a grande guerra, ou o combate da pureza (pe. hoornaert) versão melhorada 1

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Castidade

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  • AGRANDEGUERRA

  • A GRANDEGUERRA

    ( L E C O M B A T DE L A P U R E T E )PELO

    P.b J. HOORNAERT, S. J.

    (JOM P IlEFAGl OS

    1)0 P A. VERMEERSCH, S. J. e DO P LUIZ GONZAGA CABRAL. S. J.

    K A H 1 A

    ESOOLA TYP. SALE SIANA

    1 9 2 8

  • Escola Typoyraphica Salcsiana BAHIA T. )34

  • PREFACIO ofedo Revmo. P. A. Vermeersch, S. J.

    Forzosa a guerra tyrannia das nossas paixes, em nossa peregrina^o pela trra. E lei tanto de or- dem e de subordinago laboriosa, como tambem de harmona e de unidade, de liberdade e de paz.

    As apparencias austeras da obriga

  • [VIII]

    Fraco o homem, que sabe guardar os seus sagrados juramentos; forte, o cynico ou hypocrita que viola seus compromissos?

    Frcico , o victorioso; forte, o vencido?E comtudo, por toda a parte, encontra applausos a

    absurda calumnia. Os preconceitos do mundo a em- ballam; medicos, em norne de urna supposta sciencia, corroboram-na com seus mos conselhos; urna vasta e poderosa imprensa a diffunde e patrocina; e um cdigo de urna certa moral, em voga, formla para o homem, para a mulher, para o celibatario, para o esposo, para o nacional e para o estrangeiro, regras que sao outros tantos desafios honestidade.

    Diante dessa insolencia, a virtude, tmida e retra- hida, resigna-se por vezes a envergonhar-se e at mesmo a capitular!

    E mister, pois despertar a estima pela pureza.E necessario excitar e estimular o brio em quern a

    possue.Convem egualmente, j que a conservamos em fragi-

    lissimo vaso, ensinar a arte de a defender e de preserval- a de choques fataes.

    E como o homem curavel, e como um triumpho pode vingar cabalmente urna derrota, necessario reanimar a coragem dos abatidos e hesitantes e incitar desforra, os irresolutos e humilhados.

    Todo este proposito teve o Rev. P.e J. Hoornaert em vista e o realisa, ao escrever com penna vivida, expedita e vigorosa como a juventude, para a qual ella corre alegremente sobre o papel um livro, attrahente como um romance de aventuras, instructivo como um tractado d vida espiritual.

    A Grande Guerra o titulo bellicoso da obra.A CASTIDADE um herosmo; lgicamente

    a ida-me.Esta valenta apparece no livro do P.e Hoornaert

    successivamente enaltecida de preciosos conselhos e muito bem instruida acerca dos seus deveres.

    Este herosmo e com que eloquencia relem- brado e trazido mente dos que o ignoravam ou delle se haviam esquecido.

    Para enriquecer os principios fundamentaes e corroborar os argumentos, rene o auctor, com muita elegancia na sua obra, o resultado de suas observar e s pessoaes e o fructo de sua erudi^ao.

  • E o jovem leitor fecha este livro enthusiasmado, instruido, confortado 'e animado para a lucta.

    Praza a Deus que muitos jovens se alistem como discpulos do P.e Hoornaert!

    Assim o esperamos e anhelamos.Combater as ordens de tal capito o melhor

    penhor da victoria.Contentar-me-ia, dando como concluso, que estas

    paginas, deto grande actualidade, de tanta vivacidade, sero para muitos e muitos portadoras de assignalados beneficios? Nao anda dizer o bastante.

    O beneficio que se realisa pela conservado da pureza, entre os jovens, de ordem eminentemente social. Tanto e mais que a saude physica importa sociedade a saude moral dos seus membros.

    Convem-lhe para o presente, e convem-lhe para o futuro. Assegura-lhe urna prosperidade superior abundancia material.

    Se verdade, como diz o P.e Hoornaert, lembrando o testemunho de Napoleo, que a educado da cranla cometa aos cem annos antes de nascer; os jovens castos de hoje preparam as raas fortes de amanha.

    Ha mais anda.Quando o Christianismo penetrou na Cidade Eter

    na Roma, outrora tao corrompida, a austeridade da cruz, a severidade dos principios religiosos, a grandesa moral dos fiis convertiam F as multidoes. Do mesmo modo, para os nossos contemporneos, que vivem afastados da Egreja pelo nascimento ou pela educad0 mas cujas nobres aspiragoes se afastam com desgosto de um nopaganismo cupido e luxurio- so nao ser certamente menos salutar o admirar este espectculo reconfortante de urna juventude trazendo na fronte o candor de urna pureza triumphante, e, no corado, a chamma de um amor prompto a qualquer sacrificio.

    Desta forma, ou preservando, ou chamando as almas Deus, ter o auctor contribuido para dar Deus muitas outras almas.

    Como poderemos felicital-o bastantemente por um to bello apostolado?

    (A. Vermeersch S. J.j

  • APRESENTACOdo P Luz Gonzaga Cabra!, S. J.

    Nos sculos XIV e XV travou-se entre a Franga e a Inglaterra a porfiada lucta que ficou na Historia com o no me de Guerra dos 100 anuos.

    A Allemanha no sculo XVII foi o theatro de outra guerra intestina, conhecida pela designago de Guerra dos SO anuos.

    Entre a Franga colligada com as principaes potencias Europeias e a Inglaterra unida Prussia, feriu-se no scalo XVIII a Guerra dos 7 anuos.

    Dir-se-hia que as guerras rotuladas pelos annos da sua durago symbolizavnm, no seu mesmo decrescer, a tendencia para o abrandamento dos costumes e a aversao sempre maior aos longos periodos de belli- gerancia.

    Em verdade, se o criterio dos instinctos ferozes da guerra fosse o dos annos decorridos no porfiar de urna mesma campanha, a principal guerra do sculo XXteria podido reforjar a observago j feita, pois a sua durago foi de 4 annos apenas, com que se escalonariam essas phases de luctas, no decorrer de cinco para seis sculos, na seguinte estatistica de um rallentando animador: Seculo XV, 100 annos se- culo XVII, 30 annos seculo XVIII, 7 annos seculo XX, 4 annos.

    Como porm, os horrores da guerra nao tem como nico, nem siquer como principal factor o tempo;

  • a ultima destas quatro phases de lucta, a contempornea, a mais curta em durago, foi exactamente a que recebeu nao sem aJgum sacrificio da vernaculidade classica ndole glottica da Franca o nome de GRANDE GUERRA.

    Outros campos de batalha ha, porm, differentes de Azincourt ou Orleans, de Ltzen ou Rocroy, de Koelin ou Rosbach, do Marne ou de Verdun; sao os das regides da alma, em que se travam as luctas psychologicas do espirito contra a carne, da razo contra a paixo, da F contra as fraquezas da von- tade.

    Ora de todas essas luctas do homem, nenhuma iguala o COMBATE DA PUREZA

    E aqui nao andam to independentes, come a- quelPoutras guerras, a intensidade e a dura^o.

    O COMBATE DA PUREZA merece bem o nome de GRANDE GUERRA tanto por ser de todos o mais renhido, quanto por ser egualmente o mais diuturno.

    GRANDE, sem duvida, porque e to rduo e bravo que nao lhe demais toda a estratgia e todo o herosmo; mas tambem grande porque de todos, grande porque de sempre.

    Foi de certo esta a razo porque o benemrito e illustradissimo filho de D. Bosco, R. P^ Jos J. de S an tArma, nesta esmerada traduc^o, em que, de principio a fim primou pela fidelidade mais escrupulosa, no hesitou em modificar apparentemente o titulo da obra.

    E digo apparentemente, porque ao verter para vernculo LE COMBAT D E LA PURET do R. P Hoornaertr da Companhia de Jess, pela expresso suggestiva A GRANDE GUERRA\ se por urna parte solicitou hbilmente os litores com o chamariz de urna aluso frisante ao maior successo da actualidade e mais luctuosa tragedia bllica de toda a Historia, por outra deu ulna exactissima traduc$o psycholgica do titulo original.

    E que o COMBATE DA PUREZA , por exellencia, A GRANDE GUERRA; grande, pela grandeza do herosmo e por isso mesrno grande, pela grandeza do triumpho.

    E porque no ha de a nossa mocidade aspirar a esse triumpho?

    Cingir a cora de laureis,'subir ao carro de metaes

  • [XIII]

    preciosos marchetado de marfim ou tartarga e era vejado de pedrarias, suspender do hombro a toga de purpura abrochada de brilhantes, ascender ao Capitolio trilhando sendas juncadas de flores e polvilhadas de oiro; tudo isso concedia-o Roma ao general vencedor, aps urna campanha de herosmo.

    Muito outro ser o triumpho dos que forem vencedores nos combates da Castidade.

    Depressa murchavam os louros dos mais afamados bosques sagrados da Italia; ao passo que immarces- sivel a cora que exorna a fronte dos castos: era espera pelo alm para nimbar-se com os resplendores que o Apocalypse attribue aosvirgens; j no aqum da vida mortal, irradia as claridades sorridentes dessas physionomias desannuviadas que sao o apan- gio dos puros.

    O coche triumphal, por mais que se lhe atrelassem as quadrigas alvissimas, afinal rodava lento costa arriba; no seu triumpho, o casto, em vez de rodas de oiro girando sobre o lagedo da Via Capitolina, bate, num surto leve, as azas nevadas desferindo o vo para o Co de Deus.

    A toga do triumphador urdiam-na, em terciopelo, os teares da Apulia, tingido o fio pelos ostros de Ty- ro; mas a tnica do triumphador da castidade entre- tecem-na crbasos anglicos que o Vidente de Patmos admirou no recorte das estolas candidas em que se envolviam os seguidores do Cordeiro.

    Finalmente a ladeira do Capitolio substituida, para a ovago dos immaculados, por aquella subida para o monte de Deus, que David declarou senda exclusiva dos Innocentes: Quis ascendet in montem Dominif In- nocens manibus et inundo corde.

    Porque nao ha-de pois a nossa mocidade torno a diz-lo aspirar a esse triumpho?

    Felizmente esta pergunta envolve urna supposigao inexacta. A nossa mocidade, nao s vae aspirando j a esse triumpho, seno que entrou garbosa na bata- lha.

    O movimento de reaego contra o sensualismo soergue os bros dos mogos e por toda a parte echam lmpidas as suas vozes, como um protesto contra a cobardia dos vencidos de hontem.

    Na Franga, que anda nao ha muito alimenta va os paladares derrancados de uns velhos de 20 annos com

  • [XIV]

    a pornographia deprimente de Emile Zola, surga como por encanto urna litteratura juvenil, cheia a um tempo de masculo vigor e de primaveril frescura, em que urna pleiade de rapazes, cheios de talento e de belleza moral, renegam dos instinctos rasteiros, em que tantos consumiam o melhor da6 suas energas, para alcan- carem esse ideal de castidade, que lhes d limpidez inteligencia, nobreza ao carcter, vigor ao organismo, dedicado vontade, delicadeza imaginado, alegra alma, e at elegancia ao porte e formosura ao semblante.

    Felizmente essa resurrei^o da juventude nao o apanagio exclusivo da Europa desilludida!

    Um dos mais elevados e deliciosos prazeres da minha vida tem sido o convivio desta juventude alegre e forte, com a qual na Congregado Mariana Acadmica da Baha, tenho prelibado os triumphos do Brazil da amanh.

    Presenciei-lhes as surprezas e os enthusiasmos, as victorias e os gozos nessa campanha bemdita.

    Surprezas! porque a muitos ouvi aquella ingenua exclamado: Padre! nunca imaginei que fosse to fcil !

    Resposta, tanto mais irrefutavel quanto mais filha da sinceridade espontanea, para lancjar em rosto aos pusillanimes que pretendem acobertar a cobarda das suas derrotas com a capa de urna pretensa impossibili- dade, e buscam libertar-se das censuras da consciencia propria com a mentira calumniosa de que todos assim fazem.

    Mas a essas surprezas succedem os enthusiasmos; porque o resultado natural dessa encantadora experiencia o ardor do apostolado, vibrante de communicai aos outros a venturosa paz que para si conquista- ram.

    Tal apostolado exercita-se primeiro entre amigos.Cimentam-se, na mocidade aureolada pelo amor da

    pureza, amizades fortes e suaves, como nao as ha melhores.

    A conversa intolerantemente avessa a tudo o que grosseiro, degradante, sensual, alteia-lhes, como sem esforz, o nivel; paira bem longe dos lodagaes e charcos; busca as cumiadas de ares lavados; remonta-se limpidez do azul; e com a conversa, defere tambem vo o corad0 ; enoja-se das podridoes da materia

  • [XVI

    saboreia as doguras do espirito; torna-se por isso mes- mo apreciador dos grandes mritos e, por urna conse- quencia lgica, distribuidor das grandes dedicares; que mais lhe falta para ser realisador das grandes amizades?

    Dos amigos, o apostolado dos castos, extende-se a todos.

    Um destes queridos jovens apresentou no Circulo Catholico de Estudos da Mocidade Acadmica, que urna das sub-sec$oes da Congregado, a apologa da Casti- dade sob os pontos de vista scientifico e social.

    Outro tinha coacervado, para a sua defeza de These, copiosa documentado, muita da qual tchnica sobre o aspecto medico.

    Um terceiro dos meus Congregados, j formado ha tres anuos e hoje clinicando no Rio de Janeiro, annunciava-me, em carta ha pouco recebida, o seu livro em preparado sobre a Physio-psychologia da Castidade.

    Afinal, neste desabrochar de assucenas, nao s na Baha que o Brasil pode respirar o seu aroma reconfortante.

    No Rio, a Liga em favor da moralidade urna obra de juventude qual os mogos emprestam toda a sympathica vibrado das suas explendidas audacias.

    Em S. Paulo, ha dois annos apenas, um dos intel- ligentes mdicos da gerado nova escolheu para these de Doutoramento, a defeza integral dos direitos da Castidade.

    Em Pernambuco, os organisadores do prximo Congresso Medico vieram convidar-me, a mim que nao sou mdico, mas que sou Padre e que por isso lhes pareca auctorisado relator, para apresentar, numa das suas sessoes, como these de numero do Congresso, um estudo sobre a castidade prematrimonial.

    Incompatibilidade de occupa

  • [XVI ]

    Tudo isto sao consoladores symptomas de que s gratissimas surprezas e aos nobres enthusiasmos desta ardente mocidade Brasileira, correspondero os herosmos da victoria e os gozos do triumpho neste Com- bat de la Puret que o R. P. Sant nna, eminente traductor do volume suggestivo de Hoornaert, trasladou nossa lingua com a vibrante alluso de:

    GRANDE GUERRA

    Bahia, Collegio Antonio Vieira. Festa do Anjo de Pureza, Santo Estanislau Kostka, 13 de Novembro de 1923.

    P. Lutz Gonzaga, Cabral, S. J

  • AO BENEVOLO LE1TOR*o^

    Minha attitude deveria ser a de absoluto silencio, e o de facto quanto apreciago do livro do R. P.e Hoornaert.

    Nada ha mais a dizer-se, quando um P.e Ver- meersch o grande moralista da actualidade, e um P.e Luiz Gonzaga Cabral, illustrado quanto Vermeersch, dedicado amigo dos jovens como Hoornaert, analysam, pesam e nao regateam encomios ao bello livro Le combat de la Puret, a que, relevem-me a ousada,para o vernculo dei por titulo: A GRANDE GUERRA .

    Para a apresentagao do admiravel livro do P.e Hoornaert, em portuguez, nenhum com maior competencia, inteira justiga e mais elevado criterio poderia fazel-o como o R. P.e Cabral que, no Brazil, especialmente nesta legendaria Metropole do Salvador, o abnegado apostolo, o amigo sincero, o grande propulsor dos nobres enthusiasmos desta nossa bella, generosa e forte mocidade.

    Nao te ve outro intuito o meu diminuto esforgo seno o de fazer bem aos nossos jovens heres, dar-lhes o pbulo de urna leitura sadia, pura, reconfortadora e doutrinal nessa quadra difficil a de 20 annos, e de llies proporcionar armas seguras e bem escolhidas para a lucta, gloriosa e necessaria, de todos e de todo instante.

    Alimento a esperanga de que este utilissimo livro

    Hoornaert A Grande Guerra.

  • [X V III]

    seja portador de immenso bem juventude brazileira e tambem portugueza, e dar-me-ei por bem pago se meu trabalhinho fizesse com que ao menos um s jovem, perseverasse no herosmo de sua generosidade ou que um s voltasse casa paterna, arrependido e curado.

    O grande beneficio quo o livro do P.e Hoornaert vae produzindo na Blgica e Franca j se extende Italia e Hespanha, para cujas linguas foi magistral- mente traduzido.

    Esta nossa traduc$o, sem ser servil, foi quanto possivel fiel, pois no livro de Hoornaert nada ha a accrescentar-se, nada que se possa alterar ou supprimir; sobretudo um livro casto, coisa alis difficil ao tra- tar-se de tal materia.

    Se me nao desempenhei devidamente da tarefa, nao se attribua isto m vontade mas s pouca capacidade do traductor.

    Quero aqui consignar meus agradecimentos ao R. P.e Cabral pela sua generosa palavra de animado e ao velho luctdor R. P.e Martin? pela sua caridosa cooperado em rever as provas; a ambos os illustres, esforzados e incanQaveis filhos do glorioso Santo Ignacio, meu corado agradecido.

    Festa da Immaculada Conceido da Virgem Maa Senhora Nossa:

    8 de Dezembro de 1923.

    Pe. Jos Joaquim de SantAnna (Salcsiano)

  • Tendo examinado o excellente livro do Rev. P. J. Hoornaert, S. J. Le combat de la Puret, auctorisamos o Rev. P. Jos Joaquim de Sant'Anna, da nossa Socie- dade, passal-o para o vernculo.

    S. Paulo, 15 de Agosto de 1923.

    P. Pedro RotaInspector Salesiano.

    O Em. Cardeal Mercier, escrcve: Sinto immenso prazer em declarar que ueste licro tudo, a mim me parece, sabiameutc meditado, tratado com a necessaria franqueza e ao mesmo tempo com escrupulosa delicadeza; tudo nelle apparece como inspirado por um coraQo sacerdotal ardentemente sacrificado pelos jovens.

    Tal livro ha de produzir certamente muito bcm.

    O Heitor Magnifico da Universidade Catholica de Louvaina Mons. Ladenze, escreve ao Auctor: Associo-me cordialmente aos elogios que o rev. P. Vermeerseh faz do vosso livro. De absoluta sinceridade sao estes meus cumprimentos, bem como os bons votos que, formulo para que este vosso livro se,ja lido por todos os nossos jovens.

    DECLARAQOO illustre Auctor deste livro, reservando scus legtimos direitos,

    auctorisou-me esta versao para o portuguez e esta SEGUNDA EDIQAO.

    P. Jos Joaquim de SantAnna(Salesiano)

  • IMPRIMATUR.

    Bahi, IIVII25

    ^ AUGUSTUS, ARCHIEP. BAHI.

  • A GRANDE GUERRA

    Indice grai das materias:

    A MILICIA

    ALERTA 0 lNIMIGrO

    0 ATAQUE A DERROTA A VICTORIA

    O TR1UMPHO

  • A OS JOVENS I)E VINTE ANNOS !

    Para vos que eu escrevo este iivro!Possuis o precioso dom da juventude:

    sois porisso incomparavelmente ricos, e pra- za aos cos que possaes dar o devido valor a to grande thesouro!

    Vossos cora^oes batem accelerada e for- temente. Vossos olhos faiscam, e por tal forma scintillam, que muito de admirar nao hajam anda queimado os que os tem, pois irradiam to vivo e ardente calor. Vossas almas juvenis agitam-se em busca de ideaes.

    Sois to generosos!...Sois to fracos!Vossas almas so de um chrystal fragil-

    lissimo!Muito bello o chrystal irisado e sono

    ro! mas mister preserval-o dos choques!

    Ha muitos annos que eu sinto o suave trato comvosco, jovens de Poesa, de Rheto-

  • 24

    rica, de Academias, podendo assim colher vossas confidencias, estudar attentamente esta cousa attrahente sobre as demais: ocorando de un moco.

    Assim como os vedores descobrem um veio dagua subterrneo de que outros, por vezes, nem sequer tem suspeitas, assim me bastar sondar, por alguns instantes, vossas almas de vinte annos, para encontrar essa fon te que brota, burbulhando, vivo enthusi- asmo e sentimentos fidalgos.

    Creio de vos ter comprehendido.Fui testemunha de vossas luctas interio

    res, presenciei vossas noites de vertigens, vossas manhas de victorias; chorei por vossas quedas e gosei pelo vosso resurgir.

    E sempre possivel resurgir!A par dos immaculados, esto os arre-

    pendidos e as arrependidas. Admiramos S. Joo e, nao menos, S. Agostinho; encanta- nos Santa Angela, mas egual estima temos por Santa Maria Magdalena a peccadora de Magdala, de quem Christo expulsou sete demonios (1) e se tornou a filha predilecta do divino Mestre, a grande Santa do Novo Testament.^ Ha pois duas sortes de innocencias: as que nunca murcharam, e sao as mais bellas! e as que se reconquistaram (2). Estas sao anda talvez mais tocantes, porque mais hu-

    (1) Depois de resuscitar... appareceu Jess a Maria Magdalena da qual expulsra sete demonios. (Matli. 16-9.)

    (2) Estas duas especies diversas de innocencia

  • - 25

    mildes. Ao lado de um jovem que repete, com santa alegria: -Y&) cahi, encontra-se, muita vez, outro que primeiro atira-se consternado, rodo pelos remorsos, ao genuflexo- rio para se confessar, e depois, langa-se aos bragos do confessor clamando: Salvae-me! Yenho de longe! Se soubesseis!... Meu Deus! Como sao humilhantes estas quedas! Como isto vil e baixo! Mas agora j sei! Nunca mais! Reparae bem: nunca mais!

    Caro e pobre amigo! O Salvador misericordioso de nossas almas, Aquelle que co- nhece a miseravel argilla de que se acha constituida a nossa pobre natureza (1), nunca recusa, ha j vinte seculos, o perdo aos fi- lhos prdigos, que voltam das trras da es- cravido, onde se morre fome, e tornam para a morada onde encontram o festim de alegria, a tnica branca, o annel da recon- ciliago, onde lhes dado abragarem, estrei- tarem contra o seu o corago magnnimo de um pae, que tudo esquece!

    Maior a sua indulgencia do que toda a vossa fraqueza!

    Desgarrado e perdido, sentas fatalmente a tristeza! Volta.

    Generoso, has de forgosamente viver feliz. Persevera.Triumpha de teus baixos appetites. Sers recompensado pela altivez de sentir teu co-

    achavam-se presentes ao p da Cruz de Jesus: S. Joo representando a virgindade e Santa Maria Magdalena representando o arrependimento.

    (1) Cognovit figmentum nostrum . Conhece a nossa argilla. (Ps. 102).

  • 26

    ragao bater livremente e altaneiro em teu peito.

    Irs monologando: E terrivel esta luca travada comsigo mesmo, sem testemunhas do que se passa no recndito do cora

  • 27

    do vicio, nao cessemos nos tambem de apresentar novos estmulos virtude. E, como el- les, sem cessar, exploram as mesmas theses impas ou immoraes, repitamos, ns tambem sem cessar o programma ideal do Mestre: Bemaventurados os puros de cora

  • A MILICIA

    O combate grai

    O pensamento synthetico desta brochura este: A Castidade um herosmo!E o seu titulo: a Grande (hierra.

    O subtitulo ha de ser a exhorta

  • 30 -

    Sede fortes, cingi-vos de verdade, tomae a couraQa da justja, embra^ae o escudo da F, com o qual possaes aparar todos os dardos inflammados do maligno. Tomae tambem o capacete da salvaQo e a espada do espirito (Ephes. 6-13).

    ** *

    Exactamente porque encaramos esta virtu- de sob o aspecto de combate, citaremos muita vez Santo Ignacio de Loyola. O antigo Capi- to guardou sempre a alma de militar. E as- sim se resolveu a fundar um esquadrao de soldados com o nome de Companhia de Jess em que a palavra Companhia tem um significado marcial. Ideouos seus Exercicios espirituaes como urna especie de escola militar. Representa a Deus como o divino Capi- to.

    Lde a medtaQo dos Dois Estandartes , e sobretudo a contemplaQao do Reino de Christo, que aqui reproduzimos.

    PRIMEIRA PARTE

    1. PontoPorei diante dos meus olhos um rei, que a mao de Deus escolheu, e a quem todos os principes e todos os povos christaos prestam respeito e obediencia.

    2. PontoJulgarei ouvir este mesmo rei falar seus subditos e dizer-lhes; Minha vontade conquistar xodas as na

  • 31

    e com as mesmas vestes que eu. Trabalhe durante o dia, vle durante a noite commigo, para um dia compartilhar commigo, segundo a medida de seus estorbos, os loiros da victoria.

    3. PontoConsiderarei o que deveriam dizer os subditos fiis de um rei tao generoso e to bom; e como aquelle que nao accei- asse taes offertas, seria por isso digno do despreso de todos e mereca ser considerado como o mais cobarde de todos os homens.

    SEGUNDA PARTE

    A segunda parte deste exercicio nao mais que a applicaQo dos tres pontos da parabola precendente Jess Christo Nosso Se- nhor.

    E, quanto ao primeiro ponto: se o convite de um rei da trra a seus vassallos, move nossos cora

  • 32 -

    os que quizerem unir-se mais intimamente a Jess Christo e assignalar-se no servigo de seu Rei eterno e Senhor universal, nao se con- tentaro com offerecer-se a compartilhar com Elle os seus trabalhos, mas, combatendo a propria sensualidade, o amor propria carne e ao mundo, saberao offertar-lhe estas dadivas da mais alta importancia e do mais ele- vantado prego...

    ** *

    Jovens, vos comprehendeis certamente esta meditagao, porque, ao chamado do Rei Alberto I, respondestes com tanta generosidade (1)

    Deus egualmente vos chama a outro combate: ao combate da virtude. Correstes guerra para defender um Rei magnnimo e salvaguardar os direitos da Patria muito amada.

    Eram porem, um rei e urna patria terrestres! Luctastes como le5es. E entretanto o valor nao teve sempre sua recompensa! At os mais valentes, e sobretudo o mais valente, se arriscava a morrer!

    O herosmo podia permanecer occullo e at mesmo ignorado!

    E quantos combates, quantos feitos gloriososPassaram esquecidos, sendo to famosos.

    Comtudo para esta gloria humana e para esta breve recompensa, affrontastes perigos

    (1) O autor refere-se a mocidade da Blgica para a qual escreveu este livro.

  • indiziveis: as minas, os schrapnells e os gazes, a lama das trincheiras e o tiro ceifador das metralhadoras e os arames farpados.

    Resististes at ao sangue. Escrevestes urna epopa tao bella que as pedras a can- taram, ou to triste, que at as mesmas cho- raram.

    E, sendo assim, nao devereis ser tarabem corajosos para com o Rei divino e na certeza da mais completa victoria?

    Nao vos illudaes: a virtude exige urna luc- ta e de tal forma terrivel que muitos jovens que se mostraram heres naquella, a de 1914 a 1918, vem a fraquear nesta. Enecessario,s vezes, mais herosmo para as luctas interiores do que para luctar contra inimigos externos.

    ** *

    Muito mais do que aquella, dura, sem ces- sar, esta guerra!

    Foi necessario combater, por quatro annos, a grande guerra.

    E necessario combater, por toda a vida, os inimigos da Castidade.

    Sempre de sentinella alerta; sempre in praecinctu, como diziam os Romanos.

    Meu Deus! Como duro ter que, sem ces- sar, recomegar o combate, importuno por vezes, eston teador!

    At a mesma paz nao mais do que urna tregua, e deve ser urna paz armada. Si vis pacem, para bellum, O armisticio ser assignado no co!

    Por cobarda, os desertores abandonam as armas.

    3 Hoornaeut A Grande Guerra

  • 34 -

    Tu no deves imital-os.Sempre a p firme, revestido com as tuas

    armaduras, at ao dia da santa alvorada! Lu- ctar at ao fim.

    A 23 de Outubro de 1914, parta o tenente belga Carlos Perrot para o assalto aos jardins de Saint-Laurent, nas proximidades de Arras. Sentia-se tomado por ardente febre, effeito de urna bronchite aguda. Um de seus amigos interveiu, dizendo-lhe: Fica: j cum- priste, nobremente, o teu dever! Nunca se poe termo ao cumprimento do proprio dever, lhe tornou elle.

    Miles Christi!Combate, meu jovem paladino, com a tua

    brilhante espada!S leal cavalleiro.Es cavalleiro, sim, embora nao ostentes a

    cota de malhas, a cimeira e o capacete.Assim como nao o habito que faz o

    monge, assim tambem nao a couraga que faz o cavalleiro! Debaixo duma coura

  • tanto vermelho impede-nos agora fazer caso do azuj!

    Os antigos cavalleiros nao seriam hoje reconhecidos pelos nossos soldados: Leva- vam penachos brancos. Ai de nos se assim fizessemos!

    Empunhavam longa langa. Mais pratico ter un bom fuzil.

    Elles exhibiam-se em torneios, sob os olhares de suas damas. Nos nos sepultavamos as trincheiras, procuravamos as cavidades mais profundas, com medo dos avioes.

    Avioes pelos ares, toupeiras em trra; eis a verdadeira guerra!

    Elles regressavam cobertos de flores; e nos, de piolhos.

    Elles nao se separavam de seus falcoes; nos tinhamos por companheiros os ratos.

    Seus coxotes eram brilliantes; nossos cal- goes (quando nos era dado encontral-os) es- tavam cobertos de lama.

    Elles desfraldavam gloriosos gonfaloes e bandeiras brancas, recamadas de ouro; nos trocariamos toda essa pompa aparatosa pelas solidas granadas a despedirem, como presentes ao inimigo, seus estilhagos, como confei- tos de guerra!

    Assim motejam os combatentes hodiernos os antigos cavalleiros. Mas que importa a nosso caso que sejam os heres de hoje superiores aos antigos cavalleirosV O que importa, meu jovein luetador, que esco- lhas urna ou outra forma de lucta. Pouco ou nada adianta que tu luctes pela antiga ou pela moderna forma; o que sim importa que tomes parte na lucta!

  • 36

    Preferes nossos infantes aos cavalleiros? Adiante meu valente! s pois o esforzado soldado de Deus!

    ** *

    Prepara tua alma para a lucta.A castidade um estado permanente de

    guerra.Esta pelo menos parece ser a condigo

    normal e commum todos ns. Urna vez por todas, ponhamo-nos de sobreaviso contra os enunciados absolutos, que sao apenas pro- cessos de simplifieagao, nunca porm de pre- cisao. As realidades humanas nao sao talha- das, mas moduladas. As formulas invariaveis, s quadram bem s mathematicas, mas quasi nunca se adaptam s regras de moral.

    Assim que, tendo-se em conta as except e s , que acompanham quasi sempre um enunciado absoluto, sobre tudo nesta materia delicada, pde-se affirmar que: a victoria da puresa se alcanza pona de langa. Nao vim trazer a paz mas a espada, affirmava o divino Mestre.

    Pde-se applicar a muitos christaos o que S. Paulo dizia dos peccadores, anda privados das luzes do Evangelho: Sou carnal... nao fago o que quero; mas o que detesto... Nao sou eu quem opera, o peccado que em mim habita. Reconhego que o bem nao reside em mim, isto , em minha carne; o querel-o est ao meu alcance, mas nao o praticar. Pois, que nao pratico o bem que quero, mas o mal que nao quero. Ora, se pratico o que nao quero, j nao sou eu quem opera; o

  • peccado que habita em mim... Gosto da le de Deus segundo o homem interior; mas sinto em meus membros urna outra lei, que lucta contra a lei da minha razao e que me torna escravo da lei do peccado existente em meus membros. Infeliz de mim. Quem me livrar deste corpo de morte? (Rom. 7-14)

    A expressiva palavra continencia j por si designa a necessidade da lucta para con- ter as ms tendencias.

    O Padre Vermeersch escreve: A mor parte dos homens, at mesmo os de costumes puros, devem luctar contra a propensao natural luxuria. (1)

    Guibert do mesmo parecer: Na condi- Qao ordinaria das cousas... a puresa um verdadeiro triumpho. Salvo raras exceptes, sao rudes os combates que se travam no ser humano, entre a razao e o sentido... Confessardes que sois tentados vale o mesmo que dizerdes que sois homens. (2)

    Esta verdade patenteia-se sobretudo aos vinte annos.

    A puresa, meu amigo, para ti a primeira e indispensavel virtude. Primeira, nao quanto a dignidade, porque esta cabe s virtudes theologaes, cujo objecto immediato o mes-

    (1) Plerique... etiam eorum qui integris moribus praediti sunt, cum naturali propentione ad luxuriain, luctari debent. (Vermeersch Be Casi. Pg. 86)

    (2) A puresa. pg. 9.

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    mo Deus, mas uo sentido de que a puresa urna virtude, que suppoe em ti os mais rudos combates e a maxima generosidade.

    A obediencia a virtude do homem; mas a castidade a virtude do moco.

    Meu caro jovem, a frequencia e violencia da tenta?ao da carne nao devem espantar-te demasiado. Explica-se ella scientificamente pela attracgo physiologica que, normalmente, ao come

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    A vida dos santos, escripta com sinceri- dade e lhaneza, mostra-nos que tambem elles soffreram o aguilhao desta paixo. Devemos sem duvida exceptuar alguns privilegiados da graga: todava anda esta paz absoluta, que gozaram, nao foi muitas vezes senao a recompensa dalguma victoria assignalada, como, por exemplo, em Santo Thomaz de Aquino. Os outros (e falo dos Santos!...) sentiram estes duros agoites de Satanaz. Bastara citar Santo Affcnso Rodrguez, S. Jos de Cupertino, Santa Angela, Santa Ca- tharina de Senna.

    S. Pedro Damio, para extinguir os ardores do sangue, mettia-se num banho dagua gelada, (Brev. 23 de Fev). S. Bento atirava- se aos espinhaes para, pelas dores, domar os ardores da vplupia, (Brev. 21 de Margo). Provavam pois os santos que tanto as almas como os corpos esto sujeitos a urna como lei de gravitagao, a urna forte attracgao trra.

    Meditae attentamente urna emocionante pagina de S. Jeronymo: Oh! quanta vez, no deserto, nesta vasta solidao, torrada pelos raios de um sol abrazador, abrigo spero de monges, eu me senta arrastado pela ima- ginagao para os estonteadores prazeres de Roma! la sentar-me sosinho, cheio de amargura; terrivel cilicio me cruciava os membros; minha epiderme, enegrecida, assimilhava-se a de um ethiope. Lagrimas e gemidos era o meu pao quotidiano; e, quando o somno por vezes triumphava de minha resistencia, os

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    meus ossos descarnados curvavam-se para o duro chao sem encontraren! repouso. E eu, que me havia condemnado a esta priso, sem outras companhias seno as dos escorpioes e bestas fras, sentia-me transportado ao vrtice dos turbilhoes das festas romanas! Sim, o jejum me havia entorpecido os desejos e no emtanto, sentia a minha alma devorada pelo fogo da concupiscencia! Num corpo gelado, numa carne prematuramente condem- nada morte, fremiam ainda os ardores das paixoes... Passava semanas inteiras de pesada abstinencia, para domar meu corpo rebelde... Internava-me pelo deserto... Se descobria alguma cavidade no valle, algum cimo alcan- tilado, algum rochedo abrupto... l ia buscar um asylo para a minha prece, um carcere para a minha carne miseravel (1). E ousa emfim concluir: *A guerra da castidade um estado de continuo martyrio.

    ** *

    Urna primeira consequencia do que acabamos de ver que o jovem nao deve descoroQoar nem expantar-se ao sentir o' duro e cruel aguilho de taes tentagoes. Perturbase, porque nao conhece, quig, seno o seu caso pessoal, julga como urna anomala ou como um caso especial a sua vida. Se conhe- cesse a historia intima dos outros, se fosse o confidente das almas, bem comprehenderia que ser tentado o estado geral, a condigo

    (1) Ep. XXII ad Eustochium. De Virgine, N 7.

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    normal de todos. O que mais faz admirar a quem estuda os homens a semelhana fundamental dos mesmos. Um, est claro, ser mais tentado, outro menos; um ceder, outro resistir. Mas, quanto essencia, um jovem assemelha-se muitissimo a outro jovem! Um homem a outro homem, um velho a outro velho!

    Quando se entrou em annos e se pode fazer a comparao, coisa para admirar ver-se o quanto o intimo da nossa existencia , em todos, muito parecido.

    Julgamos possuir em nos incomparaveis segredos, mas por muito pouco que o cora- o dos outros se nos patenteie, ficamos espantados ao encontrar no intimo destas almas, miserias semelhantes as nossas, combinaes perfeitamente equivalentes!... Todo o corao humano j adiantado em annos, passa por phases secretas... que nao variam entre si, seno muito de leve. (1)

    Tambem por sua vez o Dr. Dejerine, no seu livro Psychonevrosos, attesta: Quer seja um principe em sciencias, ou um baro em finanas, ou herdeiro de thronos, ou um mui rude camponio, os sentimentos que agitam esses homens, sao totalmente semelhantes.

    Dahi, e seja dito de passagem, a utilidade desta ptica interna, desta explorao de todo nosso interior, chamado, exame de consciencia.

    O homem, seja elle quem fr, nota com verdade P. Bourget, tiaz em si a humanida-

    (1) Sainte-Breuve. Volupt, Pg. 133.

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    de, de sorte que conhecer bem o proprio coragao, descobrir os segredos de todos os coragoes humanos.

    O P.e de Ponlevoy escreveu na vida do P.e Ravignan: Aprender elle a conhecer os homens em seu proprio coragao!

    Notamos em segundo logar: exactamente porque a castidade suppoe o combate e o triumpho, para a Egreja Catholica muito glorioso ter sido urna grande escola de amor idealmente puro (1) e de virgindade.

    Um livro intitulado Pagaos (A* Eymieu)9 assignala este phenomeno como especifico do Christianismo.

    Roma quer possuir seis Vestaes, seis donzellas que consentissem em permanecer virgens, para guardar o fogo sagrado da deusa Vesta.

    (1) Quando os antigos falavam de amor, era como se fosse synonimo de sensualidade, e por isso que os philosopho nao tiveram para com o amor seno palavras de severidade e de desprezo. O sentimento do amor... um sentimento christo... Se no exis* tisse virgens consagradas ao Senlior, nao teria o mundo apresentado amantes como Rodrigo ou amantes como Chimnes. (M. Thamin, S. Ambroise et la societ chrt.)

    O que propriamente chamamos amor era um sentimento ignorado pelos antigos... E ainda ao Christianismo que, luctando pela pureza do coragao, chegou a langar a espiritualidade nesta tendencia que lhe era a mais refractaria (Chateaubriand, Le genie)

    Estas duas apreciages parecem-nos verdadeiras, mas sao muito absolutas.

  • Para alental-as ao sacrificio de renunciaren! ao casamento, concedeu-lhes Roma favores extraordinarios: os litores deviam inclinar o feixe de varas, quando ellas passa- sem, os cnsules ceder-lhes, respeitosamente, o passo, os juizes nao podiam discutir de- poimentos dlias, os carrascos deviam poupar os criminosos, si ellas intercedessem por elles.

    Roma concedendo previlegios to assigna- lados e declarando suas Vestaes acima da Lei, procurou entre seus 200 milhoes de subditos seis donzellas que quizessem, mediante a promessa de tao excelsos dons, permanecer virgens para conservarem o fogo sagrado. E Roma no pde encontrar seis Yestaes voluntarias em todo o Imperio !

    Viu-se ento forada a recorrer violencia e a recrutal-as fora, ameaando-as corn terriveis castigos, e sujeitando-as a urna guarda severissima.

    A virgindade conservada... sob o imperio do temor.,.!!

    Eis porem que Christo apparece. Pde tamben! Elle virgens para guardarem, c na terra, a chamma sagrada do ideal. (1)

    E as encontra.Sao actualmente uns 500 mil os sacerdo

    tes no mundo, isto , 500 mil almas que lhe juram perpetua virgindade; encontram-se ainda em todos os claustros, em milhares de

    (1) A virgindade, em si mesma, preferivel ao estado matrimonial e mais perfeita. Cf. (Math, 19-12 ; S. Paulo, 1 Cor, 7-25; Con. Trid. Sess. 24, can. 10.)

  • 44

    mosteiros, jovens e donzellas que, voluntariamente, Ihe juram perpetua castidade.

    Antes da Revolu

  • - 45

    Sim, herosmo: e de tal modo que muitos santos nao hesitam em por em parallelo o casto com o anjo, e na comparago, do a palma de gloria da victoria ao primeiro. Santo Ambrosio.no tratado sobre a Virginda- de, exclama: Os anjos vivem sem carne, os virgem triumpham da carne. mais bello conquistar a gloria anglica que tel-a recebido por natureza. O homem alcanga a virgindade pela luca e com muitos esforgos e o anjo a possue muito naturalmente. (S. Pedro Chry- sologo).

    O casto nao desee a pactuar com o vicio.Diris que tambem o anjo nao desee a

    essa baixeza? Mas onde est o herosmo de nao cahir no peccado da carne, quando se nao tem carne?

    Elles, os anjos, nao estao sujeitos as pai- xoes: e nem o canto effeminado e nem as mu- sicas mundanas e nem a bellesa das mulhe- res os podem seduzir (S. Joo Chrys).

    Ha entre o homem casto e o anjo, esta differenga: A castidade do anjo mais feliz, a do homem mais heroica. (S. Bernardo E p .2 4 )

    Todas as virtudes sao bellas, a castidade comtudo chamada por antonomasia bella virtude porquanto espiritualiza, digamos assim, os nossos corpos de barro.

    Grandemente commovedor em gentes, aos olhos do mundo, de pouco ser, ver bri- lhar nellas essa virtude anglica, que Tertuliano qualifica de: caro angelicata.

    Realiza-senellesapalavra deChristo: Sao como anjos de Deus no co. (Math. 22).

    Fra-lhes necessario emprenhar-se em mil

  • 4

    lucias, mas isto longe de ser humilhante o que lhes constitue verdadeiro mrito.

    O immaculado um triumphador, uin here.

    E o homem forte por excellencia. (1)Jovem! Poders ser athleta, ufanar-te com

    o titulo de primeiro keeper , de campio dos forwards! Se entrando noite, em casa, nao tiveres a coragem de resistir a vil pai- xao, nao passas de um cobarde, here dos sports e dos matches!

    E tu, pelo contrario, frgil crean

  • oCOMBATE DE CADA UM

    A c a b a m o s d e d i z e r : t o d o s d e v e m luctar .M as a lu c ta n a o p a r a t o d o s d a m e s m a

    m a n e ir a .A t e n t a g o , ao m e s m o te m p o , g e r a l e

    r e la t iv a .E x a m i n e m o s o s p r in c ip a e s e l e m e n t o s d e s -

    ta r e la t iv id a d e .

    1 E le m e n t o d e r e la t iv id a d e : o temperamento.

    H a in d i v i d u o s q u e s e im p r e s s io n a m m u i- to f c i lm e n t e m a s o u tr o s n a o ; u n s c o m m o - v e m -s e p o r u m d c urna p a ll ia , o u t r o s fi- ca m im p a s s i v e i s o u a p a th ic o s . M as f c i l de s e c o m p r e h e n d e r c o m o e n tr e o s d o is e x tr e m o s o p p o s t o s tem lo g a r to d a a g a m m a d o s in t e r m e d io s ; e a s s im c o m o se n a o p a s s a b r u s c a m e n te d a g r a n d e c la r id a d e , d o m e io d ia , s t r o v a s d a m e ia n o ite , a s s im e n tr e o s d o is e x t r e m o s , e n t r e si m u ito d is t in e to s . d e q iie fa l m o s , s e in te r e a la m to d a s as m o d a l id a d e s da t r a n s i d o .

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    Podis observar, desde logo, como complexo o problema!

    Nao comprehende somente dois termos: os supra-sensiveis e os infra-sensiveis, mas anda um numero incalculayel de typos medios.

    Sao tantos quantos individuos!

    2o Elemento de relatividade: as crises.

    Acabamos de ver como nem sempre um individuo se assemelha ao outro.

    Digamos mais- Nem sempre urna pessa se parece comsigo mesma! Passa por varios estados de crise; crises de edade, de depres- so physica, de tenta

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    3oElemento de relatividade: a hereditariodade.

    Julgaes ver as acgoes, erdes ouvir as palavras dos contemporneos... Eeparae que aps elles ha urna innmeravel multido... aos milhares os homens j fallecidos dao in>- pulso aos que vivem e lhes deterininam o procedimento e lhes ditam as palavras. Julr gaes caminhar por sobre as cinzas inertes dos finados; em verdade. porem, elles nos envolvem, nos opprimem, nos suffocam sob seu peso. Estao em nossos ossos, em nosso sangue, na pipa do nosso cerebro e sobre- tudo..., quando as paixSes em nos se agi- tam, escutae-lhes ento a voz: sao os mortosque falam. (de Vogiie Les morts qui par- lent)

    Cada uin de nos supporta o peso da sua heranga.

    Nosso presente est sobre-carregado com o peso do passado.

    O passado!... eramos j to velhos, quando naseemos! (1)

    Podis responder-me, perguntava um dia Napoleo I, quando se ha de iniciar a edu- cago da creanga?..., Cem anuos antes de nascer!

    E de facto a nossa constituigao physio- logica, passional, mental , para assim dizer, um terreno de alluvio, muito complexo e para cuja formago concorrem hbitos bons e mos nao s dos nossos paes, mas tambem dos nossos avs.

    (1) An. France, Le Lys rouge. Pg. 27G.4 H o o k n a e r t A Grande Guerra.

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    Porquanto nao ha simplesmente a heran- ga propriamente dita ou dependencia dos ascendentes, pae ou me, mas ha tambem o atavismo ou regresso aos typos da ascendencia.

    Nos operamos de harmona com os nossos avs. A propensao mrbida s cousas sen- suaes de um modo especial transmissivel. Nao ha duvida que o vicio, em si, nao se pde herdar, por ser o peccado um desre- gramento da nossa vontade pessoal e livre. Mas esta vontade enoontra sollicitagao no temperamento que se herdou, como o demonstra a experiencia quotidiana.

    Jovem! Tem presente o duplo aspecto, em que pode ser encarada a hereditariedade sob o qual s conjunctamenteo termo da che- gada e o ponto da partida.

    Como filho, recebeste.Como pae, transmitirs.Cuida bem na tua prxima responsabili-

    dade. O homem nao pecca s para si, senao tambem para os seus descendentes. Nao te tornes o tronco maldito de urna raga tarada. Pensa como ser terrivel para um pae observar, mais tarde, em seus filhos, symptomas de degeneragao, terriveis nevroses (1) e com a mo no peito haver de confessar: O causador deste mal, sou eu...

    (1) Os Israelitas diziam com tristeza: Nossos paescomeram as uvas anda em agrago e por isso esto os nossos dentes embotados (Ezech. 18-2)

  • Legouv descreve esta scena dolorosa em seu livro : Les pres et les enfants au X IX sicle(1). O duque de Cand, quando moo, fora estroina. Pensava que tudo houvesse terminado com a sua mocidade. Transmiftiu, po- rem, a seu filho uma enfermidade detestavel e assistiu aos progressos do mal Quem o est matando sou eu No dia em que o jovem consente a entrada do germem fatal em seu sangue, no s elle que lhe soffre as consequencias, mas tambem o seu filho e os filhos dos seus filhos.

    Oh sirn, amargo ser um filho de Ado! Mas eu conheo urna coisa ainda peior: ser alguem, por si, um Ado transmittindo tambem um peccado original aos seus descendentes... Se te sentires em risco de cahires, traze mente o principe de Cand.

    Respeita em ti o pae de amanh!Sim, respeita em ti o pae de uma gerao! Seria cruel para teu filho o haver de

    accusar o seu proprio pae como Daniel Ro- vre, o here do L immol de E. Baumann :

    Acabo com estas geraes malditas! (Pg. 193. Se a vontade no fraqueava, o temperamento de seu pae recomeava atormen- tal-o (Idem pg. 357)

    Notamos, de passagem, que o phenomeno singular de que, por vezes e at muitas vezes, a maldita heraiiQa (physica ou moral) nao

    (1) Citado por Fonssagrives, (Education de la puret).

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    directa seno cruzada; quer dizer que, o filho se assemelha me e a filha participa mais do pae; Filii matrisant, filiae patrisant. Quando em nossos collegios desojamos co- nhecer melhor um rapaz nao ao pae, mas sim me que seria mistr convidar para vir falar sala de visitas. O proverbio exacto seria: Qual pae, tal filha! qual me, talfilho!

    4o Elemento de relatividade: o estado geraldo individuo

    O desejo das cousas sensuaes influenciado pelo estado de todo o organismo. Todas as causas de enfraquecimento pdem attenu- al-o, e todas as causas de excitado pdem estimulal-o. (Dr. Fer, V indinct se,rueli.

    A actividade total influe sobre a activi- dade especial, de que aqui se trata.

    E assim que os collegiaes durante os seus concursos e os acadmicos durante a preparago para os exames, ou depois de prolongadas vigilias, se sentem mais tentados. Vivem num estado de excita. (Dr. Bergeret, Medicine, pg. 130). O facto confirmado pelo Dr. Rulot. Insp.de Hygiene em Bruxellas.

  • bricitante do paciente, e na cocainomana (1). E to grande este perigo social, boje em dia, que a lei franceza houve de intervir com rigor, em 1916, e a lei belga, por duas

    d) O Dr. Piouffle, no seu livro, Psychoses cocaniques faz notar que este effeito da cocana no directo, inas indirecto, o que provavel. porquanto a exaltao grai resolve-se nesta agitao particular e tambem porque a embriaguez provocada pela cocana suprime o pudor e releva o fundo real de vis tendencias. O vinho acta de um modo parecido. Costuma-se dizer: in vino, reritas. E semelhantemente se pode dizer: in cocana veritas!

    Na embriaguez, resultante da cocaina, apontam-se tres phases: a phase de exaltao, a delirante e a comatosa: durante este terceiro periodo depressivo operase a resoluo muscular e o sornno profundo. A cocaina nao , porem, um narctico (a nao ser que seja tomada em grande dose), mas pelo contrario um toxico eu- phoristico, empregado por aquelles que desejam sentir um estado de extase ou de arroubo em paraso artificial : sentem-se mais felizes, experimentando a impresso de serem um duplo homem.

    A morphinomania provoca urna alegra passiva, a felicidade do repouso. A cocainomana, urna alegra activa, a facilidade no movimento. Manifesta-se o prurido motor. A cocaina muito allucinogenica: allucinaoes visu- aes, allucinaoes gustativas e olfactivas, sensaes tac- teis imaginarias, productoras do phenomeno singular coceira cocainica e do ardor cutneo: allucinaoes micropsicas (tudo apparece pequeo") ou megalopsicas (tudo apparece grande.)

    Os estados de demencia ou de perturbao provocant crimes e mortes.

    O sentido genital exalta-se na mor parte desses individuos, no caso de as doses toxicas nao serem nem demasiado fortes nem muito frequentes. Dando este caso j a impotencia se manifesta e no cessa seno quando a victima se desacostuma .

    Apparece frequentemente a excitao genital na pri- meira phase dos effeitos da cocaina.

  • v e z e s , lh e p r o c u r o u p o r fre io . (M onit. b e l g e 29 N o v . 1920 e t 6 M a r s 1921) (1).

    E n t r e a s c a u s a s q u e , d ir e c ta o u in d ir e c ta m e n te , l e v a m la s c iv ia , t e m o p r im e ir o lo g a r a s q u e a c tu a m s o b r e o s y s t e m a n e r v o s o . E c o u s a e v id e n t e .

    O p r a z e r s e n s u a l d e o r ig e m n e r v o s a , e o c e n tr o g e n t i c o e s t s i tu a d o n a m e d u l la e s p in a l , n a a ltu ra d a q u a r ta v e r t e b r a lu m bar . (2)

    A c o n s e q u e n c ia lo g ic a : co m m u ita fa - c i l id a d e a e x c t a g a o n e r v o s a d i f fu s a s e c o n c r e t iz a e s e r e s o l v e em s e n s a q e s lu b r ic a s , p o r q u a n t o e s t a s s e o r ig in a m n o m e s m o s y s te m a n e r v o s o .

    P o d e r e i s a c a s o e n t r e v e r to d o s o s c o ro l - la r io s d e s te p r in c ip io , n u m te m p o e m q u e s e

    (1) Cf. La defensa sociale par le Dr. Vervack. Em varios paizes: nos Estados Unidos, Italia e Allemanha, o perigoso toxico tomou um desenvolvimento grave. Nos Estados Unidos promulgou-se urna legislao inteira- nente prohibitiva. A Allemanha a grande productora destes txicos O perigo ameaa tambem a Inglaterra: O jornal Croix de 28 de Abril de 1922 escrevia: No- ta-se que os Inglezes se deixam dominar por um vicio, que entre elles faz grandes progressos : o uso cada dia maior dos narcticos... O resultado cresceremos divorcios; havendo urna quinzena de suicidos em tres mezes apenas. Quanto Blgica, um grito de alarme foi dado pela Libre Belgique de 13 de Maio de 1922. A concluso do artigo: (Toxicomana e Toxcomanos), era: Fora que se tomem novas medidas, e que a sociedade se defenda com energa contra os miseraveis que ganham a vida vendendo... o p de morte, as drogas infernaes cansadoras d a ruina, da deshonra, da oucura, por alguns cntimos cada pacotinho.

    (2) Dr. Bourgeois, Les Lassions Antonelli, Medicina pastor alis.

  • multiplicara as causas que estonteiam e desconcertara a nossa delicada machina nervosa? Em nossos tempos a reserva enrgica est quasi sempre em deficiencia.

    Ora tanto a depresso nervosa como a exalt.a

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    fundem-se numa uniao, nao somente intima, senao tambem substancial .

    Daqui fcilmente se deduz que, geral- mente, o pleno dominio da vontade presupoe certas condigoes de sade, de equilibrio psy- chico e, era phrase moderna, um pouco rebuscada, de euphonia

    5 Elemento de relatividade: as circunstancias exteriores.

    Nao vivemos simplesmente sob a dependencia dos elementos intrnsecos, que acabamos de enumerar (temperamento, crises, here- ditariedade, saude). Grande influencia teem em nos as circunstancias exteriores, to numerosas que nos impossivel apontal-as todas, e tao variadas que nao ha confundil-as urnas s outros: roupas muito apertadas, estofos de seda, costume de conservar as maos nos bolsos, falta de aceio, causadora de pruridos, exercicios de gymnastica, s vezes, o simples cruzamento de pernas, brinquedos de mo, delicadezas das iguarias, regimen exclusivo de carne quando fra mistr alimentar-se mais de fructas e de legumes, alimentos excitantes, como lagostas, etc., comidas apimentadas, ex- cesso de caf muito forte, de vinho ou de licores sobretudo tomados noite.

    E tambem digna de nota a influencia do clima. Os habitantes dos paizes tropicaes sao mais propensos sensualidade do que os de paizes onde domina o rigor do fri. Em ge- ral, o calor um estimulante, e o fri um calmante.

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    As estatisticas apresentam-nos maior numero de crimes passionaes no vero do que no invern. A volta da primavera assignala-se por um aggravarnento dos sentimentos ero- ticos.

    Reservamos para mais tarde o capitulo as occasies e outras causas excitantes de natureza mais artificial, inventadas pela pai- xp, como so: o baile, o cinema, pinturas, etc.

    6o Elemento de relatividade: o sexo.

    Em materia de castidade, o rapaz ordinariamente mais arrastado por tentagoes violentas do que a donzella (e tem por con- seguinte occasioes de maiores mritos).

    Manifestagoes de carinho pode dar-se entre donzellas, sem o menor inconveniente, ao passo que entre jovens do occasioes a nao poucos perigos.

    Emquanto ao incitamento s paixes, pode urna mesma acgo dar lugar a urna variedade de gradagoes, para mais ou para menos, quando praticada;

    ou por donzellas;ou por mogos;ou por jovem e donzella.

    ** *

    Geralmente falando, nesta materia mais que as outras se pode, salvaguardadas sem-

  • - 58

    pre as excepes, affirmar que a paixo, sobretodo quando ella se manifesta com maior violencia antes masculina do que feminina.

    Mas no , por ventura, uma jovem, mais sensivel ao arnor?

    Sem duvida. Mas sob aspecto muito diverso: sob forma de manifestaes affectivas e delicadas, sob a forma de uma vaidade mel- liflua por se ver requestada. Observae como, ao falardes de sua bellesa, ella se cobre de rubor (perdo! de cr de rosa) pelo prazer que isto lhe causa.

    A grande tctica da mulher, toda a sua sagacidade e os seus meneios de rola garrida, no denunciam de ordinario uma paixo proprimente dicta, mas simplesmente o desejo em que cifra toda a vida e toda a ambio feminina: querer agradar. (1)

    J. Lematre, analysou adiadamente esta psychologia na La Vieillesse dHlne bella Helena... (era) adorada pelos habitantes de Argos e da Phrygia; a Europa e a Asia degladiavam-se por causa dlia. A sua gloria chegara ao seu auge. A sua bellesa enriquecer a linguagem do paiz com muitos dictos e proverbios. Desencadeara ella de facto as mais furiosas paixes sem, porem,

    (1) Militas jovens catholicas seguiriam mais fielmente as muitas recommendaQoes dos Bispos arespeito da moda, se conhecessefn as terriveis tempestades que levantam nos coraijoes dos jovens. Estando ellas pessoalmente ao abrigo das vehementes luctas internas, nao podem bastantemente aquilatar os sentimen- tos que despertam nalma dos jovens, sentimentos nao anlogos aos seus, de uma terna affehjo, mas de uma concupiscencia brutal.

  • - 59

    se sentir commovida e deixando-se levar simplesmente pelo prazer de ser to amada. Oomprazia-se sobretudo com a sua influencia dominadora.

    Mas objectaro certamente: E o que dizer de tantas quedas femininas?

    Taes casos as mais das vezes tem sua explicagio em causas extranhas a este genero de paixoes: cair a jovem no mal ou por necessidade de dinheiro, ou por incentivo de lucro ou pela cobiga de joias, para sustentar-se no luxo, ou por temor, por imprudencia, at mesmo por ingenuidade.

    Nao se pode, alem disto, negar que, tra- ctando-se de paixdes, o habito influe muito e contribue para excitar as ms inclinagoes.

    7o Elemento de relatividade: a idade .

    Este elemento , talvez, o principal: e assim mui de proposito, reservamos a este estudo o ultimo logar. A tentago nao , como se poderia imaginar, um phenomeno desconhecido do menino era mesmo da cre- ancinha. Esta inclinago existe nelle, mas geralmente em estado latente. Est dormente, e s se desperta realmente na poca de tran- sigao, que commumente chamada: a puber- dade.

    A esta gentileza de rapaz faltava o que deve completal-o para o tornar varo: as cicatrizes do combate e o signal da tentago debellada. A hora vae chegar.

    E chegar o instante em que a puresa, que para vos era a posse tranquilla de um bem, se

  • - 60

    ha de tornar urna nobre conquista de esforgos e de luctas....

    Produz-se em vos urna como perturbado parecida que se d num reino tranquillo, sbitamente alvorotado por agitagdes intestinas. Se fordes procurar vossos gozos nestes desac- cordos profundos que vos fazem ouvir vossos sentidos, at ento orgaos doceis das bellas harmonas de vossa alma... nao vereis, bem depressa em vos, senao ruina. (1)

    A puberdade, diz o Dr. Beaunis, um segundo nascer.

    Quanto ao moral: sente o adolescente mysteriosas commogoes, desejos de fantsticas aventuras. E o momento dos devaneios e do sentimentalismo, de lagrimas sem causa e de rubores sbitos. Os dardos das paixoes fazem- se sentir. A pureza deixa de ser innocencia para se tornar virtude.

    Quanto ao physico: o corpo soffre profundas modificagSes e deixa de ser o corpo de creanga e se torna um corpo de homem. Veri- fica-se assim o dito de Chateaubriand: Vae-se a dormir creanga para se despertar homem. Nesta quadra d-se urna mudanga na voz, a aparigao local do systema piloso, o despontar nos labios do bugo a que o jovem, com ares de importancia, d o nome de bigode e de que tanto se ufana e que corta de proposito para reapparecer mais basto. (Nao sentir tanto gosto nelle quando depois houver de escanhoar-se de dois em dois dias para se tornar mais apresentavel!...)

    (1 ) Em. Barbier. Allocut. de collge.

  • 61

    Os phenomenos da puberdade nao se pa- tenteiam de sbito, sno lenta e normalmente: no mogo revelam-se por volta dos quatorze annos e na menina aos doze.

    Pdem-se, porem, autecipar artificialmente intervindo certas causas, taes "orno as excitar e s do meio. O clima meridional faz a puberdade mais precoce do que o clima russo. (1)

    Os educadores bem sabem com quanta paciencia se hao de haver para com os jovens que alcangaram esta edade critica. A agitaao nervosa, que manifestam nao provem tanto de uns seres revoltados, quanto de uns doen- tinhos

    A paixo, despertada com a puberdade, cresce em violencia durante a mocidade e no primeiro periodo da edade viril; depois diminue lentamente para enfraquecer-se ou por completo se extinguir na velhice. A sua normal ascendente, e depois descendente; tal por assim dizer, o diagramma.

    Mas, observemos anda, nao se devem perder de vista as excepes, as anomalas e todos os casos que nao 6 possivel sujeital- os a urna regra geral. Assim que no seu termo pode a virilidade soffrer alguma crise. No romance consagrado a este assumpto: O demonio do meio-dia-, nos adverte P. Bourget que nao se trata do meio-dia do

    (1) Marro. La Pubert.

  • - 62

    dia, mas do meio-dia dos dias>. Nao isto difficil de comprehender.

    Na edade de que falamos apreciam-se mais as realidades sensiveis. Tornam o ho- mem menos phantasista e mais positivo, no mau sentido da palavra. A gula, por exem- plo, de ordinario, accentua-se mais com a edade; e o proprio Santo Agostinho experi- mentava esta humilhante tentao da mesa. (Cf. L. X. C. 31)

    A concluso que daqui se deduz, caro jovem, muito importante; isto , para os defeitos ou vicios, sejam elles quaes forem, mistr nao lhes adiar a emenda nem esperar pela edade madura e muito menos pela velhice.

    Nao digaes nunca: mais tarde! A experiencia nos ensina que quanto mais o homem avana em annos, menos se corrige. As probabilidades da converso (1) esto quasi sempre em razao inversa dos annos.

    Nao ha duvida que o jovem mais tentado, mas reconhece que se trata duma questo de vida ou de morte para elle; e tem mais energia vital. Nao est anda callejado no peccado, e podem at as quedas, no seu primeiro periodo, coexistirem com os escrpulos. Mas com o tempo o homem endurece-se no corpo e nos sentimentos e, enchafurda-se as sensualidades grosseiras, sem respeitos alguns, nem vergonha.

    (1) Fallimos (la converso em si, c nao das circunstancias que tornam a virtude mais difficil: decresci- mento das pnixes, etc.........

  • E-lhe mais difficil corrigir-se aos trinta annos do que aos vinte.

    E mais difficil aos quarenta do que aos trinta. E aos cincoenta annos ainda mais difficil do que aos quarenta. (1)

    Como explicar semelhante phenomeno? Pelo abuso da Graa. Com o andar dos annos, os hbitos tornam-se um sestro moral, uma operao irreflectida. O vicioso volta ao seu peccado, como um homem apatetado, embrutecido, volta ao seu alcool.

    E depois, a prostrao senil!Todo o systema de defeza se acha com-

    promettido.Num ataque no se ha de olhar s

    violencia do ataque em si, mas tambem fora da violencia. O assalto pde no ser tanto violento mas a fortaleza ceder se a cupula tiver fendida e toda arruinada.

    (1) Phenomeno anlogo se observa num assumpto diverso: o menosprezo da vida. Naturalmente p'arecia mais crivel que um jovem possuidor da reserva ainda intacta de ardor e de illusSes, houvesse de temer a morte mais do que o velho. E um engano! O jovem generoso em tudo at mesmo em acceitar a morte. Frequentemente admiramos cranlas, jovens, offere- cerem com o sorriso nos labios o sacrificio da propria vida, emquanto os velhos se afferram desesperadamente com as unlias e dentes vida. Parece um paradoxo, mas assim mesmo! As cifras acima ad- duzidas tambem aqui tem logar. A repugnancia morte aos trinta maior do que aos vinte annos; maior aos quarenta do que aos trinta: ainda maior aos cincoenta do que aos quarenta. E para alem dos cincoenta!.........

  • ALERTA! ^

    E a voz de commando dada ao soldado...!E a recommendagao do Senhor a seus

    discpulos: Vigiae! Vigiae!Alerta!

    Os mais valentes sao tao fracos!Nao somos mais santos do que David...!

    e David cahiu em peccado sensual. Nao somos tao sabios como Salomo-! e Salomao cahiu no peccado da carne.

    Nao praticamos os rigores de penitencia como um Jeronymo, no deserto- E se S. Jeronymo nao cahiu na culpa da impuresa, lembremo-nos comtudo de que sua memoria era assaltada pelas lembrangas das dangas romanas.

    Nao somos mais eloquentes do que Lu- thero-! e Luthero cahiu no peccado sensual. Estava certa noite o firmamento bello e esplendido, e elle com Catharina de Bora, por elle seduzida, comtemplava esse co immen-so, matizado por myriades de estrellas....Foientao que elle, arrancando do peito um sus

  • Fcil cousa seria infestar cidades e cidades com estes agentes activissimos do cholera, do ttano, da tuberculose!...

    E tudo isto formigava, aos milhdes, na- quelles baloes, naquelles tubos, que tinhamos as maos. Mas estavam hermticamente fechados.

    Infelizmente, para outros germens os baldes nao esto fechados...

    Estao internamente vontade para difundir systematicamente o contagio.

    Certos kiosques, certas livrarias, o que sao elles senao outros tantos laboratorios, donde livremente derivam todos os germens da de- composigao moral, familiar e social?

    Alguns jornaes noticiaram que os Alle- maes tinham, de proposito, contaminado as nossas fontes. lanzando nellas microbios de febre typhoide.

    Em quanto nao tenhamos provas formaes do facto, nao nos licito dar-lhes crdito!

    Mas o que os Allemes parece nao fize- ram contra os inimigos, estao-no cada dia praticando os corruptores para com os seus compatriotas: envenenam nao as fontes onde os labios vo beber, mas onde vao beber as nossas almas-

    E pouco nos precatamos contra esses germens, porque sao tao subtis!

    Alguem seria tentado adizer: Existem elles realmente? Eu ao menos nao os vejo!

    Tambem se nao vem os insidiosos microbios, os troponemas, os gonococos e microc- cos, ao menos, a olhos ns.

    At aqui anda nenhum apparelho de microscopa, por aperfeiQoado que seja, nos per-

  • mittiu ver os microbios do sarampo, da escarlatina, da varila. Estao espalhados, estamos infelizmente certos disto, por todas as partes...

    Precatemo-nos contra os infinitamente pequeos.

    **

    O taredo, da familia dos testacios, um insecto quasi imperceptivel, e no emtanto, por militas vezes, poz em perigo a Hollanda :per- fura como a carcoma os seus diques, os mais resistentes do mundo, e, por essas fendas alis minsculas a principio, passa a agua que vae inundar as trras- Urna cousa semelhante passa com as fendas na vida moral: alargan- do-se dia a dia, vem a arruinar tudo-

    Devemos dizer dos pequeos perigos, o que Stahl dizia dos pequeos defeitos: Os pequeos males, que se repetem, e de que nao desconfiamos, a pretexto de que nao sao mortaes, sao inimigos muito mais perigosos do que as doen

  • 68 -=

    fizerdes arrancar, o mal passar aos prximos e destes aos demais-

    O que constitue o extremo perigo dos pequeos males a sua mesma pequenez, exactamente o parecerem inoffensivos!

    E necessario prudencia!Ora verdaderamente prudente s aquel-

    le que sabe prevenir a enfermidade-Nao se procura s o nao ser candidato

    arthrite, diabetes ou o evitar as disposi-

  • mS intransigente.

    Disse eu j o bastante recommendando o ser prudente?

    Melhor seria, para empregar o termo ade- quado e a adjectivagao apropriada, aconse- lhar-te a intransigencia.

    A materia que tratamos lubrica: esta palavra muito significativa a traducgao latina lubricus, que quer dizer: escorrega- dio! Lembras-te,recordando os entretenimen- tos juvenis daquelles resvalladoiros ou pistas geladas sobre as quaes, tu, ereanga alegre, deslisavas com prazer! Nao era mais fcil nao se atirar a corrida do que parar na desoda?

    O vicio um escorregadoiro.Grava no espirito, com ponas de diaman

    te, estas verdades muito claras embora te- nhas bein poucos annos de vida- mais prudente nao provar absolutamente nada de certos fructos e de certos pbiltros do que provar um pouco- Emais natural nao dar comego obra do que deixal-a em meio.

    E mais prudente nao tomar pelo caminho da fgida do que dizer: no meio da debandada anda tempo de fazer frente ao inimigo e de recomegar o combate.

    St0 Ignacio recommendava muito instantemente, na lucta contra o demonio, o ser-se categrico ou, como dissemos, intransigentes.

  • 70

    O nosso inimigo parece-se com urna mu- lher: iraca, mas obstinada. E proprio da mulher, ao altercar com o homem, perder a coragem e fugir apenas elle se lhe oppe com animo forte e fronte erguida; se o homem, porem, comegar a acobardar-se e a temer, entao a colera, a vingan

  • - 71

    Santo Ignacio em urna das suas meditaQes, alias bem conhecida, nos convida considerado de tres grandes ruinas, consequencias de tres grandes peccados.

    Keproduzimos aqui os tres quadros do triptyco ignaciano:

    1" Quadro: Os anjos habitam o cu: sao bellos, felizes, sao os mimosos primigenios do poder creador.

    Cahem em culpa. E qual? Talvez a de se revoltar contra a Incarna^o, que lhes fra revelada, e na qual viam a Deus unido a urna natureza inferior delles: o Homem Deus.

    Intil parece o indagar qual fosse o ob- jecto especial daquelle peccado.

    O que certo ter sido essa culpa um peccado de orgulho, o nico possivel sua natureza, totalmente espiritual e anda na posse da sua integridade primitiva.

    Cahem do co, como raios, e sao precipitados nos abysmos infernaes. Lucifer ca- hindo, Satanaz...!

    Os anjos rebeldes tornaram-se demonios!E que aconteceu a estes anjos de luz pa

    ra assim se tornarem demonios e a que Jess Christo, como refere o Evangelho, d o epi- theto de immundos: Retira-te, espirito im- mundo ...?

    Commetteram um peccado mortal.Revestia-se, sem duvida, esta culpa de ex

    cepcional gravidade, pois fra commettida em plena luz, contra a luz! Mas afinal fra urna nica culpa.

    Ora, Deus nao se extralimita, como o homem que se deixa arrebatar pela colera-

  • Quando deve punir, porque existe urna verdadeira equagao entre o delicio e a pena.

    2o Qttaclro: Ado e Eva, as duas ad- miraveis flores humanas desabrocham, cheias de encanto, no paraso terreal. Compartilham toda sorte de felicidades, que tambem deve caber em heranga grande familia humana.

    Commettem, porem, um peccado mortal.Olhae para o castigo! Perdern para si

    e para seus descendentes todos os dons so- brenaturaes e preternaturaes que o Senhor, gratuitamente, Ibes outorgra (1).

    O Paraso terrestre tornou-se-lhes o valle de prantos

    Fazei. pela mente, a addigo de todos es- ses milhoes de prantos, durante o correr dos seculos que se passaram-

    Desde o dia da culpa, brotaram no antigo Paraso tres grandes rios, que hao de banhar para sempre a trra: o rio pallido das lagrimas, o rio turvo de lama, o rio vermelho de sangue-

    Jess Christo instituir para santificar o homem, os sete Sacramentos, como sete ma- nanciaes de grasa, oppondo assim os sete rios limpidissimos aos tres rios de prantos, de vergonhas e de crimes-

    (l,i Po V, Gregorio XIII e Urbano VIII condemnaram a 55a das 79 proposites de Baio: Deus nao feria podido crear o homem, do principio, tai como elle hoje nas- ce . O Concibo Tridentino (Sess. VI, c 1) declara que, eom o peccado original, o livre arbitrio nao fra sup- primido, comquanto debilitado e inclinado ao mal pela tenta

  • Aps a queda, foi pronunciada esta sen- tena contra Eva:

    Dars luz na dor---E desde ento todo o nascimento se torna

    penoso: nao s o de me, mas tambem o do trabalhador, o do artista e o do genio. Quem produzir algo sobre a trra, seja quem fr, ou o homem do trabalho, ou sabio ou sacerdote, est sujeito lei: Dars luz na dor

    A. morte, a terrivel morte, entra no sce- nario do mundo. O homem peccador, diz, sor- rindo : O peccado mortal, nao mata ninguem

    Nao mata? E todava a morte s veio por causa delle.

    A morte o estipendio do peccado (Rom- 6-23).

    E tu, ou queiras ou nao, has de morrer por causa deste peccado de Adao e Eva-

    Oahem, ceifados pela mo da morte, 140 mil victimas ao dia! 97 por minuto! Esta culpa pois punida 140 mil vezes ao dia!

    Quantos infelizes esto agonisando neste mesmo instante!

    Nossa vez chegar tambem. Repitamos pois o que acima dissemos:um peccado mortal fra commettido; peccado muito grave, mas um nico. E o castigo d Aquelle que sao Paulo appellida o Justo Juiz, Justus Judex, nao pode exceder a real gravidade da culpa.

    3o Quadro:Vm homem que afinal vivera at ento dignamente, commette um peccado mortal; um peccado mortal, e por tanto nao commettido como por surpresa, semicon- sciente e semi-involuntariamente, mas practicado com plena deliberado e com revolta.

    Este homem se morresse, sem se ter antes

  • - 74

    reconciliado com Deus, seria precipitado no inferno. E comtudo, repitamol-o anda outra vez, nao se trata aqu de cem peccados mor- taes, nem de dois, mas de um apenas. E a justiga de Deus perfeita.

    Dada a hypothese de urna tal morte, a que se refere S. Ignacio, a concluso rigorosamente theologica.

    Mas ter-se- realisado de facto muitas vezes?

    Sao segredos de Deus-Nao podemos ter certeza de que um ho-

    mem seja condemnado, ainda que pareja mor- rer no acto mesmo de peccar. E com effeito, ainda at hoje se nao pode descobrir um criterio de obsoluta certeza da morte de um individuo, salvo o acto de decomposigo que sobrevem, relativamente, tarde.

    La-se entre outras obras, a morte ap- parente e a morte real do P. Ferrres, ou a Deontologia medica do P.e Salsmans pro- fessor de theologia moral em Louvaina, Se o homem pode nao morrer senao meia hora mais tarde, do que vulgarmente se julga, (por ex- emplo, depois de urna lenta consumigao) ou mesmo duas e mais horas depois (no caso de um accidente qualquer que encontra ainda intacta a energa vital), nao poderia neste intervallo de sobrevivencia, fazer um acto de contrigao perfeita, e assim render-se s mcgoes misericordiosas e ultimas da graga? (1)

    (1) Seria evidentemente urna rematada loucura adiar a sua converso para aquella occasiao. Esta sobrevivencia nao , primeiramente, senao provavel. E est muito claro que a theoria do probabilismo nao tem

  • Eu nao vos saberia provar que isto muito eerto. Mas tambera ninguem me pode- r provar o contrario.

    Nao temos, pois, certeza da condemnago de pessoa alguma, excepto relativamente a Judas. (1)

    S. Ignacio termina a sua meditago com um colloquio ao Senhor na Cruz.

    Hornera que fallas tao levianamente do peccado, repara no que fez o peccado. Matou o Hornera -Deus.

    Ante o cadver de Christo, nao acabars emfirn por abrir os olhos?

    Tem a este proposito applicagao as palavras de Tcito, fallando do matricida ero: Perfecto demum acelere, magniido ejus intellecta est. S depois de consumada a maldade que elle comprehendeu todo o horror do crime.

    Considerada a enorme malicia da culpa mortal, j agora a alma se sente disposta para ouvir a palavra do Mestre:

    aqu cabimento; pois nao se trata de urna questo de tacto. D-se ou nao se d este tacto? Toda a verose- melhanga cede ante a verdade do contrario, e toda a duvida ante a certeza. E suppondo mesmo que o lio- mem esteja ainda vivo, nao se acha elle em estado comatoso, inconsciente? Poderemos ns, pois, rasoa- velmente adiar um negocio tao momentoso para urna occasiao tao desfavoravel e at incerta? Procederamos ns por tal forma se se tratasse de um testamento... ou de algum interesse digno dos nossos cuidados?....

    (1) Talvez nao encontremos urna evidencia clara e convincente no que os Evangelhos dizem de Judas. Mas estes textos vistos luz da tradi^o e interpretados pelos Santos Padres nao do logar duvida.

  • - 76

    Se teu olho direito para ti causa de escndalo, arranca-o e atira-o para longe de ti! Porque melhor para ti perder um dos teus orgaos do que todo o teu corpo inteiro, ser langado Gehenna. E se tua mao direita para ti occasio de peccado, corta-a, langa-a para longe de ti: pois para ti preferivel o perder um s dos teus membros do que ser todo o teu corpo condemnado Gehenna, (Math. V-29).

    Talvez alguem seja tentado a exclamar: Mestre, duro este modo de falar; Durus est hic xermo:

    Atiladamente procedem, porem, todos os dias, homens e mulheres, quando, para con- servarem a vida, de bom grado se sujeitam a mutilagoes cirurgicas.

    Que de vezes no hospital de sangue, iris- tallado em nosso Collegio de Namur, ao re- bentar a guerra, eu mesmo assisti a este dialogo, entre o medico e o soldado: Ouve:como s homem, vou falar-te francamente. A gangrena manifestou-se; a nao se fazer a amputagao da tua perna ou do p, o caso de mort certa! E elle, o pobre soldado, pal- lido e trmulo, responda: Ah! Doutor,a sen- tenga dura mas, se questao de vida ou de morte, est bem, podis cortar!

    Obedeca a um principio de bom senso elementarissimo: sacrifica-se a parte para salvar o todo, a integridade dos membros para salvar a vida- Que se vao os anneis, mas fiquem os dedos, diz o nosso povo. Muito bem o comprehendem os mundanos, quando se trata da vida do corpo; e porque se nao ha de applicar o mesmo principio eonservago

  • da vida da alma? Digamos portanto com S. Agostinho: Hicure, hic seca, dummodo in (eter- mim parcas! Senhor, divino cirurgiao de nossas almas, cauterisae as nossas ehagas, cortae ao vivo, comtanto que nos poupeis na vida eterna.

    Em resumo: claro que as palavras do Senhor: arranca teu olho, corta tua mo, nao mais do que urna bella allegoria. Nem Elle nem a Egreja preceituaram a operagao de se extrahir um olho ou de cortar um pe-

    Sao expressoes metaphoricas- que expri- mem bellamente este conceito: soffre tudo, acceita tudo, ainda mesmo que se desse o cas, extraordinario, da mutila

  • 78

    desgrasado immortal-! Deus deixaria de ser infinitamente bom, ou melhor nao seria justo, se condemnasse a tal supplicio aquelle que lhe pudesse observar: Mas eu nao consent na culpa plenamente, ou nao consent deliberadamente- .

    Nao, Deus nao toma tragoeiramente o homem, nem como umtyranno, quetriumpha sobre ns surprehendendo-nos na pratica de algum acto semi-consciente, para nos punir eternamente!

    O conhecimento do peccado mortal nao se obtem pela addigo ou durago-

    a) Nao encerra a idea de addigo ou de multiplicago- Por outras palavras, nao se va imaginar que peccados veniaes successiva- mente addicionados a outros, cheguem afinal a um total que constitua peccado mortal. Mil peccados veniaes nao formarao nunca um peccado mortal, pois estes conceitos de venial e de mortal sao analgicos e por isso irreductiveis- Em linguagem familiar diz-se: cem peras nao fazem urna laranja.

    i) Nem na ideia de peccado entra a de maior ou menor tempo-

    Um peccado de vaidade ou de preguiga pode prolongar-se durante semanas e annos, sem passar de culpa venial- Um peccado de blasphemia durar um s instante e no em- tanto, sendo bem consciente, culpa grave.

    Os mais nefandos crimes commettem-se por vezes, rpidamente. Pouco tempo se quer para se puxar o gatilho de urna espingarda ou para se atirar urna bomba.

  • 79

    E do mesmo modo poder um peccado de pensamento ou de desejo realizar-se numa fracgao de minuto. E todavia forzoso que o homem durante esta parcella de tempo, por curta que seja, esteja na posse de sua plena personalidade e a condense, to intensamente, que no acto peccaminoso intervenha a pleni- tude da deliberado e a do consentimento.

    O peccado mortal, pois, nao diz relado sorama ou duragao, mas somente gravidade.

    Consiste na averso a Deus aversio Dei; ou seja voltar as costas a Deus; em conscientemente realisar o que se poderia chamar: o rompimento com Deus.

    To profunda a perturbado produzida em nos por esta revolta e por esta insurreido contra Deus que, podemos chamal-a o bols- chevismo, na ordem moral.

    Desta nossa definido de peccado mortal se deduzem algumas regras, muito importantes, porque tem applicado nao s aos pec- cados de impureza, mas, em geral, a todo e qualquer peccado..

    1 Principio

    Os escrupulosos devem viver tranquillos. Enganam-se e fazem a Deus injuria se imaginam que a vida christ um terreno minado, em que a gente se afunda, sem se dar pelo perigo, urna como matta escura, semea- da de armadilhas e de ratoeiras para feras-

    Nao! Nao! Deus nao embusteiro e enganador.

    Nao se commette peccado mortal, sem

  • SO -

    que se saiba e perfeitamente se saiba, sem que se queira e resolutamente se queira.

    Tenho, dizeis vos, pavor de commetter um peccado mortal!

    E nao sabis que o que mais vos deve tranquillizar exactamente este temor? O tacto de se temer grandemente urna cousa, prova de se nao desejar tal cousa!

    Santo Ignacio, a quem Leo Daudet re- centemente appellidava, O rei dos psycho- logos... O principe dos psychologos, (Daudet Les oeuvres dans les homtnes), Santo Ignacio, repito, as suas Regras para o conhecimento e discernimento dos escrpulos julga que o tormento dos escrpulos por algum tempo utilissimo alma... pois a ajuda efficazmen- te a tornal-a mais simples e mais pura, desviando-a internamente mesmo da apparencia do peccado, conforme diz S. Gregorio: E pro- prio de almas santas ver faltas mesmo onde as nao ha: Bnarum mentium esf, ibi culpam agnoscere ubi culpa milla est (1),

    O inimigo (Satanaz) repara attentamen- te se a alma pouco escrupulosa ou se timorata. Se timorata, esfor

  • 81

    no pode fazel-a eahir, nein se quer na ap- parencia de falta, envidar todos os esfor- os para fazer-lhe crer que ha peccado onde realmente no ha peccado algum.

    Se pelo contrario a alma pouco escrupulosa, far o inimigo todo o possivel por tornal-a anda menos escrupulosa. Por exem- plo: se at ento no fazia caso algum de peccados veniaes, procurar que tambem a- a pouco caso de peccados mortaes, e se ella no fazia algum caso dos peccados mortaes, empenhar-se- em que ella faa anda menos caso ou os despreze por completo.

    A alma, que deseja progredir na vida espiritual, deve tomar sempre um caminho contrario ao do inimigo. Se elle procura que ella tenha pouca delicadeza de consciencia, ella ha de esforar-se por tornar-se cada vez mais delicada e timorata: mas se o inimigo quizer tornal-a excessivamente timorata, para a levar aos extremos, ella ha de empe- nhar-se em consolidar-se num meio prudente para nelle encontrar o seu completo repouso.

    Santo Ignacio d-nos anda outras normas preciosas nas Regras para o discerni- mento dos espiritas : Nas pessas, que lu- ctam corajosamente por se purificarem de seus peccados e que vo, de bem a melhor, no servio de Deus Nosso Senhor... proprio do mu espirito provocar nellas a tristeza e tormentos da consciencia, oppor-lhes obstculos e perturbal-as com razoes enganosas, para impedir-lhes o progresso no caminho da vir- tude; e pelo contrario proprio do bom espirito dar-lhes eoragem, foras e consolal-as... conservar-lhes a tranquillidade, facilitar-lhes6 H oornaert A Grande Guerra.

  • - 82 -

    o caminho para que, vencidos todos os obstculos, progridam no caminho do bem.

    E muito proprio de Deus e dos seus An- jos, quando actuam numa alma banir della a perturbado e a tristeza, que o inimigo nel- la tenta introduzir, e infundir nella a verda- deira alegra e a consolado espiritual. E o inimigo pelo contrario tenta combater esta alegra e consolado interior com razoes ap- parentes, subtilezas e illuses.

    O anjo bom costuma tocar branda, ligei- ra e suavemente a alma dos que vao progre- dindo em virtudes: opera, por assim dizer, com a suavidade com que urna gotta dagua vae penetrando numa esponja.

    O anjo mu, pelo contrario, a toca dura- ramente, com barulho e agitado, semelhan- qa da agua cahindo em dura rocha.

    Obedeza cegamentea alma, demasiado timorata, ao seu confessor, assim o pedem tanto a sabedoria humana como a humildade christa.

    Considero como perigo muito subtil esses escrpulos que fazem considerar a vida christa, como um fardo to insupportavel, do qual s se procura desembarazarse delle: de modo que o rigorismo termina, por vezes, em laxismo.

    O escrupuloso deve tomar a firme resolu- d o de nao ma>s estar em cuidados com as coisas j accusadas em confisso, excepto no caso (quasi s theorico para elle de ter al- gum peccado certamente mortal e certamente anda nao confessado).

    Atire confiado as suas pusilanimidades misericordia de Deus e persuada-se do que nada tem que temer, porquanto at as mesmas culpas mortaes, esquecidas em confisso, ou

  • sem malicia caladas, Ihe sao indirecta mas realmente perdoadas-

    Ter que recordal-as na confissao seguin- te? Sim, se verificassem a dupla certesa de que acima talamos; o que, porem, para o escrupuloso, raramente acontece-

    2 Principio

    Ser possivel cahir-se em peccado grave durante o somno, por sonhos ou outras quaes- quer impressoes?

    Nem gravemente nem levemente, pois um contrasenso o maginar-se que se d con- sentimento emquanto se est dormindo- O somno , numa pessoa, incompativel com o seu consentimento-

    E durante a semi-vigilia? por exemplo, pela manh e noite, no estado indeciso entre o de consciencia e o de somno?

    O problema mais delicado-A inconsciencia lentamente progressiva:

    at que gru chegou ella j? Avantaja-se ella ao estado consciente ou subsiste este anda, ao menos substancialmente? Se realmente ha j semi-vigilia, j nao subsiste senao urna semi-consciencia e, ento j se pde commetter peccado venial, nunca porem, mortal, que por defini

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    Se o jovem, durante a noite, sentisse cer- tos phenomenos caractersticos (1), como ha de haver-se? Emquanto nao despertar, nao tem a questao de moralidade cabimento algum, por se tratar de um phenomeno, que se deu durante o somno. Evite todava, emquanto est despert, dar causa voluntaria a pertur- bagoes, como sao: leituras, desejos voluntarios, relagoes perigosas, etc-

    Quando, porem, estiver despert? Neste caso, nao deve evidentemente consentir nem provocar o phenomeno, inconscientemente comeQando- E, se realmente nao houver pe- rigo prximo de consentimento, est elle obrigado a mudar de posjo, alis conveniente, ou a levantar-se? Nao. Mas mostrara maior somma de generosidade se o fizesse, e mistr recommendar-lho muito, sobre- tudo quando nao baja inconveniente ou possa ainda assim imped ir o resultado previsto-

    3 Principio

    Acontece que alguns, sendo ainda muito cranlas praticaram certos actos contrarios pureza- S mais tarde, ao ouvirem um sermao

    (1) A frequencia de taes phenomenos, muito diversa, pode oscilar entre urna vez por semana e urna vez por trimestre. Este numero varia segundo os individuos, o clima, o regimen. E repete-se desde urna vez por semana at urna vez cada dois ou tres meses; nestes limites, estes phenomenos iterados, sao compativeis com a bom estado de saude (Dr. James Paget)

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    ou durante um retiro, se capacitam da acgao commettida na infancia, e dizem comsigo: Mas o que eu ento pratiquei era coisa gravemente prohibida! Terao elles cahido em peccado mortal? Nao. Pecca-se s quando ha consciencia da acgao praticada.

    Se presentemente elles reconhecerem o carcter de culpabilidade da acgao, outrora praticada e a approvarem, assumem, neste caso, a responsabilidade do acto, pois que nelle se realizaria a gravidade objectiva junctamente com a malicia subjectiva. Mas trata-se de urna acgao outrora commettida. Ora naquella epocha, por hypothese, ignora- va-se que o objecto da culpa fosse, em si, peccado mortal. Nao foi o peccado portanto perpetrado. A nao ser, est claro, que esta ignorancia fosse voluntariamente admittida, nao teria havido senao a gravidade material do peccado e de modo algum o elemento moral de responsabilidade, necessario ao constitutivo do crime.

    Se persistissem duvidas na consciencia bem fundadas, por ter havido algum conhe- cimento da malicia de taes acgoes, seria til confessal-as-

    Praticamente s se sente o jovem, neste e noutros casos parecidos, alliviado e tranquillo depois de se ter confessado.

    4 Principio

    Commetti, dizem porvezes, um crime de impuresa, mas nao ti ve intengo algum a de aggravar a Deus.

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    Esta intengao explcita de aggravo a Deus muito rara, e s se nota em casos de con- summada malicia- Basta, porm, para constituir culpa grave, a inteu

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    j 5 PrincipioA responsabilidade causal.

    (Pode acontecer que um homem nao seja reponsavel de culpa no momento em que, materialmente, commette a ac

  • s,s I

    Mas essa especie de loucura j vos a tinheis previsto: a experiencia vol-a tinha j demasiadamente demonstrado. E no em- tanto, vos sem motivo vos expusestes occa- siao. Peccastes, pelo menos, entao: ao nri- meiro olhar, se nao foi mais nos que seguir) primeira pagina daquelle romance, se nljo mais as outras.

    Nao vos seri j possivel parar no de penhadeiro; mas ereis muito senhor de vc|s mesmos, antes de entrardes no resvaladi

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    Conhecedor que toda acgo o termo lgico de urna ida ou pensamento, nao s se contentou com cortar a planta venenosa, mas levou o machado raz, para extirpal-a, por completo, do coragao humano.

    Ouvistes que foi dito aos antigos: Nao commetters adulterio. E eu vos digo, que todo aquelle que olhar, com desejos mos, para urna mulher, j commetteu adulterio em seu coragao. (Math. 5-27).

    Importa em nossos pensamentos considerar nao s nos seus eomegos, mas tambem seguir-lhes o processo, porque eomegando innocentes, podem desviar e corromper-se.

    E proprio do anjo mo, quando se mascra em anjo de luz, penetrar de mansi- nho nos sentimentos de urna alma piedosa e acabar depois por substituil-os pelos delle.

    E assim comegar por suggerir nesta alma pensamentos bons e santos, conformes com as suas disposiges virtuosas: mas depois, pouco a pouco, comega a armar-lhe riladas, procurando fazel-a consentir em seus mos designios. Devemos, pois, examinar com grande cuidado a marcha de nossos pensamentos. Se o comego, o meio e o fim, tudo afinal, nelles bom e puramente encaminha- do para o bem, signal que procedem do anjo bom. (Santo Ignacio).

    Quaes sao os principios de responsabi- lidade as tentages dos mos pensamentos?

    Trez pdem ser as attitudes moraes pos- siveis:

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    a) Resistir positivamente.b) Consentir positivamente.c) Guardar urna attitude intermedia, isto

    , a de nao combater, mas tambem de nao ceder.

    Examinemos estas trez hypotlieses, come- Qando pela ultima.

    3a HYPOTHESETheoricamente b