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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS. Porto Alegre, 2016. p. 315-326. <www.ephispucrs.com.br>. A IMPORTÂNCIA DA TVE PARA CULTURA E SENSIBILIDADES NA SOCIEDADE GAÚCHA THE IMPORTANCE OF TVE-RS FOR CULTURE AND SENSITIVITIES IN GAUCHA SOCIETY Yuan Veiga Pereira Graduando/Centro Universitário La Salle Canoas [email protected] Nádia Maria Weber Santos 1 Pós-doutora pela Université Laval Instituto Histórico Geográfico RS [email protected] RESUMO O projeto em andamento visa aprofundar questões sobre memória e sensibilidades relacionadas à primeira televisão pública do estado (TVE-RS), através de fontes orais (entrevistas com seus dirigentes, atuais e antigos, funcionários e telespectadores), fontes digitais (mídias sociais e jornais online) e fontes documentais escritas (da emissora e jornalísticas). As seguintes problemáticas são levantadas: qual a importância da TVE para a cultura da sociedade gaúcha? Quais sensibilidades relacionadas a ela estão presentes na população e nos dirigentes da emissora? De que forma foram tratados os conteúdos de programação a partir dos governos de cada período? Os objetivos do projeto almejam pesquisar a importância da TVE enquanto dispositivo de cultura para a memória gaúcha, colaborando para a discussão da necessidade de sua preservação no cenário midiático do Estado; fazer o levantamento dos documentos institucionais existentes na TVE, em relação à sua fundação e às mudanças ocorridas nos 40 anos de existência; analisar seu processo histórico enquanto emissora pública. A pesquisa encontra-se em fase inicial, porém ela é um desdobramento de pesquisa anterior que visava resgatar a importância dos arquivos audiovisuais da emissora, que merecem atenção de órgãos governamentais e de instituições de ensino e pesquisa, a fim de que este patrimônio possa ser preservado e reorganizado em seus arquivos, bem como valorizado e divulgado de forma mais ampla para a sociedade. Palavras-chave: Memória Social. Sensibilidades. Dispositivo de Cultura. TVE (Fundação Piratini). ABSTRACT Project underway aims to further questions about memory and sensibilities about memory and sensibilities related the first public television of Rio Grande do Sul state (Brazil), through oral sources (interviews with leaders, current and former, employees and viewers), digital sources (social media and online newspapers) and written documentary sources (mainly journalistic). The following issues are raised: what is the importance of TVE for the gaucho culture of society? What sensitivities are related to it and are presented in the population and station leaders? How the programming content were treated from the governments of each period? The objectives of the project aim to research the importance of TVE as a culture device for gaucha memory, contributing to the discussion of the need for its preservation in the media of the state; to survey existing institutional documents on TVE in relation to its foundation and to changes in the 40 years of existence; analyze its historical process as a public broadcaster. The research is in early stages, but it is an offshoot of previous research that aimed at rescuing the importance of audiovisual archives of TVERS, which deserve the attention of government agencies and educational institutions and research, so that this heritage can be preserved and reorganized into your files, as well as valued and disseminated more broadly to society. Keywords: Social Memory. Sensitivities. Culture Device. (Piratini Foundation). 1 Idealizadora e orientadora do projeto e pesquisa

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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.

Porto Alegre, 2016. p. 315-326. <www.ephispucrs.com.br>.

A IMPORTÂNCIA DA TVE PARA CULTURA E SENSIBILIDADES NA

SOCIEDADE GAÚCHA

THE IMPORTANCE OF TVE-RS FOR CULTURE AND SENSITIVITIES IN GAUCHA

SOCIETY

Yuan Veiga Pereira

Graduando/Centro Universitário La Salle Canoas

[email protected]

Nádia Maria Weber Santos1

Pós-doutora pela Université Laval

Instituto Histórico Geográfico RS

[email protected]

RESUMO

O projeto em andamento visa aprofundar questões sobre memória e sensibilidades relacionadas à primeira

televisão pública do estado (TVE-RS), através de fontes orais (entrevistas com seus dirigentes, atuais e antigos,

funcionários e telespectadores), fontes digitais (mídias sociais e jornais online) e fontes documentais escritas (da

emissora e jornalísticas). As seguintes problemáticas são levantadas: qual a importância da TVE para a cultura

da sociedade gaúcha? Quais sensibilidades relacionadas a ela estão presentes na população e nos dirigentes da

emissora? De que forma foram tratados os conteúdos de programação a partir dos governos de cada período? Os

objetivos do projeto almejam pesquisar a importância da TVE enquanto dispositivo de cultura para a memória

gaúcha, colaborando para a discussão da necessidade de sua preservação no cenário midiático do Estado; fazer o

levantamento dos documentos institucionais existentes na TVE, em relação à sua fundação e às mudanças

ocorridas nos 40 anos de existência; analisar seu processo histórico enquanto emissora pública. A pesquisa

encontra-se em fase inicial, porém ela é um desdobramento de pesquisa anterior que visava resgatar a

importância dos arquivos audiovisuais da emissora, que merecem atenção de órgãos governamentais e de

instituições de ensino e pesquisa, a fim de que este patrimônio possa ser preservado e reorganizado em seus

arquivos, bem como valorizado e divulgado de forma mais ampla para a sociedade.

Palavras­chave: Memória Social. Sensibilidades. Dispositivo de Cultura. TVE (Fundação Piratini).

ABSTRACT

Project underway aims to further questions about memory and sensibilities about memory and sensibilities

related the first public television of Rio Grande do Sul state (Brazil), through oral sources (interviews with

leaders, current and former, employees and viewers), digital sources (social media and online newspapers) and

written documentary sources (mainly journalistic). The following issues are raised: what is the importance of

TVE for the gaucho culture of society? What sensitivities are related to it and are presented in the population and

station leaders? How the programming content were treated from the governments of each period? The

objectives of the project aim to research the importance of TVE as a culture device for gaucha memory,

contributing to the discussion of the need for its preservation in the media of the state; to survey existing

institutional documents on TVE in relation to its foundation and to changes in the 40 years of existence; analyze

its historical process as a public broadcaster. The research is in early stages, but it is an offshoot of previous

research that aimed at rescuing the importance of audiovisual archives of TVERS, which deserve the attention of

government agencies and educational institutions and research, so that this heritage can be preserved and

reorganized into your files, as well as valued and disseminated more broadly to society.

Keywords: Social Memory. Sensitivities. Culture Device. (Piratini Foundation).

1 Idealizadora e orientadora do projeto e pesquisa

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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.

Porto Alegre, 2016. p. 315-326. <www.ephispucrs.com.br>.

Esta pesquisa é um desdobramento do projeto já concluído (Memória e Patrimônio da

Fundação Cultural Piratini: o acervo audiovisual da TVE), que recebeu financiamento da

FAPERGS. Tanto a pesquisa anterior quanto a que se apresenta são projetos executados por

grupos de pesquisa orientados pela pós-doutora em História Nádia Maria Weber Santos,

organizadora de ambos os projetos.

A Fundação Piratini – Rádio e Televisão (cujas emissoras que a compõe são a TVE e

a Rádio FM Cultura) completou 40 anos em 2014. No projeto encerrado, mencionado acima,

foi examinada uma parte de seu arquivo audiovisual relativo à TVE (que conta com mais de

16 mil fitas). Como um dos objetivos principais do projeto, almejou-se a valorização desse

bem cultural da sociedade gaúcha no que tange aos seus produtos audiovisuais. O projeto

resultou na publicação do livro TVs Públicas: memórias de arquivos audiovisuais, organizado

pela pós-doutora em História, Nádia Maria Weber Santos e pela pós-doutora em

Comunicação Social, Ana Luiza Coiro Moraes.

Tendo apoio CNPq ligado a uma bolsa de produtividade, a atual pesquisa, coordenada

pela pesquisadora Dra. Nádia Maria Weber Santos, pretende aprofundar questões sobre

memória e sensibilidades em relação à primeira televisão pública do Rio Grande do Sul,

através de fontes orais (entrevistas com seus presidentes, atual e antigos), fontes eletrônicas

ou digitais (mídias sociais e jornais online) e fontes documentais escritas (da emissora e de

publicações jornalísticas escritas do Estado).

Um ponto importante, relativo à sociedade gaúcha, que deve ser considerado na

qualificação do problema e justificar o desdobramento desta pesquisa para as fontes escritas,

eletrônicas e orais, além das audiovisuais é o seguinte: no atual governo estadual (do

governador Sartori), existe uma ‘sombra’ em relação aos instrumentos de cultura de nosso

Estado, tendo o atual governador, logo no início de seu mandato, em início de 2015,

ameaçado extinguir alguns órgãos de cultura, bem como seus financiamentos, incluindo a

TVE. Além disto, alguns contratos com funcionários não estão sendo cumpridos, salários

estão sendo atrasados, não estão sendo admitidos profissionais concursados recentemente, etc.

Assim, desde o início de 2015, eclodiram vários movimentos dos cidadãos porto-alegrenses (a

capital do RS, Porto Alegre, é a sede do Governo e também da emissora TVE) em redes

sociais e em manifestações públicas. Há muitas documentações disto em jornais do Estado,

bem como em redes sociais. Nota-se, também, que a TVE tem sua transmissão veiculada para

as principais cidades gaúchas, não somente para a capital.

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Como mencionado acima, além das fontes audiovisuais, já problematizadas na

pesquisa que está sendo realizada, observamos que existe uma gama de outros documentos,

servindo-nos de fontes históricas, que não foram contemplados no projeto inicial: in loco,

temos, da emissora TVE, atas de fundação e transformações de sua instituição, documentos da

direção, um arquivo muito extenso de recortes de notas e reportagens de jornais gaúchos, feito

por alguns dos funcionários antigos do arquivo audiovisual desde os primórdios até 1998,

noticiando a TVE em seus mais variados aspectos; exterior à TVE, temos jornais gaúchos

(principalmente Correio do Povo, Jornal do Comercio e Zero Hora), redes sociais e sites de

internet com depoimentos (principalmente quando, em alguns momentos, este bem cultural da

sociedade é ameaçado de extinção, como no atual governo). Junta-se a estas, a possibilidade

de fazer entrevistas com os antigos e atuais dirigentes da instituição, assim como funcionários

e espectadores de longa data da emissora, a fim de perceber as sensibilidades dos envolvidos

para com a perpetuação da TVE e de seu acervo.

Assim, os problemas de pesquisa a serem trabalhados neste projeto que ora

propomos podem ser definidos através dos seguintes questionamentos: qual a importância da

TVE da Fundação Piratini para a cultura da sociedade gaúcha? Quais sensibilidades estão

presentes na população (redes sociais e fontes jornalísticas) e nos dirigentes (entrevistas) em

relação à essa emissora pública gaúcha? Qual a receptividade da sociedade gaúcha em relação

à programação da TVE? Qual a trajetória histórica da TVE da Fundação Piratini em termos de

políticas públicas especificadas na sua documentação? De que forma foram escolhidos e

tratados os conteúdos de programação a partir do olhar dos governos em cada período? Como

podemos estudar aspectos da memória da emissora e, consequentemente, da identidade

cultural do Rio Grande do Sul a partir da documentação pesquisada e dos depoimentos, na

emissora e em redes sociais? De que forma a realização da pesquisa histórica pode interagir

com a sociedade e colaborar para a preservação da emissora pública de TV?

O objetivo geral deste projeto é pesquisar a importância da TVE da Fundação Piratini

enquanto dispositivo de cultura e de sensibilidades para a memória da sociedade gaúcha,

através de fontes escritas, eletrônicas e orais.

Como objetivos específicos, elencamos os seguintes:

- Fazer o levantamento detalhado dos documentos institucionais existentes na TVE, em

relação à sua fundação e às transformações ocorridas em seu estatuto nos 40 anos de

existência. [os documentos estão dispersos por alguns órgãos da Cultura do Estado e dentro

da emissora, sendo que este levantamento nunca foi realizado até então].

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- Perceber as sensibilidades existentes a respeito da emissora através das entrevistas com os

presidentes, atual e antigos, funcionários e telespectadores da emissora, e dos depoimentos e

postagens em redes sociais de grupos direcionados à TVE.

- Identificar, através do arquivo de recortes de jornais existentes em uma sala da emissora

(arquivo este não organizado e sim constando de matérias de jornais acumuladas ao longo do

tempo da emissora por um grupo de funcionários), alguns aspectos relevantes sobre as

sensibilidades dos funcionários que conservaram este material para a memória e a história da

emissora gaúcha.

- Analisar o processo histórico pelo qual passou a TVE, tendo em vista o caráter da emissora

pública, cujas finalidades diferem das emissoras privadas, em relação à sua historicidade,

demandas, investimentos e tipo de programas. (OBS: este item, de alguma maneira, já foi

contemplado no projeto anterior, mas será aprofundado com estas outras fontes históricas)

- Identificar através da fonte jornalística (impressa e digital/eletrônica) aspectos da

importância da emissora como dispositivo cultural da sociedade gaúcha e para a História do

Estado do Rio Grande do Sul.

- Destacar as sensibilidades da sociedade para com a emissora e, relatar, ao final, a

importância da TVE, de sua programação e de seu acervo, como dispositivo cultural da

sociedade gaúcha, colaborando para a discussão da necessidade de sua preservação no cenário

midiático do Estado, enquanto uma televisão pública.

As discussões teóricas neste projeto irão complementar aquelas já realizadas no

projeto anterior principalmente no que se refere à memória, às imagens, às sensibilidades e

sua relação com arquivos e arquivos audiovisuais, e estes como dispositivos de cultura, noção

esta, tão presente nas discussões contemporâneas sobre políticas públicas para a cultura.

Também discutiremos a importância das fontes orais e documentais escritas e eletrônicas na

complementação da fonte audiovisual trabalhada na pesquisa já em andamento.

O início da TV brasileira remonta a 18 de setembro de 1950, quando a TV Tupi de São

Paulo, PRF-3 TV, canal 3, foi inaugurada. Era a concretização do sonho de um pioneiro da

comunicação no Brasil, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o “Chatô”, que

já controlava uma cadeia de jornais e emissoras de rádio, o grupo Diários e Emissoras

Associados. A TV Piratini foi ao ar no dia 20 de dezembro de 1959, como uma das emissoras

integrantes do grupo que ao longo da década de 1950 também inaugurou estações em

Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São Luís, Belém e Goiânia

(STRELOW, 2009).

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Silva (2008) informa que a origem da TVE, e consequentemente do seu arquivo de

imagens, está ligada ao encerramento da TV Piratini, em 18 de junho de 1980. A TVE-RS

atualmente está situada no mesmo prédio em que a TV Piratini fora instalada. Algumas lutas

travaram-se, entre grupos e governo (principalmente nas décadas de 1960-70 do período

ditatorial) para que as emissoras pudessem ter seus espaços de concessão garantidos pelo

Governo.

A TVE foi criada em 1974 na Faculdade dos Meios de Comunicação Social da

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FAMECOS/PUCRS), a partir de um

acordo do Governo do Estado com a instituição de ensino. Sua programação era voltada para

a educação e servia de laboratório aos alunos do curso de Jornalismo. (SILVA, 2008). Tendo

ocorrido um incêndio nas instalações da TVE na FAMECOS em 1980, a administração da

emissora reivindicou o espaço pertencente à extinta TV Piratini, no Morro Santa Teresa

(Avenida Corrêa Lima), local em que permanece até hoje. A TVE herdou da TV Piratini

acervos filmográficos, torre e equipamentos. Mas em 1983, após uma reformulação e

modernização tecnológica, um novo incêndio destruiu algumas instalações da TVE e todo seu

arquivo de imagens, composto por “documentos produzidos pela emissora e por toda herança

filmográfica da extinta TV Piratini”. (SILVA, 2008, p. 26). Segundo este autor, a maioria das

latas de filme foi queimada e o restante foi depositado nos porões do prédio principal da TVE,

onde permaneceram até a década de 1990, quando então, num repasse, os equipamentos,

filmes e fitas do incêndio foram levados para o Museu de Comunicação Social Hypólito José

da Costa, onde permanecem até hoje, muitos em precário estado de conservação.

Na década de 90, abriu-se uma exposição dos equipamentos da extinta Televisão

Piratini que permaneceu até o início deste século. As películas em 16mm, as fitas

Quadruplex de 2 polegadas e as Helicoidais de 1 polegada ficaram jogadas no

subsolo do Museu por mais de 15 anos. Em 2006, através da ação conjunta da ONG

Arqvive, Universidade Federal do RGS e Museu de Comunicação Social Hipólito

José da Costa, foi recatalogado parte do acervo fílmico proveniente do incêndio. Os

demais documentos permanecem, até o momento, em más condições de guarda e

preservação. (SILVA, 2008, p. 27)

Muitas outras transformações aconteceram na TVE, como a transmissão a cores em

1983, a interiorização do sinal para o interior do Estado, a reformulação (nos anos 1990) da

estrutura organizacional (passando a chamar-se Fundação Rádio e Televisão Educativa) e a

realização de um acordo de cooperação técnica com a Fundação Padre Anchieta de São Paulo

– TV Cultura, que propiciou a troca de programas entre as grades de programação (SILVA,

2008, p. 28).

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O conteúdo do arquivo que hoje encontramos nas dependências da TVE data, portanto,

da década de 1980 em diante, nos formatos já elencados no início deste projeto. Interessa-nos,

a partir deste acervo de imagens, retraçar a história da TVE, assim como de alguns momentos

da sociedade gaúcha, naquilo que constitui sua memória imagética, o que se configura como

um dos motes desta pesquisa.

As discussões sobre memória são bastante contemporâneas e incluem uma gama de

autores e pontos de vista sobre a construção da memória em grupos e partes da sociedade

(HALBWACKS, 2006; ASSMANN, 2011; NORA, 1992; POLLACK, 1989, 1992). E com

ela surge também a discussão sobre a relação memória e imagem.

A noção de representação permeia este projeto, no que tange ao estudo de imagens

(arquivo audiovisual) televisivas. Imagens são narrativas que se prestam à decifração e

atestam/representam a passagem do homem através das épocas, re-apresentam o ausente

(CHARTIER, 1998). Neste sentido, as imagens fornecem rastros do presente ou do passado e,

fixas ou em movimento, são um tipo de linguagem cuja finalidade é comunicar. Dotadas de

sentido e produzidas por ações humanas intencionais, as imagens partilham com outras

formas de linguagem a condição de serem simbólicas e dotadas de sentido, são ações humanas

dotadas de significação. “Imagens são representações da realidade que se colocam no lugar

das coisas, dos seres, dos acontecimentos do mundo. É da natureza da imagem oferecer-se à

contemplação, dando-se a ver.” (PESAVENTO, 2008, p. 100). Na função de representação do

real, contudo, uma imagem porta significados somente quando nela incide o olhar humano,

que já traz consigo outras imagens, do “arquivo da memória”, de seu “museu imaginário”.

O estatuto da imagem enquanto “acontecimento visual”, qualquer que seja ela,

transforma-a em “vestígio ou fragmento de verdade” (DIDI-HUBERMAN, 2012, p.58). E

este é o motivo pelo qual uma imagem, mesmo deteriorada “devido ao seu contato com o real

(como testemunho ou imagem de arquivos), e por pouco que se tenha tornado possível

conhecê-la ao relacioná-la com outras fontes (como montagem ou imagem construída), ‘salva

a honra’, isto é, salva pelo menos do esquecimento, um real histórico ameaçado pela

indiferença”. (p.226).

Assim, será a partir deste estatuto da imagem como “acontecimento visual” e

representação/vestígio/fragmento de um real histórico que tomaremos as imagens do arquivo

audiovisual da TVE, nestes 40 anos de sua existência. E, na medida em que as imagens são

tidas como testemunhos imediatos da memória, neste caminho é que buscaremos estudar a

memória e a sensibilidade da sociedade rio-grandense a partir do ponto de vista de quem

trabalha na emissora e de uma parte da população que está sensibilizada com a possibilidade

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de fechamento da TVE (Blogs e redes sociais). Como diz Nora (1993, p.9), “a memória se

enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto”.

Na relação com as fontes orais da pesquisa, vamos adentrar o campo das

sensibilidades a fim de percebermos como estas imagens produzidas pela TV pública têm sua

reverberação naqueles que a produzem e naqueles que são sensíveis a elas (e de que forma são

sensíveis), tornando-a dispositivo para cultura no Estado do RS.

Sabe-se que a subjetividade e as sensibilidades também formatam o indivíduo em

todas as suas funções, tanto corporais quanto sociais e culturais. Beatriz Sarlo (2007, p.18)

postula uma “guinada subjetiva”, ao admitir que, na contemporaneidade, existe a

“revalorização da primeira pessoa como ponto de vista, a reivindicação de uma dimensão

subjetiva, que hoje se expande sobre os estudos do passado e os estudos culturais do

presente”. Onde, então, incluem-se “novas exigências e métodos que tendem à escuta

sistemática dos ‘discursos de memória’: diários, cartas, conselhos, orações”. (SARLO, 2007,

p.17) Independente da crítica que a autora faz a certos ‘dispositivos’ da memória em nossa

atualidade e sua relação com a história, é importante sua sugestão de que as narrativas

testemunhais na primeira pessoa sejam submetidas a uma metodologia de análise, antes de se

tornarem fontes memoriais ou históricas sobre o passado. O que nos remete à necessidade

sempre imperiosa de se contextualizar as marcas de sensibilidade nos traços objetivos do real.

E fazer-se a “crítica da fonte” memorial.

A este respeito, uma passagem do texto de Pesavento (2005), sobre o trabalho com as

sensibilidades na História, vem ao encontro do que se pretende dizer, servindo para o trabalho

com a Memória: “[...] mesmo as sensibilidades mais finas, as emoções e os sentimentos,

devem ser expressos e materializados em alguma forma de registro passível de ser resgatado

pelo historiador”. Para esse último, assim, a narrativa deve se fundamentar nas “marcas de

historicidade”, deixadas pelas fontes ou pelos registros de algo que aconteceu um dia “e que,

organizados e interpretados, darão prova e legitimidade ao discurso historiográfico”.

Para o pesquisador no campo da Memória não é diferente, embora guardadas as

respectivas diferenças metodológicas: as sensibilidades podem constituir-se em vetores

memoriais que também deixam suas marcas na objetividade do mundo. Para esta autora,

ainda, o território do sensível constitui-se em “território do não dito ou mesmo do não

provado, porque pertencem à esfera do sentimento, que tocam, não só na subjetividade, mas

também no coletivo”, onde tais indícios, “traços de sentimento”, se insinuam em discursos,

práticas e ritos. (PESAVENTO, 2001, p.236)

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A TVE e sua produção de imagens constituem-se, assim, em dispositivos culturais,

que possuem significado político, ético e histórico dentro da sociedade, pois a televisão, ao

produzir imagens, ao guardá-las e no trabalho ativo de preservá-las faz de seu arquivo um

lugar de memória, um lócus privilegiado da memória coletiva, social e cultural. Resgatar

sensibilidades a respeito de imagens televisivas, ou mesmo fragmentos delas, torna o arquivo

valioso às lembranças e imprescindível para a memória cultural (ASSMAN, 2013) da

sociedade, em seus instantes de verdade e na sua identidade (POLLAK, 1992; HALL, 2006).

O arquivo da televisão pública do Rio Grande do Sul pode ser considerado, deste

modo, como a “consciência histórica” não só da administração (BELLOTTO, 2006), mas

também de todos aqueles que partilharam o fazer das programações, de todos os gêneros,

apresentando e reapresentando a identidade gaúcha.

Este estudo será caracterizado como uma pesquisa exploratória e qualitativa, pois visa

proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito, e viabilizando o

aprimoramento de ideias para um estudo ou tratamento posterior (GIL, 2007). Com relação

aos procedimentos metodológicos, serão adotadas as seguintes etapas:

1- Pesquisa bibliográfica (livros, artigos científicos, TCCs, dissertações e sites/blogs de

internet sobre a TVE, arquivos audiovisuais, memória social, sensibilidades,

dispositivos culturais).

2 - Coleta de dados - pesquisa em: (não necessariamente nesta ordem, pois algumas são

fontes dinâmicas)

2.1 - Documentos da emissora (ligados à direção da TVE);

2.2 - Recortes de jornais colecionados por alguns funcionários do arquivo da TVE e

depositados em uma das salas do prédio da Fundação Piratini;

2.3 - Jornais do Estado do Rio Grande do Sul de maior circulação nos últimos 40 anos,

principalmente Correio do Povo, Jornal do Comércio e Zero Hora (os dois primeiros

encontram-se arquivados no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa em Porto

Alegre e o último no arquivo da RBS Telecomunicações, cuja sede também é em Porto

Alegre).

2.4 - Mídias e redes sociais: sites da emissora e de jornais, com notícias, e também em

redes sociais onde hajam comentários de funcionários e da população em geral

(principalmente Facebook).

2.5 - Entrevistas com os presidentes da TVE (atual e passados, quando possível), através

de entrevistas semiestruturadas (instrumentos de pesquisa de história oral), que contemplem

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questões relativas às permanências e modificações da estrutura da emissora em cada gestão.

Serão entrevistados, também, funcionários e telespectadores da emissora.

3 - Análise dos dados: cruzamento das diversas fontes escritas, eletrônicas e orais,

utilizando o referencial dos estudiosos da memória, das sensibilidades e da história oral, a fim

de observar as sensibilidades e a importância que é dada pela população em geral e pela mídia

gaúcha à emissora pública mais antiga do Estado, constituindo assim um viés de sua memória.

4 - Escrita e publicação de um livro com os resultados de pesquisa, a ser organizado nos

últimos meses do projeto (que pode ser prorrogado), com convidados da comunidade

acadêmica e não acadêmica, todos ligados à história e à memória da TVE.

5 - Realização de um Blog interativo com a população, compartilhando os resultados

da pesquisa e sensibilizando a população para a necessidade de preservação desse bem

cultural de nossa sociedade.

Sendo considerados bens culturais da sociedade gaúcha, os arquivos audiovisuais da

TVE (da Fundação Piratini) merecem atenção e disposição tanto de órgãos governamentais

como de instituições de ensino e pesquisa, a fim de que este patrimônio possa ser preservado,

reorganizado em seus arquivos e salvaguardado da destruição do tempo, bem como valorizado

e divulgado de forma mais ampla para a sociedade. Pretendemos colabora para a discussão a

respeito da necessidade de preservação da TVE em nosso Estado, assunto este em voga nas

mídias contemporâneas. Também, alguns resultados esperados se darão como a continuação

da pesquisa já em andamento, apenas aprofundando seu escopo: a manutenção deste bem

cultural em seu lócus primário e sua guarda permanente em acervo poderão ser a origem da

criação de uma Memória da TVE (ou de um Centro de Memória, Informação e Imagens) a

partir dos materiais audiovisuais produzidos nos 40 anos da emissora, como também dos

materiais colhidos em entrevistas e em mídias sociais e daqueles documentos impressos que

tivermos acesso.

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