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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTRATÉGIAS DE INDUÇÃO DO ANTÍGENO 503
RECOMBINANTE DE Leishmania i. chagasi EXPRESSO EM
Escherichia coli M15
LUAN TALES COSTA DE PAIVA VASCONCELOS
Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos
Coorientador: Prof. Dr. Francisco Canindé de Sousa Júnior
Natal/RN
Fevereiro/2018
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
ESTRATÉGIAS DE INDUÇÃO DO ANTÍGENO 503
RECOMBINANTE DE Leishmania i. chagasi EXPRESSO EM
Escherichia coli M15
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Química da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN, em cumprimento
às exigências para obtenção do grau de mestre
em Engenharia Química, sob a orientação do
Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos e
coorientação do Prof. Dr. Francisco Canindé
de Sousa Júnior.
Natal/RN
Fevereiro/2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Vasconcelos, Luan Tales Costa de Paiva.
Estratégias de indução do antígeno 503 recombinante de Leishmania
i. chagasi expresso em Escherichia coli M15 / Luan Tales Costa de
Paiva Vasconcelos. - 2018.
91 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos.
Coorientador: Prof. Dr. Francisco Canindé de Sousa Júnior.
1. Antígeno recombinante - Dissertação. 2. Escherichia coli
recombinante - Dissertação. 3. Antígeno 503- Dissertação. 4. Indução
- Dissertação. 5. Leishmaniose - Dissertação. I. Santos, Everaldo
Silvino dos. II. Júnior, Francisco Canindé de Sousa. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 578.74
VASCONCELOS, Luan Tales Costa de Paiva - Estratégias de indução do antígeno 503
recombinante de Leishmania i. chagasi expresso em Escherichia coli M15. Dissertação de
Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – PPgEQ. Área de
concentração: Engenharia Química. Linha de pesquisa: Processos Químicos, Biotecnológicos
e Catálise, Natal/RN, 2018, Brasil.
Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos
Coorientador: Prof. Dr. Francisco Canindé de Sousa Júnior
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RESUMO: Com cerca de 900.000 a 1,3 milhões de novos casos anualmente, a Leishmaniose
é um complexo de doenças que pode ser fatal se não dada a devida atenção. Apesar de sua
relevância na saúde pública, ainda não existe uma vacina capaz de prevenir a doença em
humanos, e seu tratamento é caro e agressivo à saúde. O presente estudo tem como objetivo
otimizar os parâmetros de indução do antígeno 503 de Leishmania i. chagasi expresso em
Escherichia coli recombinante. Dessa forma, para a indução foi utilizada a lactose nas
concentrações de 0,1; 1,0 e 10 g/L, e o isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo (IPTG) nas
concentrações de 20,0; 100,0; 500,0 e 1000,0 M como moléculas indutoras em diferentes
densidades celulares (densidade óptica a 600 nm de 0,5 e 1,0) de modo a analisar a influência
do instante de indução no rendimento da proteína de interesse. Os resultados mostraram que a
concentração de IPTG de 100,0 M foi a que mais favoreceu a produção do antígeno (0,087
g/L), sendo esta concentração de IPTG 10 vezes menor do que utilizada em trabalhos anteriores
para esse tipo de sistema, e para a lactose foi a de 1,0 g/L (0,016 g/L). Dessa forma, a indução
com 100,0 M de IPTG permitiu obter o antígeno 503 com uma concentração 5,6 vezes maior
que a máxima obtida quando a lactose foi usada como indutor.
Palavras-chave: Antígeno 503, Escherichia coli recombinante, Leishmaniose, indução.
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ABSTRACT
With nearly 900,000 to 1.3 million new cases annually, Leishmaniosis is a complex of diseases
that can be fatal if not given proper attention. Despite its relevance in the public health system,
there is no vaccine capable of preventing disease in humans so far, and its treatment is expensive
and aggressive to human health. Vaccination remains the most practical and realistic way of
fight against the disease, thus, the production of recombinant antigens as a pathway towards a
vaccine acquisition is necessary. In addition, the optimization of the strategy of the recombinant
antigen’s production is of interest so it can make the process viable. Therefore, the present study
aims to optimize the induction parameters of the 503 Leishmania i. chagasi antigen expressed
in recombinant Escherichia coli. Hence, the induction at different cell densities (optical density
at 600 nm of 0.5 and 1.0) was evaluated in order to analyse the influence of the induction time
on the yield of the protein of interest. In this segment, lactose and isopropyl-β-D-
thiogalactopyranoside (IPTG) were used as inducer molecules, using various concentrations:
0.1 g/L, 1.0 g/L and 10 g/L for lactose and 20 μM, 100 μM, 500 μM and 1000 μM for IPTG.
The results presented that the concentration of IPTG that obtained the higher antigen levels was
that of 100 μM (0.087 g/L), a 10-fold lower concentration than was being previously used in
this type of system, and for lactose it was 1 g/L (0.016 g/L). Thus, the induction with 100 μM
allowed to obtain the antigen with a concentration 5.6 times higher than the lactose induction
maximum concentration.
Keywords: 503 antigen, recombinant Escherichia coli, Leishmaniosis, induction.
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................................. 14
2. Objetivos ............................................................................................................................... 17
2.1. Objetivo geral ................................................................................................................ 17
2.2. Objetivos específicos ..................................................................................................... 17
3. Revisão bibliográfica ............................................................................................................ 19
3.1. Leishmaniose visceral americana .................................................................................. 19
3.1.1. Antígeno 503 .......................................................................................................... 21
3.2. Tecnologia do DNA recombinante ................................................................................ 22
3.3. Proteínas recombinantes expressas em Escherichia coli ............................................... 23
3.4. Operon lac ..................................................................................................................... 25
3.5. Estratégias de indução e produção de ácido acético ...................................................... 26
3.5.1. IPTG e lactose ........................................................................................................ 28
4. Material e métodos ............................................................................................................... 30
4.1. Microrganismo .............................................................................................................. 30
4.2. Meio de cultivo .............................................................................................................. 30
4.2.1. Antibióticos ................................................................................................................ 30
4.3. Inóculo ........................................................................................................................... 31
4.4. Ensaios em shaker ..................................................................................................... 31
4.4.1 Avaliação da influência dos indutores na expressão do antígeno 503 ........................ 32
4.4.2. Indução em shaker .................................................................................................. 32
4.5. Estratégia experimental ................................................................................................. 33
4.5.1. Determinação da biomassa ..................................................................................... 33
4.5.2. Determinação do ácido acético ............................................................................... 34
4.5.3. Avaliação do rompimento celular........................................................................... 34
4.5.4. Recuperação do antígeno 503 ................................................................................. 34
4.5.4.1. Eletroforese de proteínas sob condições desnaturantes (SDS-PAGE) ................ 35
4.6. Determinação dos parâmetros cinéticos ........................................................................ 36
4.6.1. Cálculo das velocidades específicas de transformação .......................................... 36
4.6.2. Cálculo da produtividade em células e de produto em células ............................... 37
4.7. Análise estatística .......................................................................................................... 37
5. Resultados e Discussão ......................................................................................................... 40
5.1. Influência da concentração de IPTG e do instante de indução ...................................... 40
5.1.2. Produtividade de proteínas em células (Pp/x) e velocidade de crescimento específico
(x) ................................................................................................................................... 45
5.1.3. Antígeno ................................................................................................................. 50
5.2. Avaliação dos ensaios utilizando lactose ...................................................................... 54
5.2.1. Biomassa, proteína total e densidade celular .......................................................... 54
5.2.2. Produtividade de proteína em células (Pp/x) e velocidade de crescimento específica
(x) ................................................................................................................................... 60
5.2.3. Antígeno ................................................................................................................. 63
5.3. IPTG versus lactose ....................................................................................................... 64
6. Conclusões ............................................................................................................................ 68
7. Referências bibliográficas .................................................................................................... 70
APÊNDICE 1 ........................................................................................................................... 79
APÊNDICE 2 ........................................................................................................................... 81
APÊNDICE 3 ........................................................................................................................... 82
APÊNDICE 4 ........................................................................................................................... 83
APÊNDICE 5 ........................................................................................................................... 88
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da distribuição de casos reportados da Leishmaniose Visceral no mundo em
2013. Adaptado (WHO, 2015). ................................................................................................ 20
Figura 2: Esquema do fator de alongamento 1- de L. infantum mostrando sua sequência de
aminoácidos. Fonte: GenBank número CAC35543.1 .............................................................. 21
Figura 3: Ilustração do funcionamento do operon lac (VAZ, 2011) ........................................ 25
Figura 4: Estratégia experimental do estudo. Fonte: Autor. ..................................................... 33
Figura 5: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio I utilizando IPTG como
indutor de concentração 20 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução........ 41
Figura 6: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio III utilizando IPTG como
indutor de concentração 100 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução...... 41
Figura 7: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio V utilizando IPTG como
indutor de concentração 500 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução...... 42
Figura 8: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VII utilizando IPTG como
indutor de concentração 1000 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.... 42
Figura 9: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio I
utilizando IPTG com concentração 20 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 46
Figura 10: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio III
utilizando IPTG com concentração 100 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 47
Figura 11: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio V
utilizando IPTG com concentração 500 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 47
Figura 12: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VII
utilizando IPTG com concentração 1000 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 48
Figura 13: Eletroforese de amostras purificadas. A seta representa a banda da proteína de
interesse. De acordo com as colunas: (1) Marcador de bandas proteicas padrão; (2) Amostra do
instante de 3 h do ensaio III (IPTG a 100 M e DO600 0,5) de maior proteína total; (3) Amostra
do instante de 7 h do ensaio III (IPTG a 100 M e DO600 0,5) de maior proteína total; (4) Instante
de 3 h do ensaio X (lactose a 1 g/L e DO600 0,5); (5) Instante de 8 h do ensaio XI (lactose a 1
g/L e DO600 1,0); (6) Instante de 8 h do ensaio X (lactose a 1 g/L e DO600 0,5). ..................... 52
Figura 14: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio IX utilizando lactose como
indutor de concentração 0,1 g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução. ..... 55
Figura 15: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio X utilizando lactose como
indutor de concentração 1 g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução. ........ 55
Figura 16: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio XI utilizando lactose como
indutor de concentração 1 g/L e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução. ........ 56
Figura 17: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio XII utilizando lactose
como indutor de concentração 10 g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
.................................................................................................................................................. 56
Figura 18: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio IX
utilizando lactose a 0,1 g/L como indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
.................................................................................................................................................. 61
Figura 19: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio X
utilizando lactose a 1 g/L como indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
.................................................................................................................................................. 61
Figura 20: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio XI
utilizando lactose a 1 g/L como indutor e DO600 1,0. A seta representa o instante de indução.
.................................................................................................................................................. 62
Figura 21: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio XII
utilizando lactose a 10 g/L como indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
.................................................................................................................................................. 62
Figura 22: Curva de calibração para a determinação da biomassa a partir da leitura da DO600.
.................................................................................................................................................. 80
Figura 23: Curva de calibração para determinação de ácido acético a partir da leitura da
intensidade dos picos no HPLC. ............................................................................................... 81
Figura 24: Correlação do massa molecular dos padrões inibidor de tripsina (20,1 kDa), anidrase
carbônica (30,0 kDa), albumina (66,0 kDa) e fosforilase b (97,0 kDa) e a distância percorrida
no gel de eletroforese da Figura 13. ......................................................................................... 82
Figura 25: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio II utilizando IPTG como
indutor de concentração 20 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução........ 83
Figura 26: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio IV utilizando IPTG como
indutor de concentração 100 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução...... 84
Figura 27: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VI utilizando IPTG como
indutor de concentração 500 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução...... 84
Figura 28: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido
acético em laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VIII utilizando IPTG como
indutor de concentração 1000 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.... 85
Figura 29: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio II
utilizando IPTG com concentração 20 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 85
Figura 30: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio IV
utilizando IPTG com concentração 100 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 86
Figura 31: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VI
utilizando IPTG com concentração 500 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 86
Figura 32: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de
crescimento específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VIII
utilizando IPTG com concentração 1000 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de
indução. .................................................................................................................................... 87
Figura 33: Teste Tukey com os dados de biomassa máxima dos ensaios de I a VIII utilizando
IPTG como indutor da Tabela 3. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam
diferenças significativas com 95% de confiança. ..................................................................... 88
Figura 34: Teste Tukey com os dados de proteína máxima dos ensaios de I a VIII utilizando
IPTG como indutor da Tabela 4. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam
diferenças significativas com 95% de confiança. ..................................................................... 88
Figura 35: Teste Tukey com os dados de biomassa máxima dos ensaios de IX a XII utilizando
lactose como indutor da Tabela 5. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam
diferenças significativas com 95% de confiança. ..................................................................... 89
Figura 36: Teste Tukey com os dados de proteína máxima dos ensaios de IX a XII utilizando
lactose como indutor da Tabela 6. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam
diferenças significativas com 95% de confiança. ..................................................................... 89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição do meio de cultivo 2xTY (VAZ, 2011). ............................................. 30
Tabela 2 – Planejamento experimental para avaliação da influência do instante de indução e
dos indutores IPTG e lactose na expressão do antígeno 503. ................................................... 31
Tabela 3: Parâmetros cinéticos de crescimento celular máximos obtidos nos ensaios de indução
com IPTG. ................................................................................................................................ 45
Tabela 4: Padrão de produção de proteínas e produtividade do ponto de máximo obtidas nos
ensaios utilizando IPTG como indutor. .................................................................................... 52
Tabela 5: Parâmetros de biomassa dos ensaios realizados com lactose. .................................. 59
Tabela 6: Parâmetros de proteína dos ensaios utilizando a lactose. ......................................... 64
Tabela 7: Comparação de diferentes parâmetros obtidos na utilização de IPTG e lactose como
molécula indutora. .................................................................................................................... 65
LISTA DE SIGLAS
LVA Leishmania Visceral Americana
IPTG Isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo
DEQ Departamento de Engenharia Química
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
DO Densidade óptica
DO600 Densidade óptica a 600 nm
LV Leishmania Visceral
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
IMAC Cromatografia de afinidade por íons metálicos imobilizados
SDS Dodecil sulfato de sódio
SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de Dodecil Sulfato de
Sódio
APS Persulfato de amônio
Px Produtividade em células (g/h)
Pp Produtividade em proteínas (g/h)
Pp/x Produtividade de células em proteína (g/g)
x Velocidade de crescimento específica
xm Velocidade de crescimento específica máxima
Capítulo 1
Introdução
Capítulo 1. Introdução 14
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
1. Introdução
As leishmanioses compreendem um complexo de doenças com enorme diversidade
clínica e epidemiológica causadas por protozoários do gênero Leishmania (Ordem
Kinetoplastidae, família Trypanosomatidae), transmitidos por insetos flebotomíneos. Desse
modo, o indivíduo infectado manifesta sinais e sintomas de acordo com a espécie do
protozoário, podendo apresentar as formas cutânea, mucocutânea, cutânea difusa e visceral. O
tipo mais perigoso dentre as variações da Leishmaniose visceral americana (LVA) é a sua forma
visceral (AYATOLLAHI; BAFGHI; SHAHCHERAGHI, 2015; BRAZ et al., 2002; KARAMI;
DOUDI; SETORKI, 2013; WILSON; JERONIMO; PEARSON, 2005).
A LVA é uma doença infectocontagiosa presente em 75 países. O Brasil está entre os 6
países que representam 90% das ocorrências da mesma no mundo todo. Na América latina as
formas mais comuns da doença são as cutâneas e mucocutâneas, com quase 90% dos casos
desta última ocorrendo na Bolívia, Peru e Brasil onde a forma da doença é associada a zonas
rurais e ou regiões de pobreza (ESTEVA; VARGAS; VARGAS DE LEÓN, 2017; SOUSA-
GOMES et al., 2017)
Em geral são estimados, anualmente, cerca de 900.000 a 1.3 milhão de novos casos da
doença com aproximadamente 20.000 a 30.000 mortes relacionadas a mesma ao redor do
mundo. Devido a expansão da população humana para regiões selváticas, é estimado que cerca
de 350 milhões de pessoas estejam em risco de contrair qualquer forma da doença (WHO,
2016).
No Brasil, a LVA tem uma taxa anual de incidência de 4.200 a 6.300 casos anualmente.
Na região do Nordeste, a Leishmaniose consegue atingir cerca de duas mil pessoas a cada ano.
O acréscimo do número de pessoas que tem chance de serem infectadas deve-se as condições
geográficas, principalmente, por condições climáticas, na qual a alta pluviosidade favorece a
proliferação do mosquito vetor da doença e mais pessoas, assim, são propensas a correrem o
risco de serem contaminadas, com uma taxa de mortalidade de 7,0% (JERONIMO et al., 2004;
SELVAPANDIYAN et al., 2012; SOUSA-GOMES et al., 2017).
Entretanto, ainda não existe uma vacina capaz de prevenir a LVA em humanos, apesar
dos avanços nas áreas de biologia molecular e da imunologia. Assim, se faz necessário a
produção de antígenos recombinantes para a produção de vacinas e kits de diagnóstico. Nesse
contexto, o desenvolvimento da engenharia genética possibilitou a expressão de tais proteínas
recombinantes em organismos hospedeiros, desde organismos pequenos como bactérias e
fungos, até plantas e mamíferos (BORZANI et al., 2001; VALDEZ-CRUZ et al., 2010).
Capítulo 1. Introdução 15
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Como cada proteína recombinante é diferente, a expressão da mesma deve ser definida
de acordo com o caso em particular. Existem várias escolhas a se fazer ao produzir proteínas
recombinantes, como por exemplo, o sistema de expressão, o meio e as condições de cultivo
(KRAUSE; NEUBAUER; NEUBAUER, 2016)
A estratégia de indução e, por consequência, a seleção do indutor, tem seu papel
importante na resposta celular pós-indução, em virtude que o indutor não afetar somente o
crescimento celular mas, também, o gene a ser ativado para a expressão e, consequentemente,
o conjunto de proteínas acumuladas nas células (VÉLEZ et al., 2014).
Nesse contexto, a maioria das publicações focam no uso do isopropil-β-D-
tiogalactopiranosídeo (IPTG) como indutor da expressão da proteína recombinante (CHENG
et al., 2007; LIN; HSIAO; CHOU, 2002; LIU; CHANG; LEE, 1999; WEN et al., 2005). Apesar
disso, o fato do IPTG ser de alto custo e potencialmente tóxico para as células restringe suas
aplicações com indutor de proteínas recombinantes em escala industrial. A lactose, por outro
lado, é um indutor mais acessível financeiramente, natural e biodegradável, que pode também
ser usado em sistemas de expressão baseados no operon lac (BRIAND et al., 2016; VÉLEZ et
al., 2014).
Em trabalhos anteriores do grupo de pesquisa em Engenharia de Bioprocessos do
Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), foram otimizados processos para viabilizar a produção e utilização do antígeno 503
de Leishmania i. chagasi expresso em E. coli. Por exemplo, Vaz (2011) analisou a influência
das condições de cultivo na produtividade do antígeno, obtendo seu maior valor quando
utilizado o meio de cultivo 2xTY em biorreator de bancada, com a indução sendo realizada na
fase exponencial com lactose a 10 g/L e 400 rpm. Além disso, Sousa Júnior, (2015) e Leitão,
(2016) avaliaram a recuperação e a purificação do antígeno 503 de Leishmania chagasi
expresso em E. coli utilizando a adsorção em leito expandido, de modo a viabilizar o processo
e remover toxinas.
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a influência de indutores
(IPTG e lactose) na expressão da proteína de interesse – antígeno 503 – avaliando-se diferentes
estratégias de indução como o uso de diferentes densidades ópticas (DO) do meio no momento
de indução e a concentração do indutor.
Capítulo 2
Objetivos
Capítulo 2. Objetivos 17
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
Determinar as concentrações de IPTG e lactose como diferentes estratégias de indução
para a máxima expressão do antígeno 503 expresso em E. coli.
2.2. Objetivos específicos
o Para cada ensaio proposto, avaliar os níveis de proteínas totais, biomassa, ácido acético,
produtividade de produtos em células e a velocidade de crescimento específica;
o Avaliar a influência da concentração do indutor, e a densidade óptica (DO) na expressão
do antígeno 503 em cultivos realizados em shaker;
o Estudar a influência do IPTG e da lactose nas condições de indução (concentração do
indutor e DO no instante da indução) durante o cultivo;
o Averiguar o efeito da concentração do indutor e do tipo (IPTG ou lactose) empregadas
sobre os parâmetros da máxima expressão do produto de interesse, comparando-os com
trabalhos anteriores.
Capítulo 3
Revisão bibliográfica
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 19
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
3. Revisão bibliográfica
3.1. Leishmaniose visceral americana
A Leishmaniose visceral americana é um tipo de doença que é causada por um
protozoário do gênero da Leishmania. Este para completar seu ciclo de vida necessita de no
mínimo dois hospedeiros e, assim, é classificada como uma zoonose, um tipo de doença que
pode ser transmitida entre animais vertebrados, incluindo o ser humano (GILLESPIE et al.,
2016; SAÚDE, 2014).
Diferentes espécies do protozoário podem causar Leishmaniose em humanos,
apresentando diferentes manifestações: visceral, cutânea e mucocutânea. Entre estes existem a
L. chagasi, L. donovani e a L. (V.) braziliensis. A Leishmaniose Visceral (LV) ou Leishmaniose
Visceral Americana (LVA), é letal se deixada sem tratamento sendo a Leishmaniose Cutânea a
forma mais comum da doença. Os chamados vetores da LVA são mosquitos denominados de
flebotomíneos, que compreendem o gênero Lutzomyia e Phlebotomus, conhecidos comumente
no Brasil como mosquito palha, birigui, asa dura, tatuquira entre outros (REY, 2008;
MOHAMED AHMED AL-KAMEL, 2017)
É importante destacar também que pode ocorrer transmissão da doença por meio de
transfusões sanguíneas, uma vez que nenhum teste de triagem para Leishmania no sangue de
doadores de sangue é realizado como rotina. Ademais, a transmissão da doença pode ser
aumentada pelo uso compartilhado de seringas, como ocorre em parte dos usuários de drogas
injetáveis (FIGUEIRÓ FILHO et al., 2005).
A LV, em sua forma clássica, pode causar hepatoesplenomegalia, febre, assim como um
grave comprometimento da saúde geral. Estes sintomas podem progredir para náuseas, diarreia,
vômitos, tosse, entre outros. À medida que a doença progride e fica mais grave, o indivíduo
pode sentir dores de cabeça, sofrer de desnutrição, icterícia, hemorragias e outros sintomas.
Caso o paciente não seja tratado, a doença pode evoluir para óbito no período de dois anos
(COSTA et al., 2011; DRUMOND; COSTA, 2011; JERONIMO et al., 2004).
A LV é a forma mais severa da Leishmaniose, chegando a ser fatal em 95% dos casos
quando os mesmos são deixados sem tratamento. Cerca de 200.000 a 400.000 novos casos por
ano da LV são estimados ocorrer globalmente (ALVAR et al., 2012; PAHO, 2015; WHO,
2016). Não obstante, a mesma é autóctone em 12 países da América, com um total de 45.490
casos registrados entre 2011 e 2013, com uma média de 3499 casos por ano. Em 2013, a maior
taxa de incidência em humanos (4,35 novos casos por 100.000 habitantes) foi reportado no
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 20
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Brasil dentre 8 países da América dentro da zona de transmissão da LV (PAHO, 2015). O Brasil
se enquadra entre os seis países no mundo que contabilizam até 90% dos casos de LV, como
mostra a distribuição da doença na Figura 1 (WHO, 2015). Além disso, a LV inicialmente era
uma doença endêmica em zonas rurais e ganhou espaço a partir da década de 1980. Atualmente,
está presente em 21 dos 27 estados do Brasil com mais de 70% dos casos ocorrendo em
municípios com mais de 100.000 habitantes (LEAL et al., 2018; WERNECK, 2016).
Figura 1: Mapa da distribuição de casos reportados da Leishmaniose Visceral no mundo em 2013. Adaptado
(WHO, 2015).
Além de sua grande distribuição e elevada incidência no Brasil, a LV pode ser fatal
quando associada a quadros de má nutrição e outras comorbidades, uma vez que dificulta a
recuperação e a qualidade de vida do paciente. Com enfoque na região Nordeste do Brasil, a
Leishmaniose Visceral tem uma ampla abrangência e incidência, chegando a aproximadamente
duas mil pessoas por ano. Devido ao ciclo de vida variado que este parasita possui, novos modos
de combate à doença são discutidos ao passo da crescente urbanização das cidades. O
hospedeiro em que o protozoário se encontra é um fator que difere a zona de risco que a doença
pode se proliferar. As condições climáticas e geográficas podem favorecer a reprodução dos
vetores, tornando a região com alta incidência da doença (JERONIMO et al., 2004;
SELVAPANDIYAN et al., 2012).
Apesar dos avanços no assunto e de existirem diferentes técnicas para o diagnóstico da
Leishmaniose, não existe ainda um teste que tenha uma sensibilidade de 100% para a detecção
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 21
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
da doença. O que existe é uma análise complexa, identificando o parasita por meio de testes
parasitológicos, uma vez que o quadro de sintomas se confunde também com outras patologias
como malária, doença de chagas, tuberculose, entre outros (GONTIJO, CÉLIA MARIA
FERREIRA; MELO, 2004).
Sendo, geralmente, efetiva, a quimioterapia é o tratamento principal de todas as três
formas da Leishmaniose. Entretanto, fatores como custo elevado, toxicidade e regimes
complicados e longos prejudicam a maioria das opções quimioterapêuticas (GILLESPIE et al.,
2016). Dessa forma, a prevenção à doença é a melhor escolha.
O desenvolvimento de uma vacina poderia representar um dos melhores meios em relação
ao custo benefício de controlar ou eliminar a LVA. Até mesmo uma vacina que promovesse a
proteção por 5 anos a 50% de eficácia ainda sim seria economicamente viável quando
comparado aos tratamentos atuais. Uma vez que o antígeno tem o potencial de desencadear uma
resposta imunológica, além do possível desenvolvimento da vacina, pode-se utilizar o antígeno
na tentativa de desenvolver kits para a identificação da doença por meio de testes de
diagnósticos na ausência de sintomas que possam reconhecer a doença (GILLESPIE et al.,
2016; MARTINS et al., 2006).
3.1.1. Antígeno 503
Anteriormente descrita por Cañavate et al., (2002), o antígeno 503 é uma proteína de
aproximadamente 56 kDa que possui 100% de identidade com o fator de alongamento 1-
(Figura 2) de L. infantum. O mesmo foi posteriormente identificado por Martins et al., (2006)
por meio de comparações com bibliotecas de cDNA da Leishmania i. chagasi.
1 mtykllaplh pesaraqkim vaaayanvdv elkvcqygqe netpefarnc spcmrfpsmq
61 teegylfesn aimrhiarve ksgaklygat pfessqvdmw ldfasselda hnmpylmetf
121 agipaaesam atleeslagl elwletrtfl vgermtvadi svafalqwvy rmnvkhgeel
181 tkkyrnayrl yntvmqqpkt vevlkqwgat fgpakapkka aeakpkaekk pkeavgdeee
241 qsakeekkan pldalppssf vldaykreys ntdtrtvaap yffehydteg ytcfwaryky
301 nednkkqfmt anlvrgwfqr mehvrkyafg valiigedaa helvsfwvfr gkgmpeivse
361 vvdtelfewe eikdvqaeke kitdylcweg ptiprpvleg rcfk
Figura 2: Esquema do fator de alongamento 1- de L. infantum mostrando sua sequência de aminoácidos. Fonte:
GenBank número CAC35543.1
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 22
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Este fator de alongamento, por sua vez, é uma subdivisão do fator de alongamento 1 (EF-
1), que desempenha sua função na tradução de proteínas em células eucarióticas, a proteína G.
Esta, exibe uma semelhança estrutural com os genes que codificam o fator de alongamento 1,
descrito em vários eucariotas: 32% com o EF 1- de Homo sapiens (CAÑAVATE et al., 2002).
O antígeno 503 foi expresso na E. coli e, em seguida, avaliado frente a soros de pacientes
infectados com Leishmania i. chagasi. A avaliação mostrou que grande parte dos indivíduos
com LV testados apresentaram anticorpos contra o antígeno 503, indicando que o paciente
infectado com LV exibe uma resposta imune celular e humoral ao antígeno, sugerindo o seu
potencial como um candidato à vacina ou teste de diagnóstico específico da enfermidade
(MARTINS et al., 2006).
3.2. Tecnologia do DNA recombinante
No contexto das biomoléculas produzidas em escala industrial, o termo biotecnologia
entra em cena. Processos como a produção de álcool, de proteínas, hormônios, enzimas e outras
biomoléculas estão englobadas neste contexto, que se alavancou com o desenvolvimento da
engenharia genética, no que se chamou de tecnologia do DNA recombinante. Essa tecnologia
surgiu dentre os anos de 1971 e 1973, causando um grande enfoque para esta área na
comunidade cientifica. Sendo assim, esta tecnologia, hoje, é a base para as transformações
biotecnológicas. A técnica dá subsídio para que possam produzir cópias de parte de um DNA
em cerca de duas horas (COMBETTES-SOUVERAIN; ISSAD, 1998; LUBINIECKI, 1997;
SALOMAA; STINSON; KARK, 1995; WALSH, 2000).
A produção de proteínas recombinantes é um importante processo biotecnológico, uma
vez que provê os meios necessários para produzir um produto específico em quantidades
desejadas. Aplicações deste processo variam desde a produção de catalisadores industriais,
como enzimas, até diversos tipos de biofarmacêuticos, como hormônios e antígenos. Uma
condição para tal processo é que a proteína recombinante seja produzida em um hospedeiro
recombinante. Existem vários hospedeiros eucarióticos e procarióticos, como bactérias, fungos,
plantas, insetos, entre outros. Devido ao cruzamento de espécies, a sequência genética original,
que contém a informação do produto de interesse, precisa ser modificada de modo a se obter
uma expressão satisfatória (HABIBI et al., 2014).
O DNA recombinante é o termo aplicado às moléculas híbridas de DNA que são
construídas in vitro, em seguida, propagadas em uma célula ou organismo hospedeiro. O DNA
recombinante básico consiste em dois segmentos de DNA: um vetor e o segmento de inserção.
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 23
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O vetor é uma região do DNA que se duplica como uma unidade individual, capaz de se
propagar nas células de escolha. O mesmo é dotado de uma fonte de replicação funcional sendo
tipicamente projetado para acomodar as inserções convenientemente. Os vetores mais usados
são plasmídeos bacterianos e vírus. As inserções podem ser de qualquer tipo - segmentos longos
ou curtos de DNA, de fontes naturais ou sintéticas. Os DNAs recombinantes são isolados em
clones celulares ou virais. O processo de produção desses recombinantes é frequentemente
chamado de “clonagem de DNA” ou “clonagem de genes” (CARROLL, 2013).
Adicionalmente, a implantação das tecnologias da biologia molecular de DNA
recombinante permitiu formação de compostos integrados pela combinação de genes
codificadores dos produtos de interesses, assim, a produção de produtos de interesse ligados a
outros compostos se tornaram possíveis. Uma destas possibilidades é a introdução de caudas
(tags) em proteínas que inicialmente não as continham, tal como na fusão de histidinas na
porção C ou N-terminal do produto de interesse, o que confere a tal a possibilidade da utilização
de purificações antes não possíveis, como a cromatografia de afinidade por íons metálicos
imobilizados (IMAC) (BRESOLIN; MIRANDA; BUENO, 2009).
3.3. Proteínas recombinantes expressas em Escherichia coli
A escolha do microrganismo hospedeiro do plasmídeo, contendo o gene que após a
transcrição e tradução produzirá o composto de interesse, é de fundamental importância quando
se objetiva a produção em larga escala. Além de bactérias, fungos, vírus, entre outros podem
ser utilizados. Não obstante, cada um tem suas vantagens e desvantagens levando em
consideração, também, a molécula heteróloga de interesse. Por exemplo, se são necessárias
mudanças após a produção do componente desejado, no âmbito de uma modificação pós-
traducional eucariótica, não se escolheria um sistema procarioto como hospedeiro para tal, uma
vez que esta não tem a capacidade de fazer tais alterações necessárias (ADRIO; DEMAIN,
2010; DEMAIN; VAISHNAV, 2011; SAHDEV; KHATTAR; SAINI, 2008).
A partir da década dos anos 70, logo após o desenvolvimento da técnica do DNA
recombinante, a comunidade científica se voltou para a bactéria Escherichia coli. Isso ocorreu
pelo fato de que esta bactéria passou a ser estudada como microrganismo hospedeiro para a
produção de compostos heterólogos (LIMA, 2004).
Por várias razões a E. coli ainda é a escolha preferida como sistema hospedeiro para a
produção de proteínas. Com custos relativamente baixos pode-se atingir altos níveis de
biomassa e rendimento de produtos de interesse em curtos tempos de cultivo. Assim, a E. coli
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 24
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
é extremamente bem estudada em suas características bioquímicas e fisiológicas. Destaca-se
que a mesma também pode ser facilmente manipulada geneticamente (KRAUSE;
NEUBAUER; NEUBAUER, 2016)
Mesmo com todas as vantagens da utilização da E. coli como hospedeiro, existem vários
pontos a serem melhor investigados para a otimização dos processos envolvendo esta bactéria
dentre suas limitações. Dessa forma, a maior parte dos cultivos se dá em condições aeróbicas,
uma vez que situações anaeróbicas fornecem menos energia para o metabolismo de crescimento
e produção de proteínas, estimulando a produção de acetato, sendo este um inibidor para a
célula (AHAMED; VERMETTE, 2010).
Embora exista considerável conhecimento acerca desta bactéria e de seus mecanismos de
reprodução, ainda são encontradas barreiras e limitações na utilização da mesma na expressão
de proteínas heterólogas. Como por exemplo, utilizando meios de cultivo complexos a
densidade celular alcançada chega a menos de 0,1% do limite teórico obtido da literatura
(SEZONOV; JOSELEAU-PETIT; D’ARI, 2007). Desse modo, existe a necessidade de
adicionar um processo de rompimento da célula para a liberação do produto de interesse, caso
o mesmo se encontre intracelularmente, uma vez que a E. coli não possui em seu maquinário
um meio de liberação da proteína (TOMAZETTO et al., 2007).
Após a duplicação de uma célula contendo o plasmídeo, existe a possibilidade do mesmo
não ser repassado para ambas as células sucessoras da célula original. Chamado de instabilidade
segregativa, a má distribuição do plasmídeo tem como consequência células improdutivas que
diminuem o rendimento do processo. Dessa forma, com o objetivo de minimizar esta ação,
explora-se a utilização de antibióticos no meio de cultura. Assim, células que não possuem o
plasmídeo, que contém um gene resistente a antibiótico, morrem e dão lugar somente as células
com plasmídeo (LIMA, 2004; TOMAZETTO et al., 2007; VIDAL et al., 2005).
Ter o plasmídeo inserido na célula não significa que a proteína de interesse será
produzida. A célula possui várias funções metabólicas, dessa forma, para a produção da proteína
heteróloga é necessária a expressão da mesma. Obter altos níveis de expressão significa que a
bactéria está desviando seu metabolismo para a produção da proteína e, portanto, esta é uma
etapa crucial para a otimização e a viabilidade do processo. Apesar disto, não existe um passo
a passo correto que funcione para todos os tipos de expressão para se obter a máxima expressão.
Diversos fatores têm seu peso e influência sobre as rotas metabólicas escolhidas pelo organismo
hospedeiro como, por exemplo, o tipo do indutor e sua concentração durante o cultivo, o
momento da indução e sua frequência, a composição do meio de cultivo, os níveis de inibidores
presente e até mesmo as condições operacionais do processo. Isto denota que cada sistema é
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 25
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
único, do modo que cada variável tem que ser cuidadosamente ponderada e analisada para
identificar sua influência no processo como um todo (BERRY; PATON, 2000; CARVALHO
et al., 2012; LARENTIS et al., 2011).
3.4. Operon lac
A expressão da proteína se dá a partir da utilização de um componente que induz a
bactéria a fazer a leitura do plasmídeo inserido no vetor. Este processo foi melhor compreendido
a partir do estudo dos promotores e repressores existentes no genoma de E. coli, o que permitiu
o desenvolvimento para a produção de proteínas heterólogas a partir do operon lac (ETTINGER
et al., 2009). O operon lac é um mecanismo de regulação gênica, o qual é formado pelo conjunto
de genes que codificam a expressão de enzimas que são necessárias para o metabolismo da
lactose. Dessa forma, na presença de lactose, uma bactéria contendo o operon lac em seu código
genético, inicia uma resposta ao metabolismo da mesma, como ilustra a Figura 3. Por meio da
engenharia genética, é inserido no plasmídeo contendo o operon lac o código genético de uma
proteína de interesse. Consequentemente, atrelado ao metabolismo da lactose, o microrganismo
modificado também irá produzir a proteína alvo (TIAN et al., 2011).
Figura 3: Ilustração do funcionamento do operon lac (VAZ, 2011)
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 26
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Os genes compreendidos no operon lac são os chamados lacZ, lacY e lacA. O lacZ
corresponde a β-galactosidase, enzima responsável pela quebra da lactose em glucose e
galactose, além de ser responsável pela produção a alolactose, o indutor natural do operon lac
(MARBACH; BETTENBROCK, 2012). O lacY codifica a enzima permease da lactose, sendo
responsável então pelo transporte da lactose para dentro da célula (LIN; LYNCH, 1996), e por
último, o lacA codifica a transacetilase, que aparenta ter a função de detoxificação
(RODERICK, 2005).
Pela a necessidade que alguns microrganismos possuem em apresentar uma rápida
resposta ao meio em que se encontram, é de se esperar que genes que atuam sobre um
determinado composto sejam co-traduzidos. Dessa forma, conforme mostrado na Figura 3, em
se tratando do chamado operon lac, o modo de transcrição é realizado pela seqüência operadora
o, que está próximo ao sítio que dá início a transcrição e ao sítio em que a RNA polimerase se
conecta (região promotora p). Desse modo, a transcrição do operon lac é dependente da
repressão do produto gênico do gene lacI, uma vez que regula a sequência operadora
(DEUTSCHER; FRANCKE; POSTMA, 2006). O repressor I, em presença de um tipo de
composto específico, também chamado de indutor, muda a sua estrutura ao ligar-se ao mesmo,
não podendo se ligar mais ao operador, permitindo assim que a RNA polimerase faça a
transcrição do operon lac. Dessa forma, na presença de lactose, ou de um análogo estrutural da
lactose não metabolizável tal como o isopropil-β-D-1-tiogalactopiranosídeo (IPTG), o operon
ficará ativo, de forma que os três genes (lacZ, lacY e lacA) serão traduzidos. De forma análoga,
na ausência de uma molécula que se ligue ao repressor I, esta conseguirá se conectar a parte
do operador e, desse modo, impedir a transcrição do operon lac (VAZ, 2011).
3.5. Estratégias de indução e produção de ácido acético
No biorreator, as células em condições propícias estão se reproduzindo continuamente e
para a produção de algum composto de interesse é necessário o desvio de seu metabolismo,
para que as mesmas possam produzir a proteína heteróloga. Caso esse desvio do metabolismo
ocorra de forma muito intensa, o crescimento celular é então prejudicado. Processo esse
conhecido como carga metabólica (metabolic burden). Esta perda no crescimento pode ser
minimizada utilizando um controle na expressão da proteína alvo, ao se escolher o tipo de
indutor (HADDADIN; HARCUM, 2005). Este indutor pode ser um composto químico ou
algum fator físico, como a temperatura, desde que seja capaz de iniciar uma resposta no código
genético atribuído a proteína de interesse. A intensidade desde indutor e a estratégia utilizada
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 27
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
de indução pode influenciar no rendimento dos produtos heterólogos de interesse (SHIN et al.,
1997).
A quantidade de indutor a ser utilizada de forma a obter a melhor resposta de expressão
depende de uma série fatores, entre eles a força que o gene promotor tem, se existe ou não uma
carga genética de repressão encontrada no código genético inserido no microrganismo, o local
onde o produto de interesse será encontrado com relação à célula, a resposta dessa célula quando
em contato com um componente indutor, e fatores específicos da proteína de interesse como
sua solubilidade e características individuais. Desse modo, esta quantidade deve ser suficiente
para que possa romper as barreiras de repressão que possam existir, em função da densidade
celular e também da concentração da molécula indutora utilizada. Assim, se faz necessário
avaliar a condição de indução a fim de se elevar ao máximo a formação da proteína heteróloga
alvo (CSERJAN-PUSCHMANN et al., 2002; DONOVAN; ROBINSON; CLICK, 1996).
No que se refere ao cultivo celular utilizando a bactéria E. coli como hospedeira para a
produção de compostos heterólogos, as condições de cultivo para a obtenção dos mesmos e as
estratégias empregadas no cultivo são de extrema importância para maximizar o rendimento do
produto de interesse (GOMBERT; KILIKIAN, 1997; LULI; STROHL, 1990; RIESENBERG
et al., 1990; WANG et al., 2010).
A E. coli, com sua alta velocidade de duplicação, em se tratando de sistemas
recombinantes de expressão, pode ser induzida a sofrer um desvio do metabolismo (nos
sistemas que exigem indução para expressão do produto heterólogo), uma vez que estando em
crescimento existiria a necessidade da mudança de metabolismo para a expressão do
componente de interesse. Esta transição do metabolismo pode ocorrer de forma a gerar um
estresse metabólico na célula, acarretando na diminuição de sua reprodução (BENTLEY et al.,
1990). Devido a este fenômeno, os meios de cultivo de alta densidade são planejados de forma
a melhor aproveitar a produção da proteína de interesse (CHOI; KEUM; LEE, 2006).
Como os nutrientes oferecidos à E. coli influenciam diretamente na sua produtividade,
condições de grande estresse metabólico levam a um menor rendimento. Não obstante, em
situações de grande densidade celular, também existe a possibilidade do aumento rápido de
subprodutos indesejáveis do ciclo metabólico da bactéria, como o ácido acético, que agem como
inibidores da produção da mesma (HOFFMANN et al., 2004; KILIKIAN et al., 2000;
VALDEZ-CRUZ et al., 2010). Destaca-se que esta liberação de ácido acético durante os
cultivos de E. coli pode ser acatada como uma limitação para a utilização desse organismo uma
vez que este composto, mesmo sendo liberado por sua via metabólica, é uma substância
Capítulo 3. Revisão bibliográfica 28
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
inibidora à produção de proteína heterólogas (EITEMAN; ALTMAN, 2006; KILIKIAN et al.,
2000; XUE et al., 2010).
3.5.1. IPTG e lactose
Em se tratando de sistemas recombinantes em E. coli com controle promovido pela
indução do operon lac, o repressor do mesmo regula o acesso ao gene recombinante. Assim, a
indução da expressão da proteína heteróloga é impulsionada pela adição ao meio cultivo do
indutor IPTG (BRIAND et al., 2016).
Com o intuito de alcançar o máximo rendimento de produtos heterólogos de interesse,
diversas variáveis são monitoradas e controladas durante o cultivo. Entre estas se destaca a
qualidade e a quantidade das moléculas indutoras que irão promover a expressão dos sistemas.
Principalmente em larga escala, a escolha do indutor e os fatores que giram ao redor do processo
de indução durante o cultivo de sistemas recombinantes tem alto impacto no rendimento final
do produto e nos custos do processo, podendo até mesmo se apresentar com um impacto
negativo na rentabilidade celular, devido à influência tóxica para os microrganismos
hospedeiros (EINSFELDT et al., 2011).
Várias estratégias são desenvolvidas para melhorar a expressão destes sistemas.
Atualmente a adição de IPTG é o método mais utilizado para induzir a expressão da proteína
recombinante, entretanto, sua eficácia é contraposta com diversas limitações: não tem boa
compatibilidade com aumento de escala industrial, apresenta limitações toxicológicas e tem
baixa relação custo-benefício. Como alternativa ao IPTG, a lactose pode ser utilizada como
molécula indutora. E, apesar de superar seu competidor em termos de toxicidade e custo, seu
uso também possui limitações como a necessidade da avaliação das condições adequadas para
sua indução, pois também é fonte de carbono e energia para a célula (BRIAND et al., 2016;
MESGARI-SHADI; SARRAFZADEH, 2017).
Após a indução, as características de crescimento e atividade metabólica da célula
hospedeira são frequentemente influenciadas pela expressão do produto recombinante. Por esta
razão é interessante analisar se possíveis efeitos positivos podem aparecer, decorrentes da
indução da cultura celular a diferentes densidades celulares - que se refletem em diferentes
tempos de cultivo - , com tipos distintos indutores e suas diferentes concentrações (MESGARI-
SHADI; SARRAFZADEH, 2017; NORSYAHIDA; RAHMAH; AHMAD, 2009).
Capítulo 4
Material e métodos
Capítulo 4.Material e métodos 30
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
4. Material e métodos
4.1. Microrganismo
Para a realização dos experimentos, foi utilizada a cepa da Escherichia coli M15
geneticamente modificada que abriga o plasmídeo pQE-30 (Qiagen, Califórnia/Estados
Unidos) o qual contém em seu código genético o gene para expressão do antígeno 503 de
Leishmania i. chagasi. Este antígeno possui em sua extremidade terminal seis resíduos de
histidina e massa molecular de aproximadamente 56 kDa (MARTINS et al., 2006). Esta cepa
recombinante foi gentilmente cedida pela Dra. Mary Wilson (Universidade de Iowa, Estados
Unidos).
4.2. Meio de cultivo
O meio de cultivo 2xTY com pH 7,0, e com composição apresentada na Tabela 1, foi
utilizado para os ensaios em shaker (incubadora com agitador orbital) (SOUSA JUNIOR,
2015). Deste meio foram pesados os componentes que posteriormente foram solubilizados em
água destilada e, em seguida, esterilizados utilizando o equipamento autoclave, juntamente com
seus recipientes, pelo tempo de 20 minutos sob 1,0 atm de pressão, previamente ao seu uso.
Tabela 1 - Composição do meio de cultivo 2xTY (VAZ, 2011).
Nutrientes Concentração (g/L)
NaCl 5,0
Extrato de levedura 10,0
Triptona 16,0
4.2.1. Antibióticos
De forma a se assegurar a reprodutibilidade somente dos microrganismos contendo o
plasmídeo, foram adicionados ao meio os dois antibióticos: a ampicilina (100µg/mL) e a
canamicina (25µg/mL) (Sigma-Aldrich). Estes foram armazenados a -20 ºC e, previamente ao
uso, foram preparados em condições de assepsia e esterilizados utilizando um filtro de 22 µm
de poro (SOUSA JUNIOR, 2015).
Capítulo 4.Material e métodos 31
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4.3. Inóculo
Para a produção do inóculo, efetuou-se a ativação do microrganismo que estava
armazenado em glicerol 50% a -80 ºC no laboratório de imunogenética da UFRN. Assim, 200
µL da solução da cepa foram colocados em Erlenmeyers de 250 mL juntamente com 50 mL da
solução 2xTY com antibióticos. A ativação foi realizada em ambiente asséptico em shaker
durante 12 horas a 200 rpm e 37 ºC. O inóculo, então, foi preparado com 5 mL da solução da
ativação juntamente com 45 mL de solução do meio 2xTY durante 6 horas a 200 rpm e 37 ºC
(LEITÃO, 2016).
4.4. Ensaios em shaker
Os experimentos foram realizados em shaker, conforme planejamento mostrado na
Tabela 2, utilizando 5 mL do inóculo juntamente com 45 mL de meio 2xTY em Erlenmeyers
de 250 mL. Estes foram realizados com os seguintes parâmetros: 10 horas de cultivo a 200 rpm
e 37 ºC. Tais parâmetros já otimizados em trabalhos anteriores, por Vaz (2011).
Tabela 2 – Planejamento experimental para avaliação da influência do instante de indução e dos indutores IPTG
e lactose na expressão do antígeno 503.
Ensaios Instante de
indução (DO600)
Concentração do Indutor
IPTG (μM) Lactose (g/L)
I 0,5 20 -
II 1 20 -
III 0,5 100 -
IV 1 100 -
V 0,5 500 -
VI 1 500 -
VII 0,5 1000 -
VIII 1 1000 -
IX 0,5 - 0,1
X 0,5 - 1
XI 1 - 1
XII 0,5 - 10
Capítulo 4.Material e métodos 32
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
4.4.1 Avaliação da influência dos indutores na expressão do antígeno 503
No presente estudo foram realizados 12 ensaios com o objetivo de se encontrar a melhor
condição para expressão do antígeno, conforme Tabela 2. Estes ensaios foram divididos entre
4 diferentes concentrações de IPTG (20 M, 100 M, 500 M e 1000 M) e 3 concentrações
diferentes de lactose (0,1 g/L, 1 g/L e 10 g/L) a 2 diferentes concentrações celulares (DO600)
(0,5 e 1,0), ensaios esses que foram realizados em shaker (TE-421, Tecnal, Brasil). Para isto
amostras foram coletadas, na qual se analisou a concentração celular (X), a concentração de
ácido acético e a expressão do antígeno 503. Todos os cultivos ocorreram por um período de
10 h e tiveram 6 alíquotas de 2 mL retiradas no tempo zero, no instante da indução e a cada
hora de cultivo.
Trabalhos anteriores realizados pelo nosso grupo, utilizaram a indução com IPTG na
concentração de 1000 M (Vaz et al., 2015), bem como Leitão (2016) e Sousa Júnior (2015)
com a lactose a 10 g/L. Uma vez que o objetivo do trabalho é maximizar a produção do antígeno
de forma a viabilizar o produto, a escolha das concentrações de IPTG e lactose foram feitas de
modo a avaliar se uma indução com menor utilização de indutores ainda sim seria suficiente ou
até mesmo melhor para a expressão máxima do antígeno.
Por isso, foram escolhidas as concentrações duas vezes, dez vezes e cinquenta vezes
menor do que a de 1000 M já utilizadas para o IPTG; bem como concentrações dez vezes e
cem vezes menor do que a 10 g/L já utilizadas para a lactose. Estas ordens de grandeza foram
exploradas de forma a contemplar um pico na produção do antígeno quando utilizado uma
concentração dentro dos parâmetros estabelecidos.
4.4.2. Indução em shaker
A lactose e o IPTG foram adicionados no meio reacional durante os experimentos. A
lactose de concentração final a depender do experimento (conforme Tabela 2) foi manipulada
a partir de uma solução estoque de 200 g/L, e o IPTG a partir de uma solução de 100 mg/mL,
previamente esterilizados com filtro de 22 µm de poro (SOUSA JUNIOR, 2015).
Capítulo 4.Material e métodos 33
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
4.5. Estratégia experimental
Em cada um dos 12 ensaios, as alíquotas coletadas para posterior análise de composição
foram inicialmente centrifugadas a 13.400 g durante 30 minutos de forma a separar o
sobrenadante das células cultivadas (VAZ, 2011). As células foram quantificadas em massa, e
a proteína de interesse determinada por método qualitativo (eletroforese) e quantitativo
(Lowry). Do sobrenadante, por sua vez, foram analisados os níveis de ácido acético (inibidor),
como mostra o esquema da Figura 4 a seguir:
Figura 4: Estratégia experimental do estudo. Fonte: Autor.
4.5.1. Determinação da biomassa
A determinação da densidade celular ocorreu com a realização da leitura da solução
contendo as células diluídas em espectrofotômetro modelo Genesys 10 uv (Thermo Spectronic,
EUA) a 600 nm. A diluição foi feita com o meio 2xTY estéril. O resultado obtido pela leitura
fora então comparado com os valores de uma curva padrão pré-estabelecida a partir da massa
seca do microrganismo em questão, conforme a metodologia de Rodrigues et al (2003).
Capítulo 4.Material e métodos 34
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
4.5.2. Determinação do ácido acético
O sobrenadante foi filtrado utilizando uma membrana de 0,22 µm e, em seguida, o ácido
acético foi quantificado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) empregando o
cromatógrafo modelo Acella (Thermo Scientific, EUA). Para isto utilizou-se de uma coluna
Shim-Pack SCR-101H (Shimadzu Co., Japão) a temperatura de 65 ºC. Para a fase móvel foi
utilizada uma solução de ácido sulfúrico 0,005 M com um fluxo de 0,6 mL/min (LU et al.,
2009; XIE et al., 2011). O volume de injeção foi de 20 µL e o valor de resposta foi comparado
com uma curva padrão obtida previamente (LU et al., 2009).
4.5.3. Avaliação do rompimento celular
De modo a quantificar as proteínas de interesse, as células foram armazenadas em banho
de gelo por 15 minutos. Após isso foram ressuspendidas e rompidas, uma vez que a proteína é
intracelular, utilizando-se um tampão de rompimento celular a base de ureia. O tampão utilizado
apresenta composição formada por NaH2PO4 (100 mM), uréia (8 M), Tris-Cl (10 mM) e pH de
8.0, que então foi homogeneizado em agitador de tubos tipo vórtex (AP56, Phoenix, Brasil) a
temperatura ambiente (25 ± 2 °C) por 15 minutos. Por fim, realizou-se uma centrifugação com
o objetivo de remover resíduos celulares a 13.400 g durante 30 minutos (VAZ, 2011).
4.5.4. Recuperação do antígeno 503
A recuperação do antígeno foi realizada utilizando a cromatografia de afinidade por metal
imobilizado (IMAC) com uma resina de Níquel Sepharose Fast Flow (GE Healthcare, Suécia).
Tal metodologia foi utilizada diante da possibilidade da utilização do IMAC devido a
incorporação de uma calda de histidina ao antígeno de interesse, o que possibilita a afinidade
deste aminoácido com a resina utilizada. Para isto, 2,0 mL da solução do sobrenadante foi
adicionada a 0,5 mL da resina a 50% v/v e, em seguida, agitada em shaker durante 30 minutos,
a 200 rpm e temperatura ambiente. Logo depois, o conteúdo foi despejado na coluna vazia com
sua parte inferior vedada, de modo a permitir a passagem da solução e não da resina. A parte
inferior foi aberta de forma a coletar as amostras sob fluxo contínuo. Em seguida, o eluído fora
lavado com duas rodadas de 4 mL de Tampão C - composto por NaH2PO4 (100 mM), ureia (8
M), Tris-Cl (10 mM) a um pH de 6,3 - e então a proteína foi eluída duas vezes com Tampão D
Capítulo 4.Material e métodos 35
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
- composto por NaH2PO4 (100 mM), ureia (8 M), Tris-Cl (10 mM) a um pH de 4,5 – utilizando
1 mL do mesmo e colhidos para posterior análise de concentração (VAZ, 2011).
4.5.4.1. Eletroforese de proteínas sob condições desnaturantes (SDS-PAGE)
Eletroforese em gel de poliacrilamida 12%, sob condições desnaturantes (SDS-PAGE),
foi realizada conforme Laemmli (1970), empregando-se uma cuba vertical MiniVE (GE
Healthcare, Suécia).
Para tal, fora utilizado um tampão de corrida de composição: Tris-HCl 25mM, glicina
192 mM e SDS 0,1% (m/v) e pH 8,3; Tampão de amostra: Tris-HCl 0,5 M, glicerol 10% (v/v),
SDS 10% (m/v), 2-mercaptoetanol 5% (v/v), azul de bromofenol 5% (v/v) e pH 6,8.
O gel de separação a 15% de malha tinha como constituintes acrilamida 30%, Tris-HCl
1,5M (pH 8,8), SDS 10%, APS 10%, Temed e água deionizada. Por sua vez, o gel de
concentração possuía acrilamida 30%, Tris-HCl 0,5M (pH 6,8), SDS 10%, APS 10%, Temed e
água deionizada. Utilizou-se como padrão o kit de calibração de baixa massa molecular para
SDS-PAGE (GE Healthcare, Estados Unidos) contendo as proteínas α-lactolbumina (14,4
kDa), inibidor de tripsina (20,1 kDa), ovalbumina (45,0 kDa), albumina (66,0 kDa) e fosforilase
b (97,0 kDa).
Para revelação das bandas proteicas, os géis foram corados com prata (BLUM; BEIER;
GROSS, 1987). Para isso, os géis após a corrida foram deixados com uma solução de etanol
50% por 20 minutos por 3 vezes. Em seguida, foi deixada em contato com uma solução de
tiossulfato de sódio (0,2 g/L) por 1 minuto, lavado por 3 vezes com água destilada. Logo após,
foi deixado em contato com uma solução de nitrato de prata (2g/L + 74 L de formaldeído)
durante 20 minutos. Acabado o tempo, o gel foi lavado rapidamente por 3 vezes com água
destilada e deixado em contato com a solução reveladora (60 g/L de carbonado de sódio + 50
L de formaldeído + 2 mL solução de tiossulfato de sódio) até o aparecimento das bandas,
posteriormente interrompida a reação com a adição de solução de ácido acético 13% (v/v).
4.5.4.2. Análise quantitativa
Com a finalidade de determinar a quantidade de proteínas totais, utilizou-se o método
descrito por Lowry et al. (1951). As concentrações de proteínas das amostras foram estimadas
a partir de uma curva padrão determinada previamente, tendo como padrão a albumina de soro
bovina (Sigma-Aldrich, EUA) na faixa de concentração de 20 a 420 g/L.
Capítulo 4.Material e métodos 36
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Para a análise do antígeno 503, este foi avaliado também por eletroforese como descrito
no item 4.5.4.1. Para determinar a quantidade do antígeno, os geis foram corados com uma
solução a base de prata e em seguida feita a digitalização da imagem dos géis, de forma que a
mesma pudesse ser analisada pelo software ImageJ (versão 1,51. Wayne Rasband, National
Institutes of Health, Estados Unidos). Neste, as imagens das bandas de proteínas coradas foram
relacionadas de acordo com sua intensidade de coloração, gerando picos de intensidade que
foram, então, transformados em valores numéricos. Assim, somando as intensidades de todas
as bandas teve-se a quantidade de proteínas totais no gel, e só as bandas correspondentes a
proteína de interesse, ou seja, a quantidade do antígeno (LEITÃO, 2016).
4.6. Determinação dos parâmetros cinéticos
Os parâmetros cinéticos de um cultivo são necessários de forma a comparar os diferentes
comportamentos destes parâmetros frente às diferentes condições impostas aos cultivos. Assim,
o cálculo destes parâmetros permite para avaliar os objetivos deste estudo. As equações foram
retiradas de Borzani e colaboradores (2001).
4.6.1. Cálculo das velocidades específicas de transformação
A velocidade específica de formação de células (µx) foi estimada conforme Equação (1).
Sendo, X a concentração celular (X) durante o cultivo.
μ𝑋 =1
𝑋
𝑑𝑋
𝑑𝑡 (1)
4.6.1.1. Velocidade específica de crescimento máxima (μXm)
A velocidade específica de crescimento máxima (µxm) foi estimada conforme Equação
(2):
ln𝑋𝑓
𝑋𝑖= μ𝑋𝑚. (𝑡𝑓 − 𝑡𝑖) (2)
Capítulo 4.Material e métodos 37
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Sendo que o Xf e Xi as concentrações de células corresponde ao tempo final e o tempo
inicial, respectivamente, que fornece o maior coeficiente de regressão.
4.6.2. Cálculo da produtividade em células e de produto em células
A produtividade é analisada com respeito as células e ao produto de interesse, de forma a
quantificar a produção de ambos os parâmetros com relação ao volume do meio de cultivo e ao
tempo de produção deste parâmetro. A produtividade em células (PX) e a produtividade de
proteínas em células foram estimadas pelas Equações (3) e (4), respectivamente (BORZANI et
al., 2001).
𝑃𝑋 =𝑋
𝑡 (3)
𝑃𝑃/𝑋 =𝑃𝑃𝑋
(4)
4.7. Análise estatística
Para determinar se as variações nas médias dos valores dos parâmetros cinéticos de
biomassa e proteínas foram significantes ou não, foi realizada a Análise de Variância (ANOVA)
seguida do teste de Tukey, com nível de confiança de 95% (p=0,05). Para isso, utilizou-se do
software Statistica (versão 8,0; StatSoft, Inc.; Estados Unidos) para a realização do cálculo dos
parâmetros. As tabelas geradas pelo software estão no Apêndice 5. As leituras de biomassa
foram feitas em duplicata e proteínas em triplicata.
Capítulo 4.Material e métodos 38
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Capítulo 5
Resultados e Discussão
Capítulo 5. Resultados e Discussão 40
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
5. Resultados e Discussão
5.1. Influência da concentração de IPTG e do instante de indução
A concentração de IPTG e a concentração celular no instante de indução são fatores
relevantes e devem ser avaliados para maximizar a expressão de uma proteína heteróloga em
E. coli. Neste contexto, a Figura 5 ilustra o perfil apresentado pela biomassa, proteínas totais e
concentração de ácido acético para o ensaio utilizando IPTG com concentração 20 M com
DO600 de 0,5. Destaca-se que a escolha dos valores de concentração de IPTG e do instante de
indução teve como base nos estudos anteriores que avaliaram a expressão do antígeno 503, por
Sousa Júnior (2015), Vaz (2011) e Leitão (2016).
Comparando as variáveis de processo analisadas (biomassa, proteínas produzidas e ácido
acético) do ensaio I ( Figura 5: IPTG 20 M eDO600 0,5) com os das Figuras 6, 7 e 8 (dos
ensaios III, V e VII de DO600 0,5 e de concentração, respectivamente, IPTG 100 M, 500 M
e 1000 M), nota-se que a concentração de IPTG influenciou o perfil das variáveis analisadas.
Entretanto, embora os perfis sejam diferentes, ao se comparar os ensaios de mesma
concentração de IPTG, porém com densidades ópticas diferentes, estes ficaram dentro da
mesma ordem de grandeza. Devido a esta baixa influência da DO600, os gráficos dos ensaios
com IPTG de DO600 1,0 estão no apêndice 4. Adicionalmente, para todos os cultivos de E. coli
sob indução com IPTG não foi observada a fase de adaptação do microrganismo ao meio (fase
lag), sugerindo uma boa adaptação ao meio de cultivo durante as etapas de ativação e preparo
do inóculo.
As análises do antígeno se deram inicialmente de forma indireta, avaliando os níveis de
proteína total. Assim, supondo que concentrações maiores de proteína total teriam
proporcionalmente valores maiores de antígeno, a escolha e determinação de maiores níveis do
produto de interesse fora visto pelos níveis de proteína total, seguido posteriormente pela
comprovação do mesmo, apresentada no item 5.1.3.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 41
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 5: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio I utilizando IPTG como indutor de concentração 20
M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Figura 6: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio III utilizando IPTG como indutor de concentração 100
M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 42
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 7: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio V utilizando IPTG como indutor de concentração 500
M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Figura 8: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VII utilizando IPTG como indutor de concentração
1000 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Corroborando com a baixa influência da DO600 a 0,5 e a 1,0 nos parâmetros avaliados,
Haq e Akram (2017) investigaram a produção da enzima CenC em E. coli com o operon lac, e
observaram que a indução a DO600 a 0,5 e a 0,9 apresentava uma diferença de menos de 20%
Capítulo 5. Resultados e Discussão 43
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
entre os valores de atividade relativa da enzima com 6 e 8 horas após a indução. No presente
estudo, a diferença entre os valores de proteína total com 6 horas após a indução entre os pares
de ensaios (DO600 de 0,5 e 1,0) I-II (IPTG 20 M), III-IV (IPTG 100 M), V-VI (IPTG 500
M) e VII-VIII (IPTG 1000 M) foram, respectivamente: 12,7%, 10,5%, 6,6% e 23,8%. Apesar
do último par de ensaio ter sido maior que 20%, os outros pares mostraram que variação da
DO600 de 0,5 para 1,0 não apresentou grande influência.
O trabalho de Haq e Akram (2017) também mostrou que a indução a DO600 de 0,6 foi a
melhor encontrada, com uma diferença nos valores de atividade enzimática também de cerca
de 20% para com os valores a DO600 de 0,5 e por volta de 40% para com a de DO600 1,0. Ou
seja, quando comparado nos extremos, a diferença do parâmetro avaliado (no exemplo a
atividade enzimática e aqui a concentração de proteína) não foi tão grande quanto comparado
com a DO600 de melhor rendimento (para eles, 0,6). Dessa forma, não se descarta a possibilidade
de que o presente trabalho possa estar neste mesmo segmento, podendo abrir espaço para uma
diferença mais significativa quando testado com valores mais próximos (como por exemplo a
DO600 de 0,6; 0,7; 0,8 e 0,9) de modo a sanar a abertura que a indução entre os termos de 0,5 e
1,0 da DO600 forneceu.
De certo modo, aparentemente, deve existir um balanço para alcançar a otimização da
DO600 na máxima expressão do antígeno de interesse. Por um lado, a DO600 muito baixa não se
tem uma quantidade celular satisfatória para a expressão. Entrando mais na faixa desejada,
dependendo da oferta de carbono, com uma densidade celular um pouco maior deve-se
encontrar uma biomassa que possa levar a produção máxima do produto de interesse.
Entretanto, devido à repressão catabólica, a célula pode “desligar” o mecanismo regulatório de
iniciação do operon lac enquanto houver glicose disponível para a mesma. Devido a esta
preferência da célula, a densidade celular juntamente com o nível de depleção da fonte de
carbono pode ser o ponto chave para que a célula permita ou não a ação do promotor de modo
a iniciar a transcrição do gene heterólogo. Em níveis mais altos da DO600 por sua vez, pode-se
haver um estresse celular caso a indução ocorra de forma intensa, diminuindo assim a eficiência
da expressão (DEUTSCHER; FRANCKE; POSTMA, 2006).
Não obstante, outro fator que pode agregar a não diferença dos parâmetros com a
mudança da densidade celular é a estabilidade do plasmídeo. Collins e colaboradores (2013)
analisaram a influência do instante de indução utilizando IPTG em sistema de E. coli para a
produção de SELPs na estabilidade do plasmídeo. Como resultado, viram que a indução durante
a fase exponencial levou a queda da porcentagem de células contendo o plasmídeo de 100%
para aproximadamente 45% dentro de 2 horas. Ao passo de que quando a indução foi feita ao
Capítulo 5. Resultados e Discussão 44
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
final da fase exponencial, com 2 horas após a indução as células apresentaram uma queda maior
na estabilidade, com somente 20% das mesmas apresentando o plasmídeo. Nesta linha de
raciocínio, mesmo com a indução feita com uma DO600 maior, a estabilidade do plasmídeo pode
ser menor, fazendo um balanço entre quantidade de células e perda do número das mesmas que
podem expressar o antígeno.
É notória a influência da concentração do IPTG na formação de biomassa, sendo que na
concentração de 100 M o efeito da carga metabólica é bastante evidente. Para menores valores
da DO600, ou seja, menor instante de indução a célula disponibiliza recursos para a expressão
de proteínas em detrimento da síntese de biomassa. Destaca-se que nesse caso, para
concentração de IPTG 100 M (Figura 6), a concentração de biomassa alcança valores de 1,51
g/L. Esse é o menor valor de biomassa obtido durante todos os cultivos. Por outro lado, ao se
utilizar a maior concentração de IPTG (1000 M, Figura 8) obtém-se os valores mais elevados
de biomassa, atingindo 2,40 g/L. Esses resultados corroboram com os obtidos por Vaz et al.,
(2015) para a cepa de E. coli expressando o antígeno 648 de Leishmania i. chagasi, que
apresentou maior produção de biomassa nos cultivos induzidos com IPTG 1000 M em relação
aos cultivos não induzidos.
Por outro lado, em relação à concentração de proteínas totais, o ensaio III (IPTG 100 M,
Figura 6) mostrou uma tendência de maior produção, chegando a atingir aproximadamente 0,95
g/L após 7 horas de cultivo. No que se refere à concentração de ácido acético nestes ensaios, a
mesma não aparenta ter uma correlação direta junto aos parâmetros de biomassa e proteína
total. Observa-se que os valores de concentração flutuaram ao longo do cultivo, mas sempre
em valores menores que 0,4 g/L, indicando que para as condições estudadas essa concentração
de ácido não foi suficiente para inibir o crescimento. Sabe-se que em concentrações de ácido
acético acima de 0,9 g/L Vaz et al., (2015) ou de 1,95 g/L (Luli; Strohl, 1990; Shiloach; Bauer,
1975) tal inibição pode ocorrer.
Pode-se observar na Figura 5 que o perfil para biomassa e proteínas totais, apesar de
ligeiramente diferente, é muito menos influenciado quando se utiliza a concentração de IPTG
de 20 M. Assim, a concentração mais baixa do IPTG induz um menor estresse para a célula,
quando comparada, por exemplo, com o uso do indutor na concentração mais elevada. Nessa
última condição, os perfis dos três parâmetros avaliados mostram-se completamente diferentes
ao se comparar os diferentes instantes de indução (Figura 8).
Vaz (2011) avaliou a capacidade da cepa de E. coli recombinante para a produção do
antígeno 503. Nesse caso, foi utilizado a concentração de 1000 µM de IPTG sendo que a
indução foi efetuada quando a DO590 atingia 0,4 - 0,5. Observa-se que os valores obtidos no
Capítulo 5. Resultados e Discussão 45
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
presente estudo estão em conformidade com aquele reportado por Vaz (2011) que obteve
concentração máxima de células de 2,1 g/L e concentração de ácido acético de 0,46 g/L, que
estão próximos a 2,41 g/L e 0,3 g/L, para células e ácido acético, respectivamente, obtido no
ensaio VII (Figura 8).
A Tabela 3 ilustra alguns parâmetros cinéticos, a produtividade máxima em células e a
velocidade específica de crescimento máxima. Novamente, fica evidente que para os ensaios
III e IV, com concentração de IPTG 100 M, a produtividade em biomassa e velocidade
específica de crescimento máxima são as menores entre todos os ensaios em que se avalia a
influência do IPTG. Adicionalmente, o teste Tukey mostra que com relação a biomassa máxima
os ensaios III, IV e V não possuem diferença significativa em seus valores (mesma letra “e” na
coluna da Tabela 3), o que também acontece com os pares de ensaios (de DO600 diferentes e
mesma concentração de IPTG) I e II (letra “c”). Isso reforça a baixa influência da DO600 de 0,5
e 1,0 neste parâmetro e a grande influência com a mudança de concentração do IPTG.
Tabela 3: Parâmetros cinéticos de crescimento celular máximos obtidos nos ensaios de indução com IPTG.
Ensaios DO600 - [IPTG µM] Biomassa
máxima (g/L) Pxm (g/L.h) xm (1/h)
VIII 1,0 - 1000 2,57 ± 0,02a 2,56 0,29
VII 0,5 - 1000 2,40 ± 0,02b
2,56 0,33
II 1,0 - 20 1,83 ± 0,01c
3,05 0,18
I 0,5 - 20 1,78 ± 0,02c
3,05 0,18
VI 1,0 - 500 1,66 ± 0,03d
3,08 0,20
IV 1,0 - 100 1,55 ± 0,02de
2,05 0,12
V 0,5 - 500 1,54 ± 0,01e
3,08 0,23
III 0,5 - 100 1,51 ± 0,03e
2,05 0,11 Valores com letras diferentes na biomassa apresentam diferenças significativas de acordo com o teste Tukey
(Figura 33 do Apêndice 5).
5.1.2. Produtividade de proteínas em células (Pp/x) e velocidade de crescimento
específico (x)
A Figura 9 ilustra a produtividade de proteínas totais em células (Pp/x) e velocidade de
crescimento específico (x) em função do tempo de cultivo para o ensaio I utilizando IPTG
como indutor na concentração de 20 M. Nota-se que de forma análoga ao observado para a
concentração celular e a concentração de proteínas totais, o instante de indução (setas nas
Capítulo 5. Resultados e Discussão 46
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
figuras) e a concentração do IPTG influenciam o perfil de Pp/x e x. Assim, desde que uma
maior concentração de IPTG favoreceu a maior produção de biomassa, e considerando o efeito
da carga metabólica, implicando em menor síntese proteica, o uso de menores concentrações
de IPTG poderia favorecer a produtividade em células. A produtividade de proteínas em células
dos ensaios de concentração de IPTG 100 M (III), 500 M (V) e 1000 M (VII) pode ser
observada nas Figuras 10, 11 e 12 respectivamente. De modo análogo aos gráficos anteriores,
devido à baixa influência da DO600, os gráficos referentes aos ensaios II, IV e VI de DO600 1,0
destes parâmetros cinéticos estão no Apêndice 4.
Figura 9: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio I utilizando IPTG com concentração 20
M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 47
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 10: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio III utilizando IPTG com concentração
100 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Figura 11: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio V utilizando IPTG com concentração
500 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 48
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 12: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VII utilizando IPTG com concentração
1000 M e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Destaca-se que os valores de velocidade de crescimento específico dentro do mesmo par
de ensaios (mesma concentração e DO600 diferente) se mostraram semelhantes em seu perfil, o
que não ocorre com a mudança de concentração do indutor. Pode-se notar que nos ensaios a
partir de 100 M houve um decaimento rápido do x após a indução, uma vez que o
metabolismo da célula passa a demandar recursos para a expressão das proteínas. Isso não
ocorre com clareza no ensaio VII de concentração de IPTG 1000 M (Figura 12), mas que após
um período de aumento, o mesmo logo apresenta uma queda brusca no x. Considerando que
os ensaios de 100 M foram os divisores entre pouco indutor (abaixo de 100 M) e muito
indutor (acima de 100 M), este comportamento faz sentido uma vez que pouco IPTG pode
não afetar tanto no comportamento de crescimento da célula. Analogamente, valores acima
deste crítico podem ter desviado o metabolismo celular de forma mais impactante, mesmo que
isto não esteja representado linearmente em um acréscimo na concentração de produto
encontrada.
Comportamento semelhante ocorreu com os trabalhos de Yoon e colaboradores (1994) e
Norsyahida e colaboradores (2009), mostrando que mesmo com altos valores de x no intervalo
da fase de indução (notavelmente visto no ensaio VII, Figura 12) houve as maiores produções
Capítulo 5. Resultados e Discussão 49
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
de biomassa, em consequência da queda de rendimento de seus produtos de interesse (também
utilizando sistema recombinante de E. coli e indução com IPTG).
A queda da velocidade de crescimento específica pode ter sido ocasionada pela forte
influência do indutor. Se isto acontece, então mais indutor pode significar mais expressão e
então mais proteína. Porém, uma vez que o nível de expressão não foi acompanhado com altos
níveis de proteína, o que pode ter acontecido é que o microrganismo foi induzido (o que é
explicado pela queda brusca no x), mas pode ter sofrido degradação por proteases. Isto pode
ter acontecido devido à alta uma expressão (como consequência da alta concentração do
indutor) o que pode estar influenciando na alta produção de proteases também. O que significa
dizer que a alta indução pode levar sim a alta expressão.
Ainda nesta linha de raciocínio, no qual a influência do IPTG afetou nos pares de ensaios,
uma vez que o nível do IPTG de concentração 100 M parece ser o valor crítico para a variação
dos parâmetros de x e proteína total, nota-se que para os ensaios com indução a concentração
mais baixas, as flutuações no x foram menores. Outros trabalhos também utilizaram de
sistemas recombinantes de E. coli baseados no operon lac para avaliar a influência de diferentes
concentrações de IPTG na indução para a produção de produtos heterólogos. Pinsach et al
(2008) variaram o IPTG de 0 a 50 M para a produção de rhamnulose 1-fosfato aldolase e
constataram que o melhor resultado foi visto quando a cultura foi induzida a 20 M de IPTG a
0,13 g/L de células em massa seca. Tal resultado mostrou que para este sistema, valores
menores que 20 M não obtinham diferença significativa no crescimento da cultura, e acima
destes, os valores de crescimento específico foram altamente afetados, bem como acontece no
presente trabalho.
Agregando ao suposto comportamento do x com o aumento do IPTG, nota-se que o
perfil da produtividade de proteínas em células segue a mesma tendência da proteína total na
maioria dos ensaios, exceto nos de maior concentração de indução de IPTG (1000M).
Comparando os gráficos da Figura 8 com a Figura 12, é visto que neste ensaio o Pp/x apresentou
um comportamento de queda significante até as 3 horas de cultivo, enquanto que a proteína
total apresentou, respectivamente, um crescimento e um leve decaimento. Tal comportamento
mostra que a biomassa teve uma maior influência com relação aos outros ensaios nos valores
de proteína total. Observando o crescimento da biomassa neste mesmo período, supõe-se que o
nível elevado do IPTG afetou no desvio do metabolismo celular, mas que mesmo assim não foi
suficiente para contrabalancear seu crescimento na mesma proporção da produção do antígeno.
Norsyahida et al (2009) compararam a adição de IPTG a 1000 M e a 5000 M com a
indução feita no final da fase exponencial de crescimento do microrganismo para a produção
Capítulo 5. Resultados e Discussão 50
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
do antígeno BmR1 para a Elefantíase. Os autores constataram que a biomassa obtida com
utilização do IPTG de 1000 M (com o cultivo de 6 h pós indução) foi ligeiramente menor que
a de 5000 M, mas em compensação, a concentração do produto de interesse por sua vez foi
22% maior. Dessa forma, nota-se que a influência do IPTG no presente estudo está de acordo
com a literatura reportada, evidenciando que cada sistema de expressão tem sua faixa de
indução específica, e que a determinação da concentração ótima do indutor é subjetiva ao
produto e ao sistema do microrganismo utilizado.
Outro ponto que corrobora com o motivo da diminuição da concentração de proteína com
o aumento do IPTG, são as diferenças nos níveis de Pp/x logo após a indução. Apesar das
flutuações, às 4 horas de cultivo os ensaios com indução a 500 M e 1000 M (mais altos que
o de 100 M) apresentaram valores nas suas produtividades de proteínas totais em células em
torno de 0,3 g/g (grama de proteína total a cada 1g de células), em contraste, os ensaios com
indução a 20 M e 100 M apresentaram seus valores de Pp/x as 4 horas de cultivo em torno
de 0,48 g/g e 0,58 g/g, respectivamente. Estes valores mostram que com quantidades menores
de IPTG a especificidade na expressão foi maior. Isto suporta o resultado de maiores valores de
proteína encontrados mesmo com baixos níveis de biomassa, no sentido de que estas, mesmo
com menores níveis produziram de forma mais específica o antígeno.
Em contrapartida, os ensaios com maiores valores de IPTG levaram a mais biomassa,
porém, com menor rendimento de produto de interesse por grama de célula. Vários trabalhos
reportaram que a alta densidade celular e até mesmo a indução na fase final do crescimento
exponencial (no qual consequentemente a indução é feita no instante que tem maior densidade
celular) levam a maiores concentrações do produto de interesse (YEE; BLANCH, 1993;
ZANETTE et al., 1998). Porém, a concentração celular específica (Pp/x), como também
apresentado por Manderson e colaboradores (2006), foi diminuída. Visto que uma maior
biomassa poderia levar a mais produção de proteína, a estabilidade pode ter sido a real causa.
A perda do plasmídeo virtude aos altos valores de IPTG após a indução pode ter levado a essa
diminuição da produção específica do microrganismo.
5.1.3. Antígeno
Habitualmente o IPTG é empregado na concentração final entre 100 e 1000 µM para
indução da expressão de proteínas recombinantes que usam o sistema operon lac (SANTOS,
2017). Entretanto, não existe uma estratégia universal para expressão de proteínas heterólogas
Capítulo 5. Resultados e Discussão 51
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
e a melhor concentração deve ser avaliada caso a caso, em função da proteína de interesse e do
sistema de expressão utilizado (SARGO, 2011). Neste contexto, avaliou-se a influência das
condições de indução (concentração de IPTG e instante de indução) na expressão do antígeno
503.
Para determinar a concentração de antígeno 503 em cada ensaio, inicialmente utilizou-se
a cromatografia de afinidade por metal imobilizado (IMAC) de acordo com Vaz (2011), de
modo a recuperar a proteína de interesse a partir do homogeneizado celular de E. coli. A
metodologia utilizada na purificação do antígeno foi escolhida pela praticidade do método, uma
vez que o objetivo da purificação no presente estudo foi para efeito comparativo entre as
estratégias utilizadas, e não para a otimização da purificação em si. Deste modo, com a cepa da
E. coli geneticamente manipulada, a proteína de interesse é produzida juntamente com uma
cauda de histidina, conferindo ao antígeno a possibilidade de purificação por IMAC
(BRESOLIN; MIRANDA; BUENO, 2009). Para cada ensaio realizado elegeu-se o instante de
cultivo com maior concentração de proteína total para realizar a recuperação.
A concentração de proteína total é aquela logo após o rompimento das células,
compreendendo todas as proteínas possíveis presentes intracelular e extracelular; a proteína
recuperada são os níveis de proteína que passaram pela etapa de purificação. Devido a
purificação ter sido por metal imobilizado, a calda de histidina presente na proteína de interesse
tem afinidade com a resina utilizada, porém, outras proteínas contaminantes também poder ser
levadas junto no processo. Desse modo, os valores de proteína recuperada representam os níveis
do antígeno mais purificado, mas com alguns contaminantes. Para separar mais ainda o valor
real do antígeno, é que fora realizado a análise com o software do ImageJ, identificando qual a
proporção do antígeno dentro da quantificação das proteínas recuperadas.
Deste modo, o valor de proteína recuperada para cada ensaio é apresentado na Tabela 4.
Assim, o valor do antígeno mostrado na Tabela 4 é referente à quantidade de proteína de
interesse estimada pelo software ImageJ, que foi de aproximadamente 55% da concentração de
proteína recuperada para os experimentos utilizando o IPTG.
Como observado na Figura 13, as colunas 2 e 3 apresentam as bandas proteicas de um
mesmo ensaio utilizando IPTG em momentos diferentes do cultivo. Com isso pôde-se
comprovar que o perfil de proteínas após a indução e a purificação utilizando a metodologia
escolhida, a diferentes instantes do cultivo permanecia, e assim aplicar a porcentagem de
antígeno nas amostras quantificadas.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 52
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 13: Eletroforese de amostras purificadas. A seta representa a banda da proteína de interesse. De
acordo com as colunas: (1) Marcador de bandas proteicas padrão; (2) Amostra do instante de 3 h do ensaio III
(IPTG a 100 M e DO600 0,5) de maior proteína total; (3) Amostra do instante de 7 h do ensaio III (IPTG a 100
M e DO600 0,5) de maior proteína total; (4) Instante de 3 h do ensaio X (lactose a 1 g/L e DO600 0,5); (5)
Instante de 8 h do ensaio XI (lactose a 1 g/L e DO600 1,0); (6) Instante de 8 h do ensaio X (lactose a 1 g/L e
DO600 0,5).
Portanto, nota-se na Tabela 4 que os maiores valores de antígeno alcançados foram com
os ensaios de concentração de IPTG 100 M, sendo o ensaio III ligeiramente maior que o IV,
atingindo 0,0867 g/L. Similarmente ao observado neste trabalho, Yang, Shan e Wang (2017)
obtiveram a máxima expressão da enzima recombinante ciclodextrina glicosiltransferase em
E. coli, quando utilizaram a concentração de IPTG de 100 M. Os mesmos autores relataram
que o aumento da concentração do indutor de 100 a 1500 M acarretou em gradativa
diminuição na expressão da proteína recombinante.
Adicionalmente, o teste Tukey confirma a baixa influência da DO600 e a significância dos
ensaios de maior proteína serem o de IPTG a 100 M pelas letras iguais na mesma coluna da
Tabela 4, tendo em vista que não há diferença estatística entre os pares de mesma concentração
de indutor nos melhores ensaios (III e IV) de instantes de indução diferentes (mesma letra “a”
na coluna da proteína total máxima).
Tabela 4: Padrão de produção de proteínas e produtividade do ponto de máximo obtidas nos ensaios utilizando
IPTG como indutor.
Ensaio –
concentração de
IPTG – DO600
Tempo para
concentração
de proteína
máxima (h)
Proteína total
máxima (g/L)
Proteína
Recuperada
(g/L)
Pp/x
(g/g) Antígeno
(g/L)
Capítulo 5. Resultados e Discussão 53
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
III - 100 M - 0,5 7 0,984 ± 0,056a 0,158 ± 0,034 0,663 0,087 ± 0,018
IV - 100 M - 1 7 0,971 ± 0,020ba
0,132 ± 0,029 0,658 0,072 ± 0,016
V - 500 M - 0,5 7 0,745 ± 0,028cb
0,050 ± 0,022 0,523 0,027 ± 0,012
II - 20 M - 1 6 0,722 ± 0,004c 0,102 ± 0,026 0,537 0,056 ± 0,014
VII - 1000 M - 0,5 7 0,696 ± 0,058c 0,079 ± 0,019 0,322 0,044 ± 0,010
VIII - 1000 M - 1 5 0,695 ± 0,019c 0,072 ± 0,021 0,356 0,039 ± 0,011
I - 20 M - 0,5 7 0,652 ± 0,058c 0,082 ± 0,021 0,402 0,045 ± 0,011
VI - 500 M - 1 8 0,544 ± 0,041c 0,051 ± 0,004 0,336 0,028 ± 0,002
Valores com letras diferentes na proteína total apresentam diferenças significativas de acordo com o teste
Tukey (Figura 34 do Apêndice 5).
A produtividade de proteínas totais em células (Pp/x) também foi maior para estes ensaios
(III e IV), mostrando que o microrganismo ao utilizar essa concentração de IPTG há um
favorecimento à expressão do antígeno 503 quando comparado com outros ensaios. Além disso,
os pontos durante o cultivo que obtiveram maiores níveis de proteína total ficaram por volta de
6 a 8 horas de cultivo, mostrando que talvez as células apresentem certo tempo de latência para
se atingir uma alta produção do produto recombinante. Uma vez que a biomassa ainda tinha
uma tendência ao crescimento, a produção pode ter ocorrido no instante da indução, mas no
geral, seu pico ocorreu aproximadamente entre 6 e 7 h após a indução.
Em estudo prévio realizado por Vaz (2011) utilizando a mesma cepa recombinante para
a produção do antígeno 503, ao utilizar o meio 2xTY em incubador rotativo e indução com
1000 µM de IPTG, obteve-se 0,05 g/L da proteína de interesse. Resultado similar ao obtido nos
ensaios VII (0,044 ± 0,010 g/L) e VIII (0,039 ± 0,011 g/L), em que se empregou a mesma
concentração de indutor. Por outro lado, no presente estudo, ao reduzir em 10 vezes a
concentração de IPTG usada anteriormente por Vaz (2011), a expressão do antígeno 503 foi
elevada para 0,0867 ± 0,018 g/L (Ensaio III), resultando em melhoria na eficiência do processo,
uma vez que a diminuição na concentração do indutor significa redução dos custos.
Destaca-se que a massa molar do antígeno 503 estimada (Apêndice 3) foi de 52,3 KDa
que está próximo do valor relatado por Vaz (2011), Sousa Júnior (2015) e Leitão (2016) que
relataram o valor de 56 KDa. Quando se utiliza meios de cultivo complexos, como o empregado
neste trabalho, pode-se observar pequenas variações na massa molar da proteína recombinante
produzida (VAZ et al., 2011). Além disso, segundo Diederichs e colaboradores (2014), ao
utilizar diferentes lotes de componentes complexos podem ocorrer variações na composição
específica de nutrientes do meio, devido a diferenças em ingredientes complexos de matérias-
primas e na produção desses componentes. Essas variações de lote podem afetar as taxas de
Capítulo 5. Resultados e Discussão 54
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
crescimento, além do rendimento e qualidade do produto em investigações laboratoriais e
obtenção de produtos biofarmacêuticos.
5.2. Avaliação dos ensaios utilizando lactose
Analogamente aos ensaios utilizando o IPTG, as concentrações de indutor utilizadas nos
cultivos empregando lactose foram escolhidas baseadas em trabalhos anteriores de sistemas
recombinantes de E. coli, com expressão empregando o sistema do operon lac. Adicionalmente,
Sousa Júnior (2015) e Leitão (2016) fizeram uso do mesmo sistema do presente trabalho
utilizando uma concentração de 10 g/L de lactose para induzir a expressão do antígeno 503.
Dessa forma, foram determinados os valores de diferentes concentrações de lactose, tendo como
base a concentração 10 g/L, bem como avaliando-se a redução nessa concentração em dez e
cem vezes.
5.2.1. Biomassa, proteína total e densidade celular
Visto que a DO600 no instante de indução (0,5 ou 1,0) para os pares de ensaios com IPTG
de mesma concentração não influenciou com eficácia o perfil de biomassa e proteína total
máxima, fora realizado um teste para averiguar se isso equivaleria também para o uso da
lactose. Assim, inicialmente realizou-se um ensaio com lactose a 1 g/L para determinar se o
mesmo comportamento também se aplicava a este indutor. Desse modo, os ensaios X e XI
avaliaram a indução com 1 g/L de lactose no instante em que a DO600 foi 0,5 e 1,
respectivamente.
Como pode ser observado nos Figura 15 e 16 (ensaios com lactose com concentração de
1 g/L), o comportamento da influência da DO600 se manteve para o sistema com lactose (pouca
influência da DO600 entre 0,5 e 1,0 nos parâmetros avaliados). Dessa forma, para os demais
ensaios, foi fixado o instante de indução de DO600 0,5 - para as concentrações de 0,1 e 10 g/L
deste indutor - respectivamente para as Figuras 14 e 17.
Assim, bem como ocorreu com os ensaios induzidos por IPTG, os perfis de
comportamento da biomassa e proteína máxima variaram com a mudança na concentração de
lactose. Observa-se ainda que a biomassa também mostrou uma tendência crescente acentuada
com o decorrer de todos o cultivo e que os níveis de proteínas totais flutuaram sem um padrão
aparente.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 55
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 14: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio IX utilizando lactose como indutor de concentração 0,1
g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Figura 15: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio X utilizando lactose como indutor de concentração 1
g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 56
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 16: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio XI utilizando lactose como indutor de concentração 1
g/L e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Figura 17: Perfil de Biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio XII utilizando lactose como indutor de concentração 10
g/L e DO600 de 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 57
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Destaca-se que após a indução, ocorre um crescimento nos perfis de biomassa em todos
os ensaios utilizando a lactose como indutor sem fase lag. A tendência crescente e quase linear
da biomassa permaneceu em todos os ensaios utilizando a lactose como molécula indutora.
Ademais, após a indução, observa-se um comportamento semelhante nas proteínas totais
durante aproximadamente 1,5 h, de forma que nos ensaios X (Figura 15) e XI (Figuras 16), de
concentração de lactose 1 g/L e DO600 0,5 e 1, respectivamente, os níveis de proteínas totais
apresentaram comportamento decrescente até retornar a crescer com o decorrer do cultivo.
Comportamento este que não ocorreu para com o ensaio IX, com lactose de concentração 0,1
g/L (Figura 14), que ao contrário daquele, sofreu um leve aumento após a indução, e com o
ensaio XII (Figura 17), de concentração 10 g/L que elevou a concentração destas proteínas para
um pico as 3 h de cultivo.
Apesar deste rápido aumento na concentração de proteínas totais observado no ensaio XII
e no leve incremento apresentado pelo ensaio IX, ambos não forneceram os melhores resultados
para a proteína total. Assim, a produção de proteínas totais para a célula talvez apresente uma
mudança no metabolismo diferente para as concentrações de lactose utilizadas, uma vez que a
mesma, ao contrário do IPTG, pode ser metabolizada e utilizada como fonte de energia.
Vale destacar também que os ensaios que obtiveram uma espécie de fase de latência para
produção das proteínas totais foram os que atingiram os maiores valores de proteína total,
correspondendo aos ensaios utilizando a lactose a 1 g/L.
Os ensaios que atingiram valores de biomassa mais elevados utilizaram as concentrações
de lactose de 0,1 e 10 g/L (Figuras 14 e 17, respectivamente). Por outro lado, os ensaios de
concentração intermediária de lactose (1 g/L, Figuras 15 e 16) foram os que obtiveram menores
níveis de biomassa, porém, como aconteceu com o IPTG, renderam maiores concentrações de
proteína total.
Estudos anteriores também variaram a lactose na determinação de produtos
recombinantes de interesse. Su et al (2015) variaram a concentração da lactose entre 2 – 20 g/L
na expressão da lipase Serratia marcescens H30 para a indução a DO600 entre 0,6 – 0,8 e
verificaram que a melhor concentração para a maior atividade do produto de interesse foi com
a indução com lactose a 15 g/L.
Tian et al (2011) testaram a influência da lactose na produção do fator de crescimento 2
de queratinócitos, utilizando a indução da mesma na DO600 entre 0,8 – 1 com valores de
concentração do indutor de 2 – 50 g/L. Os resultados mostraram que a o aumento na
concentração da indução com lactose até 10 g/L rendeu maiores níveis do produto de interesse,
Capítulo 5. Resultados e Discussão 58
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
e que valores maiores que 10 g/L levaram a supressão da produção da proteína alvo, sendo este
valor considerado o melhor para este caso.
Os trabalhos corroboram ao mostrar que níveis intermediários de lactose têm que ser
testados devido a dinâmica que cada sistema de expressão (contando com plasmídeo, cepa, gene
de expressão, entre outros) apresenta. Por isto, a diferença nos valores de proteínas totais para
cada ensaio com concentrações de lactose distintas pode ser avaliada no sentido de que o valor
ótimo ainda pode ser encontrado utilizando uma faixa de concentração mais estreita, uma vez
que os valores utilizados no presente estudo foram distintos o suficiente para avaliar em que
nível de concentração do indutor teria melhor influência – decimal (0,1 g/L), unitário (1 g/L)
ou na casa da dezena (10 g/L).
Não obstante, os níveis de ácido acético não permaneceram em um patamar tão linear
quanto apareceram com os ensaios utilizando o IPTG. Assim, o fato da lactose ser utilizada
como substrato, pode influenciar de forma diferente o metabolismo do microrganismo, levando-
o a níveis mais elevados deste subproduto que quando utilizado o IPTG. Destaca-se que os
ensaios induzidos com lactose, que renderam mais biomassa, obtiveram grandes flutuações em
seus níveis de ácido acético, provavelmente devido ao diferente metabolismo da lactose
comparado com o IPTG.
O ensaio X (Figura 15) mostra a formação de ácido acético a partir da 3ª hora de cultivo,
no mesmo momento em que a biomassa começou a se estabilizar na fase exponencial de
crescimento do microrganismo e que os níveis de proteína total cresceram consideravelmente.
No ensaio XI (Figura 16) o pico de ácido acético foi visível no instante da indução,
acompanhado pelo crescimento exponencial do microrganismo e seguido de um decaimento
nos níveis de proteína total. O ensaio XII (Figura 17), por sua vez, obteve uma diminuição no
instante da indução, quando os níveis de biomassa e de proteína total seguiram curso com um
aumento.
Deste modo, observa-se que as variações nos níveis de ácido acético não seguiram um
comportamento simples de modo a correlacionar com as variações dos parâmetros de biomassa
e proteínas totais. Pode-se sugerir que após o pico máximo de produção, este metabólito foi
parcialmente reassimilado pelas células de E. coli, como observado no ensaio XII (Figura 17).
Neste sentido, Xue et al, (2010) descreveram previamente que na ausência de fontes de carbono
facilmente assimiláveis, como glicose, E. coli pode oxidar parcialmente o ácido acético, e
utilizar este metabólito como fonte de carbono e energia.
Como nota-se na Tabela 5, a produtividade em células máxima (Pxm) e a velocidade de
crescimento específica máxima (xm) não se relacionaram da mesma forma com a biomassa
Capítulo 5. Resultados e Discussão 59
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
para os ensaios com IPTG, apontando que maiores Pxm, para os ensaios utilizando a lactose,
levaram a menor concentração máxima de biomassa e xm. Em se tratando da velocidade de
crescimento específica máxima, os ensaios de menor e maior concentração de lactose foram os
que obtiveram maiores valores de xm, com quase 3 vezes mais que o ensaio de maior produção
de proteína total. Não obstante, o ensaio XI (Figura 16) que obteve mais que o dobro do xm
do que o ensaio X (Figura 15) não teve sua proporcionalidade refletida nas proteínas totais, uma
vez que seus valores são quase idênticos.
Analogamente aos resultados do teste Tukey da Tabela 4, a análise estatística (Tabela 5)
evidencia que os dois instantes de indução testados não alteram de maneira significativa os
parâmetros avaliados (mesma letra “b” nos ensaios X e XI) e que os ensaios de concentração
menor (IX) e maior (XII) não apresentaram diferenças significativas em seus valores de
biomassa máxima.
Tabela 5: Parâmetros de biomassa dos ensaios realizados com lactose.
Ensaios DO600 - [lactose g/L] Concentração máxima
de Biomassa (g/L) Pxm
(g/L.h) xm (1/h)
IX 0,5 - 0,1 2,87 ± 0,01a 2,05 0,33
XII 0,5 - 10 2,69 ± 0,01a 2,05 0,33
X 0,5 - 1 2,45 ± 0,02b 2,93 0,12
XI 1 - 1 2,30 ± 0,03b 2,93 0,26
Valores com letras diferentes na biomassa apresentam diferenças significativas de acordo com o teste Tukey
(Figura 35 do Apêndice 5).
Essa diferença nos valores de biomassa máxima devido a variação na concentração de
lactose na indução, ressalta a complexidade da mesma como molécula indutora. Um dos
principais inconvenientes de induzir sistemas utilizando a lactose é o mecanismo de repressão
catabólica. Neste caso, pela dinâmica deste composto, o real indutor neste sistema é a
alolactose, que é um produto intermediário produzido pela β-galactosidase durante a conversão
da lactose em glucose e galactose. Se no caso existir uma repressão, a alolactose não é produzida
e não se liga ao repressor de forma significante para fornecer uma boa expressão (WANG et
al., 2010). Entretanto, como os ensaios utilizando a lactose apresentam diferenças nos níveis de
biomassa com os ensaios utilizando o IPTG, fica evidente a utilização da lactose como fonte de
carbono (bem como os altos níveis de ácido acético) mais do que para a produção do antígeno.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 60
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
5.2.2. Produtividade de proteína em células (Pp/x) e velocidade de crescimento
específica (x)
Do mesmo modo que ocorreu com o IPTG, o perfil do Pp/x também tendeu a seguir o
comportamento das proteínas totais quando utilizando lactose. Após a indução, os ensaios IX,
X e XI (Figuras 18, 19 e 20, respectivamente) ocorre uma redução brusca no valor do Pp/x, ou
seja, exceto para o ensaio XII (Figura 21), esse parâmetro não foi favorecido pela indução.
Sendo este último ensaio com o maior valor de lactose utilizado (10 g/L), provavelmente
a grande oferta de substrato presente no meio, favoreceu também a expressão das proteínas
totais. Ou seja, as condições de cultivo foram suficientes para suprir os recursos da célula tanto
para formação de biomassa, quando para a síntese proteica. É notável, entretanto, que para os
ensaios X e XI (de concentração de lactose utilizada 1 g/L) ocorreu tanto a queda do Pp/x quanto
para proteínas totais, sendo estes comportamentos revertidos logo em seguida. Isto pode
significar que as vias metabólicas tenham sido direcionadas para o crescimento celular no
início, mas que como o Pp/x destes ensaios ficaram em níveis maiores que os ensaios IX e XII,
a especificidade da produção de proteínas foi maior no decorrer do cultivo, o que é mostrado
também pelo fato dos maiores valores de proteína total se encontrarem em aproximadamente 7
horas de cultivo. Assim, parece existir um período de adaptação do uso da lactose que era usado
para o crescimento convertido para uma maior expressão.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 61
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 18: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio IX utilizando lactose a 0,1 g/L como
indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
Figura 19: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio X utilizando lactose a 1 g/L como
indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 62
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Figura 20: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio XI utilizando lactose a 1 g/L como
indutor e DO600 1,0. A seta representa o instante de indução.
Figura 21: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (■) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio XII utilizando lactose a 10 g/L como
indutor e DO600 0,5. A seta representa o instante de indução.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 63
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
A lactose se apresenta como um indutor competitivo (competição entre expressão e
crescimento). Devido a isso, sua concentração deve ser otimizada com mais afinco de modo a
compensar o crescimento celular pela requerida indução da cultura. Observa-se, também, que
há uma tendência a redução de x ao longo do cultivo, independente da concentração de lactose
usada.
5.2.3. Antígeno
De acordo com a Figura 13, nota-se que o perfil de composição das amostras de proteína
recuperadas, dos ensaios induzidos com a lactose, em se tratando da comparação de pontos de
instantes distintos do mesmo cultivo, foram semelhantes entre si. Nas colunas 3 e 5 nota-se que
mesmo com pontos diferentes, as bandas intensas são idênticas aparecendo em ambas as
colunas na mesma magnitude. Com a coluna 4, compara-se o mesmo instante de cultivo onde
a indução foi feita a densidades óticas diferentes. Assim, constata-se também que ambas
possuem o mesmo perfil, mesmo em ensaios diferentes.
Deste modo, a partir do ImageJ obteve-se uma porcentagem de antígeno da proteína
recuperada de aproximadamente 22% com os ensaios induzidos com lactose. Em comparação
com os de IPTG, percebe-se que a indução por lactose favorece a expressão de outras proteínas,
em relação ao antígeno 503. Assim, fazendo com que sua expressão fosse reduzida de
aproximadamente 55% da quantidade de proteína recuperada com os ensaios induzidos com
IPTG, para apenas 22% com a lactose.
Como se observa na Tabela 6, a produtividade de proteína em células total foi maior nos
ensaios X e XI, o que está de acordo com os maiores níveis de proteína recuperada e do antígeno
503, sendo o ensaio X utilizando 1 g/L de lactose o de maior concentração de antígeno, 0,0153
g/L. Os valores de produtividade de proteína em células do ponto de maior proteína por sua vez
mostram que os maiores valores ficaram por conta dos ensaios que obtiveram maior
concentração de proteína total, ou seja, os ensaios X e XI.
Adicionalmente, o teste Tukey confirma a baixa influência da DO600 nos valores de
proteína (pelos ensaios X e XI de DO600 diferentes apresentarem a letra “a” na mesma coluna)
e a significância dos ensaios de maior proteína por exibirem letras diferentes na mesma coluna
da Tabela 6 quando utilizado concentrações de lactose diferentes de 1,0 g/L.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 64
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
Tabela 6: Parâmetros de proteína dos ensaios utilizando a lactose.
Ensaios DO600 -
[lactose
g/L]
Ponto de
proteína
máxima
(h)
Proteína total
máxima (g/L) Pp/x
(g/g) Proteína
purificada (g/L) Antígeno (g/L)
XI 1 - 1 10 1,028 ± 0,021a 0,447 0,050 ± 0,0058 0,011 ± 0,0012
X 0,5 - 1 8 1,018 ± 0,020a 0,473 0,070 ± 0,0112 0,015 ± 0,0024
IX 0,5 - 0,1 8 0,878 ± 0,018b 0,346 0,017 ± 0,0028 0,004 ± 0,0006
XII 0,5 - 10 3 0,759 ± 0,023c 0,420 0,007 ± 0,0012 0,002 ± 0,0002
Valores com letras diferentes na proteína total apresentam diferenças significativas de acordo com o teste
Tukey (Figura 36 do Apêndice 5).
Deste modo, é notável que a escolha da concentração de lactose que melhor se adapte ao
sistema de produção do produto heterólogo é individual e dependente de vários fatores pontuais
como a cepa, produto de interesse, plasmídeo inserido, metabolismo intracelular, gradiente de
concentração do indutor dentro e fora da célula entre outros.
5.3. IPTG versus lactose
Quando comparando os ensaios induzidos com IPTG e com lactose, é notável a diferença
no perfil de proteínas visto na Figura 13. As colunas 2 e 3 mostram a composição proteica das
amostras de um ensaio quando induzido com IPTG, enquanto que as colunas 4, 5 e 6 são dos
ensaios induzidos com lactose. O perfil induzido com o IPTG mostra-se com menos
contaminantes, ou seja, menos bandas além da apontada pela seta (a que representa o antígeno).
Esse resultado evidencia a diferença do metabolismo da lactose e do IPTG na célula, mostrando
que até mesmo outras proteínas são produzidas quando a E. coli é induzida com lactose,
podendo aparecer no perfil de proteínas da eletroforese.
Mesmo com tendências semelhantes de produção de biomassa, a indução usando IPTG
atingiu níveis de expressão de proteínas maiores que os ensaios que usaram lactose.
Comparando seus níveis máximos de antígeno 503, o ensaio com IPTG obteve uma
concentração aproximadamente 5,6 vezes maior que o de lactose. Por outro lado, a biomassa
foi favorecida ao se utilizar a lactose com aproximadamente 1,5 vezes a concentração de IPTG.
Este comportamento foi visto também por Haq e colaboradores (2017) que utilizaram lactose e
IPTG para avaliar a expressão de CenC em E. coli, no qual foi observado o sucesso na utilização
da lactose como molécula indutora, onde a mesma conseguiu produzir maiores níveis de
biomassa com concentrações equiparáveis do produto de interesse quando induzido com IPTG.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 65
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
A Tabela 7 resume os principais parâmetros relacionados às melhores condições
encontradas para expressão do antígeno de interesse quando utilizando IPTG ou a lactose como
molécula indutora.
Tabela 7: Comparação de diferentes parâmetros obtidos na utilização de IPTG e lactose como molécula
indutora.
Parâmetro Indutor
IPTG Lactose
Concentração do melhor
ensaio 100 M 1 g/L
DO600 0,5 0,5
µxm 0,11 h-1 0,12 h-1
Intervalo da fase
exponencial 2 - 3 h 0,5 - 3 h
Tempo para biomassa
máxima 6 h 10 h
Biomassa máxima 1,51 g/L 2,30 g/L
Pxm 2,05 g/L.h 2,93 g/L.h
Pp/x máximo pós indução 0,663 g/g 0,473 g/g
Tempo para proteína
máxima 7 h 8 h
Proteína total máxima 0,93 g/L 1,018 g/L
Antígeno 503 0,09 g/L 0,02 g/L
Ácido acético máximo 0,21 g/L 0,48 g/L
A complexidade e a diferença da lactose ser utilizada como indutor com o IPTG também
é evidenciada pela comparação nos valores de proteínas totais e Pp/x nos melhores ensaios de
cada na Tabela 7. Mesmo obtendo um valor de proteína total maior quando utilizando a lactose,
seu valor de Pp/x é menor, mostrando que a expressão da proteína de interesse por quantidade
de microrganismo quando empregado a lactose é menor. Além disso, como foi visto na Figura
13 a disparidade na composição pós purificação mostra como a lactose influenciou em menor
peso (quando comparado com o IPTG) na especificidade por expressar em menor proporção o
antígeno 503 com relação a outras proteínas apresentadas na eletroforese.
Dessa forma, desde que a concentração do antígeno 503 é 4,5 vezes maior ao se utilizar
o IPTG que a lactose, e ainda com tempo para obtenção desse máximo sendo menor, indicando
Capítulo 5. Resultados e Discussão 66
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
maior produtividade, fica claro que o IPTG é o melhor indutor para a expressão do antígeno
503 para o presente sistema. Por outro lado, por se tratar de um indutor que também pode ser
utilizado como fonte de carbono para o microrganismo, os ensaios com lactose levaram os
níveis de biomassa maiores que os apresentados ao se utilizar o IPTG, porém não se refletindo
na expressão do antígeno 503. Adicionalmente, o comportamento metabólico da E. coli M15
depende do indutor, mesmo ambos agindo no mesmo ambiente do operon lac, no que se refere
ao balanço biomassa/expressão, conforme perfil eletroforético mostrado na Figura 13. Assim,
uma vez que nos dois casos, os cultivos tiveram uma tendência crescente de biomassa, mostra-
se que a regulação repressor/indutor parece ser favorecida pela presença de IPTG.
Para o presente sistema, a expressão do gene heterólogo certamente é influenciada pela
capacidade da molécula indutora de entrar no microrganismo e pela sua toxicidade (quando se
tratando do IPTG) que seria dependente da concentração do indutor, e como o indutor é
consumido/utilizado por diferentes rotas metabólicas (quando se tratando da lactose). Esta
concentração dentro da célula por sua vez pode variar no decorrer do cultivo, uma vez que a
lactose pode ser consumida pela célula e clivada gerando glicose que regula o próprio
metabolismo da lactose em E. coli.
Não obstante, os mecanismos de transporte do IPTG por meio da membrana celular é
também um fator considerável na expressão de genes heterólogos, entretanto, ainda não está
suficientemente caracterizado (DREISIGMEYER et al., 2008). Apesar disto, já foi reportado
para o controle do IPTG intracelular que o mesmo pode passar pela membrana celular
independentemente da permease da lactose (HANSEN; KNUDSEN; SØRENSEN, 1998) e que
ele é ativamente transportado pelo lacY (JENSEN; WESTERHOFF; MICHELSEN, 1993). Isso
evidencia a complexidade na determinação da concentração de ambos os indutores
intracelularmente, o que pode ser o caminho a explicar as diferenças na força e forma de
expressão do IPTG e lactose nos produtos heterólogos e no presente trabalho.
O IPTG, então, conseguiu ser o candidato mais eficiente ao expressar mais antígeno
quando utilizado na concentração de 100 M em comparação com a lactose e com trabalhos
anteriores do grupo. Assim, onde anteriormente era utilizada uma concentração de 1000 M
deste composto para a expressão do antígeno, o trabalho mostrou que a expressão foi otimizada
com uma maior produção de antígeno quando a indução foi drasticamente reduzida para 10
vezes (100 M) seu valor original.
Capítulo 6
Conclusões
Capítulo 6. Conclusões 68
Luan Tales Costa de Paiva Vasconcelos
6. Conclusões
A densidade ótica a 600 nm (0,5 ou 1,0 de absorbância) no instante da indução não
impactou de forma significativa na produção do antígeno de interesse, independente do
indutor (IPTG ou lactose) utilizado;
Os níveis de ácido acético ficaram abaixo dos reportados na literatura como inibidores,
de modo que o mesmo não desfavoreceu o crescimento celular e expressão do antígeno
nos cultivos avaliados;
A lactose servindo tanto como substrato quanto molécula indutora demonstrou produzir,
de forma geral, mais biomassa que os ensaios induzidos com IPTG, exibindo uma menor
especificidade na produção do antígeno (menor expressão com mais biomassa);
A concentração de lactose que mais favoreceu a expressão do antígeno de interesse foi
de 1 g/L, valor este menor que normalmente utilizado pela literatura, o que representa
vantagem em termos redução de custos e rendimento do processo;
Para indução com IPTG, a máxima produção do antígeno foi observada na concentração
de 100 M, o que é também menor que a normalmente citada pela literatura;
Comparando os indutores entre si, o IPTG é o melhor candidato para a produção do
antígeno de interesse, uma vez que a produção máxima do antígeno 503 foi alcançado
com níveis de 0,0867 g/L que representam um valor 5,6 vezes maior que a concentração
máxima produzida quando empregada a lactose;
A concentração com IPTG a 100 M representa uma redução drástica de 10 vezes o
valor usado em trabalhos anteriores (de 1000 M), obtendo maiores níveis do antígeno.
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Apêndices
Apêndices 80
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APÊNDICE 1
De modo a manter monitorado durante todo o tempo de cultivo o valor da concentração
de células do sistema, foi necessário obter uma função que estabelecesse a relação entre a leitura
no espectrofotômetro a DO600 da amostra do sistema com a concentração de biomassa da
mesma. Assim, a Figura 22 mostra o gráfico com a reta padrão usada para determinar os valores
de biomassa subsequentes, a partir de uma amostra com 5 pontos feitos a partir da determinação
da massa seca como apresentado no item 4.6.1.
Figura 22: Curva de calibração para a determinação da biomassa a partir da leitura da DO600.
A regressão linear foi realizada obtendo um coeficiente de determinação (R2) de 0,9822,
mostrando que o modelo se ajusta bem aos pontos experimentais, e a função da reta y = 0,4084x
+ 0,8205.
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
0 1 2 3 4 5 6
Bio
mas
sa (
g/L)
DO600
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APÊNDICE 2
De modo análogo a curva padrão da biomassa vs DO600 em termos de comparação para
obtenção dos dados subsequentes, o modelo do ácido acético se relacionou com os valores de
picos de intensidade da área representativa a concentração da amostra analisada, a partir de sua
determinação no HPLC. Assim, a Figura 23 do gráfico abaixo mostra os 10 pontos utilizados
para o ajuste do modelo dado pela equação y = (10^-6)x – 0,0652 e R2 = 0,9996, também com
bom ajuste do mesmo.
Figura 23: Curva de calibração para determinação de ácido acético a partir da leitura da intensidade dos picos no
HPLC.
0
2
4
6
8
10
12
0 2000000 4000000 6000000 8000000 10000000 12000000
Áci
do
acé
tico
(g/
L)
Área do pico
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APÊNDICE 3
Para estimar a massa molecular do antígeno 503 obtido neste trabalho, utilizou-se
inicialmente, o padrão de proteínas de massa molar conhecida para se construção de uma curva
de calibração correlacionando a distância percorrida pelo padrão no gel com o logaritmo na
base 10 da sua respectiva massa. Como mostrado na Figura 24, obteve-se a função y = -1,2574x
+ 5,0702, e interpolando-se a distância percorrida pela proteína de interesse, encontrou-se que
a banda correspondente (seta na Figura 13) apresenta massa molecular de 52,3 KDa,
confirmando a presença do antígeno.
Figura 24: Correlação do massa molecular dos padrões inibidor de tripsina (20,1 kDa), anidrase carbônica (30,0
kDa), albumina (66,0 kDa) e fosforilase b (97,0 kDa) e a distância percorrida no gel de eletroforese da Figura 13.
4
4.2
4.4
4.6
4.8
5
5.2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6Log1
0 P
eso
mo
lecu
lar
(KD
a)
Distância percorrida
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APÊNDICE 4
Os gráficos respectivos aos ensaios II, IV, VI e VIII utilizando IPTG de concentrações
20 M, 100 M, 500 M e 1000 M e DO600 1 estão nas Figuras 25, 26, 27 e 28,
respectivamente. Além disso, os gráficos dos parâmetros cinéticos destes ensaios estão
respectivamente nas Figuras 29, 30, 31 e 32.
Figura 25: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio II utilizando IPTG como indutor de concentração 20
M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Apêndices 84
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Figura 26: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio IV utilizando IPTG como indutor de concentração 100
M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Figura 27: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VI utilizando IPTG como indutor de concentração 500
M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
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Figura 28: Perfil de biomassa em preto (■), concentração de proteínas totais em azul (○) e ácido acético em
laranja (▲) em função do tempo de cultivo para o ensaio VIII utilizando IPTG como indutor de concentração
1000 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Figura 29: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio II utilizando IPTG com concentração
20 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
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Figura 30: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio IV utilizando IPTG com concentração
100 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Figura 31: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VI utilizando IPTG com concentração
500 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
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Figura 32: Perfil de produtividade de proteínas totais em células em preto (●) e velocidade de crescimento
específico em vermelho (○) em função do tempo de cultivo para o ensaio VIII utilizando IPTG com
concentração 1000 M e DO600 de 1,0. A seta representa o instante de indução.
Apêndices 88
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APÊNDICE 5
As figuras abaixo representam o teste Tukey HSD realizado pelo software Statistica dos
parâmetros cinéticos, de forma a avaliar suas diferenças significativas.
Figura 33: Teste Tukey com os dados de biomassa máxima dos ensaios de I a VIII utilizando IPTG como indutor
da Tabela 3. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam diferenças significativas com 95% de
confiança.
Figura 34: Teste Tukey com os dados de proteína máxima dos ensaios de I a VIII utilizando IPTG como indutor
da Tabela 4. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam diferenças significativas com 95% de
confiança.
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Figura 35: Teste Tukey com os dados de biomassa máxima dos ensaios de IX a XII utilizando lactose como
indutor da Tabela 5. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam diferenças significativas com 95%
de confiança.
Figura 36: Teste Tukey com os dados de proteína máxima dos ensaios de IX a XII utilizando lactose como
indutor da Tabela 6. Valores com asterisco na mesma coluna não apresentam diferenças significativas com 95%
de confiança.