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Mulheres na Luta: A mobilização política das Uniões Femininas no
pós-Guerra.
Aluna: Manuella Thereza Cabral Pessanha
Orientador: Rafael Soares Gonçalves
Introdução
O presente trabalho está relacionado ao projeto de pesquisa desenvolvido pelo
Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
através do Laboratório de Estudos Urbanos e Socioambientais (LEUS), orientado pelo
professor Rafael Soares Gonçalves. Tem como propósito apresentar o modo como as
Uniões Femininas atuaram no período pós Segunda Guerra Mundial.
A presença das Uniões Femininas em bairros e favelas do Rio de Janeiro impactou
a mobilização política nesses espaços, levantando as principais reinvindicações das
mulheres que ali moravam. Após a 2ª guerra mundial, com o período da
redemocratização, o movimento feminino se expandiu em todo o Brasil. As Uniões
femininas, como veremos, exerceu forte atuação política, inclusive nas favelas da cidade.
As favelas tinham como estigma ser um local anti-higiênico, um problema de
saúde pública, de ordem urbana, estética e de assistência social. Com isso, houve
tentativas de combater esses espaços em prol da ordem urbana, social e higiênica. As
remoções, de cunho higienista, eram vistas como medidas eficazes para a solução do
problema de saúde pública. Algumas iniciativas de remoção de favelas aconteceram
durante o Estado Novo, com a construção dos Parques proletários provisórios. Da mesma
forma, já no período democrático, muitos processos de despejo de favelados por pretensos
proprietários dos terrenos, onde as favelas se localizavam, estimularam a emergência de
movimentos de resistência, que se organizaram para lutar pela permanência dos favelados
em seus locais de moradia.
A presente pesquisa se insere em um esforço de compreensão do surgimento de
movimentos de mobilização pelo direito à cidade nas favelas cariocas. Dentro de uma
perspectiva histórica, é possível identificar forte presença do Partido Comunista
Brasileiro nas favelas cariocas no período de 1945-64, sobretudo nos anos logo após a
Segunda Guerra. As uniões femininas tinham relação direta com o PCB e foram
organizações importantes no aumento da influência comunista nos bairros populares
cariocas.
A escolha do tema se faz importante na medida em que nos auxilia a identificar e
compreender as formas como as Uniões Femininas atuaram nos bairros e favelas do Rio
de Janeiro, modificando a dinâmica social nesses locais através da luta por direitos.
Procuramos, ainda, perceber os impactos da atuação do Partido Comunista Brasileiro na
vida social dos moradores das favelas do Rio de Janeiro e sua ligação com as Uniões
Femininas. Reconhecer a importância da atuação feminina e comunista nas lutas urbanas
nos convida a identificar e compreender as diferentes mobilizações e manifestações
sociais pela garantia de direitos.
Nesse contexto, realizamos, além do levantamento bibliográfico, pesquisas nos
acervos do Fundo de Divisão de Polícia Política e Social do Arquivo Público do Estado
do Rio de Janeiro, sobretudo do material referente às Uniões Femininas. Foi realizada,
ainda, pesquisa na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional em diferentes jornais desse
período.
O PCB no pós–guerra
Após o término da Segunda Guerra Mundial e com o processo de democratização
pós-Estado Novo, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) saiu, por um breve período, da
ilegalidade (1945-1947) e ganhou forte visibilidade na vida política. Segundo Pandolfi
(1995, p.62)
“a luta antifascista tirou os comunistas do isolamento.
Tanto na França, como na Itália, o partido comunista
tornou-se no imediato pós-guerra, o agrupamento mais
forte junto à classe trabalhadora. Em diversos outros países
da Europa, à exceção da Alemanha Ocidental e da
Espanha, os comunistas aumentaram em muito o seu
contingente votos.”
Já em abril de 1945, os principais líderes do PCB foram libertos com a anistia
política. Luís Carlos Prestes assume oficialmente o comando do Partido Comunista
Brasileiro, afirmando a ativa atuação do Partido na redemocratização do país. Em maio
do mesmo ano, o Partido Comunista se articula em nível nacional, criando comitês
populares em todo o Brasil. A redemocratização é caracterizada por um período onde se
foi retomado o sistema político formalmente democrático, permitindo, assim, a atuação
de partidos e de organizações da sociedade civil. Essas ações colaboraram para aproximar
Vargas com os trabalhadores urbanos.
Com a redemocratização e a proposta de uma união nacional e uma aliança com
os que resistiam ao nazi-fascismo, o Partido Comunista Brasileiro solicita a contribuição
dos sindicatos para que as reivindicações trabalhistas e as greves fossem evitadas para
evitar choques. O PCB se torna paulatinamente um partido nacional de massas,
conquistando plena legalidade e chegando a marca de 200 mil filiados em 1947.
Nas eleições de 1945, o partido constituiu uma significativa bancada parlamentar,
elegendo 14 Deputados Federais pelo Distrito Federal, sendo o 4º partido mais votado no
país. Luís Carlos Prestes, o então Secretário-Geral do partido, foi eleito Senador, sendo,
aliás, o mais votado do país. Após a promulgação da nova Constituição, ocorrida em
setembro de 1946, os comunistas se lançaram na campanha eleitoral para os governos e
constituintes estaduais, eleições que ocorreram em janeiro de 1947. Elegeram vários
deputados, tendo obtido quase um terço da Câmara do Distrito Federal. A significativa
conquista eleitoral alcançada pelo Partido Comunista Brasileiro aumentou o medo pela
influência comunista no país.
As favelas e o Partido Comunista Brasileiro
A aproximação do Partido Comunista Brasileiro com as favelas pode ser
“atribuído à sua capacidade de organizar e mobilizar para além dos discursos e
orientações da cúpula”. (NEGRO, SILVA, 2003, p. 55)
“Os comunistas revelaram grande agilidade na organização de
dezenas de Comitês Populares e Democráticos, que se
envolviam em problemas dos bairros e discutiam temas como
habitação, custos dos gêneros de primeira necessidade, instrução
e saúde pública, lazer, etc.”(NEGRO, SILVA, 2003, p. 55)
A criação do Movimento Unificador dos Trabalhadores, em 1945, foi de extrema
importância para a construção e implementação do projeto comunista de atuação nos
bairros populares. Por ser um instrumento de “organização intersindical dos trabalhadores
que buscava reunir e organizar os dirigentes sindicais e estimular a sindicalização dos
trabalhadores, a fim de fortalecer a tão almejada unidade operária, defendida
historicamente pelos comunistas”. (Pinheiro: 2007, pg. 57).
Além da criação do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), o PCB
criou a Tribuna Popular, advindo do projeto que pretendia levar informação, cultura,
esporte, entre outros assuntos à população, além de ser um periódico que apregoava e
estimulava a expansão do movimento associativo de bairro no Rio de Janeiro. “É possível
identificar um projeto de educação política das massas pela cultura, no qual o Partido
atuaria como um elemento de mobilização e organização do proletariado”
(GONÇALVES, AMOROSO: 2011).
Na Tribuna Popular, havia seções específicas, tais como “O povo se diverte” e “O
samba na cidade”, incentivando a educação através da cultura, bem como a sessão
chamada “A vida dos comitês populares”, onde era apregoado as iniciativas dos inúmeros
Comitês Democráticos Populares espalhados pela Capital Federal e outras cidades do
país. O jornal era muito mais do que um agitador coletivo, e sim, um organizador coletivo.
Os Comitês Populares Democráticos tiveram uma significante importância
na vida social, política e sindical do Rio de Janeiro. Eram órgãos de fortalecimento do
PCB, que procurou se aproximar com as lutas dos bairros, incentivando a participação
popular em diversas questões, inclusive com a formação de associações de moradores.
Os CPD’s surgem como ferramenta de organização da classe trabalhadora, sob a liderança
do PCB, que atuava na luta pela apoderação dos direitos sociais, civis e políticos dos
trabalhadores e outros setores populares. Os Sub-comitês foram implantados nas favelas,
como o sub-comitê do Morro do Turano. Por meio dos CPD’s, o PCB tentou se credenciar
como força de peso no interior do cenário político.
Além da aproximação com a classe operária, o PCB atingiu os intelectuais. “A
presença dos intelectuais no Partido atingiu o seu auge entre os anos de 1945-1947,
período em que o PCB se fortalece devido a fatores externos. ” (GUIMARÃES, 2009, p.
94)
Indomável partido do proletariado! E dos sábios e dos escritores!
Dos poetas e dos artistas! Onde iríamos nós caber, por acaso,
senão dentro deste partido que é o do povo? Só nas suas fileiras
poderemos fortalecer, ao contato com o proletariado e o povo, a
nossa capacidade de criação artística ou científica. Aqui se
aponta para o futuro. (JORGE AMADO, 1946 apud
GUIMARÃES, 2009),
O Partido Comunista Brasileiro tinha a ideia de proporcionar aos moradores das
favelas melhorias, tais como: implementação de escolas, bicas d’agua, pontos de luz e
policiamento. Para isso, eram elaborados discussões e debates entre candidatos e o
povo.Os vereadores do Partido Comunista Brasileiro não só discutiam e debatiam sobre
as possíveis melhorias com os moradores, mas levavam esses debates à Câmara,
procurando angariar forte legitimidade junto aos favelados.
Apesar da cassação do registro PCB, em 1947, pelo Governo Dutra, o Partido
continua a sua atuação ilegalmente “através de Comissões de Ajuda de Bairros ou de
Comitês pela Paz e contra a Guerra da Coréia, braços legais do partido, que mantiveram
acessa a influência comunista em algumas favelas da cidade. ” (GONÇALVES,
AMOROSO: 2012 pg. 6). Por outro lado, foi criada, em 1954, pelo advogado Magarinos
Torres, a União dos Trabalhadores Favelados, que tinha como objetivo relacionar o
favelado ao universo do trabalho, procurando captar recursos e dar continuidade à
mobilização dos moradores por melhores condições de moradia e emprego. Com a
influência de Magarinos Torres, jurista próximo ao Partido Comunista, a UTF lutou pela
defesa dos moradores contra processos de reintegração de posse, reivindicou a melhoria
das favelas, assim como lutou contra a violência policial e mesmo pela regularização
fundiária dessas áreas.
As Uniões Femininas
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, período chamado de redemocratização,
o movimento feminino teve uma ascensão em todo o Brasil, como foram o caso das
associações femininas. Segundo Tabak (1987, p.5), “as associações femininas tem
servido em geral, como importante forma de organização de mulheres e através de sua
atuação contribuem para elevar o nível de conscientização e participação política de
grandes contingentes femininos”.
As uniões femininas do período pós-guerra eram segmentadas entre associações
profissionais e não profissionais. As associações profissionais agrupavam mulheres
representantes de uma determinada categoria profissional e sindicato. Já as associações
não profissionais eram compostas por mulheres que não exerciam uma atividade
profissional dentre do mercado de trabalho, fora do lar. Ambos os tipos de associações
exerciam uma grande influência política, tendo condições favoráveis de participação
democrática.
E essa tem sido uma outra área de atuação das associações
femininas: divulgar entre as mulheres a legislação que lhes
diz respeito, fazê-las conhecer os seus direitos já
assegurados, orientá-las no sentido de exigir o
cumprimento e a aplicação de conquistas já adquiridas, no
campo do emprego, da educação, da proteção da
maternidade e da infância, do exercício da função pública.
(TABAK, 2002. p.21)
No geral, a luta dessas associações se concentrava na
luta contra as discriminações por razões de sexo, por igual
salário para trabalho igual, por acesso qualquer cargo ou
função, por igual oportunidade de promoção na carreira e
de educação em todos os níveis, etc – também se constitui
numa ação politica bastante abrangente, pois é capaz de
mobilizar grandes contingentes femininos,
independentemente das categorias profissionais, de credos
políticos ou religiosos. (TABAK 1987, p.10)
No ano de 1946, surgia a União Feminina do Distrito Federal (quando o Rio de
Janeiro ainda era a capital do país), que já significava um passo à frente na coordenação
da atividade desenvolvida por inúmeras uniões de bairro, que se formavam por todo o
município e que combatiam a carestia de vida, a falta de produtos de primeira necessidade
e se manifestavam em favor da preservação da paz mundial. Essas uniões locais surgiram
em mais de 30 bairros (a 1ª a ser criada foi a da Tijuca) e se espalharam desde Botafogo
e Copacabana até Irajá, Parada de Lucas, e Bangu. Em muitas favelas cariocas formaram-
se também as uniões femininas. ” (TABAK, 1987 p.13)
Segundo reportagem do Jornal “O Momento Feminino”, de 1947, as Uniões
Femininas estavam localizadas em 36 endereços, sendo esses bairros, morros e favelas.
O Jornal Momento Feminino possuía forte presença nos bairros populares e
exerceu um papel central na divulgação das atividades das Uniões Femininas à época.
Segundo Tabak, 1987 (p.19), o
Momento Feminino nasceu a 24 de junho de 1947, no Rio
de Janeiro e durante quase dez anos de existência (com
períodos de maior ou menor regularidade na sua
publicação) defendeu sempre os direitos da mulher da
infância e a paz mundial. Foi um órgão de imprensa que
atingiu boa penetração nacional, pois chegou a ter
representantes em 16 Estados, sendo vendido em barros de
grande concentração popular, em Favelas, em locais de
trabalho onde era elevada a proporção de mulheres etc. No
Rio, chegou a ser vendido com certa regularidade em 20
favelas.
Figura 2 - Capa da Primeira Edição do Jornal "O Momento Feminino" - Rio de Janeiro, 25 de Julho de 1947
As mulheres das Uniões Femininas estavam empenhadas na luta econômica.
Segundo a primeira edição do jornal “O Momento Feminino”, essas mulheres sentiram
que aguardar medidas apenas da boa vontade dos homens,
a fome lhes viria rondar o próprio lar. Com a vertiginosa
alta dos preços de gêneros de primeira necessidade,
volveram, as mulheres, o pensamento para as causas
públicas que deram origem a tal situação. Daí o crescente
número de associações que surgem em todos os bairros do
Distrito Federal.1
Com isso, essas mulheres tinham um leque amplo de reivindicações: luta contra a carestia
de vida; por uma vida melhor para as crianças; em defesa da paz mundial; pela igualdade
de direitos para a mulher em todos os terrenos, assim como reivindicavam o término dos
despejos de favelas e a urbanização dos morros cariocas. As suas ações eram concentradas
em reuniões para discussão dostemas, como, por exemplo, o problema do abastecimento
do leite, a necessidade de se fundar escolas em determinado bairro, lutavam por moradias
higiênicas, melhoria nos hospitais.... As uniões femininas pleiteavam, assim, soluções
para variadas questões, envolvendo transporte, habitação, educação e alimentação.
Figura 3 - Jornal "O Momento Feminino" - Edição 14 - Rio de Janeiro, 24 de Outubro de 1947
1 Jornal Momento Feminino - Edição 3 – Rio de Janeiro, 8 de agosto de 1947
Figura 4 - Jornal O Momento Feminino – Edição 5 - Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1947.
É importante salientar o esforço das Uniões Femininas de integrarem plenamente
as favelas e suas moradores no debate político. Não eram representadas como marginais
e excluídas da cidade. O Jornal procurava trazer à tona os problemas locais das favelas.
Segundo Tabak (TABAK, 2002 p.21), “uma das atividades mais expressivas da atuação
das organizações femininas consiste na denúncia das diferentes formas de discriminação
que a mulher ainda sofre, em muitos setores da vida nacional”. Além da mobilização por
melhorias locais, as Uniões Femininas realizavam festas para as crianças com objetivo de
divertir e entreter. Promoviam também atividades de formação profissional, como os
cursos de costura, tendo em vista que grande número das associadas eram donas de casa,
domésticas e/ou costuravam para fora.
Figura 5 - Jornal O Momento Feminino - Edição 14 - Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1947
A partir de situações que envolviam o cotidiano das mulheres, as uniões femininas
promoviam um forte debate sobre as questões políticas do período. Segundo o Art. 4º do
Estatuto das Uniões Femininas, as Uniões Femininas tinham como objetivo principal
prestar às associadas os serviços e benefícios
como combater a carestia da vida, facilitando todos os
meios, junto as autoridades competentes; adquirir para
suas associadas gêneros de primeira necessidade que se
encontrarem tabelados no Distrito Federal; Criar
Comissões de Sindicância nos bairros, visitando as casas
comerciais, levando relações às autoridades onde há
exploração e o Cambio Negro; Levantar reinvindicações
mais sentidas no bairro, como sejam: a falta de luz, d’água,
e a falta de saneamento e tudo quanto venha a prejudicar a
vida doméstica estendendo-se aos morros circunvizinhos;
levar à municipalidade as queixas das mais urgentes
necessidades; Conseguir mercadinhos, feira-livre,
caminhão de verduras e frutas e tudo que possa baratear a
vida do nosso bairro (até uma cooperativa). 2
É importante salientar que o Estatuto previa expressamente que os morros fossem
inseridos no rol de reinvindicações das uniões femininas. Devido às más condições de
moradia, falta de estrutura e uma falsa promessa de urbanização, fazia-se necessário
incluir como um objetivo a luta para a melhoria das condições de vida dos moradores de
favelas. As vereadoras comunistas, ligadas ao movimento das Uniões femininas, levaram
muitas vezes questões relacionadas às favelas para a Câmara do Distrito Federal.
Figura 6 - O Momento Feminino – Edição 5 - Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1947.
Podemos perceber através do levantamento do acervo sobre as Uniões Femininas
no APERJ e pelos jornais da época, uma forte ligação entre o Partido Comunista
2Pasta nº426 (União Feminina Pedro Ernesto e Ramos). Fundo PolPol do Arquivo Público do Estado do
Rio deJaneiro.
Brasileiro e as Uniões Femininas. As lideranças das Uniões Femininas, como a vereadora
Arcelina Mochel (vereadora pelo PCB), eram diretamente vinculados ao PCB.
Figura 9 - Pasta nº426 (União Feminina Pedro Ernesto e Ramos). Fundo PolPol do Arquivo Público do Estado do Rio
de Janeiro
Quando uma união feminina estava para ser inaugurada, a população do bairro era
convidada pelo jornal O Momento Feminino e pela coluna Movimento Feminino no
jornal Tribuna Popular. O jornal “O Momento Feminino” era o maior vinculador
deinformaçõessobre as legislações, a mobilização feminina e suas reinvindicações. O
jornal publicava convites de reuniões, festas, tardes dançantes, inaugurações em geral,
almoços com vereadoras, entre outros.
Figura 8 - Imagem Pasta nº425 (União Feminina Morro do Pinto). Fundo PolPol do Arquivo Público do Estado do
Rio de Janeiro.
Considerações Finais
As Uniões Femininas exerceram um papel importante na mobilização política na
cidade do Rio de Janeiro, reivindicando melhores condições de trabalho e de vida.Essas
Uniões possibilitavam uma maior instrução das mulheres, que descobriam o significado
e o valor de seu voto, sabendo assim eleger para os cargos de representação popular,
homens e mulheres que defendiam os interesses da coletividade e, sobretudo, a liberdade
do país. Nas eleições de 1947,o Partido Comunista Brasileiro compôs a maior parte
daCâmara Municipal, sendo eleitas as vereadoras Odila Michel Schimidt e Arcelina
Rodrigues Mochel, atuantes no Jornal O Momento Feminino. As mulheres, ao
conhecerem seus direitos e reivindicarem por esses, se tornam sujeito de sua própria
história. Podemos perceber a gênese do Movimento Feminista através das lutas das
Uniões Femininas.
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