a leitura é o espelho do mundo. nela, ele se vê e se...
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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE
TEXTO
A leitura é o espelho do mundo. Nela, ele se vê e se reflete: a relação da leitura e da escrita e
sua importância na vida do homem.
Autor ( a) Luciana Possani Oinaski Orientador Prof.: Luiz Renato Souza Pinto
ALTA FLORESTA - MT 2007
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE
TEXTO
A leitura é o espelho do mundo. Nela, ele se vê e se reflete: a relação da leitura e da escrita e
sua importância na vida do homem.
Autor ( a) Luciana Possani Oinaski E-mail: [email protected] Orientador Prof.: Luiz Renato Souza Pinto
Monografia apresentada como curso requisito para a obtenção do título de especialista no curso de especialização em Leitura, produção textual e Literatura.
ALTA FLORESTA - MT 2007
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIO DO VALE DO JURUENA AJES
ISTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM : LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO
TEXTUAL
TERMO DE APROVAÇÃO
AUTOR DO TRABALHO
NOME DO ORIENTADOR
SETE
NOTA / CONCEITO.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a todos que me ajudaram em mais uma caminhada, cheia de
obstáculos. E àquele também que se dedicam à educação e que acreditam que ela pode e
deve melhorar. E que acima de tudo, o que fizermos de bom, resultando em melhorias
ou não, é importante e que toda tentativa e que todo esforço sempre valem a pena.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, a todos que me auxiliaram e proporcionaram que eu desse
mais um passo a frente em minha vida e a mim mesma pelo meu esforço, dedicação e
confiança.
“Educai as crianças e não será preciso punir os homens”
Pitágoras
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
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2. A LINGUAGEM E SUA EVOLUÇÃO
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2.1. A CONTRIBUIÇÃO ÁRABE NO PORTUGUÊS 11
3. A LEITURA E A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA
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4. PAPEL DOS PAIS X PAPEL DA ESCOLA
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5. SUGESTÕES DE ATIVIDADES DE LEITURA E
PRODUÇÃO
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6. CONCLUSÃO
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
RESUMO
O problema da educação no Brasil se dá pela falta de uma proposta educativa de
qualidade, recursos à educação, entre outras coisas. Por essa razão o tema da relação
entre a leitura e a escrita foi escolhido. Pois sem a leitura, sem escrita, não há
entendimento, não há pessoas alfabetizadas, capazes de compreenderem contratos e
outros documentos importantes. Ficando apenas com seu pequeno ou grande
conhecimento de mundo, mas sem podê-lo expressar. A leitura e a escrita são
fundamentais na vida e em qualquer disciplina que o discente for aprender. Pois tudo
depende da leitura, da interpretação que se faz de dados, textos e da própria realidade.
Assim sendo, são consideradas as bases de tudo. Portanto, se não suprirem as
necessidades mais urgentes da criança, de quem quer que seja, não haverá educação de
qualidade. Porém, a mesma depende também das propostas educativas do governo, o
qual, quase sempre finge querer um povo sábio. As propagandas mostradas pela mídia,
chegam a ser “nojentas”, porque sabemos que não é verídico o fato de se lutar por uma
boa educação. Querem um povo analfabeto, pois desse modo, facilitará sua
manipulação.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho contém registros de observações feitas dos alunos de
reforço das séries iniciais e de uma quinta série do Ensino Fundamental. Ambas com
déficit de aprendizagem principalmente quanto à leitura e escrita.
A importância da leitura não se restringe apenas às exigências do
mercado de trabalho e tão pouco à necessidade de comunicação com a sociedade à
nossa volta
Ler é muito importante para o crescimento pessoal de cada cidadão, além
de contribuir para o enriquecimento cultural dos mesmos. A leitura está ligada
diretamente à formação de caráter, pois nos tornamos mais sábios, mais humildes, mais
humanos, confiantes no futuro e persistentes em nossas metas. À medida que lemos,
refletimos, portanto, a leitura nos proporciona não só conhecimento e prazer como
também estímulo à nossa mente. E é por essa razão que abordamos alguns fatores que
influem bem ou mal, no processo de ensino-aprendizagem, tendo como foco de
discusão, a leitura e a escrita e suas influencias uma sobre a outra. Serão citadas
também, algumas formas para o trabalho em sala de aula quanto à leitura e produção,
que nesse caso, é o tema do referido trabalho.
É válido lembrar também a importância desse assunto quanto ao
esclarecimento do que venha ser realmente a leitura e quais são suas tipologias e
gêneros e a influência que as mesmas causam à escrita e esta à leitura. Pois ler não é
apenas ler o livro, o jornal, não é apenas o que está escrito. Ler é interpretar um
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telejornal, novela, programa, ler é interpretar imagens e até mesmo o mundo à nossa
volta.
Esta pesquisa tem por base o método estrutural e qualitativo de
interpretação. Assim sendo, estabelecendo primeiro relações com fenômenos sociais e
identificando pontos de irregularidades e mudanças, assim como juntamente com o
segundo realiza análise interpretativa de registros,avaliando os envolvidos na mesma. A
pesquisa tem como ponto de apoio, a psicolingüística.
2. A LÍNGUA E SUA “EVOLUÇÃO”: A LÍNGUA PORTUGUESA:
A Língua portuguesa, idioma oficial do Brasil, é falada em várias
regiões. No continente europeu, em Portugal; no continente africano, na Ilha da
Madeira, em Açores, em Cabo Verde, entre outros. Como ocorre com toda Língua, com
passar dos anos, o português sofreu alterações fonéticas, morfológicas, sintáticas e
vocabulares.
No século III a.C, os romanos invadiram a Península Ibérica, e vencendo
os Cartagineses, incorporaram a região dominada ao Império Romano. A convivência
fez com que os povos vencidos passassem a falar a Língua dos invasores. Nessa época,
a Língua era apenas falada e empregada pelo povo, que usava o Latim vulgar. Muito
diferente do Latim vulgar era o Latim clássico, Língua falada e escrita por grandes
escritores de época, como Virgílio e Horácio. Porém, foi o Latim vulgar que se
expandiu pela Península Ibérica. A Península foi invadida e conquistada pelos bárbaros,
no século V. Com a queda do Império Romano ocorreram visíveis transformações nos
diversos falares da região e entre os dialetos ibéricos. No século VIII, os árabes, vindos
do norte da África, invadiram a Península Ibérica e dominaram a região. Essa conquista
influenciou ainda mais nas diferenças lingüísticas já existentes.
A história da independência política de Portugal está ligada à
oficialização da Língua portuguesa. Dom Henrique de Borgonha, que recebeu o
condado portucalense de presente ao casar-se com dona Tereza, filha de Dom
AfonsoVI, rei de Leão e Castela. Ao morrer Dom Henrique deixou seu filho Dom
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Afonso Henriques que proclamou a independência do condado e criou uma monarquia,
onde o português tornou a Língua oficial. Portugal já era nação desde o séculoXI, mas
só no século XII surgiram os primeiros escritos em português.
Todo esse processo de transformação da Língua está refletindo no
português que hoje usamos. A Língua, porém, modifica-se constantemente e por essa
razão, é necessário que estejamos sempre atualizados, principalmente sendo professores
dessa Língua.
Como podemos notar desde a antiguidade os gregos se preocupavam em
preservar a linguagem. A razão disso se deve ao fato de a linguagem considerada mais
adequada era aquela utilizada pelos grandes escritores da época.
Devido a essa preocupação de como se usar o nosso maior instrumento
de comunicação, os estudiosos da língua chamados de Filólogos resolveram descrever
regras para o uso da mesma. Desse modo, surgiu a nossa gramática, que em Grego,
significa exatamente “a arte de escrever” e que ainda hoje é utilizada por nós. Esta por
sua vez, pouco se modificou ao longo do tempo e sendo assim, vem arrastando
problemas como equívocos diversos e contradições. Fato este que compromete o uso da
mesma por seus falantes. Pois aprendemos nossa língua, ouvindo e depois falando, já as
regras vieram posteriormente a isso.
2.1. A CONTRIBUIÇÃO ÁRABE NO PORTUGUÊS
A Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos berberes e árabes,
em 711. Os berberes, comandados por Tárique, chegaram primeiro. Por isso,
conseguiram reprimir todas as pequenas resistências dos hispano-godos, que estavam
muito enfraquecidos tanto na questão militar como na questão política.
De acordo com o artigo de José Pereira da Silva:
“Na primeira década, o que é natural, houve muita repressão dos
vencedores, com o que firmariam a sua autoridade de dominadores
sobre os cristãos da península. Mas logo a seguir a vida de todos
voltara a um ritmo normal”. (...) Visando os impostos que
engordariam os tesouros dos califas, impostos cobrados dos cristãos e
judeus para que pudessem praticar livremente a sua religião, a
tolerância religiosa se estendeu a uma tolerância generalizada, com o
que puderam conservar as suas próprias leis, seus usos e costumes,
sua língua; tinham os seus próprios juízes, fiscais de costumes e
cobradores de impostos; participavam da escolha de seus governantes
municipais, e até a hierarquia eclesiástica era respeitada pelos
muçulmanos” (www.wikipedia.com.br)
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Mas como os berberes chegaram primeiro, se achavam , com razão com
maiores direitos do que os árabes. Porém, foram” empurrados”, “jogados” para o
interior, em terras mais pobres. Ainda segundo José Pereira da Silva:
“Os moçárabes foram muito arabizados em algumas regiões, como
em Santarém, Évora, Mértola, Lisboa, Alcácer, Cacela, Ossómoda e
Silves. Noutras regiões sofreram influências mínimas e, em
compensação, os cristãos tiveram mais influências sobre os árabes do
que estes sobre aqueles” (www.wikipedia.com.br)
A miscigenação das raças, decorrentes dos casamentos foi de grande
importância. Além disso, os filhos por terem mais contato com as mães aprendiam mais
a língua e a cultura delas. O que fez predominar a língua Árabe, ou seja, nesses
casamentos, dos quais se referem, a maioria Árabe eram mulheres.
É incrível como podemos analisar profundamente nossa língua se a
estudarmos a fundo historicamente e descobrir assim as respostas de muitos
questionamentos que até então pareciam não ter explicação. E desse modo também,
acabamos estudando a história das línguas e suas influências umas sobre as outras de
um modo geral. Uma questão importante a observar é que não apenas a língua de uma
nação influencia outras, como também sua cultura. A língua, na verdade faz parte da
cultura, mas o que se quer dizer é que as influências vão muito além de um simples
código de comunicação.
A seguir temos uma análise fonética feita por José Pereira da Silva:
“Juntamente com as contribuições das línguas indígenas brasileiras e
das línguas africanas dos negros que vieram como escravos para o
Brasil-colônia, tais elementos arábicos dão ao português o seu caráter
peculiar entre as demais línguas românicas, inclusive entre as ibero-
românicas. Em português, não só no vocabulário erudito ou de
emprego meramente histórico, mas também no vocabulário do dia-a-
dia de seus falantes de hoje, é abundante e notável o emprego de
arabismos”(www.wikipeidia.com.br).
Com raras exceções, todos são substantivos. Inclusive alguns derivados,
que se formam com sufixos vernáculos, como: adeleiro, albufeira, alcaçaria, alfridária,
algarvio, algaravia, algibeira, algaravia, almirante, arsenal, azeitona, azulejo, almargem,
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borragem, fezanzal, galingal, marroquino, mesquinho, mocarraria, tafueira, tafularia,
tafuraria, etc.
Entre as palavras gramaticais somente uma sobreviveu. Se é que não
têm razão os latinistas: atá ou ataa, que se tornou até. Entre as interjeições, apenas três:
oxalá, arre e rua. Oxalá quer dizer "queira Deus" ou "se Deus quiser"; arre serve para
indicar cólera ou enfado, sendo empregada especialmente para incitar as bestas a
andarem; rua é usada exata e exclusivamente para expulsar alguém do recinto em que se
encontra. Características dos vocábulos de origem arábica são facilmente observáveis,
algumas, por exemplo, possuem X- inicial, como é o caso de: xá, xadrez, xairel, xaque,
xaque-mate, xará, xareta, xarifa, xaroco, xarofa, xarope, xarque, xáuter, xaveco, xávega,
xeique, xeque, xequemate, xerife, xiíta, etc.
É importante ressaltar que a gramática é realmente necessária, pois deve
haver uma maneira comum entre os homens a fim de que possam se comunicar,
entendendo que há, principalmente em nosso país uma variedade de falares. No entanto,
não devemos viver “escravos” de normas lingüísticas, já que, estas são contraditórias e
consequentemente ineficientes em seu papel. Diversas regras, como vimos acima,
originaram de outras línguas, como por exemplo, o Árabe.Porém, não podemos nos
esquecer de que toda essa influência veio há muito tempo e que a língua evolui. E por
isso, deveria evoluir mais também quanto a parte escrita, a qual não acompanha a
oralidade e a evolução do mundo como um todo. Podemos citar como exemplo o fato
de a gramática dizer que “sujeito e predicado são termos essenciais da oração”, sendo
que ela mesma diz que há orações sem sujeito. Veja: Choveu durante toda a manhã.
Quem realizou essa ação? Ninguém. Essa é a resposta. Outro: Em relação aos pronomes
possessivos. “Volta logo, querida! Tua ausência me faz sofrer muito”. Analisando essa
frase, alguém pode ter a posse da ausência? Não. Logo, os pronomes possessivos não se
limitam a indicar posse, mas também estabelecem relações. As contradições se seguem
e a maior preocupação é que como professores de linguagem, nos vemos em uma
situação complicada, é difícil sabermos como esclarecer esses fatos aos alunos,
dependendo, é claro, do nível de conhecimento dos mesmos em relação à linguagem. E
inclusive o nosso. Às vezes somos surpreendidos e a resposta demora a vir em nossa
mente. Assim sendo, corremos o risco de passar a imagem de que não sabemos.
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Percebe-se, portanto, o quanto é importante que se promovam algumas
mudanças quanto à gramática normativa, entendendo que nosso instrumento de
comunicação é defeituoso e problemático e que as providencias tomadas podem trazer
grandes benefícios. Caso contrário se tornará mais difícil ensinar e principalmente
discutir sobre linguagem, já que, a própria é regida por um sistema que não funciona.
Desse modo, é quase inútil as discussões entre gramáticos e lingüistas, ambos são
radicais em seus conceitos. Assim não chegaremos a lugar algum.
3. A LEITURA E A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA
Primeiramente é importante falar do que é leitura e como ela surgiu. E
em seguida como esta é vista pela escola e pela família.
Há 40.000 anos o homem pintava nas paredes das cavernas, o que era
denominado pictografia. No desenvolvimento da escrita, o homem substituiu a
representação visual pela sonora.
Na antiguidade, o conhecimento era transmitido oralmente. Por isso, a
arte da oratória era base dos ensinamentos. Em função das dificuldades de publicar e
divulgar as obras escritas, o leitor era um ouvinte, onde leitores e não leitores tinham
mais contato no sentido de resignificar os textos. Os textos eram escritos em volumes,
rolos de papiros, um dos primeiros de registrar os pensamentos.
A leitura e à escrita estava restrita a poucos privilegiados. Na Grécia,
restringia-se aos filósofos e aristocratas, enquanto em Roma a escrita tornou-se uma
forma de garantir os direitos dos patrícios às propriedades. Na Idade Média , uma
minoria era alfabetizada, as igrejas, os mosteiros e as abadias converteram-se nos únicos
centros da cultura letrada. Nos mosteiros e abadias medievais encontravam-se as únicas
escolas e bibliotecas da época, e era lá que se preservavam e restauravam textos antigos
da herança greco-romana.
A educação formal entrou em crise na Alta Idade Média, ficando restrita
basicamente ao meio clerical. Durante o período merovíngio, a igreja manteve escolas
episcopais para garantir a formação do clero, enquanto dentro dos mosteiros realizava-
se a leitura e a cópia de documentos escritos e de alguns livros das civilizações grega e
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romana. A leitura tinha o caráter religioso, não tendo obrigação de ensinar a ler aqueles
que não fossem seguir a vocação religiosa. Mas com o aumento das atividades
comerciais no fim do séculoXI a zona urbana foi crescendo e a igreja foi perdendo
força. Com o aumento do comércio e consequentemente das cidades, era preciso
aumentar a instrução do povo e assim foram surgindo as atuais escolas públicas.
Atualmente, a educação está ao alcance de todos. Ao inverso do que
ocorria antigamente. Porém ao analisar e ler todo esse capítulo descobre-se que grande
parte dos problemas que temos hoje em relação à leitura e à escrita, que agora está na
escola, não se trata apenas de um problema do sistema educacional brasileiro.
Durante a observação de uma quinta série, de uma escola pública central
de Alta Floresta, constatou-se que os alunos têm cometido diversos erros ortográficos,
que se associou à falta de atenção tanto na leitura quanto na escrita. Foi observado
também que há uma dificuldade maior na leitura e compreensão da mesma quando ela
não é realizada previamente. Quando a leitura é coletiva em sala de aula, os alunos se
dispersam muito. Porém, no dia trinta e um de março, quando a docente realizou uma
roda de leitura no pátio, embora os alunos tivessem suas atenções desviadas do colega
que lia no momento, a leitura desenvolveu – se bem melhor, pois os alunos que leram
em voz alta aos colegas fizeram anteriormente, uma leitura prévia.
Não foi possível verificar a compreensão dos mesmos, a turma não é
excessivamente numerosa, mas a indisciplina,embora teve significativa melhora,
comprometeu a avaliação a ser realizada, a qual consistia em verificar o nível de leitura
das crianças.Pois é de nosso conhecimento que, se não houver entendimento, não haverá
leitura. Observou – se também que ao copiarem textos ou exercícios passados no quadro
pela professora, os alunos apresentaram alguns erros, o motivo mais aparente para isso é
a falta de atenção e o hábito de escreverem exatamente como falam e ouvem. Além
disso, é notável a dispersão dos alunos durante a aula. Eles parecem não se importar
com ela. A docente havia conseguido uma significativa melhora, mas não se sabe ainda
o motivo de a turma ter quase voltado ao comportamento antigo após as aulas da
estagiária e a paralisação da escola que ocorreu dias depois, com duração de
aproximadamente vinte dias.
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É importante ressaltar que houve melhora na leitura e escrita desses
alunos, mas ainda é preciso um maior aprimoramento geral em relação aos mesmos.
Lembrando ainda que alguns casos permanecem críticos.
Atualmente, a presente problemática tem como grande vilã, a escola
ciclada. Entretanto, esta não está sozinha. Existem outros fatores, como socioeconômico
e sócio-cultural. O sistema ciclado, por sua vez, aprova alunos apenas no final de cada
fase, as quais duram de três a quatro anos. Por exemplo, a alfabetização, de 1ª à 4ª séries
compreende uma fase. Imaginemos que a criança não conseguiu aprender a ler, nesse
caso, decodificar, e escrever e assim mesmo esta vai para a série seguinte, que exigirá
mais dela. Assim sendo, é óbvio que a criança não atingirá as metas, pois para cumprir
as atuais, precisava cumprir as anteriores. Logo, isso vai se acumulando até a 4ª série e
muitas vezes a mesma não fica retida. Por essa razão, chega ao Ensino Fundamental em
uma situação caótica.
A desestruturação econômica e familiar dos alunos também mostra-se
influente no processo de ensino-aprendizagem.Pois tem sido possível notar situações de
crianças que vão à escola, muitas vezes com um chinelo velho, vão à escola apenas por
causa do lanche e não se concentram na aula, entre outras coisas. A maioria dos pais,
nesse caso, precisam trabalhar muito para manter a família e dessa forma os filhos ficam
em segundo plano, prevalecendo a questão econômica. Muitas crianças vão pra aula
mais cedo porque os pais não têm tempo pra eles; crianças que apresentam problemas
psicológicos; comportamental, entre outros e que, segundo a coordenação, a escola
encaminha ao médico, mas os pais não os levam. Se os pais estão assim tão ausentes da
vida escolar dos filhos, será que estes os incentivam à ler? Com certeza não. Eles não
tem tempo para isso.
Assim sendo, escola está gradativamente assumindo papéis que não são
seus e assim sendo, torna cada vez mais difícil cumprir seu próprio papel. É por essas e
outras razões que este trabalho tem como finalidade discutir a influência da leitura na
escrita e em quais momentos a escrita influencia na leitura e vice – versa. Assim, é
extremamente importante analisar o nível de leitura dos alunos a partir de seus textos;
verificar os pontos de facilidade e dificuldade dos alunos para atingir o nível da
compreensão e observar até que ponto a leitura influencia para a escrita ou a escrita à
leitura.
Hoje, tem-se buscado aprimorar a educação brasileira. Diversos
questionamentos sobre o assunto estão sendo levantados, principalmente no que se
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refere à relação entre a leitura e a escrita. Tendo em vista que segundo Koch “Texto é
uma unidade de sentido” e segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais “Leitura é um
processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de significado...”
(PCNs, 2000). É de grande valia que se coloque em prática esses e outros conceitos
tanto sobre a leitura como a escrita, pois desse modo se torna mais fácil o aprendizado
da criança, sendo a interpretação a base para tudo, pois esta significa entendimento.
Lembrando ainda que essa pesquisa terá apoio nos pressupostos da Psicolingüística.
No momento em que se apresenta, é notável uma grande preocupação
com relação à aprendizagem da leitura e escrita. Lembrando que ambas se relacionam e
uma depende da outra. Pois, não só a leitura influencia na escrita, dando base à mesma,
como a escrita pode influenciar na leitura, ou seja, quando ao escrever sentimos a
necessidade de busca algo mais sobre o assunto, através da leitura. Até mesmo o fato de
procurarmos o significado de uma palavra no dicionário mostra como a escrita interfere
na leitura. Fato este que não foi possível notar em alunos pequenos, pois ainda não tem
essa noção.
Segundo Maria de Lurdes Matencio a maturidade da criança se relaciona
com a escrita, sua imagem, representação e, já que, sua relação com o oral é deficiente,
ela relaciona – se com a leitura (Matencio, 1994, p. 40). Porém, a forma com se trabalha
produção textual na escola, apresenta – se ainda equivocada, pois a interpretação textual
que é feita exige do aluno apenas a extração de informações. Isso reflete na produção de
texto, pois se o aluno não interpreta não há possibilidade de refletir e argumentar ou
mesmo narrar uma história em que ele exponha seu ponto de vista. Outro problema
grave não é necessariamente o fato de a produção textual ser pouco trabalhada nas
escolas, mas a forma como é desenvolvido o processo.
Em geral, os alunos lêem uma diversidade, mas em sua maioria, ainda
são textos literários, o que dificulta quando chega o momento de argumentar ou apenas
expor uma idéia. Os textos literários, porém, que passam uma informação, uma
mensagem, é claro que no sentido figurado e é nesse sentido que a falta de interpretação
pode gerar dificuldades. Mas ele não é o único que tem importância. O problema se
agrava quando a leitura se apresenta problemática quanto à entonação de voz e atenção.
Devido á essa leitura defasada os alunos não chegam ao nível de compreensão, não
atentam para a grafia das palavras e conseqüentemente cometem muitos erros
ortográficos. Desse modo os alunos não conseguem obter um bom desempenho na
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escrita, não apenas no que se refere à ortografia, mas na produção textual como um
todo.
Cabe também dizer aqui, a importância não só do professor de
linguagem como os demais, trabalhar as estratégias de leitura, que para Isabel sole, são
aquelas trabalhas antes, durante e após a leitura. Trabalhando dessa forma com o
conhecimento de mundo; inferências e retomada ao texto, são os famosos fatores de
coerência, muito comentados por Koch e Travaglia. Mas não é o que ocorre sempre.
Isabel Sole diz ainda que, consultados 60 professores das primeiras séries sobre a forma
como geralmente abordavam o texto, houve unanimidade na maneira uniforme e
invariável de fazer a leitura de qualquer texto e sua relação com as atividades em sala
(Solé, 1998).
Notamos, portanto, que ao falarmos da educação básica é de
fundamental importância e que por diversas vezes falha. Este é um fato comprovado em
muitos casos. É claro que não podemos culpar esses profissionais em geral, há muitos
outros que por alguma razão cometem suas falhas, além de vários outros problemas que
influem na aprendizagem, os quais já mencionamos. A cobrança que se faz aos
profissionais da educação básica existe porque a eles confiamos uma responsabilidade
enorme, pois é a dita “base”. Porém, não significa que são únicos responsáveis, pelo
contrário, professor de Linguagem é a peça chave desse “quebra-cabeças” e por esse
mesmo fator é um dos profissionais mais cobrados no que se refere à leitura, como se os
demais não tivessem a mesma tarefa em suas disciplinas.
Para esclarecer um pouco mais sobre a metodologia utilizada, já
mencionada levemente na introdução, se faz necessário dizer que este trabalho foi
desenvolvido com base em uma pesquisa de campo, ou seja, em observações feitas pelo
pesquisador. Lembrando que essa pesquisa teve base no Método Estrutural de Pesquisa,
que por sua vez, estabelece relações de fenômenos com o ambiente social; explica
fenômenos universais e identificar pontos de regularidade e mudança, bem como a
análise interpretativa de registros. A pesquisa teve o método qualitativo de
interpretação, que tem por finalidade avaliar os envolvidos na pesquisa de forma que
sejam priorizadas suas qualidades, detectando suas dificuldades e buscando saber o
motivo das mesmas. Essa pesquisa não prioriza quantidade.
Quanto às técnicas de coleta de registros foram feitas observações a fim
de descobrir quais são as maiores dificuldades dos alunos no que diz respeito à leitura e
a escrita e a relação existente entre ambas.
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Nesse momento será feita a análise da produção textual de dois alunos de
uma quinta série. A proposta da docente consistia em dar aos alunos o início de um
texto, o qual os mesmos deveriam dar continuidade. A atividade tinha como objetivo,
verificar a interpretação dos alunos e conseqüentemente até que ponto eles seriam
capazes de dar continuidade sem desviar do assunto, produzindo um texto coeso e sem
erros ortográficos. A atividade baseou – se nas dificuldades dos alunos.
Observação: os textos dos alunos iniciam após os dois pontos que
aparecem primeiro.
Texto 1
A árvore que fugiu do quintal
Fugi para a montanha, de onde via a cidade toda. Lá de cima via a cena mais
triste.
A terra coberta de asfalto e cimento. Os passarinhos, alguns trazendo no bico
ninhos e filhotes incapazes de voar. Fugiam com as borboletas. Um deles pousou em
um dos meus galhos e me disse desesperado:
- Toma ciudado vam cortar você, ai o passarinho tentou o homem e ele fugui e
eles ficaram felizes, ai tropesou a árvore viram que colocou fogo na mata a ai a árvore e
o passarinho eles pegaram e pagou o fogo mais ele quis saber quem colocou fogo e ai
eles acharam e botou o homem para correr e eles ficam amigos para sempre.
Texto 2
A cidade está acabada com todos esses asfaltos, desmatamentos estão destruindo nossas
casas.
A cidade está acabada desse jeito.
Dona arvore a cinhora porque os homens derrubando as arvores. Próxima pode ser a
senhora.
Então eu vou vuotar para o meu lugar.
Aqui é um pouco perigoso para mim.
E para você também passarinho. Volte para o seu lugar!
O passarinho fala:
Derrubaram minha árvore estou sem lar!
Vou ficar por aqui.
A árvore fala:
- Então se cuide porque está cada dia mais perigoso. O que nós chamamos de
planeta terra vai passar a ser chamado de planeta asfalto.
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Note que no primeiro texto o aluno soube expressar suas idéias, o texto é coeso,
mas cometeu diversos erros ortográficos. Porém não desviou muito do assunto.
Lembrando que ortografia não é o foco dessa pesquisa. Já no segundo texto, o aluno
produziu um texto mais coeso, não fugiu do assunto em momento algum. Porém
cometeu erros de pontuação e quanto à ortografia, os erros foram raros em vista do
primeiro texto. Há uma passagem deste segundo texto que comprova o problema
levantado no que se refere à atenção. O aluno escreveu primeiramente “cinhora” e em
seguida escreveu a palavra em sua forma correta de acordo com a gramática normativa.
Portanto, nota - se que há tanto casos críticos quanto aqueles em que o problema
é apenas um descuido, um desvio de atenção durante a escrita. Lembrando que o mesmo
problema foi detectado durante a leitura dos alunos. Os mesmos, de um modo geral não
buscam a leitura a fim de aprimorar a escrita. Até o momento, a pesquisa foi realizada
com aproximadamente 40 alunos de uma 5ª série de uma escola ciclada e infelizmente
uma grande minoria, em torno de 15 alunos, conseguiram se superar, o que significa
37% de alunos com dificuldades, um dado não muito elevado, mas preocupante. Além
disso, os alunos do reforço em que trabalha atualmente a pesquisadora são em geral de
1ª à 4ª séries. Estes ainda apresentam-se de maneira mais crítica. Pois muitos não
sabem ler absolutamente nada e alguns, ao escrever mostram que ainda estão saindo da
garatuja e indo para a fase do pré-silábico, ou seja, conhecem as letras, mas não
conseguem juntá-las formando palavras. Quanto à leitura dessas crianças, não é a falta
de interpretação, é a decodificação que elas ainda não realizam. Estas por sua vez,
representam um número elevado, em torno de 25 de um total de 40, o que corresponde à
62,2%. Aquelas que ainda estão na fase pré-silábica, são apenas três, no entanto, não
deixa de ser um dado preocupante.
É por essas e outras razões que não é só investir em educação e profissionais
afins de que haja melhora, mas mudar o sistema ciclado. E é claro, diversos fatores
como família, situação financeira e a própria educação dos pais, são problemas que
podem ser solucionados, mas a longo prazo.
4. PAPEL DOS PAIS X PAPEL DA ESCOLA
Atualmente, de acordo com a nova LDB, Lei de Diretrizes e Bases,
prega-se a idéia de se incluir as crianças especiais na educação regular a fim de inseri-
las no meio escolar comum e diminuir os preconceitos. No entanto, o problema da
educação no Brasil é muito mais complexo e vai muito além de simplesmente incluí-las.
Envolve toda uma questão de desenvolvimento do país, economia e planejamento
familiar. Isso porque as famílias estão deixando toda a educação de seus filhos nas mãos
da escola, que sem alternativas é obrigada a assumir responsabilidades que não são suas.
Pais que precisam trabalhar o dia todo pra garantir o sustento deixam as crianças o
tempo todo na escola e alguns, ao fim do dia nem sequer olham pra elas como deveriam
e ainda acreditam que a escola é que tem de “dar um jeito naquele moleque mal criado”.
Se por essas razões a escola não consegue atingir suas metas com os
alunos ditos “normais”, quem dirá com aquele que necessitam de atenção redobrada.
Dessa maneira é quase impossível trabalhar. Além disso, às vezes convivemos com
alunos que nos agridem ou verbalmente ou até fisicamente e o que acontece? Apenas
transferem o problema.
Mas o tudo isso foi dito para se chegar ao que nos convém, que nesse
caso, não é a questão de crianças ditas “não normais”. Isso foi apenas para exemplificar
o tamanho do trabalho da escola e para falar um pouco sobre a educação em geral. Não
tem como falarmos de leitura, de ensino, de escola e de família, sem esbarrar em outras
questões, como cultura do aluno e da família, situação econômica e outras. Tudo isso
engloba problemas sócio-culturais e econômicos do nosso país e disso, a escola não tem
culpa.
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A educação no Brasil não é, portanto, um problema isolado e que por
essa razão não será resolvido de maneira adequada de acordo com a urgência de que
necessita.. Contudo, esperamos que o mesmo seja contornado ao o mais rápido possível,
entendendo que a situação merece atenção especial e urgente. Pois nota-se que de
acordo com a situação brasileira no que se refere à política, governo, ainda levaremos
muito tempo para ver o país desenvolvido, sendo necessário que se busque alternativas
para a problemática apresentada para que haja uma melhora na presente educação de
nosso país. (Lembrando que algumas já têm se notado como, por exemplo, dois
professores em sala de aula). Caso contrário, ainda teremos muitos obstáculos em
nossos caminhos.
No caso da leitura e da escrita, cabe aos pais incentivar as crianças à ler ,
contando estórias à elas, comprando gibis e revistinhas infantis e mostrando que
também lêem. Porém, aqui surge mais um “obstáculo”, entre aspas porque pode não ser
um obstáculo, mesmo que seja, é superável. Pais analfabetos, por exemplo. Como ele
fará para incentivar os filhos? Usando justamente esse argumento. Pois eles sabem
muito bem como a ausência de instrução faz falta na vida, eles são exemplos vivos de
que é preciso estudar. Muitas vezes a situação não é bem essa. Muitas pessoas com
baixo grau de escolaridade se saem muito bem em suas atividades e constroem uma vida
boa. De qualquer maneira, esses pais continuam querendo que seus filhos estudem. Isso
é muito importante. O que não pode acontecer é a família deixar suas responsabilidades
para a escola e nem a escola pode assumir o papel que seria da família. O que é difícil
nos dias atuais, devido a correria do cotidiano entre outras razões, as quais já foram aqui
mencionadas.
Vale lembrar que leitura não é apenas a interpretação daquilo que está
escrito em algum lugar e nem só das imagens que passam uma mensagem. É tudo isso e
muito mais, é um conjunto. É entender o que diz a placa de trânsito, o programa de tv, a
novela e a interpretação que se faz da própria vida. Além disso, quando se buscar
mostrar a criança o prazer da leitura, não importa se a obra é boa, mas se houve gosto
por ela, se houve prazer nela e principalmente o que essa leitura trouxe de positivo para
esses pequenos leitores. Segundo Eveline Charmeux, o que deve ser bom não é obra,
mas a leitura que ela permitiu. (Charmeux, 1997).
Outro fator bastante relevante é que nesse período, é bom deixar a
criança à vontade para ler o que mais lhe interessa e se caso não haja ainda interesse
pela leitura, não se deve forçar, pois assim a criança se esquivará mais. O que é forçado
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não é prazeroso. De acordo com o tempo, tanto os pais como os professores devem aos
poucos ir direcionando a leitura para aquilo que é importante na idade em que está. O
aluno e/ a criança, não deve ler somente o que gosta, mas o que não gosta também, pois
dessa forma ele (a) desenvolve seu lado crítico. No entanto, não deve ser assim, é
necessário que façam as leituras que lhes dão prazer e as que lhes são importantes.
Assim sendo, quando estiverem mais adultas, não encontrarão problemas de rejeição de
certas leituras e não terão problemas quanto à interpretação.
A seguir, vamos falar um pouco do Ensino Médio, no qual a autora desta
pesquisa lecionou poucas vezes, porém quando ocupava a posição de aluna no Ensino
Médio e Superior, notou falhas no ensino de literatura, considerando a rejeição da
própria em relação à disciplina. Percebendo que havia maneiras diferentes e mais
produtivas de usufruir da disciplina e entendendo que a metodologia da mesma deveria
realmente passar por mudanças a fim de formar leitores menos frustrados, elaborou-se
uma série de comentários e sugestões, explicitadas no capítulo seguinte.
5. SUGESTÕES DE ATIVIDADES DE LEITURA E PRODUÇÃO
A questão da leitura é muito abrangente. É importante trabalhar com o
maior número possível de tipologias e gêneros textuais, mas de forma criativa, *(não
lúdica). Por exemplo, no que se refere à literatura, já mencionada no capítulo anterior,
de nada adianta forçar o aluno ler uma variedade de romances, cujos temas não
interessam mais. . Se o importante é apenas a questão lingüística da época de
determinada obra, esta pode ser trabalhada utilizando apenas alguns de seus fragmentos.
Isso é possível desde que o professor relate o enredo do mesmo. Além disso, a obra que
assim foi trabalhada, não só pode como deve ser comparada com a próxima, que desta
vez, será lida e analisada pelos alunos. Isso principalmente no que se refere à
linguagem. Outro fato interessante é fazer a leitura e análise da obra em conjunto, em
forma de roda de leitura.
Assim, conforme serão lidos os capítulos, já serão também analisados e
discutidos com a turma e sua linguagem e contexto histórico podem ser explicados pelo
professor ainda neste momento. É uma didática que indica um maior aproveitamento do
conteúdo literário. Pois não despertando interesse, o aluno não realizará a leitura. É
claro que ele não deve ler apenas o que lhe agrada, porque realizando diversos tipos de
leitura, gostando de umas e detestando outras, o aluno amplia sua visão de mundo, seu
vocabulário e aguça seu lado crítico. Um motivo a mais para realizar diversas leituras e
de maneiras também diferentes. Se toda vez que for preciso que os discentes façam uma
leitura o professor apenas lhe “empurra” romances, é óbvio que eles não irão aprovar tal
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idéia e consequentemente, rejeitarão a mesma. O aluno pode não ser leitor de romance,
mas pode ser leitor de charges, de textos imagéticos, entre outros.
É importante também que os discentes produzam um texto
argumentativo em que nele haja uma crítica literária em relação ao que foi trabalhado,
constando no mesmo, razões fortes para a rejeição ou não por parte do aluno. Ele deverá
também explicitar passagens do romance que ele queira criticar baseadas em dados
concretos da literatura. Assim justifica a sua rejeição e desenvolve seu lado crítico. Em
um terceiro momento, eles podem realizar uma produção literária, que pode ser em
prosa, em verso ou em forma de representação. E é claro que contarão com o auxílio e
orientação do professor.
Retornando ao assunto, quanto aos alunos menores, é importante
trabalhar leituras de quadrinhos, tiras e charge. Isso porque nesse contexto, além de
trabalhar o texto escrito, trabalha também a interpretação das imagens e cores. Estas por
sua vez, funcionam como inferências do texto, ou seja, as pistas que ele nos permite
para chegarmos a compreensão total. Pois parte daquilo que não aparece na escrita está
justamente camuflada nas imagens. A seguir, deve-se compará-los com textos somente
verbais, os quais transmitem a mesma mensagem e aos poucos vai-se trabalhando as
inferências no texto verbal. Assim é possível que os discentes cheguem ao nível da
compreensão textual, que estará sempre presente na sua vida. Esse processo é válido
também para o Ensino Médio, mas é importante começar cedo.
6. CONCLUSÃO
Diante de tudo que foi exposto, devemos “olhar” a educação com mais
atenção e carinho. Todos devem cumprir com a parte que lhe cabe dentro da
organização social. Pois como já foi mencionado, o problema da educação no Brasil vai
muito além das salas de aula. Ela envolve toda uma questão política e social. A baixa ou
falta de escolaridade dos familiares e até a ausência dos mesmos na vida escolar da
criança, as condições econômicas. Tudo isso num país que parece não querer que seus
cidadãos sejam instruídos. Isso porque a proposta pedagógica do governo não funciona,
porque o aluno é “empurrado” para a série seguinte sem ter aprendido o suficiente para
seguir adiante. Além disso, as bolsas nas universidades, tudo facilitando o acesso à
educação sem muito esforço do discente. E as faculdades particulares? Os vestibulares
são ridículos. Não será melhor fazer logo a matrícula? Esses são fatos que também
sujam a imagem da educação em nosso país.
Será que a culpa é só da escola? Não estamos pedindo que a sociedade
colabore, fazendo o nosso papel como se fossemos incompetentes, como é o trabalho
dos amigos da escola. Só pedimos que façam a parte que lhes cabe. Incentivar as
crianças ao estudo, à leitura ao respeito para com o demais e tudo sem ultrapassar os
limites da criança. Para melhorar a educação no Brasil, precisamos mudar a proposta
pedagógica, voltar à reprovação, que não significa exclusão, mas que algo precisa ser
melhorado, refeito. É contraditório dizer que a educação prepara para a vida, se o
vestibular seleciona, o emprego seleciona, o mundo é seletivo e não podemos reprovar
na escola. E para “limpar” a imagem da educação brasileira é preciso que a sociedade
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cumpra com seu dever no lugar de “empurrá-lo” para a escola, acreditando que ela é a
única responsável. Do contrário, o Brasil continuará sendo um país que se diz sempre
em desenvolvimento, mas que nunca chega ao topo.
Nota: Lembrando que esta pesquisa foi e está sendo realizada pela professora
regente das turmas.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CHARMEUX, Eveline. Aprender a ler: Vencendo o fracasso. 3 ed. São Paulo:
Cortez, 1997.
História da leitura. IN: www.wikipédia.com.br. Acesso em 04/11/2007.
KOCH, Ingedore Vilaça e TRAVAGLIA, Luiz. A coerência textual.11 ed. São Paulo:
Contexto, 2001.
MATENCIO, Maria de Lurdes Meirelles. Leitura, produção de texto e a escola.
Campinas. Mercado de Letras: Autores Associados, 1994.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA. 2 ed.
Rio de Janeiro, 2000.
SILVA, José Pereira da. A contribuição Árabe na formação do português. IN:
www.wikipédia.com.br. Acesso em 04/11/2007.
SOLE, Isabel. Estratégias de leitura. 6 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.