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Page 1: A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL NA PRESERVAÇÃO … · atividades do projeto de extensão, dois são o retrato de duas gerações que muito diferem em relação a educação ambiental

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A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL NA PRESERVAÇÃO DA FAUNA NATIVA

Heloisa Compasso Ribeiro1, Daniela Souza Carvalho2, Gizele Vanessa Carneiro dos Santos3, Tiago Monteiro Menezes4, Zuleide Andrade de Queiroz Carvalho5, Néria Vânia Marcos dos Santos6

________________1. Graduando de Medicina Veterinária/UFRPE, bolsista CNPQ. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900 E-mail: [email protected]. Graduando de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bolsista CNPQ. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 3. Técnica Agrícola, CODAI, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos – CEP: 52.171-900 –Recife/PE.4. Médica Veterinária, SARA-PE, Governo de Pernambuco - Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária, Av. Caxangá, 2.200 - Cordeiro – Recife/PE - CEP 50.711-0005. Médica Veterinária, Mestre, Universidade Federal rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos – CEP: 52.171-900 –Recife/PE.

Introdução

Devido a expansão da caprinovinocultura na região do sertão Pernambucano, a vegetação nativa juntamente com a fauna, tem sofrido com a diminuição da área que antes era destinada só à natureza, e nas últimas décadas, tem dividido seu espaço com o homem predador, e os animais de produção criados de forma totalmente extensiva [1][2]. Com a destruição da flora nativa, tanto por conta da retirada de madeira, como pela presença invasora da P. juliflora (algaroba) que atualmente é manejada para retirada de madeira em forma de lenha, muitos hectares de vegetação nativa tem sido destruídos ano após ano [3]. Com este desequilíbrio da natureza, o habitat natural de diversas espécies nativas da caatinga foi e está sendo destruído,favorecendo a ataques destas espécies, às propriedades locais em busca de alimentos, levando a grandes prejuízos á caprinovinocultura da região. Muitos Coragyps spp (urubus) e Polyborus plancus (carcarás) atacam os cabritos e fêmeas principalmente durante, ou logo após o parto.

São conhecidas, em localidades com feição características da caatinga semi-áridas, 44 espécies de lagartos, 9 espécies de anfisbenídeos, 47 de serpentes,

quatro de quelônios, três de crocolia, 47 de anfíbios, e dessas espécies apenas 15% são endêmicas. Um conjunto de 15 espécies e de 45 subespécies foi identificado como endêmico. São 20 as espécies ameaçadas de extinção[4].

Por falta de educação ambiental e informação, muitos dos criadores participam de matanças indiscriminadas, que estão levando a fauna nativa local à extinção.

Este trabalho tem como objetivo, divulgar as ações paralelas, executadas durante projeto de assistência técnica e extensão rural à caprinovinocultura na região de Moxotó, município de Ibimirim. Ações estas que pretendem orientar os criadores a preservar animais silvestres que podem ou não estar ameaçado de extinção, indicando soluções para uma pecuária sustentável em harmonia com a natureza.

Material e métodos

No distrito de Moxotó, há 50 km de Ibimirim, uma equipe de professores, técnicos e estudantes do DMV/UFRPE, mensalmente, participa de palestras/oficinas e visitas técnicas às propriedades dos caprinovinocultores, que resulta em uma rica troca de conhecimentos que envolve todos os participantes. São discutidos nas palestras assuntos sobre, manejo sanitário, manejo nutricional, meio ambiente, entre outros. E sempre que possível a interdisciplinaridade está presente nas ações desenvolvidas.

Durante as vistas técnicas, foram questionadas as caças

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realizadas nas propriedades, as perdas e prejuízos causados por animais silvestres, o conhecimento da diversidade da fauna silvestre local e as formas de preservação desenvolvidas pelos criadores, além do conhecimento sobre as instituições que apóiam os criadores que protegem os animais silvestres.

Resultados e Discussão

Do grupo de 17 criadores que participam das atividades do projeto de extensão, dois são o retrato de duas gerações que muito diferem em relação a educação ambiental. Pai e filho, contam suas estórias emostram seus troféus. O pai mostra seu troféu morto, e o filho mostra seu troféu vivo. São animais silvestres que por um foi morto, e pelo outro capturado vivo, conservado vivo, e à espera da justa ajuda ao resgate do animal para um local seguro e digno. As discussões sobre o meio ambiente, sua destruição e conseqüências, só surtirão efeitos com a mudança de comportamento do sertanejo. Que só através do conhecimento gerado de forma confiável, e através de uma rica troca de saberes, poderá ser alcançado. Foram necessárias 20 visitas técnicas mensais à região, agendadas antecipadamente, e sem interrupções, para que a confiança mútua entre a equipe e os criadores finalmente se estabelecesse.

Foram relatados pelos criadores a captura de 02 serpentes Boa constrictor (jibóias). Uma delas foi sacrificada por ameaçar a criação de caprinos e a outra foi mantida em cativeiro por 14 dias, sendo alimentada por Cavia apere (preás) e à espera da equipe do Projeto de Extensão, para orientações quanto a sua remoção para um local apropriado. Este fato ao mesmo tempo que demonstra a falta de informação destes criadores quanto aos hábitos alimentares deste animal (pois a jibóia só se alimenta de aves e roedores e não de animais das suas criações), mostra um criador que tirou várias horas do seu trabalho diário para capturar e alojar uma serpente, mesmo pensando que ela era a responsável por prejuízos ao seu rebanho. Outro animal que foi relatado pelos criadores, como causador de prejuízos ao seu rebanho, é a ave Polyborus plancus(carcará), que ataca as crias recém nascidas, arrancando-lhes os olhos e a língua. A Felis wiedii conhecida por “oncinha” ou gato do mato vermelho ou azul, antigamante possuía alto valor segundo os criadores, porém hoje, quase não existe mais. Outrosanimais foram relatados, como o Daptrius americanus, ave conhecida como canção, predadora de ovos de galinhas; a raposa, Vulpes vulpes, a raposa; o Chrysocyon brachyurus, lobo-guará; o Paroaria dominicana, galo de campina; o Saltator comrulescens, sabiá; o Sicalis flaveola brasiliensi, canário, todos muito difícil de serem vistos ultimamente, pois já foram muito capturados para a venda ilegal, segundo os próprios criadores. Até o beija flor, anda difícil de visto, provavelmente devido a devastação da flora e o uso indiscriminado de agrotóxicos nas plantações de tomates e melancias irrigadas da região.

Pouco a pouco o conhecimento chega a está mudando o comportamento destas pessoas. Agora cabe aos órgãos responsáveis pela conservação do meio ambiente, inspirar confiabilidade e respeito, através de ações que viabilizem os anseios dos que hoje desejam colaborar, mesmo ontem tenham exibido seus troféus mortos.

Conclusão A partir deste trabalho, foi possível levar a informação

aos caprinovinocultores, de como eles deveriam proceder ao se depararem com algum animal silvestre. A existência dos diversos órgãos que auxiliam dando apoio tanto no resgate dos animais silvestres, como na conscientização da preservação da fauna nativa, deve ser divulgada por todos que trabalham com agricultura, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Removíveis -IBAMA, onde existem pontos tanto em Recife quanto em Caruaru; a Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente-CIPOMA; a Brigada Ambiental e o Centro de Triagem de Animais Silvestres-CETAS, são órgãos que podem dar a assistência necessária para os criadores e para a população em geral.

Agradecimentos

Ao CNPq pelo financiamento do projeto de extensão; ao IPA, UFRPE, e SARA pela parceria ao projeto; ao IBAMA, CIPOMA, Brigada Ambiental e o CETAS, pelas informações prestadas; aos criadores da região de Moxotó, Ibimirim-PE.

Referências

[1] CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista on linehttp://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.htmlISSN 1678-6343Instituto de Geografia ufuPrograma de Pós-graduação em GeografiaCAMINHOS DE GEOGRAFIA UBERLÂNDIA V. 9, N. 27SET/2008 P. 143 - 155 PÁGINA 143

[2] 4º Congresso Brasileiro de Extensão

Universitária,UFGD, Apresentação oral / Resumo

expandido: “Aspectos da assistência técnica e extensão

rural na caprinocultura do sertão pernambucano: o

aprender-fazer a partir das demandas comunitárias”

Autores: Néria Vania Marcos dos Santos; José Nunes da

Silva; Maria Presciliana de Brito Ferreira;

Zuleide Andrade de Quieroz Carvalho; Arlene Gonçalves

da Silva; Francisco Feliciano da

Silva; Lúcio Esmeraldo Honório de Melo. 11pg, 27 a 30 de

Abril, 2009, Dourados, MS

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[3] OLIVEIRA F.X. IMPACTOS DA INVASÃO DA

ALGAROBA - PROSOPIS JULIFLORA (SW.) DC.

[4] OLIVEIRA,T.P.R.; LIRA, V.F.; ARAUJO, M.R.; BAPTISTA, R.R.N.; BEZERRA, B.M.; SOUZA, J.R.B., VASCONCELOS, S.D. titulo 2006 ano XII.

Conhecimentos dos bacharelandos em Ciências Biológicas (UFPE) sobre animais ameaçados de extinção no Nordeste do Brasil.