a formação do sacro império e imperio romano

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A Formação do Sacro Império Brasão do Sacro Império Romano – Germânico Dá-se o nome de Sacro Império à união de alguns territórios da Europa Central durante o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. No ano de 476 d.C. o Império Romano passou por diversos embates que, consequentemente, ocasionaram a sua derrubada final. Além do declínio econômico motivado pela grande inflação promovida pelos imperadores durante a crise do terceiro século e o declínio cultural gerado após a

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Page 1: A Formação do Sacro Império e Imperio ROmano

A Formação do Sacro Império

Brasão do Sacro Império Romano – Germânico

Dá-se o nome de Sacro Império à união de alguns territórios da Europa Central durante o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

No ano de 476 d.C. o Império Romano passou por diversos embates que, consequentemente, ocasionaram a sua derrubada final. Além do declínio econômico motivado pela grande inflação promovida pelos imperadores durante a crise do terceiro século e o declínio cultural gerado após a naturalização dos bárbaros, Roma ainda foi invadida pelos hérulos, povos germânicos originários do sul da Escandinávia. O Estado resolveu intervir criando o cesaropapismo, sistema de relações em que lhe cabia a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã. O fim do Império Romano pôs fim no controle da igreja pelo Estado, no Ocidente, que havia se fortalecido com o tempo.

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Em 919 d.C. a Germânia foi invadida pelos bárbaros húngaros. Os germânicos pediram ajuda aos carolíngios, mas não obtiveram êxito. Em 936 d. C. Oton I foi nomeado imperador. Junto com os grandes proprietários de terra conseguiu expulsar os invasores. Sua vitória sobre os húngaros trouxe-lhe enorme prestígio e, em 962, o papa João XII deu-lhe a sagração imperial. Com o intuito de evitar novas invasões, os germânicos do sul se uniram com os italianos do norte. Os germânicos do norte invadiram o sul da Germânia e o norte da Itália, formando o Sacro Império Romano-Germânico. Apesar do nome, a cidade de Roma não foi incluída nas cidades dominadas durante o Império. 

Por Demercino JúniorGraduado em HistóriaEquipe Brasil Escola

Baixo Império

Essa fase foi marcada por crises em diferentes setores da vida romana, que contribuíram para pôr fim ao grande império.

Uma das principais crises diz respeito à produção agrícola. Por séculos, os escravos foram a principal mão de obra nas grandes propriedades rurais. Entretanto, com a diminuição das guerras, o reabastecimento de escravos começou a ficar difícil.

Além disso, com o passar do tempo, os romanos tornaram-se menos hostis  aos povos conquistados, estendendo a eles, inclusive, parte de seus direitos. Ou seja, os povos dominados deixaram de ser escravizados.

Essas circunstâncias colaboraram para transformar a produção no campo. Por causa dos custos, muitos latifúndios começaram a ser divididos em pequenas propriedades. Nelas, o trabalho escravo já não era mais tão importante.

Nessa época, os lucros com a produção agrícola eram baixos.

O lugar dos escravos passou a ser ocupado, aos poucos, por camponeses, que arrendavam a terra em troca da prestação de serviços nas terras do proprietário. Havia também os colonos que, sem poder abandonar a terra, não tinham direito à liberdade, pois estavam ligados a ela por lei e por fortes laços pessoais.

O centro de produção rural era conhecido como Villa. Protegido por cercas e fossos, era habitado pelos donos das terras e todos aqueles que dela dependiam.

Ao mesmo tempo em que a vida no campo se transformava, um grande número de pessoas começou a deixar as cidades em direção ao campo, provocando a diminuição do comércio e da produção artesanal. Para uma população empobrecida, as cidades já não representavam mais uma alternativa de vida.

Arrecadando menos impostos pela diminuição das atividades produtivas, o governo romano começou a enfraquecer e as enormes fronteiras já não tinham como ser vigiadas contra a invasão de povos inimigos.

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Detalhe de um monumento (arco) erguido pelo imperador Constantino. Nele está retratada a ação dos exércitos romanos nas fronteiras do império contra povos inimigos.

Eles tomam de assalto as muralhas de uma cidade.

Divisão do Império

Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: Império Romano do ocidente, com capital em Roma; e  Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla. Com essa medida, acreditava que fortaleceria o império. Achava, por exemplo, que seria mais fácil proteger as fronteiras contra ataques de povos invasores. Os romanos chamavam esses povos de bárbaros, por terem costumes diferentes dos seus.

A divisão estabelecida por Teodósio não surtiu o efeito esperado. Diversos povos passaram a ocupar o território romano. Em 476, os hérulos, povo de origem germânica, invadiram Roma e, comandados por Odoacro, depuseram o imperador Rômulo Augústulo.

Costuma-se afirmar que esse acontecimento marca a desagregação do Império Romano. Na verdade, isso refere-se ao Império Romano do Ocidente , pois  a parte oriental ainda sobreviveu até o século XV.

Embora as invasões de povos inimigos tenham papel decisivo no fim do Império Romano do Ocidente, outras circunstâncias  também foram determinantes, tais como:

elevados gastos com a estrutura administrativa e militar; perda do controle sobre diversas regiões devido ao tamanho do império;

aumento dos impostos dos cidadãos e dos tributos dos vencidos;

corrupção política;

crise no fornecimento de escravos com o fim das guerras de expansão;

continuidade das lutas civis entre patrícios e plebeus;

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a difusão do cristianismo.

 

O fim do poderio romano constituiu um longo processo, que durou centenas de anos. A partir daí, começou a se formar uma nova organização social, política e econômica, o sistema feudal, que predominou na Europa ocidental até o século XV.

 

Como vivia o povo romano na Antiguidade

Para o povo romano a vida urbana era um padrão a ser seguido até mesmo pelos camponeses que visitavam Roma ocasionalmente.

Além de centro político, administrativo, econômico e cultural, a cidade de Roma foi palco de inúmeras diversões populares como teatro, as corridas de biga, os jogos de dados e as lutas de gladiadores, uma paixão nacional.

As habitações da maioria dos romanos eram simples. A população mais pobre vivia em pequenos apartamentos, em edifícios de até seis andares, que apresentavam riscos de desabamento e incêndio. Apenas uma minoria vivia em casas amplas e confortáveis, com água canalizada, rede de esgoto, iluminação por candelabros, sala de banhos e luxuosa decoração interior.

História do Império RomanoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Animação ilustrando a evolução territorial do Império Romano.

República romana

Império romano

Império Ocidental

Império Oriental

Herdando territórios do Império Bizantino

A história do Império Romano se estende por 16 séculos e inclui várias etapas na evolução do Estado romano. Abrange o período do antigo Império Romano, o período em que foi dividido em duas metades ocidental e oriental, e da história do Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, que continuou durante a Idade Média e ao início da Era Moderna.

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Índice 1 Fundação de Roma 2 Monarquia (753 a.C a 509 a.C)

3 República (509 a.C a 27 a.C.)

4 Império

o 4.1 O reinado de Augusto

o 4.2 Júlio-Claudianos

o 4.3 Flavianos

o 4.4 Antoninos: Cinco bons imperadores

o 4.5 A crise do século terceiro (193 - 285)

4.5.1 Fim da era dourada

4.5.2 Os Severos

4.5.3 Anarquia militar: os imperadores-soldados (235 - 285)

4.5.3.1 Usurpadores e derrotas (244 - 253)

4.5.3.2 Valeriano e Galiano

4.5.3.3 Recuperação e estabilização (268 - 285)

o 4.6 Tetrarquia

o 4.7 O império cristão

o 4.8 Divisão e fim

4.8.1 Constantinopla

4.8.2 Teodósio e o fim do império único

o 4.9 Declínio e queda do Império Romano do Ocidente (395–476)

5 Referências

Fundação de RomaVer artigo principal: Fundação de Roma e Rômulo e Remo

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Lupa Capitolina que, segundo a lenda, teria amamentado Rômulo e Remo.

Descobertas arqueológicas indicam que a área de Roma já era habitada em 1400 a.C..

Os antigos povos que habitavam a região do Lácio, nas proximidades de Roma, desenvolveram uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios (nobres proprietários de terras) e plebeus (comerciantes, artesãos e pequenos proprietários). O sistema político era a monarquia: a cidade era governada por um rei, originalmente de origem latina, porém os últimos reis do período monárquico foram de origem etrusca.

Os romanos deste período eram politeístas, venerando deuses semelhantes aos dos gregos (embora com nomes diferentes). Os gregos também influenciavam, juntamente com os etruscos, as primeiras formas de arte realizadas pelos romanos deste período.

Conforme a versão lendária da fundação de Roma, relatada em diversas obras literárias romanas, tais como a Ab Urbe condita libri [1] (literalmente, "desde a fundação da Cidade"), de Tito Lívio, e a Eneida, do poeta Virgílio, Eneias, príncipe troiano filho de Vénus, fugindo de sua cidade, destruída pelos gregos, chegou ao Lácio e se casou com uma filha de um rei latino.

Seus descendentes, Rómulo e Remo, filhos de Reia Sílvia, rainha da cidade de Alba Longa, com o deus Marte, foram jogados por Amúlio, rei da cidade, no rio Tibre. Mas foram salvos por uma loba que os amamentou, tendo sido, em seguida, encontrados por camponeses. Conta ainda a lenda que, quando adultos, os dois irmãos voltaram a Alba Longa, depuseram Amúlio e em seguida fundaram Roma, em 753 a.C.. A data tradicional da fundação (21 de abril de 753 a.C.[2]) foi convencionada bem mais tarde por Públio Terêncio Varrão, atribuindo uma duração de 35 anos a cada uma das sete gerações correspondentes aos sete mitológicos reis. Segundo a lenda, Rômulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de Roma.

Monarquia (753 a.C a 509 a.C)Ver artigo principal: Reino de Roma

A realeza ou monarquia romana é a expressão utilizada para definir o Estado romano desde a sua fundação à queda da monarquia em 509 a.C., quando o último rei, Tarquínio, o Soberbo (último dos reis Tarquínios), foi expulso, instaurando-se a República Romana.[3] A documentação desse período é precária, e até mesmo o nome

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dos reis são desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de Virgílio ("Eneida") e Tito Lívio ("História de Roma").

Mais amplo da história do Império Romano se estende por 16 séculos e inclui várias etapas na evolução do estado romano. Abrange o período do antigo Império Romano, o período em que foi dividido em duas metades ocidental e oriental, e da história do Romano do Oriente ou Império Bizantino, que continuou durante a Idade Média e ao início da Idade Moderna.

República (509 a.C a 27 a.C.)Ver artigo principal: República Romana

República Romana (do latim res publica, "coisa pública") é a expressão utilizada por convenção para definir o Estado romano e suas províncias desde o fim do Reino de Roma em 509 a.C. (quando o último rei foi deposto) ao estabelecimento do Império Romano em 27 a.C..

Império

O império surgiu como consequência do esforço da defesa da cidade em relação às outras cidades vizinhas, e da expansão crescente de Roma durante os séculos III e II a.C.. Segundo alguns historiadores, a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões em 250 a.C. para 60 milhões em 30 a.C., o que ilustra como Roma teve o seu poder ampliado nesse período, de 1,5% da população mundial, para 25%.

Nos últimos anos do século II a.C., Caio Mário transformou o exército romano num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião era declarada ao general que a liderava e não à sua pátria. Este facto, combinado com as numerosas guerras que Roma travou nos finais da República (invasão dos Cimbros e Teutões, Guerras Mitridáticas, entre outras, a culminar nas guerra civil do tempo de Júlio César e Augusto) favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares (Lúcio Cornélio Sulla, Pompeu, Júlio César), que, apercebendo-se da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.

As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Sulla quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício em seguida. Sulla resignou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto, o precedente estava lançado.

Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, um acordo secreto entre César, Pompeu e Crasso. Tendo este sido desfeito após a derrota de Crasso em Carrhae (atual Harã) (53 a.C.), restavam dois líderes influentes, César e Pompeu; estando Pompeu no lado do senado, este declarou César "inimigo de Roma", ao que César respondeu, atravessando o Rubicão e iniciando a guerra civil. Tendo vencido Pompeu em Farsália (agosto 48 a.C.) e as restantes forças opositoras em Munda (45 a.C.), tornou-se efectivamente a primeira pessoa a governar unipessoalmente Roma, desde o tempo da monarquia. O seu assassinato pouco tempo depois (março 44 a.C.), às mãos dos conspiradores liderados por Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, terminou esta primeira experiência de governo unipessoal do Estado romano.

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Por esta altura, já a república tinha sido decisivamente abalada, e após a derrota final dos conspiradores, o surgimento do segundo triunvirato, entre Octaviano, Marco António e Lépido, e a sua destruição na guerra civil seguinte, culminando na decisiva Batalha de Áccio (31 a.C.), deixou Octaviano como a única pessoa com poder para governar individualmente Roma, tornando-se efectivamente no primeiro imperador romano, fundando uma dinastia (Júlio-Claudiana) que só a morte de Nero (68 d.C.) viria a terminar.

A Batalha de Áccio, por Lorenzo A. Castro, (1672).

Uma vez que o primeiro imperador, Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que Augusto adquire este cognome e em que começa, oficialmente, a governar sem parceiros. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do império em 14 d.C., ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.

Nos meios académicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de república, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endêmico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta e cinco anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.

O reinado de Augusto

Áureo de Augusto.

O reinado de Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão.[4] A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por "principado", sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos) e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do senado). O termo

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princeps está na origem da palavra "príncipe", que não era o título do chefe do Estado. O título era "césar" e foi este que Augusto e seus sucessores adotaram.

Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e auto-nomeou-se "tribuno por toda a vida". Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Agripa na sua confiança, anexou oficialmente o Egito, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germânia Inferior e Superior e colocou as fronteiras do império nos rios Danúbio e Reno, onde permaneceram por 400 anos.

O império que Augusto recebeu era vasto e heterogêneo, com várias línguas e vários povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim progredia pouco nestes territórios, mas nos territórios ocidentais era a língua mais falada. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.

Busto de Augusto com a coroa cívica, na Gliptoteca de Munique

A era de Augusto é mais pobremente documentada que o período republicano que o precedeu. Enquanto Lívio escreveu sua magistral história durante o reinado de Augusto, e sua obra cobriu toda a história romana até 9 a.C., somente sumários sobreviveram de sua cobertura da República tardia e do período de Augusto. Importantes fontes primárias deste período incluem:

Res Gestae Divi Augusti , a autobiografia (quase que um testamento político) de Augusto;

Historiae Romanae de Veleio Patérculo, um trabalho desorganizado que permanece como os melhores anais do período de Augusto.

Controversiae e Suasoriae de Sêneca, o Velho.

Embora registros primários deste período sejam poucos, trabalhos de poesia, legislação e engenharia deste período suprem importantes visões da vida romana. Arqueologia (incluindo a arqueologia marítima), pesquisas aéreas, inscrições em edifícios e moedas,

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têm também fornecido evidências valiosas sobre a economia e condições sociais e militares.

Fontes secundárias da era de Augusto incluem Tácito, Dião Cássio, Plutarco, Suetônio com sua "Vidas dos Doze Césares". Flávio Josefo, com suas "Antiguidades Judaicas" é uma fonte importante para a Judeia, que se tornou província romana durante o reinado de Augusto.

Júlio-Claudianos

Ver artigo principal: Dinastia Julio-Claudiana: Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero

Busto de Nero, na Glyptothek, em Munique.

Os sucessores de Augusto são conhecidos como a Dinastia Julio-Claudiana (que inclui ele próprio), devido aos casamentos idealizados por ele entre a sua família, os Julii, e os patrícios Claudii. Nos primeiros anos do reinado de Tibério, não houve grandes mudanças políticas ou organizativas em relação aos princípios estabelecidos por Augusto. No entanto, com o passar do tempo, a instabilidade surgiu dentro da própria família imperial. Tibério tornou-se paranóico com possíveis conspirações e tentativas de golpe de estado, chegando, em 26 d.C., a retirar-se para a ilha de Capri de onde governou por procuração até ao fim da vida. Em consequência, mandou matar ou executar grande parte da sua família e senadores de destaque, provocando uma sensação de desconforto generalizada. O seu sucessor Calígula cresceu neste ambiente e mostrou-se um imperador igualmente instável. As perseguições tornaram-se norma e durante estes reinados muitas das tradicionais famílias romanas, e portanto, patrícias, chegaram ao fim devido a assassinatos e execuções que se prolongaram pelos reinados de Cláudio e Nero. Em 68 d.C., a classe política tinha chegado ao limite de resistência a tanta insegurança política. Depois de alguns erros estratégicos graves e de ter arruinado as finanças do estado em aventuras como a construção do seu palácio dourado, Nero é declarado um inimigo do estado e declarado fora da lei. Fugindo de Roma acompanhado apenas pelo seu secretário, o imperador suicidar-se antes de ser apanhado pela guarda pretoriana que ia em seu encalço. Com a sua morte, desaparecia a dinastia Julio-Claudiana e Roma acabaria por encontrar alguma estabilidade política, mas não imediatamente.

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Na organização do Estado, pouco mudou em relação ao estabelecido por Augusto. Apenas Cláudio introduziu algumas reformas e procurou a prosperidade do império, talvez porque à data da sua ascensão ao trono era já um homem maduro. Cláudio foi ainda o responsável pela iniciativa da invasão romana das ilhas britânicas em 43, que se saldou pela adição de mais uma província ao império. Em 64 d.C., durante o reinado de Nero, Roma foi consumida por um violento incêndio (do qual o próprio imperador é muitas vezes erroneamente considerado culpado) e começaram as perseguições aos cristãos. Os Julio-Claudianos foram eficazes em espalhar o culto imperial. Alguns deles, como Cláudio, foram deificados durante a sua vida e elevaram à dignidade divina muitos dos seus familiares (alguns subsequentemente assassinados).

Flavianos

Ver artigo principal: Dinastia Flaviana, Ano dos quatro imperadores: Vespasiano, Tito, Domiciano

Uma das mais notáveis obras de engenharia clássica, o Coliseu de Roma, mandado erigir por Vespasiano, serviu para vários espectáculos, inclusive dramatizações de batalhas navais.

Depois do suicídio de Nero, Sérvio Sulpício Galba, um velho senador pertencente aos Sulpicii, uma velha família aristocrática, tornou-se imperador por nomeação senatorial. O seu reinado não começou bem. Durante a viagem da Hispânia para Roma, Galba não hesitou em espalhar o caos e a destruição pelas cidades que não lhe prestaram honras imperiais de imediato. Em Roma, substituiu grande parte das chefias militares e depressa se revelou tão paranóico como os seus antecessores. A sua recusa em conceder os prémios monetários às legiões e guarda pretoriana que o apoiaram serviu de impulsionador à organização de um golpe de estado e, em janeiro de 69 d.C., Galba foi assassinado pelos pretorianos no Fórum, juntamente com o seu sucessor designado. Em Roma, saudou-se Marco Sálvio Otão como novo imperador, mas no Reno as legiões aclamaram Aulo Vitélio que de imediato iniciou a marcha para Roma. Em abril, Vitélio derrotou Otão e tornou-se o único imperador, embora pouco tempo depois o exército estacionado na Judeia aclamasse o seu comandante Vespasiano como imperador. Durante a segunda metade do ano, todas as províncias foram-se declarando por Vespasiano e, então, Vitélio perdeu terreno. Finalmente, a 20 de dezembro, as tropas de Vespasiano entraram em Roma e assassinaram Vitélio. Vespasiano tornou-se então o único imperador e deu início à dinastia Flaviana.

Vespasiano mostrou ser um imperador responsável e razoável em comparação aos excessos perpetrados pelos Julio-Claudianos. Apesar de ser um autocrata que pouca ou nenhuma importância política dava ao senado, Vespasiano procurou reorganizar o

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exército, as finanças do estado e a sociedade romana. Aumentou os impostos, mas erigiu grandes obras, como o Coliseu de Roma conhecido na altura como Anfiteatro Flaviano. Como antigo governador e general, Vespasiano sabia qual o melhor para as províncias e como manter o exército satisfeito, tudo condições indispensáveis para a estabilidade de um reinado. O seu filho, Tito, sucedeu-lhe em 79 d.C.. Prometia ser um imperador à altura do seu pai, mas o seu breve reinado foi marcado por catástrofes. A 24 de agosto do mesmo ano, o vulcão Vesúvio destruiu as cidades de Pompeia e Herculano e, em 80 d.C., Roma foi de novo consumida por um incêndio. Em 81 d.C., Tito é sucedido pelo irmão Domiciano, que haveria de se mostrar pouco à altura das capacidades dos seus familiares. Assim, tal como na dinastia Julio-Claudiana, o que começou por ser um período de prosperidade, depressa caiu em instabilidade política. Domiciano revelou-se tão paranóico como Calígula ou Nero e as atrocidades do seu reinado valeram-lhe o epíteto de pior imperador de todos os tempos.

Quando em 96 d.C. Domiciano foi assassinado, Roma encontra-se bastante céptica quanto à validade do modelo dinástico e a sucessão imperial evoluiu para o conceito do mais apto. Esta mudança deu origem ao período dos cinco bons imperadores.

Antoninos: Cinco bons imperadores

Ver artigo principal: Os cinco bons imperadores: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio

Auge do Império Romano e suas províncias em 117 d.C..

Depois do assassinato de Domiciano, o senado nomeou Nerva como imperador romano. Apesar de ser já de meia idade e de não ter descendentes, Nerva era um homem considerado capaz, quer do ponto de vista militar quer do ponto de vista administrativo, mas sobretudo racional e confiável. A falta de filhos revelou ser uma vantagem, pois a sua sucessão foi determinada pelo valor do candidato e não por critérios familiares - embora já Trajano tenha sido formalmente adoptado por Nerva. Trajano, Adriano e Antonino Pio seguiram a mesma política de nomear o sucessor mais apto, o que resultou num período de estabilidade conhecido como os cinco bons imperadores. Durante o reinado destes cinco homens, Roma prosperou e atingiu o seu pico civilizacional, ao ponto de alguns analistas defenderem que o nível civilizacional alcançado durante este período só foi novamente alcançado na Inglaterra do século XVIII. Trajano foi o responsável pela extensão máxima do Império em 117 d.C., ao estender a fronteira oriental até incluir a Mesopotâmia na alçada de Roma. O seu sucessor, Adriano, soube

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manter a enorme área do império e reconhecer que não valia a pena estendê-lo mais. Deu as conquistas por terminadas e construiu a muralha de Adriano no Norte de Inglaterra como símbolo do fim do império. Este período de manutenção, por oposição à conquista, ficou conhecido como a Pax Romana.

O ciclo de prosperidade terminou quando Marco Aurélio designou, para sucessor, não o homem mais apto, mas o seu filho Cómodo, que se sabia pouco à altura do seu pai e seus antecessores. Como na dinastia Julio-Claudiana (Nero) e Flaviana (Domiciano), um período de prosperidade foi seguido por uma governação errática por um homem paranóico, neste caso Cómodo, que incentivaria a revolta dos seus súbditos. Cómodo foi assassinado em 192 d.C., mas o império caiu numa grave crise dinástica e social.

A crise do século terceiro (193 - 285)

Ver artigo principal: Crise do terceiro século

O império divido em 271 d.C..

Império das Gálias

Império Romano

Reino de Palmira

O fim do século II foi marcado por mais uma guerra civil de sucessão. Septímio Severo acabou por assegurar a coroa imperial e levar o império para um breve período de estabilidade. Os seus sucessores, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Entre a morte de Severo em 211 e o início da tetrarquia em 285, o império teve 28 imperadores, dos quais apenas 2 faleceram por causas naturais (de peste). Contemporaneamente, estão registados 38 usurpadores romanos, dos quais muitos se tornaram imperadores de pleno direito. Para além da crise política endémica, o século III foi marcado pelo início das invasões dos povos bárbaros que habitavam as zonas fronteiriças do império.

Durante os cinquenta anos seguintes, o império sofreu usurpações, derrotas e fragmentação; imperadores seriam assassinados, mortos em batalha ou pelos seus rivais, num desespero para encontrar uma solução e por fim, surgiria o Dominato, a monarquia

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absoluta, a qual removeria os poucos traços republicanos que Roma ainda conservava e dar ao império um último fôlego.

Os tetrarcas, uma escultura porfírica , saqueada de um palácio bizantino em 1204, tesouro de São Marcos,Veneza.

Após a morte de Alexandre Severo, o império caía uma vez mais nas mãos dos generais. Maximino, o Trácio foi proclamado imperador pelas tropas e durante três anos prosseguiu com a guerra, devastando os povos germânicos. Como este esforço militar exigia muito dinheiro, começaram a aumentar os abusos por parte dos funcionários imperiais em relação aos impostos

Entretanto a situação do império complicava-se. No Oriente, Gordiano III combateu o Império Sassânida, mas foi derrotado e morto naBatalha de Misiche (244). O seu prefeito do pretório, Filipe, proclamou-se imperador.

A recuperação do império veio por fases: Cláudio II, o sucessor deGaliano, começou por infligir uma grande derrota aos godos(270) mas, atingido pela peste, morreu antes de poder restaurar o império. Aureliano, o seu sucessor, foi mais bem sucedido. Em quatro anos, reincorporou o território do Império das Gálias e derrotou Zenóbia, recuperando assim o Oriente. Sinal dos tempos, dotou Roma da sua primeira muralha desde as invasõesgaulesas que haviam ocorrido mais de 650 anos antes. Administrador duro e competente, estaria prestes a iniciar uma guerra contra os sassânidas, quando foi assassinado (275). Com ele, pela primeira vez, os imperadores romanos passaram a ser adorados como deuses em vida.

Após alguns anos, em que o império mergulhou uma vez mais naanarquia e na invasão, surgiu um novo e eficaz imperador, Probo(276-282), que conseguiu estabilizar a situação. Após o seu assassínio e os breves reinados de Caro e dos seus filhos, surgiu o homem que enfim pôs ordem no império:Diocleciano (285).

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A Tetrarquia foi um sistema de governo criado pelo imperadorDiocleciano, como forma de resolver sérios problemas militares e econômicos do Império Romano. Diocleciano dividiu o seu poder sobre o império entre os sectores orientais (pars Orientis) e ocidentais (pars Occidentis). Manteve o controle pessoal do sector leste e o seu colega Maximiano controlou o ocidente. Diocleciano não dividiu propriamente o poder com seu companheiro de armas Maximiliano, pois, na realidade, Diocleciano estava colocado em posição superior à de Maximiliano. A partir de então, o império passou a ter dois augustos, cada qual com exército, administração e capital próprios, embora Diocleciano continuasse a ser o chefe do Estado, representando a unidade do mundo romano.

Em 305, Diocleciano retirou-se à vida privada e induziu Maximiano a fazer o mesmo.[5]

Fim da era dourada

O reinado de Cómodo foi marcado por vários excessos, tendo sido terminado pelo seu assassinato a 31 de dezembro de 192; foi sucedido pelo seu prefeito do pretório, Pertinax, um homem de origem humilde e que, ao fim de escassos três meses como imperador, acabou por sua vez por morrer às mãos dos pretorianos. Seguiu-se uma situação caricata, em que a guarda pretoriana pôs o império em leilão, tendo este sido ganho por Dídio Juliano, ao oferecer um donativum maior (193).

A situação não durou muito, pelo que nas províncias vários generais se declararam eles próprios imperadores (Clódio Albino na Gália, Pescénio Niger na Síria e Septímio Severo na Panónia), tendo sido Severo quem ganhou após alguns anos de guerra civil (197).

Os Severos

Busto de Septímio Severo, na Glyptothek, em Munique.

Tendo-se tornado imperador, Septímio Severo tornou o império efectivamente numa monarquia militar, em mais um passo na direcção do Dominato; teve dois filhos,

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Caracala e Geta que, após a sua morte (211), digladiaram-se entre si, tendo Caracala assassinado Geta (Dezembro de 211).

Caracala tornou-se desconfiado, tendo favorecido os soldados; foi morto por um membro da sua guarda, presumivelmente a mando do seu prefeito do pretório, Macrino, o qual se declarou imperador (217). Uma irmã da mulher de Septímio Severo, Júlia Mesa, conseguiu subornar uma legião e fazer com que declarassem o seu neto Heliogábalo, na verdade primo de Caracala, como seu filho e verdadeiro sucessor, tendo a revolta sido bem sucedida e Macrino morto (218).

O reinado de Heliogábalo foi marcado por excessos que levaram a que a sua avó mudasse o seu apoio para um primo, Alexandre Severo e que Heliogábalo e sua mãe fossem mortos (março de 222).

Sob Alexandre Severo o império prosperou mas começaram os primeiros problemas: invasão dos persas sassânidas (233), invasões de povos germânicos e o imperador, que preferia negociar a paz em troca de tributo do que travar a guerra, foi morto na Mogúncia (março(?) de 235), junto com a sua mãe, por tropas revoltadas ao verem tanto ouro ser dado aos bárbaros.

Anarquia militar: os imperadores-soldados (235 - 285)

Busto de Maximino Trácio, nos Museus Capitolinos.

Durante os cinquenta anos seguintes, o império sofreu usurpações, derrotas e fragmentação; imperadores seriam assassinados, mortos em batalha ou pelos seus rivais, num desespero para encontrar uma solução e por fim, surgiria o Dominato, a monarquia absoluta, a qual removeria os poucos traços republicanos que Roma ainda conservava, por forma a dar ao império um último fôlego.

Após a morte de Alexandre Severo, o império caía uma vez mais nas mãos dos generais. Maximino, o Trácio foi proclamado imperador pelas tropas e durante três anos

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prosseguiu com a guerra, devastando os povos germânicos. Como este esforço militar exigia muito dinheiro, começaram a aumentar os abusos por parte dos funcionários imperiais em relação aos impostos.

Em África esses abusos foram notórios e provocaram uma revolta (238). Os soldados proclamaram imperador o senador Gordiano, o qual associou o seu filho, Gordiano II, tendo o senado reconhecido a nomeação; Gordiano II foi morto numa batalha, e Gordiano I suicidou-se ao saber da notícia. Maximino Trácio, ao tentar dirigir-se a Roma para suprimir a revolta, deparou-se com resistência inesperada por parte da cidade de Aquileia, e os seus soldados, furiosos, mataram-no. O neto de Gordiano, Gordiano III, foi proclamado imperador e aceite por todos.

Entretanto a situação do império complicava-se. No Oriente, Gordiano III combateu o Império Sassânida, mas foi derrotado e morto na Batalha de Misiche (244). O seu prefeito do pretório, Filipe, proclamou-se imperador.

Usurpadores e derrotas (244 - 253)

Filipe celebrou o milénio de Roma (247) com pompa e fausto. Mas a situação voltou a piorar. Generais nas províncias revoltaram-se e proclamaram-se imperadores. Ao tentar lidar com um deles, Décio, o comandante que Filipe despachara para lidar com a revolta, foi por sua vez proclamado imperador. Defronta Filipe em batalha e este foi morto pelas tropas (249).

O novo imperador adoptou uma política dura e conservadora como forma de lidar com os problemas do império. Assim, perseguiu os cristãos e travou guerra contra os godos, na qual acabaria por ser derrotado e morto (251). Outros usurpadores ocuparam brevemente o trono durante este tempo. Em 253, Valeriano I ascendou por sua vez ao trono e, com ele, o império desceu ao seu ponto mais baixo.

Valeriano e Galiano

Moeda cunhada por Valeriano I.

Valeriano I associou ao trono o seu filho Galiano, atribuindo-lhe a parte ocidental do império e reservando para ele a parte oriental. Durante este tempo, o império estava a ser invadido por vários povos, principalmente godos e alamanos, e ao mesmo tempo

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surgiam usurpadores. Em 260, Marco Cassiano Latínio Póstumo declarou-se imperador na Gália, dando origem assim ao Império das Gálias, ao qual Galiano, demasiado fraco, não pode opôr-se com eficácia. No Oriente, os persas avançaram, com alguma resistência de Valeriano no início, mas com o exército romano dizimado pela peste, tentou negociar a paz com rei sassânida Shapur I, apenas para se ver aprisionado, humilhado e mais tarde morto (260).

O seu filho Galiano tentou manter a notícia da captura e morte do seu pai um segredo, mas apenas o conseguiu durante um ano. Por esta altura, desencadeiou-se uma sequência de usurpações, em parte como resposta local às situações de necessidade perante as invasões, em parte como tentativa de dar solução aos problemas. Galiano, demasiado ocupado a derrotar usurpadores e invasores diversos, deixou que, no Ocidente, o Império das Gálias se desenvolva, e no Oriente, que o reino de Palmira se apodere de território romano, mas que Roma já não está em condições de defender.

Aos poucos, a situação melhorou: Galiano conseguiu derrotar ou ver assassinados sucessivamente os seus rivais, reformou o exército e conseguiu uma grande vitória contra os bárbaros (268) antes de ser assassinado. No Oriente, o reino de Palmira, inicialmente sob o comando de Odenato, e mais tarde, da sua viúva, Zenóbia, conseguiu deter os persas, mas apoderou-se cada vez mais de território romano. Coube aos sucessores de Galiano recuperar e reunificar o império pela primeira vez em quinze anos.

Recuperação e estabilização (268 - 285)

A recuperação do império veio por fases: Cláudio II, o sucessor de Galiano, começou por infligir uma grande derrota aos godos (270) mas, atingido pela peste, morreu antes de poder restaurar o império. Aureliano, o seu sucessor, será mais bem sucedido. Em quatro anos, reincorporou ao império as Gálias e derrotou Zenóbia, recuperando assim o Oriente. Sinal dos tempos, dotou Roma da sua primeira muralha desde as invasões gaulesas que haviam ocorrido há mais de 650 anos. Administrador duro e competente, estaria prestes a iniciar uma guerra contra os persas, quando é assassinado (275); com ele, pela primeira vez, os imperadores romanos são adorados como deuses em vida.

Após alguns anos, em que o império mergulhou uma vez mais na anarquia e na invasão, surgiu um novo e eficaz imperador, Probo (276-282), que conseguiu estabilizar a situação. Após o seu assassínio e os breves reinados de Caro e dos seus filhos, eis que surgiu o homem que enfim pôs ordem no império:Diocleciano (285).

Tetrarquia

Ver artigo principal: Tetrarquia

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Os tetrarcas, uma escultura porfíria, saqueada de um palácio Bizantino em 1204, tesouro de São Marcos, Veneza.

A Tetrarquia foi um sistema de governo criado pelo imperador romano Diocleciano, como forma de resolver sérios problemas militares e econômicos do Império Romano.

Diocleciano dividiu o seu poder sobre o império entre os sectores orientais (pars Orientis) e ocidentais (pars Occidentis). Manteve o controle pessoal do sector leste e o seu colega Maximiano controlou o ocidente. Diocleciano não dividiu propriamente o poder com seu companheiro de armas Maximiliano, pois, na realidade, Diocleciano estava colocado em posição superior à de Maximiliano. A partir de então, o império passou a ter dois augustos, cada qual com exército, administração e capital próprios, embora Diocleciano continuasse a ser o chefe do Estado, representando a unidade do mundo romano.

Em 305, Diocleciano retirou-se à vida privada e induziu Maximiano a fazer o mesmo.[5]

O império cristão

A última prece dos mártires cristãos, por Jean-Léon Gérôme (1883).

O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito de Milão,assinado durante o império de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente),

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no mesmo dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã do imperador da porção oriental do Império. Com este édito, o cristianismo deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do império.

O cristianismo tornou-se a única religião oficial do império sob Teodósio I (379-395 d.C.) e todos os outros cultos foram proibidos. Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja. A decisão não foi aceita uniformemente por todo o império; o paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do império e a tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.

Divisão e fim

Constantinopla

A divisão do Império após a morte de Teodósio I, ca. 395 d.C. sobreposta às fronteiras modernas.

Império Romano do Ocidente.

Império Romano do Oriente.

O centro administrativo do império tendia a voltar-se mais para o Oriente, por múltiplas razões. Primeiro pela necessidade de defesa das fronteiras orientais; depois porque o oriente havia se tornado a parte econômica mais vital do domínio romano; por fim Roma era uma cidade rica de vestígios pagãos, o que agora era inconveniente num império cristão: seus edifícios, sua nobreza senatorial, apegada à religião tradicional. Assim Constantino decretou a construção de uma nova capital, nas margens do Bósforo, onde havia a antiga fortaleza grega de Bizâncio, num ponto de grande importância estratégica, nas proximidades de dois importantes setores da limes: a região do baixo Danúbio e a fronteira do Império Sassânida. A nova cidade, que recebeu o nome de Constantinopla, isto é, "cidade de Constantino", foi concebida como uma "nova Roma"

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e rapidamente tornou-se o centro político e econômico do Império. Sua criação teve repercussões também no plano eclesiástico: enquanto em Roma a Igreja Católica adquiriu mais autoridade, em Constantinopla o poder civil controlou a Igreja. O bispo de Roma pôde assim consolidar a influência que já possuía, enquanto em Constantinopla o bispo baseava seu poder no fato de ser bispo da capital e no fato de ser um homem de confiança do Imperador.[5]

Teodósio e o fim do império único

Teodósio I foi o último imperador a reinar sobre todo o império.[6] Após sua morte em 395, seus dois filhos Arcádio e Honório herdaram as duas metades: Arcádio tornou-se governante no Oriente, com a capital em Constantinopla, e Honório tornou governante no Ocidente, com a capital em Mediolanum (atual Milão), e mais tarde em Ravenna. O Estado romano continuaria com dois diferentes imperadores no poder até o século V, embora os imperadores orientais se consideravam governantes do todo. O latim era usado nos documentos oficiais tanto, se não mais, que o grego. As duas metades eram nominalmente, cultural e historicamente, se não politicamente, o mesmo estado.

Declínio e queda do Império Romano do Ocidente (395–476)

Invasões bárbaras do Império Romano (simplificado), mostrando a batalha de Adrianópolis.

Ver artigo principal: Queda do Império Romano e Migrações dos povos bárbaros

Teodósio I foi o último imperador a reinar sobre todo o império.[7] Após sua morte em 395, seus dois filhos Arcádio e Honório herdaram as duas metades: Arcádio tornou-se governante no Oriente, com a capital em Constantinopla, e Honório tornou governante no Ocidente, com a capital em Mediolanum (atual Milão), e mais tarde em Ravena.

O Estado romano continuaria com dois diferentes imperadores no poder até o século V, embora os imperadores orientais se consideravam governantes do todo. Olatim era usado nos documentos oficiais tanto, se não mais, que ogrego. As duas metades eram nominalmente, cultural e historicamente, se não politicamente, o mesmo Estado.

O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos bárbarose, já enfraquecido internamente, caiu em 476 com a deposição do imperador Rômulo Augusto. Outros reisestabeleceram-se em Roma, embora não mais usassem o título de "imperador romano".

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O Império Oriental, com capital em Constantinopla, continuou a existir por quase mil anos, até 1453.

Referências1. ↑ Project Gutenberg - Roman History, Books I-III by Titus Livius (em inglês). Página

visitada em 11/04 de 2010.2. ↑ JANNUZZI, Giovanni. Breve historia de Italia. 1 ed. Buenos Aires: Letemendía,

2005. 80 p. p. 1 vol. vol. 1. ISBN 987-21732-7-3

3. ↑ Grandes Impérios e Civilizações: Roma - Legado de um império. 1 ed. Madri: Ediciones del Prado, 1996. 112 p. p. 2 vol. vol. 1. ISBN 84-7838-740-4

4. ↑ SUETÔNIO, Vidas dos Doze Césares, Vida de Augusto [1]

5. ↑ a b c GAETA, Franco; VILLANI, Pasquale. Corso di Storia: per le scuole medie superiori. 1 ed. Milão: Principato, 1986. 323 p. 1 vol. vol. 1.

6. ↑ A história do declínio e queda do império romano - Projeto Gutenberg. Baseado no Rev. H.H. Milman - Edição de 1845. Consultado em 11/03/2008. (em inglês)

7. ↑ A história do declínio e queda do império romano - Projeto Gutenberg. Baseado no Rev. H.H. Milman - Edição de 1845. Consultado em 11/03/2008.(em inglês)

O SURGIMENTO DO IMPÉRIO ROMANO

Por História História

Nota:

Por: Valter Pitta O surgimento do Império veio como consequência do esforço de expansão crescente de Roma durante os séculos III e II a.C.. Segundo alguns historiadores, a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões em 250 a.C. para 60 milhões em 30 a.C., o que ilustra como Roma teve o seu poder ampliado nesse período, de 1.5% da população mundial, para 25%.

Nos últimos anos do século II a.C., Gaius Marius transformou o Legião romana num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião era declarada ao general que a liderava e não à sua pátria. Este facto, combinado com as numerosas guerras que Roma travou nos finais da República (Invasão dos Cimbros e Teutões, Guerras contra Mitridates, rei do Ponto, entre outras, a culminar nas guerras civis do tempo de César e Augusto) favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares (Sulla, Pompeu, Júlio César), que, apercebendo-se da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.

As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C.,

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quando Lucius Cornelius Sulla quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício de seguida. Sulla resignou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto o precedente estava lançado.

Júlio César (100-44 a.C.).

Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, um acordo secreto entre César, Pompeu e Crasso. Tendo este sido desfeito após a derrota de Crasso em Carrhae (53 a.C.), restavam dois líderes influentes, César e Pompeu; estando Pompeu no lado do Senado, este declara César inimigo de Roma, ao que César respondeu, atravessando o Rubicão e iniciando a Guerra Civil. Tendo vencido Pompeu em Farsalia (Agosto 48 a.C.) e as restantes forças opositoras em Munda (45 a.C.), tornou-se efectivamente a primeira pessoa a governar unipessoalmente Roma, desde o tempo da Monarquia. O seu assassinato pouco tempo depois (Março 44 a.C.), às mãos dos conspiradores liderados por Brutus e Cássio, terminou esta primeira experiência de governo unipessoal do estado romano.

Por esta altura, já a República tinha sido decisivamente abalada, e após a derrota final dos conspiradores, o surgimento do Segundo Triunvirato, entre Octávio, Marco António e Lépido, e a sua destruição na Guerra Civil seguinte, culminando na decisiva Batalha de Actium (31 a.C.), deixou Octávio como a única pessoa com poder para governar individualmente Roma, tornando-se efectivamente no primeiro imperador romano, fundando uma dinastia (Júlio-Claudiana) que só a morte de Nero (68 d.C.) viria a terminar.

Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que César Augusto adquire este cognome e em que começa, oficialmente, a governar sem parceiros. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do Império em 14 d.C., ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.

Augusto (63 a.C.-14 d.C.).

Nos meios acadêmicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de república, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endêmico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta e cinco anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.

O reinado de César Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão. A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por "principado", sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos) e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do Senado). O termo princeps está na origem da palavra príncipe, que não era o título do chefe do Estado. O título era "César" e foi este que Augusto e seus sucessores adoptaram.

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Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e auto-nomeou-se "tribuno por toda a vida". Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Agripa na sua confiança, anexou oficialmente o Egipto, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germânia Inferior e Superior e colocou as fronteiras do Império nos rios Danúbio e Reno, onde permaneceram por 400 anos.

O império que Augusto recebeu era vasto e heterogêneo, com várias línguas e vários povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim progredia pouco nestes territórios, mas nos territórios ocidentais era a língua mais falada. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.

O surgimento do Cristianismo e o início de sua expansão. O cristianismo surgiu na Palestina, um território que foi dominado pelo Império Romano. Os descendentes dos Judeus viviam na Palestina, e esperavam pela vinda de um Messias, enviado por Deus.

Esse Messias veio, chamado de Jesus. Jesus, começou a pregar o culto e o amor a um único Deus, do qual se dizia ser filho. Recrutou seguidores, homens e mulheres, os quais passaram a acreditar e a pensar do mesmo modo de Jesus.

Porém Jesus foi mal compreendido por certos grupos de pessoas, principalmente pelo grupo de governantes da província na qual vivia. Ele foi perseguido por soldados do governo, os quais o levaram para ser julgado pelo sacerdote da provínicia, que perguntou a ele se ele realmente era filho de Deus e rei dos Judeus, Jesus respondeu que sim, e foi acusado de blasfemar, ao se intitular Deus.

Em seguida, Jesus foi levado até Pôncio Pilatos, o qual era o governanate da provincía romana da Palestina. O governador o acusou de estar traindo Roma ao dizer-se rei.

Jesus foi zombado, flagelado e recebeu em sua cabeça uma coroa de espinhos. Pôncio Pilatos, colocou Jesus ao lado de um criminoso chamado de Barrabás, e ordenou que a multidão, que assistia a tudo, escolhesse qual merecia a liberdade. A povo clamou a morte de Jesus, portanto a liberdade de Barrabás.

Jesus foi crucificado, uma pena costumeira dos romanos, utilizada para criminosos. Jesus morreu na cruz, afirmando até o último instante, ser filho de Deus.

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Porém, Jesus ressucitou. Fazendo com que todos seus seguidores o adorassem ainda mais.

Pouco tempo após esse acontecido, o cristianismo chega na cidade de Roma, por meio de seus propagadores. O principal deles foi Paulo de Tarso.

Em Roma, os cristão sofreram inicialmente muitas perseguições, uma vez que a religião oficial do Império Romano era o Politeísmo, cultuado pelos imperadores.

Porém, depois de muito sorfrimento e rejeição por parte dos cristãos, um imperador romano chamado Constantino, foi se convertendo gradativamente ao cristianismo. A causa do convertimento, é uma questão muito discutida pelos historiadores, mas fala-se que Constantino estava em uma guerra, na qual ele se encontrava em desvantagem, quando teve, na sua frente, a visão de uma cruz, o qual é o um dos símbolos do cristianismo.

Constantino venceu a guerra, e resolveu se converter ao cristianismo de uma vez por todas, visto que naquele tempo, uma grande parte do povo de Roma já era cristão.

Desde aí, o cristianismo se expandiu por todo o domínio romano, fortalecendo-se cada vez mais, e também de certo modo tendo algumas divergências no decorrer da história, entretanto, mantendo sua essência.

Hoje, o cristianismo é a religião com o maior número de seguidores ao redor do mundo, exercendo um papel muito importante na vida das pessoas que têm fé.

Porém, o único lugar que o cristianismo ou qualquer outra religião não pode exercer algum tipo de influência é no Estado de direito, o qual precisa ser necessariamente laico.Postado por Luis Antonio Libonati às 14:06

O Cristianismo e a Queda do Império Romano

 

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Antes da ocupação da Península Ibérica, os Romanos já dominavam vastas regiões do Próximo Oriente. Uma delas era a Palestina com capital em Jerusalém, terra onde se ergueu  o sagrado templo do rei Salomão. Aí, Cristo nasceu, pregou e foi crucificado deixando uma marca profunda em todos os que o conheceram.

Tido pelos seus seguidores como o Messias, ensinava o amor, a liberdade de e proclamava a existência de um único Deus, criador de todas as coisas.

  

Com a morte de Cristo emergeCom a morte de Cristo emerge  uma nova religião monoteísta – O Cristianismo.uma nova religião monoteísta – O Cristianismo.

Ou melhor uma nova seita religiosa como muitas outras que pululavam na região. Ou melhor uma nova seita religiosa como muitas outras que pululavam na região. Uma seita que nãoUma seita que não  sendo sequersendo sequer  a mais popular era sem dúvida a mais perigosa para o a mais popular era sem dúvida a mais perigosa para o Poder. Poder.

Durante mais de 300 anos, os seus seguidores foram perseguidos, mortos e usados como divertimento popular , nos coliseus e arenas..O seu principal “crime” era não reconhecerem qualquer autoridade divina ao Imperador Romano.

Mas após um longo martírio, os Cristãos verão, finalmente, a sua religião reconhecida no início do séc. IV, com a inesperada e repentina conversão do imperador Constantino.

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De pequena seita, o Cristianismo tornava-se quase de um dia para o outro, por vontade de um homem que afirmou ter tido uma visão, a religião mais popular de todo o Império Romano.

De facto apesar de só no ano de 380, Teodósio ter declarado o Cristianismo como a religião oficial do Império, tal era já  há muito uma realidade. Tudo começou com Constantino. A  grande  vitória que em 312 obteve na Batalha de Ponte Mílvia contra Maxêncio que lhe disputava o título de Imperador, antecedida pela  improvavel visão de uma cruz , restaurou-lhe a esperança e mostrou-lhe o caminho. No escudo, surgido por entre as nuvens, onde viu gravada a imagem da cruz latina, Constantino pôde ainda ler a frase:  " IN OC SIGNUS VINCES " , " Com este sinal vencerás."

 De repente tudo parecia claro.. Era preciso uma nova religião que despertasse os cidadãos do império e os unisse.

 

Os velhos Deuses não tinham cumprido o seu papel. O Cristianismo, que a todos prometia a salvação e em nome do qual tantos aceitavam morrer, estava mesmo à mão. E tinha tudo o que era preciso. Amor, mistério, martírio, coragem e a agora a redenção com o perdão Imperial. Ainda por cima havia textos consistentes e em abundância para estabelecer as bases de uma verdadeira e sólida crença religiosa..

Pouco importava que a conversão teatral e melodramática de Constantinio, com direito a baptismo e tudo, fosse uma farsa. Desde que o pvo acreditasse...Em privado podia fazer- se de tudo. Mesmo continuar a adorar os velhos Deuses Pagãos, como fazia o Imperador .

O Império precisava de uma nova fé. Essa era a convicção de Constantino.

 Assim para que tudo corresse a preceito reuniu-se com os mais importantes líderes Cristãos no Concílio de Niceia, em 325 d.C. 

Do vasto conjunto de textos analisados,  foram escolhidos os que melhor serviam os objectivos do Império e da nova Igreja. O Imperador e os novos Sacerdotes dividiam entre si um enorme poder.

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Os líderes cristãos tornavam - se agora, de acordo com  a melhor tradição oriental , nos intermediários entre Deus e os homens. E como nestas coisas há sempre uns que estão mais perto de Deus do que outros , as hierarquias vinham a caminho. Anunciava-se o fim do primitivo Cristianismo libertário e mendicante.

Os textos seleccionados em Niceia, anónimos, mas aos quais foram dados os nomes dos 12 discípulos de Cristo, foram então divulgados sob o nome de "O Novo Testamento."

Ao transformar o Cristianismo na religião do Império, abandonando definitivamente o politeísmo, Constantino pretendia  como vimos , pacificar, reanimar  e unir em torno de uma só religião e da figura do Imperador , toda a população do Império devastado por um longo período de conflitos internos e externos.

 

Mas não o conseguiu. O império continuava a definhar.E ino nício do século  seguinte  ruía definitivamente, devastado pelas tribos Bárbaras do norte e do leste. 

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De facto, era cada vez maior a pressão dos diferentes povos, cada vez mais numerosos e famintos, que cercavam o “ Limes “, a fronteira do Império.

O próprio exército romano era em grande parte constituído por mercenários bárbaros tornados à pressa cidadãos, já que os romanos há muito que achavam que ser legionário  já tinha sido mais fácil. As constantes lutas pelo poder,que reultavam quase sempre noutros tantos assasinatos e golpes de Estado, também não ajudavam a manter a situação sob controle.

Da unidade, disciplina, organização e ordem afirmadas  durante séculos, já nada restava. A corrupção, a incompetência e o caos tinham minado o Império.

Esta lenta agonia  foi aproveitada pelas tribos bárbaras que vindas de todo o lado, empurradas pela fome, destroçaram por completo as legiões romanas, destruindo e pilhando tudo o que encontravam pela frente. No entanto habituados ao nomadismo os Bárbaros não criavam facilmente raízes.

Em  410,  ano em que Alarico, o Godo, conquistou, saqueou e arrasou Roma. Pouco tempo depois  abandonou-a a  troco de um fabuloso resgate. Ficar para quê? Em redor apenas a destruição. Era altura de partir. Afinal ainda havia muita terra para saquear.

                    

De pé, ficaram apenas as ruínas que ainda hoje perduram.

Também a Península Ibérica foi , como aliás todas as áreas romanizadas do ocidente, vítima da mesma devastação por parte das tribos bárbaras. Primeiro pelos Suevos e, depois pelos Visigodos, que vencendo aqueles acabarão por dominar toda a Península até ao ano de 711.

No entanto, ao pouparem os monges, as igrejas e conventos, pouparam também parte da cultura mais avançada dos povos vencidos, acabando por assimilar alguns dos seus costumes, incluindo a religião dominante na Península - o Cristianismo.

Os novos ocupantes - os Visigodos - introduziram na Península uma nova forma de poder - a Monarquia Hereditária - e uma nova forma de organização social e económica - o Feudalismo-  modelos que perdurarão por séculos, aqui e em toda a Europa.

História da Igreja Católica

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A Igreja Católica é considerada uma das maiores instituições religiosas e políticas da humanidade, desde o seu surgimento na civilização romana até os dias atuais.

Após a morte de Cristo, os apóstolos Pedro e Paulo foram os principais divulgadores do cristianismo

A religião cristã, formada pela filosofia cristã, constituída por ensinamentos (amor, compaixão, fraternidade...) provenientes das ideias de Jesus Cristo, fundador e considerado o maior apóstolo do cristianismo, surgiu e ficou conhecida no mundo antigo (Antiguidade).

Após a perseguição e morte de Jesus Cristo, Pedro foi o principal apóstolo responsável por difundir o cristianismo. Posteriormente, durante o auge da civilização romana, o apóstolo Paulo teve fundamental importância para a expansão do cristianismo e da filosofia cristã. A partir da influência de Paulo, a religião desenvolveu-se inicialmente de forma incipiente entre os romanos, pois os cultos cristãos eram proibidos em Roma e, nessa época, a grande maioria da população romana era pagã.

Durante o governo do imperador romano Nero, os cristãos sofreram uma das maiores perseguições em Roma: foram torturados, empalados e hostilizados nas arenas durante espetáculos públicos. No ano de 313, o imperador Constantino deu liberdade de culto aos cristãos e, a partir de então, o cristianismo passou a agregar novos adeptos em Roma, tornando-se a religião oficial do Império Romano em 390, ato instituído por Teodósio.

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O imperador Constantino, para evitar a crise e a decadência do Império Romano, dividiu-o em duas partes: a ocidental, com a capital em Roma, representava o Império Romano do Ocidente; e a parte oriental, com a capital em Constantinopla (capital da civilização bizantina), representava o Império Romano do Oriente.

Com o decorrer dos séculos, criaram-se grandes diferenças entre a Igreja bizantina e a Igreja romana, culminando, no ano de 1054, no primeiro Cisma do Oriente. As principais consequências desse cisma ocorreram por divergências políticas entre os romanos e bizantinos. O papa (bispo de Roma) resistiu às insistentes tentativas de domínio do imperador bizantino, ao mesmo tempo em que os bizantinos não aceitavam e não acreditavam na figura do papa como chefe de todos os cristãos. Eles divergiam também em relação ao culto a imagens, às cerimônias, aos dias santificados e quanto aos direitos do clero.

Após as invasões dos povos germânicos (bárbaros) e com a crescente crise e decadência do Império Romano, a Igreja Católica aliou-se aos bárbaros, cristianizando-os, dominando e conquistando os vastos territórios ocidentais do Império Romano. As principais alianças se deram com os francos e, posteriormente, com o Império Carolíngio (na figura de seu grande imperador Carlos Magno). Juntamente com a Igreja Católica, propuseram reconstruir a magnitude do Império Romano do Ocidente, o chamado Sacro Império Romano Germânico.

Desse modo, adentramos a Idade Média, período que a Igreja Católica se confirmou como uma das maiores instituições religiosas e políticas do mundo ocidental. Sendo a grande detentora de propriedades de terra e dominando o campo do saber, as grandes bibliotecas medievais e os estudos filosóficos ocorriam quase sempre nos mosteiros medievais. Nesse período, surgiram os monges copistas (que reproduziam vários exemplares da Bíblia) e o movimento conhecido como Cruzadas.

Durante a Idade Média, a Igreja Católica, a fim de demonstrar seu poder político e também levando em conta a crença da salvação das almas dos hereges, instalou a Santa Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. As pessoas acusadas de heresias eram interrogadas por membros do clero, podendo ser torturadas ou queimadas nas fogueiras. A Santa Inquisição foi estabelecida por dois principais motivos: primeiro, a efetivação do poder político católico (as pessoas que questionassem a fé católica eram consideradas hereges); e segundo, os católicos acreditavam estar libertando as almas dos hereges, portanto, o corpo pereceria, mas a alma considerada eterna estaria salva. Com essas justificativas, os católicos torturaram e mataram um grande número de pessoas.

No século XVI, principalmente na região norte da Europa, alguns monges pertencentes à Igreja Católica (Martinho Lutero e João Calvino) iniciaram tentativas de reformas na doutrina católica. Deve-se ressaltar que os dois monges não tinham a pretensão de iniciar o movimento conhecido na história por Reforma Protestante, mas apenas solicitavam mudanças nos ritos católicos, como a cobrança de indulgências, a usura, entre outros.

O movimento de reforma iniciado por Lutero e Calvino alcançou uma dimensão que os próprios monges não haviam planejado. A reforma foi decisiva, não por romper com a fé cristã, mas por contestar as doutrinas e os ritos católicos, fundando posteriormente o

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gérmen inicial da Igreja Protestante (que, atualmente, concorre plenamente com a Igreja Católica quanto ao número de fiéis e adeptos pelo mundo).

A Igreja Católica também exerceu papel fundamental na catequização dos indígenas do continente americano no período das Grandes Navegações Marítimas Europeias. Aliás, a difusão do cristianismo foi um dos motivos para o empreendimento marítimo europeu a partir do século XV.

Atualmente, a sede da Igreja Católica se encontra no Estado do Vaticano (norte da cidade de Roma), criado em 1929 pelo Tratado de Latrão, especialmente para sediar e abrigar o alto clero da Igreja – entre eles, o papa.

Leandro CarvalhoMestre em História

Cristianismo - História do CristianismoMuitas doutrinas cristãs diferenciadas entre si surgiram desde as primitivas comunidades cristãs. A origem destas comunidades deu-se em plena expansão do Império Romano. Como o Imperador romano era também a figura religiosa máxima do Império, quaisquer seitas eram prejudiciais ao seu poder absoluto. Desta forma, as comunidades cristãs deste período foram perseguidas. No entanto, mais tarde, o Império Romano adotaria as crenças cristãs como sua religião oficial, ocorrendo assim a fundação da Igreja de Roma. A partir desta, originaram-se as diversas doutrinas cristãs.

Com a excomunhão do Patriarca de Constantinopla pelo Papa, em 1054, gerou-se um cisma e, como conseqüência, a fundação de uma outra doutrina, a Igreja Ortodoxa, cuja concentração de fiéis localiza-se mais ao leste europeu e porções centrais ao longo do continente asiático. Por outro lado, séculos mais tarde, a Reforma, desencadeada por Martinho Lutero, foi um movimento de contestação aos preceitos religiosos e à própria organização clerical católica. Assim, surgiram diversas doutrinas, sob a ordem do protestantismo. Ao longo dos tempos, foram várias as religiões originadas a partir desta ramificação (Igreja Luterana, Igreja Metodista, Igreja Presbiteriana, Igreja Anglicana etc.).

O marco fundamental da origem do cristianismo refere-se ao nascimento de Jesus Cristo. Uma série de feitos miraculosos são vinculados à figura de Jesus. Neste período, a disseminação da religião pelas camadas mais populares deveu-se à dedicação nas pregações realizadas pelos doze apóstolos de Cristo (André, Bartolomeu, Felipe, Tiago, Tiago filho de Alfeu, João, Judas Iscariotes, Judas Tadeu, Mateus, Pedro, Tadeu e Tomás). Mas a grande expansão cristã deu-se, séculos mais tarde, com a própria expansão colonial dos povos cristãos europeus colonizadores, que levaram a fé cristã para além-mar, no período das Cruzadas. No Brasil, a fé cristã foi trazida inicialmente pelos primeiros catequizadores da Companhia de Jesus.

O calendário internacional toma o nascimento de Jesus Cristo como marco referencial para a contagem dos anos. As datas cristãs comemoradas são o Natal (nascimento de Jesus Cristo), o Dia de Reis, a Quaresma e a Páscoa. A Ascensão e os Pentecostes também constituem datas comemorativas, embora sejam mais difundidas apenas entre os seguidores de algumas das doutrinas originadas do Cristianismo.

A Bíblia Sagrada, constituindo a obra central para o Cristianismo como um todo, encerra as idéias

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fundamentais da crença. O Cristianismo baseia-se na crença monoteísta, ao contrário das crenças contemporâneas à sua origem. Segundo a religião, Deus é o criador de todas as coisas no Universo, tendo criado o mundo em sete dias (Gênese). As religiões cristãs preconizam o amor a Deus e ao próximo, conforme os ensinamentos de Jesus. Acredita-se na ressurreição de Cristo e é estabelecido o conceito da Santa Trindade, em que Deus é o pai, Jesus Cristo o filho, e o Espírito Santo a presença contínua de Deus na Terra.

A Filosofia de S. Tomás de Aquino e as XXIV Teses Tomistas

Postado por Marcel Barboza on out 1st, 2009 e arquivado na seção Tomismo. Você pode seguir qualquer resposta a esta entrada através de RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta ou trackback a essa entrada

D. Odilão Moura O.S.B.

       Tomás de Aquino é indubitavelmente o máximo teólogo da Igreja. Como teólogo foi sempre considerado, e por isso recebeu os títulos de Doutor Angélico, Doutor Comum, Doutor Universal. Embora a sua eminência teológica, esta não ofusca a sua excelência filosófica. Muitas vezes a ímpar sabedoria filosófica do Aquinense é esquecida, citado que é em geral como teólogo. A sua original e superior grandeza filosófica é, por vezes, desconhecida. As XXIV Teses Tomistas foram consignadas justamente para revelarem os postulados da autêntica filosofia de S. Tomás. Há realmente uma original e verdadeira filosofia de S. Tomás – o Tomismo, e não será legítimo denominá-la “filosofia aristotélico-tomista”. É inegável, como afirmam Maritain e Gilson, que a filosofia ensinada por S. Tomás lhe é própria[1]. Não se pode deixar de reconhecer que S. Tomás seguiu as trilhas de Aristóteles, mas ele reformulou de tal modo os ensinamentos do Estagirita, que arquitetou uma outra filosofia.

       Basta considerar como revolveu a filosofia peripatética, introduzindo nela os conceitos de criação das coisas por Deus, da temporalidade da matéria-prima, do próprio ser, levando a suas últimas conseqüências aquilo que o Filósofo apenas esboçara. Aliás, nenhum filósofo deixa de se fundamentar em outro filósofo ou em outros, ao apresentar as suas próprias aquisições. Isto, no entanto, não lhe retira o título de criador ou iniciador de outra filosofia. Ninguém denomina a filosofia de Aristóteles “filosofia platônico-aristotélica”.

       Qual a nota fundamental da filosofia de S. Tomás ? É ser ela “realista”. Parte o Tomismo da realidade das coisas, não de idéias imaginadas pelo filósofo que delas conclui todo um sistema coordenado de teses. Origina-se o Tomismo da percepção sensível do mundo, para, após, dela tirar, no plano abstrativo da inteligência, todo um conjunto conseqüente e harmonioso de teses. Bem define a filosofia de S. Tomás o Pontífice Leão XIII, quando escreve na genial Encíclica Aeterni Patris: “O Doutor Angélico buscou as conclusões filosóficas nas razões principais das coisas, que têm grandíssima extensão e conservam em seu seio o germe de quase infinitas verdades, para serem desenvolvidas em tempo oportuno e com abundantíssimo fruto pelos mestres dos tempos posteriores”.[2]

       “As razões principais das coisas”, eis o ponto de partida do Tomismo. Das coisas existentes, apreendidas pelos sentidos, conceituadas, após, pela inteligência, sobe S.

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Tomás até as explicações últimas das mesmas. E é subindo das percepções mais primitivas das coisas que S. Tomás chega à certeza do supremo Criador delas. Vindo das mudanças das coisas, da causalidade existente entre elas, da contingência, das perfeições, e da ordem harmoniosa das mesmas, pelo caminho das cinco vias, é que o Angélico atinge a sublimidade, a suma perfeição, o ato puro, de Deus. Conhece assim a última explicação das coisas que está em Deus. Por isso o realismo tomista é a filosofia do ser e a filosofia da verdade. A verdade é a obsessão de S. Tomás, justamente porque a verdade é a correspondência da mente com as coisas. Em primeiro lugar, as coisas; depois, a mente. Em primeiro lugar, o objeto; depois, o sujeito. Do conúbio sujeito-objeto nasce a harmoniosa construção tomista. Repugna-lhe toda doutrina subjetivista. O realismo tomista tem os pés no chão. Foge dos devaneios, por vezes atraentes, das filosofias que partem da negação da “coisa espiritual” e reduzem as coisas ao mundo corpóreo. Evidentemente, como não pode haver concordância do Tomismo com tais filosofias, não pode haver também concordância com o materialismo.

       Embora o Tomismo puro negue todas essas filosofias, contudo, havendo nelas algum elemento de verdade, assume-o S. Tomás. O Tomismo, por isso, é eminentemente crítico. A verdade é de todos, e o Angélico escreve que “toda verdade, dita por quem quer que seja , vem do Espírito Santo “, e diante das diversas opiniões dos filósofos: “não olhes por quem são ditas, mas o que dizem “. O critério supremo do Tomismo é a verdade imparcialmente aceita e proposta. Escreve S. Tomás: “O estudo da filosofia não é para se saber o que os homens pensaram, mas para que se manifeste a verdade” (De Coelo et Mundo, I,22). Naturalmente decorre da filosofia da verdade ser ela “a filosofia do ser”. O ato de ser é o fundamento primeiro das coisas e a última determinação da perfeição das mesmas. A noção do ser é a primeira que afeta a nossa inteligência, e perpassa todos os nossos conhecimentos. O ser é a própria natureza de Deus, isto é, sabemos certa e logicamente que Deus é. Todavia, conhecêmo-lo por analogia, não de modo unívoco. Se o Tomismo admite entes de razão, cuja realidade objetiva está tão somente na inteligência, os seres de razão nada mais são que idéias formuladas pela razão, para que melhor se atinja a realidade existencial das coisas. Somente em Deus o ser atinge a sua suprema perfeição. Deus une todas as perfeições na infinitude de um ser que vem de si mesmo e que desconhece mudanças e sucessão. Deus é o ser de ato puro destituído de qualquer imperfeição ou potência – a perfeita posse e simultânea de todas as perfeições: é o ser eterno (Boécio).

       O Papa Paulo VI com felicidade descreve a filosofia tomista como abrangendo o Ser “quanto no seu valor universal, quanto nas suas condições essenciais”. Ao que João Paulo II acrescenta em belos termos que “esta filosofia poderia ser chamada filosofia da proclamação do ser, o canto em honra daquilo que existe”.

       O respeito tributado por S. Tomás a todos os filósofos externa-se nestas palavras, porque contribuem para que a verdade resplandeça: “Os homens mutuamente se auxiliam para a consideração da verdade. De duas maneiras: um auxilia o outro nesta consideração: direta ou indiretamente. Diretamente, são auxiliados por aqueles que encontraram a verdade, porque, como foi dito acima, enquanto cada um dos que a encontraram, as introduz num só contexto que introduz os pósteros em grande conhecimento da verdade. Indiretamente, enquanto os anteriores, errando a respeito da verdade, deram aos posteriores ocasião de se exercitarem, para que, havida por sua diligente discussão, a verdade apareça com clareza” ( In II Met. 1, n° 289 ).

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       A filosofia do ser e da verdade, a tomista será também a filosofia de Cristo e, por isso, a filosofia da Igreja. Por que a “filosofia de Cristo”? Evidentemente Cristo não se manifestou como filósofo, nem formulou um sistema filosófico. A imagem que nos deixou de si não foi a de um filósofo, mas de um líder religioso. O seu linguajar nada possuía da terminologia de um filósofo. Não se afastou da linguagem popular. Não obstante, a sua mensagem religiosa contém implicitamente a filosofia do senso comum, da afirmação existencial das coisas, do princípio de contradição, dos princípios de causalidade e finalidade. Nela não se encontra o subjetivismo cartesiano, o criticismo kantiano, nem o idealismo hegeliano, nem o existencialismo sartriano e heideggeriano etc. Seria até ridículo tal mensagem da afirmação daquilo que vemos e tocamos não corresponder à realidade objetiva das coisas.

       Em profundas e relevantes explanações, o filósofo e teólogo Claude Tresmontant desvenda-nos, na Bíblia, uma implícita e subjacente filosofia metafísica e moral, que constitui o núcleo central do pensamento israelita. Cristo naturalmente não se afastou do pensamento do seu povo. Lê-se num dos magistrais livros de Tresmontant: “O cristianismo comporta – é isto que este trabalho quer pôr em luz – certas implicações e certas teses, uma certa estrutura metafísica que não são quaisquer. Quero dizer que as questões admiravelmente reconhecidas como derivadas do domínio metafísico, relativas ao ser criado e ao ser incriado, ao uno e ao múltiplo, o futuro, a temporalidade, o material e o sensível, a alma e o corpo, o conhecimento, a liberdade, o mal, etc. – o cristianismo acrescenta algumas respostas que lhe são próprias (ainda que comuns com o judaísmo), originais e que o definem, o constituem no plano metafísico. A doutrina cristã do Absoluto deriva por uma parte, e sob certo ângulo da metafísica… Por que a doutrina cristã do Absoluto não entrará com o mesmo titulo que as outras na história das filosofias humanas?(..) A Escritura Sagrada, a teologia bíblica, a teologia cristã contêm na verdade um número de doutrinas, de teses, que por direito decorrem da razão natural. Existe uma filosofia natural no interior da Revelação “.[3] 

       Tal filosofia natural contida nas Escrituras, peculiar à cultura israelita, é a filosofia de Cristo e conseqüentemente, a de S. Tomás. Confirma-o o Papa Bento XV com estas palavras: “Aprovamos e fazemos nosso tudo que disseram Leão XIII e Pio X sobre a necessidade de seguir a doutrina de S. Tomás. Nem os nossos Predecessores nem nós temos que nos esforçar para recomendar e ordenar outra filosofia, senão a que é segundo Cristo, e por isso exigimos que nossos estudos filosóficos se façam em completo acordo com o método e os princípios da filosofia de S. Tomás, porque nenhuma outra serve para expor, defender vitoriosamente a verdade revelada “‘.[4]

       Sendo o Tomismo a filosofia de Cristo, não pode deixar de ser senão a filosofia da Igreja, do Corpo Místico de Cristo. Conseqüentemente nada mais concorde com a autenticidade católica que a adoção da filosofia de S. Tomás. E também evidencia-se como gritante aberração um católico menosprezar, ou desejar conciliar, o Tomismo com o subjetivismo cartesiano, com o criticismo kantiano, com o idealismo hegeliano, etc.

       O Tomismo é a filosofia da Igreja, a preferida entre as demais pela Igreja. Contudo, já que “preferência não é exclusividade”, ela permite que um católico siga outra filosofia[5]. Mas outra filosofia que defenda “o genuíno valor do conhecimento humano, os indestrutíveis princípios da metafísica – a saber, de razão suficiente, de causalidade, de finalidade, e que propugna a capacidade de a inteligência atingir a

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verdade certa e imutável”[6]. Continua o Papa Pio XII, no Documento citado: “Nenhum católico pode pôr em dúvida quanto tudo isso é falso (isto é, a contradição das verdades acima), especialmente tratando-se de sistemas como o imanetismo, o idealismo, o materialismo, seja o histórico ou o dialético, ou ainda como o existencialismo quando professa o ateísmo, ou quando nega o valor do raciocínio no campo da metafísica”.

       Três Papas declaram que “A Igreja fez sua a doutrina de S. Tomás”[7].

       Concluamos esta longa introdução esclarecendo que S. Tomás não elaborou sozinho a sua filosofia, não a tirou apenas da sua genial inteligência, mas recebeu contribuição dos helênicos Platão e Aristóteles, dos israelitas Avicebron e Maimônides, dos árabes Avicena e Averróis[8], dos Padres da Igreja, sobretudo de Santo Agostinho, da metafísica implícita na Revelação, e com o seu agudíssimo espírito crítico uniu a herança recebida daqueles predecessores às suas contribuições pessoais, e formulou o seu admirável Realismo metafísico que nos legou. A essência deste Realismo está condensada nas XXIV Teses Tomistas.

       Pode ainda surgir a pergunta, por terem sido As XXIV Teses formuladas pela Igreja e por ela propostas, se a uma pessoa que confesse outro credo religioso que o católico, lhe serão aceitáveis as XXIV Teses de S. Tomás de Aquino. Evidentemente teremos uma resposta positiva, porque essas teses limitam-se ao campo da filosofia formulada pela razão natural. Ademais, as que se referem à temporalidade do mundo, à imortalidade de alma, á dualidade corpo e alma, à doutrina da criação, embora sejam afirmadas na Revelação, poderão ser descobertas pela própria razão natural. Elas se limitam, como foi afirmado acima, às filosofias que prescindem como tais da teologia e das verdades religiosas, dos mistérios e dogmas da fé.

 

[1] Escreve a respeito desta afirmação o filósofo Jacques Maritain: “É um enorme erro – Gilson tem razão quando insiste nisso – dizer-se, como repetem muitos professores, que a filosofia de S. Tomás é a filosofia de Aristóteles. A filosofia de S. Tomás é a de S. Tomás. E seria também grande erro dizer que S. Tomás não deve à filosofia de Aristóteles sua filosofia. S. Tomás não se deteve no ente, foi direto ao ato de ser”. (Maritain. Jacques. O Camponês de Carona – Trad. União Gráfica. Lisboa, p. 164).

Este aspecto da conceituação tomista do ser foi com grande precisão formulado pelo filósofo e bispo argentino D. Derisi. (Cf. Derisi. O.D. Santo Tomas de Aquino y La Filosofia Actual. Ed. Universal. Buenos Ayres, 1975, p. 289.

[2] Leão XIII. Enc. Aeterni Patris (04/08/1879) n° 22 – cf. infra Apêndice I.

[3] Tresmontant. Claude. La Métaphysique du Christianisme et la Naissance de La Philosophie Chrètienne. Ed. du Seuil. Paris, 1961. p.14-15. A mesma doutrina, desenvolvida nas obras deste autor: La Doctrine des Prophetes d’Israel (Ed. du Seuil. Paris, 1958); La Metaphvsique Biblique. (Ed. Gabalda. Paris, 1951).

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[4] Bento XV. Discurso na Academia Romana. São Tomás de Aquino, aos 31.12.14.

[5] Cf. Paulo VI. Alocução no VI Congresso Tomista Internacional, 1966

[6] Pio XII. Enc. Humani Generis (16.06.1950) – cf. infra – Apéndice II.

[7] Cf. Pio XI. Enc. Studiorum Ducem (29.06.1923); Bento XV. Enc. Fausto Appetente (28.08.21); Cf. João XXIII. Alocução (16.09.60).

[8] 11- Cf. Silva. Pe. Emilio. “Influencia da Filosofia Arabe na Sintese Tomista”. In: Hora Presente, n° 16, set., 1974, p. 219ss.

São Vicente de Paulo

São Vicente de Paulo“O Apóstolo da Caridade”.

27 de Setembro

“Nasceste da família mais humilde, mas tua origem preparou-te para a glória e a pobreza de tua infância obscura fez-te capaz de ser o Pai dos Pobres.”

Na Pequena aldeia de Pooy, perto da cidade de Dax ao Sul da França, nasceu o terceiro, dos seis filhos do casal de João de Paulo e Bertranda de Morais, era o dia 24 de abril de 1581, no mesmo dia foi batizado e recebeu o nome de Vicente, que quer dizer “Vencedor do Mal”.Vicente, assim como seus irmãos, foram instruídos por sua mãe e dela também receberam o ensino religioso.Desde muito cedo Vicente trabalhou com pastor de ovelhas e de porcos, seus irmãos mais

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velho ajudavam os pais na lavoura.A piedade e a religiosidade marcaram o nosso pequeno pastor; em frente a sua casa tinha um grande Pé-de-Carvalho e nele formou-se um buraco que Vicente colocou uma pequena imagem da Virgem Maria e onde, diariamente, se ajoelhava e fazia suas orações.Sua inteligência e piedade, logo chamaram a atenção do vigário, que aconselhou seus pais a permitirem que ele entrasse na escola.Foi matriculado em um colégio religioso de Franciscanos na cidade de Dax e lá fez os estudos básicos. Os estudos teológicos foram feitos na universidade de Tolusa. Foi ordenado sacerdote em 23 de setembro de 1600, estava com 19 anos, e aos 23 recebe o título de doutor em Teologia.Pe. Vicente era muito estimado por todos, e seus sermões edificavam os seus ouvintes. Uma rica viúva que gostava de ouvir as sua pregações, ciente de que ele era muito pobre, deixou para ele uma herança, uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.Ele foi atrás do devedor, encontrando-o recebeu grande parte do dinheiro; ao regressar o barco que estava foi aprisionado pelos piratas turcos, os passageiros foram levados para Turquia e lá vendidos com escravos.Pe. Vicente foi vendido para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, ele passou para o poder de seu sobrinho que o vendeu a um fazendeiro.Depois de algum tempo é libertado pelo fazendeiro e retorna para França, e lá em Avinhas, hospeda-se na casa do Vice-Legado do Papa e com ele vai para Roma, lá estuda e se forma e Direito Canônico.Pe. Vicente retorna a França a pedido do Papa para levar um documento sigiloso ao Rei e pelo Rei foi escolhido como Capelão da Rainha. Seu serviço era atender os menos favorecidos, levando o alimento material e espiritual a todos os necessitados. Visitava diariamente os hospitais, presídios, escolas etc.O ambiente no palácio era por demais luxuoso e Pe. Vicente pediu a Rainha para ir morar numa pensão.Com o passar do tempo Pe. Vicente conhece o Pe. Berulle, e este logo foi nomeado Bispo de Paris. Pe. Vicente foi indicado para assumir uma pobre paróquia no subúrbio de Paris; lá criou a confraria do Rosário para que seus confrades visitassem os doentes diariamente.O Bispo Dom Berulle indica o Pe. Vicente para dar formação aos filhos do general das Galeras, assim com atender os colonos e trabalhadores de suas propriedades.Foi residir no Palácio dos Gondi, e lá morou por 5 anos, e com auxílio da Senhora de Gondi, funda a Congregação das Missões e a Confraria da Caridade, sendo que a primeira cuidaria da evangelização dos pobres camponeses e a confraria da caridade daria assistência espiritual e corporal aos doentes menos favorecidos, era o ano de 1618.Muitos homens, inclusive muito jovens seguem Pe. Vicente, que exige de seus filhos espirituais pregações simples e ternura em seus corações. Pe. Vicente recebe um leprosário que estava vazio, para residência de seus padres.Somente em 1633 a ordem recebeu o reconhecimento , a bula do Papa Urbano VIII. Pe. Vicente sempre tinha um olhar de ternura e carinho para com as crianças abandonadas, os velhos esquecidos e marginalizados, os pobres e doentes, além dos encarcerados. Durante sua vida fundou grandes obras, que até hoje estão a serviço da humanidade.Em 1633, encontra-se com a viúva Luísa de Marilac e com ela funda a Confraria das Irmãs da

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Caridade. Muitas damas da sociedade unem-se a nova ordem, e juntas formam um exército de voluntárias que saem pelas ruas, para visitar os presos, os idosos desamparados e principalmente as crianças jogadas nas ruas e nas sargetas da intolerância.O Serviço Social nasce de ideais de Pe. Vicente e Luísa de Marilac; que juntos recolhem fortunas dos ricos e as distribuem para necessidades dos seus assistidos

.Em 1648, Pe. Vicente envia seus coirmãos, para as primeiras missões em Madagáscar.Pe. Vicente dizia que: “Jamais devemos perder de vista o divino modelo! É preciso ver Jesus Cristo no pobre, e ver no pobre a imagem de Cristo.”Na madrugada de 27 de setembro de 1660, Pe. Vicente com seus quase 80 anos e uma vida cheia de lutas, conquistas e doações, entrega nas mãos do dispensador de nossas vidas, a sua própria vida. Pe. Vicente gastou-se por amor...Seu sepultamento foi marcado pelas lágrimas de gratidão de tantos orfãos que o tiveram por pai, de tantos idosos que o tiveram por filho, de tantos doentes que o tiveram como remédio e de tantos encarcerados que o tiveram como advogado, conselheiro e amigo.Foi canonizado em 1737, e em 1885 é declarado o Patrono de todas as obras de caridade da Igreja.São Vicente, a tua presença no mundo, através de teus filhos e filhas espirituais, é o que o faz ser mais e melhor.Louvemos a Deus, pelas maravilhas realizadas em seus Santos e Santas.AmémPaz e Bem!Postado por Márcio às 07:27