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores baixos de instrumentalidade com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a participação no PQT. Subhipótese C: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores altos com respeito à expectância de participação no PQT.

Hipótese 1a: Em função do modelo multiplicativo, a força motivacional para participar do

programa da qualidade no CEFET-PB apresenta baixos resultados devido a presença de

uma variável com escores também baixos (instrumentalidade) dentre as três variáveis que

compõem o modelo.

A seguir, serão abordadas as questões que dizem respeito aos testes das predições de

comportamento das pessoas no ambiente de trabalho com base na teoria da expectância.

Também é enfatizada a necessidade de testes do modelo de Vroom em pesquisas transculturais.

Desta forma procura-se finalizar as respostas para a primeira questão de pesquisa.

Page 43: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

41

2.7 Teste das predições da teoria da expectância

De acordo com Allen, Lucero e Van Norman (1997), a antecipação dos resultados

associados à motivação para o envolvimento em um programa da qualidade é consistente com a

abordagem das predições de comportamento com base na teoria da expectância. O estudo da

força que motiva os professores a se envolverem pode, portanto, fornecer uma melhor

compreensão da dinâmica da GQT, das expectativas das pessoas e dos obstáculos a serem

enfrentados pelo CEFET-PB.

Na tentativa de esclarecer o processo de tomada de decisão, à luz da teoria da

expectância, Miller e Pritchard (1992, p. 419) colocam que:

“Dentro do contexto da teoria da expectância, o impulso para participar em atividades voluntárias estaria associado com a expectativa de que uma conduta participativa resultaria em recompensas pessoais e talvez organizacionais. Portanto, pode-se dizer que trabalhadores que tipificam as características de mudança da força de trabalho seriam inclinados a participar porque eles aguardavam obter tanto recompensas intrínsecas quanto extrínsecas...”

Vários estudos têm sido realizados com o intuito de testar a validade da teoria da

expectância com respeito às predições que ela propõe para o comportamento humano nas

diversas áreas do trabalho (Nadler & Lawler III, 1991). Neste aspecto, Mitchell (1974) alerta

que o uso da teoria da expectância para predizer o comportamento só deve ser feito quando as

opções de escolha puderem ser claramente identificáveis e forem mutuamente exclusivas.

Segundo este autor, Vroom via claramente a teoria da expectância como um modelo de escolha

comportamental “whithin-subject”. Apesar disso, a maioria dos pesquisadores da teoria da

expectância têm testado muito mais o modelo “between” do que o “within-subject”.

Page 44: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

42

Mitchell (1974) ainda explica que a prática usual tem sido computar para cada sujeito

estudado o valor simples da força (somente uma alternativa) e compará-lo com um valor padrão

esperado e assim, poder examinar a correlação ou análise de variância entre estas duas séries de

valores. Uma abordagem teoricamente correta seria computar para cada indivíduo, uma força

para cada alternativa comportamental em estudo e testar a frequência com a qual a alternativa

comportamental cuja força é mais alta corresponde à escolha atual do indivíduo (força

resultante).

Parker & Dyer (1976) fazem uso da abordagem de Mitchell, salientando a necessidade

das comparações internas do indivíduo (“within-subject comparisons”) da força que o atrai às

duas alternativas de comportamento em estudo.

No contexto do processo de envolvimento das pessoas, a decisão chave é ser voluntário

(motivado a se envolver e/ou a evitar o status quo) ou não voluntário (motivado a manter o

status quo e/ou a evitar o envolvimento). Desta forma, é possível assumir que as pessoas

venham a reagir racionalmente às escolhas alternativas e que disponham de informações que as

torne capazes de delinear todas a variáveis relevantes para tomarem a decisão. Ou seja, na

perspectiva do modelo de Vroom eles devem ser capazes de distinguir valências,

instrumentalidades e expectâncias para todas as opções de escolha (Parker e Dyer, 1976). Estas

condições básicas podem ser satisfeitas quando se estuda o processo da decisão individual para

se envolver com um programa da qualidade.

Neste sentido, a abordagem para a operacionalização da teoria da expectância que avalia

valências, instrumentalidades e expectâncias (força motivacional) para diferentes alternativas de

comportamento foi empregada inicialmente por Parker e Dyer (1976). Isto, para predizer se

oficiais da marinha americana estariam motivados a se aposentarem ou permanecerem na ativa,

completado o tempo de serviço.

Page 45: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

43

Allen, Lucero e Van Norman (1997) empregaram esta mesma abordagem para predizer a

probabilidade de voluntários para um programa de envolvimento de empregados em uma

companhia de geração de energia elétrica dos Estados Unidos. A partir deste modelo, uma força

motivacional resultante é obtida da diferença entre a força motivacional de participação e a força

motivacional de não participação. Devido à relevância que a abordagem empregada por Parker

& Dyer (1976) e Allen, Lucero & Van Norman (1997) apresenta para este estudo, o capítulo da

metodologia apresentará esta abordagem em mais detalhes.

Mitchell (1974) também expõe a questão dos diferentes tipos de expectância como um

ponto da teoria que carece de investigações. Vroom considerou seu modelo como subjetivo,

onde a expectância é uma probabilidade. Teóricos da tomada de decisão, ao usar o modelo,

fazem distinção entre diferentes tipos de expectância.

Como Salanova, Hontangas e Peiró (1996) esclarecem, a expectância sobre o nível de

execução que uma pessoa momentaneamente tem (expectância de estado) é influenciada tanto

por fatores internos (p. ex., a expectância de traço de personalidade), como por fatores externos

(p. ex., a dificuldade da tarefa). Deste modo, a expectância de traço (ou autoeficácia), junto com

outros fatores externos, influem na expectância de estado e portanto, nos processos de tomada de

decisão e a conseguinte ação. Allen, Lucero & Van Norman (1997) e Giles (1977) encontraram

apoio para a hipótese de que indivíduos com medidas altas de “locus de controle” avaliavam as

recompensas de envolvimento em um programa voluntário mais favoravelmente do que aqueles

com baixas medidas.

Page 46: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

44

Como se pode observar, variáveis de personalidade e valores pessoais podem estar

influenciando num determinado processo de tomada de decisão. Além disso, estes valores

pessoais e estas variáveis de personalidade podem apresentar dimensões bastante distintas no

caso de comparações trans culturais (Dunbar, et al., 2000; Jowell, R., 1998; Bulmer, M. 1998).

Na busca por evidências da aplicabilidade do modelo em um ambiente culturalmente

diferente dos anteriormente pesquisados e, também, procurando ampliar a linha de pesquisas que

promovem o teste das predições da teoria da expectância, levantou-se a seguinte hipótese:

Hipótese 1b : O modelo da expectância empregado é capaz de fazer uma distinção

precisa entre os professores que escolhem ser voluntários e os que escolhem não ser

voluntários para o programa no CEFET-PB. Ou seja, os voluntários apresentam

resultados positivos da força motivacional resultante, enquanto os não voluntários

apresentam resultados negativos.

Na seção seguinte, buscam-se esclarecimentos a respeito da decisão individual de se

tornar voluntário para um programa de envolvimento das pessoas. Isto é feito na tentativa de

encontrar respostas para a segunda questão de pesquisa.

2.8 A decisão individual de ser voluntário

Pesquisas anteriores sobre programas de envolvimento dos empregados têm identificado

variáveis situacionais que estão relacionadas à decisão de se tornar voluntário. Por exemplo, as

atitudes dos gerentes e dos sindicatos em relação ao programa podem influenciar na taxa de

participação dos empregados (Verma & Mckersie, 1987). Miller & Pritchard (1992) observaram

que a probabilidade de participação diminui quando os empregados percebem que a gerência

Page 47: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

45

não está sendo sincera em relação ao seu próprio comprometimento com o programa ou não

dispõe dos recursos necessários para fazê-lo funcionar. Também, quando os sindicatos estão

apoiando os programas, uma participação mais ampla dos empregados pode ser esperada (Allen

& Van Norman, 1996; Leanna, Albrandt, & Murrell, 1992; Verma, 1989; Verma & McKersie,

1987).

A decisão de ser ou não ser voluntário e sua influência nas taxas de participação das

pessoas nos programas não são muito bem entendidas nos dias de hoje. Apesar de poucos

estudos terem enfocado a decisão individual para participar em programas de envolvimento das

pessoas, esta é uma importante linha de pesquisa. “Insights” com respeito à dinâmica do

processo de envolvimento são úteis para desenvolver projetos, implementação e avaliação de

programas e podem ser obtidos pela melhor compreensão da decisão individual de se voluntariar.

Observando o processo de envolvimento através da abordagem de conteúdo das teorias da

motivação, pode-se sugerir que os indivíduos que desejam satisfazer necessidades de ordens

mais altas através dos seus trabalhos são mais prováveis participantes do que os seus

companheiros que não têm tais interesses. (Allen, Lucero e Van Norman, 1997).

Na visão de Salanova, Hontangas e Peiró (1996), o modelo de Vroom procura predizer as

escolhas ou decisões individuais, não necessariamente o desempenho posterior (o envolvimento

efetivado). Para Harel & Conen apud Allen, Lucero & Van Norman (1997), na análise da tomada

de decisão à luz da teoria da expectância, dá-se ênfase à natureza intencional da conduta do ser

humano com escolhas comportamentais. Estas escolhas são baseadas, em parte, na percepção dos

resultados que estariam associados com aquelas escolhas.

A análise dos valores da força motivacional para as predições das escolhas individuais,

como proposto por Parker & Dyer (1976), é útil para se testar estas predições. Apesar disto, estes

testes são do tipo não paramétrico (não probabilístico). Allen, Lucero e Van Norman (1997),

Page 48: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

46

fazendo uso de regressão logística, buscaram verificar de quanto aumentava a probabilidade de

uma pessoa se tornar voluntária à medida que sua força motivacional aumentava. Portanto, este

método leva em conta não só o fato da força resultante ser positiva ou negativa mas considera

também a magnitude da força. Ou seja, quanto mais positivo for o valor da força motivacional

resultante, maior será a probabilidade de que a pessoa venha a incluir-se entre os voluntários. Por

outro lado, quanto mais negativo for o valor da força resultante, maior será a probabilidade de

que a pessoa venha a incluir-se entre os não voluntários.

Allen, Lucero e Van Norman (1997) usaram a teoria da expectância para fazer

comparações entre voluntários e não voluntários, assim, puderam estudar os efeitos da decisão

individual e dos fatores que influenciam a decisão de participar das atividades de um programa

da qualidade. Para os programas em andamento, a compreensão da decisão de se tornar

voluntário é crítica. Dela depende a continuidade do processo com a infusão de novos

voluntários para aumentar a participação ou substituir pessoas que por diversas razões

abandonam as atividades.

Sabendo que o sucesso do programa da qualidade do CEFET-PB depende, de certo

modo, da participação voluntária dos professores, a compreensão da decisão individual de

participar pode ser útil na implementação e avaliação deste programa. Com base nesta

perspectiva, apresentamos a Hipótese 2.

Hipótese 2: Voluntários e não-voluntários diferem significativamente com respeito

as suas forças motivacionais para participar do programa da qualidade total. Isto é,

voluntários registram valores mais altos da força motivacional resultante do que os não-

voluntários.

Page 49: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

47

Apesar da maioria das pesquisas trazerem evidências que sustentam a teoria da

expectância, algumas críticas são levantadas. Assim, para uma melhor compreensão das relações

que envolvem o modelo multiplicativo, a seção seguinte aborda as limitações da teoria da

expectância.

2.9 Limitações da teoria da expectância

As teorias de conteúdo, dentre elas a hierarquia das necessidades de Maslow, assumem

que os resultados são atrativos para uma pessoa porque ela possui algum impulso, motivo, ou

necessidade. Por outro lado, Vroom aborda a motivação de forma diferente: o modelo da

expectância diz simplesmente que recompensas têm valor se elas levam a outras recompensas

valorizadas pelo indivíduo. Nada é dito sobre a causa das pessoas darem valor às recompensas

nem sobre a causa de certas recompensas serem mais valorizadas que outras. Apesar de facilitar

o entendimento da atratividade das recompensas individuais, ela sacrifica o poder preditivo. Isto,

se comparada à teoria das necessidades, que estabelece de antemão quais as recompensas que

provavelmente irão ser valorizadas e o que afeta o seu valor (Lawler III, 1991).

Na visão de Salanova, Hontangas e Peiró (1996), uma série de outros aspectos também

influenciam os fatores que determinam o nível de esforço que a pessoa empregará na realização

da tarefa: a experiência passada, as características de personalidade, as emoções, as habilidades,

as oportunidades e as estratégias exigidas para a realização da tarefa. Apesar de não interferirem

na aplicabilidade do modelo, é importante que as pesquisas abordem também estes outros

aspectos. Isto se torna relevante para este modelo uma vez que busca predizer eleições ou

tomada de decisões que uma pessoa virá a fazer no trabalho.

Page 50: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

48

Nadler & Lawler III (1991) ressaltam a necessidade de compreensão com relação aos

tipos de comportamento que o modelo da expectância explica e com relação às situações que

podem interferir nas predições. Além disso, o modelo é baseado no pressuposto de que as

pessoas tomam as decisões de uma maneira racional após explorar e ponderar as possíveis

recompensas de todas as alternativas disponíveis. Entretanto, observa-se que as decisões das

pessoas não são tomadas a partir de análises tão completas. O ser humano possui limites para a

quantidade de informações a serem utilizadas para a tomada de decisão.

Uma outra fonte de críticas em relação à teoria da expectância emerge da multiplicação

das três variáveis independentes: valências, instrumentalidades e expectância. Contudo, em um

teste da validade do modelo multiplicativo, Arnold (1981) levantou evidências que dão apoio às

interações das variáveis para a determinação da força motivacional. Entretanto, este autor

destaca alguns pré-requisitos básicos para um teste adequado da validade do modelo

multiplicativo: utilização de escalas adequadas, onde o zero não deve ser desconhecido;

utilização do “within-subject” como modelo de análise; informações corretas com respeito às

recompensas; existência de ações alternativas que levem às mesmas recompensas. Vale salientar

que no modelo “within-subject” o indivíduo é utilizado como unidade de análise.

Vale salientar que além das críticas levantadas, existem limitações quanto às pesquisas

de caráter transcultural. Desta forma, finalizando a fundamentação teórica, a seção seguinte

aborda a necessidade de adaptação ao contexto nacional.

Page 51: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

49

2.10 Limitações das pesquisas transculturais: necessidade de adaptação ao contexto nacional

Apesar da importância dos estudos transnacionais, Bulmer (1998) esclarece os problemas

relacionados com a exportação de pesquisas sociais, tais como os contextos nacionais, problemas

políticos enfrentados pelos pesquisadores, questões técnicas e metodológicas, assim como,

problemas éticos. Deve-se, portanto, questionar a idéia de que é possível elicitar atitudes

individuais e valores de respondentes de diferentes contextos nacionais e culturais de forma

idêntica.

Este autor ainda destaca que os Estados Unidos é atualmente o país que mais exporta

modelos de pesquisa em ciências sociais no mundo, podendo ser considerado até mesmo um dos

seus principais produtos de exportação. Apesar das aspirações por generalizações transculturais,

poucos são os trabalhos que desprendem uma atenção séria às análises comparativas e às validações

metodológicas, conceituais e teóricas para estudos aplicados a outras culturas.

Poucos são os exemplos em que se busca a adequação ao contexto nacional na realização de

pesquisas sociais. Na área de comportamento organizacional, Oliveira-Castro et al. (1998) relatam a

experiência de construção e validação de um instrumento brasileiro de Percepção de Suporte

Organizacional baseada na proposta teórica de Eisenberger, Huntington, Hutchinson e Sowa

(1986) e em aspectos levantados junto a uma amostra de trabalhadores de empresas privadas e

órgãos públicos. Trabalhos como este, buscam o fornecimento de medidas confiáveis de

percepção.

Outro exemplo é o trabalho de Siqueira (1995); em seu estudo sobre comportamentos de

cidadania organizacional, a pesquisadora validou também uma escala reduzida de percepção de

suporte organizacional, adaptando o instrumento de Eisenberger e col. (1986) às características

culturais brasileiras junto a uma amostra de 287 trabalhadores. Portanto, pode-se observar a

preocupação destes autores para que trabalhos futuros venham a ser mais confiáveis quanto à

generalidade dos resultados.

Page 52: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

50

O capítulo seguinte aborda a metodologia da pesquisa. São apresentadas as hipóteses, o

desenho da pesquisa, o locus da investigação, o plano de amostragem, o método de coleta de

dados, a instrumentação das variáveis e a análise estatística a ser aplicada.

Page 53: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

51

3

Metodologia

Peres (1986) enfatiza que o processo de apreensão do real não ocorre aleatoriamente.

Neste sentido é mister sistematizar o procedimento metodológico balizador desta investigação.

Para tanto, este capítulo reúne as hipóteses, apresenta o desenho da pesquisa, o locus da

investigação, o plano de amostragem, o método de coleta de dados, a instrumentação das

variáveis e a análise estatística empregada.

3.1 Hipóteses

Com base na discussão do capítulo anterior onde fundamentamos teoricamente esta

investigação, as seguintes hipóteses serão testadas:

Subhipótese A: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores positivos de valência com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a participação no PQT. Subhipótese B: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores baixos de instrumentalidade com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a participação no PQT. Subhipótese C: Os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores altos com respeito à expectância de participação no PQT.

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52

Vale lembrar que as subhipóteses anteriores foram construídas a partir das

evidências observadas no contexto do PQT à luz dos fundamentos teóricos apresentados.

Desta forma, busca-se responder as questões de pesquisa através da convergência das

subhipóteses A, B e C para a Hipótese 1a. Para uma melhor compreensão dos fatores que

induziram a formulação da Hipótese 1a, as subhipóteses antecederam a apresentação da

hipótese.

Hipótese 1a: Em função do modelo multiplicativo, a força motivacional para participar do programa da qualidade no CEFET-PB apresenta baixos resultados devido à presença de uma variável com escores também baixos (instrumentalidade) dentre as três variáveis que compõem o modelo.

Hipótese 1b[HPR1] : O modelo da expectância empregado é capaz de fazer

uma distinção precisa entre os professores que escolhem ser voluntários e os que escolhem não ser voluntários para o programa no CEFET-PB. Ou seja, os voluntários apresentam resultados positivos da força motivacional resultante, enquanto os não voluntários apresentam resultados negativos.[HPR2]

Hipótese 2[HPR3] : Voluntários e não-voluntários diferem significativamente

com respeito as suas forças motivacionais para participar do Programa da Qualidade Total. Isto é, voluntários registram valores mais altos da força motivacional resultante do que os não-voluntário[HPR4]s.

3.2 Desenho da pesquisa

Nesta investigação nos baseamos na proposição de Verma & McKersie (1987),

confirmada por Allen, Lucero & Van Norman (1997), de que os indivíduos se engajam aos

programas quando a participação beneficia os seus interesses e não trazem prejuízos a eles.

Assim sendo, consideramos que a motivação para participar e a decisão de se tornar voluntário

são influenciadas, em parte, pela percepção dos resultados que o envolvimento no programa

Page 55: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

53

possa trazer. Para tanto, este estudo replicou partes dos modelos de pesquisa empregados por

Allen, Lucero & Van Norman (1997) e Parker & Dyer (1976).

A coleta de dados ocorreu aproximadamente 4 anos após o início da implantação do

programa da qualidade, assim sendo, não foi possível dispor de um modelo de pesquisa

abordando o antes versus o pós-programa. Para reduzir os efeitos que o programa provocou

sobre a amostra, os respondentes foram divididos em dois grupos (participantes e não-

participante). Isto, com base nas respostas à questão que perguntou se eles estavam participando

ou não do PQT. Aqueles que se definiram como participantes não foram considerados na análise

deste trabalho. Os que se definiram como não participantes foram divididos ainda em dois

grupos: voluntários e não voluntários. Para efetuar esta divisão foi perguntado se eles

participariam caso lhes fosse dada a chance de fazê-lo. Os voluntários responderam

afirmativamente a esta questão, e os não voluntários deram uma resposta negativa.

A inclusão apenas dos não participantes tem como objetivo manter o foco sobre os

fatores que motivam o indivíduo a tornar-se um voluntário para o PQT. A remoção da análise,

dos sujeitos identificados como participantes, apesar de reduzir o tamanho global da amostra,

forneceu uma maior clareza pela separação dos efeitos do programa sobre a motivação para

participar. Além disso, o uso deste modelo de pesquisa fornece uma continuidade à literatura

existente (Allen, Lucero & Van Norman, 1997; Allen & Van Norman, 1996; Leanna et al., 1992;

Verma, 1989; Verma & McKersie, 1987) à medida que busca aplicar o modelo no caso do

CEFET-PB. Portanto, utilizar-se-á da mesma categorização dos sujeitos.

Na seção seguinte, definir-se-ão os critérios para a escolha do “locus” da pesquisa.

Page 56: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

54

3.3 Locus da investigação

Os indivíduos pesquisados neste estudo são os professores do Centro Federal de

Educação Tecnológica da Paraíba que lecionam nos sete cursos técnicos e no curso de

Tecnólogo em Telemática. A pesquisa foi desenvolvida na escola matriz em João Pessoa. Não

consideramos portanto a unidade descentralizada de ensino localizada na cidade de Cajazeiras

no interior da Paraíba.

A escolha do CEFET-PB está baseada no seguinte fato: desde o ano de 1995 esta

instituição vem trabalhando na implantação de um programa da qualidade total. Outro fator

relevante diz respeito a acessibilidade, já verbalizada pelos seus dirigentes, resultante da

participação do pesquisador quando pertencente ao quadro de professores da instituição,

inclusive como membro do Grupo de Promoção da Qualidade.

3.4 Plano de amostragem

Quanto ao universo da pesquisa, estudou-se uma amostra significativa dos docentes, em

um universo de aproximadamente 230 docentes que estavam em atividade na instituição. Não

consideramos os professores que estavam temporariamente afastados.

Para garantir a representatividade da população de docentes na amostra, foi utilizada

como base de amostragem uma lista incluindo todos os professores ativos do CEFET de João

Pessoa. Esta lista foi ordenada de forma randômica com o auxílio do SPSS (“Statistical Pakage

for the Social Sciences”).

Considerando as características da população de 230 professores, foi tomada uma

amostra aleatória simples. Os cálculos resultaram numa amostra de 144 docentes, com um nível

de confiança de 95% e um erro permitido de 5% (Richardson, 1989).

Page 57: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

55

A decisão de envolver apenas docentes ocorreu, em primeiro lugar, como uma forma de

limitar o número de recompensas associadas à participação no programa, uma vez que as

recompensas apontadas pelos professores podem ser bastante distintas daquelas apontadas pelos

outros seguimentos. Em segundo lugar, por fazerem parte da categoria funcional mais envolvida

com a atividade fim da instituição. Portanto, o quadro técnico-administrativo, o corpo discente e

os prestadores de serviços não compuseram o universo pesquisado. Contudo, vale salientar que

um estudo complementar, envolvendo dos demais segmentos poderá enriquecer os resultados

encontrados nesta pesquisa.

Vale lembrar que, por não se conhecer quais os docentes que já estavam efetivamente

participando, não foi possível separá-los antes da aplicação do questionário. Portanto, dos 144

docentes que compuseram a amostra, 62 afirmaram estar participando (QUADRO 1).

QUADRO 1 : Descrição da amostra

Amostra:

144 (100%)

Docentes

82 (57%) NãoParticipantes

62 (43%) Participantes

63 (76,8%)Voluntários

19 (23,2%) NãoVoluntários

Predições

44 (54,3%)

Voluntários

37 (45,7%) NãoVoluntários

Page 58: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

56

3.5 Método de coleta de dados

Para se compreender a percepção dos professores em relação ao programa da qualidade,

fez-se necessário, num primeiro momento, visitar a instituição com a finalidade de nos

fundamentarmos empiricamente. Este levantamento preliminar, detalhado no capítulo 1, foi de

caráter exploratório e proporcionou o norteamento da investigação, o que possibilitou a

elaboração das questões de pesquisa.

O passo seguinte, na busca de um melhor entendimento da percepção dos professores, foi

a realização de dois painéis de debate no CEFET-PB que contou com a participação de 10

professores. O objetivo dos painéis foi a validação semântica e operacional do instrumento de

pesquisa. O instrumento aplicado foi uma tradução do questionário empregado por Allen,

Lucero & Van Norman (1997). Esta validação possibilitou a adequação das recompensas

utilizadas à realidade do CEFET-PB. Das 27 recompensas usadas no questionário modelo, nove

foram substituídas por outras de maior significância para a decisão de se envolver com o

programa. Destas nove, quatro foram relatadas pelos próprios docentes (5,9,18,25-APÊNDICE B-

PARTE III-SEÇÃO A) e as outras cinco foram obtidas de Jurkiewicz, Massey Jr. & Brown (1998)

(1,4,6,7,8). Desta forma, estes painéis forneceram uma lista de 27 recompensas que, na

percepção dos professores, poderiam ser conseguidas como conseqüência do envolvimento no

programa. Vale destacar que a recompensa, aumento de salário foi uma das substituídas na lista.

Devido às restrições orçamentárias e legais para este tipo de recompensa nas empresas públicas,

ela foi considerada como não associada à participação no PQT, como orienta Mitchell (1974).

A lista de 27 recompensas foi então utilizada nas avaliações de valências e

instrumentalidades. Os roteiros empregados nesta validação são apresentados no APÊNDICE A.

A montagem do questionário só foi possível após o levantamento dos resultados dos dois

painéis.

Page 59: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

57

Antes da aplicação, o questionário ainda passou por um pré-teste. Na operacionalização

do pré-teste foi utilizado o mesmo grupo de 10 professores que participou dos painéis iniciais.

Portanto, foi empregado um questionário estruturado, anônimo, contendo uma questão do tipo

aberta e todas as outras do tipo fechada. Nas questões fechadas foram utilizadas escalas do tipo

Likert de sete pontos.

O instrumento foi dividido em quatro partes. A Parte I, composta de uma questão aberta,

foi utilizada na verificação do entendimento do respondente com respeito ao conceito de

recompensas obtidas através da participação no programa da qualidade. Além disso, esta questão

aberta permitiu a comparação das recompensas listadas no questionário com aquelas que, na

percepção dos professores, são as mais relevantes. Contudo, não faz parte dos objetivos deste

trabalho testar hipóteses a partir destes dados. A Parte II consistiu de questões fechadas nas

quais se obteve dos respondentes o estado atual quanto à participação no programa da qualidade

(se ele é participante ou não; se ele é voluntário ou não). Foram também obtidas nesta parte, as

expectâncias de participação e as de não participação. A Parte III consistiu de três listas com 27

recompensas que foram utilizadas para a obtenção das valências (Seção A), instrumentalidades

de participação (Seção B) e instrumentalidades de não participação (Seção C). Finalmente a

Parte IV encerrou o questionário com questões demográficas sobre os respondentes.

O modelo final do questionário, com as devidas alterações feitas com base nas críticas e

dúvidas levantadas durante o pré-teste, é mostrado no APÊNDICE B. O questionário original,

empregado por Allen, Lucero e Van Norman (1997) foi obtido através de contatos por e-mail

com o primeiro autor e é apresentado no ANEXO 1.

Para a aplicação dos instrumentos, os docentes que compunham a amostra foram

convidados a participar de painéis. Nestes painéis, foi exposto o objetivo do questionário e

ressaltada a importância da participação consciente de cada respondente. Dez painéis foram

operacionalizados num intervalo de 5 dias. Contudo, o índice de participação foi de apenas 40%

Page 60: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

58

da amostra. Devido a baixa participação nos painéis, foi adotada a aplicação individual do

questionário. Para isto, os docentes foram procurados e solicitados a responderem os

questionários em seus horários de trabalho departamental ou nos intervalos entre aulas. Para esta

aplicação seguiu-se a ordem numérica da lista aleatória. Os docentes que não foram

encontrados, ou que se recusaram a responder o questionário, foram substituídos pelos docentes

que ocupavam as posições seguintes.

3.6 Instrumentação das variáveis

Com base nas reflexões realizadas e a partir das questões norteadoras da pesquisa, são

indicadas a seguir as categorias da análise e consequentemente sua operacionalização.

Em função do tema pesquisado e dos objetivos estabelecidos, são definidas as variáveis

na tentativa de medir a influência destas nos resultados obtidos de forma a conduzir aos motivos

que levam os professores a participarem, ou não, do programa da qualidade do CEFET-PB.

A teoria da expectância foi utilizada para avaliar a percepção individual das vantagens e

desvantagens de participar do programa da qualidade em relação ao status quo alternativo. Para

este fim, as subseções seguintes apresentam o modelo para a operacionalização da teoria da

expectância. Vale lembrar que este modelo vem sendo empregado em uma série de pesquisas,

tendo sido empregado inicialmente por Parker & Dyer (1976) e, mais recentemente, por Allen,

Lucero & Van Norman (1997) no estudo da motivação para o engajamento em um programa da

qualidade.

Page 61: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

59

3.6.1 Medição da força motivacional para participar

Em função do caráter desta pesquisa, que busca a compreensão da decisão

individual dos docentes para participarem do programa da qualidade, através da

identificação da percepção que eles têm acerca das valências, das instrumentalidades e da

expectância adotamos o modelo multiplicativo de Vroom (1964), com os seguintes

indicadores:

Indicadores das Valências: Os indicadores das valências foram validados através dos

painéis realizados inicialmente com os 10 professores. A partir destes painéis, foram listadas as

27 recompensas percebidas pelos participantes como sendo significativas com relação ao

engajamento no programa da qualidade. Estas 27 recompensas foram incluídas no questionário

para avaliação dos respondentes. Assim, cada respondente foi solicitado a avaliar as

recompensas numa escala de 7 pontos, variando de -3 (extremamente indesejável) passando por

0 (não faz diferença) até +3 (extremamente desejável). Isto resultou na medição das valências

específicas para cada recompensa de cada respondente (APÊNDICE B - Parte III – Seção A).

Indicadores das Instrumentalidades: Os indicadores das instrumentalidades relativas a

participação no programa da qualidade são as mesmas 27 recompensas validadas nos painéis. As

Instrumentalidades foram obtidas solicitando-se do respondente que ele avaliasse a

probabilidade de vir a experimentar cada uma das 27 recompensas como conseqüência do

envolvimento no programa. Uma escala de sete pontos foi disponibilizada, variando de -3

(impossível de acontecer) passando por 0 (nem improvável nem provável) até +3 (certamente

acontece). Isto produziu um valor de instrumentalidade para cada uma das 27 recompensas de

cada respondente (APÊNDICE B-Parte III-Seção B). Entretanto, após a coleta dos dados, foi

observada uma não conformidade com o modelo original de Vroom na escala de

Page 62: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

60

instrumentalidade aplicada no questionário de Allen, Lucero e Van Norman (1997). Para manter

a fidelidade teórica com o modelo de Vroom, o escore –3 (impossível de acontecer) deveria

eqüivaler a uma avaliação de instrumentalidade igual a zero. Os escores negativos teriam sido

corretamente utilizados se o envolvimento no programa, na percepção do indivíduo, o afastasse

ainda mais de conseguir a recompensa (Mitchell, 1974). Em outras palavras, o envolvimento

geraria mais do que uma probabilidade de ser impossível de acontecer (zero), ele aumentaria a

probabilidade de distanciamento da obtenção da recompensa. Visando manter a precisão

teórica, a variável foi recodificada e variou de 0 (impossível de acontecer) passando por 3 (nem

improvável nem provável) até 6 (certamente acontece).

Indicadores da Expectância: Como sugerido por Mitchell (1974), as percepções de

expectância são vistas como uma relação entre comportamento e desempenho que deve ser

medida como uma probabilidade subjetiva. A expectância associada com a decisão de se

envolver com o programa da qualidade, foi medida pela resposta à terceira questão da parte II do

questionário: Qual a probabilidade de você poder participar do programa da qualidade caso

queira ou venha a querer participar? O formato de resposta consistiu em uma escala de 10

pontos oscilando de 0% (não há chance de participar, ainda que quisesse) a 100% (não há

dúvida de que eu poderia participar se quisesse).

O cálculo da força motivacional associada com a opção de participar foi feito da seguinte

forma: Primeiramente, para cada uma das 27 recompensas avaliadas, a valência foi multiplicada

por sua respectiva instrumentalidade. Em um segundo passo, os valores resultantes dos 27

produtos “valência x instrumentalidade” foram somados. Por último, esta soma foi multiplicada

pela probabilidade do professor poder participar do programa (percepção da expectância). Este

cálculo produziu a força motivacional para a opção de participar do programa da qualidade e

pode ser expressado pela seguinte equação matemática:

Page 63: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

61

27

Fn = En x [ Σ (Vni x Ini)] i = 1

Onde:

Fn - Força Motivacional para participar de cada professor

En - Expectância de participação de cada professor

Vni - Valência para cada recompensa de cada professor

Ini - Instrumentalidade para cada recompensa de cada professor

i - Iésima recompensa avaliada da lista de 27 recompensas

n - Identificação do questionário por ordem numérica

27 - Nº de recompensas avaliadas pelos professores

3.6.2 Medição da força motivacional para não participar

Segundo Mitchell (1974), para a correta operacionalização do modelo deve-se considerar

outras alternativas de comportamento existentes. Neste sentido, a abordagem empregada

inicialmente por Parker e Dyer (1976) que avalia a força motivacional para diferentes

alternativas de comportamento foi utilizada.

Isto gerou duas expressões matemáticas para este estudo: na primeira, já mostrada,

“Fn” indica a força motivacional para participar de cada respondente e na segunda,

mostrada a seguir, “Fn” indica a força motivacional para não participar de cada

respondente, ou seja, para permanecer no status quo alternativo. Desta forma, a força

motivacional para não participar foi obtida a partir dos seguintes indicadores:

Indicadores das Valências: Foram os mesmos utilizados para a força motivacional de

participar. Tendo em vista que as recompensas avaliadas são as mesmas.

Indicadores das Instrumentalidades: As instrumentalidades associadas à decisão de não

participar foram obtidas solicitando-se dos respondentes uma avaliação da probabilidade de que

ele venha experimentar cada uma das 27 recompensas como resultado da decisão de não se

envolver com o programa (ex. mantido o status quo). Semelhantemente à instrumentalidade de

Page 64: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

62

participação, a escala foi recodificada, portanto, variando de 0 (impossível de acontecer)

passando por 3 (nem improvável nem provável) até 6 (certamente acontece). Isto produziu uma

série adicional de instrumentalidades (decisão de não participar) para cada uma das 27

recompensas de cada respondente (APÊNDICE B - Parte III–Seção C).

Indicadores da Expectância: A expectância, associada à decisão de não se envolver com o

programa da qualidade, foi medida pela resposta à quarta questão da parte II do questionário:

Qual a probabilidade de você se sentir pressionado pelos seus superiores a ter que participar do

programa da qualidade? O formato de resposta consistiu em uma escala de 10 pontos oscilando

de 0% (não há chance de ser pressionado a participar) a 100% (Certamente serei pressionado a

participar).

Devido a participação no programa ser voluntária, a probabilidade resultante foi subtraída

de 1 (um). Esta inversão produziu um valor que foi interpretado como sendo a expectância para

não participar do programa, ou seja, a probabilidade percebida de poder manter o status quo sem

a interferência dos superiores (Allen, Lucero & Van Norman, 1997).

Semelhantemente, o cálculo da força motivacional associada à opção de não participar foi

realizado: Primeiramente, para cada uma das 27 recompensas avaliadas, a valência foi

multiplicada por sua respectiva instrumentalidade de não participação. Em um segundo passo, os

valores resultantes dos 27 produtos “valência x instrumentalidade” foram somados. Por último,

esta soma foi multiplicada pela expectância de não participação (a probabilidade de manter o

status quo sem a interferência do chefe). Este cálculo produziu a força motivacional para a

opção de não participar do programa da qualidade. Também pode ser resumida na seguinte

equação matemática:

Page 65: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

63

27

Fn = En x [ Σ (Vni x Ini)] conhecido que: En = 1- Pn i = 1

Onde:

Fn - Força Motivacional para não participar de cada professor

En - Expectância de não participação de cada professor

Pn - Probabilidade de ser pressionado pelos superiores a participar

Vni - Valência para cada recompensa de cada professor

Ini - Instrumentalidade de não participação para cada recompensa de cada professor

i - Iésima recompensa avaliada da lista de 27 recompensas

n - Identificação do questionário por ordem numérica

27 - Nº de recompensas avaliadas pelos professores

3.6.3 Cálculo da força motivacional resultante

A Força Motivacional Resultante “ FRn “ foi determinada subtraindo-se da força

motivacional para participar, a força para não participar. Esta resultante foi interpretada como

sendo a força motivacional que leva o indivíduo a ser um voluntário ou não para o programa da

qualidade.

A expressão seguinte resume o significado da Força Motivacional Resultante:

FRn = Fn – Fn

Onde:

FRn – Força motivacional resultante de cada professor

Fn – Força Motivacional para participar de cada professor

Fn – Força Motivacional para não participar de cada professor

n - Identificação do questionário por ordem numérica

Page 66: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

64

3.7 Tratamento dos dados

A força motivacional para participar (Hipótese 1a), as valências (Subhipótese A), as

instrumentalidades (Subhipótese B) e a expectância (Subhipótese C) foram analisadas através

das freqüências dos valores obtidos. Também foram verificadas as percentagens de acertos e

erros com respeito às predições propostas pela teoria (Hipótese 1b) através de tabulação cruzada,

cálculo do coeficiente de correlação phi e cálculo do X2 para a bondade de ajustamento (Parker &

Dyer, 1976).

Para a Hipótese 2, devido a natureza dicotômica da variável dependente (voluntário ou

não-voluntário), foi utilizada regressão logística (Allen, Lucero e Van Norman, 1997) no exame

das diferenças entre voluntários e não-voluntários medidas através da força motivacional

resultante.

Os resultados da investigação são apresentados no capítulo seguinte. Para facilitar a

observação da magnitude de cada indicador os resultados foram dispostos em tabelas. A

estrutura de apresentação deste documento está de acordo com o manual de orientações para

apresentação da monografia de mestrado do Programa de Pós-graduação em Administração da

UFPE (1999).

Page 67: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

65

4

Resultados

Este capítulo apresenta os resultados do estudo e as respectivas análises. Para tanto, as

análises dos resultados são feitas com base nas tabelas de dados. Estas tabelas foram elaboradas

de forma a facilitar a observação da magnitude de cada indicador e estão dispostas na seqüência

em que os procedimentos estatísticos foram realizados para testar as respectivas hipóteses.

4.1 Estado atual dos respondentes quanto a participação no programa da qualidade

Dos 144 professores que responderam o questionário corretamente, 82 disseram que não

estão participando do programa e 62 afirmaram que estão participando. Como já explicado no

capítulo anterior, apenas os não participantes foram analisados. Portanto, dos 82 que não estão

participando, 63 afirmaram que são voluntários para participar, caso haja uma oportunidade e 19

disseram que não são voluntários para participar. A TABELA 1 resume os resultados com relação

ao número de participantes e de voluntários.

Page 68: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

66

TABELA 1 : Número de participantes e voluntários

Participantes 62 (43%) Voluntários 63 (76,8%)

Não Participantes 82 (57%) Não Voluntário 19 (23,2%)

Total 144 (100%) Total 82 (100%)

4.2 Força para participar a partir dos escores das

valências, instrumentalidades e expectâncias

As subhipóteses A, B e C antecedem a Hipótese 1a. A Subhipótese A afirma que os

professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores positivos de valência com

respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a participação no PQT. A escala de

valências variou de -3 (extremamente indesejável) passando por 0 (não faz diferença) até +3

(extremamente desejável). A TABELA 2 mostra os resultados obtidos com respeito às modas e às

percentagens das avaliações feitas pelos docentes. Como se observa, das 27 recompensas, vinte e

uma apresentaram como moda avaliações positivas, quatro obtiveram como moda o valor 0 e

duas mostraram ter como moda valores negativos. Vale salientar que as recompensas 15 e 24 são

de caráter negativo; exatamente estas, obtiveram como moda valores negativos. Quanto às

percentagens, a maioria dos respondentes fez avaliações positivas de valências para as

recompensas. Existem exceções para as recompensas 15 e 24, de caráter negativo, que receberam

avaliações negativas na maioria dos casos e para as recompensas 6 e 23 que em sua maioria

receberam o escore 0 (não faz diferença). Vale salientar que as recompensas 15 e 24 não

sofreram reversão de sinal porque quando passam a compor o modelo multiplicativo a diferença

de sinal influencia nos resultados.

Page 69: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

67

Assim, a Subhipótese A foi testada através dos percentuais das avaliações (escores) dos

docentes (TABELA 2), neste aspecto ela é plenamente aceita, visto que a maioria dos docentes

avaliou positivamente as valências com respeito às recompensas. A média das percentagens de

avaliações positivas foi de 75,9%. O APÊNDICE C mostra as frequências das avaliações das

valências para cada ponto da escala.

Page 70: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

68

TABELA 2: Modas e percentagens das avaliações de valências para cada uma da 27 recompensas

Valências Recompensas Moda (+) % (0) % (-) %

1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. 1 97,6 1,2 1,2

2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. 3 89 9,8 1,2

3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. 1 89 9,8 1,2

4. Oportunidade de aprender coisas novas. 3 96,4 2,4 1,2

5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). 0 58,5 29,3 12,2

6. Oportunidade de exercer liderança. 0 37,9 46,3 15,8

7. Variedade nas obrigações do trabalho. 1 59,7 30,5 9,8

8. Participação em um time de trabalho. 1 65,9 25,6 8,5

9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. 1 79,3 17,1 3,6

10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. 3 96,4 2,4 1,2

11. Maior segurança no emprego (estabilidade). 3 81,8 17,1 1,2

12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. 2 91,5 7,3 1,2

13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. 2 89,1 8,5 2,4

14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. 1 85,4 13,4 1,2

15. Consumo do tempo de outras atividades importantes devido ao engajamento no programa. -1 24,4 24,4 51,2

16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. 1 91,5 8,5 0,0

17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. 1 67,1 30,5 2,4

18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. 2 94 2,4 3,6

19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. 0 64,6 35,4 0,0

20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. 3 95,1 3,7 1,2

21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. 1 90,2 9,8 0,0

22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. 1 81,8 13,4 4,8

23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. 0 44 45,1 10,9

24. Descontrole da programação diária do trabalho devido às atividades do programa. -3 11 14,6 74,4

25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. 2 92,7 4,9 2,4

26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). 3 93,9 4,9 1,2

27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor). 3 81,8 13,4 4,8

Page 71: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

69

A Subhipótese B diz que os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria,

escores baixos de instrumentalidade com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas

com a participação no PQT. A TABELA 3 traz os resultados obtidos com respeito às modas e às

percentagens das avaliações feitas pelos docentes. A escala de instrumentalidades variou de 0

(impossível de acontecer) passando por 3 (nem improvável nem provável) até 6 (certamente

acontece). Como se observa, das 27 recompensas, vinte e três apresentaram valores modais

maiores que 3 (ponto médio), três obtiveram valores modais iguais a 3 e apenas uma apresentou

valor modal menor que 3. Esta última, a recompensa 24, possui um caráter negativo. Quanto às

percentagens, a maioria dos respondentes fez avaliações de instrumentalidades com valores

maiores que 3, com exceção das recompensas 24, de caráter negativo, e da recompensa 6 que

obteve proporções iguais entre os valores maiores que 3 e iguais a 3.

Portanto, a Subhipótese B foi testada através dos percentuais das avaliações (escores) dos

docentes (TABELA 3). A partir dos resultados obtidos conclui-se que esta hipótese não é

verdadeira. Na realidade, os docentes não apresentaram escores baixos de instrumentalidade

como se pensava inicialmente, visto que a maioria avaliou as instrumentalidades acima do ponto

médio (nem improvável nem provável). A média das percentagens de avaliações acima de 3 foi

de 62,9%. O APÊNDICE D mostra as frequências das avaliações das instrumentalidades de

participação para cada ponto da escala.

Page 72: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

70

TABELA 3: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades para as 27 recompensas

Instrumentalidades Recompensas Moda (>3) % (=3) % (<3) %

1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. 4 74,4 15,9 9,7

2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. 4 60,9 22,0 17,1

3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. 4 73,2 15,9 10,9

4. Oportunidade de aprender coisas novas. 5 83,0 13,4 3,6

5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). 4 51,2 26,8 22,0

6. Oportunidade de exercer liderança. 3 37,8 37,8 24,4

7. Variedade nas obrigações do trabalho. 4 65,9 28,0 6,1

8. Participação em um time de trabalho. 4 68,3 18,3 13,4

9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. 4 58,6 25,6 15,8

10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. 4 75,6 17,1 7,3

11. Maior segurança no emprego (estabilidade). 3 39,0 37,8 23,2

12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. 4 76,8 12,2 11,0

13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. 5 75,7 14,6 9,7

14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. 4 58,4 24,4 17,2

15. Consumo do tempo de outras atividades importantes devido ao engajamento no programa. 4 64,7 18,3 17,0

16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. 4 65,8 24,4 9,8

17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. 4 50,0 25,6 24,4

18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. 4 76,9 15,9 7,2

19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. 4 51,3 28,0 20,7

20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. 4 80,4 11,0 8,6

21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. 4 61,0 24,4 14,6

22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. 4 67,2 28,0 4,8

23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. 3 37,7 36,6 25,7

24. Descontrole da programação diária do trabalho devido às atividades do programa. 2 35,4 25,6 39,0

25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. 4 67,1 20,7 12,2

26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). 4 74,3 17,1 8,6

27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor). 4 67,1 20,7 12,2

Page 73: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

71

A Subhipótese C diz que os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria,

escores altos com respeito à expectância de participação no programa da qualidade total. A escala

da expectância oscilou de 0% (não há chance de participar, ainda que quisesse) a 100% (não há

dúvida de que eu poderia participar se quisesse). A TABELA 4 mostra os resultados obtidos com

respeito às freqüências, percentagens e moda das avaliações feitas pelos docentes. Como se

observa, o valor modal da expectância de participação é 0,5. Quanto às percentagens, a maioria

dos respondentes (61,1%) avaliou a expectância com escores inferiores ou iguais a 0,5. O

APÊNDICE E mostra os histogramas das expectâncias.

Com base nos resultados das freqüências dos escores de expectância, a Subhipótese C

também é refutada. Na prática, a maioria dos professores não faz avaliações da expectância com

altos valores de probabilidade.

TABELA 1: Frequências, percentagens e moda das avaliações de expectância de participação

Exp. 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Total Freq. 4 8 2 5 9 22 5 7 7 1 12 82 Perc. 4,9 9,8 2,4 6,1 11,0 26,9 6,1 8,5 8,5 1,2 14,6 100 Moda 0,5 Exp.< 0,5 (61,1%) Med. = 0,53 (s.d.=0,29)

Finalmente, a Hipótese 1a afirma que em função do modelo multiplicativo, a força

motivacional para participar apresenta baixos resultados devido à presença de uma variável com

escores também baixos (instrumentalidade) dentre as três variáveis que compõem o modelo

multiplicativo. A TABELA 5 mostra os resultados obtidos com respeito às percentagens da força

motivacional para participar. Os valores mínimos e máximos possíveis de serem obtidos pelos

produtos das valências, instrumentalidades e expectâncias são –486 e +486 respectivamente.

Como se observa, dos oitenta e dois docentes, quarenta e sete (57,4%) apresentaram o valor da

força motivacional entre 0,1 e 100. Outros vinte e um docentes (25,6%) obtiveram uma força

motivacional que estava entre 100,1 e 200. Vale salientar que apenas seis docentes (7,3%)

Page 74: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

72

obtiveram valores negativos ou nulos da força motivacional para participar. Considerando-se o

valor da força máxima (486), a maioria dos docentes (83%) apresentou valores baixos (0,1 a

200) da força motivacional para participar do programa da qualidade. O APÊNDICE F mostra os

histogramas e as magnitudes das forças para cada questionário.

Estes resultados fornecem uma validação parcial à Hipótese 1a. Os resultados das forças

dos docentes foram realmente baixos em sua maioria, entretanto, isto não ocorreu como uma

conseqüência de escores baixos na variável instrumentalidade mas sim devido a escores baixos

de expectância em sua maioria, como mostrado na TABELA 4.

TABELA 2: Resultados da força motivacional para participar do programa da qualidade

Força -486 a -100,1 -100 a -0,1 0,0 0,1 a 100 100,1 a 200 200,1 a 300 300,1 a 400 400,1 a 486

Freq. 0 1 5 47 21 6 2 0

Perc. 0% 1,2% 6,1% 57,4% 25,6% 7,3% 2,4% 0%

Total 82 respondentes (100%)

4.3 Força motivacional para não participar

Apesar de não haver hipóteses diretamente relacionadas às variáveis do modelo

multiplicativo para a força motivacional para não participar, os resultados das

instrumentalidades, das expectâncias e das forças para não participar estão apresentados nas

tabelas a seguir. Os resultados das forças motivacionais para não participar são usados para o

cálculo da força resultante de cada docente. A força resultante é utilizada na hipótese 1b e na

Page 75: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

73

hipótese 2. Vale ressaltar que as valências que compõem o modelo da força para não participar

são as mesmas que compõem o modelo da força para participar.

A escala de instrumentalidades de não participação variou de 0 (impossível de acontecer)

passando por 3 (nem improvável nem provável) até 6 (certamente acontece). Como se observa na

TABELA 6, apesar das recompensas com percentuais de escores acima de 3 (Recompensas: 1, 2, 3, 4,

7, 8, 9, 10, 12, 13, 14, 16, 18, 20, 25, 26, 27) serem em maior número (17), elas não apresentam valores

muito mais altos do que os seus respectivos percentuais de iguais a 3 e menores que 3.

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74

TABELA 6: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades de não participação

Instrumentalidades n-part. Recompensas Modaa (>3) % (=3) % (<3) %

1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. 4 41,5 24,4 34,1

2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. 3 41,5 30,5 28,0

3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. 3 46,3 35,4 18,3

4. Oportunidade de aprender coisas novas. 4 50,0 20,7 29,3

5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). 3 32,9 42,7 24,4

6. Oportunidade de exercer liderança. 3 32,9 42,7 24,4

7. Variedade nas obrigações do trabalho. 3 41,5 35,4 23,2

8. Participação em um time de trabalho. 3 39,0 31,7 29,3

9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. 3 40,2 34,1 25,6

10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. 3 40,2 35,4 24,4

11. Maior segurança no emprego (estabilidade). 3 23,2 51,2 25,6

12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. 4 53,7 24,4 22,0

13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. 4 42,7 22,0 35,4

14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. 3 37,8 26,8 35,4

15. Consumo do tempo de atividades importantes devido ao não engajamento no programa. 3 17,1 37,8 45,1

16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. 3 39,0 36,6 24,4

17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. 3 26,8 36,6 36,6

18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. 3 43,9 24,4 31,7

19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. 3 31,7 42,7 25,6

20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. 3 42,7 31,7 25,6

21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. 3 25,6 47,6 26,8

22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. 3 30,5 35,4 34,1

23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. 3 23,2 37,8 39,0

24. Descontrole da programação diária do trabalho devido ao não engajamento no programa. 3 17,1 32,9 50,0

25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. 3 37,8 31,7 30,5

26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). 3 48,8 31,7 19,5

27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor). 3 46,3 26,8 26,8

a Algumas destas recompensas possuem mais de uma moda. O menor valor é mostrado

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A TABELA 7 mostra os resultados obtidos com respeito às freqüências, percentagens e

moda das avaliações de expectância de não participação. Como se observa, o valor modal da

expectância de não participação é 1,0. Quanto às percentagens, a maioria dos respondentes

(85,4%) avaliou a expectância de não participação com escores superiores ou iguais a 0,5

(APÊNDICE E).

TABELA 7: Frequências, percentagens e moda das avaliações da expectância de não participação

Exp. 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Total Freq. 6 0 2 3 1 12 2 8 11 6 31 82 Perc. 7,3 0,0 2,4 3,7 1,2 14,6 2,4 9,8 13,4 7,3 37,9 100 Moda 1,0 Exp. > 0,5 (85,4%) Média = 0,73 (s.d.=0,31)

A TABELA 8 mostra os resultados obtidos com respeito às percentagens da força

motivacional para não participar. Os valores mínimos e máximos possíveis de serem obtidos pelos

produtos das valências, instrumentalidades de não participação e expectâncias de não participação

são –486 e +486 respectivamente. Como se observa, a maioria dos docentes (84,2%) apresentou

valores entre 0,1 e 200 da força motivacional para não participar do programa. Apenas nove

docentes (10,9%) obtiveram valores negativos ou nulos da força motivacional para não participar

(APÊNDICE F).

TABELA 8: Resultados da força motivacional para não participar do programa da qualidade

Força -486 a -100,1 -100 a -0,1 0,0 0,1 a 100 100,1 a 200 200,1 a 300 300,1 a 400 400,1 a 486

Freq. 0 1 8 39 30 4 0 0

Perc. 0% 1,2% 9,7% 47,6% 36,6% 4,9% 0% 0%

Total 8 82 respondentes (100%)

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76

4.4 Exatidão das predições da teoria da expectância

A Hipótese 1b diz que o modelo da expectância empregado seria capaz de predizer quais

os docentes que escolheriam ser voluntários e os que escolheriam não ser voluntários. Ou seja,

os voluntários apresentariam resultados positivos da força motivacional resultante, enquanto os

não voluntários apresentariam resultados negativos. É importante lembrar que a força

motivacional resultante é igual a força para participar menos a força para não participar.

Para testar estas predições, o valor da força motivacional resultante de cada professor foi

observado. Aqueles que apresentaram força resultante positiva foram rotulados de participantes,

por outro lado, os que apresentaram força resultante negativa foram rotulados de não

participantes, obtendo-se assim, as predições para os docentes. A TABELA 9 repete o número de

participantes e voluntários, conforme declarado pelos próprios docentes no questionário, e traz

as predições com base na força motivacional resultante na última coluna.

TABELA 9 : Nº de participantes, voluntários e as predições com base na força motivacional resultante

Participantes 62 (43%) Voluntários 63 (76,8%)

Predição de Voluntários

44 (54,3%)

Não Participantes 82 (57%) Não Voluntário 19 (23,2%) Predic. Não Voluntários

37 (45,7%)

Total 144 (100%) Total 82 (100%) Total 81a (100%)

a A diferença no número de voluntários é devido ao fato de que quando a força para participar é igual a força para não participar, nenhuma predição pode ser feita.

Por último, estas predições foram comparadas com as declarações dos docentes no

questionário quanto ao estado atual: voluntário ou não voluntário. A TABELA 10 mostra os

resultados da tabulação cruzada feita pelo SPSS. Esta ferramenta disponível no “software”

estatístico permite a comparação individual entre a predição, baseada na força resultante, e a

declaração do docente quanto ao seu estado atual.

Page 79: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

77

Pode ser observado na TABELA 10 que a Hipótese 1b foi parcialmente aceita. O modelo

fez predições corretas em 59,4% dos casos, produzindo um coeficiente phi de 0,225. Contudo,

fica claro que o modelo mostrou exatidão apenas em suas predições com respeito aos docentes

que seriam voluntários (86,4%) mas não com respeito aos que não seriam voluntários (32,4%).

Como mostrado na segunda linha das predições da tabela 10, 37 não voluntários eram esperados

(força resultante negativa), mas apenas 12 dentre estes afirmaram ser não voluntários (estado

atual). Quanto às predições para ser voluntário, primeira linha da tabela, 44 voluntários eram

esperados (força resultante positiva), sendo que 38 disseram ser voluntários (estado atual).

TABELA 10: Exatidão do modelo para predizer o comportamento dos docentes quanto ao PQT

Estado Atual

Voluntários Não Voluntários

Total

Percent. de Acertos

Voluntários 38 6 44 86,4%

Predições Não Voluntário 25 12 37 32,4%

Total 63 18 81 59,4% med.

X2 = 17,95 p< 0,01

Phi = 225 Sig. Aprox. 0,043

4.5 Probabilidade de participação com base na força motivacional resultante

A Hipótese 2 diz que os voluntários e não voluntários irão diferir significativamente com

respeito as suas forças motivacionais para participar do programa da qualidade, de modo que os

voluntários irão registrar valores mais altos da força motivacional resultante do que os não

Page 80: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

78

voluntários. Os resultados da regressão logística são apresentados na TABELA 11 e dão apoio a

esta hipótese. O estado atual (voluntário; não voluntário) compôs a variável dependente e a força

resultante, a variável independente. O coeficiente de correlação apresentado é estatisticamente

significante e positivo. Como levantado na Hipótese 2, valores mais altos da força motivacional

resultante aumentaram a probabilidade do indivíduo ser voluntário, sugerindo que os voluntários

avaliam a participação no programa da qualidade de maneira mais favorável do que os não

voluntários (em relação ao status quo alternativo).

Este resultado é consistente com a perspectiva da teoria da expectância de que as pessoas

irão escolher a alternativa (tornar-se voluntário ou não voluntário) de acordo com suas

percepções individuais do valor associado com as várias recompensas. O APÊNDICE G traz os

dados da regressão logística, no formato apresentado pelo SPSS.

TABELA 11: Regressão logística para a probabilidade de ser voluntário para o programa da qualidade

Variável Coeficiente S.E.

Wald Sig. R Exp (B)

Força Motivacional Resultante

,0097 ,0041 5,5622 ,0184 ,2003 1,0097

Bondade de Ajustamento X2

-2 Log Likelihood 79,440

81,810

Percentagem de Acertos 78,05%

No capítulo seguinte, são apresentadas as discussões com respeito aos resultados

encontrados e as conclusões desta investigação.

Page 81: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

79

5 Discussões e Conclusões

Antes do início das discussões, é apresentada uma síntese das descobertas deste estudo

com base nas questões de pesquisa apresentadas no capítulo 1.

O presente estudo foi realizado na busca de evidências que pudessem levar ao

desenvolvimento do modelo da expectância através do exame da motivação de uma categoria

profissional específica, professores de uma escola pública de ensino tecnológico. Para tanto,

abordou a motivação dos docentes para participarem de um programa de envolvimento de

pessoas, programa da qualidade, em um ambiente cultural diferente dos anteriormente

pesquisados, o Brasil. Duas questões principais compuseram as bases desta investigação.

1) Até que ponto a teoria da expectância no modelo multiplicativo “valência x

instrumentalidade x expectância” de Victor H. Vroom se aplica na compreensão do

fenômeno motivacional para participar de um programa da qualidade total no ambiente

cultural brasileiro? Especificamente no caso do CEFET-PB?

2) À luz da teoria da expectância, até que ponto os professores que se definem como

voluntários ao PQT do CEFET-PB são mais motivados do que aqueles que se definem como

não voluntários?

Para responder estas questões, inicialmente foi levantada a variável dependente, esta se

refere ao estado atual (voluntário ou não voluntário) para o programa. Em segundo lugar, foram

Page 82: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

80

levantadas as frequências dos escores com os quais os respondentes avaliaram as variáveis

independentes, valências, instrumentalidades e expectância. Estas frequências são analisadas

para verificar o impacto de cada uma sobre a força motivacional para participar. Em terceiro

lugar, foi montada uma tabulação cruzada entre as freqüências observadas (variável dependente)

e as freqüências esperadas a partir da força motivacional resultante (resultado do modelamento

das variáveis independentes), assim, pôde-se observar o grau de acerto das predições do modelo

da expectância. Finalmente, foi realizada a regressão logística para verificar a probabilidade do

comportamento com base nos valores da força motivacional resultante.

As descobertas, em geral, mostram que:

1) A teoria da expectância no modelo multiplicativo “valência x instrumentalidade x

expectância” é aplicável, com restrições, na compreensão do fenômeno motivacional para

participar de um programa da qualidade total no ambiente cultural brasileiro, mais

especificamente no CEFET-PB.

2) Os professores que se definem como voluntários ao programa da qualidade do CEFET-PB, à

luz da teoria da expectância, são mais motivados do que aqueles que se definem como não

voluntários.

Cada uma destas descobertas será discutida na seção seguinte, na seqüência em que as

hipóteses foram formuladas.

5.1 O modelo multiplicativo de Vroom

As subhipóteses A, B e C foram construídas a partir das evidências observadas no

contexto do CEFET-PB. Desta forma, buscou-se responder as questões de pesquisa de forma

que estas subhipóteses venham compor a Hipótese 1a.

Page 83: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

81

5.1.1 Valências

Consistente com as evidências encontradas na literatura sobre a teoria da expectância,

com respeito às valências (Parker & Dyer, 1976), as recompensas foram positivamente

valorizadas pelos docentes. Estes autores esclarecem que, dentre outras coisas, um teste

adequado da teoria da expectância depende da habilidade dos pesquisadores em incluir nos

estudos recompensas (TABELA 2-CAP.4) que sejam relevantes para as pessoas. Apesar dos

cuidados tomados para garantir a relevância das recompensas, através dos painéis iniciais, as

recompensas 6 e 23 receberam o escore 0 (não faz diferença) por parte da maioria dos

respondentes (TABELA 2-CAP.4). Contudo, observa-se que estas percentagens do valor 0 não

estão muito acima das percentagens de escores positivos para estas mesmas recompensas.

As recompensas 6 e 23 foram, respectivamente: Oportunidade de exercer liderança e

Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. Estes resultados estão de

acordo com Jurkiewicz, Massey Jr. & Brown (1998). Eles observaram que dentre as

recompensas desejáveis pelos servidores públicos (não supervisores), oportunidade de exercer

liderança não estava entre as mais valorizadas. A recompensa, trabalhar mais próximo à

administração, está ligada a prestígio e status dentro da organização. Estes autores também

encontraram que prestígio e status são muito pouco valorizados pelos servidores públicos.

Considerando que o estudo citado foi realizado nos Estados Unidos, isto levanta evidências de

que as diferenças culturais têm pouca interferência no que se refere ao desejo por estas duas

recompensas. Portanto, há indícios de ser uma característica do servidor público.

Quanto às recompensas 15 e 24, de caráter negativo, pode-se considerar como avaliadas

positivamente, ou corretamente, tendo em vista que uma avaliação negativa (indesejável) de

uma recompensa ruim é algo positivo, portanto, estas recompensas não contribuem para

Page 84: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

82

invalidar a subhipótese. Vale lembrar que a reversão não foi possível devido a influência do

sinal no modelo multiplicativo.

5.1.2 Instrumentalidades

A Subhipótese sobre instrumentalidade que discorria que os docentes apresentariam

escores baixos desta variável, não foi validada pelos dados. Os docentes não apresentaram

escores baixos de instrumentalidade como se pensava inicialmente, a maioria avaliou as

instrumentalidades acima do ponto médio (3). As exceções ficam para as recompensas 24, de

caráter negativo, recebendo avaliações menores que 3 e para a recompensa 6 que obteve

proporções iguais entre os valores maiores que 3 e iguais a 3 (TABELA 3). Na recompensa 23,

apesar dos escores maiores que 3 serem maioria, a diferença não é significante em relação à

recompensa 6. Como ocorreu nas valências, observa-se novamente um comportamento

semelhante para estas duas recompensas. Contudo, os escores não são baixos, ou seja, a maioria

dos docentes avaliou estas duas recompensas com escores de instrumentalidade a partir do ponto

médio (3). Ou seja, apesar de serem recompensas indiferentes para a maioria (valências), eles

percebem que o envolvimento pode trazer estas recompensas (instrumentalidades).

Com relação às baixas avaliações para a recompensa 24, este resultado vem contribuir,

juntamente com as outras recompensas, para invalidar a subhipótese. Tendo em vista que

percepções de uma baixa probabilidade de obtenção de uma recompensa ruim resulta em algo

positivo ou bom. Desta forma, a única recompensa que contribui para validar a subhipótese é a

de número 15, ela foi avaliada positivamente pelos docentes, contudo, possui caráter negativo.

Page 85: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

83

Uma possível razão para os resultados não esperados pode ter como base as sugestões de

Wahba & House apud Parker & Dyer (1976) de que recompensas intrínsecas podem ter maior

poder motivacional que recompensas extrínsecas. Isto pode acontecer principalmente porque as

percepções de instrumentalidade associadas às recompensas que são auto-administradas tendem

a uma avaliação alta de instrumentalidade. As 27 recompensas avaliadas foram baseadas nos

trabalhos de Allen, Lucero e Van Norman (1997) e Jurkiewicz, Massey Jr. & Brown (1998),

sendo que 4 delas foram relatadas pelos docentes; destas, 17 eram intrínsecas, 8 extrínsecas e 2

negativas. Assim, apesar das circunstâncias enfrentadas pelos docentes no contexto atual do

CEFET-PB, eles conseguem perceber que há um nível de probabilidade que estas recompensas

venham acontecer como consequência do engajamento no programa.

Os resultados do estudo de Crewson (1997), sobre motivação no serviço público,

sugerem que apesar de não haver diferença significativa entre os setores público e privado

quanto a importância dada a um bom salário, trabalhadores de empresas públicas avaliam as

recompensas intrínsecas como sendo de maior importância do que as recompensas extrínsecas.

Este autor ainda comenta que estes resultados são consistentes com as expectativas de que, as

diferenças entre missões, entre elementos de controle e entre a auto-seleção de um empregado

nos setores público e privado, levam os servidores públicos a valorizarem mais a ajuda aos

outros e o ser útil à sociedade do que aqueles que estão nos outros setores. Há indícios que este

sentimento seja ainda mais forte quando estes servidores públicos são professores, educadores de

instituições públicas de ensino, das quais se espera a descoberta, o desenvolvimento e a

disseminação do conhecimento científico.

Page 86: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

84

5.1.3 Expectância

A Subhipótese que dizia que os professores apresentariam escores altos com respeito à

expectância de participação também foi refutada. Na prática, a maioria dos docentes fez

avaliações da expectância com valores de probabilidade menores ou iguais a 0,5.

Uma possível razão para estes resultados seria a falta ou pouca informação a respeito do

que seria um desempenho satisfatório (engajamento) (Nadler & Lawler III, 1991). No plano de

implantação, estavam previstas palestras de treinamento para os servidores, contudo, as palestras

foram realizadas em sua maioria para os servidores de setores específicos, onde o grupo de

promoção da qualidade prestou assessoria durante a implantação; em média, 16 horas de

treinamento. Entretanto, os docentes destes setores não ultrapassavam 15% do total de docentes

da instituição. Os professores das outras áreas (85%) que foram estimulados a implantar as

técnicas da qualidade receberam em média 4 horas de palestras sobre o programa da qualidade.

Hackman & Wageman (1995) citam pesquisas realizadas nos Estados Unidos sobre as práticas

de gestão da qualidade total em organizações americanas. Nestas organizações, normalmente,

80% dos supervisores de primeira linha e 50% dos empregados sem cargo de gerência haviam

recebido em média 8 horas de treinamento sobre as práticas da qualidade. Salanova, Hontangas e

Peiró (1996) também esclarecem que a “expectância de eficácia pessoal” (autoeficácia) é uma

componente da expectância do modelo cognitivo. Esta expectância pode ser definida como a

probabilidade subjetiva percebida por uma pessoa de poder, ou ter a capacidade de, realizar com

êxito uma tarefa requerida. Portanto, as poucas horas de treinamento podem ter agido no sentido

de baixar as avaliações de expectância por parte dos docentes.

Uma outra explicação para os resultados de expectância pode estar nos esclarecimentos

de George & Brief (1996) quanto às limitações do modelo cognitivo. Na visão deste autor, os

sentimentos e as emoções das pessoas irão afetar os julgamentos de expectância. Dentre estes

Page 87: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

85

sentimentos estão o humor ou a disposição das pessoas e as lembranças de experiências

passadas. Como se sabe, os servidores públicos vêm passando por sérias dificuldades; desde o

ano de 1994 não recebem reajuste salarial. Mais especificamente na área da educação pública

federal, as restrições orçamentárias e legais têm gerado dificuldades para contratação de novos

docentes que substituiriam aqueles que se aposentam, ou que deixam as instituições por algum

outro motivo. Isto tem gerado uma sobrecarga para os que ficam. Até mesmo o exercício da

docência tem sido sacrificado; a carência de recursos para financiar a capacitação e a formação

dos docente tem gerado sentimentos de impotência diante dos desafios que estes profissionais

enfrentam como educadores e pesquisadores.

5.1.4 A força para participar

A Hipótese 1a era composta pelas subhipóteses anteriores e dependia diretamente delas

uma vez que o modelo é composto pela multiplicação de valências, instrumentalidades e

expectância. Esta hipótese afirmava que em função do modelo multiplicativo, a força

motivacional para participar do programa da qualidade apresentaria baixos resultados. Isto,

devido a presença de uma variável com escores também baixos (instrumentalidade) dentre as

três variáveis que compunham o modelo. Como se observou, os resultados forneceram uma

validação parcial à hipótese. Os resultados das forças dos docentes foram realmente baixos,

entretanto, isto ocorreu devido a escores de expectância abaixo do esperado, não devido a

escores baixos de instrumentalidade.

Page 88: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

86

5.2 A exatidão das predições

A Hipótese 1b, que testou a exatidão das predições feitas com base na força motivacional

resultante (força para participar menos a força para não participar) foi parcialmente aceita

(TABELA 10). O modelo mostrou exatidão apenas em suas predições com respeito aos docentes

que seriam voluntários (86,4% de acertos) mas não com respeito aos que não seriam (32,4% de

acertos). Dimensões distintas podem estar influenciando para esta diferença nas predições,

principalmente dos não voluntários. Estas dimensões podem estar relacionadas às próprias

declarações dos docentes quanto ao estado atual (voluntários ou não) ou relacionadas às

variáveis do modelo multiplicativo (variáveis independentes).

A dimensão cultural pode estar influenciando nas declarações dos docentes quanto ao

estado atual da participação. Esta dimensão cultural estaria embutida no temor dos docentes em

afirmar no questionário que não estariam dispostos a serem voluntários. Segundo sugere Motta

(1997) o empregado brasileiro traz consigo fortes traços da cultura do Brasil-colônia. A ditadura

militar no país também pode ter deixado o temor como um resquício cultural. Assim, a

replicação deste estudo em outras culturas além da norte americana e da brasileira é

determinante para se conhecer a influência desta dimensão nas predições do modelo.

Quanto às dimensões do próprio modelo multiplicativo, vale a pena destacar que as

diferenças nas predições podem estar relacionadas aos valores da força motivacional resultante.

Diversos fatores podem estar influenciando os resultados desta força. Além disto, estes fatores

podem ter relação tanto com a força para participar como com a força para não participar.

Os fatores que envolvem a força para participar foram discutidos nas seções anteriores,

uma vez que foram levantadas hipóteses quanto às variáveis que envolveram esta força. Apesar

deste trabalho não ter levantado hipóteses, de forma direta, com respeito às variáveis que

Page 89: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

87

compuseram a força para não participar, torna-se relevante o esclarecimento de alguns

resultados.

Como se observa na TABELA 6 as modas apresentaram valores entre 3 e 4, com maior

incidência do valor 3 para as instrumentalidades de não participação. Se comparadas às modas

das instrumentalidades de participação (TABELA 3), observa-se que aqueles valores modais foram

maiores, com maior incidência do valor 4. As percentagens também refletem uma

instrumentalidade de não participação mais baixa se comparadas às percentagens das

instrumentalidades de participação, ou seja, os valores não foram muito mais altos do que os seus

respectivos percentuais de iguais a 3 e menores que 3.

Apesar dos resultados demonstrarem instrumentalidades de não participação um pouco

mais baixas, quando comparadas às de participação, a maioria dos docentes (84,2%) obteve

força motivacional para não participar com valores entre 0,1 e 200 (TABELA 8). Quando se

compara estes valores da força motivacional para não participar com os valores da força

motivacional para participar (TABELA 5), observa-se uma proximidade muito grande das duas

forças, uma vez que a maioria dos docentes (83%) obteve força para participar com valores entre

0,1 e 200. Observando o modelo multiplicativo, isto ocorreu devido a valores mais altos da

expectância de não participação (TABELA 7) em relação a expectância de participação (TABELA

4).

Esta proximidade nos valores das forças não gerou, necessariamente, forças resultantes

com valores baixos. Isto porque os percentuais apresentados referem-se à amostra como um

todo, contudo, o cálculo da força resultante é feito através da diferença entre as forças de

participação e de não participação de cada indivíduo “within-subject”. A força motivacional

resultante, as predições com respeito a estas forças e o estado atual de cada docente são

apresentados no APÊNDICE F.

Page 90: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

88

Como explicado no capítulo anterior, as valências que compõem a força para não

participar são as mesmas utilizadas para o cálculo da força para participar. Portanto, a força para

não participar obteve valores próximos aos da força para participar devido a valores mais altos

de expectância e a valores um pouco mais baixos de instrumentalidade quando comparados aos

valores da força para participar. A instrumentalidade um pouco mais baixa, quando comparada à

de participação, não significou uma instrumentalidade baixa, as modas entre três e quatro

demostraram que os valores estão em patamares médios.

Portanto, as discussões feitas na seção 5.1.2 sobre instrumentalidade de participação

também são válidas para as de não participação. Quanto à expectância, a forma como a pergunta

foi elaborada para compor o instrumento pode ter influenciado para uma expectância de não

participação mais alta do que a de participação. Como explicado na metodologia do trabalho, os

docentes teriam que avaliar a probabilidade de se sentirem pressionados pelos superiores a

participar. Estas avaliações de probabilidade foram então invertidas para expressar as

expectâncias de não participação. Uma probabilidade igual a zero, de ser pressionado, passou a

ser uma probabilidade igual a um e representava a percepção do indivíduo poder manter o status

quo sem a interferência do superior (Allen, Lucero & Van Norman, 1997). Apesar desta inversão

ser correta, a pergunta, como apresentada no instrumento, pode ter induzido avaliações baixas

da probabilidade de ser pressionado pelo superior (APÊNDICE B-PARTE II-Quest.4). Isto pode ser

explicado pelo grau de autonomia que os professores têm em suas atividades, principalmente

quanto à didática a ser utilizada em sala de aula.

As questões abordadas no parágrafo anterior trazem à tona as influências culturais, em

especial, sobre o sistema educacional. Ramos (1992) esclarece que o sistema educacional

brasileiro traz consigo marcas da cultura ibero-latina, conseguidas através de práticas

educacionais iniciadas pelos religiosos que acompanhavam os colonizadores. Portanto, uma

Page 91: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

89

provável explicação para as diferenças nas predições também pode estar nas diferenças culturais

entre Brasil e Estados Unidos. Nadler e Lawler III (1991) comentam que nos EUA vários

cientistas têm mostrado a validade da teoria da expectância na compreensão da motivação

humana. Desta forma, faz-se necessário a replicação deste trabalho em outras culturas.

5.3 A probabilidade de ser voluntário com base na força resultante

A Hipótese 2, que afirmava que os voluntários registram valores mais altos da força

motivacional resultante do que os não voluntários, foi validada pelos dados, como já mostrado

anteriormente (TABELA 11). Isto significou que valores mais altos da força motivacional

resultante aumentaram a probabilidade do docente ser voluntário, sugerindo que os voluntários

avaliam a participação no programa da qualidade de maneira mais favorável do que os não

voluntários (em relação ao status quo alternativo).

Este resultado é consistente com a perspectiva da teoria da expectância de que as pessoas

escolhem a alternativa (voluntário ou não voluntário) de acordo com suas percepções individuais

do valor associado às várias recompensas (Miller & Pritchard, 1992). Allen, Lucero e Van

Norman (1997) também encontraram resultados semelhantes.

Apesar disso, os resultados mostram apenas um aumento na probabilidade do indivíduo

ser voluntário, ou seja, o modelo continua não garantindo uma boa exatidão para predições de

não voluntário (Regressão logística - APÊNDICE G).

Como já discutido anteriormente, outras variáveis como traços de personalidade,

sentimentos, emoções, ou aspectos culturais podem estar atuando sobre as variáveis do modelo

Page 92: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

90

da expectância, interferindo nas predições. Hampden-Turner & Trompenaars (1993), a partir de

uma perspectiva da avaliação de desempenho, consideram a abordagem “behaviorista”, sobre a

qual está a prática de recompensa-por-desempenho, como um fenômeno característico da cultura

norte americana e que não é aceita, ou compartilhada, por muitas outras culturas. Culturas

latinas, por exemplo, tendem a possuir um foco muito menor sobre a quantificação, assim como,

menos confiança de que um bom desempenho possa ser trocado por recompensas numa

avaliação de desempenho.

Finalmente, um outro fator que pode estar contribuindo para a diferença nas predições,

especialmente dos não voluntários, seja o comprometimento dos docentes para com a

organização. Crewson (1997) esclarece que indivíduos com alto comprometimento,

provavelmente são mais participativos na organização, mesmo que estejam insatisfeitos com o

salário ou com os superiores.

5.4 Limitações do estudo

Apesar do estudo ter importantes contribuições, ele também possui limitações. As

principais limitações são comentadas nesta seção.

Não obstante o modelo de pesquisa empregado (“cross-sectional”) fornecer dados que

possibilitam importantes interpretações da realidade, um modelo de pesquisa longitudinal seria

capaz de fornecer dados ainda mais ricos. Poderia inclusive, ser capaz de abordar influências

diversas sobre o objeto de estudo. Uma delas seria o efeito da exposição dos docentes aos

resultados do programa, 4 anos após sua implantação. Outra influência seria o efeito das

mudanças de estrutura que a organização sofreu ao passar de Escola Técnica para CEFET.

Page 93: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

91

O fato dos docentes identificados como participantes terem sido retirados da análise

trouxe limitações metodológicas, uma vez que o tamanho da amostra foi reduzido de 144 para

82 sujeitos. Esta medida foi tomada para manter a continuidade com relação à literatura anterior

que usou a mesma categorização dos sujeitos (Allen, Lucero & Van Norman, 1997; Allen &

Van Norman, 1996; Leanna et al., 1992; Verma, 1989). A amostra composta apenas de docentes

também reduz o poder de generalização do estudo, devido ao fato da categoria profissional

escolhida possuir características bastante peculiares.

O tamanho do questionário foi outra limitação da pesquisa. Cada docente respondeu três

listas, totalizando 81 questões. Estas listas diziam respeito às avaliações de valências,

instrumentalidades de participação e instrumentalidades de não participação para cada uma das

27 recompensas. Além destas, as outras partes do questionário somaram mais 12 questões

perfazendo um total de 93 questões. Portanto, o tamanho do questionário pode ter influenciado

nas avaliações da última lista de recompensas de alguns respondentes em consequência da

fadiga.

Por fim, devido à recodificação das escalas das variáveis instrumentalidade de

participação e instrumentalidade de não participação, conforme explicado no capítulo 3,

restrições eram esperadas em termos de comparações com os trabalhos de Allen, Lucero & Van

Norman, (1997) e Parker & Dyer (1976). Mitchell (1974) explica que o uso de escalas de

instrumentalidades somente positivas, pode influenciar nos resultados devido as possíveis

inversões de sinais do modelo multiplicativo. Com o intuito de esclarecer até que ponto estas

restrições afetaram este estudo, os resultados obtidos com a utilização da escala original

utilizada no questionário são apresentados no APÊNDICE H.

Page 94: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

92

5.5 Implicações práticas

A teoria da expectância pode ajudar no planejamento de um clima motivacional capaz de

estimular comportamentos que sejam desejáveis na organização. Para isto, pode-se desenvolver a

comunicação no sentido de que as pessoas expressem quais as recompensas que elas valorizam.

Da mesma forma, pode-se procurar conhecer se os indivíduos acreditam que seus esforços

resultarão num desempenho bem sucedido e conhecer o quão próximo eles acreditam estar do

recebimento de suas recompensas desejadas. Desta forma, os administradores de instituições

públicas poderão discutir e desenvolver recompensas que ultrapassem as restrições

orçamentárias e legais encontradas na administração pública. Como também, esclarecer os

servidores quanto ao porquê de certas recompensas desejáveis não estarem disponíveis ou

explicar a eles o porquê de certos esforços serem restritivos ao desempenho (Crewson, 1997;

Nadler & Lawler, 1991).

É importante ressaltar que cada tipo de trabalho deve requerer uma descrição diferente da

tarefa, diferentes comportamentos e portanto, diferentes sistemas de recompensas. Desta forma,

estudos mostram que quando as pessoas de uma organização são consideradas como um grupo

que possui comportamentos iguais, isto pode levar a uma redução na eficácia do programa

motivacional e na habilidade para medir seus impactos (Mitchell, 1982).

O modelo da expectância também é uma ferramenta útil para ajudar os gerentes a

pensarem no processo mental através do qual ocorre a motivação. Nesse modelo, os indivíduos

não agem somente por causa dos seus fortes impulsos interiores, das necessidades não atendidas

ou devido à aplicação de recompensas ou punições. Em lugar disso, as pessoas devem ser vistas

como indivíduos pensantes cujas crenças, percepções e estimativas de probabilidades

influenciam fortemente seus comportamentos (Churchill & Pecotich, 1981; Mitchell, 1982).

Page 95: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

93

Não há um princípio universal que explique as motivações de todas as pessoas e que

assegure a compreensão das necessidades delas. Além do que, não se pode garantir que as

pessoas estejam percebendo o bom desempenho como necessariamente levando à satisfação das

necessidades. Assim sendo, pode-se fazer o seguinte questionamento: em que condições as

recompensas realmente motivarão as pessoas?

Com base na teoria da expectância, para que as recompensas sejam úteis, elas precisam

ser vistas como oportunas e associadas ao desempenho eficaz. Portanto, o modelo de Vroom

sugere que as seguintes condições estejam presentes para a motivação das pessoas no ambiente

de trabalho:

1. As pessoas precisam acreditar que o desempenho eficaz (ou um comportamento

específico) resultará no recebimento de uma recompensa. Esta recompensa pode ser

extrínseca, concedida pela empresa (bonificação, promoção ou reconhecimento por

parte dos colegas e superiores) ou intrínseca, resultante da própria execução da tarefa

(oportunidade de aprender coisas novas ou oportunidade de trabalhar de maneira mais

próxima à administração, dando uma sensação de poder). Esta crença ou percepção

nada mais é do que a instrumentalidade da teoria da expectância. Com relação à

participação no PQT, os percentuais das instrumentalidades, para cada recompensa,

são apresentados na TABELA 3 – Cap. 4.

2. As pessoas precisam possuir desejo pelas recompensas oferecidas. Alguns podem

desejar promoções porque buscam poder, mas outros podem desejar outra forma de

benefício como uma maior participação nos processos decisórios da empresa,

elevando sua auto estima. O valor que as pessoas dão a cada recompensa tem como

base os seus objetivos individuais e é exatamente a valência tratada no modelo da

expectância. Com respeito à participação no PQT, os percentuais das valências, para

cada recompensa, são apresentados na TABELA 2 – Cap. 4.

3. As pessoas precisam acreditar que um determinado nível de esforço individual fará

com que elas alcancem os padrões de desempenho considerados eficazes pela

empresa. Esta percepção de que o esforço leve ao desempenho é a expectância do

modelo de Vroom. Com relação à participação no PQT, os percentuais da expectância

são apresentados na TABELA 4 – Cap. 4.

Page 96: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

94

Em resumo, a operacionalização do modelo da expectância depende da compreensão

correta dos objetivos pessoais, da ligação entre esforço e desempenho, entre desempenho e

recompensas e por último, entre as recompensas e a satisfação dos objetivos individuais.

5.6 Sugestões para futuros trabalhos

Em primeiro lugar, é importante que os trabalhos que abordam programas participativos

sigam o modelo de pesquisa longitudinal. Assim, será possível fazer comparações do antes

versus o pós programa. No caso de pesquisas “cross sectional”, especialmente nos casos em que

o programa está em andamento, comparações entre os participantes e os não participantes serão

úteis na compreensão dos efeitos gerados pelo programa sobre estas duas categorias de

indivíduos (Allen, Lucero & Van Norman, 1997).

Quanto ao desenvolvimento teórico do modelo da expectância, George & Brief (1996)

alertam que uma compreensão mais rica da motivação para o trabalho deve considerar os

sentimentos, suas origens nas interações pessoa-contexto e a combinação dos sentimentos com

os pensamentos para determinar a direção e o nível da motivação. Na visão deste autor, seria

importante o estabelecimento de uma conecção entre as teorias afetivas (de conteúdo) e as

cognitivas (de processo).

Nadler e Lawler (1991) também sugerem que nem o indivíduo nem o ambiente sozinhos

determinam o comportamento. As pessoas vêm para as organizações com certa “bagagem

psicológica”. Da mesma forma, o ambiente de trabalho provê estruturas (sistemas de avaliação

Page 97: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

95

de desempenho) que influenciam o comportamento das pessoas. Portanto, como salientam

Allen, Lucero & Van Norman (1997) medidas de personalidade e atitudes sociopsicológicas

devem ser incluídas. Variáveis como, necessidade de crescimento, auto estima e apoio dos

familiares, apesar de fazerem parte de modelos afetivos (de conteúdo), podem ser utilizadas nos

testes das predições do modelo da expectância. Desta forma, pode ser verificado se a inclusão

destas variáveis nas correlações promove uma melhor exatidão no modelo. A inclusão de outras

variáveis, como locus de controle, também pode ser útil na compreensão das diferenças nas

predições feitas com base na teoria da expectância.

Devido às restrições orçamentárias e legais para a recompensa aumento de salário, esta

foi considerada como não estando associada à participação no PQT e retirada da lista para as

avaliações das valências e instrumentalidades, como orienta Mitchell (1974). Contudo, é

importante que trabalhos futuros avaliem o impacto desta recompensa sobre a força

motivacional resultante. De acordo com Beer e Walton (1997), praticamente todos os estudos

sobre a importância da remuneração comparada a outras possíveis recompensas mostram que ela

é importante. Normalmente aparece entre as cinco principais recompensas. A cultura nacional é

um outro fator importante a ser pesquisado quando se trata de recompensas financeiras. Há

evidências de que os trabalhadores norte-americanos dão mais ênfase à remuneração com base

no desempenho individual do que seus colegas europeus ou japoneses. As empresas japonesas,

por exemplo, se baseiam mais em certos graus de estabilidade no emprego.

Finalmente, Porter apud Crewson (1997) sugere que o comprometimento organizacional

é um melhor preditor de comportamento das pessoas no trabalho do que medidas como

satisfação no trabalho. Para ele, apesar das pessoas possuírem expectativas de que receberão

recompensas devido ao desempenho, a análise do comprometimento pode ser especialmente

importante para organizações com recursos limitados para prover recompensas financeiras.

Page 98: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

96

Rocha e Bastos (1999) também apresentam evidências da existência de relações entre os padrões

de comprometimento dos empregados e a sua interpretação sobre a implementação de um

programa de mudanças. Portanto, seria relevante que os estudos futuros também incluíssem

medidas de comprometimento como uma forma de ampliar os testes das predições do modelo da

expectância. Isto poderia explicar, tomando como exemplo este estudo, o grande número de

docentes que afirmaram ser voluntários para o programa da qualidade apesar do clima

motivacional não favorável, como apresentado no capítulo 1.

Ao final deste estudo, pode-se concluir que ele foi capaz de revelar o quadro

motivacional percebido pelos docentes do CEFET-PB para o envolvimento no programa da

qualidade; também foi capaz de avaliar a aplicabilidade do modelo da expectância no ambiente

cultural brasileiro, mais especificamente no ambiente do CEFET-PB; de identificar o potencial

de professores voluntários para o programa da qualidade; de gerar conhecimento capaz de

contribuir com a organização para enfrentar as resistências inerentes à implantação destes

programas; de contribuir também para que as pessoas se sintam mais motivadas em seu trabalho

e finalmente, capaz de ampliar as fronteiras do conhecimento na área do comportamento das

pessoas no trabalho. Com base nos resultados da investigação, conclui-se que o CEFET-PB

conta com o apoio de uma parcela significativa dos docentes. Em suma, o modelo da expectância

foi capaz de predizer bem, o potencial de voluntários mas não foi muito efetivo na predição do

número de não voluntários, o que sugere a existência de limitações transculturais para a

generalização do modelo da expectância.

Page 99: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

97

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Page 106: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

104

APÊNDICE A Roteiros Empregados nos Painéis

Page 107: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

105

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ORIENTAÇÃO: Prof. Sônia Calado ALUNO: Helder Pontes Régis PESQUISA:

A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Para Participarem do Programa da Qualidade: Um Exame Com Base na Teoria da Expectância

Com base na exposição a respeito da teoria da expectância indique três resultados (ou

recompensas) que podem ser alcançados com o engajamento no Programa da Qualidade Total do

CEFET-PB?

1)____________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2)____________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3)____________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Page 108: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

106

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ORIENTAÇÃO: Prof. Sônia Calado ALUNO: Helder Pontes Régis PESQUISA:

A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Para Participarem do Programa da Qualidade:

Um Exame Com Base na Teoria da Expectância

ROTEIRO DE ENTREVISTA :

Dispomos de uma lista com 36 resultados (obtidos da literatura) que podem estar relacionados, ou não, com o engajamento das pessoas em um programa de envolvimento dos empregados. Na sua opinião, os resultados (ou recompensas) apresentados a seguir estão relacionados à participação no Programa da Qualidade Total do CEFET-PB?

Marque o parêntese que exprime a sua opinião.

1. Oportunidade de beneficiar à sociedade.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

2. Oportunidade de aprender coisas novas.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

3. Oportunidade engajamento em atividades de lazer (ex. recreacional, cultural).

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

4. Oportunidade de exercer liderança.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

5. Liberdade de supervisão.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

Page 109: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

107

6. Liberdade de pressões de comportamento devido ao cargo, tanto no ambiente de trabalho

como fora dele (ex: executivo, reitor, pastor, padre, professor, juiz, etc.).

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

7. Alto prestígio e “status” social.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

8. Variedade nas obrigações do trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

9. Participação em um time de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

10. Sentimentos fortes de auto-respeito.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

11. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

12. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

13. Sentimentos fortes de que vale a pena realizar a tarefa.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

14. Maior oportunidade de crescimento como pessoa.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

15. Oportunidade de sentir que faz algo importante.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

16. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

17. Oportunidade de contribuir para decisões importantes.

Page 110: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

108

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

18. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

19. Mais autoridade e responsabilidade.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

20. Maior qualidade do ambiente de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

21. Melhor comunicação entre trabalhadores e gerência.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

22. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à gerência.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

23. Maior competitividade da organização.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

24. Maior segurança no emprego.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

25. Reconhecimento da gerência pelas contribuições do servidor à organização.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

26. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

27. Aumento de salário ou bônus.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

28. Participação nos times do programa faz o dia passar mais rápido.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

29. Oportunidade de promoção e desenvolvimento.

Page 111: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

109

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

30. Atividades do programa levam a uma diminuição da carga de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

31. Desperdício de tempo.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

32. Consumo do tempo de outras atividades importantes.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

33. Relacionamento forçado com colegas de trabalho.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

34. O programa pode enfraquecer o sindicato ou associação dos servidores.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

35. Sensação de incomodar os não-participantes do programa.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

36. Quebra da rotina diária do trabalho pelas atividades do programa.

( ) Está relacionado ( ) Não está relacionado

Page 112: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

110

APÊNDICE B Questionário Aplicado

Page 113: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

111

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ORIENTAÇÃO: Profra. Sônia Calado ALUNO: Helder Pontes Régis

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA Programas da qualidade são exemplos de atividades designadas para estimular o envolvimento das pessoas com os processos de tomada de decisão no ambiente de trabalho. Os programas da qualidade total têm sido implantados em diversas organizações em todo o mundo, mas apesar da popularidade destes processos de mudança, ainda há muito que aprender sobre a reação das pessoas à implantação destes tipos de programa nas organizações. Portanto, esta pesquisa trata da motivação dos servidores para participarem do Programa da Qualidade Total do CEFET-PB.

Nosso estudo está sendo desenvolvido em cumprimento às exigências estabelecidas pelo Curso de Mestrado em Administração da UFPE e visa melhorar a compreensão com respeito à motivação dos servidores para se envolverem em um Programa da Qualidade.

A PARTE I do questionário é composta por uma questão aberta e as partes seguintes, por questões fechadas. Durante o preenchimento do questionário, você irá notar que algumas questões estão redigidas de forma muito similar. Apesar de fazer o questionário parecer um pouco repetitivo, isto é de extrema importância para que possamos ter resultados significativos. Por favor, leia as instruções que antecedem cada parte do questionário.

PARTE I: RECOMPENSA RELACIONADA COM A PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA DA QUALIDADE DO CEFET-PB

O futuro obviamente reserva algo imprevisível para todos nós. É natural que criemos expectativas a respeito das recompensas que poderemos obter como conseqüência das nossas decisões. Por exemplo, faça a seguinte indagação a você mesmo: “Supondo que hoje tomei a decisão de me envolver com o Programa da Qualidade do CEFET-PB, qual a recompensa que eu poderia obter como conseqüência deste envolvimento?”

Por favor, com base na indagação anterior, indique abaixo uma recompensa que, na sua opinião, poderia ser alcançada através da sua participação no Programa da Qualidade. Lembramos que esta recompensa pode ter um caráter negativo, exemplo: “discriminação por parte dos colegas de trabalho”. ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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PARTE II: PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA DA QUALIDADE DO CEFET-PB

As questões seguintes dizem respeito à sua participação no Programa da Qualidade do CEFET-PB. Marque com um “X” no espaço em branco antes do item que mais se aproxima da sua resposta. Obs.: Se você aplica alguma técnica ou ferramenta da Qualidade Total em seu trabalho, pode se

considerar um participante do programa da qualidade. 1. Você tem participado do programa, utilizando as técnicas da qualidade total no seu ambiente de

trabalho? ____ Sim ____ Não Se respondeu Sim, pule para a questão 5. Se respondeu Não, então

continue. 2. Se você não está participando do Programa da Qualidade, você gostaria de se envolver em alguma

atividade deste programa caso haja uma oportunidade? ____ Sim ____ Não Responda as questões seguintes mesmo que tenha respondido Não.

3. Qual a probabilidade de você poder se envolver com o Programa da Qualidade caso queira ou venha

a querer participar?

___0% ___10% ___20% ___30% ___40% ___50% ___60% ___70% ___80% ___90% ___100%

Exemplos

4. Qual a probabilidade de você se sentir pressionado pelos seus superiores a ter que participar do Programa da Qualidade?

___0% ___10% ___20% ___30% ___40% ___50% ___60% ___70% ___80% ___90% ___100%

Exemplos

5. Você participou de algum tipo de treinamento com respeito às técnicas e métodos da Qualidade

Total?

____ Sim ____ Não

PARTE III: ATITUDES ACERCA DO PROGRAMA DA QUALIDADE DO CEFET-PB (Por favor, antes de responder leia as orientações abaixo)

Nas páginas seguintes você irá encontrar afirmações descrevendo recompensas que poderiam ser conseguidas por uma pessoa, como conseqüência da participação, ou da não participação, no Programa da Qualidade Total do CEFET-PB. Você será solicitado a considerar cada uma destas recompensas cuidadosamente.

Primeiramente, você irá avaliar o grau do seu desejo por cada recompensa (SEÇÃO-A). Posteriormente, você irá indicar a probabilidade de conseguir cada recompensa, assumindo que a sua decisão é participar do programa (SEÇÃO-B). Finalmente, você será solicitado a indicar a probabilidade de conseguir cada recompensa, assumindo que a sua decisão é não participar do programa (SEÇÃO-C).

Obs.: Por favor, é importante para nós que você responda as SEÇÕES seguintes, esteja você participando ou não, seja a sua decisão, querer participar ou não querer participar do Programa da Qualidade.

Não há chance de participar ainda que quisesse: _X 0%

Não há dúvida de que eu poderia participar se quisesse: X 100%

Não há chance de ser pressionado a participar: X 0%

Certamente serei pressionado a participar : X 100%

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SEÇÃO A: O GRAU DO DESEJO POR CADA RECOMPENSA - PERSPECTIVA DO SERVIDOR -

A maioria dos servidores têm uma idéia geral do que experimentariam caso viessem a participar do programa da qualidade. Nesta seção nós gostaríamos que você avaliasse cada recompensa listada abaixo no que diz respeito ao grau em que cada uma é desejável, ou indesejável, como conseqüência do seu envolvimento com o programa da qualidade do CEFET-PB.

Por favor, preencha a linha em branco antes de cada questão com o número que melhor descreve a sua opinião sobre cada afirmação. Não esqueça do sinal “ - “ quando a sua resposta estiver entre as indesejáveis.

- 3 = Extremamente Indesejável 0 = Não Importa ou 1 = Desejável - 2 = Muito Indesejável Não Faz Diferença 2 = Muito Desejável - 1 = Indesejável 3 = Extremamente Desejável Exemplo: Se você acha que a primeira recompensa listada abaixo é extremamente indesejável, deverá preencher o espaço antes do item com o número “ - 3 ”: ( ___ 1. Oportunidade de beneficiar à sociedade.). ____ 1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. ____ 2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. ____ 3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. ____ 4. Oportunidade de aprender coisas novas. ____ 5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). ____ 6. Oportunidade de exercer liderança. ____ 7. Variedade nas obrigações do trabalho. ____ 8. Participação em um time de trabalho. ____ 9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. ____ 10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. ____ 11. Maior segurança no emprego (estabilidade). ____ 12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. ____ 13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. ____ 14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. ____ 15. Consumo do tempo de outras atividades importantes devido ao engajamento no programa. ____ 16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. ____ 17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. ____ 18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. ____ 19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. ____ 20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. ____ 21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. ____ 22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. ____ 23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. ____ 24. Descontrole da programação diária do trabalho devido às atividades do programa. ____ 25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. ____ 26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). ____ 27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor).

SINAL NEGATIVO

Lembrando a Pergunta Básica:Qual o grau do meu desejo pela “recompensa Nº...” relacionada ao programa da qualidade?

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SEÇÃO B: A PROBABILIDADE DE CONSEGUIR CADA RECOMPENSA COMO CONSEQÜÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO.

Consideraremos novamente as recompensas relacionadas ao programa da qualidade. Entretanto, nesta seção solicitamos que você pergunte a si mesmo a seguinte questão: “Supondo que eu esteja participando do programa da qualidade do CEFET-PB, qual a probabilidade de que eu venha conseguir cada uma destas recompensas devido ao fato de estar envolvido com o programa ?”

Por gentileza, utilize a escala que vai de “impossível até certamente” para preencher a linha em branco antes de cada recompensa com o número da resposta que melhor descreve a sua opinião. Não esqueça do sinal “ - “ quando a sua resposta estiver entre as improváveis e impossíveis.

-3 = Impossível de acontecer 0 = Nem Improvável Nem Provável 1 = Provável -2 = Muito Improvável 2 = Muito Provável -1 = Improvável 3 = Certamente acontece

Exemplo: “Quão provável é que eu venha conseguir 1. oportunidade de beneficiar à sociedade como conseqüência da minha participação no programa da qualidade?” Se você acha que é impossível de acontecer, então, preencha o espaço antes do item com o número “-3”: ( __ 1. Oportunidade de beneficiar à sociedade.).

____ 1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. ____ 2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. ____ 3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. ____ 4. Oportunidade de aprender coisas novas. ____ 5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). ____ 6. Oportunidade de exercer liderança. ____ 7. Variedade nas obrigações do trabalho. ____ 8. Participação em um time de trabalho. ____ 9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. ____ 10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. ____ 11. Maior segurança no emprego (estabilidade). ____ 12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. ____ 13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. ____ 14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. ____ 15. Consumo do tempo de outras atividades importantes devido ao engajamento no programa. ____ 16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. ____ 17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. ____ 18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. ____ 19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. ____ 20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. ____ 21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. ____ 22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. ____ 23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. ____ 24. Descontrole da programação diária do trabalho devido às atividades do programa. ____ 25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. ____ 26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). ____ 27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor).

Lembrando a Pergunta Básica:Quão provável é que eu venha conseguir “a recompensa Nº...” como conseqüência da minha participação no programa da qualidade?

SINAL NEGATIVO

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SEÇÃO C: A PROBABILIDADE DE CONSEGUIR CADA RECOMPENSA COMO CONSEQÜÊNCIA DA NÃO PARTICIPAÇÃO.

Nesta última seção, considerando ainda as recompensas relacionadas ao programa da qualidade do CEFET-PB, gostaríamos que você as avaliasse a partir de um outro ponto de vista. Para isto, solicitamos que você pergunte a si mesmo a seguinte questão: “Supondo que eu não queira participar do programa da qualidade, qual a probabilidade de que eu venha conseguir cada uma destas recompensas devido ao fato de não me envolver com o programa?”

Por gentileza, utilize a escala que vai de “impossível até certamente” para preencher a linha em branco antes de cada recompensa com o número da resposta que melhor descreve a sua opinião. Não esqueça do sinal “ - “ quando a sua resposta estiver entre as improváveis e impossíveis.

-3 = Impossível de acontecer 0 = Nem Improvável Nem Provável 1 = Provável -2 = Muito Improvável 2 = Muito Provável -1 = Improvável 3 = Certamente acontece Exemplo: “Quão provável é que eu venha conseguir 1. oportunidade de beneficiar à sociedade devido ao fato de não me envolver com o programa da qualidade?” Se você acha que é impossível de acontecer, então, preencha o espaço antes do item com o número “-3”: ( __ 1. Oportunidade de beneficiar à sociedade).

____ 1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. ____ 2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. ____ 3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. ____ 4. Oportunidade de aprender coisas novas. ____ 5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). ____ 6. Oportunidade de exercer liderança. ____ 7. Variedade nas obrigações do trabalho. ____ 8. Participação em um time de trabalho. ____ 9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. ____ 10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. ____ 11. Maior segurança no emprego (estabilidade). ____ 12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. ____ 13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. ____ 14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. ____ 15. Consumo do tempo de atividades importantes devido ao não-engajamento no programa. ____ 16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. ____ 17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. ____ 18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. ____ 19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. ____ 20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. ____ 21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. ____ 22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. ____ 23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. ____ 24. Descontrole da programação diária do trabalho devido ao não-engajamento no programa. ____ 25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. ____ 26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). ____ 27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor).

Lembrando a Pergunta Básica: Quão provável é que eu venha conseguir “a recompensa Nº...” devido ao fato de não me envolver com o programa da qualidade?

SINAL NEGATIVO

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PARTE IV: INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS

1. Qual a sua idade? _____ anos. 2. Qual o seu gênero? ( ) masculino ( ) feminino 3. Qual a sua escolaridade ?

2º Grau:

( ) Médio ( ) Técnico

Superior: ( ) BachareIado ( ) Licenciatura ( ) Esquema I ou II ( )

Outro

Pós Graduação: ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado

4. Há quanto tempo você trabalha no CEFET-PB ? _____ anos 5. Você possui cargo de chefia? ( ) sim ( ) não Se você respondeu sim, quantos servidores estão sob a sua supervisão? _____ pessoas. 6. Você é professor(a)? ( ) sim ( ) não

Se você respondeu sim, qual a sua carga horária semanal de aulas: ____ horas-aula.

MUITO OBRIGADO PELA SUA COOPERAÇÃO

Um abraço cordial do colega Prof. Helder Régis

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APÊNDICE E Histogramas das Expectâncias

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Histogramas das Expectâncias

Expectância de Participação

1,0,9,8,7,6,5,4,3,2,1,0

Expectância de Participação

Fre

quen

cy

30

20

10

0

Std. Dev = ,29

Mean = ,5

N = 82,00

Expectância de Não-participação

1,0,9,8,7,6,5,4,3,2,1,0

Expectância de Não-participação

Fre

quen

cy

40

30

20

10

0

Std. Dev = ,31

Mean = ,7

N = 82,00

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APÊNDICE F Histogramas das forças;

Resultado das forças , predições, estado atual e erros nas predições para cada questionário

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APÊNDICE G Regressão Logística

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REGRESSÃO LOGÍSTICA Number of cases included in the analysis: 82 Dependent Variable Encoding: Original Internal Value Value 0 0 1 1 Dependent Variable.. VOLUNTAR É Voluntário ou Não para participação no programa ? Beginning Block Number 0. Initial Log Likelihood Function -2 Log Likelihood 88,7783 * Constant is included in the model. Beginning Block Number 1. Method: Enter Variable(s) Entered on Step Number 1.. F_RESULTANTE Estimation terminated at iteration number 4 because Log Likelihood decreased by less than ,01 percent. -2 Log Likelihood 81,810 Goodness of Fit 79,440 Cox & Snell - R^2 ,081 Nagelkerke - R^2 ,123 Chi-Square df Significance Model 6,969 1 ,0083 Block 6,969 1 ,0083 Step 6,969 1 ,0083 Classification Table for VOLUNTAR The Cut Value is ,50 Predicted Não-voluntário Voluntário Percent Correct N I V Observed +---------------+---------------+ Não-voluntário N I 2 I 17 I 10,53% +---------------+---------------+ Voluntário V I 1 I 62 I 98,41% +---------------+---------------+ Overall 78,05% ---------------------- Variables in the Equation ----------------------- Variable B S.E. Wald df Sig R Exp(B) F_RESINP ,0097 ,0041 5,5622 1 ,0184 ,2003 1,0097 Constant 1,3031 ,2903 20,1514 1 ,0000

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APÊNDICE H Resultados obtidos com o uso da escala original de

instrumentalidades (-3 a +3)

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1 Resultados obtidos (escala das instrumentalidades variando de –3 a +3)

Este apêndice apresenta os resultados obtidos com a utilização da escala original utilizada

no questionário de pesquisa. Devido à recodificação da escala de instrumentalidades, passando

de –3 a +3 para 0 a 6, utilizando escores somente positivos, havia a possibilidade de mudança

nos resultados dos testes das hipóteses 1a, 1b e 2. Com respeito aos testes das subhipóteses A, B

e esperava alterações. Isto porque os dados das instrumentalidades foram apenas

recodificados, não havendo portanto interações entre as variáveis no nível das subhipóteses.

Desta forma, é importante prover estes resultados, com base na escala original, com o intuito de

permitir comparações entre os dois formatos de escala. Assim, pode-se comparar os sinais e a

magnitude das forças (Hipótese 1a), a exatidão das predições (Hipótese 1b) e a probabilidade de

ser voluntário (Hipótese 2). Estes resultados são ap

procedimentos estatísticos foram realizados para testar as respectivas hipóteses.

1.1 O estado atual dos respondentes e as predições com base na escala original

A TABELA H-1 repete os resultados com relação ao número de participantes e voluntários

e traz as predições de voluntários e não voluntários com base nos valores da força motivacional

resultante, onde se utilizou a escala original (-3 a +3) para as instrumentalidades de participação

e não participação.

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TABELA H-1 : Nº de participantes, voluntários e as predições com base na força motivacional resultante

Participantes 62 (43%) Voluntários 63 (76,8%)

Predição de Voluntários

54 (67,5%)

Não Participantes 82 (57%) Não Voluntário 19 (23,2%) Predic. Não Voluntários

26 (32,5%)

Total 144 (100%) Total 82 (100%) Total 80a (100%)

a A diferença no número de voluntários é devido ao fato de que quando a força para participar é igual a força para não participar, nenhuma predição pode ser feita.

1.2 Força para participar a partir dos escores das valências, instrumentalidades e expectâncias

Como já comentado anteriormente, a Subhipótese A não sofreu alterações quanto ao seu

teste.

Da mesma forma, a Subhipótese B (instrumentalidades) também não sofreu alterações,

contudo, faz-se necessário esclarecer um pouco mais a questão da recodificação. Esta

subhipótese diz que os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria, escores baixos de

instrumentalidade com respeito às recompensas possíveis de serem alcançadas com a

participação no PQT. A TABELA H-2 traz os resultados obtidos com relação às modas e às

percentagens das avaliações feitas pelos docentes. Vale salientar que estes resultados são

idênticos aos da Tabela 3 (capítulo 4). A diferença está apenas na recodificação da escala, que foi

feita da seguinte forma:

ESCALA ORIGINAL (resultados apresentados neste apêncice) : -3 = Impossível de acontecer 1 = Provável -2 = Muito Improvável 0 = Nem Improvável Nem Provável 2 = Muito Provável -1 = Improvável 3 = Certamente acontece

ESCALA RECODIFICADA (resultados apresentados no capítulo 4) :

0 = Impossível de acontecer 4 = Provável 1 = Muito Improvável 3 = Nem Improvável Nem Provável 5 = Muito Provável 2 = Improvável 6 = Certamente acontece

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137

A escala de instrumentalidades variou de -3 (impossível de acontecer) passando por 0

(nem improvável nem provável) até 3 (certamente acontece). Como se observa na TABELA H-2,

das 27 recompensas, vinte e três apresentaram valores modais maiores que 0 (ponto médio), três

obtiveram valores modais iguais a 0 e apenas uma apresentou valor modal menor que 0. Esta

última, a recompensa 24, possui um caráter negativo. Quanto às percentagens, a maioria dos

de instrumentalidades com valores maiores que 0 (ponto médio),

com exceção das recompensas 24, de caráter negativo, e da recompensa 6 que obteve proporções

iguais entre os valores maiores que 0 e iguais a 0.

Observa-se portanto, que a Subhipótese B não sofreu alterações e continua não sendo

verdadeira (comparar com a tabela 3, capítulo 4).

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138

BELA H-2: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades para as 27 recompensas1

Instrumentalidades

Recompensas Moda

(> 0) % (= 0) % (< 0) %

1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. 1 74,4 15,9 9,7

2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. 1 60,9 22,0 17,1

3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. 1 73,2 15,9 10,9

4. Oportunidade de aprender coisas novas. 2 83,0 13,4 3,6

5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). 1 51,2 26,8 22,0

6. Oportunidade de exercer liderança. 0 37,8 37,8 24,4

7. Variedade nas obrigações do trabalho. 1 65,9 28,0 6,1

8. Participação em um time de trabalho. 1 68,3 18,3 13,4

9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. 1 58,6 25,6 15,8

10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. 1 75,6 17,1 7,3

11. Maior segurança no emprego (estabilidade). 0 39,0 37,8 23,2

12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. 1 76,8 12,2 11,0

13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. 2 75,7 14,6 9,7

14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. 1 58,4 24,4 17,2

15. Consumo do tempo de outras atividades importantes devido ao engajamento no programa. 1 64,7 18,3 17,0

16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. 1 65,8 24,4 9,8

17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. 1 50,0 25,6 24,4

18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. 1 76,9 15,9 7,2

19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. 1 51,3 28,0 20,7

20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. 1 80,4 11,0 8,6

21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. 1 61,0 24,4 14,6

22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. 1 67,2 28,0 4,8

23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. 0 37,7 36,6 25,7

24. Descontrole da programação diária do trabalho devido às atividades do programa. -1 35,4 25,6 39,0

25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. 1 67,1 20,7 12,2

26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). 1 74,3 17,1 8,6

27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor). 1 67,1 20,7 12,2

1 Foi utilizada a escala original do questionário que variou de –3 a +3.

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139

A Subhipótese C diz que os professores do CEFET-PB apresentam, em sua maioria,

escores altos com respeito à expectância de participação no programa. O teste desta subhipótese

também não sofreu alterações com a recodificação.

A Hipótese 1a afirma que em função do modelo multiplicativo, a força motivacional para

participar apresenta baixos resultados devido à presença de uma variável com escores também

baixos (instrumentalidade) dentre as três variáveis que compõem o modelo multiplicativo. A TABELA H-3 mostra

os resultados obtidos com respeito às percentagens da força motivacional para participar com a utilização da escala

original (-3 a +3). Os valores mínimo e máximo possíveis de serem obtidos pelos produtos das valências,

instrumentalidades e expectâncias passam a ser respectivamente –243 e +243. Como se observa, dos oitenta e dois

docentes, cinqüenta e dois (63,4%) apresentaram o valor da força motivacional entre 0,1 e 50. Outros dezessete

docentes (20,8%) obtiveram uma força motivacional que estava entre 50,1 e 200. Treze docentes (15,8%) obtiveram

valores negativos ou nulos da força motivacional para participar, contudo, considerando-se o valor da força máxima

(243), a maioria dos docentes (78%) apresentou valores baixos (0,1 a 100) da força motivacional para participar do

programa da qualidade. Os histogramas das forças para os dois formatos de escalas são mostrados no final deste

apêndice.

Portanto, estes resultados mantêm a validação parcial à Hipótese 1a pelos mesmos

motivos apresentados no capítulo 4 (seção 4.2, tabela 5). Os resultados das forças dos

docentes foram baixos em sua maioria, não como conseqüência de escores baixos na

instrumentalidade mas sim devido a escores baixos da expectância.

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TABELA H-3: Resultados da força motivacional para participar do programa da qualidade1

Força -243 a –100,1 -100 a -0,1 0,0 0,1 a 50 50,1 a 100 100,1 a 150 150,1 a 200 200,1 a 243

Freq. 0 7 6 52 12 4 1 0

Perc. 0% 8,5% 7,3% 63,4% 14,6% 5,0% 1,2% 0%

Total 82 respondentes (100%) 1 Foi utilizada a escala original do questionário que variou de –3 a +3. 1.3 Força motivacional para não participar

Com o intuito de manter a apresentação dos resultados com o formato semelhante ao

utilizado no capítulo 4, mesmo sem haver hipóteses diretamente relacionadas às variáveis do

modelo que compõem a força para não participar, os resultados são apresentados a seguir.

Os resultados das instrumentalidades de não participação, de maneira semelhante às

instrumentalidades de participação, não sofreram alterações, a TABELA H-4 mostra os resultados

das instrumentalidades de não participação com a utilização da escala original (-3 a +3).

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TABELA H-4: Modas e percentagens das avaliações de instrumentalidades de não participação

Instrumentalidades Recompensas Modaa (>0) % (=0) % (<0) %

1. Oportunidade de beneficiar a sociedade. 1 41,5 24,4 34,1

2. Oportunidade de promoção e desenvolvimento profissional. 0 41,5 30,5 28,0

3. Sentimentos fortes de satisfação com o emprego. 0 46,3 35,4 18,3

4. Oportunidade de aprender coisas novas. 1 50,0 20,7 29,3

5. Oportunidade de vender serviços (prestar serviços externos). 0 32,9 42,7 24,4

6. Oportunidade de exercer liderança. 0 32,9 42,7 24,4

7. Variedade nas obrigações do trabalho. 0 41,5 35,4 23,2

8. Participação em um time de trabalho. 0 39,0 31,7 29,3

9. Reconhecimento especial por parte dos alunos. 0 40,2 34,1 25,6

10. Maior oportunidade de crescimento como pessoa. 0 40,2 35,4 24,4

11. Maior segurança no emprego (estabilidade). 0 23,2 51,2 25,6

12. Oportunidade de sentir que faz algo importante. 1 53,7 24,4 22,0

13. Utilização e desenvolvimento de novas habilidades. 1 42,7 22,0 35,4

14. Oportunidade de contribuir para decisões importantes. 0 37,8 26,8 35,4

15. Consumo do tempo de atividades importantes devido ao não engajamento no programa. 0 17,1 37,8 45,1

16. Maiores sentimentos de amizade com os colegas de trabalho. 0 39,0 36,6 24,4

17. Reconhecimento da administração pelas contribuições do servidor à organização. 0 26,8 36,6 36,6

18. Oportunidade de melhorar a capacitação profissional. 0 43,9 24,4 31,7

19. Reconhecimento especial por parte dos colegas de trabalho. 0 31,7 42,7 25,6

20. Oportunidade de melhorar o desempenho individual no trabalho. 0 42,7 31,7 25,6

21. Melhor comunicação entre os servidores e a administração. 0 25,6 47,6 26,8

22. Maior competitividade do CEFET diante da concorrência. 0 30,5 35,4 34,1

23. Oportunidade de trabalhar de maneira mais próxima à administração. 0 23,2 37,8 39,0

24. Descontrole da programação diária do trabalho devido ao não engajamento no programa. 0 17,1 32,9 50,0

25. Possibilidade de aumentar a qualidade de vida pessoal e a qualidade de vida no trabalho. 0 37,8 31,7 30,5

26. Sentimentos fortes de auto-respeito (eu me respeito como profissional). 0 48,8 31,7 19,5

27. Sentimentos fortes de orgulho e auto-estima (sua percepção à respeito do seu próprio valor). 0 46,3 26,8 26,8

a Algumas destas recompensas possuem mais de uma moda. O menor valor é mostrado

Page 144: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

142

Os resultados da expectância de não participação também não sofreram alterações e são

os mesmos apresentados no capítulo 4 (seção 4.3, tabela 7). Vale lembrar que as valências que

compõem o modelo da força para não participar são as mesmas que compõem o modelo da força

para participar (seção 4.2, tabela 2).

A TABELA H-5 mostra os resultados obtidos com respeito às percentagens da força

motivacional para não participar. Os valores mínimo e máximo são –243 e +243 respectivamente.

Como se observa, 46,3% dos docentes apresentaram valores entre 0,1 e 100 da força motivacional

para não participar do programa. Contudo, trinta e cinco docentes (42,7%) obtiveram valores

negativos da força motivacional para não participar. Estes resultados negativos podem ter

contribuído para o aumento no total das predições de voluntários, uma vez que a subtração de um

valor negativo é revertido em uma soma, gerando mais valores positivos da força resultante.

Apesar disso a percentagem de acertos para as predições de voluntários foi um pouco menor

quanto se utilizou a escala original.

TABELA H-5: Resultados da força motivacional para não participar do programa da qualidade1

Força -243 a -100,1 -100 a -0,1 0,0 0,1 a 50 50,1 a 100 100,1 a 150 150,1 a 200 200,1 a 243

Freq. 0 35 9 29 9 0 0 0

Perc. 0% 42,7% 11% 35,3% 11% 0% 0% 0%

Total 8 82 respondentes (100%)

1 Foi utilizada a escala original do questionário que variou de –3 a +3.

1.4 Exatidão das predições da teoria da expectância

A Hipótese 1b diz que [HPR28]o modelo da expectância empregado é capaz de predizer

quais os docentes que escolhem ser voluntários e os que escolhem não ser voluntários. Novas

predições foram feitas devido à utilização da escala original das instrumentalidades (-3 a +3). A

TABELA H-6 mostra os resultados.

Page 145: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

143

Pode se observar (TABELA H-6) que com respeito ao teste da Hipótese 1b a análise é

semelhante à apresentada no capítulo 4, portanto, a validação parcial também foi mantida para

esta hipótese. As predições foram corretas em 59,9% dos casos, produzindo um coeficiente phi

de 0,227. Novamente o modelo mostrou exatidão apenas em suas predições com respeito aos

docentes que seriam voluntários (85,2%). Apesar do melhor percentual de acertos (34,6%) o

modelo continua não fazendo boas predições com respeito aos não voluntários.

TABELA H-6: Exatidão do modelo para predizer o comportamento dos docentes 1

Estado Atual Voluntários Não Voluntários

Total

Percent. de Acertos

Voluntários 46 8 54 85,2%

Predições

Não Voluntário 17 9 26 34,6%

Total 63 17 80 59,9% med.

X2 = 4,61 p< 0,01

Phi = 227 Sig. Aprox. 0,043

1 Foi utilizada a escala original do questionário que variou de –3 a +3.

1.5 Probabilidade de participação com base na força motivacional resultante

A Hipótese 2 diz que os voluntários e não voluntários diferem significativamente com

respeito as suas forças motivacionais para participar do programa da qualidade, de modo que os

voluntários irão registrar valores mais altos da força motivacional resultante do que os não

voluntário[HPR1]s. Os resultados da regressão logística feita com base na escala original das

instrumentalidades (-3 a +3) são apresentados na TABELA H-7 e continuam dando apoio a esta

hipótese. O coeficiente de correlação apresentado é estatisticamente significante e positivo.

Alguém poderia interpretar estes valores como sendo melhores do que os apresentados no capítulo

Page 146: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

144

4 (seção 4.5, tabela 11) devido a valores do “Coeficiente” (0,0187) e do “Exp (B)” (1,0189) que

são próximos ao dobro dos valores encontrados com a escala só positiva (0 a 6). Contudo, vale

salientar que os valores mínimo e máximo para a força motivacional resultante (força para

participar – força para não participar) são de –972 e +972 quando se usa a escala de 0 a 6. Estes

valores são exatamente o dobro dos valores mínimo e máximo da força motivacional resultante (–

486 a +486) quando se usa a escala de –3 a +3. Portanto, a escala original aqui utilizada, por ser

mais curta, gera valores mais altos no “Coeficiente” e no “Exp (B)”. No final deste apêndice, é

apresentada a regressão logística no formato fornecido pelo SPSS (utilização da escala –3 a +3 das

instrumentalidades).

TABELA H-7: Regressão logística para a probabilidade de ser voluntário para o programa1

Variável Coeficiente S.E.

Wald Sig. R Exp (B)

Força Motivacional Resultante

,0187 ,0080 5,5349 ,0186 ,1995 1,0189

Bondade de Ajustamento X2

-2 Log Likelihood 79,057

81,497

Percentagem de Acertos 76,83%

1 Foi utilizada a escala original do questionário que variou de –3 a +3.

A partir destes resultados, pode-se observar que a recodificação das escalas de

instrumentalidades não resultou em alterações significativas com respeito aos testes das

hipóteses levantadas no trabalho. Contudo, o modelo original, com escores negativos na escala,

apresentou resultados um pouco melhores da força motivacional resultante do que o modelo de

escala com escores somente positivos. Isto pode ser observado através dos totais das predições

de voluntários e não voluntários (tabelas, 10 e H-6).

A seguir, são apresentados os histogramas das forças e a regressão logística no formato

fornecido pelo SPSS.

Page 147: A Motivação dos Professores do Centro Federal de Educação

145

Regressão Logística Dependent Variable Encoding: Original Internal Value Value 0 0 1 1 Dependent Variable.. VOLUNTAR É Voluntário ou Não para futura participação n o programa ? Beginning Block Number 0. Initial Log Likelihood Function -2 Log Likelihood 88,7783 * Constant is included in the model. Beginning Block Number 1. Method: Enter Variable(s) Entered on Step Number 1.. F_RES Força Mot. Resultante = f_pa - f_np Estimation terminated at iteration number 4 because

Força Mot. p. Participar

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

-20

-40

-60

Força Mot. p. Participar escala -3 a +3

Freq

uenc

y

30

20

10

0

Std. Dev = 40,05

Mean = 29

N = 82,00

Força Mot. Resultante = f_pa - f_np

180160

140120

10080

6040

200

-20-40

-60-80

-100

Força Mot. Resultante (-3 a +3)

Fre

quen

cy

20

10

0

Std. Dev = 47,27

Mean = 21

N = 82,00

Força

400

375

350

325

300

275

250

225

200

175

150

125

100

75

50

25

0

Força para participar escala 0 a 6

Fre

quen

cy

30

20

10

0

Std. Dev = 81,05

Mean = 90

N = 82,00

Força

260

240

220

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

-20

-40

-60

-80

-100

Força para não participar

Fre

quen

cy

30

20

10

0

Std. Dev = 67,30

Mean = 83

N = 82,00

Força

300250

200150

100500-50-100

-150-200

Força Resultante

Fre

quen

cy

20

10

0

Std. Dev = 87,64 Mean = 6

N = 82,00

Força Mot. p. Não-participar

10090

8070

6050

4030

2010

0-10

-20-30

-40-50

-60-70

-80-90

Força Mot. p. Não-participar (-3 a +3)

Frequency

30

20

10

0

Std. Dev = 33,64

Mean = 8N = 82,00

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