a Ética na educaÇÃo

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RESUMO Dentre os elementos básicos que sustentam a educação em valores estão o princípio da democracia e da cidadania. Compreender suas relações com a ética e com a educação é essencial na luta pela construção de uma sociedade mais justa. Hoje é impossível falar em educação sem falar em ética, já que a educação está associada à formação ética da cidadania. Não cabe mais, nos dias atuais, instituições educacionais preocupadas apenas com o conhecimento. Elas também têm a responsabilidade de tornar as pessoas mais humanas, sociais e altruístas; estimulando-as a ações concretas de cidadania. Na educação, a ética toma espaço decisório por ter papel de formar, ao lado da família e da sociedade, cidadãos éticos. A ética hoje é palavra obrigatória nos meios formais e informais em todas as ordens. Na política, na religião, na Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e não diferente, a ética também está na educação. Para tanto, o ensino da ética e cidadania é de suma importância, a fim de formar cidadãos que usem, além de suas competências científicas, também a razão com o coração. Neste artigo iremos conversar sobre ética e cidadania na educação. Primeiro iremos conceituar o que é ética e cidadania, para depois vermos como isso está sendo trabalhado nas instituições educacionais. Palavras-chave: ética, cidadania, educação. INTRODUÇÃO

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Trabalho sobre a "A Ética na Educação"

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RESUMO

Dentre os elementos bsicos que sustentam a educao em valores esto o princpio da democracia e da cidadania. Compreender suas relaes com a tica e com a educao essencial na luta pela construo de uma sociedade mais justa. Hoje impossvel falar em educao sem falar em tica, j que a educao est associada formao tica da cidadania. No cabe mais, nos dias atuais, instituies educacionais preocupadas apenas com o conhecimento. Elas tambm tm a responsabilidade de tornar as pessoas mais humanas, sociais e altrustas; estimulando-as a aes concretas de cidadania.

Na educao, a tica toma espao decisrio por ter papel de formar, ao lado da famlia e da sociedade, cidados ticos. A tica hoje palavra obrigatria nos meios formais e informais em todas as ordens. Na poltica, na religio, na Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e no diferente, a tica tambm est na educao. Para tanto, o ensino da tica e cidadania de suma importncia, a fim de formar cidados que usem, alm de suas competncias cientficas, tambm a razo com o corao.

Neste artigo iremos conversar sobre tica e cidadania na educao. Primeiro iremos conceituar o que tica e cidadania, para depois vermos como isso est sendo trabalhado nas instituies educacionais.

Palavras-chave: tica, cidadania, educao.

INTRODUO

H muito que a educao formal vem sendo praticada com uma nica preocupao: o conhecimento. A educao escolar efetivamente formal. Dela o aluno pode sair como uma verdadeira enciclopdia, com informaes sobre quase tudo. Quase tudo, pois a questo central do processo educativo do ponto de vista pedaggico, a formao do ser humano, termina por ficar esquecida num canto qualquer da sala de aula.

A dicotomia existente entre conhecimento e vida salta aos olhos. O que se aprende na escola parece no relacionar-se com o vivido: o que pior, o aluno, que tem na escola um dos seus primeiros passos de socializao, passa por esta instituio parte de sua vida e com raras excees recebe uma formao que vise o seu desenvolvimento enquanto pessoa e cidado. No que a escola deva descuidar-se da transmisso do conhecimento. que o conhecimento apenas uma parte e no o todo da formao humana.

Enquanto humanos, somos seres sociais e polticos. Convivemos com outros indivduos, temos uma vida pblica. E no simplesmente, a formao intelectual, o conhecimento, que nos ajuda na construo de novas relaes sociais e de um convvio que aponte para uma sociedade mais humana, mais justa e solidria. Disto decorre a necessidade de repensarmos as prticas educacionais em termos de tica e cidadania.

Os Parmetros Curriculares Nacionais um instrumento, uma, espcie de manual, que pode auxiliar aos tcnicos educacionais e professores nas suas atividades. Eles sinalizam que a educao escolar deve possibilitar que os alunos sejam capazes de:

compreender a cidadania como participao social e poltica, assim como exerccio de direitos e deveres polticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperao e repdio s injustias, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

posicionar-se de maneira crtica, responsvel e construtiva nas diferentes situaes sociais, utilizando o dilogo como forma de mediar conflitos e de tomar decises coletivas. pg 1

Mas no uma receita de bolo que dispense os profissionais da reflexo e da criao. Nesse caminho somos todos aprendizes onde o caminho vai sendo feito pelo prprio caminhar.

O QUE TICA?

A origem da palavra tica vem do gregoEthiks, que significa modo de ser costume. Trata o comportamento humano pelo seu valor moral. Costume tem um sentido bastante amplo, por tratar temas de natureza do bem e do justo. tambm chamada de filosofia moral, por tratar dos valores em sociedade, isto , do comportamento humano pelo seu valor moral.

Moral vem do latimMores. tica e Moral tem seus conceitos igualitrios, levando em conta a etimologia da palavraEthos e Mores, grego e latim respectivamente, significam a mesma coisa costumes ou o conjunto de costumes.

Segundo Ouaknin (1996, p. 115), Ainda que os dicionrios nos ofeream a preciso de uma etimologia grega para a ticae latina paramoral, eles so incapazes, porm, de precisar a sua diferena. O termo Moral mais amplo que o primeiro, pois compreende o conjunto de prescries vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critrios vlidos para a orientao do agir de todos os membros dessa sociedade (SEVERINO, 1994, p. 195), enquanto a tica busca discutir e explicar valores referentes ao do homem, seus objetivos, critrios e fins.

Na viso de Savater (2002, p. 47), a moral um conjunto de comportamentos e normas que voc, eu e outras pessoas costumamos aceitar como vlidos e a tica, tem significado contrrio, pois trata da reflexo sobre por que consideramos vlidos alguns comportamentos, comparando outras morais de outros em aspectos pessoal e cultural. Compete, no entanto, moral dizer o que deve ser feito, e a tica tira concluses sobre o comportamento moral de cada um. A tica se constitui de um sujeito (agente moral) e de valores (virtudes ticas), e esto intrinsecamente ligados.

Tugendhat (2000, p. 34) discorre em relao s nuances dos termos tica e moral: Na filosofia devemos sempre ter como ponto de partida que no faz sentido discutir sobre o verdadeiro significado das palavras. As origens dos termos no so apropriadas para orientao.

O objeto da tica normativo, seus valores esto atrelados aos padres de conduta, onde visam conservao e a garantia do todo na convivncia social, primando pelo bem estar fsico, social e mental, portanto a tica normativa, porque visa impor limites para manter uma ordem, criando barreiras ticas contra males.

A tica a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou de costumes), reflete sobre os valores em sociedade na busca da moralidade e conscincia para alcanar esses valores morais, porm a tica inicialmente no estabelece regras.

A tica, portanto, um termo grego ETHIKS que significamodo de ser, que em aspectos filosficos traduz-se o estudo dos juzos na conduta do ser, que passvel do bem e o mal, presente neste nico ser ou em grupo e/ou sociedade. Est presente em todas as ordens vigentes no mundo, na escola, na poltica, no esporte, nas empresas e de vital importncia nas profisses, principalmente nos dias atuais.

A QUESTO DA TICA COMO PROCESSO EDUCATIVO

Hoje, assuntos como ecologia, fome, racismo, direitos da mulher, direitos da criana e do adolescente, direitos do consumidor, entre outros, so todos de cunho tico.

A tica hoje palavra obrigatria nos meios formais e informais em todas as ordens. Na poltica, na religio, na Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e no diferente, a tica tambm est na educao. A tica foi sempre vista como meio de educar indivduos, pois a principal tarefa da tica a educao do carter e da natureza humana, sem perder o domnio das paixes pela razo. No entanto a discusso tica nos meios pedaggicos algo polmico. Na educao, a tica toma espao decisrio por ter em seu meio aes geradoras de conhecimento, que norteiam inmeras questes e por ter papel de formar, ao lado da famlia e da sociedade, cidados ticos. E a famlia o esprito tico imediato, pois a famlia tem como caracterstica a ticidade natural (imediata), a sociedade civil baseia-se na superao dessa ticidade [...] (WEBER, 1996, p. 17). Hoje impossvel falar em educao sem falar em tica, porque nessa prerrogativa est atrelada ao senso de cidadania, j que, a educao est associada formao tica da cidadania. Assim como afirma Maciel (1989, p. 6), A educao o mais eficaz instrumento para o resgate da cidadania. o caminho por onde chega a conscincia dos direitos e deveres das pessoas.

A palmatria como forma de castigo fsico, foi concebida pela educao formal como correo tica, hoje no mais admitida. A questo demasiadamente polemizada, por ter relao com valores diferenciados nas sociedades. Um exemplo a questo da pena de morte e da eutansia (como forma de tica estabelecida), podem tornar-se aes de cunho tico aprovados numa sociedade utilitarista, contanto que estas aes comprovem a validade da adoo desta prtica. Existe alm desta, a polmica daeducao tica por tendncias religiosas, como afirmavam certos filsofos na antiguidade, e negada por outros tambm (apesar do primeiro cdigo de tica advir das escrituras sagradas _ Os 10 Mandamentos) como por exemplo, em Bayle (Sc XVII), filsofo francs que repugnava a f como forma de construir sociedades ticas e justas. Para ele, uma sociedade de ateus poderia ser bem mais tica que uma sociedade baseada na religio. E muitos filsofos da poca aderiram ao paradoxo de Bayle, a exemplo de Voltaire.

Quanto a uma teoria de natureza religiosa, Russell (1977, p. 114), tambm, faz uma ressalva critica:

Os protestantes nos dizem, ou costumam dizer, que contrrio vontade de Deus trabalhar aos domingos. Mas os judeus dizem que nos sbados que a vontade de Deus probe trabalhar. O desacordo quanto a essa questo tem persistido por dezenove sculos, e no conheo mtodo algum de terminar esse desacordo, exceto as cmaras de gs deHitler, o que no seria em geral reconhecido como mtodo legitimo na controvrsia cientfica. Judeus e maometanos garante-nos que Deus probe carne de porco, mas os hindus dizem que a carne de vaca que ele probe. O desacordo quanto a essa questo fez com que dezenas de milhares de pessoas fossem massacradas nos ltimos tempos. Dificilmente se poderia afirmar, portanto, que a vontade de Deus d base para uma tica objetiva.

Est comprovado que vrios universos ticos se cruzam em discursos que necessariamente no falam o mesmo idioma. Mas, como indagou Protgoras apud Valle (2001) que tipo de tica leva educao? Que tica precisamos nos currculos educacionais? necessria uma tica para a educao? So perguntas polmicas que geram discusses, bvias e necessrias para chegarmos a um ponto de partida.

O primeiro ensinamento dado pelo professor consiste em mostrar, por seu comportamento em classe, que possvel exercer uma profisso respeitando os cdigos de tica, a moralidade vigente, a alteridade do outro, sempre sabendo o momento certo de ouvir, isentando seus juzos dos preceitos e fazendo o esforo de compreender a lgica que reside em cada um como agente moral. (FERREIRA, 2001, p. 78).

A tica ento uma preocupao predominante dos primeiros profissionais da educao, como Protgoras, e outros sofistas que so vistos como os primeiros pedagogos. O termo escola se deve a eles.

possvel tratar a tica na educao levando a domnio questes que assimilam a realidade, a maneira atual de se ver o mundo, buscando as causas naturais expressas pelos acontecimentos, ou seja, as inmeras transformaes sociais de configurao na vida humana, como as mudanas culturais que fizeram brotar novos problemas ticos, alm, claro, daquelas causadas pela fragmentao cientifica, que cresce na sociedade, como as questes da clonagem humana, a eutansia, a ecologia, a comunicao de massa, a legalizao do uso da maconha, a manipulao gentica, entre tantas outras questes que trazem a evidencia da razo como mudanas de paradigmas, onde esta deixa de estabelecer criticamente nas questes globais que atingem as relaes tico-sociais, isto , nas configuraes humanas. Estas questes, atuais, podem servir de temas para tratar as virtudes ticas, podem imputar aos alunos, uma genealogia crtica da realidade para que possam adquirir opinies que facilitem sua formao cvica e sua formao humana, como apresentada por Edgar Morin, A educao do futuro dever ser universal e voltada para a condio humana (MORIN, 2001, p. 47). Morin atribui a tica a um dos 7 saberes necessrios educao do futuro: O conhecimento, O conhecimento pertinente, A identidade humana, A compreenso humana, A incerteza, A conduo planetria, e A antropo-tica, onde, o autor atribui a existncia de um aspecto individual, outro social e um outro gentico, todos interligados. Nela o homem deve desenvolver a tica e a prpria responsabilidade pessoal desenvolvendo a participao social. O homem precisa estar convicto de suas aes no s na tendncia pessoal individualista, mas na social e civil que est ligada democracia, que Morin julga um exerccio de controle por permitir aos cidados exercerem suas responsabilidades nomeando atravs de voto seus representantes.

J Touraine (1997, p. 115) tecendo criticas as revelaes e relaes sociais do mundo moderno revela:

A sociedade industrial que se forma na Europa, depois na Amrica do Norte, surge cortada por um capitalismo brutal: de um lado o mundo do interesse e da individualidade, sobre o qual Schopenhauer diz que esteticamente uma taberna cheia de bbados, intelectualmente um asilo de alienados e moralmente um covil de bandidos; do outro, o mundo impessoal do desejo que no se comunica com o do clculo.

Da entende-se que, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar s profisses ticas definidas. Uma tica (regra) capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma tica.

O QUE CIDADANIA?

A origem da palavra cidadania vem do latim "civitas", que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para' indicar a situao poltica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Segundo Dalmo Dallari:

A cidadania expressa um conjunto de direitos que d pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem no tem cidadania est marginalizado ou excludo da vida social e da tomada de decises, ficando numa posio de inferioridade dentro do grupo social".

(DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. So Paulo: Moderna, 1998. p.14)

No Brasil, estamos gestando a nossa cidadania. Damos passos importantes com o processo de redemocratizao e a Constituio de 1988. Mas muito temos que andar. Ainda predomina uma verso reducionista da cidadania (votar, de forma obrigatria, pagar os impostos... ou seja, fazer coisas que nos so impostas) e encontramos muitas barreiras culturais e histricas para a vivncia redemocratizao cidadania. Somos filhos e filhas de uma nao nascida sob o signo da cruz e da espada, acostumados a apanhar calados, a dizer sempre "sim senhor", a "engolir sapos, a achar "normal" as injustias, a termos um "jeitinho" para tudo, a no levar a srio a coisa pblica, a pensar que direitos so privilgios e exigi-los ser boal e metido, a pensar que Deus brasileiro e se as coisas esto como esto por vontade Dele.

Os direitos que temos no nos foram conferidos, mas conquistados. Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concesso, um favor de quem est em cima para os que esto em baixo. Contudo, a cidadania no nos dada, ela construda e conquistada a partir da nossa capacidade de organizao, participao e interveno social.

A cidadania no surge do nada como um toque de mgica, nem to pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realizao destes direitos. necessrio que o cidado participe, seja ativo, faa valer os seus direitos. Simplesmente porque existe o Cdigo do Consumidor, automaticamente deixaro de existir os desrespeitos aos direitos do consumidor ou ento estes direitos se tornaro efetivos? No! Se o cidado no se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses sero letra morta, ficaro s no papel.

Construir cidadania tambm construir novas relaes e conscincias. A cidadania algo que no se aprende com os livros, mas com a convivncia, na vida social e publica. no convvio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, atravs das relaes que estabelecemos com os outros, com a coisa publica e o prprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a tica.

A cidadania tarefa que no termina. A cidadania no como um dever de casa, onde fao a minha parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando conscincia mais ampla dos direitos. Nunca poderemos chegar a entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgiro, demandando novas conquistas e, portanto mais cidadania.

CIDADANIA COMPROMISSO SOCIAL E EDUCACIONAL

Viemos de um regime de excluso de direitos e deveres e muitos lutaram, dando at a vida, para o retorno do exerccio da democracia. Observamos, porm, que na atualidade alguns desses princpios de igualdade e liberdade extrapolaram. Hoje, a condio de igualdade, sem respeitar parmetros, principalmente pela complexidade das Leis e atuao dos Poderes constitudos, leva at alguns a fazerem justia com as prprias mos, chegando a exageros. Gritamos tanto pelos nossos direitos que esquecemos nossos deveres.

Hoje, principalmente os mais jovens e, particularmente, os acadmicos, no tiveram a oportunidade de receber uma formao para o exerccio da cidadania. Nos anos 70 e 80, houve o processo de abertura democrtica, mas muitos deles no participaram. Muitas portas da liberdade foram escancaradas, confundindo liberdade com libertinagem. Outras vezes a palavra Cidadania ficou restrita somente aos direitos e deveres da pessoa, diminuindo a sua amplitude. Talvez essa prtica tambm esteja intimamente ligada falta de fomento dos meios de comunicao para suscitar a cidadania.

A instituio educacional no deve ser apenas o local onde se faz debates, leituras e complementaes. Ela tem a responsabilidade de tornar as pessoas mais humanas, sociais e altrustas; por isso, seja ela em qualquer nvel, deve estimular aes concretas de cidadania. oportunizar ao aluno descobrir seu potencial e estimul-lo a colocar-se em benefcio do outro. No s transform-lo num profissional vido de ascenso social e financeira, mas form-lo como um homem todo, com toda dimenso social, intelectual e espiritual, o lder que use, alm das suas competncias cientficas, tambm a razo com o corao.

CONSIDERAES FINAIS

Formar cidados prontos a participar da vida poltica e social do pas tem sido proposto educao. Ferreira (1993) nos mostra que no existe cidadania, sem o cidado que lhe atribuir forma prpria. Talvez essa seja a questo principal que pouco tem sido considerada.

Percebe-se que a escola, instrumento eleito para essa formao, no consegue alcanar esse objetivo. As crianas e adolescentes no tm aprendido a importncia de tal participao e nem mesmo a equipe escolar parece estar totalmente consciente de sua necessidade. Educar para a cidadania conforme exposto implica em incentivar o indivduo a participar efetivamente da sociedade.

Muito se fala sobre cidadania, porm deixa-se de lado o sujeito que lhe atribuir consistncia, o prprio cidado, que precisa receber ateno, preparo capacitao para o seu exerccio. necessrio que se vislumbre, mesmo em meio s dificuldades enfrentadas, um futuro cidado, consciente de seus direitos e deveres, que surge como resultado da disposio e persistncia de alguns poucos em valorizar aquele que razo da luta pela cidadania, que a pessoa, o ser humano, no nosso caso especfico, o aluno.

A cidadania passa no apenas pela conquista de igualdade de direitos e deveres a todos os seres humanos, mas tambm pela conquista de uma vida digna, em sua mais ampla concepo, para todos os cidados e cidads habitantes do planeta. Esses so princpios ticos fundamentais que esto na base da sociedade contempornea e por isso importante estudar seus pressupostos, com o intuito explcito de que sejam adotados e consolidados nas instituies escolares.

A partir do momento em que tica e cidadania ficar mais presente nas escolas, as novas geraes entendero o verdadeiro significado da preservao do planeta, da vida, da importncia da paz e harmonia entre as sociedades.

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