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Livro de Adolf Hitler

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MEIN KAMPF(MINHA LUTA, de Adolf Hitler)PREFCIO No dia 1. de abril de 1924, por fora de sentena do Tribunal de Munique, tinha eu entrado no presdio militar de Landsberg sobre o Lech. Assim se me oferecia, pela primeira vez, depois de anos de ininterrupto trabalho, a possibilidade de dedicar-me a uma obra, por muitos solicitada e por mim mesmo julgada conveniente ao movimento nacional socialista. Decidi-me, pois, a esclarecer, em dois volumes, a finalidade do nosso movimento e, ao mesmo tempo, esboar um quadro do seu desenvolvimento. Nesse trabalho aprender-se- mais do que em uma dissertao puramente doutrinria. Apresentava-se-me tambm a oportunidade de dar uma descrio de minha vida, no que fosse necessrio compreenso do primeiro e do segundo volumes e no que pudesse servir para destruir o retrato lendrio da minha pessoa feito pela imprensa semtica. Com esse livro eu no me dirijo aos estranhos mas aos adeptos do movimento que ao mesmo aderiram de corao e que aspiram esclarecimentos mais substanciais. Sei muito bem que se conquistam adeptos menos pela palavra escrita do que pela palavra falada e que, neste mundo, as grandes causas devem seu desenvolvimento no aos grandes escritores mas aos grandes oradores. Isso no obstante, os princpios de uma doutrinao devem ser estabelecidos para sempre por necessidade de sua defesa regular e contnua. Que estes dois volumes valham como blocos com que contribuo construo da obra coletiva.O AUTORLandsberg sobre o LechPresdio MilitarDEDICATRIA No dia 9 de novembro de 1923, na firme crena da ressurreio do seu povo, s 12 horas e 30 minutos da tarde, tombaram diante do quartel general assim como no ptio do antigo Ministrio da Guerra de Munique os seguintes cidados: Alfarth (Felix). Negociante, nascido a 5 de julho de 1901. Bauriedl (Andreas). Chapeleiro, nascido a 4 de maio de 1879. Casella (Theodor). Bancrio, nascido a 8 de agosto de 1900. Ehrlich (Wilhelm). Bancrio, nascido a 19 de agosto de 1894. Faust (Martin). Bancrio, nascido a 27 de janeiro de 1901. Hechenberger (Ant.). Serralheiro, nascido a 28 de setembro de 1902. Krner (Oskar). Negociante, nascido a 4 de janeiro de 1875. Kuhn (Karl). Garo.Cehfe, nascido a 26 de julho de 1897. Laforce (Karl). Estudante de engenharia, nascido a 28 de outubro de 1904. Neubauer (Kurt). Domstico, nascido a 27 de maro de 1899. Pope (Claus von). Negociante, nascido a 16 de agsto de 1904. Pforden (Theodor von der). Membro do Supremo Tribunal, nascido a 14 de maio de 1873. Rickmers (Joh.). Capito de Cavalaria, nascido a 7 de maio de 1881. Scheubner-Richter (Max Erwin von). Engenheiro, nascido a 9 de janeiro de 1884. Stransky (Lorenz Ritter von). Engenheiro, nascido a 14 de maro de 1899. Wolf (Wilhelm). Negociante, nascido a 19 de outubro de 1898. As chamadas autoridades nacionais recusaram aos heris mortos um tmulo comum. Por isso eu lhes dedico, para a lembrana de todos, o primeiro volume desta obra, a fim de que esses mrtires iluminem para sempre os adeptos do nosso movimento. Landsberg sobre o Lech, Presdio Militar, 16 de outubro de 1924.Adolf HitlerI ParteCAPTULO I - NA CASA PATERNA Considero hoje como uma feliz determinao da sorte que Braunau no Inn tenha sido destinada para lugar do meu nascimento. Essa cidadezinha est situada nos limites dos dois pases alemes cuja volta unidade antiga vista, pelo menos por ns jovens, como uma questo de vida e de morte. A ustria alem deve voltar a fazer parte da grande Ptria germnica, alis sem se atender a motivos de ordem econmica. Mesmo que essa unio fosse, sob o ponto de vista econmico, incua ou at prejudicial, ela deveria realizar-se. Povos em cujas veias corre o mesmo sangue devem pertencer ao mesmo Estado. Ao povo alemo no assistem razes morais para uma poltica ativa de colonizao, enquanto no conseguir reunir os seus prprios filhos em uma ptria nica. Somente quando as fronteiras do Estado tiverem abarcado todos os alemes sem que se lhes possa oferecer a segurana da alimentao, s ento surgir, da necessidade do prprio povo, o direito, justificado pela moral, da conquista de terra estrangeira. O arado, nesse momento ser a espada, e, regado com as lgrimas da guerra, o po de cada dia ser assegurado posteridade. Por isso, essa cidadezinha da fronteira aparece aos meus olhos como o smbolo de uma grande misso. Sob certo aspecto, ela se apresenta como uma exortao nos tempos que correm. H mais de cem anos, esse modesto ninho, cenrio de uma tragdia cuja significao todo o povo alemo compreende, conquistou, pelo menos, na histria alem, o direito imortalidade. No tempo da maior humilhao infligida nossa Ptria, tombou ali, por amor sua idolatrada Alemanha, Johannes Palm, de Nuremberg, livreiro burgus, obstinado nacionalista e inimigo dos franceses. Tenazmente recusara-se, como Leo Schlagter, a denunciar os seus cmplices, ou melhor os cabeas do movimento. Como este, ele foi denunciado Frana, por um representante do governo. Um chefe de polcia de Ausburgo conquistou para si essa triste glria e serviu assim de modelo s autoridades alems no governo de Severing. Nessa cidadezinha do Inn, imortalizada pelo martrio de grandes alemes, bvara pelo sangue, austraca quanto ao governo, moravam meus pais no fim do ano 80 do sculo passado, meu pai como funcionrio pblico, fiel cumpridor dos seus deveres, minha me toda absorvida nos afazeres domsticos e, sobretudo, sempre dedicada aos cuidados da famlia. Na minha memria, pouco ficou desse tempo, pois, dentro de alguns anos, meu pai teve que deixar a querida cidadezinha e ir ocupar novo lugar em Passau, na prpria Alemanha. A sorte de empregado aduaneiro austraco se traduzia, naquele tempo, por uma constante peregrinao. Pouco tempo depois, meu pai foi para Linz, para onde finalmente se dirigiu tambm depois de aposentado. Essa aposentadoria no devia, porm, significar um verdadeiro descanso para o velho funcionrio. Filho de um pobre lavrador, j noutros tempos ele no tolerava a vida inativa em casa. Ainda no contava treze anos e j o jovem de ento fazia os seus preparativos e deixava a casa paterna no Waldviertel. Apesar dos conselhos em contrrio dos "experientes" moradores da aldeia, o jovem dirigiu-se para Viena, como objetivo de aprender um ofcio manual. Isso aconteceu entre 1850 e 1860. Arrojada resoluo essa de afrontar o desconhecido com trs florins para as despesas de viagem. Aos dezessete anos, tinha ele feito as provas de aprendiz. No estava, porm, contente. Muito ao contrrio. A longa durao das necessidades de outrora, a misria e o sofrimento constantes fortaleceram a resoluo de abandonar de novo o ofcio, para vir a ser alguma coisa mais elevada. Naquele tempo, aos olhos do pobre jovem, a posio de proco de aldeia parecia a mais elevada a que se podia aspirar; agora, porm, na esfera mais vasta da grande capital, a sua ambio maior era entrar para o funcionalismo. Com a tenacidade de quem, na meninice, j era um velho, por eleito da penria e das aflies, o jovem de dezessete anos insistiu na sua resoluo e tornou-se funcionrio pblico. Depois dos Vinte e trs anos, creio eu, estava atingido o seu objetivo. Parecia assim estar cumprida a promessa que o pobre rapaz havia feito, isto , de no voltar para a aldeia paterna sem que tivesse melhorado a sua situao. Agora estava atingido o seu ideal. Na aldeia, porm ningum mais dele se lembrava e a ele mesmo a aldeia se tornara desconhecida. Quando, aos cinqenta e seis anos, ele se aposentou, no pde suportar esse descanso na ociosidade. Comprou, ento, uma propriedade na vila de Lambach, na alta ustria, valorizou-a e voltou assim, depois de uma vida longa e trabalhosa, mesma origem dos seus pais. Nesse tempo, formavam-se no meu esprito os primeiros ideais. As correrias ao ar livre, a longa caminhada para a escola, as relaes com rapazes extremamente robustos - o que muitas vezes causava a minha me os maiores cuidados - esses hbitos me poderiam preparar para tudo menos para uma vida sedentria. Embora, mal pensasse ainda seriamente sobre a minha futura vocao, de nenhum modo as minhas simpatias se dirigiam para a linha de vida seguida por meu pai. Eu creio que j nessa. poca meu talento verbal se adestrava nas discusses com os camaradas. Eu me tinha tornado um pequeno chefe de motins, que, na escola, aprendia com facilidade, mas era difcil de ser dirigido. Quando, nas minhas horas livres, eu recebia lies de canto no coro paroquial de Lambach, tinha a melhor oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantssimas festas da igreja. Assim como meu pai via na posio de proco de aldeia o ideal na vida, a mim tambm a situao de abade pareceu a aspirao mais elevada. Pelo menos temporariamente isso se deu. Desde que meu pai, por motivos de fcil compreenso, no podia dar o devido apreo ao talento oratrio do seu bulhento filho, para da tirar concluses favorveis ao futuro do seu pimpolho, bvio que ele no concordasse com essas idias de mocidade. Apreensivo, ele observava essa disparidade da natureza. Na realidade a vocao temporria por essa profisso desapareceu muito cedo, para dar lugar a esperanas mais conformes com o meu temperamento. Revolvendo a biblioteca paterna, deparei com diversos livros sobre assuntos militares, entre eles uma edio popular da guerra franco-alem de 1870-1871. Eram dois volumes de uma revista ilustrada daquele tempo. Tornaram-se a minha leitura favorita. No tardou muito para que a grande luta de heris se transformasse para mim em um acontecimento da mais alta significao. Da em diante, eu me entusiasmava cada vez mais por tudo que, de qualquer modo, se relacionasse com guerra ou com a vida militar. Sob outro aspecto, isso tambm deveria vir a ser de importncia para mim. Pela primeira vez, embora ainda de maneira confusa, surgiu no meu esprito a pergunta sobre se havia alguma diferena entre estes alemes que lutavam e os outros e, em caso afirmativo, qual era essa diferena. Por que a ustria no combateu com a Alemanha nesta guerra? Por que meu pai e todos os outros no se bateram tambm? No somos iguais a todos os outros alemes? No formamos todos um corpo nico? Esse problema comeou, pela primeira vez, a agitar o meu esprito infantil. Com uma inveja intima, deveria s minhas cautelosas perguntas aceitar a resposta de que nem todo alemo possua a felicidade de pertencer ao imprio de Bismarck. Isso era inconcebvel para mim. Estava decidido que eu deveria estudar. Considerando o meu carter e, sobretudo o meu temperamento, pensou meu pai poder chegar concluso de que o curso de humanidades oferecia uma contradio com as minhas tendncias intelectuais. Pareceu-lhe que uma escola profissional corresponderia melhor ao caso. Nessa opinio, ele se fortaleceu ainda mais ante minha manifesta aptido para o desenho, matria cujo estudo, no seu modo de ver, era muito negligenciado nos ginsios austracos. Talvez estivesse tambm exercendo influncia decisiva nisso a sua difcil luta pela vida, na qual, aos seus olhos, o estudo de humanidades de pouca utilidade seria. Por princpio, era de opinio que, como ele, seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionrio pblico. Sua amarga juventude fez com que o xito na vida fosse por ele visto como tanto maior quanto considerava o mesmo como produto de uma frrea disposio e de sua prpria capacidade de trabalho. Era o orgulho do homem que se fez por si que o induzia a querer elevar seu filho a uma posio igual ou, se possvel, mais alta que a do seu pai, tanto mais quando por sua prpria diligncia, estava apto a facilitar de muito a evoluo deste. O pensamento de uma repulsa aquilo que, para ele, se tornou o objetivo de uma vida inteira, parecia-lhe inconcebvel. A resoluo de meu pai era, pois, simples, definida, clara e, a seus olhos, compreensvel por si mesma. Finalmente para o seu temperamento tornado imperioso atravs de uma amarga luta pela existncia, no decorrer da sua vida inteira, parecia coisa absolutamente intolervel, em tais assuntos, entregar a deciso final a um jovem que lhe parecia inexperiente e ainda sem responsabilidade. Seria impossvel que isso se coadunasse com a sua usual concepo do cumprimento do dever, pois representava uma diminuio reprovvel de sua autoridade paterna. Alm disso, a ele cabia a responsabilidade do futuro do seu filho. E, no obstante, coisa diferente deveria acontecer. Pela primeira vez na vida fui, mal chegava aos onze anos, forado a fazer oposio. Por mais firmemente decidido que meu pai estivesse na execuo dos planos e propsitos que se formara, no era menor a teimosia e a obstinao de seu filho em repelir um pensamento que pouco ou nada lhe agradava. Eu no queria ser funcionrio. Nem conselhos nem "srias" admoestaes conseguiram demover-me dessa oposio. Nunca, jamais, em tempo algum, eu seria funcionrio pblico. Todas as tentativas para despertar em mim o amor por essa profisso, inclusive a descrio da vida de meu pai, malogravam-se, produziam o efeito contrrio. Era para mim abominvel o pensamento de, como um escravo, um dia sentar-me em um escritrio, de no ser senhor do meu tempo mas, ao contrrio, limitar-me a ter como finalidade na vida encher formulrios! Que pensamento poderia isso despertar em um jovem que era tudo menos bom no sentido usual da palavra? O estudo extremamente fcil na escola proporcionava-me tanto tempo disponvel que eu era mais visvel ao ar livre do que em casa. Quando hoje, meus adversrios polticos examinam com carinhosa ateno a minha vida at aos tempos da minha juventude para, finalmente, poder apontar com satisfao os maus feitos que esse Hitler j na mocidade havia perpetrado, agradeo aos cus que agora alguma coisa me restitua memria daqueles tempos felizes. Campos e florestas eram outrora a sala de esgrima na qual as antteses de sempre vinham luz. Mesmo a freqncia escola profissional que se seguiu a isso em nada me serviu de estorvo. Uma outra questo deveria, porm, ser decidida. Enquanto a resoluo de meu pai de fazer-me funcionrio pblico encontrou em mim apenas uma oposio de princpios, o conflito foi facilmente suportvel. Eu podia, ento dissimular minhas idias ntimas, no sendo preciso contraditar constantemente. Para minha tranqilidade, bastava-me a firme deciso de no entrar de futuro para a burocracia. Essa resoluo era, porm, inabalvel. A situao agravou-se quando ao plano de meu pai eu opus o meu. Esse fato aconteceu j aos treze anos. Como isso se deu, no sei bem hoje, mas um dia pareceu-me claro que eu deveria ser artista, pintor. Meu talento para o desenho, inquestionavelmente, continuava a afirmar-se, e foi at uma das razes por que meu pai me mandou escola profissional sem contudo nunca lhe ter ocorrido dirigir a minha educao nesse sentido. Muito ao contrrio. Quando eu, pela primeira vez, depois de renovada oposio ao pensamento favorito de meu pai, fui interrogado sobre que profisso desejava ento escolher e quase de repente deixei escapar a firme resoluo que havia adotado de ser pintor, ele quase perdeu a palavra. "Pintor! Artista!" exclamou ele. Julgou que eu tinha perdido o juzo ou talvez que eu no tivesse ouvido ou entendido bem a sua pergunta. Quando compreendeu, porm, que no tinha havido mal-entendido, quando sentiu a seriedade da minha resoluo, lanou-se com a mais inabalvel deciso contra a minha idia. Sua resoluo era demasiado firme. Intil seria argumentar com as minhas aptides para essa profisso. "Pintor, no! Enquanto eu viver, nunca!" terminou meu pai. O filho que, entre outras qualidades do pai, havia herdado a teimosia, retrucou com uma resposta semelhante mas no sentido contrrio. Cada um ficou irredutvel no seu ponto de vista. Meu pai no abandonava o seu nunca e eu reforava cada vez mais o meu no obstante. As conseqncias disso no foram muito agradveis. O velho tornou-se irritado e eu tambm, apesar de gostar muito dele. Afastou-se para mim qualquer esperana de vir a ser educado para a pintura. Fui mais adiante e declarei ento absolutamente no mais estudar. Como eu, naturalmente, com essa declarao teria todas as desvantagens, pois o velho parecia disposto a fazer triunfar a sua autoridade sem consideraes de qualquer natureza, resolvi calar da por diante, convertendo, porm, as minhas ameaas em realidade. Acreditava que quando meu pai observasse a minha falta de aproveitamento na escola profissional, por bem ou por mal consentiria na minha sonhada felicidade. No sei se meus clculos dariam certo. A verdade que meu insucesso na escola verificou-se. S estudava o que me agradava, sobretudo aquilo de que eu poderia precisar mais tarde como pintor. O que me parecia sem significao para esse objetivo ou o que no me era agradvel, eu punha de lado inteiramente. Nesse tempo os meus certificados de estudos, apresentavam sempre notas extremas, de acordo com as matrias e o apreo em que eu as tinha. Digno de louvor e timo, de um lado; sofrvel ou pssimo do outro. Incomparavelmente melhores eram os meus trabalhos em geografia e, sobretudo, em histria. Eram essas as duas matrias favoritas, nas quais eu fazia progressos na classe. Quando, depois de muitos anos, examino o resultado daqueles tempos, vejo dois fatos de muita significao: 1. Tornei-me nacionalista. 2. Aprendi a entender a histria pelo seu verdadeiro sentido. A antiga ustria era um "estado de muitas nacionalidades". O cidado do imprio alemo, pelo menos outrora, no podia, em ltima anlise, compreender a significao desse fato na vida diria do indivduo, em um Estado assim organizado como a ustria. Depois do maravilhoso cortejo triunfal dos heris da guerra franco-prussiana, os alemes que viviam no estrangeiro eram vistos como cada vez mais estranhos vida da nao, que, em parte, no se esforavam por apreciar ou mesmo no o podiam. Confundia-se, na Alemanha, sobretudo em relao aos austro-alemes, a desmoralizada dinastia austraca com o povo que, na essncia, se mantinha so. No se concebe como o alemo na ustria - no fosse ele da melhor tmpera - pudesse possuir fora para exercer a sua influncia em um Estado de 52 milhes. No se concebe tambm, sem essa hiptese, que, at na Alemanha, se tenha formado a opinio errada de que a ustria era um Estado alemo, disparate de srias conseqncias que constitui, porm, um brilhante atestado em favor dos dez milhes de alemes da fronteira oriental. S hoje, que essa triste fatalidade caiu sobre muitos milhes dos nossos prprios compatriotas, que, sob o domnio estrangeiro, acham-se afastados da Ptria e dela se lembram com angustiosa saudade e se esforam por ter ao menos o direito sagrada lngua materna, compreende-se, em maiores propores, o que significa ser obrigado a lutar pela sua nacionalidade. S ento um ou outro poder, talvez, avaliar a grandeza do sentimento alemo na velha fronteira oriental, sentimento que se manteve por si mesmo, e que, durar te sculos, protegera o Reich na fronteira oriental para finalmente se resumir a pequenas guerras destinadas apenas a conservar as fronteiras da lngua. Isso se dava em um tempo em que o governo alemo se interessava por uma poltica colonial, enquanto se mantinha indiferente pela defesa da carne e do sangue de seu povo, diante de suas portas. Como sempre acontece em todas as lutas, havia na campanha pela lngua trs classes distintas: os lutadores, os indiferentes e os traidores. J na escola se comeava a notar essa separao, pois o mais digno de nota na luta pela lngua que justamente na escola, como viveiro das geraes futuras, que as ondas do movimento se fazem sentir mais vibrantes. Em torno da criana empenha-se a luta, e a ela dirigido o primeiro apelo: "Menino de sangue alemo, no te esqueas de que s um alemo; menina, pensa que um dia devers ser me alem". Quem conhece a alma da juventude poder compreender que so justamente os moos que com mais intensa alegria ouvem tal grito de guerra. De centenas de maneiras diferentes costumam eles dirigir essa luta em que empregam os seus prprios meios e armas. Eles evitam canes no alemes, entusiasmam-se pelos heris alemes, tanto mais quanto maior o esforo para deles afast-los, sacrificam o estmago para economizarem dinheiro para a luta dos grandes Em relao ao estudante no-alemo, so incrivelmente curiosos e ao mesmo tempo intratveis. Usam as insgnias proibidas da nao e sentem-se felizes em ser por isso castigados ou mesmo batidos. So, em pequenas propores, um quadro fiel dos grandes, freqentemente com melhores e mais sinceros sentimentos. A mim tambm se ofereceu outrora a possibilidade de, ainda relativamente muito jovem, tomar parte na luta pela nacionalidade da antiga ustria. Quando reunidos na associao escolar, expressvamos os nossos sentimentos usando lios e as cores preta, vermelha e ouro, que, entusiasticamente, saudvamos com urras. Em vez da cano imperial, cantvamos "Deutschland ber alles", apesar das admoestaes e dos castigos. A juventude era assim politicamente ensinada em um tempo em que os membros de uma soi-disant nacionalidade, na maioria da sua nacionalidade conhecia pouco mais do que a linguagem. Que eu ento no pertencia aos indiferentes, compreende-se por si mesmo. Dentro de pouco tempo, eu me tinha transformado em um fantico Nacional-Alemo, designao que, de nenhuma maneira, idntica concepo do atual partido com esse nome. Essa evoluo fez em mim progressos muito rpidos, tanto que, aos quinze anos, j tinha chegado a compreender a diferena entre patriotismo dinstico e nacionalismo racista. O ltimo conhecia eu, ento, muito mais. Para quem nunca se deu ao trabalho de estudar as condies internas da monarquia dos Habsburgos, um tal acontecimento poder no parecer claro. Somente as lies na escola sobre a histria universal deveriam, na ustria, lanar o germe desse desenvolvimento, mas s em pequenas propores existe uma histria austraca especfica. O destino desse Estado to intimamente ligado vida e ao crescimento do povo alemo, que uma separao entre a histria alem e a austraca parece impossvel. Quando, por fim, a Alemanha comeou a separar-se em dois Estados diferentes, at essa separao passou para a histria alem. As insgnias do Imperador, sinais do esplendor antigo do Imprio, preservadas em Viena, parecem atuar mais como um poder de atrao do que como penhor de uma eterna solidariedade.O primeiro grito dos austro-alemes, nos dias do desmembramento do Estado dos Habsburgos, no sentido de uma unio com a Alemanha, era apenas efeito de um sentimento adormecido mas de razes profundas no corao dos dois povos o anelo pela volta me-ptria nunca esquecida. Nunca seria isso, porm, compreensvel, se a aprendizagem histrica dos austro-alemes no fosse a causa de uma aspirao to geral. Ai est a fonte que nunca se estanca, a qual, sobretudo nos momentos de esquecimento, pondo de parte as delcias do presente, exorta o povo, pela lembrana do passado, a pensar em um novo futuro. O ensino da histria universal nas chamadas escolas mdias ainda hoje muito deixa a desejar. Poucos professores compreendem que a finalidade do ensino da histria no deve consistir em aprender de cor datas e acontecimentos ou obrigar o aluno a saber quando esta ou aquela batalha se realizou, quando nasceu um general ou quando um monarca quase sempre sem significao, ps sobre a cabea a coroa dos seus avs. No, graas a Deus no disso que se deve tr. Aprender histria quer dizer procurar e encontrar as foras que conduzem s causas das aes que vemos como acontecimentos histricos. A arte da leitura como da instruo consiste nisto: conservar o essencial, esquecer o dispensvel. Foi talvez decisivo para a minha vida posterior que me fosse dada a felicidade de ter como professor de histria um dos poucos que a entendiam por esse ponto de vista e assim a ensinavam. O professor Leopold Ptsch, da escola profissional de Linz, realizara esse objetivo de maneira ideal. Era ele um homem idoso, bom mas enrgico e, sobretudo pela sua deslumbrante eloqncia, conseguia no s prender a nossa ateno mas empolgar-nos de verdade. Ainda hoje, lembro-me com doce emoo do velho professor que, no calor de sua exposio, fazia-nos esquecer o presente, encantava-nos com o passado e do nevoeiro dos sculos retirava os ridos acontecimentos histricos para transform-los em viva realidade. Ns o ouvamos muitas vezes dominados pelo mais intenso entusiasmo, outras vezes comovidos at s lgrimas. O nosso contentamento era tanto maior quanto este professor entendia que o presente devia ser esclarecido pelo passado e deste deviam ser tiradas as conseqncias para dai deduzir o presente. Assim fornecia ele, muito freqentemente, explicaes para o problema do dia, que outrora nos deixava em confuso. Nosso fanatismo nacional de jovens era um recurso educacional de que ele, freqentemente apelando para o nosso sentimento patritico, se servia para completar a nossa preparao mais depressa do que teria sido possvel por quaisquer outros meios. Esse professor fez da histria o meu estudo favorito. Assim, j naqueles tempos, tornei-me um jovem revolucionrio, sem que fosse esse o seu objetivo. Quem, com um tal professor, poderia aprender a histria alem, sem ficar inimigo do governo que, de maneira to nefasta, exercia a sua influncia sobre os destinos da nao? Quem poderia, finalmente, ficar fiel ao imperador de uma dinastia que no passado e no presente sempre traiu os interesses do povo alemo, em beneficio de mesquinhos interesses pessoais? J no sabamos, ns jovens, que esse Estado austraco nenhum amor por ns possua e sobretudo no podia possuir? O conhecimento histrico da atuao dos Habsburgos foi reforado pela experincia diria. No norte e no sul, o veneno estrangeiro devorava o nosso sentimento racial, e at Viena tornava-se, a olhos vistos e cada vez mais, estranha ao esprito alemo. A Casa da ustria tchequizava-se, por toda parte, e foi por efeito do punho da deusa do direito eterno e da inexorvel lei de Talio que o inimigo mortal da ustria alem, arquiduque Franz Ferdinando, foi vtima de uma bala que ele prprio havia ajudado a fundir. Era ele o patrono da eslavizao da ustria, que se operava de cima para baixo, por todas as formas possveis. Enormes foram os nus que se exigiam do povo alemo, inauditos os seus sacrifcios em impostos e em sangue, e, no obstante, quem quer que no fosse cego, deveria reconhecer que tudo isso seria intil. O que nos era mais doloroso era o fato de ser esse sistema moralmente protegido pela aliana com a Alemanha, e que a lenta extirpao do sentimento alemo na velha monarquia at certo ponto tinha a sano da prpria Alemanha. A hipocrisia dos Habsburgos com a qual se pretendia dar no exterior a aparncia de que a ustria ainda era um Estado alemo, fazia crescer o dio contra a Casa Austraca, at atingir a indignao e, ao mesmo tempo, o desprezo. S no Reich os j ento predestinados" nada viam de tudo isso. Como atingidos pela cegueira, caminhavam eles ao lado de um cadver e, nos sinais da decomposio, acreditavam descobrir indcios de nova vida. Na fatal aliana do jovem imprio alemo com o arremedo de Estado austraco estava o germe da Grande Guerra, mas tambm o do desmembramento. No decurso deste livro terei que me ocupar mais demoradamente deste problema. Basta que aqui se constate que, j nos primeiros anos da juventude, eu havia chegado a uma opinio que nunca mais me abandonou, mas, pelo contrrio, cada vez mais se fortificou. E essa era que a segurana do germanismo pressupunha a destruio da ustria e que o sentimento nacional no era idntico ao patriotismo dinstico e que, antes de tudo, a Casa dos Habsburgos estava destinada a fazer a infelicidade do povo alemo. Dessa convico eu j tinha outrora tirado as conseqncias: amor ao meu bero austro-alemo, profundo dio contra o governo austraco. A arte de pensar pela histria, que me tinha sido ensinada na escola, nunca mais me abandonou. A histria universal tornou-se para mim, cada vez mais, uma fonte inesgotvel de conhecimentos para agir no presente, isto , para a poltica. Eu no quero aprender a histria por si, mas, ao contrrio, quero que ela me sirva de ensinamento para a vida. Assim como logo cedo tornei-me revolucionrio, tambm tornei-me artista. A capital da alta ustria possua outrora um teatro que no era mau. Nle se representava quase tudo. Aos doze anos, vi pela primeira vez "Guilherme Te!!" e, alguns meses depois, "Lohengrin", a primeira pera que assisti na minha vida. Senti-me imediatamente cativado pela msica. O entusiasmo juvenil pelo mestre de Bayreuth no conhecia limites. Cada vez mais me sentia atrado pela sua obra, e considero hoje uma felicidade especial que a maneira modesta por que foram as peas representadas na capital da provncia me tivesse deixado a possibilidade de um aumento de entusiasmo em representaes posteriores mais perfeitas. Tudo isso fortificava minha profunda averso pela profisso que meu pai me havia escolhido. Essa averso cresceu depois de passados os dias da meninice, que para mim foram cheios de pesares. Cada vez mais eu me convencia que nunca seria feliz como empregado pblico. Depois que, na escola profissional, meus dotes de desenhista se tornaram conhecidos, a minha resoluo ainda mais se afirmou. Nem pedidos nem ameaas seriam capazes de modificar essa deciso. Eu queria ser pintor e, de modo algum, funcionrio pblico. E, coisa singular, com o decorrer dos anos aumentava sempre o meu interesses pela arquitetura. Eu considerava isso, outrora, como um natural complemento da minha inclinao para a pintura e regozijava-me intimamente com esse desenvolvimento da minha formao artstica. Que outra coisa, contrrio a isso, viesse acontecer, no previa eu. O problema da minha profisso devia, porm, ser decidido mais rapidamente do que eu supunha. Aos treze anos perdi repentinamente meu pai. Ainda muito vigoroso, foi vtima de um ataque apopltico que, sem provocar-lhe nenhum sofrimento, encerrou a sua peregrinao na terra, mergulhando-nos na mais profunda dor. O que mais almejava, isto , facilitar a existncia de seu filho, para poupar-lhe a vida de dificuldades que ele prprio experimentara, no havia sido alcanado, na sua opinio. Apenas sem o saber, ele lanou as bases de um futuro que no havamos previsto, nem ele, nem eu. Aparentemente, a situao no se modificou logo. Minha me sentia-se no dever de, conforme aos desejos de meu pai, continuar minha educao, isto , fazer-me estudar para a carreira de funcionrio. Eu, porm, estava ainda mais decidido do que antes, a no ser burocrata, sob condio alguma. A proporo que a escola mdia, pelas matrias estudadas ou pela maneira de ensin-las, afastava-se do meu ideal, eu me tornava indiferente ao estudo. Inesperadamente, uma enfermidade veio em meu auxlio e, em poucas semanas, decidiu do meu futuro, pondo termo constante controvrsia na casa paterna. Uma grave afeco pulmonar fez com que o mdico aconselhasse a minha me, com o maior empenho, a no permitir absolutamente. que, de futuro, eu me entregasse a trabalhos de escritrio. A freqncia escola profissional deveria tambm ser suspensa pelo menos por um ano. Aquilo que eu, durante tanto tempo, almejava, e por que tanto me tinha batido, ia, por fora desse fato, uma vez por todas, transformar-se em realidade. Sob a impresso da minha molstia, minha me consentiu finalmente em tirar-me, tempos depois, da escola profissional e em deixar-me freqentar a Academia.Foram os dias mais felizes da minha vida, que me pareciam quase que um sonho e na realidade de sonho no passaram. Dois anos mais tarde, o falecimento de minha me dava a esses belos projetos um inesperado desenlace. A sua morte se deu depois de uma longa e dolorosa enfermidade que, logo de comeo, pouca esperana de cura oferecia. No obstante isso, o golpe atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu pai, mas por minha me tinha verdadeiro amor. A pobreza e a dura realidade da vida foraram-me a tomar uma rpida resoluo. Os pequenos recursos econmicos deixados por meu pai foram quase esgotados durante a grave enfermidade de minha me. A penso que me coube como rfo, no era suficiente nem para as necessidades mais imperiosas. Estava escrito que eu, de uma maneira ou de outra, deveria ganhar o po com o meu trabalho. Tendo na mo unia pequena mala de roupa e, no corao, uma vontade imperturbvel, viajei para Viena. O que meu pai, cinqenta anos antes, havia conseguido, esperava eu tambm obter da sorte. Eu queria tornar-me "algum", mas, em caso algum, empregado pblico.CAPTULO II - ANOS DE APRENDIZADO E DE SOFRIMENTO EM VIENA Quando minha me morreu, meu destino sob certo aspecto j se tinha decidido. Nos seus ltimos meses de sofrimento eu tinha ido a Viena para fazer exame de admisso Academia. Armado de um grosso volume de desenhos, dirigi-me capital austraca convencido de poder facilmente ser aprovado no exame. Na escola profissional eu j era sem nenhuma dvida, o primeiro aluno de desenho da minha classe. Daquele tempo para c a minha aptido se tinha desenvolvido extraordinariamente. de maneira que, contente comigo mesmo, esperava, orgulhoso e feliz, obter o melhor resultado da prova a que me ia submeter. S uma coisa me afligia: meu talento para a pintura parecia sobrepujado pelo talento para o desenho, sobretudo no domnio da arquitetura. Ao mesmo tempo, crescia cada vez mais meu interesses pela arte das construes. Mais vivo ainda se tornou esse interesse quando, aos dezesseis anos incompletos, fiz minha primeira visita a Viena, visita que durou duas semanas. Ali fui para estudar a galeria de pintura do "Hofmuseum", mas quase s me interessava o prprio edifcio do museu. Passava o dia inteiro, desde a manh at tarde da noite, percorrendo com a vista todas as raridades nele contidas, mas, na realidade, as construes que mais me prendiam a ateno. Durante horas seguidas, ficava diante da pera ou admirando o edifcio de Parlamento. A "Ringstrasse" atuava sobre mim como um conto de mil-e-uma noites. Achava-me agora, pela segunda vez, na grande cidade, e esperava com ardente impacincia, e, ao mesmo tempo, com orgulhosa confiana, o resultado do meu exame de admisso. Estava to convencido do xito do meu exame que a reprovao que me anunciaram feriu-me como um raio que casse de um cu sereno. Era, no entanto, uma pura verdade. Quando me apresentei ao diretor para pedir-lhe os motivos da minha no aceitao escola pblica de pintura, assegurou-me ele que, pelos desenhos por mim trazidos, evidenciava-se a minha inaptido para a pintura e que a minha vocao era visivelmente para a arquitetura. No meu caso, acrescentou ele, o problema no era de escola de pintura mas de escola de arquitetura. No se pode absolutamente compreender, em face disso, que eu at hoje no tenha freqentado nenhuma escola de arquitetura nem mesmo tomado sequer uma lio. Abatido, deixei o magnfico edifcio da "Shillerplatz", sentindo-me. pela primeira vez na vida, em luta comigo mesmo. O que o diretor me havia dito a respeito da minha capacidade agiu sobre mim como um raio deslumbrante a revelar uma luta ntima, que, de h muito, eu vinha sofrendo, sem at ento poder dar-me conta do porqu e do como. Em pouco tempo, convenci-me de que um dia eu deveria ser arquiteto. O caminho era,ola profissional, eu havia conhecido um jovem judeu que era tratado por ns com certa preveno, mas isso somente porque no tnhamos confiana nele, devido ao seu todo taciturno e a vrios fatos que nos haviam escarmentado. Nem a mim nem aos outros despertou isso quaisquer reflexes. S dos meus quatorze para os quinze anos deparei freqentemente com a palavra judeu, ligada em parte a conversas sobre assuntos polticos. Sentia contra isso uma ligeira repulsa e no podia evitar essa impresso desagradvel que, alis, sempre se apoderava de mim quando discusses religiosas se travavam na minha presena. Nesse tempo eu no via a questo sob qualquer outro aspecto. Em Linz havia muito poucos judeus. Com o decorrer dos sculos, o aspecto do judeu se havia europeizado e ele se tornara parecido com gente. Eu os tinha por alemes, No me era possvel compreender o erro desse julgamento, porque o nico trao diferencial que neles via era o aspecto religioso diferente do nosso. Minha condenao a manifestaes contrrias a eles, a perseguio que se lhes movia, por motivos de religio como eu acreditava, levavam-me irritao, Eu no pensava absolutamente na existncia de um plano regular de combate aos judeus. Com essas idias vim para Viena. Absorvido pela avalancha de impresses que a arquitetura despertava, abatido pelo peso da minha prpria sorte, eu no tinha olhos para observar a estrutura da populao da grande cidade. Embora Viena, j naquele tempo, possusse duzentos mil judeus em uma populao de dois milhes, no me apercebi desse fato. Nas primeiras semanas, os meus sentidos no puderam abarcar o conjunto de tantos valores e idias novas. S depois que, pouco a pouco, a serenidade voltou e as imagens confusas dos primeiros tempos comearam a esclarecer-se, que mais acuradamente pude ver em torno de mim o novo mundo que me cercava e, ento, deparei tambm com o problema judaico. No quero afirmar que a maneira por que eu os conheci me tenha sido particularmente agradvel. Eu s via no judeu o lado religioso. Por isso, por uma questo de tolerncia, considerava injusta a sua condenao por motivos religiosos. O tom, sobretudo da imprensa anti-semtica de Viena, parecia me indigno das tradies de cultura de um grande povo, Causava-me mal-estar a lembrana de certos fatos da Idade Mdia, cuja reproduo no desejava ver. Como esses jornais no valiam grande coisa - e a razo disso eu ento no conhecia - via neles mais o produto de mesquinha inveja do que o resultado de uma questo de princpios, embora falsos. Fortaleci-me nessa maneira de pensar pela forma infinitamente mais digna (assim pensava eu ento) por que a grande imprensa respondia a todos esses ataques ou - o que me parecia de mais mrito ainda pelo silncio de morte em que se mantinha. Lia com fervor a chamada grande imprensa ("Neue Freie Presse", "Wiener Tageblatt", etc.) e ficava admirado ante a extenso dos assuntos que oferecia ao leitor assim como diante da objetividade das suas manifestaes em cada caso particular. Apreciava o seu estilo elegante, distinto. Os exageros de forma no me agradavam, chocavam-me. Porque eu tenha visto Viena assim, apresento como desculpa o esclarecimento que me dei a mim mesmo. O que repetidamente me causava repugnncia era a maneira indigna pela qual a imprensa bajulava a corte. No havia acontecimento na corte que no fosse comunicado aos leitores em tom do mais intenso entusiasmo ou da mais lamurienta consternao, prtica essa que, mesmo tratando-se do "mais sbio monarca" de todos os tempos, podia ser comparada aos excessos incontidos de um galo silvestre. Isso me parecia exagerado e era por mim visto como uma mancha para a Democracia liberal. Pretender as graas desta corte e de maneira to indigna era o mesmo que trair a dignidade da nao. Esta foi a primeira sombra que devia perturbar as minhas afinidades espirituais com a grande imprensa de Viena. Como sempre, tambm em Viena, eu acompanhava todos os acontecimentos da Alemanha com o maior ardor, quer se tratasse de questes polticas ou de problemas culturais. Com uma admirao a que se juntava o maior orgulho, eu comparava a elevao do Reich com a decadncia do Estado austraco, Enquanto os acontecimentos da poltica externa, na sua maior parte, provocavam geral contentamento, a poltica interna freqentemente dava margem a sombrias aflies. A campanha que, naquele tempo, se movia contra Guilherme II, no tinha a minha aprovao, Nele eu no via s o Imperador dos Alemes mas tambm o criador da frota alem. A imposio feita pelo Reichstag de no permitir ao Kaiser fazer discursos indignava-me de modo to extraordinrio, porque essa proibio partia de uma fonte que, aos meus olhos, nenhuma autoridade possua, atendendo a que, em um s perodo de sesso, esses gansos do parlamento haviam grassitado mais idiotices do que o poderia fazer, durante sculos, uma inteira dinastia de imperadores, dado o seu muito menor nmero. Eu me encolerizava com o fato de, em um pas em que qualquer imbecil no s reivindicava para si o direito de crtica mas, no Parlamento, tinha at a permisso de decretar leis para a Ptria, o detentor da coroa imperial pudesse receber admoestaes da mais superficial das instituies de palavrrio de todos os tempos. Irritava-me ainda mais com o fato de ver que a mesma imprensa "vienense" que, diante de um cavalo da corte, se desfazia nas mais respeitosas mesuras a um acidental movimento da cauda do mesmo, aparentando cuidados que para mim no passavam de mal encoberta maldade, pudesse exprimir o seu pensamento contra o imperador dos alemes! Em tais casos o sangue me subia cabea. Foi isso o que, pouco a pouco, me fez olhar com mais ateno a grande imprensa. Fui forado a reconhecer uma vez que um dos jornais anti-semticos, o "Deutsche Volksblatt", em uma oportunidade idntica, portara se de maneira mais decente. O que tambm me enervava era a nojenta bajulao com que a grande imprensa se referia Frana. ramos forados a nos envergonhar de sermos alemes quando nos chegavam aos ouvidos esses aucarados hinos de louvor "grande nao da cultura". Essa lastimvel galomania mais de uma vez me levou a deixar cair das mos um desses grandes jornais. Freqentemente, procurava o "Volksblatt" que, apesar de muito menor, parecia-me mais limpo nesses assuntos. No concordava com a sua atitude radicalmente anti-semtica, mas, de vez em quando, eu encontrava argumentaes que me faziam refletir. De qualquer modo, por meio de "Volksblatt", eu pude conhecer aos poucos o homem e o movimento de que dependiam a sorte de Viena: o Dr. Karl Lueger e o Partido Social Cristo. Quando vim para Viena era francamente contrrio a ambos. O movimento e o seu lder me pareciam reacionrios. O habitual sentimento de justia deveria, porm, modificar esse julgamento, proporo que se me oferecia oportunidade de conhecer o homem e a sua atuao. Com o tempo, tornei-me de franco entusiasmo por ele. Hoje, vejo-o, mais do que antes, como o mais forte burgo-mestre alemo de todos os tempos, Quantas de minhas arraigadas convices caram por terra com essa mudana de modo de ver a respeito do movimento social-cristo! A minha maior metamorfose foi, porm, a que experimentei em relao ao movimento anti-semtico. Isso me custou, durante meses, as maiores lutas ntimas, entre os meus sentimentos e as minhas idias, luta em que as idias acabaram por triunfar. Por ocasio dessa spera luta entre a educao sentimental e a razo pura, a observao da vida de Viena prestou-me servios inestimveis. Eu j no errava pelas ruas da importante cidade como um cego que nada v. Com os olhos bem abertos, observava no mais somente os monumentos arquitetnicos mas tambm os homens. Um dia em que passeava pelas ruas centrais da cidade, subitamente deparei com um indivduo vestido em longo caftan e tendo pendidos da cabea longos caches pretos. Meu primeiro pensamento foi: isso um judeu? Em Linz eles no tinham as caractersticas externas da raa. Observei o homem, disfarada mas cuidadosamente, e quanto mais eu contemplava aquela estranha figura, examinando-a trao por trao, mais me perguntava a mim mesmo: isso tambm um alemo? Como acontecia sempre em tais ocasies, tentei remover as minhas dvidas recorrendo aos livros. Pela primeira vez na minha vida, comprei, por poucos pfennigs, alguns panfletos anti-semticos. Infelizmente, todos partiam do ponto de vista de j ter o leitor algum conhecimento da questo semtica. O tom da maior parte desses folhetos era tal que, de novo, fiquei em dvida. As suas afirmaes eram apoiadas em argumentos to superficiais e anticientficos que a ningum convenciam. Durante semanas, talvez meses, permaneci na situao primitiva. O assunto parecia-me to vasto, as acusaes to excessivas, que, torturado pelo receio de fazer uma injustia, de novo fiquei em um estado de incerteza e ansiedade. No me era lcito duvidar que, no caso, no se tratava de uma questo religiosa, mas de raa, pois logo que comecei a estudar o problema e a observar os judeus, Viena apareceu-me sob um aspecto diferente. J agora, para qualquer parte que me dirigisse, eu via judeus e quanto mais os observava mais firmemente convencido ficava de que eles eram diferentes das outras raas. Sobretudo no centro da cidade e na parte norte do canal do Danbio, notava-se um verdadeiro enxame de indivduos que, por seu aspecto exterior, em nada se pareciam com os alemes. Mesmo, porm, que me assaltassem ainda algumas dvidas, todas as hesitaes se dissipavam em face da atitude de uma parte dos judeus. Surgiu entre eles um grande movimento de vasta repercusso em Viena que muito concorreu para um juzo seguro sobre o carter racial dos judeus. esse movimento foi o Sionismo. Parecia, primeira vista, que s uma parte dos judeus aprovava essa atitude e que a grande maioria condenava aquele princpio e o rejeitava decididamente. Aps observao mais acurada, verificava-se que essa aparncia se traduzia em um misto de teorias, para no dizer de mentiras, apresentadas por motivos tcitos, pois o chamado judeu liberal rejeitava os pontos de vista dos sionistas, no porque esses fossem no judeus mas porque eram judeus que pertenciam a um credo pouco prtico e talvez mesmo perigoso para o prprio judasmo. Essa discrdia em nada alterava, porm, a solidariedade ntima entre os adversrios. A luta aparente entre os sionistas e os judeus liberais muito cedo me despertou nojo. Comecei a v-la como hipcrita, uma deslavada misria, de comeo a fim, e, sobretudo, indignada da to proclamada pureza moral desse povo. De mais a mais, essa pureza moral ou de qualquer outra natureza era uma questo discutvel. Que eles no eram amantes de banhos podia-se assegurar pela simples aparncia. Infelizmente no raro se chegava a essa concluso at de olhos fechados, Muitas vezes, posteriormente, senti nuseas ante o odor desses indivduos vestidos de caftan. A isso se acrescentem as roupas sujas e a aparncia acovardada e tem-se o retrato fiel da raa. Tudo isso no era de molde a atrair simpatia. Quando, porm, ao lado dessa imundcie fsica, se descobrissem as ndoas morais, maior seria a repugnncia. Nada se afirmou em mim to depressa como a compreenso, cada vez mais completa, da maneira de agir dos judeus em determinados assuntos. Poderia haver uma sujidade, uma impudncia de qualquer natureza na vida cultural da nao em que, pelo menos um judeu, no estivesse envolvido? Quem, cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso to fatal como a existncia de vermes nos corpos putrefatos. O judasmo provocou em mim forte repulsa quando consegui conhecer suas atividades, na imprensa, na arte, na literatura e no teatro. Protestos moles j no podiam ser aplicados. Bastava que se examinassem os seus cartazes e se conhecessem os nomes dos responsveis intelectuais pelas monstruosas invenes no cinema e no drama, nas quais se reconhecia o dedo do judeu, para que se ficasse por muito tempo revoltado. Estava-se em face de uma peste, peste espiritual, pior do que a devastadora epidemia de 1348, conhecida pelo nome de Morte Negra. E essa praga estava sendo inoculada na nao. Quanto mais baixo o nvel intelectual e moral desses industriais da Arte, tanto mais ilimitada a sua atuao, pois at os garotos, transformados, em verdadeiras mquinas, espalham essa sujeira entre os seus camaradas. Reflita-se tambm no nmero ilimitado das pessoas contagiadas por esse processo, Pense-se em que, para um gnio como Goethe, a natureza lana no mundo dezenas de milhares desses escrevinhadores que, portadores de bacilos da pior espcie, envenenam as almas. horrvel constatar, - mas essa observao no deve ser desprezada.-.ser justamente o judeu que parece ter sido escolhido pela natureza para essa ignominiosa tarefa. Dever-se-ia procurar na ignomnia dessa misso o motivo de haver essa escolha recado nos judeus? Comecei a estudar cuidadosamente os nomes de todos os criadores dessas podrides artsticas fornecidas ao povo. O resultado foi aumentar as minhas prevenes na atitude em relao aos judeus. Por mais que isso contrariasse meus sentimentos, eu era arrastado pela razo a tirar as minhas concluses do que observava. No se podia negar - porque era uma realidade - o fato de correrem por conta dos judeus nove dcimos da sordidez e dos disparates da literatura, da arte e do teatro, fato esse tanto mais grave quanto sabido que esse povo representa um centsimo da populao do pas. Comecei tambm a examinar debaixo do mesmo ponto de vista a grande imprensa de minha predileo. proporo que o meu exame se aprofundava diminua o motivo de minha antiga admirao por essa imprensa. O estilo desses jornais era insuportvel, as idias eu as repelia por superficiais e banais e as afirmaes pareciam aos meus olhos conter mais mentiras do que verdades honestas. E os editores dessa imprensa eram judeus! Muitas coisas que at ento quase me passavam despercebidas agora me chamavam a ateno como dignas de ser observadas, outras que j tinham sido objeto de minhas reflexes passaram a ser melhor compreendidas. Comecei a ver sob outra luz as opinies liberais desses peridicos. O tom de distino das rplicas aos ataques, assim como o seu completo silncio em certos assuntos, revelavam-se agora como truques inteligentes e vis. As suas brilhantes criticas teatrais sempre favoreciam os autores judeus e as apreciaes desfavorveis s atingiam os autores alemes. Suas ligeiras alfinetadas contra Guilherme II, assim como os elogios cultura e civilizao francesa, evidenciavam a persistncia nos seus mtodos. O contedo das novelas era de repelente imoralidade e na linguagem via-se claramente o dedo de um povo estrangeiro. O sentido geral dos seus escritos era to evidentemente depreciador de tudo quanto era alemo, que no se podia deixar de nisso ver uma inteno deliberada. Quem teria interesses nessa campanha? Seria tanta coincidncia mero acaso? A dvida foi crescendo em meu esprito. Essa evoluo mental precipitou-se com a observao de outros fatos, com o exame dos costumes e da moral seguidos pela maior parte dos judeus. Aqui ainda foi o espetculo das ruas de Viena que me proporcionou mais uma lio prtica. As ligaes dos judeus com a prostituio e sobretudo com o trfico branco podiam ser estudadas em Viena, melhor do que em qualquer cidade da Europa ocidental, como exceo, talvez, dos portos do sul da Frana. Quem noite passeasse pelas ruas e becos de Viena seria, quer quisesse quer no, testemunha de fatos que se conservaram ocultos a grande parte do povo alemo, at que a Guerra deu aos lutadores oportunidade de poderem, ou melhor, de serem obrigados a assistir a cenas semelhantes. Quando, pela primeira vez, vi o judeu envolvido, como dirigente frio, inteligente e sem escrpulos, nessa escandalosa explorao dos vcios do rebotalho da grande cidade, passou-me um calafrio pelo corpo, logo seguido de um sentimento de profunda revolta. Ento no mais evitei a discusso sobre o problema semtico. Como procurava aprender a vida cultural e artstica dos judeus sob todos os aspectos, encontrei-os em uma atividade que jamais me tinha passado pela mente. Agora que me tinha assegurado de que os judeus eram os lderes da social-democracia, comecei a ver tudo claro. A longa luta que mantive comigo mesmo havia chegado ao seu ponto final. Nas relaes dirias com os meus companheiros de trabalho, j minha ateno tinha sido despertada pelas suas surpreendentes mutaes, a ponto de tomarem posies diferentes em torno de um mesmo problema, no espao de poucos dias e, s vezes, de poucas horas. Dificilmente eu podia compreender como homens que, tomados isoladamente, possuem viso racional das coisas, perdem-na de repente, logo que se pem em contato com as massa. Era motivo para duvidar de seus propsitos. Quando, depois de discusses que duravam horas inteiras, eu me tinha convencido de haver afinal esclarecido um erro e j exultava com a vitria, acontecia que, com pesar meu, no dia seguinte, tinha de recomear o trabalho, pois tudo tinha sido debalde. Como um pndulo em movimento, que sempre volta para as mesmas posies, assim acontecia com os erros combatidos, cuja reapario era sempre fatal. Assim pude compreender: 1. que eles no estavam satisfeitos com a sorte que to spera lhes era; 2. que odiavam os empregadores que lhes pareciam os responsveis por essa situao; 3. que injuriavam as autoridades que lhes pareciam indiferentes ante a sua deplorvel situao; 4. que faziam demonstraes nas ruas sobre a questo dos preos dos gneros de primeira necessidade. Tudo isso podia-se ainda compreender, pondo-se a razo de lado. O que, porm, era incompreensvel era o dio sem limites sua prpria nao, o achincalhamento das suas grandezas, a profanao da sua histria, o enlameamento dos seus grandes homens. Essa revolta contra a sua prpria espcie, contra a sua prpria casa, contra o seu prprio torro natal, era sem sentido, inconcebvel e contra a natureza. Durante dias, no mximo semanas, conseguia-se livr-los desse erro Quando, mais tarde, encontrvamos o pretenso convertido, j os antigos erros de novo se haviam apoderado de seu esprito. A monstruosidade tinha tomado posse de sua vtima. Pouco a pouco, compreendi que a imprensa social-democrtica era, na sua grande maioria, controlada pelos judeus. Liguei pouca importncia a esse fato que, alis, se verificava com os outros jornais. Havia, porm, um fato significativo: nenhum jornal em que os judeus tinham ligaes poderia ser considerado como genuinamente nacional, no sentido em que eu, por influncia de minha educao, entendia essa palavra. Vencendo a minha relutncia, tentei ler essa espcie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e verifiquei que, a comear pelos editores, todos eram judeus. Examinei todos os panfletos sociais-democrticos que pude conseguir e, invariavelmente, cheguei mesma concluso: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes de quase todos os lderes e, na sua grande maioria, eram do "povo escolhido", quer se tratasse de membros do "Reichscrat", de secretrios dos sindicatos, de presidentes de associaes ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se sempre a mesma sinistra figura do judeu. Os nomes de Austerlitz, David, Adler, Ellenbogen etc., ficaro eternamente na minha memria. Uma coisa tornou-se clara para mim. Os lderes do Partido Social Democrata, com os pequenos elementos do qual eu tinha estado em luta durante meses, eram quase todos pertencentes a uma raa estrangeira, pois para minha satisfao ntima, convenci-me de que o judeu no era alemo. S ento compreendi quais eram os corruptores do povo. Um ano de estadia em Viena tinha sido suficiente para dar-me a certeza de que nenhum trabalhador deveria persistir na teimosia de no se preocupar com a aquisio de um conhecimento mais certo das condies sociais. Pouco a pouco, familiarizei-me com a sua doutrina e dela me utilizava como instrumento para a formao de minhas convices ntimas. Quase sempre a vitria se decidia para o meu lado. Todo esforo devia ser tentado para salvar as massas, ainda com grandes sacrifcios de tempo e de pacincia. Do lado dos judeus nenhuma esperana havia, porm, de libert-los de um modo de encarar as coisas. Nesse tempo, na minha ingenuidade de jovem, acreditei poder evidenciar os erros da sua doutrina. No pequeno crculo em que agia, esforava-me, por todos os meios ao meu alcance, por convenc-los da perniciosidade dos erros do marxismo e pensava atingir esse objetivo, mas o contrrio o que acontecia sempre. Parecia que o exame cada vez mais profundo da atuao deletria das teorias sociais democrticas nas suas aplicaes servia apenas para tornar ainda mais firmes as decises dos judeus. Quanto mais eu contendia com eles, melhor aprendia a sua dialtica. Partiam eles da crena na estupidez dos seus adversrios e quando isso no dava resultado fingiam-se eles mesmos de estpidos. Se falhavam esses recursos, eles se recusavam a entender o que se lhes dizia e, de repente, pulavam para outro assunto, saam-se com verdadeiros truismos que, uma vez aceitos, tratavam de aplicar em casos inteiramente diferentes. Ento quando, de novo, eram apanhados no prprio terreno que lhes era familiar, fingiam fraqueza e alegavam no possuir conhecimentos preciosos. Por onde quer que se pegassem esses apstolos, eles escapuliam como enguias das mos dos adversrios. Quando, um deles, na presena de vrios observadores, era derrotado to completamente que no tinha outra sada seno concordar, e que se pensava haver dado um passo para a frente, experimentava-se a decepo de, no dia seguinte, ver o adversrio admirado de que assim se pensasse. O judeu esquecia inteiramente o que se lhe havia dito na vspera e repetia os mesmos antigos absurdos, como se nada, absolutamente nada, houvesse acontecido. Fingia-se encolerizado, surpreendido e, sobretudo, esquecido de tudo, exceto de que o debate tinha terminado por evidenciar a verdade de suas afirmaes. Eu ficava pasmo. No se sabia o que mais admirar, se a sua loquacidade, se o seu talento na arte de mentir. Gradualmente comecei a odi-los. Tudo isso tinha, porm, um lado bom. Nos crculos em que os adeptos, ou pelo menos os propagadores da social-democracia, caam sob as minhas vistas, crescia o meu amor pelo meu prprio povo. Quem poderia honestamente anatematizar as infelizes vtimas desses corruptores do povo, depois de conhecer-lhes as diablicas habilidades? Como era difcil, at mesmo a mim, dominar a dialtica de mentiras dessa raa! Quo impossvel era qualquer xito nas discusses com homens que invertem todas as verdades, que negam descaradamente o argumento ainda h pouco apresentado para, no minuto seguinte, reivindic-lo para si! Quanto mais eu me aprofundava no conhecimento da psicologia dos judeus, mais me via na obrigao de perdoar aos trabalhadores. Aos meus olhos, a culpa maior no deve recair sobre os operrios mas sim sobre todos aqueles que acham no valer a pena compadecer-se da sua sorte, com estrita justia dar aos filhos do povo o que lhes devido, mas poupar os que os desencaminham e corrompem. Levado pelas lies da experincia de todos os dias, comecei a pesquisar as fontes da doutrina marxista. Em casos individuais, a sua atuao me parecia clara. Diariamente, eu observava os seus progressos e, com um pouco de imaginao, podia avaliar as suas conseqncias. A nica questo a examinar era saber se os seus fundadores tinham presente no esprito todos os resultados de sua inveno ou se eles mesmos eram vitimas de um erro. As duas hipteses me pareciam possveis. No primeiro caso, era dever de todo ser pensante colocar-se frente da reao contra esse desgraado movimento, para evitar que chegasse s suas extremas conseqncias; na segunda hiptese, os criadores dessa epidemia coletiva deveriam ter sido espritos verdadeiramente diablicos, pois s um crebro de monstro - e no o de um homem - poderia aceitar o plano de uma organizao de tal porte, cujo objetivo final conduzir destruio da cultura humana e runa do mundo. Nesse ltimo caso, a soluo que se impunha, como ltima tbua de salvao, era a luta com todas as armas que pudesse abraar a razo e a vontade dos homens, mesmo se a sorte do combate fosse duvidosa. Assim comecei a entrar em contato com os fundadores da doutrina a fim de poder estudar os princpios em que se fundava o movimento marxista. Consegui esse objetivo mais depressa do que me seria lcito supor, devido aos conhecimentos que possua sobre a questo semtica, embora ainda no muito profundos. Essa circunstncia tornou possvel uma comparao prtica entre as realidades do mesmo e as reivindicaes tericas da social-democracia, que tanto me tinha auxiliado a entender os mtodos verbais do povo judeu, cuja principal preocupao ocultar ou pelo menos disfarar os seus pensamentos. Seu objetivo real no est expresso nas linhas mas oculto nas entrelinhas. Foi por esse tempo que se operou em mim a maior modificao de idias que devia experimentar. De inoperante cidado do mundo passei a ser um fantico anti-semita. Mais uma vez ainda - e agora pela ltima vez - pensamentos sombrios me arrastavam ao desnimo. Durante meus estudos sobre a influncia da nao judaica, atravs de longos perodos da histria da civilizao, o ttrico problema se armou diante de mim no teria inescrutvel destino, por motivos ignorados por ns, pobres mortais, decretado a vitria final dessa pequena nao? A esse povo no teria sido destinado o domnio da Terra como uma recompensa? proporo que me aprofundava no conhecimento da doutrina marxista e me esforava por ter uma idia mais clara das atividades do marxismo, os prprios acontecimentos se encarregavam de dar uma resposta quelas dvidas. A doutrina judaica do marxismo repele o princpio aristocrtico na natureza. Contra o privilgio eterno do poder e da fora do indivduo levanta o poder das massas e o peso-morto do nmero. Nega o valor do indivduo, combate a importncia das nacionalidades e das raas, anulando assim na humanidade a razo de sua existncia e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer noo de ordem. E como nesse grande organismo, s o caos poderia resultar da aplicao desses princpios, a runa seria o desfecho final para todos os habitantes da Terra. Se o judeu, com o auxilio do seu credo marxista, conquistar as naes do mundo, a sua coroa de vitrias ser a coroa morturia da raa humana e, ento, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como h milhes de anos, errar pelo ter. A natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpaes contra o seu domnio. Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescries do Criador Onipotente. Lutando contra o judasmo, estou realizando a obra de Deus.CAPTULO III - REFLEXES GERAIS SOBRE A POLTICA DA POCA DE MINHA ESTADA EM VIENA Estou convencido de que, a menos que se trate de indivduos dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, no se deve ocupar, publicamente, de poltica, antes dos trinta anos de idade. No o deve, porque s ento se realiza, o mais das vezes, a formao de uma base de idias, de acordo com a qual, ele examina os diferentes problemas polticos e determina a sua atitude definitiva em relao aos mesmos. S depois de adquirir uma tal concepo fundamental e de alcanar, por meio dela, firmeza no- modo de encarar as questes particulares do seu tempo, deve ou pode o homem, intelectualmente amadurecido, tomar parte na direo da coisa pblica. A no ser assim, corre ele o perigo de um dia mudar de atitude sobre questes essenciais ou, contra as suas idias e sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde muito tempo repelida pela sua razo, pelas suas convices. O primeiro caso, , para o indivduo pessoalmente doloroso, porque, quem vacila no tem mais o direito de esperar que a f de seus adeptos tenha a inabalvel firmeza que dantes tinha; e, para os seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em perplexidade e no raro no sentimento de um certo vexame em face daqueles que at ento combatiam. Em segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, muito freqente: medida que o chefe no d mais crdito ao que ele prprio disse, a sua defesa torna-se mais fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto escolha dos meios. Ao passo que ele prprio no pensa mais em defender os seus pontos de vista polticos (ningum morre por aquilo em que no cr), as suas exigncias junto aos seus partidrios, tornam-se proporcionalmente cada vez mais imprudentes at que, afinal, ele sacrifica as suas ltimas qualidades de chefe para converter-se num "poltico", isto , nesse tipo de homem cujo nico sentimento verdadeiro a falta de sentimento, ao lado de uma arrogante impertinncia e uma descarada arte de mentir. Se, por infelicidade dos homens decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo que, para ele, a essncia da poltica consiste apenas numa luta herica pela posse duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua famlia. Quanto mais dependam dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutar pelo seu mandato. Qualquer outro homem de verdadeiros instintos polticos , por isso mesmo, seu inimigo pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possvel comeo do fim de sua carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que ameaa. Adiante, falarei mais detalhadamente dessa espcie de percevejos parlamentares. O homem de trinta anos ainda ter de aprender muito, no curso de sua vida, mas isso ser apenas o complemento e acabamento do quadro doutrinrio traado pela concepo por ele j aceita. Para ele, aprender no mais mudar de mtservia de estmulo em vez de ser motivo de inrcia. Alm disso, ele era inclinado a empregar todos os meios violentos para atrair a si as fortes instituies existentes com o fito de tirar, dessas velhas fontes de poder, todo o proveito para o seu movimento. Por isso, baseou o seu novo partido, em primeira linha na classe mdia. ameaada de extino, e assegurou-se, assim, uma classe de adeptos extremamente difceis de serem abalados e dotados de to grande esprito de sacrifcio como de vontade de lutar. A sua atitude extremamente hbil em relao Igreja Catlica conquistou-lhe, em pequeno espao, a mais nova gerao do clero, e de tal maneira que o antigo partido clerical foi forado a retirar-se do campo ou, mais avisadamente, a aderir ao novo partido a fim de, paulatinamente, ganhar posio a posio. Grande injustia seria feita a esse homem, se se considerasse essa como a sua nica caracterstica, pois, alm da qualidade de um ttico inteligente, ele possua as de um reformador verdadeiramente grande e genial. Entretanto, tambm nessa grande personalidade no era completo o conhecimento das possibilidades existentes bem como de sua prpria capacidade pessoal. Os objetivos que esse homem verdadeiramente notvel se tinha proposto eram eminentemente prticos. Ele queria conquistar Viena. Viena era o corao da monarquia. Dessa cidade partia ainda o ltimo alento de vida para o corpo doentio e envelhecido do imprio decadente. Quanto mais saudvel se tornasse o corao, mais facilmente reviveria o resto do corpo. Uma idia correta em princpio, que, porm, s podia ter aplicao durante um tempo determinado e limitado. A que estava a fraqueza desse homem. O que ele realizou como burgomestre na cidade de Viena imortal no melhor sentido da palavra. Mesmo assim, no conseguiu, porm, salvar a monarquia - era tarde demais. Seu rival Schnere vira mais claramente. Na sua atuao prtica o Dr. Lueger obtinha admirvel xito. O efeito, porm, do que ele esperava sempre deixava de realizar-se. O que Schnere desejava, ele no o conseguia; o que ele temia, realizava-se, infelizmente, de uma maneira terrvel. Assim, os dois homens no realizaram o seu objetivo. Lueger no pde mais salvar a ustria e Schnere no conseguiu evitar a runa do povo alemo. infinitamente instrutivo para o nosso tempo estudar a causa do fracasso desses dois partidos. essencial, sobretudo, para os meus amigos, pois, em muitos pontos, as condies de hoje so semelhantes s daquele tempo, podendo-se, por isso, evitar erros que conduziram morte de um. movimento e esterilidade do outro. O colapso do movimento pangermanista na ustria teve, a meu ver, trs causas: Primeira; a noo pouco clara da importncia do problema social, justamente tratando-se de um partido novo essencialmente revolucionrio. Enquanto Schnere e seus adeptos se dirigiam em primeira linha s camadas burguesas, o resultado s podia ser fraco, inofensivo. A burguesia alem , sobretudo nas suas camadas superiores, embora que no o pressintam os indivduos, pacifista a ponto de renunciar a si mesma, principalmente quando se trata de questes internas da nao ou do Estado. Nos bons tempos, isto , nos tempos de um bom governo, tal disposio uma razo do valor extraordinrio dessas camadas para o Estado; em pocas de governos maus, porm, ela age de maneira verdadeiramente malfica. Para conseguir a realizao de uma luta sria, o movimento pangermanista tinha de lanar-se conquista das massas. O fato de no se ter agido assim tirou-lhe, de comeo, o impulso inicial que uma tal onda necessita para no desfazer-se. Quando, inicialmente, no se tem em mira e no se executa esse princpio bsico, o novo partido perde, para o futuro, toda possibilidade de evitar os efeitos do erro de comeo. Aceitando, em nmero excessivo, elementos moderados burgueses, a atitude do movimento ser dirigida por estes, ficando assim excluda a possibilidade de recrutar foras apreciveis no seio da grande massa popular. Tal movimento no passar mais de plidos mexericos e crticas. Nunca mais se poder criar a f quase religiosa aliada a idntico esprito de sacrifcio; surgir, porm, em seu lugar, a tendncia de, por meio de cooperao "positiva" - neste caso isso significa o reconhecimento do statu quo - aos poucos, aparar a dureza da luta para finalmente chegar a uma paz podre. Foi o que aconteceu ao movimento pangermanista, pelo fato de no ter, desde o princpio, acentuado principalmente a conquista de seus adeptos entre os crculos da grande massa. Tornou-se um movimento "burgus, distinto, moderadamente radical". Desse erro decorreu, porm, a segunda causa de seu rpido desaparecimento. A situao na ustria, para o germanismo, no tempo do aparecimento do movimento pangermanista, j no dava lugar a esperanas. De ano a ano, o parlamento se tornava, cada vez mais, uma instituio destinada ao aniquilamento lento do povo alemo. Toda tentativa de salvao na dcima-segunda hora s podia oferecer uma probabilidade, embora pequena, de xito, na extino dessa instituio. Com isso surgiu, junto ao movimento, uma questo de importncia terica. Para destruir o parlamento, dever-se-ia ir ao parlamento, a fim de esvazi-lo "de dentro para fora" ou devia-se conduzir essa luta de fora, atacando aquela instituio. Os pangermanistas entraram no parlamento e foram derrotados. Verdade que se devia penetrar ali. Conduzir uma luta contra tal potncia, do lado de fora, significava armar-se de coragem inabalvel estar tambm disposto a sacrifcios infinitos. Agarra-se o touro pelos cornos e recebe-se fortes marradas. As vezes se cair por terra, podendo levantar-se com os membros partidos, somente depois da mais spera luta que a vitria sorrir ao ousado atacante. Somente a grandeza dos sacrifcios conquistar novos lutadores para a causa, at que a persistncia garanta sucesso. Para isso, porm, so necessrios os filhos do povo, tirados da grande massa. S eles so suficientemente decididos e tenazes para conduzir essa luta ao seu fim sangrento. O movimento pangermanista, porm, no possua essa grande massa; nada mais lhe restava, pois, que ir ao parlamento. Seria falso pensar que essa resoluo tivesse sido o resultado de longos sofrimentos ntimos ou mesmo de meditaes; no, no se pensava absolutamente em outra coisa. Essa tolice, nada mais era que o reflexo de noes pouco claras sobre a importncia e o efeito de tal participao numa instituio reconhecida, j em princpio, como falsa. Esperava-se, geralmente, facilitar o esclarecimento da grande massa popular, uma vez que se tinha a oportunidade de falar diante do "foro da nao inteira". Parecia tambm claro que o ataque raiz do mal teria mais xito que o ataque feito de fora. Pensava-se que a proteo das imunidades fortaleceria a segurana dos vrios lutadores, de sorte que o ataque se tornaria mais forte. Na realidade, porm, as coisas tomaram outro aspecto. O "foro" perante o qual falavam os deputados pangermanistas em vez de tornar-se maior, tornara-se menor, pois cada um s fala diante do crculo que capaz de ouvi-lo ou que, por meio dos comunicados da imprensa, recebe uma reproduo do que foi dito. O maior foro de ouvintes representado no pela sala de um parlamento e, sim, por um grande comcio pblico. No comcio se encontra um grande nmero de pessoas que vieram somente para ouvir o que o orador tem a dizer-lhes, ao passo que no salo de sesses da Cmara dos Deputados s h algumas centenas de indivduos que esto em geral apenas para receberem o seu subsdio e no para receber esclarecimentos da sapincia de um ou outro senhor "representante do povo". Antes de tudo, porm, trata se, no caso, do mesmo pblico que nunca est disposto a aprender algo de novo, pois, alm de faltar-lhe inteligncia, falta-lhe a necessria vontade para isso. Jamais um desses representantes far por si mesmo honra melhor verdade para, em seguida, pr-se a seu servio. No. Nenhum far isso, a no ser que tenha razo de esperar que tal mudana possa salvar o seu mandato por mais uma legislatura. S quando pressentem que o seu partido sair mal nas prximas eleies que essas glrias da humanidade se mexem para verificar como se poder mudar para um partido de orientao mais segura, sendo que essa mudana de atitude se processa sob um dilvio de justificaes morais. - Da, acontecer sempre que quando um partido decai em grande escala do favor pblico e que h ameaa provvel de uma derrota fulminante, comea a grande migrao: os ratos parlamentares abandonam o navio partidrio. Isso nada tem que ver com o saber e o querer, mas um ndice daquele dom divinatrio que adverte, ainda em tempo oportuno, o tal percevejo parlamentar, fazendo com que ele se abrigue em outra cama partidria mais quente. Falar perante um tal "foro" significa, na verdade, jogar prolas a porcos. De fato, isso no vale a pena! Nesse caso o xito no pode ser seno igual a zero. E assim era, na realidade. Os deputados pangermanistas poderiam falar at rebentar: o efeito, porm, seria nulo. A imprensa, por sua vez, conservava-se muda ou mutilava os discursos de tal maneira que qualquer conexo era impossvel e mesmo o sentido era deturpado, quando no se perdia inteiramente. E por isso a opinio pblica s recebia uma imagem muito imperfeita das intenes do novo movimento. Era inteiramente destitudo de importncia o que dizia cada um dos deputados: a importncia estava naquilo que se dava a ler como sendo deles. Consistia isso em extratos de seus discursos, que, mutilados, s podiam e deviam provocar impresso errnea. Assim o pblico perante o qual eles falavam realmente era os escassos quinhentos parlamentares. E isso nos diz bastante. O pior, porm, era o seguinte: o movimento pangermanista s poderia contar com sucesso caso tivesse compreendido, desde o primeiro dia, que no se deveria tratar de um novo partido e, sim, de uma nova concepo poltica do mundo. S esta conseguiria provocar as foras internas para essa luta gigantesca. Para esse fim, porm, s servem para chefes as melhores e mais corajosas cabeas. Caso a luta por um sistema universal no seja conduzida por heris prontos ao sacrifcio, em curto espao de tempo ser impossvel encontrar lutadores preparados para morrer. Um homem que combate exclusivamente por sua existncia pouco ter de sobra para a causa geral. A fim de que se possa realizar aquela hiptese, necessrio que cada um saiba que o novo movimento trar honra e glria ante a posteridade e que, no presente, nada oferecer. Quantos mais postos tenha um movimento a distribuir, maior ser a concorrncia dos medocres., at que estes polticos oportunistas, sufocando pelo nmero o partido vitorioso, o lutador honesto no mais reconhea o antigo movimento e os novos adesistas o rejeitem decididamente como um intruso" incmodo. Com isso, porm, estar liquidada a "misso" de tal movimento. Logo que a agitao pangermanista aceitou o parlamento, comeou a dispor de "parlamentares" em vez de guias e lutadores de verdade. O partido baixou ao nvel de qualquer das faces do tempo e, por isso, perdeu a fora necessria para enfrentar o destino com a audcia dos mrtires. Em vez de lutar, aprendeu tambm a "falar" e a "negociar". Em breve tempo, o novo parlamentar sentia como mais nobre dever, - porque menos arriscado - combater a nova concepo do mundo com as armas "espirituais" da eloqncia parlamentar, em vez de lanar-se numa luta com o risco da prpria vida - luta de resultado incerto e que nada rende para os seus lderes. Como eles estavam no parlamento, os adeptos, l fora, comearam a esperar milagres, que naturalmente no se realizaram e nem poderiam realizar-se. Dentro em pouco, apareceu a impacincia, pois, mesmo o que se conseguia ouvir dos prprios deputados de modo algum correspondia s esperanas dos eleitores. Isso era de fcil explicao, pois a imprensa inimiga evitava transmitir ao pblico uma imagem exata da ao dos representantes pangermanistas. Quanto mais crescia o gosto dos novos representantes do povo pela maneira ainda suave da luta "revolucionria" no parlamento e nas dietas, tanto menos se achavam eles dispostos a voltar ao mais perigoso trabalho de propaganda, no seio das camadas populares. Os comcios, que eram o nico meio eficiente de influir sobre as pessoas e, portanto, capaz de atrair grandes massas populares, eram cada vez menos utilizados. Desde que as reunies nas casas pblicas foram definitivamente substitudas pela tribuna do parlamento, para, deste foro, derramar os discursos sobre as cabeas do povo, o movimento pangermanista deixou de ser um movimento popular e desceu, em curto tempo, categoria de um clube de dissertaes acadmicas, de carter mais ou menos srio. A m impresso propagada pela imprensa no era, de maneira alguma, corrigida pela atividade das assemblias parlamentares. Assim, a palavra "pangermanista" passou a soar mal aos ouvidos populares. preciso que os literatelhos e peralvilhos de hoje saibam que as maiores revolues deste mundo nunca foram dirigidas por escrevinhadores! No. A pena sempre se limitou a traar as bases tericas das revolues. O poder, porm, que ps em movimento as grandes avalanchas histricas, de carter religioso e poltico, foi, desde tempos imemoriais, a fora mgica da palavra falada. Sobretudo a grande massa de um povo sempre s se deixa empolgar pelo poder da palavra. Todos os grandes movimentos so movimentos populares, so erupes vulcnicas de paixes humanas e de sensaes psquicas provocadas ou pela deusa cruel da necessidade ou pela tocha da palavra atirada entre a massa e no por meio de jorros de literatos aucarados metidos a estetas e a heris de salo. S uma tempestade de paixo escaldante que consegue torcer o destino dos povos: mas s consegue provocar entusiasmo quem o possua no seu ntimo. S esse entusiasmo inspira aos seus eleitos as palavras que, como golpes de martelo, conseguem abrir as portas do corao de um povo. No escolhido para anunciador da vontade divina aquele a quem falta a paixo e mantm-se em um silncio cmodo. Por isso, todo escritor devia restringir-se ao seu tinteiro, para trabalhar "teoricamente", se no lhe faltam inteligncia e saber. Para chefe no nasceu ele, porm, nem para tal foi escolhido. Um movimento de grandes objetivos, deve, pois, diligenciar para no perder o contato com a massa do povo. Esse ponto deve ser examinado em primeiro lugar e as decises devem ser tomadas sob essa orientao. Dever ser evitado tudo o que posse diminuir ou enfraquecer a capacidade de ao sobre a coletividade, no por motivos "demaggicos", mas pelo simples reconhecimento de que sem a fora formidvel da massa de um povo no se pode realizar uma grande idia, por mais elevada e sublime que ela parea. A dura realidade que deve determinar o caminho para o objetivo visado; no querer palmilhar caminhos desagradveis significa neste mundo desistir do Ideal, quer se queira, quer no. Logo que o movimento pangermanista, por sua atitude parlamentar, colocou o seu ponto de apoio no parlamento e no no povo, perdeu o futuro e ganhou, em troca, o xito barato e passageiro. Escolheu a luta mais fcil, e, por isso mesmo, deixou de merecer a vitria final. Justamente essas questes foram por mim estudadas em Viena, da maneira mais profunda, notando, ento, que, no seu no reconhecimento, estava um dos principais motivos do colapso do movimento, que, a meu ver, era destinado a tomar em suas mos a direo do germanismo. Os dois primeiros erros que fizeram com que fracassasse o movimento pangermanista completavam-se, um era conseqncia do outro. A falta de conhecimento das foras impulsoras das grandes revolues deu lugar errada avaliao da importncia das grandes coletividades; da proveio o pouco interesses pela questo social, o medocre aliciamento das camadas inferiores da nao, bem como tambm a atitude favorvel em relao ao parlamento. Caso tivesse sido reconhecido o incrvel poder que cabe massa como portadora da resistncia revolucionria em todos os tempos, ter-se-ia trabalhado de outra maneira, tanto socialmente como com relao propaganda. No se teria tambm, ento, acentuado o movimento em direo ao parlamento e sim em direo oficina e rua. O terceiro erro, porm, se caracterizou ainda mais pelo no reconhecimento do valor da massa, que, uma vez movimentada em determinada direo, por espritos superiores, mais tarde, como um volante, d impulso fora e tenacidade uniforme do ataque. A spera luta que o movimento pangermanista teve de sustentar com a Igreja catlica s se explica devido falta de compreenso da psicologia do povo. As causas do ataque violento do novo partido contra Roma estavam no seguinte: "Logo que a Casa dos Habsburgos se decidira definitivamente a transformar a ustria em um Estado eslavo, foram utilizados todos os meios que pareciam prprios para esse fim. As instituies religiosas foram tambm inescrupulosamente postas ao servio da nova idia oficial, por essa inconscientssima dinastia. A utilizao de parquias tchecas e de seus curas era somente um dos muitos meios de chegar a este fim, isto , uma eslavizao generalizada da ustria". O processo desenrolava-se mais ou menos assim: "Os padres tchecos eram mandados para parquias puramente alems. Esses sacerdotes lenta, mas seguramente, comeavam a sobrepor os interesses do povo tcheco aos interesses da Igreja, tornando-se assim a clula mater do processo de desgermanizao". O clero germnico, ante esse processo, fracassou quase completamente. E assim aconteceu no s porque esses prprios sacerdotes eram inteiramente incapazes de uma semelhante luta, no sentido do germanismo. como por no conseguirem opor a necessria resistncia ao- ataque dos outros. Dessa maneira o germanismo era lenta, mas irresistivelmente, repelido por um lado, pela ao desabusada de parte do clero que se lhe opunha e pelo outro pela insuficincia da defesa. Se, como vimos, isso se dava em pequena escala, em grande escala no seria outra a situao. A tambm as tentativas antigermnicas dos Habsburgos no encontraram, sobretudo de parte do alto clero, a resistncia exigida, e, assim, a defesa dos interesses alemes passava a plano secundrio. A impresso geral era de que havia uma ofensa grosseira aos direitos alemes da parte do clero catlico. Parecia com isso que a Igreja no sentia com o povo alemo e se colocava, de maneira injusta, ao lado do inimigo do mesmo. A raiz de todo o mal, porm, estava, segundo a opinio de Schnere, no fato de a direo da Igreja catlica no estar na Alemanha, bem como na animosidade, proveniente desse fato, contra os anseios de nossa nacionalidade. Os chamados problemas culturais passaram, como quase tudo na ustria, para segundo plano. O que valia, na atitude do movimento pangermanista, com relao - Igreja catlica, era menos a atitude desta relativamente cincia que a sua insuficiente compreenso dos interesses alemes e, inversamente, uma constante fomentao das pretenses e da cobia eslavas. George Schnere no era homem que fizesse as coisas pela metade. Iniciou a luta contra a Igreja, convencido de que somente por ela que a raa alem poderia salvar se. O movimento de libertao contra Roma (Los von Rom") parecia o mais formidvel, porm tambm o mais difcil processo de ataque, que teria de destruir a cidadela inimiga. Fosse ele vitorioso estaria vencida, para sempre, a infeliz ciso religiosa na Alemanha e a fora interior do Reich e da nao alem poderia, com uma tal vitria, lucrar de maneira formidvel. Entretanto, nem a previso nem as concluses dessa luta estavam certas. Incontestavelmente a fora de resistncia do clero catlico, de nacionalidade alem, era inferior, em todas as questes referentes ao germanismo, s de seus irmos no alemes, sobretudo tchecos. Ao mesmo tempo, s um ignorante no veria que ao clero alemo jamais ocorreu uma defesa agressiva dos interesses da sua raa. Demais, quem quer que no estivesse ofuscado pelas aparncias, deveria reconhecer que esse fato deve ser atribudo primeiro que tudo a uma circunstncia que todos ns alemes devemos lastimar: a "objetividade" com que encaramos os problemas raciais, assim como todos os outros. Assim como o sacerdote tcheco era subjetivo em relao ao seu povo e somente objetivo em relao A Igreja, o sacerdote alemo era dedicado subjetivamente Igreja e permanecia objetivo com relao nao. Esse um fenmeno que em mil tros casos podemos constatar, para infelicidade nossa. Isso no de maneira alguma s uma herana especial do catolicismo, mas ataca, entre ns, em curto espao de tempo, quase toda a organizao do Estado. Compare-se, por exemplo, a atitude que o nosso funcionalismo pblico assume em face das tentativas de um renascimento nacional com a do funcionalismo de qualquer outra nao em circunstncias semelhantes. Imagina-se, acaso, que o corpo de funcionrios de qualquer outro pas do mundo preteriria de maneira semelhante os desejos da nao ante a frase oca "autoridade do Estado", como corrente entre ns desde cinco anos, sendo at considerado particularmente digno de elogios, quem assim procede? No assumem os dois credos, hoje em dia, na questo judaica, uma atitude que no est em harmonia nem com os desejos da nao nem com os verdadeiros interesses da prpria religio? Compare-se, por exemplo, a atitude de um rabino, em todas as questes, mesmo de somenos importncia do judasmo como raa, com a do clero de ambos os credos cristos com relao raa germnica. Isso acontece conosco toda vez que se trata de defender uma idia abstrata. A "autoridade do Estado", a "democracia", o "pacifismo", a "solidariedade internacional", etc., so idias que sempre convertemos em concepes fixas, puramente doutrinrias, de sorte que todo julgamento sobre as necessidades vitais da nao feito exclusivamente por esse critrio. Essa maneira infeliz de considerar todas as aspiraes pelo prisma de uma opinio preconcebida destri toda a capacidade de aprofundar-se o homem num assunto subjetivamente por contradizer objetivamente a prpria teoria e conduz finalmente a uma inverso de meios e de finalidades. Toda tentativa de levantar a nao ser repelida, desde que implique na extino de um regime, mesmo mau, desde que seja uma infrao ao "princpio de autoridade". O "princpio de autoridade" no , porm, um meio para um fim, antes, aos olhos desses fanticos da objetividade, representa o prprio fim, o que suficiente para explicar a triste vida desse princpio. Assim que, por exemplo, toda tentativa por uma ditadura seria recebida com indignao, mesmo que o seu executor fosse um Frederico, o Grande, e que os artistas polticos de uma maioria parlamentar momentnea no passassem de anes incapazes ou de indivduos medocres. A lei da democracia parece mais sagrada para um desses doutrineiros que o bem da nao. Um proteger, portanto, a pior tirania que aniquila um povo, desde que o "princpio de autoridade" se corporiza nela, ao passo que o outro rejeita mesmo o mais abenoado governo, desde que este no corresponda sua concepo de democracia. Da mesma maneira o nosso pacifista alemo silenciar diante do mais sangrento atentado contra o povo, mesmo que ele parta das mais rudes Foras militares; silenciar desde que a mudana desse destino s seja possvel por meio de uma resistncia, portanto, de uma violncia, pois isso contraria o seu esprito pacifista. O socialista alemo internacional, entretanto, pode ser saqueado solidariamente pelo resto do mundo; ele mesmo retribui com simpatia fraternal e no pensa em reparaes ou mesmo protestos, pois que ele - um alemo. Isso pode ser deplorvel, porm quem quiser modificar uma situao deve reconhec-la primeiramente. O mesmo acontece com a defesa dos anseios do povo alemo por uma parte do clero. Por si, isso no representa nem m vontade, nem provocado, por exemplo, por ordem "de cima". Vemos, porm, nessa fraqueza nacional, o resultado de uma educao tambm falha no sentido da germanizao da juventude como tambm, por outro lado, uma submisso irrestrita idia tornada dolo. A educao para a democracia, para o socialismo de feitio internacional, para o pacifismo, etc., to rgida e radical, portanto considerada por eles puramente subjetiva que, com isso, a imagem geral do resto do mundo influenciada por essa noo fundamental, ao passo que a atitude para com o germanismo desde a juventude sempre se caracterizou pelo seu objetivismo. Dessa maneira o pacifista alemo que se submete subjetivamente sua idia, procurar sempre primeiro os direitos objetivos, mesmo em casos de ameaas injustas e pesadas a seu povo e nunca se colocar, por puro instinto de conservao, na fileira de seu rebanho para lutar ao lado dele. Quanto isso vale para os vrios credos, pode ser mostrado pelo seguinte: O protestantismo representa, por si, melhor, as aspiraes do germanismo, desde que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradies da sua igreja; falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos i