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A IMPORTÂNCIA DA ÁREA DE REFÚGIO SEMEANDO O FUTURO

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A IMPORTÂNCIA DA ÁREA DE REFÚGIO

S E M E A N D O O F U T U R O

precisa ser necessariamente da mesma

espécie da planta, o que não pode ser

alcançado por métodos tradicionais. São

amplas as possibilidades de utilização

dos transgênicos na agricultura,

representando uma boa alternativa para

vencer desafios ligados ao aumento de

produção e produtividade, manejo de

plantas daninhas, controle de pragas e

doenças, entre outras (VALOIS, 2001).

De acordo com o Conselho de

Informações sobre Biotecnologia (CIB),

em 2014 o Brasil cultivou 42,2 milhões

de hectares de culturas transgênicas,

apresentando um crescimento de 4,7%

na área plantada em relação ao ano

anterior. Em todo o mundo, 28 países

plantaram 181,5 milhões de hectares

com sementes transgênicas, um aumento

de mais de 6 milhões de hectares em

relação a 2013. Isso demonstra que,

cada vez mais, essa tecnologia oferece

benefícios agronômicos, sociais,

econômicos e ambientais.

O CIB também revelou que os

transgênicos foram a tecnologia adotada

mais rapidamente que todas as outras

na história recente da agricultura. A

área plantada com OGMs na última safra

(2014) é cerca de 100 vezes maior do

que a registrada em 1996,

primeiro ano em que foram cultivados.

No Brasil, considerando soja, milho e

algodão, a taxa de adoção de cultivares

transgênicos foi de 89,3% do total.

Especificamente para a soja, esse

Desde o início da atividade agrícola e

da domesticação das plantas– há cerca

de 9 mil anos –, o homem realiza o

melhoramento genético das plantas

cultivadas com o objetivo de aumentar

a produtividade, a tolerância a fatores

ambientais, a resistência a pragas/

doenças e a uniformidade da lavoura.

Inicialmente, esse processo ocorria

por meio de técnicas tradicionais de

cruzamento e seleção, mas desde

os anos 80 conta com o auxílio de

técnicas avançadas de biotecnologia.

Assim, pode-se afirmar que todas as

grandes culturas, fonte de alimentos

e fibras, em algum momento do seu

desenvolvimento, foram geneticamente

alteradas pelo homem, sendo bastante

diferentes das espécies selvagens que

lhes deram origem.

A biotecnologia, que é o conjunto

de etapas e técnicas utilizadas na

tecnologia do DNA recombinante, pode

ser aplicada em áreas como agricultura,

ciência dos alimentos e medicina. No

caso da agricultura, a biotecnologia

possibilita que se chegue a um cultivar

ideal mais rapidamente do que pelo

melhoramento genético tradicional, pois

é possível incorporar em uma planta

um (ou mais) gene bem definido, que

corresponde a uma característica que se

deseja expressar na planta. O resultado

desse processo será um Organismo

Geneticamente Modificado (OGM),

também conhecido como transgênico. É

importante lembrar que esse gene não

S E M E A N D O O F U T U R O

INTRODUÇÃO

percentual foi de 93% da área plantada;

já para o milho (safras de inverno e

verão), essa porcentagem foi de 82%;

para o algodão, 66%. A rápida adoção

dos transgênicos demonstra o quanto o

agricultor percebe os benefícios dessa

tecnologia. Entretanto, o crescimento

acelerado da área plantada com

OGMs torna-se preocupante se não

forem tomados os devidos cuidados,

principalmente quanto ao manejo de

pragas, já que um dos grandes objetivos

atuais dos transgênicos é conferir às

plantas resistência contra as pragas

através de proteínas oriundas dabactéria

Bacillus thuringiensis (Bt).

A eficácia do controle das pragas-alvo pelas

tecnologias Bt é o resultado da expressão

da(s) proteína(s) Bt em uma variedade/

híbrido e do nível de suscetibilidade de

cada praga-alvo à(s) proteína(s) Bt. Neste

sentido, o monitoramento adequado de

pragasalvo e não alvo é essencial para

refletir o estado geral e o índice de pragas

presentes dentro de um talhão, bem

como definir estratégias de controle. Esse

monitoramento deve ser realizado no

interior do talhão, de maneira a distribuir

os pontos de amostragem uniformemente

e aleatoriamente ao longo da caminhada,

garantindo a boa representação do talhão.

Recomenda-se o início do monitoramento

antes da semeadura, ou seja, antes da

dessecação, monitorando-se as pragas

na palhada.

Segundo a FAO, o Manejo Integrado

de Pragas (MIP) significa “a

consideraçãocautelosa de todas as

S E M E A N D O O F U T U R O

técnicas disponíveis para controle de

pragas e a subsequente integração

de medidas apropriadas para reduzir

o desenvolvimento das populações

de insetos praga, mantendo o uso de

inseticidas e de outras intervenções em

níveis economicamente, ambientalmente

e socialmente sustentáveis. O MIP foca

nocrescimento de lavouras saudáveis

com o mínimo de intervenção nos

agroecossistemas, fortalecendo os

mecanismos de controle natural de

pragas” (FAO, 2015). O MIP pode também

ser definido como um sistema de decisão

que dá suporte à seleção e uso de táticas

de controle de pragas de formaindividual

ou harmônica, compondo uma estratégia

de manejo baseada em análises

de custo-benefício e com redução

de impactos sobre os produtores,

sociedade e ambiente, visando alcançar

altas produtividades. Dessa forma, as

plantas geneticamente modificadas que

conferem proteção contra determinadas

pragas-alvo (plantas Bt) representam

uma excelente ferramenta para compor

o MIP. Porém, para que essa ferramenta

se mantenha viável do ponto de vista

ecológico e financeiro, alguns cuidados

são necessários, entre eles a adoção de

programas adequados de Manejo de

Resistência de Insetos (MRI). A melhor

maneira de preservar os benefícios das

plantas transgênicas é a implementação

de áreas de refúgio (MARTINELLI &

OMOTO, 2005 apud ZANCANARO et al.,

2012).

S E M E A N D O O F U T U R O

As plantas geneticamente modificadas

que expressam proteínas Bt exercem

ação inseticida contínua contra as

pragas-alvo das culturas. Deste modo, é

extremamente importante a adoção de

práticas que preservem a suscetibilidade

dessas pragas a essas proteínas. Entre

elas está o refúgio, ferramenta essencial

para garantir a preservação dos benefícios

da biotecnologia a longo prazo. As

áreas de refúgio consistem em áreas de

plantas sem tecnologia Bt cujo objetivo

é assegurar a presença e reprodução

de insetos suscetíveis às proteínas

Bt, o que aumenta a probabilidade de

acasalamento entre uma mariposa

suscetível e uma resistente, garantindo

que a geração seguinte de lagartas seja

suscetível e controlada pela tecnologia

Bt (Figura 1). Isso ocorre porque a

resistência à proteína Bt é normalmente

recessiva. As plantas geneticamente

modificadas que expressam proteínas Bt

exercem ação inseticida contínua contra

as pragas-alvo das culturas. Deste modo,

é extremamente importante a adoção de

práticas que preservem a suscetibilidade

dessas pragas a essas proteínas.

Entre elas está o refúgio, ferramenta

essencial para garantir a preservação dos

benefícios da biotecnologia a longo prazo.

As áreas de refúgio consistem em áreas

de plantas sem tecnologia Bt cujo objetivo

é assegurar a presença e reprodução de

insetos suscetíveis às proteínas Bt, o que

aumenta a probabilidade de acasalamento

entre uma mariposa suscetível e uma

resistente, garantindo que a geração

seguinte de lagartas seja suscetível e

controlada pela tecnologia Bt (Figura 1).

Isso ocorre porque a resistência à proteína

Bt é normalmente recessiva.

REFÚGIO NAS DIFERENTES CULTURAS

FIGURA 1

Dinâmica da área de refúgio.

Fonte: adaptado de Intacta RR2 Pro®, 2015.

COMO FUNCIONAM AS ÁREAS DE REFÚGIO

1) Ocasionalmente, um inseto resistente (homozigoto resistente) pode sobreviver alimentando-se das plantas Bt e atingir a fase adulta.

2) Um refúgio de plantas não Bt garante que insetos suscetíveis (homozigotos suscetíveis) estarão presentes nas áreas.

3) Uma vez que há mais insetos suscetíveis comparados aos insetos sobreviventes na cultura Bt, é provável que um sobrevivente (homozigoto resistente) se acasale com um inseto suscetível (homozigoto suscetível).

4) A geração seguinte de lagartas será heterozigota e controlada com uma dose efetiva de Bt.

Fonte: ad

aptad

o d

e INTA

CTA

RR2 PR

O®, 2

015.

S E M E A N D O O F U T U R O

Vale lembrar que indivíduos resistentes

já existem na natureza e áreas com

tecnologia Bt na ausência de refúgio

irão selecionar esses indivíduos, que se

reproduzem e dispersam. Portanto, o

objetivo do refúgio é manter a frequência

desses indivíduos baixa, por meio do

acasalamento com indivíduos suscetíveis

provenientes da área com plantas não Bt

(refúgio), de modo a retardar a evolução

da resistência.

Há muitos anos, já se sabe que a resistência

das pragas às táticas de controle é

um processo e seu desenvolvimento

é simplesmente uma questão de

pressão de seleção e tempo. Isso pode

ocasionar mudanças na composição

genética das populações, aumentando a

frequência relativa de alguns indivíduos

“pré-adaptados” (GOULD, 1998).

Portanto, uma das premissas básicas do

desenvolvimento de qualquer tática de

manejo deverá ser diminuir a velocidade

de estabelecimento de populações com

alta frequência de genes que conferem

resistência a determinado agente de

controle (HEAD & GREENPLATE, 2012).

O manejo dentro das áreas de refúgio

deve ser feito de maneira a não eliminar

todos os insetos da área, uma vez que

o objetivo do refúgio é manter uma

população de insetos pragas-alvo da

tecnologia que não seja exposta às

proteínas Bt. Dessa forma, insetos

suscetíveis, quando adultos, poderiam

acasalar-se com qualquer raro indivíduo

resistente que possa ter sobrevivido

na cultura Bt. Assim, a suscetibilidade

poderá ser transmitida a gerações

futuras, garantindo a sustentabilidade

da eficácia das tecnologias. Portanto

devem-se seguir os conceitos de MIP

e utilizar inseticidas apenas quando

as pragas atingirem os níveis de ação

recomendados. É importante rotacionar

inseticidas com diferentes modos de ação

quando houver necessidade de mais de

uma aplicação. Os inseticidas à base de

Bt não devem ser utilizados no refúgio

estruturado por possuírem modos de

ação similares aos da tecnologia Bt. A

porcentagem de plantas não Bt que deve

ser utilizada na área de refúgio irá variar

de acordo com a cultura.

REFÚGIO NA CULTURA DO MILHO

No caso do milho, 10% da lavoura deve

ser de refúgio estruturado com milho

não Bt. As áreas de refúgio devem

estar localizadas à distância máxima

de 800 metros da lavoura de milho

com tecnologia Bt. Ou seja, a distância

máxima entre qualquer planta de milho

Bt e qualquer planta da área de refúgio

deve ser de no máximo 800 metros.

Essa distância foi determinada através

de estudos de dispersão de adultos

de Spodoptera frugiperda no campo

(VILARINHO, 2007). Pensando na

principal praga do milho – Spodoptera

frugiperda –, o nível de ação é atingido

quando 20% das plantas amostradas

apresentam nota maior ou igual a três

na Escala de Davis (Figura 2).

Para uma amostragem eficiente, é

recomendado amostrar 25 plantas em

sequência em pelo menos quatro pontos

da lavoura, totalizando 100 plantas

em uma área de aproximadamente 10

hectares.

S E M E A N D O O F U T U R O

No caso da soja, 20% da lavoura deve

ser de refúgio estruturado com soja

não Bt. Assim como para as demais

culturas, as áreas de refúgio devem

estar localizadas à distância máxima de

800 metros da lavoura com tecnologia

Bt. O monitoramento deve ocorrer em

todas as fases da cultura, de acordo

com o estádio e a estrutura da planta

que a praga ataca. Os níveis de controle

das principais pragas da cultura da soja

podem ser observados no quadro a

seguir (Tabela 1):

Fonte

: ad

apta

do d

e D

avis

et

al.,

1992.

FIGURA 2 - Escala de Davis.

REFÚGIO NA CULTURA DA SOJA

A amostragem é um aspecto fundamental

para o desenvolvimento de programas

de MIP, tanto nas etapas de avaliação do

ecossistema como no monitoramento,

visando à tomada de decisão sobre a

necessidade ou não de controle da praga

e quando intervir no agroecossistema

(CARVALHO, 2012).

S E M E A N D O O F U T U R O

TABELA 1. Níveis de controle para as principais pragas da soja.

Fonte

: adap

tado d

e H

off

man

n-C

ampo, 2

000.

No caso do algodão, 20% da lavoura deve

ser de refúgio estruturado com algodão

não Bt. Assim como para as demais

culturas, as áreas de refúgio devem estar

localizadas à distância máxima de 800

metros da lavoura com tecnologia Bt.

O monitoramento deve ocorrer em todas

as fases da cultura, de acordo com o

estádio e a estrutura da planta que a praga

ataca. Os níveis de controle das principais

pragas da cultura do algodão podem ser

observados no quadro a seguir (Tabela 2):

REFÚGIO NA CULTURA DO ALGODÃO

TABELA 2. Níveis de controle para as principais pragas do algodão.

Fonte

: adap

tado d

e H

off

man

n-C

ampo, 2

000.

S E M E A N D O O F U T U R O

Um dos conceitos do MIP é a manutenção

dos inimigos naturais; porém, mesmo

com os níveis mais elevados de insetos

benéficos no algodão, ainda serão

necessários inseticidas para controlar

determinadas pragas não alvo, como

sugadores e ácaros, tanto no início quanto

no final da safra, pois a presença dessas

pragas pode causar danos econômicos.

Os principais percevejos causadores de

danos no algodoeiro são os percevejos

da cultura da soja (Euschistus heros,

Nezara viridula e Piezodorus guildinii)

e os percevejos tradicionais da cultura

do algodão (Horciasoides nobilellus e

Dysdercus ruficollis). Os pulgões (Aphis

gossypii), os ácaros-rajado (Tetranychus

urticae) e branco (Polyphagotarsonemus

latus) e o bicudo (Anthonomus grandis)

também podem exigir pulverizações

específicas.

A fim de alcançar o melhor valor das

tecnologias no campo, é necessário um

monitoramento cuidadoso dessas pragas

e ações em tempo hábil para seu controle,

minimizando a perda de produtividade.

O uso de produtos químicos seletivos

no algodão convencional adjacente

também é importante, uma vez que a

deriva pode afetar os níveis de insetos

benéficos nos campos com plantas Bt. O

uso criterioso de inseticidas irá minimizar

o impacto dessas pragas secundárias na

produtividade e lucratividade.

S E M E A N D O O F U T U R O

EXEMPLOS DE DISPOSIÇÃO DO REFÚGIO EM CAMPO

FIGURA 3. Exemplos de configuração de refúgio para algodão.

Fonte

: adap

tado d

e Bo

llgar

d® 2

RR F

lex, 2

015.

EXEMPLOS DE DISPOSIÇÃO DO REFÚGIO EM CAMPO

S E M E A N D O O F U T U R O

FIGURA 4. Exemplos de configuração de refúgio para soja.

Fonte

: adap

tado d

e In

tact

a RR2 P

ro®, 2

015.

FIGURA 5. Exemplos de configuração de refúgio para milho.

Fonte

: MO

NSA

NTO

, 2015.

S E M E A N D O O F U T U R O

NÍVEL DE DANO ECONÔMICO ENÍVEL DE CONTROLE

Os fundamentos do MIP estão baseados

em elementos como a exploração do

controle natural, níveis de tolerância das

plantas aos danos causados pela praga, a

biologia e ecologia da cultura e das

suas pragas e o monitoramento das

populações para tomada de decisão.

Para se tomar uma decisão de controle de

pragas, é fundamental o conhecimento

dos conceitos de Nível de Dano

Econômico (NDE), Nível de Não Controle

ou de Equilíbrio (NNC ou NE) e Nível de

Controle ou Ação (NC ou NA) (Figura 6).

FIGURA 6. Nível de Dano Econômico (NDE), Nível de Equilíbrio (NE) e Nível de Controle (NC).

Fonte

: BO

TTA

, 2012.

O Nível de Dano Econômico (NDE)

corresponde à densidade populacional

de uma praga capaz de causar prejuízos

econômicos de valor igual ou superior

ao seu custo de controle. Já o conceito

de Nível de Controle (NC) corresponde à

densidade populacional de uma praga em

que devem ser tomadas medidas de

controle para que não causem danos

econômicos, ou seja, para não atingir o

NDE.

É importante ressaltar que, se o método

de controle for lento, a densidade da

praga pode crescer por certo tempo após

a aplicação e causar danos acima do

tolerável. Por fim, o Nível de Não Controle

ou de Equilíbrio (NE) corresponde a uma

densidade populacional de pragas abaixo

do NC, em que as pragas estão sob

controle de inimigos naturais.

S E M E A N D O O F U T U R O

A adoção de refúgio apresenta alguns

desafios na sua implementação, como

logística de plantio e colheita, falta de

conscientização de alguns agricultores,

produtividade das áreas de refúgio e

necessidade de controle químico de

pragas nessas áreas.

Isso demonstra a necessidade de trabalhar

junto ao produtor tanto a conscientização

sobre o refúgio como as ferramentas e

opções de que ele dispõe para ter uma

melhor recomendação técnica e adequar

o refúgio ao seu sistema de produção.

Vale lembrar que, além do manejo de

resistência às tecnologias Bt, também

deve ser realizado o manejo de resistência

aos produtos químicos. Sendo assim, a

não adoção de práticas como rotação de

grupos químicos e exposição a subdoses

pode favorecer o aumento da frequência

de pragas resistentes, dificultando o

controle.

De maneira geral, a não adoção de refúgio

e de um MIP eficiente pode colocar em

risco a longevidade das tecnologias que

tanto têm contribuído para a agricultura

nacional.

ADOÇÃO DE REFÚGIO

DÚVIDAS FREQUENTES

O refúgio estruturado pode ser feito

com sementes de outras culturas?

Não. As sementes utilizadas nas lavouras

de refúgio estruturado devem ser da

mesma cultura cultivada na área com

a biotecnologia. Ou seja, o percentual

mínimo de refúgio estruturado deve

ser plantado com a mesma cultura.

Nos casos onde houver o plantio de

culturas que possam funcionar como

refúgio estruturado alternativo para

determinada praga (como milheto, sorgo,

etc.), esse não deve ser considerado na

porcentagem, e sim como uma área

adicional de refúgio estruturado.

Quais variedades/híbridos eu posso

usar como refúgio estruturado?

O refúgio estruturado pode ser plantado

com quaisquer variedades/híbridos não

Bt (convencional ou RR) de ciclo similar

às variedades/híbridos da tecnologia Bt.

Essa sincronia de ciclo é importante para

garantir que as mariposas provenientes

das áreas Bt e do refúgio estruturado

tenham maior possibilidade de

acasalamento.

S E M E A N D O O F U T U R O

Posso aplicar inseticidas no refúgio

estruturado?

Primeiramente, é importante lembrar

que a função do refúgio estruturado é

produzir insetos suscetíveis à tecnologia

Bt. Portanto, o manejo com inseticidas

deve ser realizado somente se a

infestação de pragas atingir os níveis

de ação (recomendados pela Embrapa).

Os inseticidas à base de Bt não devem

ser utilizados no refúgio estruturado por

possuírem modos de ação similares aos

da tecnologia Bt.

Eu sou obrigado a plantar o refúgio

estruturado?

Sim. Ao plantar tecnologias Bt, o agricultor

reconhece que o refúgio estruturado é

essencial para a sua preservação e

compromete-se a realizá-lo, respeitando

no mínimo 20% da área plantada no caso

de soja e algodão e 10% no caso de milho,

além da distância máxima de 800 metros

entre a área de refúgio estruturado e a

área de tecnologia Bt.

Por que existem diferenças entre os

percentuais para cada tecnologia?

Devido a uma série de fatores. Entre eles

podemos citar a eficácia da tecnologia

para cada praga-alvo, a incidência de

cada praga-alvo na cultura, número de

gerações da praga por ano sobre a cultura

e frequência do alelo de resistência às

proteínas Bt nas pragas presentes na

cultura.

Em quanto tempo o produtor pode

perder uma tecnologia se ele não

fizer o refúgio estruturado?

É difícil fazer previsões muito específicas.

Isso vai depender principalmente do nível

de adoção de refúgio estruturado pelos

agricultores, que é a principal medida a

ser empregada com o objetivo de reduzir

o risco de evolução da resistência na

população de pragas-alvo nas culturas.

A utilização de tal medida retarda ou até

mesmo impede o processo de evolução

da resistência. Há casos de tecnologias

fora do país, em condições similares

às do Brasil, que ainda estão eficientes

mesmo com mais de 10 anos de uso, em

razão da adoção do refúgio estruturado

pela maioria dos produtores.

Eu preciso entregar a soja com

a tecnologia Intacta RR2 Pro®

segregada do restante da produção?

E se eu precisar armazenar grãos

de Intacta RR2 Pro® em minha

propriedade, o que devo fazer?

Sim, toda a soja com a tecnologia Intacta

RR2 Pro® deve ser colhida e entregue

segregada do restante da produção. Se

você possui silo na sua propriedade e

necessita misturar a soja Intacta RR2

Pro® com outros tipos de soja (RR ou

convencional), a Monsanto disponibiliza

o processo “Armazenamento de Grãos na

Propriedade”, bastando entrar em contato

com o Disque Intacta, pelo número 0800-

940-7088, e passar algumas informações

para que ele seja finalizado.

S E M E A N D O O F U T U R O

No caso do milho, se eu plantar

refúgio, preciso atender à norma de

coexistência?

Sim, o plantio da área de refúgio não

elimina a necessidade de atender à

norma de coexistência (Resolução

Normativa 04, publicada no DOU nº

163, de 23/8/2007, seção I, página

19), estabelecida pela Comissão Técnica

Nacional de Biossegurança (CTNBio). A

obrigatoriedade das distâncias mínimas

estabelecidas pela CTNBio visa ao

isolamento da lavoura geneticamente

modificada em relação à lavoura

de milho convencional. A distância

entre uma lavoura comercial de milho

geneticamente modificado e outra de

milho convencional localizada em área

vizinha deve ser igual ou superior a 100

metros, com a alternativa de uma distância

de 20 metros, desde que acrescida de

uma bordadura com pelo menos 10

fileiras de plantas de milho convencional

(não modificado geneticamente) de porte

e ciclo vegetativo similar ao do milho

geneticamente modificado. Respeitando-

se as normas de isolamento, evita-se a

contaminação da cultura não transgênica

pela transgênica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As culturas transgênicas já são

amplamente adotadas em todo o mundo;

no Brasil, entretanto, elas exigem

manejo específico para assegurar sua

sustentabilidade.

Assim, o refúgio é uma ferramenta

essencial no manejo das culturas

transgênicas Bt, a fim de manter a

longevidade e eficácia dessa tecnologia.

Sem ele, o risco de ocorrência de

insetos resistentes aumenta muito.

O Manejo Integrado de Pragas também é

imprescindível, pois concilia inúmeras

técnicas de controle e possibilita

identificar e contabilizar as populações

de insetos de modo a definir o momento

de controle – de acordo com o NC e NDE.

LINKS ÚTEIS

SITE INTACTA (SOJA):

intactarr2pro.com.br

Disque Intacta – 0800-940-7088

SITE REFÚGIO (MILHO):

refugiocomdesconto.com.br/

BoasPraticas.aspx

SITE BOLLGARD (ALGODÃO):

bollgard2rrflex.com.br

MANUAL DE PRAGAS TD:

fatorpublicidade.com.br/monsanto/#/0

SISTEMA ROUNDUP READY PLUS:

rrplus.com.br

Obs.: futuramente estará disponível

a Árvore de Recomendações de

Inseticidas.

O complexo de percejos ocorre na fase

reprodutiva da cultura, e o seu aumento

populacional está ligado à disponibilidade

de recurso, ou seja, alimento (vagens).

Concentram-se, assim, nas áreas de

colheita mais tardias, onde ocorre intensa

migração dos insetos das áreas colhidas

para as áreas que ainda podem se

encontrar em estádio reprodutivo. Os

percevejos sugam as plantas e vagens a

partir de R3 até a maturação fisiológica,

prejudicando a qualidade dos grãos e

favorecendo a ocorrência de distúrbios

fisiológicos na planta (soja “louca” e grãos

verdes). O nível de controle

empregado atualmente é de 1 inseto

por metro para os cultivos de soja

semente e 2 insetos para os cultivos

visando produção de grãos. Atualmente,

os principais inseticidas utilizados no

manejo de percevejos na cultura são o

Engeo Pleno, Connect e Pirephos. Estes

produtos também têm efeito sobre mosca

branca, Bemisia tabaci e coleópteros

desfolhadores (Diabrotica speciosa,

Megascelis spp., Maecolaspis spp., etc.).

No caso de necessidade de controle

de mosca branca e ácaros, o produto

comercial Oberon também é uma opção,

mas que requer um posicionamento

bastante técnico com relação ao momento

de sua aplicação.

BOLLGARD2RRFLEX. Manejo Integrado de Pragas. Disponível em:

http://www.bollgard2rrflex.com.br/manejo-integrado-de-pragas/

Acessado em 27 de julho de 2015.

BOLLGARD2RRFLEX. Plantio de Refúgio. Disponível em: http://

www.bollgard2rrflex. com.br/plantio-de-refugio/ Acessado em 3

de agosto de 2015.

BOTTA, R. A. Nível de dano econômico e nível de controle: teoria

ou prática? 2012.Disponível em: https://portalnemip.wordpress.

com/2012/04/10/nivel-de-danoeconomico-e-nivel-de-controle-

teoria-ou-pratica/ Acessado em 3 de agosto de 2015.

CARVALHO, N. L.; BARCELLOS, A. F. Adoção do Manejo Integrado

de Pragas Baseado na Percepção e Educação Ambiental. Revista

Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, REGET/

UFSM (e-ISSN: 2236-1170 , v(5), n°5, p. 749-766, 2012.

CIB. Uso de transgênicos reduz demanda por terras. Disponível

em: http://cib.org.br/em-dia-com-a-ciencia/uso-de-transgenicos-

reduz-demanda-por-terra. Acessado em 5 de julho de 2015.

DAVIS, F. M.; WILLIAMS, W. P. Visual rating scales for screening

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Mississipi State University, p.9, 1992. (Technical Bulletin, 186).

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www.fao.org/agriculture/crops/thematic-sitemap/theme/pests/

ipm/en/ Acessado em 27 de julho de 2015.

GOULD, F. Sustainability of transgenic insecticidal cultivars:

integrating pest genetics and ecology. Annu Rev Entomol 43:701–

726. 1998.

HEAD, G. P.; GREENPLATE, J. The design and implementation of

insect resistance management programs for Bt crops. GM Crops

Food 3:144–153. 2012.

Referências:

S E M E A N D O O F U T U R O

Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informações sobre o assunto, procure o TD mais próximo.

Henrique Duarte MatheusAutor:

Colaboradores: Marlon Denez e Anderson Pereira

Revisores: Renato Carvalho, Rafaella Mazza e Guy Tsumanuma

HOFFMANN-CAMPO, C. B.; MOSCARDI, F.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.;

OLIVEIRA, L. J.;

SOSA-GOMEZ, D. R.; PANIZZI, A. R.; CORSO, I.C.; GAZZONI, D. L.;

OLIVEIRA, E. B. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado.

Londrina: Embrapa Soja, 2000. 70p. (Circular Técnica, 30).

INTACTA RR2 PRO. Refúgio. Disponível em: http://intactarr2pro.

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julho de 2015.

MARTINELLI, S.; OMOTO, C. Resistência de insetos a plantas

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Desenvolvimento, v.34, p.67-77, 2005.

MONSANTO. 2015. Boas práticas de refúgio. Disponível em:

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Acessado em 3 de agosto de 2015.

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