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A LEI Nº 9795 E A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Jonathan Cardoso Lopes Domingos
Curso de Especialização Lato-Sensu em Educação Ambiental
Universidade Federal de Lavras - UFLA
Introdução:
Para ser efetiva, uma proposta de Educação Ambiental deve promover, simultaneamente, o
desenvolvimento de habilidades, conhecimentos, atitudes e técnicas necessárias à prevenção e
manutenção da qualidade ambiental, bem como fixar claramente seus objetivos. Com o intuito de
nortear as ações acerca da educação ambiental, a lei nº 9795 procura estabelecer estes objetivos, que
aliados à ética e à cidadania podem fomentar um saber de grande valia para a comunidade escolar.
O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica que objetiva a apresentação dos
artigos 9º, 10º e 11º da lei nº 9795, bem como propor uma discussão sobre a importância destes artigos
na elaboração de uma Educação Ambiental interdisciplinar que busca estabelecer
uma função socioambiental na comunidade escolar e na formação de um cidadão com valores éticos e
morais.
Desenvolvimento:
Apesar das políticas estruturantes da educação enfatizar a transversalidade e
interdisciplinaridade, as escolas ainda são organizadas e pautadas pela “tradicionalidade” das
disciplinas, fato que nos coloca em posição de constantes reflexões sobre as atuais políticas
estruturantes e nossas práticas educacionais. Neste contexto, a Educação Ambiental é considerada
como um processo permanente, ditada pela interdisciplinaridade, e deve estar presente em todos os
níveis de ensino. E é por meio dela que a sociedade e os indivíduos tomam consciência da condição do
seu ambiente e adquirem habilidades, conhecimentos e valores que os tornam aptos a agir individual e
coletivamente na resolução dos problemas ambientais.
Os instrumentos legislativos mostram-se uma excelente ferramenta de proteção ambiental. Na
perspectiva de semear os conhecimentos ambientais no ramo educacional, foi publicado no diário
oficial da união de 28 de abril de 1999 e regulamentado pelo Decreto nº 4.281, de 25 de junho de
2002, a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política
de Educação Ambiental e dá outras providências (BRASIL, 1999). Lei que busca nortear as ações e
políticas da Educação Ambiental, definindo seus princípios e objetivos básicos.
O artigo 9º, 10º e 11º desta lei versam sobre a abrangência da Educação Ambiental no campo
educacional:
Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no
âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos. (BRASIL, 1999).
Faz-se necessário respaldar que o saber ambiental deve permear-se por todos os níveis
educacionais, não se fixando como uma disciplina isolada e fragmentada, mas sim como um saber
interdisciplinar, necessário e contínuo ao desenvolvimento de uma sociedade consciente de seus
valores morais e socioambientais. Neste contexto, os artigos 10º e 11º fazem as necessárias ressalvas:
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação
de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis,
deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de
professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. (BRASIL, 1999).
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar
em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos
princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Buscar a interdisciplinaridade é quase uma necessidade quando se objetiva uma grande
abrangência. De acordo com Coimbra (2010), a interdisciplinaridade ocorre quando cada profissional
faz uma leitura do ambiente de acordo com o seu saber específico, contribuindo para enriquecer uma
temática que pode ser permeada por vários campos.
Conclusão:
Para atender determinadas especificações da lei nº 9795, faz-se necessário pautar-se no campo
da interdisciplinaridade dos saberes, as leituras, descrições, interpretações e as diferentes análises do
mesmo objeto de trabalho que permitem a elaboração de um outro saber, que busca um entendimento
e uma compreensão do ambiente por inteiro. Repensar a Educação Ambiental como um saber
interdisciplinar é uma urgência da atual educação e um aparato legal no cumprimento dos artigos 9º,
10º e 11º desta lei.
Referências:
COIMBRA, A. S. Interdisciplinaridade e educação ambiental: integrando seus princípios necessários.
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/03/artigo-1a2.pdf>. Acesso em: 26 de março de 2014.
FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologias.
5.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
BRASIL. Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de
Educação Ambiental. Brasília, 1999.