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Bauru, 19 de março de 2012. À GRSA: Processo 3058/2011 Face às dificuldades encontradas para licitar o serviço de impermeabilização do aterro sanitário, da forma apresentada inicialmente, em comum acordo com esta gerência, as diretorias DLP e DAF e a Presidência da empresa, algumas modificações foram realizadas nos projetos iniciais, buscando facilitar a realização do serviço que já está com cronograma de execução prejudicado, bem como corrigir alguns erros percebidos. Os itens abaixo foram os principais focos na modificação do projeto. Espera-se que com as mudanças realizadas, o processo licitatório aconteça mais rapidamente: Unificação das fases de impermeabilização, antes projetadas em duas etapas; Instalação de geocomposto de bentonita (GCL) em toda a área a impermeabilizar, como forma de substituição do solo compactado a baixa permeabilidade; Considerou-se a compra do serviço de terraplenagem por meio de horas-máquinas a serem utilizadas, e não por quantificação volumétrica de aterro/corte de solo e distâncias de empréstimo/bota-fora, garantindo maior versatilidade em campo e celeridade na correção do projeto; As modificações elencadas levaram a uma sensível alteração do projeto, que trará a seguir uma discussão sobre o serviço a atender em campo, dando base à equipe de licitação. O serviço compreenderá basicamente 7 (sete) etapas, que serão individualmente descritas na sequência enumerada abaixo: 1. Identificação da área; 2. Corte e destocamento de árvores; 3. Relocação de postes de energia e selamento do Poço de Monitoramento 13; 4. Limpeza e regularização do terreno; 5. Instalação de geossintéticos; 6. Execução de solo de cobertura dos geossintéticos e construção de drenos; 7. Plantio de nova proteção vegetal na divisa e execução de drenagem pluvial provisória. A forma de licitar cada um dos serviços (ou o pacote todo) deverá ser determinado em conjunto com a equipe de licitação responsável.

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Bauru, 19 de março de 2012.

À GRSA:

Processo 3058/2011

Face às dificuldades encontradas para licitar o serviço de impermeabilização do aterro

sanitário, da forma apresentada inicialmente, em comum acordo com esta gerência, as diretorias DLP

e DAF e a Presidência da empresa, algumas modificações foram realizadas nos projetos iniciais,

buscando facilitar a realização do serviço que já está com cronograma de execução prejudicado,

bem como corrigir alguns erros percebidos.

Os itens abaixo foram os principais focos na modificação do projeto. Espera-se que com as

mudanças realizadas, o processo licitatório aconteça mais rapidamente:

• Unificação das fases de impermeabilização, antes projetadas em duas etapas;

• Instalação de geocomposto de bentonita (GCL) em toda a área a impermeabilizar,

como forma de substituição do solo compactado a baixa permeabilidade;

• Considerou-se a compra do serviço de terraplenagem por meio de horas-máquinas a

serem utilizadas, e não por quantificação volumétrica de aterro/corte de solo e

distâncias de empréstimo/bota-fora, garantindo maior versatilidade em campo e

celeridade na correção do projeto;

As modificações elencadas levaram a uma sensível alteração do projeto, que trará a seguir

uma discussão sobre o serviço a atender em campo, dando base à equipe de licitação.

O serviço compreenderá basicamente 7 (sete) etapas, que serão individualmente descritas

na sequência enumerada abaixo:

1. Identificação da área;

2. Corte e destocamento de árvores;

3. Relocação de postes de energia e selamento do Poço de Monitoramento 13;

4. Limpeza e regularização do terreno;

5. Instalação de geossintéticos;

6. Execução de solo de cobertura dos geossintéticos e construção de drenos;

7. Plantio de nova proteção vegetal na divisa e execução de drenagem pluvial provisória.

A forma de licitar cada um dos serviços (ou o pacote todo) deverá ser determinado em

conjunto com a equipe de licitação responsável.

Processo 3058/2011

As folhas de desenho e memoriais descritivos deste processo e seu apenso (3058/2011),

anteriores a este despacho, devem ser desconsiderados integralmente, exceto nas referências

citadas ao longo deste texto.

1. Identificação da área

O serviço de impermeabilização será realizado em uma área (em planta) de

aproximadamente 27.090 m², de terreno natural (ou seja, fora do maciço de resíduos

existente), conforme indicação no desenho técnico 1/1 deste despacho.

Em consulta ao serviço Google Earth em 21/7/2011, a área tem coordenadas

geográficas médias 22°15'18"S e 49°08'14"O, ou seja, está ao norte do maciço em operação.

Sugere-se que no processo de licitação haja uma cláusula prevendo a possibilidade de

visita técnica dos interessados, para que visualizem in loco as condições de trabalho.

As Fotos 1 a 5 do Anexo Fotográfico mostram alguns detalhes da área em meados de

julho de 2011.

2. Corte e destocamento de árvores

Na região próxima da divisa Norte do aterro, há uma faixa de proteção vegetal

constituída essencialmente por eucaliptos. Para o serviço de impermeabilização e execução de

nova estrada, haverá a necessidade de supressão de parte desta arborização. O serviço

compreende o corte e destocamento (retirada das raízes) destas árvores, valendo-se do

maquinário necessário para tal. Saliente-se que eventuais licenças poderão ser necessárias para

derrubada de árvores de espécies nativas que porventura existam na região.

A proteção vegetal da divisa poderá ser recomposta logo após esta etapa e

desmatamento, ou ao final do serviço todo, conforme descrição no item 7.

3. Relocação de postes de energia e selamento do Poço de Monitoramento 13

Ao menos 4 (quatro) postes de energia deverão ser relocados da posição atual,

segundo indicado no desenho técnico 1/1 deste despacho. Esta relocação deve ser feita por

pessoal competente, consultada a CPFL se necessário. Os postes devem ser relocados

preferencialmente para junto da cerca da divisa, se possível, de forma a não atrapalhar também

a estrada a executar.

Processo 3058/2011

O Poço de Monitoramento 13 também ficará prejudicado com o serviço de

impermeabilização, e deverá ser selado. Independentemente da técnica de selamento, é

interessante que haja a remoção da tubulação de revestimento do poço, para que esta não

atrapalhe os serviços de terraplenagem a realizar, ao menos na região mais superficial. Sugere-se

caso necessário, consultar o órgão ambiental quanto a melhor técnica de encerramento do poço.

4. Limpeza e regularização do terreno

Terminado o serviço anterior, dá-se início à fase de terraplenagem com a limpeza

do terreno. Consiste-se em raspagem e recolhimento da parte mais superficial do terreno,

escavando-se cerca de 30cm no mesmo.

O local de bota-fora do material está a cerca de 150m do início da área a

impermeabilizar, conforme indicado no desenho técnico 1/1 deste despacho.

Em uma rápida estimativa da quantidade de material a transportar, chegou-se ao valor

de 10.550m³ de material de limpeza do terreno (considerando-se empolamento de 30%). Este

valor não é exato, servindo apenas para estimativas de custos e quantidade de horas-máquinas

necessárias para a realização da fase limpeza.

A região mais plana do terreno deverá, ainda, ser escavada após a fase de limpeza em

mais 60cm (sessenta centímetros), para posterior reaterro. O volume estimado nesta escavação

é da ordem de 15.600m³ (considerando-se empolamento de 30%). Esta área deverá ter uma

inclinação aproximada de 5%, em direção ao maciço de resíduos existente, conforme

representado na Figura 1, para efeito de drenagem de chorume.

Na sequência, os taludes existentes serão regularizados, de forma que os diferentes

planos de taludes tenham transições suaves e a inclinação geral seja da ordem de 1:1 (Vide

detalhes na Figura 1, que traz uma seção esquemática típica da área a impermeabilizar). O

serviço terá acompanhamento do profissional responsável por este projeto, para aferição das

necessidades em campo.

As seguintes máquinas, dentre outras, se farão necessárias para esta etapa:

• Pás-carregadeiras;

• Caminhões basculantes;

• Tratores de esteira;

• Motoniveladora;

• Rolo compactador;

• Caminhão-pipa;

• Retroescavadeiras.

Processo 3058/2011

Sugere-se que o contrato seja feito por horas-máquinas, a partir de uma estimativa

a realizar para execução do serviço, garantindo maior versatilidade em campo e

celeridade no processo de contratação, já que não foram feitos os cálculos para volume

de corte/aterro e distâncias totais de transporte do material.

Figura 1 – Seção esquemática típica para a área a impermeabilizar.

5. Instalação de geossintéticos

5.1. Geocomposto bentonítico (GCL) em substituição ao solo compactado

O projeto básico apresentado à CETESB para continuidade da operação do aterro

previa a compactação de 60cm de solo, com coeficiente de permeabilidade k

menor que 10-6cm/s na base da área a impermeabilizar.

Mondelli (2004), em sua dissertação de Mestrado, investigou o solo na região do aterro

em Bauru, por meio de ensaios com amostras deformadas e indeformadas. A partir dos

Processo 4086/2011

resultados apresentados (que podem ser melhor analisados nas páginas de 116 a 133 da

referida dissertação), classificou-se o solo como LA', pela Carta MCT, ou seja, "areias

argilosas, colapsíveis e com permeabilidade relativamente baixa, possuindo uma boa

capacidade de suporte quando compactados" (Mondelli, 2004, p. 121).

Ensaios de compactação Proctor Normal (NBR 7182/86) foram realizados para

amostras colhidas em diferentes profundidades, apresentando-se os resultados de peso

específico aparente seco (γd máx) para a correspondente umidade ótima de compactação (wót).

Os resultados estão transcritos abaixo na Tabela 1.

Tabela 1 – Transcrição dos resultados obtidos por Mondelli (2004) para o solo da região do

aterro sanitário de Bauru. Prof. de amostragem (m)

1,7

3,0

3,7

γd máx (g/cm³)

1,93

1,86

1,89

wót (%)

11,6

11,9

12,8

Presume-se que a permeabilidade in situ tenda a atingir seu valor mínimo quando o

solo é compactado em sua melhor condição, reduzindo o índice de vazios ao mínimo possível.

Ainda baseando-se em Mondelli (2004), a partir de ensaios de permeabilidade realizados com

amostras das profundidades 1,7m e 3,0m, pode-se afirmar com certa confiança que, após

processo de compactação, o solo local atinja permeabilidade k de ao menos 10-5cm/s, mas

não é certo que alcançaria 10-6cm/s, como previsto nas necessidades de projeto.

Assim, havendo a incerteza de que a permeabilidade esperada não seja atingida,

baseando-se nos estudos apresentados, seria necessário, após confirmação em ensaios

complementares com novas amostras, algum reforço para alcançar a permeabilidade de projeto

(adição de bentonita, por exemplo), ou buscar alguma jazida externa de material argiloso (o

que, neste momento, devido aos prazos curtos a serem cumpridos, seria inviável), ou ainda

modificar o projeto original.

Uma solução bastante rápida e bem mais prática que a compactação de solo, inclusive

mais confiável tecnicamente, seria a substituição da camada de solo de baixa permeabilidade

por geocomposto de bentonita (GCL). Trata-se de material industrializado (uma espécie de

Processo 3058/2011

manta), com permeabilidade da ordem de 10-9cm/s quando hidratado adequadamente.

Em termos de equivalência de permeabilidade, entendo que este material substitui o solo argiloso

com segurança, conferindo, ainda, maior versatilidade em campo e melhor controle de

qualidade do serviço.

Portanto, neste parecer, adotando-se a compra e instalação de GCL em substituição

ao solo argiloso compactado, observem-se as prescrições a seguir:

• O geocomposto de bentonita (GCL), a ser fornecido e instalado por licitante vencedor,

deverá ter permeabilidade k mínima, segundo especificação do fabricante, menor que

10-8cm/s, espessura útil não inferior a 6mm e ser do tipo reforçado (agulhado);

• A instalação seguirá fielmente as especificações do fabricante e, no caso e

inexistência destas, será consultada a EMDURB quanto aos procedimentos a serem

adotados pela equipe de instalação;

• Todos os materiais/equipamentos/recursos humanos necessários para instalação ficarão

sob responsabilidade da contratada, quando não disponibilizados pela EMDURB;

• O responsável técnico pela instalação do geocomposto bentonítico emitirá ART,

memorial descritivo e certificado pelo serviço de instalação do material,

responsabilizando-se pela qualidade final do produto em campo. Tais documentos

serão apresentados à CETESB após conclusão da atividade;

• A área total de GCL a comprar e instalar é estimada em 28.000m², já considerada a

porcentagem referente à ancoragem do material nas bordas da área.

5.2. Geomembrana PEAD 2mm

Posteriormente à instalação do GCL, dá-se sequência ao serviço com a instalação de

geomembrana de PEAD, com espessura de 2mm. Convém que este trabalho seja executado

pelo mesmo instalador do geocomposto de bentonita.

• A área total de geomembrana de PEAD de 2mm a comprar e instalar é estimada em

29.205m² (sobrepondo toda a área coberta pelo GCL), já previstas porcentagens

referentes à ancoragem do material;

• A instalação seguirá fielmente as especificações do fabricante e, no caso de

inexistência destas, a EMDURB será consultada quanto aos procedimentos a serem

adotados;

Processo 3058/2011

• Todos os materiais/equipamentos/recursos humanos necessários para instalação ficarão

sob responsabilidade da contratada, quando não disponibilizados pela EMDURB;

• O responsável técnico pela instalação da geomembrana emitirá ART, memorial

descritivo e certificado pelo serviço de instalação do material, responsabilizando-se

pela qualidade final do produto em campo. Tais documentos serão apresentados à

CETESB após conclusão da atividade;

6. Execução de solo de cobertura dos geossintéticos e construção de drenos

Para proteção mecânica dos geossintéticos, executa-se uma camada com 60cm de

espessura de solo local, levemente compactado para que não reste material solto. Vide seção

esquemática típica na Figura 1.

Neste solo de cobertura dos geossintéticos, será executado o sistema de drenagem de

fundo e início dos drenos verticais. As Figuras 2 e 3 trazem um corte típico destes drenos, que

serão executados nas mesmas posições indicadas nos desenhos da folha 09 do processo

3058/2011 e folha 08 do processo 4086/2011.

Para este serviço, as seguintes máquinas, dentre outras, poderão ser necessárias:

• Retro-escavadeira;

• Pá-carregadeira;

• Caminhões basculantes;

• Motoniveladora;

• Rolo compactador;

• Caminhões-pipa;

• Sapo mecânico.

A relação de materiais abaixo é uma estimativa do necessário para esta etapa:

• 35m³ de brita n.°3 (para os drenos verticais);

• 800m³ de pedra rachão (para os drenos horizontais);

• 30m de tubo de concreto poroso D=200mm;

• 135m² de tela de aço #80;

• 120m³ de areia grossa;

• 5.520m² de geotêxtil drenante não-tecido.

Processo 3058/2011

Figura 2 – Seção esquemática típica do dreno horizontal de percolado e gases.

Figura 3 – Seção esquemática típica do dreno vertical de gases e percolado. OBS: Quantidade de Tubo Dreno = 1.200 metros lineares

7. Plantio de nova proteção vegetal na divisa e execução de drenagem pluvial provisória

Com o corte de eucaliptos descrito no item 2 deste despacho, sugere-se que o

fechamento vegetal da divisa seja recomposto com Mimosa Caesalpiniaefolia (Sansão-do-

Campo). Esta sugestão é dada face aos pontos estreitos que existirão com a execução da

impermeabilização e nova estrada de acesso. Outras espécies poderão ser adotadas, desde que

Processo 3058/2011

não exijam muito espaço para ocupação do caule e raízes, especialmente nos pontos mais

estreitos.

A drenagem de águas pluviais será feita com canaletas tipo "meia-cana" de concreto

nos pontos apropriados, caixas de passagem e tubulação enterrada que eventualmente se faça

necessária, conduzindo adequadamente a água de chuva aos locais de drenagem

permanente do aterro.

Sugere-se a compra de 1.900m de canaleta "meia-cana" de concreto, D=40cm.

Materiais como cimento, cal, areia, tijolos, brita 1, entre outros, poderão ser necessários nesta

fase.

Convém que esta gerência, segundo suas considerações, notifique o

órgão ambiental responsável pela fiscalização da obra sobre estes procedimentos, bem como

quando do início dos trabalhos em campo.

ANEXO FOTOGRÁFICO

Foto 1 - Talude e plano a impermeabilizar nas proximidades das lagoas de chorume.

Foto 2 - Transição entre a área mais estreita e a área mais ampla.

Foto 3 - Detalhe da transição entre a área mais estreita e a área mais ampla.

Foto 4 - Área mais ampla, onde está localizado o Poço de Monitoramento 13.

Foto 5 - Vista panorâmica da área a impermeabilizar.