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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais     Resumo O estudo trata de uma pesquisa bibliográfica baseado na Teoria da Autodeterminação, aliada a uma pesquisa de campo em andamento, onde buscase conhecer o nível de importância, atribuído pelo aluno, com relação à influência da Gestão Motivacional na sua predisposição por aprender, assim como, investigar se o estado do mobiliário, como laboratórios, internet, biblioteca, espaço de convívio social possuem alguma influência no aprendizado do aluno que frequenta as aulas semanais de um polo de ensino a distância, no sistema presencial conectado. O estudo bibliográfico detalha aspectos da Teoria da Motivação, identificando os vários pontos fortes que justificam a presente investigação. Os resultados parciais, deste trabalho, indicam que a teoria mencionada é a mais apropriada para o estudo da motivação no contexto educacional.  Palavraschave: Gestão motivacional, teoria da autodeterminação, educação a distância, aprendizagem, aluno.   Ary da Rosa Torres [email protected]   Glaucius Décio Duarte Instituto Federal Sulriograndense  [email protected]       

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais    

 

Resumo O  estudo  trata  de  uma  pesquisa  bibliográfica  baseado  na Teoria  da  Autodeterminação,  aliada  a  uma  pesquisa  de campo em andamento, onde busca‐se conhecer o nível de importância, atribuído pelo aluno, com relação à  influência da Gestão Motivacional na sua predisposição por aprender, assim  como,  investigar  se  o  estado  do  mobiliário,  como laboratórios,  internet, biblioteca, espaço de convívio social possuem  alguma  influência  no  aprendizado  do  aluno  que frequenta  as  aulas  semanais  de  um  polo  de  ensino  a distância,  no  sistema  presencial  conectado.  O  estudo bibliográfico  detalha  aspectos  da  Teoria  da  Motivação, identificando  os  vários  pontos  fortes  que  justificam  a presente  investigação.  Os  resultados  parciais,  deste trabalho,  indicam  que  a  teoria  mencionada  é  a  mais apropriada  para  o  estudo  da  motivação  no  contexto educacional.  Palavras‐chave: Gestão motivacional, teoria da autodeterminação, educação a distância, aprendizagem, aluno.  

 Ary da Rosa Torres 

[email protected]   

Glaucius Décio Duarte Instituto Federal Sul‐rio‐grandense  

[email protected]   

 

 

 

 

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Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais  Ary da Rosa Torres ‐ Glaucius Décio Duarte 

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Introdução 

Segundo  pesquisas  recentes,  em  várias  áreas  do  conhecimento,  não  existem 

dúvidas, de que o nível de motivação de um sujeito aprendente é a chave determinante 

para  que  tenha  maiores  possibilidades  de  sucesso  ao  longo  de  sua  existência.  A 

motivação é o combustível que move o sujeito, assim como, é a energia que lhe dá forças 

para  enfrentar  as  dificuldades  encontradas  nos  caminhos  que  escolhe  percorrer.  Em 

razão  disso,  sem motivação,  sua  existência  se  tornaria  despida  de  sentidos,  o  que  o 

levaria a não  ter curiosidade por nada que acontece ao seu  redor. No entanto, mesmo 

sabendo  dessas  constatações  cientificas,  que  nos  servem  de  convicção  para  que 

acreditemos sobre os benefícios da motivação, considerável percentual da humanidade 

vive grande parte de sua existência sem buscar um motivo que  lhes proporcione sentir 

prazer naquilo que realizam. Ao renegar essa energia própria, preexistente na estrutura 

existencial humana, despreza‐se a oportunidade de se ter um bem melhor para nós, assim 

como,  para  com  aqueles  que  nos  cercam.  Se  assim  continuarmos  a  agir,  é  como  se 

estivéssemos  aceitando  viver  sem  deixar  marcas  de  nossa  existência.  Esse 

desconhecimento de um elemento motivacional para conduzirmos nossa existência, nos 

faz agir como se não tivéssemos um livre arbítrio para fazer nossas escolhas. Essa inércia 

contribui para que permaneçamos em nossa zona de conforto sem produzir algo melhor 

para nós próprios, assim como, para a sociedade onde estamos inseridos.  

Mesmo que a motivação se constitua de todas essas virtudes, sendo elas de censo 

comum e, portanto, aceitas como verdadeiras, surge uma das questões exploradas neste 

trabalho:  porque  o  ser  humano  tem  tanta  resistência  em  aprender  a  explorar  essa 

energia,  capaz  de melhorar  sua  existência?  É  de  consenso  geral,  entre  os  pensadores 

sobre motivação,  que  essa  é  uma  das  únicas  formas  com  poder  de  levar  ao  sucesso 

qualquer ser humano que se autodetermine a atingir determinado objetivo em sua vida 

pessoal, ou ainda, para o bem de um grupo social. Pessoas motivadas, além de serem as 

mais requisitadas para desenvolver as mais diversas atividades de liderança, servem como 

espelhos refletores de ânimo para o grupo em que estão inseridas. 

Os casos de sucesso alcançados por pessoas que tem um estreito relacionamento 

com a autodeterminação, somados a motivação, podem ser vistos em todas as atividades 

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desenvolvidas, embora saibamos que, para cada profissão, a forma com que as pessoas 

se motivam deriva de diferentes  fatores,  como por exemplo, o  tipo de energia que as 

fazem  se  movimentarem,  umas  mais  do  que  as  outras,  sendo  que  isso  pode  ser 

encontrado em cada um de nós, tal como afirmam Boruchovitch e Bzuneck (2010). 

Na área da educação superior, no contexto deste estudo, relativo ao Sistema de 

Ensino  Presencial  Conectado,  na modalidade  à  distância,  os  alunos  precisam  ser mais 

autônomos em relação a aprendizagem,  já que na grande maioria dos casos, suas aulas 

são transmitidas via satélite para polos onde ocorrem encontros presenciais uma vez por 

semana. Nesse caso, a motivação pode ser um fator preponderante para o sucesso desse 

discente, assim como para o próprio sistema educacional (MORAN, 2002). 

Esta  pesquisa  busca  explorar  os  conceitos  envolvidos  na  influência  da  gestão 

motivacional, com o objetivo de servir de base para  justificar o sucesso do homem nos 

vários  setores  da  sociedade,  assim  como  das  escolas  que  sabem  se  aproveitar  desse 

fenômeno para capitalizar esse ganho em seus alunos.  

Como  é  de  conhecimento  comum,  há  uma  grande  preocupação  de  todos  os 

agentes  envolvidos  com  educação  para  que  consigamos  envolver  o  máximo,  nossos 

alunos em suas atividades, para que estes, por sua vez, tenham ganhos de qualidade na 

sua aprendizagem. Com base nessa premissa construímos, conforme pode ser visto no 

diagrama mostrado na Figura 1, um constructo que entendemos ser importante observar 

como forma de analisarmos a escola pelo olhar do aluno.  

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Figura 1 – Diagrama representativo das forças motivacionais para aprender. 

 

Segundo Boruchovitch e Bzuneck (2010), a motivação tornou‐se um problema de 

ponta na educação. Alunos desmotivados estudam pouco,  formando uma mão de obra 

de  baixo  nível  tecnológico  para  o  país,  assim  como,  se  tornam  cidadãos 

descompromissados com a sociedade e com o ensino continuado, exigido pela evolução 

das novas tecnologias. Os professores, por sua vez, embora estejam cientes do problema 

que enfrentam, muito pouco podem fazer, pois a grande maioria, têm nos baixos salários, 

motivos que os ausentam cada vez mais de melhores qualificações para conhecer novas 

soluções  para  o  caso.  Isso  ocorre,  já  que  uma  grande  parte  deles,  por  necessidades 

financeiras, se obriga a trabalhar em mais de uma entidade de ensino, como forma de ter 

um ganho que  lhes proporcione o  sustento  familiar. Os gestores educacionais, por  sua 

vez, em grande parte, por terem suas formações em áreas totalmente alheias à atividade 

que  desenvolvem,  provavelmente,  por  desconhecimento  da  gestão,  podem  estarem 

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contribuindo   para   a desmotivação do aluno.  Isso pode ocorrer, devido ao fato de que, 

em  muitos  casos,  não  sentem  prazer  em  fazer  parte  de  uma  organização  em    que 

percebem muitos pontos falhos. 

Desenvolvimento da Pesquisa 

Portanto, acreditamos que é necessário conhecer os níveis de influência da gestão 

motivacional,  percebidos  pelos  alunos,  sendo  assim,  desenvolvemos  o  estudo  em  um 

polo base de  ensino  a distância no  sistema presencial  conectado, quanto  à motivação 

destes  para  aprender.  Este  estudo,  também  pretende  medir  o  grau  de  importância 

atribuído pelos alunos, quanto à  facilitação para  sua aprendizagem no ensino  superior, 

com  relação  a  elementos  de  infraestrutura  das  instituições  de  ensino,  tais  como: 

mobiliário, laboratórios, bibliotecas, bares internos e áreas de convívio social.  

A  pesquisa  teórica,  atualmente  em  desenvolvimento,  está  alicerçada  em  um 

estudo bibliográfico de autores que contribuíram para o desenvolvimento da gestão ao 

longo  dos  anos. Nesse  caso,  encontram‐se,  por  exemplo, Drucker  (1999),  assim  como 

alguns pensadores da psicologia moderna, em que surge como representante, o médico, 

filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (apud FARR, 2008). Ao  influenciarem a sua 

divisão para atender diferentes  setores  sociais,  tornaram a psicologia educacional uma 

ferramenta  de  excelente  ajuda  para  o  desenvolvimento  e  compreensão  da motivação 

estudantil.  

A  partir  dos  estudos  direcionados  à  psicologia  educacional,  abriu‐se, 

principalmente,  por meio  da  contribuição  de  psicólogos  americanos,  uma  nova  era  de 

pesquisa da motivação e sua influência no aprendizado educacional, ciência que ao longo 

dos  anos  tem  contribuído  para  melhor  entendermos  o  comportamento  dos  vários 

agentes que por ali transitam diariamente.  

Por  sua  vez,  esta  pesquisa  baseia‐se  fortemente  no  trabalho  realizado  por 

Boruchovitch  e  Bzuneck  (2010),  considerado,  atualmente,  como  um  dos  maiores 

expoentes  brasileiros  em  pesquisas  sobre motivação  educacional,  área  onde  participa 

com dezenas de  trabalhos e  livros publicados.  Também,  são  consideradas  as obras do 

canadense  Alberto  Bandura  (1982),  criador  da  teoria  da  autoeficácia,  descrita  como  o 

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senso  de  autoestima  ou  valor  próprio,  onde  afirma  que  o  sentimento  de  adequação, 

eficácia  e  competência  são  uma  das  mais  importantes  variáveis  para  enfrentar  os 

problemas  descritos,  demonstrando,  ainda,  em  seu  trabalho,  que  pessoas  com  grau 

elevado de autoeficácia acreditam ser capazes de  lidar com os diversos acontecimentos 

da  vida  cotidiana.  Por  sua  vez,  também  incluem‐se  no  contexto  deste  trabalho,  os 

estudos  apresentados  por  Deci  e  Ryan  (2002),  que  sustentam  a  base  teórica  para 

desenvolver nossa pesquisa de campo. Deci e Ryan  são pesquisadores americanos que 

iniciaram  seus  estudos  sobre motivação  acadêmica  no  início  da  década  de  oitenta  e, 

embora  seja  uma  das  teorias  mais  recentes,  também  é  um  dos  mais  consistentes 

princípios  sobre  motivação.  Ao  contrário  das  concepções  de  motivação  extrínseca  e 

intrínseca,  as  quais,  quase  todos  os  autores  trabalham  separadamente,  Deci  e  Ryan 

desenvolveram  um  constructo  onde  é  possível  entender  que  as  duas  variáveis 

influenciam  uma  sobre  a  outra  e  se  complementam  através  da  análise  de  suas 

subdivisões, ou  seja, na Teoria da Autodeterminação  (SDT  ‐ Self Determination Theory), 

como  foi  batizada  em  seus  estudos,  a motivação  extrínseca  e  a motivação  intrínseca 

constituem  um mesmo  continuum,  além  do  que,  dividem  a motivação  extrínseca  em 

quatro variáveis que nos facilitam o entendimento da questão motivacional. 

Deci e Ryan fazem da SDT um trabalho diferenciado,  juntando as duas variáveis e 

provando,  em  vários  momentos,  que  uma  pode  ser  complemento  da  outra.  Essa 

interatividade ocorre através de quatro variáveis, que conseguem,  independentemente 

do  contexto  social  do  indivíduo,  apurar  que  todos  os  seres  humanos  possuem 

predisposições  naturais  para  o  crescimento  e  necessidades  psicológicas  consideradas 

inatas. As  inclinações e necessidades trabalham como apoio no desenvolvimento, tanto 

da motivação  extrínseca,  quanto  da  intrínseca,  assim  como  da  psique  dos  indivíduos, 

agindo  como  um  fator  norteador  do  comportamento  humano  na  demanda  pelo 

crescimento e pelo desenvolvimento de suas tendências  inerentes. Com  isso, é possível 

reconhecer o grau ou nível em que o comportamento de um indivíduo é automotivado e 

autodeterminado.   

 Ao possibilitar  sua aplicação à área da educação, a  teoria da autodeterminação 

preocupa‐se  principalmente  com  a  promoção  dos  alunos  e  seu  interesse  na 

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aprendizagem,  no  valor  da  educação  e  na  confiança  das  suas  próprias  capacidades  e 

atributos.  

A autodeterminação, por outro lado, é tida como a capacidade que temos de fazer 

escolhas  e,  ao mesmo  tempo,  exerce  um  alto  grau  de  controle,  como  por  exemplo, 

conhecer como e porque o aluno faz tal coisa (DECI; RYAN, 2002). A autodeterminação 

pode  ser  sustentada  por  proporcionar  oportunidades  para  que  os  alunos  possam  ser 

desafiados,  incluindo  criar espaços para o exercício de  liderança, proporcionado  ainda, 

por  meio  de  feedbacks,  com  o  estabelecimento  de  uma  boa  relação  entre  alunos  e 

professores. 

O  estudo da  autodeterminação  é,  comprovadamente, uma das  estratégias mais 

importantes  sobre  o  estudo  da motivação,  pois,  nesse  contexto,  estamos  explorando 

uma decisão  tomada pelo próprio  indivíduo, o que nos parece ser mais adequado para 

mantê‐lo  motivado,  já  que  estamos  tratando  de  suas  próprias  decisões  e,  por  isso, 

acreditamos  ser mais  difícil  de  voltar  atrás  sobre  uma  decisão  já  tomada.  Sobre  esse 

contexto,  a  autodeterminação  nos  parece  uma  das  estratégias mais  importantes  para 

trabalhar na educação. Estratégias essas, se bem trabalhadas em sala de aula, bem como 

no seio da própria faculdade, podem aumentar o  interesse dos alunos, a competência, a 

criatividade e o desejo de ser desafiado como forma de provar para si mesmo ou para os 

demais o  seu  desenvolvimento,  sua  inteligência,  o  que,  com  a  devida  sensibilidade  do 

professor,  pode  servir  como  exemplo  para  despertar  os  demais,  nos mostrando,  com 

isso, que os alunos estariam  intrinsecamente motivados para estudar. A SDT, por outro 

lado, nos denuncia no aluno, que quando este percebe sua falta de autodeterminação, se 

torna mais propenso a estar perdido e sem saber o que fazer, o que, segundo Deci e Ryan 

(2002), faz com que estes alunos percam a motivação para estudar e o mau desempenho 

se torna uma constante em sua vida acadêmica. 

Como uma macro teoria, a autodeterminação é composta por quatro mini teorias 

que  se  complementam  e  se  inter‐relacionam.  Assim  se  refere  Boruchovitch  (2008) 

quando,  em  sua  obra,  investiga  os  diferentes  conjuntos  de  um mesmo  fenômeno  da 

motivação.  

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A mini  teoria das necessidades é voltada para satisfazer as necessidades básicas 

do  indivíduo,  creditadas  por  Deci  e  Ryan  (2002),  como  aquelas  que  focalizam  as 

necessidades psicológicas fundamentais como autonomia, competência e a necessidade 

de  pertencer.  Já  a mini  teoria  da  avaliação  cognitiva,  analisa  o  impacto  dos  eventos 

externos da motivação, ou  seja,  fatores externos que podem contribuir para motivar a 

pessoa,  sem,  no  entanto,  confundir  com  a motivação  extrínseca. Quando  fala  sobre  a 

mini teoria da integração organísmica, o autor comenta que esta se concentra no estudo 

da motivação extrínseca e no grau de sua internalização, ou seja, quando essa variável da 

motivação  extrínseca  passa  a  incrementar  ou  capitalizar  a  motivação  intrínseca,  por 

último,  a mini  teoria da  casualidade  voltada para  explicar  as diferenças  individuais nas 

orientações para os controles e autonomia, adicionando a dimensão da personalidade à 

macro teoria (BORUCHOVITCH, 2008, p. 31). 

A autonomia, a competência e a necessidade de pertencer,  sob nosso ponto de 

vista, são as variáveis mais  importantes para manutenção da motivação em um aluno. A 

autonomia,  segundo o autor, é a necessidade do  indivíduo  sentir que um determinado 

comportamento emana dele mesmo, ou seja, demanda da satisfação e do prazer e não 

por forças com as quais ele não se identifica e, por isso poderia não o fazer de bom grado. 

Assim, este comportamento é sentido como tendo uma causalidade  interna e percebido 

como  uma  escolha  (DECI;  RYAN,  1985).  A  competência  enfoca  a  necessidade  de 

interações eficientes com o meio,  refletindo assim, o desejo de exercer as capacidades 

inatas que o  indivíduo possui, despertando e mostrando suas habilidades,  inteligência e 

talento. Desta  forma, os autores buscam e dominam desafios ótimos, ou seja, desafios 

com os quais o aluno sinta que pode  interagir de  forma eficiente,  resultando em maior 

interesse  para  desenvolver  uma  determinada  tarefa. A  necessidade  de  pertencer  e  de 

vínculo,  reflete  o  desejo  de  estar  emocionalmente  relacionado  de  forma  agradável, 

desejável, estável e duradoura dentro de um grupo com outras pessoas, o que faz com 

que  o  estudante  se  sinta  querido  e  bem  relacionado  com  colegas  e  professores, 

aumentando  assim  sua  autoestima,  o  que  lhe  dará  mais  facilidade  para  internalizar 

valores e regulações endossadas pelos outros (REEVE; SICKNEUS, 1994).  

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Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais  Ary da Rosa Torres ‐ Glaucius Décio Duarte 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

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Nesse  olhar  acadêmico,  o  conceito  de  motivação  abrange  um  conjunto  de 

inúmeras  variáveis  possíveis  e  que  podem  contribuir  ou  reprimir  a  motivação  para 

aprendizagem no aluno. Pintrich (1991)  identificou três categorias gerais de constructos 

pertinentes  à  motivação  no  contexto  educativo,  onde  enumeram‐se  as  crenças  dos 

indivíduos em suas capacidades para realizar uma determinada atividade, as suas razões 

ou  propósitos  para  se  engajarem  na  atividade  e  suas  reações  afetivas  em  relação  à 

atividade. 

Encorajar,  motivando  os  alunos  a  adquirirem  e  reter  conteúdos  considerados 

relevantes, parece não  ser o  suficiente para uma educação  ideal. Um ambiente escolar 

tecnológico,  adequado  ao  conforto  dos  alunos,  aliado  a  professores  capacitados, 

motivados,  que  gostam  do  que  fazem,  pode  proporcionar  não  a  simples  retenção  de 

conteúdos, mas sim, a empreender na construção de novos conhecimentos, sem que o 

aluno  sinta  o  peso  de  fingir  que  aprende  sem  motivação.  Pajares  e  Schunk  (2001) 

salientam em sua obra que a escola deveria assumir a  responsabilidade de capacitar os 

indivíduos  a  buscarem  seus  desejos  e  ambições,  e  abandonarem  hábitos  que  possam 

comprometer seu futuro e fortalecê‐los para superar os possíveis obstáculos. 

Embora ainda não sejam encontrados muitos estudos no Brasil sobre a Teoria da 

Autodeterminação, autores brasileiros como Boruchovitch, Bzuneck, Guimarães e outros, 

escreveram vários artigos publicados em revistas e eventos, de onde retiramos subsídios 

para elaboração deste artigo. 

Vejamos,  então,  com base  nos  textos  de Deci  e Ryan  (2002),  algumas  variáveis 

consideradas  para  melhor  compreendermos  o  continuum  da  Teoria  da 

Autodeterminação: 

Amotivação: O mesmo que desmotivação, ou seja, o  indivíduo não possui 

qualquer motivação para desenvolver nenhuma atividade. 

Motivação  extrínseca:  Composta  pelas  formas  de  motivação  externa, 

introjetada, identificada e integrada (Figura 2). 

Externa: Obrigação externa. Procura recompensas e evita castigos. 

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Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais  Ary da Rosa Torres ‐ Glaucius Décio Duarte 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

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Introjetada:  Motivação  que  vem  da  nossa  pressão  interna  em  evitar 

sentimentos  negativos. Cria  expectativas de  auto  aprovação,  criando  um 

envolvimento para o nosso ego. 

Identificada:  Despertada  através  de  uma  valorização  consciente  e 

importante, pessoalmente, com a identificação de determinados objetivos. 

Integrada: Congruente com outras necessidades e incorporado no self (faz 

parte  da  sua  vida).  Importante  lembrar  que  essas  categorias  não  se 

misturam, pois cada um desses tipos de motivações provém de uma certa 

fonte,  porém,  atuando  em  conjunto,  elas  definem  o  comportamento  do 

indivíduo no ambiente de trabalho e do ensino. 

A motivação  intrínseca  está  relacionada  ao  interesse,  prazer,  vontade  de  fazer, 

divertimento,  satisfação  inerente,  valorização  consciente  e  importância  pessoal, 

relacionado ao trabalho ou ato de estudar sem pressão de terceiros, ou seja, o aluno age 

por satisfação. 

Deci e Ryan  (1985)  atribuíram  a esta  teoria  seis  “níveis” de motivação, desde  a 

amotivação,  que  corresponde  à  ausência  total  de motivação  e  intencionalidade,  até  a 

motivação  intrínseca,  passando  pelos  quatro  tipos  de motivação  extrínseca,  externa, 

introjetada, identificada e integrada, em que a atividade representa interesse e prazer, ou 

que seja importante pessoalmente. 

Figura 2 ‐ Formas de apresentação da Motivação Extrínseca (Crédito da figura: Tipos de motivação extrínseca (DECI; RYAN, 1985)  

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

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Para  que  seja  possível  a  interiorização  da  motivação  extrínseca,  a  Teoria  da 

Autodeterminação  também  pressupõe  três  necessidades  básicas  centrais  que,  quando 

satisfeitas, torna possível “interiorizar” essa motivação: 

Necessidade  de  competência: Refere‐se  à  necessidade  de  o  indivíduo  se 

sentir  útil.  De  que  sabe  “fazer”. Mais  do  que  reconhecimento  externo, 

reconhecer valor em si mesmo através da competência. 

Necessidade de autonomia: Refere‐se a liberdade de executar a atividade a 

sua “maneira”, tendo em conta os seus valores, seguindo os seus princípios 

consoantes ao seu método. 

Necessidade  de  Vinculo:  Refere‐se  à  necessidade  de  ter  vínculos, 

relacionamentos  significativos.  Alguma  pessoa,  ou  pessoas,  que  se 

importem para além da sua atividade. 

Na Teoria da Autodeterminação, além de não existir uma  fronteira  tão evidente 

entre  a  motivação  intrínseca  e  extrínseca,  defende‐se,  como  demonstrado  acima,  a 

possibilidade  de  “intrinsecar”  ou  interiorizar  uma  motivação  extrínseca.  Esta  teoria 

afirma que, satisfazendo‐se as três necessidades básicas centrais, conforme demonstrado 

na Figura 3, é possível aumentar ou interiorizar a motivação. 

Figura 3 ‐ Necessidades na formação da Teoria da Autodeterminação Crédito da imagem: (DECI; RYAN, 1985)    

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Guimarães  (2003)  e,  também,  Deci  e  Ryan  (2000),  relatam  que  a  motivação 

extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo 

à tarefa, a um prêmio ou à atividade que busca a obtenção de recompensas materiais ou 

sociais,  atendimento  a  comandos  ou  pressões  de  outras  pessoas,  demonstração  de 

competência e habilidade ou tentativa de evitar punições. Guimarães ainda comenta em 

seu  trabalho  que,  no  contexto  escolar,  quando  o  aluno  está  motivado  apenas 

extrinsecamente, acredita que o envolvimento em determinadas atividades resultará em 

benefícios pessoais, ainda que não sinta prazer ou que seja atraído pela atividade em si.  

O que o move, para a realização da atividade, são as consequências externas associadas a 

ela.  

Com o estudo desta obra descobriu‐se que existe um  inconveniente  largamente 

conhecido  e que  tem  sido,  consistentemente, o  foco de muitos  trabalhos, que  é o da 

possível  influência  negativa  de  motivadores  extrínsecos,  como  o  dinheiro,  prêmios, 

comida, etc.,  sobre uma motivação  intrínseca  já existente. Deci e Ryan  (2000) atestam 

que várias descobertas feitas nestes trabalhos têm confirmado que as diferentes formas 

de motivação extrínsecas, de fato, prejudicam a motivação intrínseca, pois estas acabam 

competindo entre si e com isso comprometendo o senso de autonomia do indivíduo. Na 

realidade,  a  relação  entre  motivadores  extrínsecos  e  a  motivação  intrínseca  é  mais 

complexa do que se pode concluir pelo senso comum. Deci e Ryan (2000) desenvolveram 

essa  teoria,  ancorados  em  estudos  dirigidos  à  sua  pesquisa,  vindas  de  pensadores  e 

críticos de todas as partes do mundo. Devido as suas  indagações e outras colaborações 

desenvolveram esse continuum, conforme apresentado na Figura 4. 

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 Figura  4  ‐  O  continuum  da  autodeterminação,  com  os  tipos  de  motivação,  seus estilos de regulação e os processos correspondentes.  Adaptado de: (DECI; RYAN, 2000) 

 

Quanto a parte da pesquisa de campo que contempla este estudo, esta encontra‐

se em processo de elaboração dos questionários que serão aplicados em três turmas do 

curso  de  administração,  no  turno  da  noite,  abrangendo  primeiro,  quinto  e  oitavo 

semestres, em um polo em educação a distância, no sistema presencial conectado. Como 

forma de se obter conclusões de como pensam os alunos sobre o tema questionado, em 

diferentes estágios de um mesmo curso superior, serão aplicados os testes a alunos que 

ingressam  no  primeiro  semestre  do  curso  superior  de  administração.  Em  seguida,  os 

mesmos questionários  serão  aplicados em uma  turma do quinto  semestre,  sendo que, 

espera‐se que  isso possibilite  avaliar o pensamento dos  alunos que  já  ultrapassaram  a 

metade do curso e, finalizando nossa  indagação, pretende‐se aplicar o mesmo processo 

aos alunos do ultimo semestre do curso de administração. Com  isso, espera‐se avaliar o 

que  pensam  os  alunos  quando  estão  finalizando  o  curso.  A  ferramenta  utilizada  será 

composta  por  uma  bateria  de  vinte  e  oito  questionários,  adaptados  da  Escala  de 

Avaliação de Motivação Acadêmica (EMA), desenvolvida, inicialmente, por Vallerand et al. 

(1993) e adaptada por Guimarães e Bzuneck  (2008), com medidas de  sensibilidade por 

meio da escala Likert de avaliação de cinco pontos, com as seguintes alternativas: Não 

concordo totalmente, Não concordo parcialmente. 

 

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Conclusões Parciais 

As explorações teóricas dão conta de que o estudo da motivação na educação é 

um  importante  passo  para  que  alunos,  professores  e  gestores  educacionais,  busquem 

formas  ou  alternativas  que  possam,  através  do  estudo  da motivação,  contribuir  para 

conscientização  da  necessidade  de  uma  união  entre  todos  por  uma  educação  mais 

comprometida  com  a  qualidade  exigida  pela  sociedade.  A  pesquisa  reforça  ainda  a 

convicção de que o estudo da motivação, no ensino superior, deixou de ser uma possível 

variável de ajuda na  construção de novos  caminhos, para  se  tornar numa evidência de 

que dificilmente evoluiremos em constructos acadêmicos melhores, sem que nos dobre a 

relevância da motivação, quanto sua influência na vida escolar dos alunos. 

As  pesquisas  até  esse  momento  demonstram  que  a  escolha  da  Teoria  da 

Autodeterminação foi acertada, em virtude de nos mostrar  inúmeras possibilidades, não 

só no âmbito deste trabalho, mas poderão servir, principalmente, como uma  janela que 

poderá  nos  levar  a  um  novo  olhar  sobre  as  inúmeras  possibilidades  de  investigação  e 

estudo do comportamento dos alunos nos cursos superiores. 

A gestão da entidade estudantil, pode motivar ou desmotivar o aluno? Por que o 

aluno  vem  à  universidade?  Que  motivação  temos  para  estudar?  Existem  níveis  de 

motivação?  Essas  são  algumas  perguntas  que  fazem  parte  desta  pesquisa,  em 

andamento,  e  que  pretende  estabelecer  suas  conclusões  ao  final  deste  ano,  após  a 

aplicação e análise dos questionários anteriormente mencionados. 

Finalizando essa  investigação teórica, em sua fase de consolidação, deixamos em 

aberto o seguinte questionamento: a vida moderna tem distanciado cada vez mais cedo e 

por  mais  tempo  o  convívio  dos  pais  com  seus  filhos,  que  em  épocas  passadas 

desempenhavam  importante papel na educação, ensinando os menores e motivando os 

adultos; será que somente com o conhecimento de novas fórmulas de como motivar os 

alunos  em  sua  aprendizagem,  estaremos  aptos  a  devolver  a  sociedade  e  ao  exigente 

mercado de trabalho contemporâneo, pessoas preparadas para o trabalho e para a vida? 

Pensamos que essa  importante questão,  também deverá  ser  respondida ao  final desta 

pesquisa. 

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A    falta de motivação para estudar é um  fenômeno que preocupa professores e 

demais  agentes  ligados  ao  meio  educacional.  Talvez  devido  a  falta  de  incentivo  no 

passado, para que as pessoas ascendessem a um curso superior, criou‐se no país a cultura 

de que esse  seria um privilégio  apenas para os mais  abastados. A globalização  avança 

sobre nós, trazendo em seu bojo tecnologias cada vez mais sofisticadas, que nos exigem 

conhecimentos, para os quais não estávamos preparados para receber.  

Segundo Bandura  (1982), para  termos um aluno motivado em  sala de aula, uma 

das alternativas é não deixá‐lo fracassar em sala de aula. Ainda, segundo dados do IBGE, 

em 1970, 4.5% da população brasileira possuía curso superior. Em 1980, 9.3%. Nos anos 90, 

esse número subiu para   11% e na virada do século, o percentual da população brasileira 

com diploma universitário chegou a  12.1% da população total. Em 2010, segundo dados do 

IBGE,  interpretados por Cieglinski (2011), da parcela da população que tem entre 25 a 29 

anos,  13%  tem  curso  superior,  sendo  que  no  geral,  apenas  11.3%  tem  curso  superior 

completo,  ou  seja,  embora  o  governo  tenha  criado  vários  incentivos  para  facilitar  o 

acesso a esse nível de conhecimento, como a criação de novas universidades, diminuído 

os  juros  do  FIES  e  criando  um  grande  número  de  vagas  no  PROUNI,  o  aumento  no 

percentual da população com diploma no chamado terceiro grau caminha lentamente. 

Ainda que o número de matrículas tenha aumentado substancialmente, o número 

de alunos que conclui o terceiro grau é muito pequeno em relação aos países próximos 

de nós, como o Chile por exemplo, onde 24% de sua população  já concluíram um curso 

superior, ou seja, o dobro da nossa. Lembrando, ainda, que na Rússia, país membro do 

BRIC e com nível de desenvolvimento   semelhante   ao do Brasil, 54% da sua população 

conclui o ensino  superior e, entre os países da OCDE  (Organização para Cooperação e 

Desenvolvimento Econômico), a média é de 28%,  isto é, mais do que duas vezes a média 

brasileira.  

 

 

 

 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

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Referências 

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BORUCHOVITCH, E. A motivação para aprender de estudantes em cursos de formação de professores. Porto Alegre: Educação, 2008.  

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

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nped Sul

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