a inovação como estratégia competitiva das organizações: um ensaio teórico

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ResumoO presente estudo tem como objetivo realizar um ensaio teórico sobre a temática da inovação. Asdefinições de inovação são estudadas em uma perspectiva histórica e ainda compreendida como umadas estratégias competitivas das organizações neste ambiente complexo. Corresponde a uma pesquisabibliográfica teórico-conceitual. Os resultados apresentados levam a conclusão que a inovação passara ser um dos pontos fundamentais e, um dos instrumentos essenciais para a organização alcançar seuobjetivo superior.Palavras-chave: inovação, estratégia, estratégias competitivas, competitividade.

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  • 274RAIMED - Revista de Administrao IMED, 4(3): 274-285, ago./dez. 2014 - ISSN 2237-7956

    A Inovao como Estratgia Competitiva das Organizaes: Um Ensaio Terico

    Maiquel Silva KelmMestre em Desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste

    do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI).E-mail: .

    Daniel Knebel BaggioDoutor em Contabilidad y Finanzas pela Universidad de Zaragoza (UNIZAR).

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Iju, RS, Brasil.

    E-mail: .

    Martinho Luis Kelm Doutor em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).Professor do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento da Universidade Regional

    do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Iju, RS, Brasil.E-mail: .

    Marcos Paulo Dhein Griebeler Doutor em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Iju, RS, Brasil.

    E-mail: .

    Jorge Oneide Sausen Doutor em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).Professor do Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento da Universidade Regional

    do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Iju, RS, Brasil.E-mail:

    Resumo

    O presente estudo tem como objetivo realizar um ensaio terico sobre a temtica da inovao. As definies de inovao so estudadas em uma perspectiva histrica e ainda compreendida como uma das estratgias competitivas das organizaes neste ambiente complexo. Corresponde a uma pesquisa bibliogrfica terico-conceitual. Os resultados apresentados levam a concluso que a inovao passar a ser um dos pontos fundamentais e, um dos instrumentos essenciais para a organizao alcanar seu objetivo superior.Palavras-chave: inovao, estratgia, estratgias competitivas, competitividade.

  • 275RAIMED - Revista de Administrao IMED, 4(3): 274-285, ago./dez. 2014 - ISSN 2237-7956

    A Inovao como Estratgia Competitiva

    1 Introduo

    Estudos recentes tm enfatizado a intensida-de e a velocidade com que as transformaes, se-jam elas, econmicas, culturais e tecnolgicas se fazem presentes no mundo contemporneo. As or-ganizaes, inseridas neste cenrio, so pressiona-das para acompanh-las para que possam se man-ter vivas no mercado, conforme abordam Greiner (1972), Maidique e Patch (1982), Boeker (1989), Baldwin (1996), Porter (1991) e mais recentemente Ofek e Sarvary (2003), Ofek e Turut (2004), Del-mar e Shane (2006) e Eesley, Hsu e Roberts (2013).

    Neste sentido, torna-se necessrio que as organizaes sejam entidades criativas, e, princi-palmente, capazes de transformar sua criativida-de em inovaes efetivas, de modo que consigam efetivamente incorpor-las nos seus produtos, processos, posies e paradigmas (Tidd, Bessant, & Pavitt, 2008). Na anlise organizacional uma inovao deve materializar-se mais do que mo-dificaes episdicas de elementos do negcio, mas constiturem-se em estratgia de desenvolvi-mento ao imprimir vantagens competitivas, como apontam os autores Gort e Klepper (1982), Bal-dwin (1996, 1999), Gellatly (1999), Dittrich, Duys-ters e Man (2004) e Eesley et al. (2013).

    O presente estudo busca na literatura exis-tente os principais conceitos vinculados inova-o, relacionando-os com o enfoque da competiti-vidade sistmica, que considera diferentes fatores como determinantes da vantagem competitiva das organizaes (Coutinho & Ferraz, 1994).

    Buscou-se ainda relacionar os temas ino-vao e competitividade compreendendo os mo-delos de vantagens competitivas (Vasconcelos & Ciryno, 2000), em especial a Abordagem dos Pro-cessos de Mercado, em que a inovao se estabe-lece como um real diferencial competitivo as or-ganizaes. Por fim, com base nas consideraes de Motta (1995) sobre a perspectiva do gestor a respeito da inovao, estas so analisadas sob duas dimenses: a da Natureza Organizacional da Inovao e a Natureza Gerencial da Inovao.

    2 Metodologia

    Em termos metodolgicos este estudo de-fine-se como um ensaio terico, no sentido que busca atravs da literatura existente a compreen-so das definies de inovao estudadas em uma

    perspectiva histrica a partir da compreenso das estratgias competitivas das organizaes. Este estudo pode ser classificado como uma pesquisa bibliogrfica terico-conceitual, no que diz res-peito aos procedimentos de classificao tcnica, j que, segundo Gil (2007), se tem um apoio sig-nificativo na utilizao de um referencial teri-co j elaborado, buscando uma cobertura muito mais ampla em relao ao contexto geral.

    3 Reviso e anlise terica

    3.1 Inovao

    Um dos autores clssicos relacionados ino-vao, Schumpeter (1988), relaciona a inovao em uma viso macro econmica, argumentando que esta capaz de impulsionar a economia em cons-tante evoluo, proporcionando modificaes no mercado e o comportamento do consumidor, na medida em que, as novidades introduzidas impul-sionam o crescimento gerando um ciclo virtuoso de inovaes e crescimento econmico. Segundo Schumpeter (1988), o produtor/empreendedor que d origem ao ciclo, pois inovar a substitui-o de formas antigas de produzir e consumir, por formas antes no existentes, na qual os produtores acabam persuadindo os consumidores a adquiri-rem novos produtos e servios.

    Ainda em Schumpeter (1988) acredita que a criao do novo faz o antigo se tornar obsoleto, e neste sentido esta inovao pode proporcio-nar situaes de elevao de competitividade de empresas iniciais conduzindo-as inclusive a um monoplio temporrio, at que seus concorrentes imitem tal ideia e coloquem produtos semelhan-tes no mercado ou introduzam uma nova inova-o ao mercado.

    As consideraes de Schumpeter (1988) so importantes para um entendimento inicial, considerando o contexto histrico ao qual o au-tor relaciona os seus pensamentos e um perodo que a inovao como um elemento estruturante da competitividade e do desenvolvimento econ-mico no mereciam a ateno que a eles dada atualmente. Deve-se ainda considerar que as ideias de Schumpeter (1988) surgem no auge da revoluo industrial quando a mxima competi-tiva era a escala, ou seja, a diluio de custos fixos pela otimizao do volume padro produzido. Este modelo competitivo favorecia sobremaneira

  • 276RAIMED - Revista de Administrao IMED, 4(3): 274-285, ago./dez. 2014 - ISSN 2237-7956

    M.S. Kelm, D.K. Baggio, M.L. Kelm, M.P.D. Griebeler, J.O. Sausen

    os grandes empreendedores que tinham na escala de produo um dos principais fatores de com-petitividade, de viabilidade de sua abrangncia geogrfica e de barreira de entrada para eventuais novos empreendimentos.

    Outros autores tem ampliado a discusso do tema da inovao como Lambin (2000), o qual afirma que as organizaes, pelo cenrio estabe-lecido, esto cada vez mais atuando em um am-biente competitivo em termos tecnolgico. Este fenmeno tem se acelerado cada vez mais, permi-tido, em certa medida, a atuao global das orga-nizaes que no paradigma anterior dificilmente teriam condies de se desenvolver.

    Drucker (2003) argumenta que a inovao um dos pontos fundamentais e, um dos ins-trumentos essenciais para a empresa atingir seu objetivo superior de satisfao dos clientes. Tal a importncia que este autor concede ao tema que chega a afirmar que as organizaes teriam duas funes essenciais para atingir seus objetivos: marketing e inovao.

    Em relao ao papel do gestor nas organiza-es, Drucker (2003) reconhece que a percepo do empreendedor vital no processo de inova-o. O gestor deve estar atento e disposto a criar um ambiente propicio a inovao, sendo capaz de assumir riscos, encontrar as melhores oportuni-dades que proporcionem melhorias na gesto dos recursos internos com o intuito de reduzir obs-tculos, apontando diretrizes, e sendo capaz de orientar os colaborados da para o que proposto, alm de criar uma cultura de inovao difundin-do o conhecimento existente e as experincias di-versas. O mesmo autor ressalta que o a gesto da inovao deve considerar sempre duas perspecti-vas, uma de mbito interno, nos casos de emprego de novas tcnicas de produo e disseminao de conhecimentos, e outra de mbito externo, com a avaliao mercadolgica associada ao lanamento de um novo produto ou servio (Druker, 2003).

    J em Tidd et al. (2008), o fomento da inova-o est estabelecido quando as relaes e opor-tunidades so identificadas e aproveitadas pela organizao, no dependendo necessariamente da abertura de novos mercados, visto que estas podem proporcionar maneiras diferentes de ser-vir mercados j existentes e consolidados.

    Para estes autores, a inovao a partir de quatro tipos de inovao, desdobrada em quatro classes abrangentes:

    (a) inovao de produto: mudana nos produ-tos/ servios que uma empresa oferece; (b) ino-vao de processo: mudanas nas formas em que os produtos/servios so produzidos, como exemplo, a reduo do nmero de pessoas na li-nha de produo; (c) inovao de posio: mu-danas no contexto em que produtos/servios so introduzidos. Pode-se lanar um produto/servio para um segmento com um objetivo, porm, pode-se adapt-lo para um novo seg-mento com outro objetivo, aproveitando o cres-cimento de outro mercado; e (d) inovao de paradigma: mudanas nos modelos mentais da sociedade, que orienta o que a empresa faz. (Tidd et al., 2008, p. 31).

    Para Pace e Brito (2003) inovao abrange tanto o desenvolvimento e a aplicao de um novo produto, processo ou servio. (Pace & Brito, 2003, p. 01). A inovao estende-se tambm a no-vidades introduzidas em um determinado equipa-mento, sua aplicao ou ambos. Podendo signifi-car tambm o uso de um tipo existente de produto em uma nova aplicao ou o desenvolvimento de um novo produto para a mesma aplicao.

    No entendimento de Duffy e Kelly (1989) e Zahra e Ellor (1993) esta abordagem ao afirmar que a inovao pode ser caracterizada por mu-danas no produto, por mudanas em seu proces-so de fabricao, ou ainda por mudanas imple-mentadas nos servios relacionados ao produto.

    Em Delmas (1999, p. 4), encontra-se uma de-finio similar, sendo a inovao uma nova com-binao dos mesmos elementos dentro de um novo arranjo, tal como a introduo de um novo bem, uma nova qualidade de um bem, a introdu-o de um novo mtodo de produo, a abertura de um novo mercado, etc.

    Hooley, Perin e Sampaio (2006) afirmam que a inovao pode ter diferentes facetas, sen-do elas relacionadas inovao ao produto, ao processo tecnolgico, estrutura administrati-va ou ao programa relacionado com os membros da organizao. Complementar a este conceito, Tushman e Nadler (1997) definem dois tipos bsi-cos de inovao: Inovao de Produto e Inovao de Processo.

    Em relao aos processos de inovao e gan-hos de produtividade, Arbix (2010, p. 168) ressal-ta a importncia da inovao, sendo ela capaz de proporcionar aumentos de produtividade, em-pregos de melhor qualidade e elevao do nvel de bem-estar, alm de auxiliar no enfrentamento de todos os desafios ligados ao meio ambiente.

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    A Inovao como Estratgia Competitiva

    De um modo geral, os autores no divergem em termos de sua conceituao, mas as divergn-cias tornam-se mais aparentes com relao aos fa-tores indutores ou inibidores da inovao. Dentre estas ltimas podem ser mencionadas a averso ao risco, s recompensas baseadas em padres tradicionais, a burocracia, a cultura e estrutura conservadora da empresa, as rivalidades internas, as hierarquias empresariais complexas, rgidas e centralizadas. No sentido inverso, so mencio-nados como elementos facilitadores da inovao a coordenao e relao interfuncional, a capaci-dade de incentivar e recompensar novas ideias, a atitude gerencial positiva em relao mudana e a cultura mais voltada para o mercado. Vale lem-brar que as diferenas entre os diversos autores no se d necessariamente pelos fatores inibidores ou impulsionadores, mas pelo peso que cada autor atribui a cada varivel nas situaes investigadas.

    Ainda com relao anlise do desenvolvi-mento de novos produtos oriundos de processos inovativos internos, deve-se considerar que es-tes abrangem desde as aes ou processos para a gerao do conceito inerente aos aspectos tc-nicos do produto, mas se estendem tambm aos elementos de comunicao como avaliao do plano de produto de marketing e comercializao e a estratgia adotada para a introduo de uma nova oferta no mercado (Crawford, 1994).

    Tambm nas inovaes de origem externa, como alerta Baxter (1998) devem ser analisadas as exigncias dos consumidores por representa-rem as caractersticas bsicas a serem observadas para que o produto seja comercialmente vivel, constituindo-se em critrios mnimos para o produto ser aceito no mercado.

    A anlise dos autores anteriormente men-cionados evidencia uma amostra das diversas possibilidades de investigao da grande tem-tica que a inovao. Seja depurando-se seus fatores constituidores nos produtos, servios ou processos, seja na identificao dos elementos indutores ou inibidores, ou ainda, na anlise de como o mercado observa e recebe esta dinmica. Um fator comum entendido pelos autores cor-responde: a inovao um elemento essencial na constituio e consolidao da competitividade organizacional, elemento este que ser discutido seguidamente neste artigo.

    3.2 O enfoque da competitividade

    A manuteno de uma posio competiti-va por parte de uma organizao pode decorrer de elementos que, embora robustos no sejam necessariamente complexos, como o direito de explorao de determinado produto por conces-so ou patente, ou ainda pelo controle de canais privilegiados na cadeia logstica, para mencionar alguns. Outras posies competitivas so susten-tadas pelo dinamismo dos fatores intervenientes no processo, e este parece ser o caso da compe-titividade baseado na inovao. Por complexo, entende-se neste estudo aqueles sistemas consti-tudos de processos que, pela multiplicidade de relaes e combinaes de elos e funes, no seja possvel prescrever de modo indubitvel suas sa-das ou descrever com convico seus processos de criao. A partir deste pressuposto entende-se que a competitividade pode ser melhor analisada pela viso da competitividade sistmica, a qual considera diferentes fatores e diferentes possibi-lidades de articulao como determinantes da vantagem competitiva das organizaes (Couti-nho & Ferraz, 1994).

    Coutinho e Ferraz (1994) partem da premis-sa de que esto superadas as vises econmicas tradicionais que definiam a competitividade so-mente como uma questo de preos, custos ou ta-xas de cambio. Para estes autores, esta concepo foi promotora de polticas especificas, como por exemplo, a desvalorizao cambial, o controle de custos unitrios de mo de obra e a produtivi-dade do trabalho, com o objetivo de melhorar a competitividade das empresas em cada pas.

    Superada esta viso unidimensional, os au-tores apresentam uma concepo de competiti-vidade a partir do conceito de competitividade sistmica, ressaltando a importncia de consi-derar que desempenho empresarial depende e tambm resultado de fatores situados fora dos mbitos das empresas e da estrutura industrial da qual fazem parte (Coutinho & Ferraz, 1994, p. 17). Portanto, ao analisar a competitividade de uma empresa, deve-se levar em considerao fatores como a ordenao microeconmica, in-fraestrutura, o sistema poltico-industrial e as caractersticas socioeconmicas dos mercados nacionais e, principalmente, o modo como este e outros fatores intervenientes constituem siste-mas e subsistemas especficos de produo e de competitividade.

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    M.S. Kelm, D.K. Baggio, M.L. Kelm, M.P.D. Griebeler, J.O. Sausen

    Ainda com relao abordagem conceitual de competitividade, a viso sobre este tema de-pende da filiao terica de quem examina o as-sunto. Na percepo de Coutinho e Ferraz (1994) uma parcela significativa dos especialistas traba-lha o conceito de competitividade como um fe-nmeno diretamente relacionado s caractersti-cas apresentadas por uma forma ou um produto. Estas caractersticas relacionam ao desempenho no mercado ou a eficincia tcnica dos processos produtivos adotados pela firma (Coutinho & Fer-raz, 1994, p. 17).

    A principal restrio da anlise dentro des-tes dois enfoques vincula-se ao aspecto esttico destas abordagens, consistindo apenas no exame de indicadores que se comportariam de forma v-lida at um determinado ponto, sem a capacidade de representar o dinamismo do meio. Neste sen-tido, se faz necessrio analisar dinamicamente os dois enfoques, tanto desempenho quanto efi-cincia resultado de capacitaes acumuladas e estratgias competitivas adotadas pelas empre-sas (Coutinho & Ferraz, 1994, p. 17) em lugar de suas percepes quanto a ao concorrencial e ao meio econmico que fazem parte.

    Sob esta perspectiva, o conceito de competi-tividade definido pelos autores como:

    . . . a capacidade da empresa de formular e im-plementar estratgias concorrenciais, que lhe permitam conservar, de forma duradoura, uma posio sustentvel no mercado. . . . . O sucesso competitivos das empresas advm da criao e da renovao das vantagens competitivas por parte das empresas, em um processo em que cada produtor se esfora por obter peculiarida-des que a distinga favoravelmente dos demais, como por exemplo, custo e/ou preo mais bai-xo, melhor qualidade, menor lead-time, maior habilidade de servir a clientela [...] (Coutinho & Ferraz, 1994, p. 17).

    Na viso destes autores, se faz necessrio que as empresas se mostrem, no somente aptas a adotar consistentes estratgias competitivas, mas tambm imprescindvel ter a permanente capa-cidade de comunicao, de permeabilidade com o contexto de modo a corrigir o rumo quando for necessrio e at mesmo perceber o esgotamento de determinada abordagem. Ou seja, as especi-ficidades do mercado e do ambiente econmico e as modificaes esperadas nas formas de concor-rncia (Coutinho & Ferraz, 1994, p. 17) so pon-tos que devem servir de guia as firmas na seleo de suas estratgias.

    Nesta linha, Coutinho e Ferraz (1994) en-fatizam que a vida competitiva das organizaes decorre da gesto eficiente de trs fatores, a saber:

    1) Fatores internos a empresa. Estes podem ser considerados os fatores que esto envolvidos no ambiente interno da organizao, principal-mente, aqueles relacionados aos nveis de com-petncia e que acabam sofrendo influncia direta no processo de deciso, com a possibilidade de serem controlados ou alterados no andar destas aes. As reas contempladas nesta perspectiva so: gesto, tecnologia, produo, qualidade, fi-nanas e pessoas.

    2) Fatores estruturais (setoriais). So os fatores ligados ao ambiente externo da organiza-o, como as variaes de demanda e oferta no mercado. Nesses fatores, a influncia da empresa pode ficar limitada pelas aes da concorrn-cia, caractersticas dos mercados consumidores e configurao da prpria indstria que a empresa atua, tais como grau de verticalizao e diversifi-cao setorial.

    3) Fatores sistmicos. So os fatores ma-croeconmicos, polticos institucionais, legais--regulatrios, infraestruturas, sociais e interna-cionais. Deve-se considerar neste caso que apesar da empresa ser mera observadora do cenrio, sua avaliao e posterior adequao que constitui no elemento essencial para o adequado posicio-namento estratgico e aes futuras.

    a partir da anlise destes fatores internos, estruturais e sistmicos e suas complexas possi-bilidades de relacionamento que so erigidas todas as possibilidades de estudo da competitivi-dade empresarial. Ferraz, Kupfer e Hanguenau-res (1995) apud Sausen (2012) complementam a anlise de Coutinho e Ferraz (1994) no sentido de que os fatores empresariais e sistmicos propor-cionam um carter mais genrico na forma e na intensidade com que influenciam a competitivi-dade nos distintos setores. Em relao aos fatores estruturais, estes autores afirmam que eles tm carter setorial e especfico, refletindo as peculia-ridades dos padres concorrenciais de cada ramo produtivo ou em grupo de setores similares.

    A Figura 1 corresponde modelagem do estudo da competitividade demonstrando a in-fluncia dos fatores internos empresa, e os fato-res sistmicos impactando na sua configurao, no seu mercado e ainda na estrutura concorren-cial existente.

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    A Inovao como Estratgia Competitiva

    Figura 1: Modelo do Estudo da Competitividade

    Fonte: Adaptado de Coutinho e Ferraz (1994, p. 20).

    3.3 Os modelos de vantagem compe-titiva

    Constitudo o marco terico de estudo da competitividade, pode-se agora avanar na an-lise das vertentes de investigao da obteno de vantagem competitiva. Neste sentido Vasconce-los e Cyrino (2000, p. 24), defendem que a vanta-gem competitiva o resultado da capacidade da firma de realizar eficientemente o conjunto de atividades para obter um custo mais baixo que o dos concorrentes. Segundo os mesmos auto-res, outra possibilidade a de instituir atividades que gerem valor diferenciado aos consumidores e clientes.

    Para Porter (1980) existem dois fatores que podem originar a vantagem competitiva: o pri-meiro fator refere-se s condies iniciais, ou seja, os ativos acumulados pela empresa no de-correr do tempo, geralmente derivados de sua relao com o ambiente externo imediato (am-biente transacional), e o segundo fator envolve o conjunto de escolhas de seus dirigentes.

    A expresso vantagem competitiva se tor-nou um verdadeiro jargo do universo empresa-rial contemporneo. Todas as manifestaes do ponto de vista da gesto parecem s ter significa-do se contriburem na criao e determinao de uma vantagem competitiva. No entanto, embora o binmio seja amplamente utilizado h que se considerar que em termos de consecuo prtica, a tarefa no simples e em termos de anlise te-rica tambm no consensual.

    Nesta linha pode-se encontrar uma im-portante contribuio em Vasconcelos e Cyrino (2000), que apresentam uma sntese dos princi-pais referenciais tericos que abordam o tema da

    vantagem competitiva, ao realizar uma sistema-tizao em quatro grandes correntes tericas. Os autores ainda comentam que:

    . . . em termos de seus pressupostos e de suas con-sequncias, as teorias de posicionamento estra-tgico, a teoria dos recursos, as teorias baseadas nos processos de mercado e as teorias de com-petncias dinmicas. Finalmente, este artigo de-fende a tese de uma convergncia entre estratgia empresarial e teoria organizacional como uma via de pesquisa fundamental para a evoluo de ambas as disciplinas (Vasconcelos & Cyrino, 2000, p. 20).

    Para Vasconcelos e Cyrino (2000), as teorias de estratgia empresarial que abordam o tema das vantagens competitivas podem ser divididas em dois eixos, identificados da seguinte forma:

    a) as teorias que consideram a vantagem com-petitiva como um atributo de posicionamento, exterior organizao, derivado da estrutura da indstria, da dinmica da concorrncia e do mer-cado e b) as que consideram a performance supe-rior como um fenmeno decorrente primaria-mente de caractersticas internas da organizao. A segunda dimenso discrimina as abordagens segundo suas premissas sobre a concorrncia. Uma diviso se faz entre os pesquisadores que possuem uma viso estrutural, essencialmente esttica da concorrncia, fundada na noo de equilbrio econmico, e os que enfocam os as-pectos dinmicos e mutveis da concorrncia, acentuando fenmenos como inovao, descon-tinuidade e desequilbrio (Vasconcelos & Cyrino, 2000, p. 22-23).

    Desta forma, possvel resumir estas abor-dagens atravs do quadro 1:

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    M.S. Kelm, D.K. Baggio, M.L. Kelm, M.P.D. Griebeler, J.O. Sausen

    Quadro 1: As correntes explicativas da vantagem competitiva

    Fonte: Vasconcelos e Cyrino (2000, p. 23).

    Com base neste framework conceitual, po-de-se observar que a dinmica da inovao orga-nizacional constitui-se de um elemento essencial quando analisada na perspectiva dos Processos de Mercado, no obstante tambm contribuir e interferir nas demais perspectivas. Como foi dis-cutido at este ponto, uma inovao somente tem sentido estratgico se reconhecido de alguma for-ma pelos agentes externos a empresa, sejam estes, seus clientes, concorrentes ou elementos mais am-plos do contexto. Sem esta percepo e valorao externa a inovao torna-se sem sentido.

    importante relembrar que uma inovao externamente valorada no significa necessaria-mente um novo produto ou servio, mas impor-tam em qualquer elemento novo que agregue valor em termos de benefcios intrnsecos ao bem co-mercializado, modificaes em processos que alte-rem a estrutura de custos, de logstica, de comuni-cao ou at de modelo de negcio e que impactem positivamente no mercado alvo da empresa.

    Ainda fundamentando o modelo de Anlise Processos de Mercado, quando observado o eixo horizontal do modelo de Vasconcelos e Cyrino (2000), a inovao, quando gerenciada como fator de competitividade, constitui-se de um processo dinmico e necessariamente no episdico que envolve a cultura organizacional especfica, os modos de organizao e incentivo do trabalho e os processos de interao com o mercado alvo da empresa.

    Os estudos tericos da abordagem de Pro-cessos de Mercado tem suas origens na Escola Austraca de economia, cujas contribuies po-dem ser organizadas em quatro temas princi-pais: a) os processos de mercado; b) o papel do empreendedor; c) a heterogeneidade das firmas e, finalmente, d) um conjunto de fatores no obser-vveis.

    Os autores colocam que, para a escola aus-traca, o mercado, longe de ser caracterizado pelo equilbrio, um processo de descoberta intera-tiva que mobiliza informaes divergentes e co-nhecimentos dispersos. As firmas obtm lucros por meio da descoberta de oportunidades e da mobilizao pioneira de recursos operada pelos empreendedores. Estes ltimos, motivados pela perspectiva de lucros acima da mdia, procuram sempre inovar, gerando novos arranjos econmi-cos e, consequentemente, causando o desequil-brio do mercado. Tendo em vista que os concor-rentes procuram imitar e suplantar os inovadores, introduzindo outras inovaes, o desequilbrio do mercado passa a ser um estado permanente, e no um fenmeno transitrio.

    O processo de destruio criativa (Schumpe-ter, 1988) o elemento chave provocador da emer-gncia de novas estratgias e, por consequncia, de novas formas organizacionais e de novas com-petncias para a busca da vantagem competitiva.

    3.4 A implantao das inovaes organizacionais

    Buscando encontrar uma maneira para que a dinmica da inovao seja mais efetiva nas or-ganizaes, Motta (1995) procura levantar algu-mas consideraes sob a perspectiva do gestor a respeito da inovao.

    Neste sentido o autor ressalta a importncia da capacidade de gesto, caracterizando a ino-vao como o resultado de um processo coleti-vo, envolvendo mudanas individuais, grupais e estruturais, constituindo-se essencialmente no processo organizacional estratgico de criar condies que levem as mudanas desejadas (Motta, 1995, p. 235). A implantao de ideias no-

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    A Inovao como Estratgia Competitiva

    vas envolve a compreenso do contexto organiza-cional onde se passa a mudana, bem como das aes gerenciais que a favorecem.

    Considerando duas dimenses e as premis-sas organizacionais de inovao, o mesmo autor prope que as inovaes nas organizaes podem ser analisadas pela: (1) natureza organizacional da inovao e (2) natureza gerencial da inovao.

    A primeira dimenso considera quatro as-pectos inerentes inovao. O primeiro corres-ponde a um processo organizacional, sistmico e globalista, j que as consequncias da inovao afetam a todo o sistema. Para que a organizao possa compreender e introduzir uma inovao, a mesma deve ter um entendimento do sistema or-ganizacional como um todo, suas interaes com o meio e com o ambiente, bem como as interliga-es das diversas partes do sistema.

    Desta forma, a ideia de inovar no pode re-sumir-se apenas a prtica de implementar novas ideias, ela envolve tambm um processo organiza-cional de mudanas e adaptaes decorrentes das propriedades sistmicas da organizao cujas eta-pas no podem ser previstas deste o inicio (Motta, 1995, p. 235). Trata-se de um processo de deciso gerencial, que interativo, racional e intuitivo, exi-gindo do gestor habilidades de deciso e integra-o dos diversos subsistemas da organizao.

    O segundo aspecto envolve a inovao como um Processo Cultural no qual cada organizao possui uma singularidade, que a distingue das demais. Cada organizao possui um sistema de valores e hbitos prprios, que torna exclusivos alguns de seus comportamentos administrati-vos (Motta, 1995, p. 236).

    Desta forma, considerando a cultura orga-nizacional como singular e especifica em cada organizao, o processo de inovao e mudana dever levar em considerao estas particularida-des existentes em cada organizao. O gestor de-ver ter o entendimento de que as mudanas so muito mais um processo cultural do que um processo tecnolgico ou mecnico (Motta, 1995, p. 238) exigindo ateno aos significados, smbo-los e ritos existentes nas organizaes e que esto atrelados aos processos administrativos. Ou seja, os valores da mudana devem estar contidos na perspectiva gerencial e a cultura organizacional deve estar propensa mudana.

    Outro aspecto define a inovao como uma Deciso Organizacional, em que o desenvolvi-mento no acontece ao acaso, mas fruto de uma alta capacidade adaptativa e de inovao (Mo-

    tta, 1995, p. 239). Considerando a intensidade e a velocidade das mudanas no ambiente, para as organizaes conseguirem sobreviver elas devem estar atentas e voltadas s prticas internas. Isto significa que a inovao deve exigir um sentido e uma direo na inteno predeterminada da mu-dana organizacional. A inovao resulta tanto da motivao de superar obstculos e melhorar o desempenho, quanto de mobilizar recursos e ca-naliz-los rumo aos objetivos desejados.

    O quarto e ltimo ponto da dimenso volta-da a Natureza Organizacional de Inovao corres-ponde inovao como um Processo Conflitivo. Este aspecto considera que a inovao constitui-se de um processo criativo, adaptativo e ao mesmo tempo destrutivo, em que a construo do novo envolve a destruio do velho (Motta, 1995, p. 241). Desta forma, sob o enfoque organizacional, o processo inovativo caracterizado por um mis-to de expectativas positivas e de medos e receios em relao ao prprio individuo e o trabalho da organizao. Deve existir ento, a conscincia por parte do gestor, de que os processos de inovao apresentam em alguns momentos incertezas e tensionamentos. O gestor, nestes casos, deve agir com cautela e aceitar os perodos de transio e adaptao at o perodo de maturao e estabili-dade previsto a incorporao de ideias novas.

    A segunda dimenso proposta por Motta (1995) est voltada a Natureza Gerencial da Ino-vao, do ponto de vista em que, entender a ino-vao compreender os fatores que facilitam ou inibem a gerao e implantao (Motta, 1995, p. 243) de ideias novas no contexto organizacional.

    Esta dimenso est embasada teoricamente sob o prisma de que as organizaes so respon-sveis pela eficincia e eficcia que se pode cons-tatar no ambiente organizacional. Parte-se do pressuposto de que, os indivduos que fazem par-te da organizao, desejam desenvolver-se para alcanar nveis mais elevados de realizao pro-fissional e pessoal cabendo a organizao criar estas possibilidades de modo alinhado as suas estratgicas competitivas.

    A organizao, neste caso, deve propor-cionar condies organizacionais e individuais favorveis inovao, procurando adotar uma perspectiva mais flexvel nas questes organiza-cionais e administrativas, manter comunicaes francas e autenticas, criar incentivos e recompen-sas a iniciativa de mudanas alm de tratar com equidade e reconhecimento as contribuies e conquistas individuais (Motta, 1995).

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    4 A inovao como estratgia competitiva das organizaes

    Na anlise referente inovao enquanto um elemento essencial para a busca de uma posio competitiva em uma organizao percebe-se que o modelo de anlise de Coutinho e Ferraz (1994) insuficiente para atingir tal intento, no mnimo do modo como apresentado. Estar capacitado para a inovao permite, no mximo, a percepo de modificaes na estrutura de produo que po-dem em tese, beneficiar a organizao.

    No faltam exemplos de organizaes que pela capacidade inventiva de seus gestores ou colaboradores, conseguiram posies de destaque

    no mercado. Porm, analisando de modo sistmi-co, os exemplos no so to abundantes quando se busca identificar organizaes que conseguem manter uma dinmica de inovao na perspectiva na abordagem dos Processos de Mercado. Neste sentido necessrio analisar os dois grandes ve-tores que deveriam nortear a inovao enquanto elemento competitivo estruturante, qual seja, seu carter dinmico e a orientao para o mercado.

    Portanto, estar orientado ao mercado no significa olhar o mercado a partir da organiza-o, mas, ao contrrio, estar apto a ouvir e inte-ragir com este mercado. Significa que os fluxos que vinculam os fatores e competncias internas da organizao devem fluir em ambos os sentidos como demonstrado na figura 2.

    Figura 2: Dinmica da Inovao

    Fonte: Elaborado pelos Autores e Adaptado de Coutinho e Ferraz (1994, p. 20).

    necessria uma mudana paradigmtica no modo como a organizao percebe sua posio competitiva frente aos denominados Fatores Es-truturais (mercado, indstria, concorrncia), per-cebendo-se como em permanente provisoriedade competitiva. A transio de uma perspectiva de inveno para uma dinmica de inovao implica preparar internamente a organizao para ouvir, reagir e interagir com seus diversos stakeholders de modo orgnica, natural e no casustico.

    O conjunto de fatores internos igualmente devem se colocar em um estado de permanente provisoriedade de modo a que se tornem organi-camente receptivos a oportunidades que possam gerar inovaes.

    Atravs da observao do grfico levantado por Altshuller apud Cometti (2013) vinculando as patentes requeridas e a natureza da inovao, percebe-se que somente uma pequena parcela dos processos de inovao constituem-se efetivamen-te de modificaes disruptivas de um determina-

    do segmento. A grande parte das inovaes est vinculada a melhorias e novas aplicaes de co-nhecimentos j existentes.

    Grfico 1: Grfico de Patentes de Altshuller

    Fonte: Adaptado de Cometti (2013).

    Estes dados reforam a importncia da ges-to dos diversos fatores internos da organizao

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    A Inovao como Estratgia Competitiva

    colocados a servios dos processos de mercado. Cultura organizacional, sistemas de incentivo, programas de qualificao e sistemas de comu-nicao passam a ter uma importncia vital para sustentar posies competitivas com base em uma dinmica de inovao.

    Para tanto, cabe aos gestores redesenhar a ca-deia de valor de seu segmento de atuao de modo que a organizao tenha condies de identificar os elementos a serem gerenciados para garantir uma posio competitiva a partir da Dinmica da Inovao. Percebe-se a partir deste grfico que a lacuna terica existente permite e exigem que as pesquisas empricas sobre o tema abarquem cada um dos trs conjuntos de fatores propostos por Coutinho e Ferraz (1994), porm sem perder sua perspectiva orgnica, de dualidade de influncia. incuo pretender investigar o papel dos fatores internos da organizao na dinmica da inova-o se estes no forem contemplados frente aos demais fatores.

    5 Consideraes finais

    As constantes e rpidas mudanas tecnol-gicas alm de trazer desafios s organizaes propicia a inovao, na medida em que, os ciclos de vida dos produtos esto cada vez mais curtos, em alguns casos, passaram de anos para meses.

    A literatura existente auxilia no entendi-mento de que a inovao seja atravs da introdu-o de novos produtos, ou a de novos processos de produo, uma necessidade latente das orga-nizaes e uma questo inevitvel.

    Desta forma, as organizaes esto cada vez mais encontrando razes para que a sua susten-tabilidade e sobrevivncia passe pelo desenvolvi-mento continuo de inovaes, nas diferentes ca-tegorias que ela capaz de abranger.

    Na tentativa de atingir as suas metas de ren-tabilidade, as organizaes devem no apenas compreender os mercados e os consumidores, mas tambm, devem empenhar-se em entend--los e, consequentemente, satisfaz-los em rela-o as suas necessidades. Dada rpida evoluo da tecnologia, da concorrncia e das necessidades dos consumidores, nenhuma empresa pode igno-rar as questes voltadas inovao, j que ela est diretamente ligada capacidade das organizaes em transformar uma oportunidade em vantagem competitiva.

    Considerar o alinhamento organizacional em relao inovao se trona fundamental. O desenvolvimento de novas ideias que podem ge-rar produtos inovadores no pode ficar presos somente em um setor da organizao, esta deve estar em sinergia com os demais e setores, reali-zando um trabalho em conjunto em todos os de-partamentos da organizao.

    Por fim, se faz necessrio uma mudana em relao aos paradigmas existentes em relao de como a organizao entende o seu posiciona-mento competitivo em relao aos mercados, in-dstria e a concorrncia, compreendendo como em permanente provisoriedade competitiva. A passagem de uma perspectiva de inveno para uma real dinmica de inovao provoca a orga-nizao a se preparar internamente, sendo capaz de interagir e reagir com seus diversos pblicos de interesse de uma maneira orgnica, natural e no pontual.

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    A Inovao como Estratgia Competitiva

    Innovation as Competitive Strategy of Organizations: A Theoretical Study

    Abstract

    The present study aims to conduct a theoretical study about the theme of innovation. The concept of innovation is studied in a historical perspective and still understood as one of the competitive strate-gies of organizations in this complex environment. It is a theoretical and conceptual literature study. The results presented lead to the conclusion that innovation would become one of the key points, and one of the key instruments for the company to achieve its overall goal.Keywords: innovation, strategy, competitive strategies, complexity, competitiveness.

    Endereo para contato:Maiquel Silva KelmUniversidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI)Rua do Comrcio, n 3000, Bairro UniversitrioCEP 98700-000 Iju, RS, Brasil.

    Recebido em 08/04/2014Aprovado em 16/02/2015Sistema de Avaliao: Double Blind ReviewEditor-chefe: Claudionor Guedes Laimer