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A Luta das Mulheres é uma Luta de Todos! O dia 8 de março é uma data emble- mática na luta pelos direitos das mulheres. Quero neste dia parabe- nizar todas as mulheres, em especial as trabalhadoras em educação que lutam, no dia a dia, por uma educação pública de qualidade socialmente referenciada. É uma data que merece ser comemorada, mas também serve de refle- xão sobre o papel social das mulheres, considerando que a história sempre foi escrita e contada da ótica masculina. Mesmo com a subjacência histórica, as mulheres ao longo dos séculos conseguiram transformar MARÇO 2016 ANO 3 Nº 2 a sociedade e a reflexão sobre o mundo social e do trabalho. No Brasil, segundo os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), as mulhe- res correspondem a 51,4% da população e também a maioria do eleitorado brasileiro. Mas isso não se reflete nos parlamentos e nem nos cargos executivos. Mesmo com a conquista do sufrágio feminino e da eleição e reeleição da primeira mulher presidente do Brasil, as mulheres permanecem excluí- das da política e limitadas da participação nas esferas públicas. O mesmo acontece no setor privado onde as mulheres, na sua grande maioria, continuam exercendo cargos hierarquicamente inferiores e menos remunerados se comparados aos dos homens. A lógica para esse sistema injusto e perverso é a concepção machista de sustentação das hierarquias sociais e do funcionamento das instituições, ou seja, as mulheres para executar e os homens para dirigir. E apesar das conquistas nas últimas décadas as mulheres continuam sendo o Estamos juntos nesta luta! Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher! Presidente do SINTEAM grupo de maior vulnerabilidade. A falta de políticas públicas penalizam as mulheres, especialmente as mães e trabalhadoras. De acordo com o Mapa da Violência Contra a Mulher de 2015, no Amazonas as taxas de agressão e feminicídio continuam elevadas. Com a aprovação da Lei Maria da Penha (11.340/2006) - que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher -, as mulheres tem denunci- ado esse tipo de violência com mais frequência, mas falta por parte do poder público políticas que visem garantir os direitos das mulheres. Essa não é uma luta só das mulheres, mas também dos homens de bem que veem a questão de gênero como uma reorientação dos nossos valores e critérios de análise. Embora o senso comum reproduza de forma veemente e deturpada a questão de gênero, a militância das mulhe- res por igualdade não é meramente uma “guerra dos sexos” e nem uma vitimização das mulheres, mas sim uma questão de direitos humanos. Portanto, conclamo todas as trabalhadoras e todos os trabalha- dores em educação a refletirem com nossas alunas e nossos alunos para que possamos avançar no que tange aos direitos das minorias, principalmente aos das mulheres, e que as próximas gerações possam vencer a discriminação e o preconceito tão arraiga- do em nossa sociedade. Professor Marcus Líbório com a professora Djanira Gualberto no lançamento da Campanha Mais Mulheres Na Política na ALEAM

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A Luta das Mulheres é

uma Luta de Todos!

Odia 8 de março é uma data emble-mática na luta pelos direitos das mulheres. Quero neste dia parabe-nizar todas as mulheres, em especial as trabalhadoras em

educação que lutam, no dia a dia, por uma educação pública de qualidade socialmente referenciada. É uma data que merece ser comemorada, mas também serve de refle-xão sobre o papel social das mulheres, considerando que a história sempre foi escrita e contada da ótica masculina. Mesmo com a subjacência histórica, as mulheres ao longo dos séculos conseguiram transformar

MARÇO 2016ANO 3 Nº 2

a sociedade e a reflexão sobre o mundo social e do trabalho. No Brasil, segundo os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), as mulhe-res correspondem a 51,4% da população e também a maioria do eleitorado brasileiro. Mas isso não se reflete nos parlamentos e nem nos cargos executivos. Mesmo com a conquista do sufrágio feminino e da eleição e reeleição da primeira mulher presidente do Brasil, as mulheres permanecem excluí-das da política e limitadas da participação nas esferas públicas. O mesmo acontece no setor privado onde as mulheres, na sua grande maioria, continuam exercendo cargos hierarquicamente inferiores e menos remunerados se comparados aos dos homens. A lógica para esse sistema injusto e perverso é a concepção machista de sustentação das hierarquias sociais e do funcionamento das instituições, ou seja, as mulheres para executar e os homens para dirigir. E apesar das conquistas nas últimas décadas as mulheres continuam sendo o

Estamos juntos nesta luta!

Parabéns pelo Dia Internacional

da Mulher!

Presidente do SINTEAM

grupo de maior vulnerabilidade. A falta de políticas públicas penalizam as mulheres, especialmente as mães e trabalhadoras. De acordo com o Mapa da Violência Contra a Mulher de 2015, no Amazonas as taxas de agressão e feminicídio continuam elevadas. Com a aprovação da Lei Maria da Penha (11.340/2006) - que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher -, as mulheres tem denunci-ado esse tipo de violência com mais frequência, mas falta por parte do poder público políticas que visem garantir os direitos das mulheres. Essa não é uma luta só das mulheres, mas também dos homens de bem que veem a questão de gênero como uma reorientação dos nossos valores e critérios de análise. Embora o senso comum reproduza de forma veemente e deturpada a questão de gênero, a militância das mulhe-res por igualdade não é meramente uma “guerra dos sexos” e nem uma vitimização das mulheres, mas sim uma questão de direitos humanos. Portanto, conclamo todas as trabalhadoras e todos os trabalha-dores em educação a refletirem com nossas alunas e nossos alunos para que possamos avançar no que tange aos direitos das minorias, principalmente aos das mulheres, e que as próximas gerações possam vencer a discriminação e o preconceito tão arraiga-do em nossa sociedade.

Professor Marcus Líbório com a professora Djanira Gualberto no lançamento da Campanha Mais Mulheres Na Política na ALEAM

E N T R E V I S T A

Efetivação da lei de cota de gênero nos partidos é um grande desafio, afirma conselheira de Manaus/AM

Voz ativa nos debates preparatórios para a 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres (4ª CNPM), a conselheira Nacional dos Direitos da Mulher Isis Tavares Neves defende a efetividade das cotas para as mulheres nos partidos políticos e coligações. De acordo com a conselheira, apesar da exigência legal do mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada gênero para os cargos proporcionais, o número de mulheres ocupando espaços políticos ainda é muito tímido em todo o país.

“Nos partidos, as mulheres costumam ser grandes companheiras de luta, mas não são consideradas companheiras de poder. Em geral, os partidos fazem o chamamento para que as mulheres integrem as legendas, mas dificilmente elas são colocadas como presidentes partidárias. Quando saem candidatas, na maioria das vezes não são empoderadas com verbas e apoio suficiente para serem eleitas”, afirmou Isis, que

representa a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) no Conselho Nacional.

De acordo com a conselheira, apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, a disparidade de gênero nos espaços de poder ainda é o principal ponto da pauta para as mulheres brasileiras, que somam mais de 51% da população brasileira. “Ao sermos chamadas, esperamos que os partidos políticos respeitem a lei eleitoral, respeitem o tempo de televisão. Dentro dos partidos, as mulheres são colocadas para falar, fazem um almoço, distribuem rosas, vestem uma roupa bonita para acompanhar a chegada do líder do partido, mas a verdade, é que na maioria das vezes, só estão ali para cumprir cotas”, reclamou.

Conferência – As expectativas em torno da 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres, de acordo com a conselheira, é que seja feito um amplo debate, com bastante

representatividade de todos os segmentos das mulheres de todo o país. “Nossas delegadas têm uma pluralidade muito grande. Vamos buscar referendar nossas conquistas e avanços do movimento de mulheres junto ao governo. Temos um acúmulo muito grande de debates e demandas. A diversidade de temas e pleitos é sempre a tônica que procuramos dar em todo o processo de conferencia”, explicou.

Temas como o enfrentamento à violência contra as mulheres, fortalecimento da democracia, combate ao machismo e acesso à saúde e educação, também deverão ficar no centro dos debates da 4ª CNPM, segundo Isis. “O machismo está arraigado na sociedade, é algo histórico e ideológico. Tem homens que já mudaram o comportamento, mas é algo que precisamos estar o tempo todo lembrando. Precisamos de uma revolução cultural. Por isso é importante discutir gênero nas escolas”, finalizou a conselheira.

Temos o que comemorar, mas também muito o que lutar por uma sociedade mais justa, mais igual. Que esse 8 de Março de 2016 não seja mais um Dia Internacional da Mulher, mas uma data para renovarmos o fôlego, a mobilização em defesa dos direitos da mulher. No Senado, como procuradora da Mulher, estou empenhada em intensificar uma pauta de ações no legislativo. Entre elas,

nós da bancada feminina no Congresso Nacional, elegemos oito prioritárias:

Temos o que comemorar, mas também muito o que lutar por uma sociedade mais justa, mais igual. Que esse 8 de Março de 2016 não seja mais um Dia Internacional da Mulher, mas uma data para renovarmos o fôlego, a mobilização em defesa dos direitos da mulher. No Senado, como procuradora da Mulher, estou empenhada em intensificar uma pauta de ações no legislativo. Entre elas, nós da bancada feminina no Congresso Nacional, elegemos oito prioritárias:

Previdência social - pela manutenção da idade mínima para aposentadoria das mulhe-res;

Política - pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Mulher (PEC 135/2015), que garante cotas de vagas para mulheres nos três níveis do Parlamento brasileiro;

Violência - pela instalação da Casa da Mulher Brasileira, pelo fim das violações; efetiva punição dos agressores e aplicação da Lei Maria da Penha;

Direitos Humanos - pelo respeito à diver-sidade e combate aos preconceitos de raça, classe social, idade, crença religiosa e orien-tação sexual;

Trabalho - pela equiparação salarial com os homens e igualdade de oportunidades nas carreiras;

Saúde - por medidas emergenciais de proteção da saúde da gestante contra o Zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti;

Educação - pela ampliação do número de creches; garantia do ensino com qualidade em todos os níveis e educação não sexista;

Esporte - pelo estímulo à participação das mulheres nos jogos olímpicos e paraolímpi-cos neste ano, nas Olimpíadas do Brasil.

Apesar das conquistas, dos espaços de poder e direitos conquistados pela sociedade em prol das mulheres, indicadores nos mostram que muito ainda precisa ser feito.

Em número de mulheres no parlamento, o País está entre os últimos, ocupando a 158ª posição entre 199 países pesquisados no mapa da ONU Mulheres e da União Interpar-lamentar. Na América Latina, o Brasil está na frente apenas de Belize e do Haiti.

Em se tratando de violência contra as mulheres, nosso País figura entre os primei-ros. A Organização Mundial de Saúde (OMS), com base em dados do Ministério da Saúde, divulgou em 2015 que em um grupo de 84 países, o Brasil é o 7º colocado em quantidade de mulheres assassinadas, o que perfaz o total de 4,8% de homicídios por 100 mil habitantes.

Desde janeiro de 2016, o portal da 4ª CNPM está publicando entrevistas semanais com mulheres que possuem papel fundamental na garantia dos direitos das mulheres. A primeira entrevista foi com

a conselheira Nacional dos Direitos das Mulheres Isis Tavares Neves, de Manaus/AM.

(92) 3233-7004

www.sinteam.org.br

[email protected] 10 de Julho, 307 - Centro - Manaus/AM - CEP 69010-060

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Diretor de comunicação: Jorge Alencar Jornalista responsável: Mariane Cruz Diagramação: Marcelo Maurício

Senadora Vanessa GrazziotinPortanto, como se percebe, motivos não faltam para seguirmos na luta!

Fonte: Site – www.spm.gov.br/4cnpm

Por que lutar?