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A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE TEXTOS INFORMATIVOS, NO ENSINO DE CIÊNCIAS Raquel Cristina Serafin Menegazzo - [email protected] Prefeitura Municipal de Araucária e Prefeitura Municipal de Curitiba Curitiba - Paraná Mariangela Przybysz [email protected] Prefeitura Municipal de Curitiba Curitiba - Paraná Rita de Cassia da Luz Stadler - [email protected] UTFPR – Ponta Grossa Resumo: Este artigo propõe uma reflexão sobre a flexibilidade do currículo de Ciências, permitindo-se assim a inclusão de novos temas no decorrer do ano letivo e a utilização de textos informativos durante as aulas de Ciências, em virtude do surgimento constante de informações novas nesta área. A tarefa de construção de leitores e escritores no Ensino Fundamental é de responsabilidade de todas as áreas do conhecimento e não deve ficar a cargo apenas dos professores de Português. O professor de Ciências pode dedicar momentos de leitura com diversos materiais ligados às Ciências. Diariamente, novas descobertas são anunciadas, debatidas e expostas pela mídia. Cabe ao professor facilitar o acesso dos alunos a este material, buscando informações em diversos meios como: internet, folhetos informativos das secretarias de saúde e textos diversos. É primordial a busca pelo professor também por meios eletrônicos, pela agilidade em que as informações ficam disponíveis. Palavras-chave: Ensino de Ciências, Textos Informativos, Prevenção e Controle. 1 INTRODUÇÃO Ao ensinar Ciências o professor precisa estar atento para a possibilidade de alterar seu planejamento, durante o período letivo, visto que todos os dias surgem novos temas e assuntos. O professor necessita atualizar-se com as notícias científicas por meio de noticiários e meios de comunicação. Aos professores de Ciências solicita-se o auxílio para a divulgação de campanhas relacionadas a epidemias e transmissão de doenças. Alguns exemplos relativos ao período de 2005 até 2011, foram as campanhas de prevenção da dengue, da gripe H1N1, e das doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive a Aids. Além das Campanhas realizadas pelas Secretarias de Saúde e pelos agentes, é solicitado aos professores que reforcem as campanhas,

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A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE TEXTOS INFORMATIVOS,

NO ENSINO DE CIÊNCIAS Raquel Cristina Serafin Menegazzo - [email protected] Prefeitura Municipal de Araucária e Prefeitura Municipal de Curitiba Curitiba - Paraná Mariangela Przybysz – [email protected] Prefeitura Municipal de Curitiba Curitiba - Paraná Rita de Cassia da Luz Stadler - [email protected] UTFPR – Ponta Grossa Resumo: Este artigo propõe uma reflexão sobre a flexibilidade do currículo de Ciências, permitindo-se assim a inclusão de novos temas no decorrer do ano letivo e a utilização de textos informativos durante as aulas de Ciências, em virtude do surgimento constante de informações novas nesta área. A tarefa de construção de leitores e escritores no Ensino Fundamental é de responsabilidade de todas as áreas do conhecimento e não deve ficar a cargo apenas dos professores de Português. O professor de Ciências pode dedicar momentos de leitura com diversos materiais ligados às Ciências. Diariamente, novas descobertas são anunciadas, debatidas e expostas pela mídia. Cabe ao professor facilitar o acesso dos alunos a este material, buscando informações em diversos meios como: internet, folhetos informativos das secretarias de saúde e textos diversos. É primordial a busca pelo professor também por meios eletrônicos, pela agilidade em que as informações ficam disponíveis. Palavras-chave: Ensino de Ciências, Textos Informativos, Prevenção e Controle.

1 INTRODUÇÃO

Ao ensinar Ciências o professor precisa estar atento para a possibilidade de alterar seu planejamento, durante o período letivo, visto que todos os dias surgem novos temas e assuntos. O professor necessita atualizar-se com as notícias científicas por meio de noticiários e meios de comunicação. Aos professores de Ciências solicita-se o auxílio para a divulgação de campanhas relacionadas a epidemias e transmissão de doenças. Alguns exemplos relativos ao período de 2005 até 2011, foram as campanhas de prevenção da dengue, da gripe H1N1, e das doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive a Aids. Além das Campanhas realizadas pelas Secretarias de Saúde e pelos agentes, é solicitado aos professores que reforcem as campanhas,

já que os alunos tornam-se disseminadores das informações, principalmente junto a seus familiares. Atualmente, os professores precisam utilizar além do material informativo fornecido pela Secretaria de Saúde, informações pesquisadas através da internet, pela rapidez com que a informação está disponível. Porém, é necessário cuidado ao procurar essas informações, pois alguns sites não são confiáveis. Há outras fontes que também podem ser exploradas, como: jornais, revistas e periódicos, cabendo então ao professor a incumbência de analisar quais informações serão repassadas aos alunos. Esse artigo trata da importância da flexibilidade do currículo de Ciências criando possibilidades de incluir novos temas no decorrer do ano letivo. Outro fator relevante deste estudo é a importância dos professores de Ciências participarem da construção de novos leitores ativos e críticos na sociedade.

2 O ATO DE LER E ESCREVER

Muito evoluiu o ensino de Ciências nas últimas décadas, passando, segundo Krasilchik e Marandino (2007, p.8), “de uma fase de apresentação da ciência como neutra para uma visão interdisciplinar, em que o contexto da pesquisa científica e suas consequências sociais, políticas e culturais são elementos marcantes”. Deste modo, a evolução passou na forma de repasse dos conhecimentos dos educadores para os educandos. Para Krasilchik (2005, p.11), há ainda a preocupação em relação ao repasse de conteúdos de Biologia destacando que ela pode “ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito”. Uma incumbência do professor de Ciências é tornar a disciplina agradável e interessante para os discentes. Uma alternativa metodológica é a inclusão de textos informativos atuais que circulam livremente na mídia, trazendo para as salas de aula temas relevantes do cotidiano. Insere-se assim o educando na sociedade, de maneira responsável e crítica, buscando informações corretas e alertando que nem todos os temas discutidos e destacados na mídia são fidedignos. Para que a escola seja um ambiente amplo de debate, e formação de cidadãos críticos e participativos, é necessário não apenas se deter aos livros didáticos e a um currículo engessado, mas também, aos assuntos que circulam nos meios de comunicação. Valorizam-se e exercitam-se, assim, o ato de ler e escrever, sendo estes responsabilidade dos professores de todas as disciplinas, mas muitas vezes fica apenas para os professores de linguagem. Entretanto, o trabalho com a língua materna é de responsabilidade de todas as áreas do conhecimento (BRASIL, 1998; MENEGAZZO e STADLER, 2009). Complementando este tema, Guedes e Souza (2007) reforçam sobre a responsabilidade da escola, no processo de desenvolver as habilidades (leitura e escrita) que são primordiais para a formação do aluno. Esses mesmos autores enfatizam que ensinar é:

[...] dar condições ao aluno para que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor de conhecimento. Ensinar é ensinar a ler [...] pois o conhecimento acumulado está escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos. Ensinar é ensinar a escrever porque a reflexão sobre a produção de conhecimento se expressa por escrito (Guedes e Souza, 2007, p.17).

O professor de Ciências pode dedicar momentos de leituras de material diversificado que esteja ligado às Ciências. Todos os dias, novas descobertas são anunciadas, debatidas e expostas pela mídia, cabe ao professor facilitar o acesso deste material aos alunos.

Freire (1989, p.19) contribui dizendo que:

[...] O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência comum dos alfabetizados e não de palavras e de temas apenas ligados à experiência do educador. A sua leitura do real, contudo, não pode ser repetição mecanicamente memorizada da nossa maneira de ler o real. [...]

Utilizar textos informativos para as aulas de Ciências pode contribuir para a formação de bons leitores e escritores. Estamos muito aquém do ideal. Infelizmente, muitas pesquisas apontam que nossos alunos têm sérios problemas de leitura e escrita, tornando-se primordial a integração das áreas do conhecimento para reverter esta situação. O processo de aprendizagem será bem sucedido conforme a qualidade da leitura do individuo. Porto et al (2009, p.34) expõe claramente que:

Não basta ler; é essencial que, além da decodificação do código da escrita, a leitura tenha significado para o leitor, o que envolve outros processos, como a compreensão e a interpretação do que está sendo lido, atribuindo-lhe sentido. Um leitor competente deve reconhecer as palavras e os seus significados, ser capaz de identificar e corrigir erros gramaticais ou ortográficos, estar habilitado para sintetizar o conteúdo do que lê discutindo com competência e identificando as ideias principais, estabelecer conexões com ideias de outras fontes e, assim, chegar às conclusões.

Compete ao professor incentivar o hábito da leitura nos alunos (PORTO et al, 2009). A leitura além de auxiliar no enriquecimento do vocabulário, também aprimora a escrita, proporciona momentos de lazer e descontração, possibilita novas descobertas, contribuindo na geração de novos conhecimentos que não se limitam apenas ao ambiente escolar, mas também à vida social. Desta forma, é importante que os professores das diversas áreas do conhecimento contribuam com essa difícil tarefa. Não apenas ensinar a ler e escrever, mas sim, interpretar e relacionar o que está lendo, estabelecendo relação entre conhecimentos apreendidos e novos (AUSUBEL, 1982).

2.1 Diversidade dos textos: afinal, qual texto utilizar?

O material que o professor de Ciências pode utilizar é muito variado; bula de remédio, rótulos de alimentos, placas de sinalização ou informativas, folhetos diversos (campanhas de saúde, de museus, de empresas, de órgãos não governamentais, de prevenções), livros didáticos diversos (além do utilizado em sala de aula), revistas e jornais (BRASIL, 1998; GAMBARINI e BASTOS, 2006; BIZZO, 2008). Enfim, são vastos os materiais que podem ser utilizados para essas leituras e interpretações, ficando a critério de cada professor escolher o material e preparar suas atividades a partir das leituras. O material escolhido depende muito do tema que está sendo discutido durante as aulas de Ciências. Sobre isso, Brasil (1998, p.28) destaca que: “uma notícia de jornal, um filme, uma situação de sua realidade cultural ou social, por exemplo, podem-se converter em problemas com interesse didático”. Desta forma os temas atuais não irão constar em livros didáticos, sendo necessário ao professor procurar um material de apoio para a inserção do tema. O texto, para Bakhtin (2000, p.333), “não é um objeto, sendo por esta razão impossível eliminar ou neutralizar nele a segunda consciência, a consciência de quem toma conhecimento dele”. Cada pessoa ao ler um determinado texto, fará suas próprias interpretações, assim como, cada vez que retornar a essa mesma leitura, irá apreender diferentes informações, que antes passaram despercebidas ou não foram compreendidas.

Uma das funções mais importantes do texto é informar, razão pela qual o texto informativo é um dos mais utilizados no ambiente escolar. Pereira (2011, p.3) enfatiza que a função do texto informativo, além do que seu nome sugere, seria também:

[...] a de fazer conhecer, através de uma linguagem precisa e concisa, o mundo real, possível ou imaginado, ao qual se refere o texto. Assim, a linguagem não aparece como uma barreira que deva ser superada, mas sim que conduz o leitor, da forma mais direta possível, a identificar e/ou caracterizar as diferentes pessoas, acontecimentos e fatos que constituem o referente.

Os textos informativos são de fácil acesso e próximos da realidade discente, sendo

definido como aquele que “busca informar, produzir alterações no nível de conhecimento do receptor” (PEREIRA, 1993, p.10).

Ao selecionar um texto, o professor precisa verificar três itens sugeridos pelas autoras Porto et al (2009). Primeiro, é necessário verificar se o texto é adequado ao tema proposto, fazendo análise das informações e atendendo às necessidades dos discentes. Segundo, averiguar os conhecimentos que serão pré-requisitos para a compreensão do texto e, se estes, são domínios dos alunos. O terceiro item é a qualidade do texto analisado, observando se as informações dadas estão corretas. É importante diversificar os textos utilizados para que o educando seja capaz de compreender qualquer tipo de leitura, relacionando assim às Ciências. A verdadeira leitura será aquela em que o aluno associar o texto com temas anteriormente trabalhados. É claro que para ocorrer o letramento em Ciências, é necessário: “não só saber ler e escrever sobre ciência, mas também cultivar e exercer as práticas sociais envolvidas com a ciência; em outras palavras, fazer parte da cultura científica” (KRASILCHIK e MARANDINO, 2007, p.27). Sobre a aprendizagem, consta também nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN:

[...] que o aluno é sujeito de sua aprendizagem significa afirmar que é dele o movimento de ressignificar o mundo, isto é, de construir explicações, mediado pela interação com o professor e outros estudantes e pelos instrumentos culturais próprios do conhecimento científico [...] (BRASIL, 1998, p.28).

Assim, é importante o professor levar o aluno a construir o conhecimento, porque ele precisa de um mediador entre o conhecimento e a sua compreensão.

2.2 As tecnologias em favor da educação

Muitos dos alunos têm acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), ou seja, possuem computador, têm acesso à internet, utilizam de sites para pesquisas, além de outros sites para aprimoramento. Farias (2006, p.31) comenta sobre a importância de utilizar dessa TIC porque através dela ocorre a: “Interação constante. Enfim, a escola não é mais o único lócus privilegiado de aprendizagem”. Assim, os alunos aprendem muitas coisas fora da escola, deixando esta de ser o único lugar onde é possível adquirir informações. Ainda é possível, que o professor leve os alunos às suas próprias pesquisas, utilizando para isso a internet. O professor também é levado a fazer suas pesquisas pessoais utilizando esse meio de comunicação. Estão sendo tomadas algumas providências, pelo poder público, para que essa tecnologia chegue aos alunos. Em algumas escolas estão instalados laboratórios de informática, possibilitando-se aos alunos o acesso à informática. Neste caso, a organização e a responsabilidade das aulas é do professor, independente da sua disciplina de atuação.

Enfatiza-se, porém, que nada adianta essa tecnologia disponível se o professor não a utilizar. O uso das TIC não auxilia apenas o professor no seu planejamento, mas também, podem ser inseridas no cotidiano escolar. Muitas escolas possuem laboratórios de informática que, em alguns momentos, não são utilizados corretamente, ou porque o professor não domina esta tecnologia ou, estes ambientes são utilizados com outros fins. Pretto e Pinto (2006, p.23) reforçam dizendo que: “não podemos nos contentar com simples apropriações dessas tecnologias, como se elas fossem, por si só, capazes de reverter situações”. A escola precisa fazer destes ambientes, fontes de conhecimento e informações que contribuam com o processo de ensino-aprendizagem. Outras vezes ainda, o próprio professor não utiliza recursos tecnológicos, por sentir-se receoso quanto ao seu conhecimento e ao do aluno, que muitas vezes possui maior domínio com relação a esses recursos (KRASILCHIK, 2000). A grande vantagem em utilizar esse recurso é que, o educando, muitas vezes, passa de receptor passivo para ativo. A utilização da internet tem também suas desvantagens. Uma delas é a dispersão da atenção dos alunos, se não forem estipuladas normas quanto ao seu uso anteriormente à aula (CASTRO e RODRIGUES, 2006). Para evitar esses transtornos também é possível utilizar programas que bloqueiam determinados sites, já presentes em muitos dos laboratórios de informática. Cruz e Carvalho (2007, p.246) expõem com propriedade que:

Os progressos tecnológicos e o contributo das ciências da educação colocam ao alcance dos professores e dos alunos ferramentas inovadoras para o processo de ensino e aprendizagem que, corretamente aplicadas, podem colaborar para a criação de um papel ativo e eficaz na construção da sua aprendizagem.

O fato mais importante é que a internet auxilia muito o professor devido a rapidez em

buscar informações, se comparado com os meios de informação escritos que demoram para disponibilizar a mesma informação, o que muitas vezes faz com que os conteúdos relacionados com a área cheguem defasados à escola.

2.3 O professor de Ciências auxiliando as campanhas de prevenção

Durante campanhas realizadas pelas Secretarias de Saúde, nas quais os professores auxiliam a divulgação e prevenção, muitas vezes surge a necessidade de alterar ou incluir conteúdo curricular.

A importância dos professores de Ciências nestas campanhas relaciona-se com o número de pessoas que podem ser atingidas, além de que os alunos são disseminadores das informações para seus familiares (BARBOSA e OLIVEIRA, 2011). Exemplo recente de colaboração foi durante o surto da gripe H1N1 em 2009, que estava causando grande preocupação na população, pois pouco se sabia sobre o tema. A maioria dos professores buscou informações na internet, para o repasse imediato aos alunos, uma vez que os folhetos informativos demoraram para ser impressos e distribuídos à população. O pânico tomou conta dos diversos ambientes, pela falta de informação e também pela divulgação na mídia da grande taxa de contágio e mortalidade. Havia a necessidade de desmistificar algumas informações errôneas que circulavam. O papel do professor foi fundamental nesse momento difícil. Outra campanha em que é solicitado o auxílio é a de prevenção da dengue. Todos os anos surgem casos de pessoas que foram contagiadas pela doença, além de ser necessário esclarecer aos educandos como se prevenir sobre seu contágio. O mosquito Aedes aegypti continua se proliferando e são necessárias campanhas de combate ao mosquito realizadas entre as secretarias de saúde e da educação.

Atualmente, estão disponíveis alguns portais contendo informações sobre a dengue. O objetivo é que os professores encontrem materiais de apoio, disponíveis para a prevenção da doença, servindo ainda de colaboradores das autoridades. Os alunos auxiliam instruindo a família com as informações obtidas na escola (BRASIL, 2011; LATEC, 2011, BARBOSA e OLIVEIRA, 2011).

Ainda em relação à esta campanha, Lenzi e Coura (2004) ressaltam que para sua eficácia é necessário que, além do governo fazer sua parte por meio de campanhas e esclarecimentos à população, também que a sociedade se torne aliada da causa. Para que isso ocorra, é primordial que esta seja bem informada e respeitada, para que possa exercer seu papel, controlando e colaborando integralmente com o processo. Outro bom exemplo é a colaboração para a prevenção da Aids. Segundo Garcia, Bellini e Pavanello (2011), há críticas quanto à postura adotada no Brasil, que relaciona a importância da prevenção durante o carnaval e no dia mundial de prevenção da Aids (1º de dezembro). Em contrapartida desta visão distorcida, também foi o Brasil um dos primeiros países a desassociar a campanha com sua relação à morte (GARCIA, BELLINI e PAVANELLO, 2011).

O papel fundamental de cada cidadão em participar de todas estas campanhas, segundo Lenzi e Coura (2004, p.349) é o fato de que as:

[...] instituições de ensino também têm grande contribuição a dar na formação de jovens com vistas à promoção da saúde, tornando-os agentes sociais importantes em suas comunidades. Doenças endêmicas e/ou epidêmicas precisam ser abordadas de maneira consistente, interdisciplinar, criativa e adequada às realidades locais.

Carvalho et al (1998, p.12) comentam que: “É necessário que o professor tenha consciência de que sua ação durante o ensino é responsável pela ação dos alunos no processo de aprendizagem”. Por isso a importância do professor participar das campanhas, pois saúde e Ciências se relacionam.

3 BREVE ANÁLISE

A atividade aqui analisada realizou-se em 2011, durante a Campanha de prevenção da dengue. Solicitou-se que educandos do oitavo ano do Ensino Fundamental, de uma escola municipal de Araucária – Paraná, criassem um cartaz informativo sobre a dengue, de acordo com o que haviam apreendido sobre o tema Para iniciar a atividade foi utilizado o folheto informativo sobre a campanha, fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde, no referido ano. A partir deste folheto iniciou-se um pequeno debate sobre o tema: conhecimento de pessoas que foram vítimas do mosquito, sintomas, tratamento, como ocorre a prevenção na residência de cada educando. Em seguida foi fornecida uma folha de papel sulfite e estipulou-se o período de uma aula para que cada aluno criasse seu folheto informativo, de modo que este pudesse ser utilizado em uma próxima campanha.

Fig. 1: Concepções quanto ao mosquito

FONTE: as autoras

Fig. 2: Concepções quanto ao ciclo reprodutivo do mosquito Aedes aegypti

FONTE: as autoras

Fig. 3: Concepções quanto ao perigo que representa o mosquito

FONTE: as autoras

É possível observar com esta atividade que as campanhas anterior de prevenção à dengue foram importantes para que os educandos. Assimilaram o ciclo reprodutivo do mosquito e sua proliferação, porém ainda sentem dificuldades em perceber que o mosquito é um vetor e não a doença. Desta forma surgiu a necessidade de aprofundamento teórico, nas aulas subsequentes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor não pode ater-se apenas aos conteúdos curriculares em suas aulas, é necessário mais que isso. Na sociedade atual, fatos são expostos rapidamente na mídia. Cabe, então, à escola fazer um debate e reflexão sobre os assuntos que estão invadindo as casas, a todo instante. A escola não pode mais ficar alheia ao que se passa na sociedade, apegando-se aos conteúdos curriculares tradicionais. Não quer dizer que estes não sejam importantes, mas que é necessário abrir espaço para que assuntos atuais sejam contemplados nos currículos. Destacamos também que os documentos oficiais não estão alheios a essas mudanças, apenas não as contemplam, porque estes não podem prever o futuro da evolução da sociedade, mas apontam para que o professor, ao planejar, verifique jornais, filmes, situações da realidade cultural e social, podendo trazer problematizações com interesse didático (BRASIL, 1998). A leitura faz parte do cotidiano do aluno em todos os segmentos sociais onde estão inseridos, e é na escola que este processo tem inicio. Não se pode admitir que esta sensibilidade fique apenas a cargo do professor de Português, pois todas as áreas objetivam o sucesso do aluno em uma leitura ativa e crítica. Ainda Freire (1996, p.27) contribui dizendo que: “a leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e a que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito”.

6 REFERÊNCIAS

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THE IMPORTANCE OF THE INFORMATIONAL TEXTS UTILIZATION IN SCIENCE TEACHING

Abstract: This article proposes a reflection about the flexibility of the science curriculum, thus allowing the inclusion of new themes during the regular school year and the use of informational texts during science classes, due to the constant flow of new information in this area. The elementary school reader’s and writer’s construction task is a responsibility of all knowledge areas and should not be charged only for Portuguese teachers. Science teachers can use time to read several materials related to Science. Everyday, new discoveries are

announced, discussed and exposed by the media. Teachers should facilitate students’ access to this kind of material, seeking information in internet, campaign leaflets from health department and various texts. It is essential for teachers also by electronic ways, due to the speed in which information becomes available.

Key-words: Science Teaching, Informational Texts, Prevention & Control.