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A LEITURA LITERÁRIA COMO CONSTRUTORA DO CONHECIMENTO Nicéia Aparecida Domingues de Moraes (1) , Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira (2) (1) Colégio Estadual Professor Segismundo Antunes Netto (2) Universidade Estadual do Norte do Paraná - Campus Cornélio Procópio RESUMO O presente artigo tem como objetivo principal divulgar a implementação do projeto de intervenção pedagógica do PDE na 3ª série do ensino médio de uma escola pública de Siqueira Campos – Paraná. Este projeto foi pensado a partir da dificuldade que os alunos encontram em ler e interpretar textos, bem como relacioná-los a situações passadas ou atuais e interferir neles. Há a necessidade de formar leitores críticos, pessoas capazes de sentir e expressar os seus sentimentos. A proposta é resgatar a sensibilidade, a cultura, a pesquisa, enfim, o gosto pela leitura. Conforme esclarece Bordini & Aguiar (1988), o leitor tem um papel muito importante a desempenhar em relação à arte literária, em que ler é participar ativamente do texto, completar a obra, pois a interpretação se concretiza no momento em que o leitor atribui um sentido àquilo que leu, compreende o texto ao alcançar seu valor cultural, tornando-se capaz de estabelecer uma relação das partes entre si e das partes com o todo, o que lhe permite situar a obra de acordo com o contexto em que se insere, mas em perfeita consonância com a visão temática expressa, seja em qual época for. Para o desenvolvimento do projeto, utilizamos como suporte metodológico o Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1988). Palavras chave: Leitor Crítico. Literatura. Método Recepcional. 1

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A LEITURA LITERÁRIA COMO CONSTRUTORA DO CONHECIMENTO

Nicéia Aparecida Domingues de Moraes (1), Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira (2)

(1)Colégio Estadual Professor Segismundo Antunes Netto (2)Universidade Estadual do Norte do Paraná - Campus Cornélio Procópio

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo principal divulgar a implementação do projeto de intervenção pedagógica do PDE na 3ª série do ensino médio de uma escola pública de Siqueira Campos – Paraná. Este projeto foi pensado a partir da dificuldade que os alunos encontram em ler e interpretar textos, bem como relacioná-los a situações passadas ou atuais e interferir neles. Há a necessidade de formar leitores críticos, pessoas capazes de sentir e expressar os seus sentimentos. A proposta é resgatar a sensibilidade, a cultura, a pesquisa, enfim, o gosto pela leitura. Conforme esclarece Bordini & Aguiar (1988), o leitor tem um papel muito importante a desempenhar em relação à arte literária, em que ler é participar ativamente do texto, completar a obra, pois a interpretação se concretiza no momento em que o leitor atribui um sentido àquilo que leu, compreende o texto ao alcançar seu valor cultural, tornando-se capaz de estabelecer uma relação das partes entre si e das partes com o todo, o que lhe permite situar a obra de acordo com o contexto em que se insere, mas em perfeita consonância com a visão temática expressa, seja em qual época for. Para o desenvolvimento do projeto, utilizamos como suporte metodológico o Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1988).

Palavras chave: Leitor Crítico. Literatura. Método Recepcional.

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ABSTRACT

In this article the mainly aims is divulge the project implementation of pedagogical intervention of PDE in the 3rd year of high school in a public school in Siqueira Campos - Paraná. This project was thought from the difficulty that the students have in reading and interpreting texts, relate them to past or present situations and interfere with them. There is a need to graduate critical readers, who are able to feel and express their feelings. The proposal is to redeem the sensitivity, the culture, the research, finally, the taste for reading. As explained Bordini & Aguiar (1988), the reader has a very important role to execute in relation to literary art, where to read is participate actively in the text, complete the work, since the interpretation is present in the moment when the reader imputes a sense to what it read, comprehend the text when reach its cultural value, making it able to establish a relationship between the parties themselves and the parts to the whole, allowing it to place the work in accordance with the context in which it inserts, but in perfect consonance with the vision expressed theme, to be in what time is. To the develop of the project, we can use the methodological support the Recepcional Method of Bordini & Aguiar (1988).

Key-words: Reader criticize, Literature, Recepcional Method

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INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná

tem proporcionado aos seus professores encontro com grandes estudiosos das

Universidades através de encontros e cursos; bem como designado um tempo para

a leitura e o aprofundamento teórico nas respectivas disciplinas, e foi com a

inserção nesse programa que possibilitou a elaboração do projeto A Leitura Literária como Construtora do Conhecimento. No cotidiano das escolas,

professores de Língua Portuguesa e Literatura encontram alunos que dizem não

gostar de ler por não entenderem o que leem. Essa situação levou-nos a refletir

sobre este grande problema atual: a dificuldade dos alunos em ler e interpretar

textos. Percebeu-se assim a necessidade de um trabalho que tivesse por meta a

formação de um leitor capaz de ler, interpretar e de expressar o que sentiu após a

leitura, pois pessoas que não leem têm a sua vida restrita, encontram problemas na

comunicação oral e dificilmente os seus horizontes são ampliados.

Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2006), o ensino

de Literatura nas escolas, até o século passado, tinha como objetivo trabalhar a

forma padrão da língua, e os textos literários serviam como suporte para o ensino

da gramática e também para passar conceitos morais, de amor à pátria.

Desconsideravam o papel do aluno como sujeito ativo no ato de ler, em virtude do

contexto da época, o regime militar. Nessa época não eram aceitos discursos que

levassem os estudantes a serem críticos e criativos. Os estudos de Literatura

continuavam a serem feitos através de questões simplificadas, sem preocupação

com esse tipo de desenvolvimento do estudante. Somente com o fim desse regime,

houve uma preocupação com a formação de professores e de pesquisadores,

iniciando debates acerca do desempenho da educação e as mudanças que se

faziam necessárias para a melhoria da nossa sociedade.

Chega ao Brasil, no início dos anos 80, a teoria de Backtin, contribuindo

com o pensamento pedagógico, através de novas idéias de uso do texto literário.

Outros linguistas influenciaram também nas questões sobre o ensino da língua

materna, levando os professores a refletirem sobre a sua prática. Muito se tem

discutido até hoje sobre como trabalhar com o texto literário em sala de aula, mas

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os problemas continuam, pois os alunos, na grande maioria, continuam a não

entender o que leem. É, pois, necessário que a educação seja reavaliada e todos

lutem para mudar esse panorama, discutindo e tentando construir alternativas que

objetivem o trabalho com o dialogismo, com a língua em movimento, em

transformação.

Tendo em vista esse referencial, este projeto de intervenção foi direcionado

segundo os pressupostos do Método Recepcional, organizado por Bordini &Aguiar

(1988). Esses pressupostos têm a finalidade de fazer com que o leitor saia do

comodismo e assuma o papel de um ser crítico, aquele que lê, sente prazer através

da leitura que faz, passa a entender que a Literatura tem a função de fazer a

interação entre o leitor e quem escreve, confrontar esses dois mundos. Conforme

citam Bordini & Aguiar (1988, p.83) “A atitude de interação tem como pré-condição o

fato de que texto e leitor estão mergulhados em horizontes históricos, muitas vezes

distintos e defasados, que precisam fundir-se para que a comunicação ocorra.”

Sendo assim, esse método contribui com as aulas de Língua Portuguesa e

Literatura, já que o foco é o leitor/aluno e toda a sua experiência de vida e suas

expectativas. O ensino de Literatura deve ser cada vez mais valorizado em nossas

salas de aula, pois ela tem a função de formar cidadãos mais críticos e reflexivos,

que fazem suas próprias escolhas, despertando assim o prazer pela leitura literária.

Esse método propõe que sejam desenvolvidas algumas etapas para

detectarmos os horizontes de expectativas dos alunos em relação à Literatura, e

logo em seguida ampliá-los. Sugerem cinco etapas: Determinação do horizonte de

expectativas; Atendimento do horizonte de expectativas; Ruptura do horizonte de

expectativas; Questionamento do horizonte de expectativas; Ampliação do horizonte

de expectativas.

A partir dos estudos realizados sobre o assunto, foi construído o material

didático, um Caderno Pedagógico, o qual foi aplicado no retorno à sala de aula,

auxiliando o professor na implementação do seu projeto. Essa implementação foi

realizada com alunos da terceira série do Ensino Médio, matutino, no terceiro

período do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O Caderno

Pedagógico foi constituído de unidades, com abordagem centrada em um tema

específico, contendo textos de fundamentação com sugestões de atividades que

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foram trabalhadas com os alunos. Neste Caderno constavam todos os

encaminhamentos, passo a passo, do trabalho a ser realizado a partir do Método

Recepcional, Bordini & Aguiar (1988). O tema escolhido foi: O papel da mulher na sociedade contemporânea, e a partir dele foram escolhidos filmes, músicas,

imagens, textos literários, romances, que traziam esse tema. Após a apresentação

do projeto à escola, aplicou-se as cinco etapas do método, e por fim analisou-se os

resultados esperados e obtidos.

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1. LEITURA: ALGUNS ASPECTOS TEÓRICOS

Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa: Pensar o ensino da Língua e da Literatura implica pensar também as contradições, as diferenças e os paradoxos do quadro complexo da contemporaneidade. Mesmo vivendo numa época denominada “era da informação”, a qual possibilita acesso rápido à leitura de uma gama imensurável de informações, convivemos com o índice crescente de analfabetismo funcional, e os resultados das avaliações educacionais revelam baixo desempenho do aluno em relação à compreensão dos textos que lê. (2008, P.15)

A leitura pode ser definida como produtora de sentidos, é dialógica, não

acontece sozinha, e, sim, nas relações estabelecidas entre o leitor e o texto.

Compreende também o contato com textos variados, produzidos nas mais

diferentes esferas sociais. Ler não é apenas decifrar códigos, mas o aluno deve

perceber sua associação lógica, o encadeamento das idéias, as intenções por

detrás de cada texto, fazendo uma leitura das entrelinhas, da visão de mundo do

autor, e das possíveis manipulações contidas nos mesmos. Conforme cita Lajolo

(2001, p.45), “é preciso que o leitor tenha possibilidade de percepção e

reconhecimento – mesmo que inconscientemente – dos elementos de linguagem

que o texto manipula.” Sendo assim, o aluno poderá relacionar o que foi apreendido

com a sua história de vida, tornando-se um sujeito ativo em relação à leitura,

desenvolvendo assim o seu espírito crítico. Através da leitura literária o aluno

amplia os seus horizontes, estabelecendo uma interação com a realidade de nossos

dias e do ser humano consigo mesmo. Os jovens, na maioria das vezes, ficam em

contato com a linguagem da informática, tornando a linguagem restrita ao seu

mundo, mas na conversação sentem dificuldades para formular frases, quando ele

lê, o seu vocabulário enriquece e passa a ter desenvoltura na oralidade.

Embora todos os tipos textuais sejam importantes, a obra literária não está

fixa somente ao contexto original de sua produção, há uma intertextualidade através

dos temas e das épocas diferentes, há o diálogo entre a obra literária, seu receptor e

criador/autor, isso mostra o quanto ela é ativa e está sempre em transformação.

É função da escola propiciar ao educando o contato e a familiarização com a

leitura, ou seja, mediar esse processo, pois ela faz com que o indivíduo amplie seus

conhecimentos, interprete o que lê, não só isso, mas faça leitura de situações, de

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mundo, através das coisas mais simples, “... deixar de ler pelos olhos de outrem.”

(MARTINS, 2006, p. 23)

1.1. OS ENTRAVES DO LIVRO DIDÁTICO

O livro didático se constitui numa das modalidades mais antigas de

expressão escrita por ser o agente principal para o funcionamento das escolas, de

acordo com o pensamento de Lajolo & Zilberman (1996), e é talvez o primeiro

contato que muitas crianças e adolescentes têm com a leitura, pois antes de

entrarem para uma escola não possuem acesso a esse tipo de cultura letrada, mas

para formar leitores esse tipo de material não é o mais indicado, porque não

desperta o aluno para a leitura, servindo apenas para a transmissão de conteúdos,

ou seja, com intuito pedagógico. O texto literário passa a ser um pretexto para

definições, classificações, reflexão sobre questões polêmicas e transmissão de

gramática.

Martins cita Magda Soares: “essa escolarização inadequada acaba por

deformar o leitor ou afastá-lo do texto definitivamente” (apud, 1999, P. 51). Ela não

quer com isso condenar a instituição ou a relação desta com a Literatura, mas sim o

excesso de didatismo, a burocracia do ensino acoplado a regras preestabelecidas,

a normas rígidas e castradoras, ou seja, o uso do texto literário fragmentado,

manipulado pelo professor.

Lajolo conclui que

Num balanço geral, as críticas superam os aplausos e fundamentam-se nas mais diferentes razões: apontam que muitos livros didáticos contêm erros graves de conteúdo, que reforçam ideologias conservadoras, que subestimam a inteligência de seu leitor/usuário, que alienam o professor de sua tarefa docente, que - no caso dos livros de Comunicação e Expressão – às vezes pirateiam textos, que direcionam a leitura, que barateiam a noção de compreensão e de interpretação, e tantos outros quês e etecéteras que quem é freguês da matéria conhece bem. (2002, p. 63)

As críticas são muitas a esse material utilizado em sala de aula, por serem

descontextualizados, com problemas de coesão e coerência, comprometendo assim

o diálogo que deve ser estabelecido entre o leitor e o texto literário. Quando o

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professor se atém somente ao livro didático, encontramos uma espécie de

acomodação literária, tornando-se não mais um auxiliar no processo, mas um

roteiro a ser seguido diariamente pelo professor.

O livro didático, como um instrumento de apoio, precisa ser mais bem utilizado pelo

docente, este deve explorar mais adequadamente as suas potencialidades, contribuir para a

formação de pessoas críticas. Ser usado como um recurso a mais no processo de ensino-

aprendizagem, as informações nele contidas devem ser ampliadas, superando os problemas e

adequando-o às necessidades da comunidade escolar. Sendo bem utilizado, esse tipo de

material leva informação, instrução, contribui com o melhoramento da leitura e diverte,

porém vem acompanhado de ideologias, crenças que envolvem desde o autor, governo até

chegar ao público alvo que são os alunos.

Se o leitor passar a compreender a sua vida a partir daquilo com que se

depara nos estudos feitos em seu livro didático, ou seja, a partir de outro olhar, do

intercâmbio realizado entre autor/texto e leitor, aí sim poderá ser considerado de

uso inteligente.

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2. PROPOSTAS METODOLÓGICAS DE LEITURA NAS DCEs

As DCEs (2006) propunham que o ensino de literatura fosse a partir da

perspectiva rizomática no ensino médio, e no ensino fundamental a partir dos

pressupostos teóricos da Estética da recepção de Jauss.

Segundo essas diretrizes:

No Ensino Fundamental, torna-se relevante que as aulas de literatura não sejam meramente a escolha de uma prática utilitária de leitura ou que o texto literário sirva como pretexto para outras questões de ensino, que não a literatura como instituição autônoma, auto-referencial. (...) propõe-se que se pense o ensino da literatura a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção. Esses buscam resgatar o leitor de sua “passividade” e do papel marginal que lhe era conferido no bojo dos estudos literários. (...) Ao valorizar a leitura e a fruição, sem perder de vista a dimensão histórica da obra, a Estética da Recepção questiona as concepções de caráter mais imanente, ou seja, as que se pautam no plano formal, desconsiderando o viés contextual. (DCEs, 2006, pág. 37 / 38.)

As Diretrizes propunham que o texto literário fosse trabalhado a partir da

perspectiva rizomática para o ensino médio e para trabalhar com ela o professor

deveria ser um leitor assíduo para poder escolher os textos com os quais faria o seu

trabalho, em seguida faria associações entre os textos, as diversas leituras, a

construção dos significados, a multiplicidade de relações, não ficando apenas preso

à linha da historiografia, mas indo além como os estudos filosóficos e sociológicos

que enriquecem a análise literária.

Sugerem as Diretrizes:

Assim, a aula partirá do(s) texto(s) selecionado(s) pelo professor que colocará o aluno em face de textos literários integrais em vez de resumos ou sinopses. Aceitará os textos sugeridos pelos alunos como ponto de lançamento para a leitura de outros textos, num contínuo texto-puxa-texto que leve à reflexão, ao aprimoramento do pensar e a um aperfeiçoamento no manejo que ele terá de suas habilidades de falante, leitor e escritor. DCEs, 2006, pág. 41).

Em 2008, as DCEs sugerem como encaminhamento metodológico o

Método Recepcional, de Bordini & Aguiar (1988) tanto para o ensino médio como

para o ensino fundamental.

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Segundo essas diretrizes

Optou-se por esse encaminhamento devido ao papel que se atribui ao leitor, uma vez que este é visto como um sujeito no processo de leitura, tendo voz em seu contexto. Além disso, esse método proporciona momentos de debates, reflexões sobre a obra lida, possibilitando ao aluno a ampliação dos seus horizontes de expectativas.

De acordo com as autoras, Bordini e Aguiar, (1988), esse método tem como

finalidade a leitura crítica, a recepção de textos novos, o questionamento dessas

leituras, a transformação dos horizontes de expectativas do leitor, e de todos ao seu

redor.

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3. MÉTODO RECEPCIONAL: ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

As dificuldades dos alunos são grandes em relação à leitura e à

interpretação dos textos literários, alegam que detestam ler, mas nem mesmo foram

preparados para isso. Surge então a necessidade de despertá-los para esse prazer.

Assim, poderão, através da leitura literária, observar mundos até então

desconhecidos, envolver-se com histórias que se juntam às suas, sensibilizando-se,

conhecendo as diferenças. Ao ser capaz de ler, o aluno passa a compreender o

mundo a sua volta e os mais distantes e torna-se livre para sonhar, pois só através

da cultura o ser humano será capaz de melhorar a sua vida social, vivendo mais

dignamente. Para o desenvolvimento deste projeto, utilizou-se como suporte

metodológico o Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1988). Esse método

propõe que sejam desenvolvidas algumas etapas para detectarmos os horizontes

de expectativas dos alunos em relação à Literatura, e logo em seguida ampliá-los.

As autoras enfatizam que o método recepcional só será sucesso se forem

alcançados os objetivos propostos com relação ao estudante, que seria de ler,

compreender e interferir nos textos; ser aberto a novas leituras; de acordo com o

seu universo, analisar os textos lidos; mudar seus horizontes de expectativas e

também dos que o rodeiam. Desse modo, sugerem cinco etapas a serem

desenvolvidas:

Primeira etapa: Determinação do horizonte de expectativas - o professor

deverá investigar, através do diálogo e trabalhos em classe, e detectar os

horizontes de expectativas trazidos pelos seus alunos, os quais serão recheados de

valores, crenças, preconceitos, enfim, todo o seu interesse quanto à Literatura.

Segunda etapa: Atendimento do horizonte de expectativas - etapa em que

serão levados para a classe textos literários que os alunos apreciem, e as

estratégias trabalhadas na forma que eles conheçam e não tenham dificuldades.

Terceira etapa: Ruptura do horizonte de expectativas – os textos a serem

trabalhados, bem como as atividades a serem propostas, deverão abalar as

certezas dos alunos, apresentando maiores exigências, porém devem assemelhar-

se no tema, tratamento, estrutura ou linguagem. O aluno deverá perceber que está

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adentrando um campo ainda desconhecido, pois o mesmo tema passa a ser

abordado de maneira mais complexa.

Quarta etapa: Questionamento do horizonte de expectativas – a seguir os

alunos farão uma análise, refletindo sobre quais textos exigiram maior grau de

entendimento, farão comparações das leituras realizadas, através desse

autoexame, detectarão as dificuldades que ainda existirem, e que conhecimentos

ou experiências facilitaram a compreensão dos textos vistos.

Quinta etapa: Ampliação do horizonte de expectativas - última etapa em que

os alunos perceberão que os textos literários não são apenas tarefas da vida

escolar, mas estarão conscientes das aquisições feitas e das alterações vividas por

meio da experiência com a Literatura, assim sendo, eles buscarão outras leituras,

isso ampliará ainda mais os seus horizontes. A partir dessa etapa, o processo

reinicia-se com uma nova aplicação do método.

Para que o método seja eficaz e que o aluno alcance uma postura mais

consciente quanto à Literatura, os textos selecionados devem referir-se ao universo

do aluno, e em seguida romper com ele. Deve-se desenvolver a reflexão,

transformando o aluno em um agente de aprendizagem, que dará continuidade ao

processo, enriquecendo-se intelectualmente.

3.1. NA SALA DE AULA: LEITORES CRÍTICOS

O período de intervenção teve início quando foi feita a apresentação do

projeto na semana pedagógica para todos os componentes da escola: direção,

equipe pedagógica, professores e funcionários da secretaria e serventes. Também

foi exposto o material didático para a representante do Núcleo de Educação de Ibaiti

e responsável pelo PDE. No início das atividades letivas, os alunos da terceira série

do ensino médio tomaram conhecimento da proposta e se mostraram interessados

em desenvolvê-la. No mês de março houve a apresentação do projeto aos alunos

através do folder. Conversou-se sobre a importância da leitura, também sobre o

tema abordado no caderno pedagógico, o papel da mulher na sociedade, eles

ficaram entusiasmados e dispostos a trabalhar. Foi importante discutir com os

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jovens sobre esse papel da mulher, perceberam através das leituras que muitas das

funções exercidas pelas mulheres, até pouco tempo só pertencia aos homens, e

mesmo trabalhando fora de casa ainda continuam sendo mães, esposas, tendo

dupla jornada de trabalho. Com a ampliação dos horizontes desses alunos, eles

alteraram a maneira de ver a mulher, conscientizaram-se de que não deve haver

mais lugar para a discriminação, e que homens e mulheres são iguais em direitos e

deveres.

No primeiro capítulo, conforme ressaltam Bordini & Aguiar (1988), foi

realizada uma investigação, através do diálogo e trabalhos em classe, para detectar

os horizontes de expectativas trazidos pelos alunos.

Para atraí-los e motivá-los a trabalhar com o tema, foi trazido para a sala de

aula um clipe da música Ela é bamba (2008), de Ana Carolina e também o filme O sorriso de Monalisa (2003), filme dirigido por Mike Newell, Columbia Pictures.

A partir da música e do filme, os alunos analisaram o enfoque dado ao

papel que a mulher representa na sociedade hoje, através de comentários

comparativos a partir dos assuntos evidenciados nos mesmos, como na música:

mulher, trabalho, bamba, sustentação, verossimilhança, valores; no filme: sociedade

dos anos 50, submissão, mentalidade liberal, machismo, crenças, papel da mulher

na educação.

Discutiu-se o nível de abordagem sobre o tema, na música e no filme.

Através dessa tarefa perceberam a intenção dos produtores em relação ao papel

ocupado pelas mulheres em contextos sociais diferenciados. A música mostra a

mulher trabalhando fora, mas também com a responsabilidade dentro de casa,

sendo vista de forma discriminada. O filme mostra a problemática do papel da

mulher na sociedade, sua submissão em relação com o homem, a relevância na

sustentação da sociedade, ao mesmo tempo em que não lhe é conferido poder

algum. Nos dois contextos a mulher ainda não assumiu uma identidade, continua a

ser marginalizada. Após essa atividade, pediu-se aos alunos que selecionassem

reportagens, notícias, atualidades que envolvessem o tema MULHER e, em sala

aula, organizassem um painel com o material trazido pelos mesmos. Em seguida

realizamos a leitura do conto I love my husband, de Nélida Piñon (2001), e o

debate sobre a problemática da submissão feminina, relacionando passado e

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presente. A partir dessas atividades, os alunos já se mostravam motivados a discutir

sobre o tema MULHER.

Após as atividades relativas ao perfil da mulher, e tendo despertado nos

alunos o interesse pelo assunto, a segunda etapa do método iniciou-se com textos

de músicas um pouco mais exigentes, pois segundo as autoras Bordini & Aguiar,

(1988), uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos com

respeito à Literatura, após essa sondagem, a segunda etapa consistia no

atendimento do horizonte de expectativas - etapa em que foram levados para a

classe textos literários que os alunos apreciavam, e as estratégias foram

trabalhadas na forma que eles conheciam para que não tivessem dificuldades. Com

esse objetivo, foram escolhidas duas músicas: Mulheres de Atenas de Chico

Buarque (1996, p.35) e Mulher, Sexo Frágil de Erasmo Carlos (2008).

Após ouvirem e refletirem sobre as músicas, foi apresentada a imagem da

tela Mulheres amamentando de Renoir (2008). Uma grande discussão analisou o

papel da mulher no passado, no trabalho doméstico. Estabeleceram comparações

entre as mulheres vistas nas músicas e também na tela. Em seguida montaram a

ficha de uma mulher da família e apresentaram os resultados através de painéis. A

partir desse trabalho os alunos se depararam com a real situação da mulher, o

preconceito existente nas próprias famílias.

O conto Amor de Clarice Lispector (2001) foi a leitura mais exigente e

complexa, por isso foi organizada uma roda de leitura e dividida em capítulos para

facilitar o entendimento. Amor traz a história de uma mulher chamada Ana, dona de

casa, como qualquer outra, e que um dia sai para fazer compras e cumprir com

suas obrigações domésticas, e algo inusitado acontece, fazendo com que ela não

seja mais a mesma a partir desse fato. Essa leitura fez com que os alunos

percebessem que estavam adentrando um campo ainda desconhecido, e o mesmo

tema sendo abordado de maneira mais complexa.

A seguir foi apresentado o romance escolhido: Senhora, de José de

Alencar (1997). Este romance apresenta a história de Aurélia Camargo, mulher

pobre que se apaixona por Seixas, este a deixa por outra mulher com melhores

condições financeiras. Aurélia, depois de algum tempo, já órfã de mãe e pai, recebe

uma grande herança do avô, passando a ser mulher de destaque na sociedade

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carioca. Ela manda oferecer um dote a Fernando, e casa-se com ele, mas deixa

claro que o comprou. Durante meses, vivem uma relação cheia de ironias e

ofensas. Ele trabalha e consegue devolver o dinheiro do dote em troca da

separação, ela é vencida pelo amor e ficam juntos Um prazo foi dado para que

todos os alunos pudessem ler o livro. Em seguida, os alunos analisaram a

personagem Aurélia, sua personalidade, suas atitudes, e o comportamento das

mulheres do século XIX, e em grupos representaram as personagens, com todas as

características presentes nas obras, trajados de acordo com a época, mostrando as

semelhanças e diferenças entre as realidades vividas pelas mulheres das obras

literárias e compararam-nas com mulheres atuais, observando quais problemas elas

enfrentam hoje.

A etapa desenvolvida a seguir com os alunos foi, conforme citam Bordini &

Aguiar (1988), de questionamento do material literário trabalhado. Quais textos

exigiram um nível mais alto de reflexão, fizeram análise e comparações das leituras

realizadas, através disso detectaram as dificuldades que ainda existem, e

perceberam que o conhecimento e a experiência que tinham ajudaram na

compreensão dos textos vistos.

O professor pediu que os alunos montassem uma pesquisa – com

questionário semi-estruturado e fossem aos bairros da cidade para detectar qual o

grau de preconceito existente em relação à mulher, sobre ocorrências de violência

sofrida por elas, o machismo, presente nos jornais locais e toda forma de exclusão

no mercado de trabalho. Os alunos se organizaram em duplas e saíram a campo.

Feita a pesquisa, os resultados foram analisados pelas equipes e

comparados com os estudos realizados no decorrer do trabalho e demonstrados

através de relatórios e exposição desses à comunidade escolar. Em seguida, os

dados foram confrontados, os alunos se reuniram em um grande grupo e iniciou-se

a montagem de uma mostra sobre o papel da mulher na sociedade.

Para a mostra foram confeccionados convites, no formato de um sapato

feminino, com um pensamento do Pe. Fábio de Melo, do livro Mulheres de Aço e de

Flores: “Mulher, ó mulher. Pudesse eu recomeçar este mundo, inventaria de criar-te

primeiro, e somente depois retiraria Adão de tuas costelas”. O convite foi enviado a

setores educacionais e sociais da cidade e também para o Núcleo Regional de

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Educação. A mostra foi realizada no Clube Pindorama de Siqueira Campos, nos

dias 23 e 24 de junho de 2009. Logo na entrada do clube havia uma jovem sentada

e uma mão direcionada a ela, tentando representar a mão de Deus na criação, ao

lado da jovem estava a mesma frase que constava no convite. A exposição foi

aberta por um aluno que apresentava as mulheres de sua turma, em seguida, os

convidados eram conduzidos por duas alunas, em trajes sociais que contavam um

pouco sobre a trajetória feminina, antes de cada apresentação. O primeiro grupo

mostrou, em um vídeo, as conquistas da mulher, tudo associado à música. Um

grupo ficou responsável em fotografar mulheres trabalhando em diversos setores da

sociedade, as fotos, em preto e branco, foram apresentadas em um painel e

comentadas pelos alunos. Entre essa apresentação e a próxima foi declamada a

oração da mulher. Um terceiro grupo pesquisou sobre a mulher nas artes plásticas

e recriaram, através de colagem, pintura e grafite, algumas telas famosas como

Monalisa, A liberdade guiando o povo, Abaporu feminino, e o quadro Os operários

foi recriado através de colagem de rostos femininos. A cada intervalo entre os

grupos, foram declamados poemas escritos pelos alunos. Um teatro, refletindo a

posição da mulher nos contos, no romance, foi montado com o nome “Um sonho

impossível”, mostrando a atual situação da mulher, a sua dupla e até tripla jornada

de trabalho, e os atores cantaram uma música feita por eles mesmos falando da

situação da mulher, para encerrar a apresentação do teatro. Um grupo ficou

responsável em pesquisar e montar os direitos femininos, esse grupo fez os painéis

grandes, de um lado, imagens femininas; e do outro os direitos da mulher, inclusive

expuseram também a lei Maria da Penha, ainda desconhecida de muitos. Para

finalizar, uma jovem dança uma valsa com quatro rapazes, todos trajados

socialmente, com o intuito de mostrar como a mulher era cortejada no romance

Senhora, após a dança um dos cavalheiros entregava um botão de rosa vermelha a

uma mulher que estava assistindo. O último poema é declamado por um aluno.

Também foi montado um ambiente onde as mulheres entravam em busca de

descobrir quem era a mulher ideal, como propagava o cartaz da porta, quando

entravam se deparavam com o espelho, um recipiente com bombons e frases

otimistas para as mulheres se valorizarem mais, algumas saíam emocionadas. As

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lembrancinhas, feitas em “biscuit”, representavam um sapato feminino com um colar

de pérolas, e foram entregues no final.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o presente trabalho sobre a leitura literária apresentou

resultado satisfatório, pois os alunos leram sem perceber que estavam lendo, algo

difícil de conseguir, já que muitos alunos diziam ter aversão à leitura. Pois o método

possibilita atender às expectativas dos mesmos, iniciando com músicas, filme,

fatores que contribuíram para que houvesse a aceitação e a participação deles na

leitura dos contos e do romance sugerido.

A leitura literária é muito importante para os alunos, pois gera

comportamentos, atitudes que contribuem para a sua formação. Eles devem ter

prazer em ler e não somente repetir as informações através de exercícios. Assim

sendo, o Método adotado neste trabalho contribuiu bastante para a eficácia do

mesmo, pois vai ao encontro das expectativas dos alunos. Após as músicas e o

filme, ficou fácil realizar as leituras dos contos e trabalhar com os mesmos. O

romance mostra uma sociedade completamente diferente da vivida pelos nossos

alunos, isso poderia gerar uma insatisfação quanto a essa leitura, no entanto, o que

se viu foi o contrário, alunos apresentando as personagens e estabelecendo

relações com a realidade. O tema escolhido também gerou muita polêmica, e os

debates foram intensos, instigando-os a lerem mais sobre o assunto.

A última etapa do trabalho significa o início de outra aplicação do método

levando os alunos a terem mais consciência sobre a literatura e a vida, sendo assim

foram sugeridas leituras sobre o mesmo tema como: A asa esquerda do anjo, de

Lya Luft (2003); Vozes do deserto, de Nélida Piñon (2004) e As três Marias, de

Rachel de Queiroz (1956).

Com a aplicação desse método nossos alunos sentiram-se motivados a ir

além, ultrapassando o seu horizonte de expectativas ao encontro de novas leituras,

as quais, com certeza, contribuirão para que a visão de mundo de cada um possa

ser ampliada.

Atualmente, fala-se em Letramento Literário, proposto por Rildo Cosson

(2006), como um processo que visa à formação de um leitor que se apropria de

forma autônoma das obras e do processo de leitura, ultrapassando a simples

decodificação do texto. O autor afirma que “é no exercício da leitura e da escrita de

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textos literários que se desvela a arbitrariedade das regras impostas pelos discursos

padronizados da sociedade letrada e se constrói um modo próprio de se fazer dono

da linguagem” (COSSON, 2006: 16). Mais uma proposta que efetiva a necessidade

de se pensar numa metodologia de ensino para a leitura literária em sala de aula,

bem como mais uma alternativa para o professor.

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