a escola enquanto espaÇo de incentivo e … · ou seja, o cuidado que o homem tem com a natureza....

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A ESCOLA ENQUANTO ESPAÇO DE INCENTIVO E VALORIZAÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIFERENCIADAS Cristiane Sanches de Medeiros Deliberador 1 RESUMO As funções primordiais da escola, são: transmitir conhecimentos técnicos e científicos; e propiciar o acesso às múltiplas manifestações culturais; e produzir e reproduzir cultura. Entretanto, repensando como tem sido sua prática atual, surge o seguinte questionamento: por que a escola nem sempre oferece experiências educativas capazes de desenvolver processos de aprendizagens e/ou interações mais ricas social e culturalmente? Ou ainda: por que aquilo que se produz é tão pouco compartilhado e pouco valorizado? A escola é um espaço que necessita incentivar as mais diversas manifestações e expressões em relação ao que é aprendido e ao que é construído. Deve ser um espaço de incentivo e valorização de atividades pedagógicas que levem o aluno à prática social e ao uso funcional dos conteúdos, com ênfase nas interações, no diálogo, nas trocas, na exposição, na manifestação do que se aprende, e do que está sendo debatido e/ou criado. A escola dispõe de grande potencial humano, tanto docente quanto discente para a realização de tais atividades. Cabe a ela aproveitar estas potencialidades e significar seu ambiente, tornando-o culturalmente mais diversificado, mais expressivo e muito mais humano. Palavras-chave: cultural, interações, prática- social, potencialidades. 1 Especialista em Didática e Metodologia, Professora Pedagoga da Rede Estadual de Educação. Experiência Profissional na docência de educação infantil e ensino fundamental - séries iniciais.

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A ESCOLA ENQUANTO ESPAÇO DE INCENTIVO E VALORIZAÇÃO DE PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS DIFERENCIADAS

Cristiane Sanches de Medeiros Deliberador 1

RESUMO As funções primordiais da escola, são: transmitir conhecimentos técnicos e científicos; e

propiciar o acesso às múltiplas manifestações culturais; e produzir e reproduzir cultura.

Entretanto, repensando como tem sido sua prática atual, surge o seguinte questionamento: por

que a escola nem sempre oferece experiências educativas capazes de desenvolver processos de

aprendizagens e/ou interações mais ricas social e culturalmente? Ou ainda: por que aquilo que se

produz é tão pouco compartilhado e pouco valorizado? A escola é um espaço que necessita

incentivar as mais diversas manifestações e expressões em relação ao que é aprendido e ao que é

construído. Deve ser um espaço de incentivo e valorização de atividades pedagógicas que levem

o aluno à prática social e ao uso funcional dos conteúdos, com ênfase nas interações, no diálogo,

nas trocas, na exposição, na manifestação do que se aprende, e do que está sendo debatido e/ou

criado. A escola dispõe de grande potencial humano, tanto docente quanto discente para a

realização de tais atividades. Cabe a ela aproveitar estas potencialidades e significar seu

ambiente, tornando-o culturalmente mais diversificado, mais expressivo e muito mais humano.

Palavras-chave: cultural, interações, prática- social, potencialidades.

1

Especialista em Didática e Metodologia, Professora Pedagoga da Rede Estadual de Educação. Experiência Profissional na docência de educação infantil e ensino fundamental - séries iniciais.

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THE SCHOOL AS A PLACE OF ENCOURAGEMENT AND VALUATION OF

DIFFERENTIATED PEDAGOGIC PRACTICES

ABSTRACT

The fundamental functions of the school are: to convey technical and scientific know-how;

provide access to multiple cultural events; and produce and reproduce culture. Rethinking the

way it has been nowadays practiced, however, yields the following question: why the school

does not always provide educational experiences that are capable of developing learning

processes and/or socially and culturally richer interactions? Or: why what is produced is so

little shared and little valued? The school is an area that needs to encourage the more diverse

manifestations and expressions in relation to what is learned and what is built. It should be a

place of encouragement and appreciation of educational activities that allow students to

practice social activities and functional use of contents, with emphasis on interactions,

dialogues, exchanges, on display and demonstration of what is learned and what is being

discussed and/or created. The school has great human potential, teachers and students, to

carry out such activities. It is up to it to take advantage of these potentialities, revaluing its

environment, and making it more culturally diverse, more expressive and much more humane.

Key words: interactions, social activities, potentialities.

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INTRODUÇÃO

Este Artigo foi realizado como um dos requisitos do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE ². O professor contemplado neste programa

desenvolve um Projeto a ser implementado em sua escola de origem, a partir de um

aprofundamento teórico dado em Instituição de Ensino Superior e de orientações

recebidas pelo professor orientador de maneira que este Projeto elaborado

possibilite a integração teórico prática (formação acadêmica e realidade escolar).

Além das atividades de aprofundamento teórico o professor PDE elabora um

material didático pedagógico e participa de um Curso de Educação à Distância como

tutor de um grupo de professores da rede estadual de educação, Grupo de Trabalho

em Rede, com objetivo de abrir discussões, refletir e propor sugestões acerca de

seu Projeto e sua implementação.

O Projeto elaborado, a que se refere este artigo, tem como tema: A

escola enquanto espaço cultural.

Segundo Marilena Chauí (1995) apud Oliveira (2007),

Cultura vem do latim colore, que significa criar, tomar conta e cuidar, ou seja, o cuidado que o homem tem com a natureza. Nos primórdios da humanidade, a cultura também estava relacionada ao cuidado dos homens com o espírito das novas gerações, com a educação das crianças, ou seja, com a educação em geral. (OLIVEIRA, 2007, p.155)

Para Oliveira (2007),

a partir do século XIX, o conceito de cultura passou a significar tudo aquilo que o homem produz nas relações com outros homens, ou seja, a linguagem, símbolos, comportamentos, atitudes, valores, crenças, obras de arte e obras do pensamento. Enfim, tudo aquilo que, a partir da existência humana, tem um significado. (OLIVEIRA, 2007, p.156)

O referido projeto foi pensado durante sua elaboração tendo como

objetivo: criar um espaço de incentivo e valorização de práticas pedagógicas

diferenciadas, de maneira a tornar o ambiente escolar um ambiente culturalmente

diversificado, com a valorização destas práticas e

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diversificado, com a valorização destas práticas e aproveitando

potencialidades tanto por parte dos alunos quanto dos professores.

As atividades relatadas foram realizadas no Colégio Estadual

Professora Célia Moraes de Oliveira - E.F.M., no município de Londrina - PR,

envolvendo turmas e professores do ensino fundamental e ensino médio no ano de

2009.

² - PDE - O Programa de Desenvolvimento Educacional, promovido pela Secretaria de Estado da

Educação do Paraná é um programa inovador de capacitação continuada, estruturado em três grandes eixos de atividades: atividades de integração teórico-práticas, atividades de aprofundamento teórico e atividades didático pedagógicas. Os docentes que participam deste programa receberam orientação de docentes de Instituições de Ensino Superior, no caso específico deste artigo, a orientadora foi docente e mestra Márcia Bastos e Almeida da Universidade Estadual de Londrina.

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TENDÊNCIA PEDAGÓGICA

A LDB (Lei nº 9.394, de 1996) em seu Art. 3º, inciso II, do TÍTULO II,

estabelece:

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber.

As maneiras de divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber,

portanto, o saber sistematizado que cabe à escola ensinar, dizem respeito também

aos métodos, às práticas pedagógicas, ao fazer do professor e da escola como um

todo. A escola deve possibilitar a divulgação destes diferentes saberes através das

mais diversas interações e manifestações culturais.

No entanto, muitas vezes a escola deixa de propiciar práticas

educativas que valorizem tais interações, durante o processo construtivo da

aprendizagem. Quando tais práticas com o objetivo de enriquecer o currículo são

adotadas, muitas vezes não são divulgadas no coletivo escolar. Perde-se a

oportunidade de valorização do trabalho de professores e de alunos. Há grandes

potenciais em uma sala de aula (professores e alunos), mas é preciso estratégias

para aproveitá-los bem, de forma que experiências de aprendizagem favoreçam

outras aprendizagens, através das interações.

Este Artigo, ao expor a implementação do Projeto “A escola enquanto

espaço de incentivo e valorização de práticas pedagógicas diferenciadas”, busca

aprofundar reflexões em torno desta temática.

Expor um Projeto que proponha práticas pedagógicas diferenciadas

necessita inicialmente estabelecer a que pedagogia se refere este Projeto, a qual

tendência pedagógica.

Segundo Saviani (2007) a pedagogia histórico-crítica é tributária da

concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, com

fortes afinidades com a psicologia histórico-cultural, no que se refere às bases

psicológicas.

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A pedagogia histórico-crítica (SAVIANI, 2005), enfatiza o papel

político da educação. O povo precisa da escola para ter acesso ao saber erudito, ao

saber sistematizado e, em conseqüência, para expressar de forma elaborada os

conteúdos da cultura popular que correspondam aos seus interesses.

Segundo esta tendência,

a educação é entendida como o ato de produzir, direta e intencionalmente em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social. A prática social põe-se, portanto, como ponto de partida e o ponto de chegada da prática educativa. (SAVIANI, 2007, p. 420)

Conforme Rego (1995), para a teoria epistemológica Histórico-

cultural, a ênfase recai no papel da interação social no desenvolvimento do homem.

Essa teoria se concentra na relação causal entre a interação social e o

desenvolvimento cognitivo dos sujeitos com o meio e com os outros, essas

interações seriam as principais promotoras da aprendizagem. Para Vygotsky, todo o

desenvolvimento e aprendizagem se dão a partir de um processo ativo, no qual

existem ações propostas por várias ferramentas. Para ele, a mais importante destas

ferramentas é a linguagem (oralidade, escrita e os diversos sinais; mas é a oralidade

que Vygotsky privilegia).

Construir conhecimentos, na perspectiva de Vygotsky, implica numa

ação partilhada, já que é através dos outros, das trocas efetivas que as relações

entre sujeito e objeto de conhecimento estão estabelecidas.

Quando se amplia as redes de interações, maiores as possibilidades

de aprendizagem. Vygotsky integra em seus trabalhos aspectos cognitivos e

afetivos, dedicando a ambos significativa preocupação. Segundo Rego (1995,

p.120), Vygotsky “Concebe o homem como ser que pensa, raciocina, deduz e

abstrai, mas também alguém que sente, se emociona, deseja, imagina e se

sensibiliza.”

Saviani (1999) apud Gasparin (2007) também dá ênfase à

necessidade de se complementar a atividade cognitiva a partir da sensibilização em

relação aos compromissos sociais. É necessário mostrar ao aluno os compromisso

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que o novo conhecimento lhe possibilita assumir, permitindo-lhe um novo agir em

relação às transformações socias,

não basta, porém atuar intelectualmente, possibilitando ao aluno a compreensão teórica e concreta da realidade. É mister, ainda que em pequena escala, possibilitar ao educando as condições necessárias para que a compreensão teórica traduza em atos, uma vez que a prática transformadora é a melhor evidência da compreensão da teoria (apud GASPARIN, 2007, p.146)

Para Ferreira (1993),

a escola é vista como um espaço político onde se deve ministrar um conjunto de disciplinas de maneira que o jovem adquira o saber necessário para não se deixar enganar. O conhecimento intelectual aparece como o suporte para a formação da cidadania, o instrumento básico para o salto qualitativo entre a consciência ingênua e a consciência crítica. ( FERREIRA,1993, p.221)

Ferreira afirma ainda que a cultura política se desenvolve com a

tomada de consciência, mas é preciso,

Que se enfatize que isso não se reduz a processos puramente intelectuais. Na formação para a cidadania, a ruptura que precisa ser feita vai além da ordem da opinião e do senso comum. (...) A formação do cidadão não se esgota em uma dessas ordens- a sensibilidade ou a razão. Aceitar a perspectiva intelectualista como sendo a única capaz de formar o cidadão é também correr o risco de formar pessoas rígidas e insensíveis, intelectualizadas, porém sem compromissos com os outros, desenraizados da coletividade, estranhas em seu próprio grupo.

Para Ferreira (1993) “É pela via da afetividade que se pode remeter

aos compromissos e engajamentos. (...) O convencimento requer aceitação racional

e adesão emocional”.

De acordo com Gasparin, “Há que se descobrir em consequênca,

maneiras de como os conhecimentos escolares têm força e peso nas mudanças

sociais e pô-los em prática em função disso” (GASPARIN, 2007, p.149)

Ferreira (1993)afirma ainda, que:

O homem adquire certos conhecimentos, se instrui, se educa, se modifica, vai além de si mesmo. (...) o conhecimento intelectual é

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um dos pressupostos na formação do cidadão. Entretanto, é problemático dizer que tal formação se funda somente no domínio do saber.

Neste sentido, para Ferreira (1993), educar para a cidadania não significa formar cidadãos que pensem que podem resolver sozinhos os seus problemas, mas que percebam o quanto precisam caminhar juntos com outras pessoas, que aprendam a negociar conflitos, seduzir o outro para projetos que atendam aos anseios coletivos.

Segundo Gilberto Velho (1987), apud Dayrell (1996),

quanto mais exposto estiver o ator a experiências diversificadas, quanto mais tiver de dar conta de ethos e visões de mundo contrastantes, quanto menos fechada for sua rede de relações ao nível do seu cotidiano, mais marcada será a sua autopercepção de individualidade singular. Por sua vez, a essa consciência da individualidade, fabricada dentro de uma experiência cultural específica, corresponderá uma maior elaboração de um projeto. (VELHO,1987,pp.32 apud DAYRELL 1996).

Para Moraes (2008), o conhecer e o aprender são processos de co-

participação que se dá na interação entre sujeitos, numa perspectiva sócio-cultural.

Aprendemos e damos significado ao mundo no intercâmbio com nossa cultura e com

nosso ambiente social. Também aprendemos a argumentar e sustentar nossos

pontos de vista a partir das interações estabelecidas com os outros e, ao mesmo

tempo, ensinando a eles.

As três fases do método dialético de construção do conhecimento

escolar - prática, teoria, prática, constituem as três partes que se desdobram nos

passos da pedagogia proposta por Saviani. Utilizar o método dialético pressupõe:

partir da prática social (sensibilização, desafio, problematização), dispor

instrumentos teóricos e práticos para a sua compreensão e solução

(instrumentalização), viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da

própria vida dos alunos (catarse).

Gasparin (2007) explicitou este processo dialético, através da

implementação prática da pedagogia histórico-crítica em cinco passos: prática-social

inicial do conteúdo, problematização, instrumentalização, catarse e prática social

final do conteúdo.

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Durante a instrumentalização uma das operações mentais básicas

para a construção do conhecimento é a análise, neste estágio o aluno aproxima-se

da síntese, intelectualmente torna-se capaz de relacionar cotidiano e científico,

prático e teórico.

Segundo Saviani (2007), os métodos devem favorecer o diálogo,

estimular a atividade, a iniciativa, o interesse e o ritmo de aprendizagem dos alunos,

mas sem deixar de focar a função primordial da escola: valorizar a cultura

historicamente acumulada; os conteúdos sistematizados tão necessários à

emancipação das classes menos favorecidas.

Para Masetto (2000) apud Gasparin (2007) a interaprendizagem é

importante nesta fase. Levar o aluno a coletar informações, relacioná-las, discutí-las,

debatê-las com seus colegas, professores, outras pessoas, ajuda e favorece a

produção do conhecimento de forma significativa para ele.

Para Zabala (1998), as relações interativas na sala de aula

promovem a atividade mental autoestruturante. Aprender significa elaborar uma

representação do conteúdo, interiorizá-lo, torná-lo seu, integrá-lo nos próprios

esquemas do conhecimento. Esta representação não inicia-se do zero, parte dos

conhecimentos que os alunos já dispõem e que lhes permitem fazer conexões com

os novos conhecimentos. Atribuir-lhe significância ao que se aprende requer um

processo extremamente ativo realizado pelos alunos. Não se trata aqui de atividades

indiscriminadas em que os alunos estejam simplesmente envolvidos em constante

movimento, mas ações que promovam atividades de reflexão sobre o que propõem

as aprendizagens, diretamente proporcionais à complexidade e capacidade de

compreensão. Para isto, é importante que os alunos possam experimentar, tocar,

observar, manipular, exemplificar, comparar e, a partir disto, ativar seus processos

mentais. Para realizar este processo mental estruturante, Zabala (1998) afirma que

os alunos necessitam de uma série de estratégias meta cognitivas, para que possam

assegurar o controle pessoal dos conhecimentos que vão adquirindo, assim como

dos processos que realizam na aprendizagem. Para que isto ocorra, há estratégias

que oferecem a oportunidade de levá-los a planejar as atividades, regular as

atuações a partir dos resultados, revisar e avaliar as ações desenvolvidas. Esta

atividade mental não se realiza facilmente. É preciso que experimentem situações

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que os levem a fazer perguntas, questionar, estabelecer relações entre fatos e

acontecimentos, partir de situações que favoreçam o processo de

compreensão. Estas não poderão ser unicamente atividades passivas, serão

necessários o debate, o diálogo, experimentação e observação. Atividades que

fomentem a tomada de decisões quanto às aprendizagens, que promovam a

reflexão, que os ajudem a pensar, que utilizem a linguagem para a generalização em

diferentes situações e contextos. Situações de atividade compartilhada com os

outros, na resolução de problemas de maneira cooperativa, na confrontação das

ideias, no uso funcional das aprendizagens em ocasiões que seja necessário.

Zabala reforça ainda que para aprender, é necessário um ambiente

adequado, em meio à relações que predominam a aceitação, a confiança, o respeito

mútuo e a solidariedade.

Para Freire e Fagundes (1985), uma educação de perguntas é a

única educação criativa e apta a estimular a capacidade humana.

Criar um ambiente adequado para a aprendizagem, promover

situações dialógicas, que aproveitem e estimulem a curiosidade dos alunos é

fundamental.

Para Bakhtin Apud Fontana (1996), a apreensão do discurso do outro

é um processo dialógico de confrontação entre as palavras “alheias” e as palavras já

elaboradas pelo sujeito.

O processo de elaboração conceitual, considerado à luz do “princípio

dialógico”, configura-se pelo confronto de múltiplas vozes em condições de

interação. Caracteriza-se como um processo discursivo.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (PARANÁ,

2008), a ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na

interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a

produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes

situações. Desse modo, sugere-se um trabalho que priorize práticas sociais,

a oralidade em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada, entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discurso nos quais o aluno se constitui como sujeito do

processo interativo. (PARANÁ, p.21)

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Definida a concepção pedagógica que fundamenta o Projeto “A

escola enquanto espaço de incentivo e valorização de práticas pedagógicas

diferenciadas”, a ser implementado em turmas de quinta à oitava séries e ensino

médio, torna-se possível vislumbrar quais são as práticas pedagógicas, as quais são

denominadas de diferenciadas, que mereçam ser incentivadas. Serão aquelas que

favoreçam a oralidade, as relações dialógicas, a exposição de trabalhos, o debate, a

interação entre turmas, que incentivem a divulgação do que é produzido na

complexidade de diferentes aprendizagens. Práticas pedagógicas que sejam

capazes de tornar os conteúdos propostos pelo currículo escolar e pelos professores

mais dinâmicos, atrativos e significativos, atrelados às manifestações artísticas e ao

uso de diferentes linguagens e tecnologias.

No Projeto “A escola enquanto espaço de incentivo e valorização de

práticas pedagógicas diferenciadas” foram sugeridas as seguintes práticas

pedagógicas: Canais de Comunicação - Criação de Jornal e Rádio Educativa,

Fóruns de Debate, Criação de Espaço Cultural Permanente - Mostras de Artes,

Teatro, Mostras e Apresentação de Trabalhos e Experimentos.

RELATOS DA INTERVENÇÃO

A intervenção teve início com a Semana Pedagógica, quando foi

realizada uma palestra com uma docente da Universidade Estadual de Londrina que

abordou a questão do Currículo Escolar ,visto ser o tema da Semana Pedagógica e

também pela possibilidade de se aprofundar sobre o marco teórico que fundamenta

o presente trabalho do PDE.

Durante sua fala aos professores, foram abordadas, de forma

historicizada e bem dinâmica, as questões educacionais, partindo-se da definição de

educação como um processo de formação humana do sujeito, transmissão de

conhecimentos para novas gerações em busca de se garantir a existência mais

confortável, mais segura. Diferenciou-se Currículo Academicista, ou Currículo

Tradicional, o Currículo Cognitivista, Escola Nova, Currículo Tecnicista,

caracterizando as ações do professor. Esclareceram-se pontos importantes em

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relação aos PCNs e à política Neoliberal. Quanto à Pedagogia Histórico-Crítica

enfatizou-se a tendência centrada na intelectualização, a ênfase no conteúdo,a

finalidade da educação: formação integral para a cidadania.

Segundo esta tendência, para que o exercício consciente da

cidadania aconteça, são necessários instrumentos que seriam os conteúdos

estruturantes básicos e, a partir destes conteúdos, a transposição didática. Expôs-

se que, para Saviani, a Pedagogia Histórico-Crítica parte de um Currículo Crítico

com base da teoria Marxista e deve desvelar as contradições da sociedade. Tem

sua base epistemológica na teoria de Vygotsky – interacionista: “aprendo a viver em

sociedade através das interações, e é por meio da linguagem que me aproprio

deste conhecimento. Fez-se um paralelo entre Piaget e Vygotsky. Segundo a teoria

de Vygotsky, quanto maior for a capacitação do mediador, maior a formação do

sujeito, do aluno. Os conteúdos, dentro desta tendência Histórico-Crítica, são

objetivos a serem atingidos. As metodologias devem ser diversas, muitas da Escola

Nova.

Destacou-se que a escola não deve direcionar seu trabalho de

maneira espontânea a atender os interesses do aluno, mas sim, de forma

sistemática, organizada e intencional, trabalhar os conteúdos historicamente

construídos, mas de forma a criar, despertar-lhe o interesse. O interesse não seria o

foco, como na Escola Nova, mas seria um caminho. Para isso é importante o

professor ter gosto pelo que faz, ter entusiasmo e saber transmitir isto ao aluno (

pontos abordados pelo Professor Vitor Paro, que destaca também a questão do

despertar o interesse do aluno, trazendo-o para o “nosso lado” ) ( Vídeo apresentado

pela TV Paulo Freire – Programa “Nós” da Educação)

A escola deve intercalar Ciências (conteúdo em si) Filosofia, Artes e

Tecnologia e, neste processo, considerar que não somos somente razão.

Posteriormente, houve a apresentação do Projeto “A escola enquanto

espaço de incentivo e valorização de práticas pedagógicas diferenciadas” aos

participantes da Semana Pedagógica.

Nesta apresentação alguns pontos da fala da professora da UEL

foram destacados: a importância do professor trabalhar não a partir dos interesses

dos alunos (como era proposto na Escola Nova), mas do que é necessário, e a partir

disto criar o interesse pelo estudo e pelo conteúdo, despertando-lhe e aproveitando

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sua curiosidade e potencialidades. Para isso a escola deve valer-se da interação

das ciências, da filosofia, artes e tecnologia.

Em dia anterior, em uma das atividades da Semana Pedagógica

realizada tratava-se entre outras questões, da sugestão de práticas escolares que

deveriam ser acrescentadas na rotina escolar. Refere-se à parte da Atividade 3, a

qual segue registrada na íntegra.

a) Neste sentido, analise que possíveis práticas – rotinas escolares – são condizentes com

a concepção de educação da escola pública, diante do Projeto social que temos. Nesta

perspectiva, indique e justifique as práticas que devem ser mudadas e quais devem ser

revistas e/ou mantidas.

· Vínculo de cordialidade com professores, pais, alunos e funcionários;

· Diálogo com a família sobre a vida escolar do aluno;

· Registros sobre tudo o que ocorre com o aluno. Troca de

experiências entre os professores;

· Trabalho com a leitura e a compreensão do que se lê em todas as

disciplinas;

· Manter a mesma linguagem entre professores e equipe pedagógica

em prol das responsabilidades dos alunos;

Consideramos essas práticas e outras já realizadas na escola como

fundamental para uma prática pedagógica de qualidade. Percebemos que as

práticas simples, mas práticas claras e mantidas pelo coletivo contribuem

para a organização do trabalho pedagógico escolar, resultando em melhorias

significativas na aprendizagem e convivência escolar.

Práticas que podem ser acrescentadas:

· Exposição de trabalhos de alunos; (Grifo do autor)

· Realizar mais confraternizações, eventos culturais e esportivos entre os

professores;

· Acrescentar atividades e elementos culturais na semana esportiva; (Grifo

do autor)

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· Explorar a potencialidade e talentos dos alunos nas mais variadas áreas

do conhecimento, proporcionando espaços e momentos de incentivo e

reconhecimento de habilidades; (Grifo do autor)

· Criar um horário específico de leitura de textos informativos com os

alunos, envolvendo todas as disciplinas, contribuindo para o seu

conhecimento, argumentação e interpretação crítica das reportagens;

(Grifo do autor)

· Utilizar-se da cultura musical compara o aluno, colocando no intervalo os

mais variados estilos musicais; (Grifo do autor)

· Proporcionar aos alunos jogos e atividades recreativas durante o intervalo,

sob os cuidados de um funcionário;

· Conhecer melhor a “história” dos alunos que apresentam dificuldade de

aprendizagem ou distúrbios de comportamento, realizando questionário e

entrevistas com o responsável através do serviço de Orientação Educacional.

Essas práticas foram acrescentadas ao cotidiano escolar, levando em

consideração a função da escola de não somente repassar conhecimentos, mas

preparar o aluno para receber, analisar, sintetizar, argumentar e fazer sua

interpretação crítica das informações que recebe, além de se desenvolver e

demonstrar seus talentos e habilidades, buscando o desenvolvimento harmonioso

do sujeito. (registros realizados em Semana Pedagógica, fev. 2009 ).

Ao analisar-se tais sugestões, claramente percebe-se que os

professores demonstram grande interesse na valorização das diversas

potencialidades e talentos de alunos e em “acrescentar atividades e elementos

culturais” na rotina escolar.

Isto vem fortalecer a ideia de que os objetivos do referido Projeto e os

do coletivo escolar, são comuns, portanto, válidos.

Almeida e Placo (2006), enfatizam a necessidade de o coordenador

incentivar práticas curriculares inovadoras: (...) é preciso que o coordenador se

conecte com as aspirações, as convicções, os anseios e o modo de agir/pensar do

professor. (p.23)

O Projeto, ao qual se refere este artigo, propõe atividades

diferenciadas: Criação de Canais de Comunicação (Fóruns de debate, Jornal,

Criação de Rádio), Criação de Espaço Cultural Permanente ( mostras de Arte , de

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Ciências, de trabalhos desenvolvidos por alunos, de teatro), mas fica claro que um

dos objetivos do projeto seria apoiar a realização de outros trabalhos de interesse

dos professores, isto é, o de tornar a escola um ambiente culturalmente

diversificado, tornando-a um espaço de incentivo e valorização de práticas

pedagógicas desenvolvidas. Outras atividades poderão surgir conforme interesse

pessoal de algum professor ou irem ao encontro do interesse coletivo.

Uma das manifestações do grupo de professores foi relacionada ao

interesse e à necessidade do desenvolvimento de atividades culturais na semana

esportiva, e a valorização e exposição de trabalhos dos alunos, bem como a

sistematização da leitura em sala de aula. Ficou claro também que,

necessariamente, nem todas as atividades propostas no Projeto seriam realizadas

envolvendo todas as turmas ou todos os professores.

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DESENVOLVIDAS EM 2009:

FÓRUNS DE DEBATE

Segundo Zabala (1998), para facilitar o desenvolvimento do aluno é

preciso utilizar o grupo classe, potencializando o maior número de intercâmbios em

todas as direções. A rede comunicativa será mais ou menos rica conforme as

possibilidades veiculadas pelas diferentes sequências didáticas. O ambiente escolar

pode promover canais comunicativos de aprendizagem, fazer com que se ampliem

através de estruturas que abram um leque de possibilidades de relações e

aprendizagens entre diferentes membros do grupo, ou entre diferentes grupos, que

.obrigue a todos os grupos a corresponsabilizar com o objetivo de conviver e

aprender.

Os Fóruns de debates, além do objetivo específico em relação ao

conhecimento, objeto de estudo e debate em questão, traz o objetivo de ampliar os

espaços de coparticipação, exposição de argumentos e pontos de vista, o confronto

de ideias, o desenvolvimento da oralidade e a formação de conceitos e do próprio

conhecimento.

A proposta Fóruns de Debate foi exposta novamente para as

professoras de História e Geografia com maior número de aulas no colégio.

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Como duas delas integram a equipe multidisciplinar sobre

Africanidade, interessaram-se em trabalhar com o tema “Cultura Afro” dentro desta

proposta de debates, com as 8ªs séries. (África também faz parte do conteúdo de

história e geografia nesta série). Passou-se, então, a formar-se uma pasta com

materiais, revistas, textos, vídeos, que tratem do tema abordado.

Em encontros realizados durante a hora atividade das professoras

envolvidas, alguns textos foram indicados; foi utilizado também o material “Cadernos

Temáticos - Educando para as relações étnicorraciais”.

Após a seleção de alguns materiais decidiu-se por desenvolver esta

atividade com as 8ªs séries no último bimestre, para culminar como evento

relacionado ao dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A princípio, o

trabalho seria direcionado apenas às 8ªs séries, com apresentações e debates entre

estas turmas, porém, posteriormente optou-se por trabalhar com as demais turmas

com a seguinte metodologia: divididos em grupos, os alunos de 8ª série fariam

apresentações nas demais turmas num mesmo momento. Para esta apresentação,

foi elaborado um roteiro do que seria trabalhado com os alunos de 8ª série, e o que

estes alunos repassariam para os demais, de forma que atingisse os objetivos de

valorização e reconhecimento da participação histórica dos africanos e seus

descendentes na produção de riquezas materiais e culturais no Brasil e em outras

partes do mundo.

O ensino de História e Cultura afrobrasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afrobrasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias e asiáticas. (Cadernos Temáticos Educando para as relações étnicorraciais. 2006, p.15)

A proposta seria trabalhar questões sobre a cultura-afro, recuperar a

África das grandes civilizações. Com as oitavas foi abordado também conflitos

internos, guerras civis, preconceito, discriminação, racismo, pobreza, AIDS.

Num dos encontros em hora-atividade, as professoras assistiram ao

vídeo “Vista a minha pele” e decidiu-se em trabalhar o vídeo com as oitavas que,

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posteriormente, passariam para as demais turmas, abrindo reflexão e debate sobre

a questão da discriminação.

No mês de novembro, as turmas de oitava séries e turmas do Ensino

Médio noturno tiveram a apresentação da Peça: “Piyé o Faraó Negro”, do grupo

Cabula - Vila Cultural Aluá.

Ainda em novembro, os alunos da oitava série participaram de

Oficina de Boneca Afro, ministrada por docente convidada. A Oficina foi realizada

em 20 de novembro. Houve um grande interesse por parte dos alunos na confecção

das bonecas, tanto por parte de alunas quanto alunos. No sábado em que foi

realizado o trabalho das oitavas séries, sobre Cultura Afro (Evento realizado pelas

oitavas séries), as bonecas embelezaram a exposição montada pelos alunos.

O trabalho sobre cultura–afro foi realizado pelas oitavas séries

conforme a metodologia proposta. Inseriram ainda ao roteiro de trabalho de

apresentação, o slide de abertura sobre o Dia da Consciência Negra, um vídeo

com Hap de Gabriel Pensador, “Racismo é burrice”. Após a apresentação nas salas

de aula, houve apresentação cultural: música e teatros relacionados ao tema e à

temática do preconceito. Foi realizada, também, uma pequena Mostra de Trabalhos,

Cartazes, Maquetes (confeccionadas por turma de 6ª série, coordenada pela

professora de Geografia: “Cafeicultura no sudeste – a importância do africano e seus

descendentes neste ciclo econômico do Brasil”. (Este trabalho realizado por uma 6ª

série foi apresentado à outra turma de 6ª série).

Como o Projeto de criação de Rádio educativa já estava sendo

desenvolvido, Projeto E-Radiar, o evento sobre a cultura-afro recebeu cobertura

radialística, com objetivo de inserí-lo na programação da Rádio, bem como valorizá-

lo enquanto atividade cultural escolar.

A professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio sugeriu para os

Fóruns de Debate o tema “ Charles Darwin”, visto que em 2008 completaram-se 150

da publicação de seu livro e o bicentenário de seu nascimento. Este estudo

integraria Língua Portuguesa, Biologia e História. O Fórum de debate seria definido.

A professora de biologia esteve em licença médica, seguida de Licença Especial e a

de Língua Portuguesa deixou as aulas por optar por aulas de Espanhol em outro

colégio, portanto, infelizmente, esta proposta de Debate não aconteceu.

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Com a suspensão de aulas nas escolas, como medida preventiva em

relação à Gripe H1N1, houve alteração do calendário escolar e algumas datas

tiveram que ser alteradas. A preocupação com a retomada dos conteúdos e a

reposição de aulas fez com que algumas atividades propostas fossem adiadas ou

mesmo suspensas. A ideia de realizar também um Fórum de debates com turmas de

7ª série, foi descartada.

Quanto à proposta Fórum de Debate que buscou trabalhar o Tema

Cultura–afro, verificou-se que o aprofundamento do estudo foi realizado e a

dinâmica de apresentação do trabalho às demais turmas também foi muito válida,

porém, o debate aconteceu mais em nível das oitavas, enquanto estudavam e

planejavam a realização dos trabalhos em sala de aula com as professoras. A

realização de espaços de verdadeiros debates sobre temas contemporâneos,

problemáticas sociais, requer um exercício com muito maior preparo dentro do

universo de todas as disciplinas, que é oferecer regularmente situações que levem

os alunos a exporem opiniões, argumentarem, defenderem hipóteses. Os espaços

para debates são imprescindíveis se a escola realmente deseja formar alunos para a

real cidadania. Constatou-se que a atividade Fórum de Debate é válida e necessita

acontecer com maior regularidade.

MOSTRAS DE CIÊNCIAS

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação básica – Ciências;

A produção científica, as manifestações artísticas e o legado filosófico da humanidade, como dimensões para as diversas disciplinas do currículo, possibilitam um trabalho pedagógico que aponte na direção da totalidade do conhecimento e sua relação com

o cotidiano. Com isso, entende-se a escola como o espaço do

confronto e diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular. Essas são as fontes sócio-

históricas do conhecimento em sua complexidade. (PARANÁ, 2008,

p. 23 )

De acordo com as diretrizes, o processo ensino-aprendizagem pode

ser melhor articulado com o uso de:

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recursos pedagógicos / tecnológicos que enriquecem a prática docente, tais como: livro didático, texto de jornal, revista científica, figuras, revista em quadrinhos, música, quadro de giz, mapa (geográficos, sistemas biológicos, entre outros), globo, modelo didático (torso, esqueleto, célula, olho, desenvolvimento embrionário, entre outros), microscópio, lupa, jogo, telescópio, televisor, computador, retroprojetor, entre outros; (...) laboratórios, exposições de ciência, seminários e debates.

Assim, propõem-se alguns elementos da prática pedagógica a serem

valorizados no ensino de Ciências, tais como: “a abordagem problematizadora, a

relação contextual, a relação interdisciplinar, a pesquisa, a leitura científica, a

atividade em grupo, a observação, a atividade experimental, os recursos

instrucionais e o lúdico, entre outros.” ( PARANÁ, p. 73)

Diante disso, o professor de Ciências deve lançar mão de

encaminhamentos metodológicos que utilizem recursos diversos, planejados para

assegurar a interatividade no processo ensino-aprendizagem e a construção de

conceitos de forma significativa pelos estudantes.

No trabalho em grupo, o estudante tem a oportunidade de trocar experiências, apresentar suas proposições aos outros estudantes, confrontar ideias, desenvolver espírito de equipe e atitude colaborativa. Esta atividade permite aproximar o estudo de Ciências dos problemas reais, de modo a contribuir para a construção

significativa de conhecimento pelo estudante. ( PARANÁ, p. 75)

Os primeiros trabalhos foram com as oitavas séries. Foi desenvolvido

uma atividade de exposição de experimentos de física, dentro da disciplina de

Ciências.

As oitavas séries apresentaram seus trabalhos para as demais

turmas.

Posteriormente, as oitavas apresentaram trabalho referente à GRIPE

H1N1 para alunos de 6ª série.

Durante dois dias de apresentação cultural houve também a

apresentação de trabalhos Científicos (realizados nas disciplinas de Física e

Química) dos alunos do 1º e 2º Ano do Ensino Médio, entretanto, através de

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Oficinas, para as demais turmas de 6ª à 8ª séries. Os alunos de 1º e 2º Ano

puderam também assistir à apresentação de trabalhos do Museu de Ciências

Itinerante da UEL ( desenvolvido por estagiários de Física e Química) que estiveram

no colégio a convite da supervisão.

Esta apresentação de experimentos de Física e Química, através de

Oficinas, realizadas em dois dias de Mostras e Atividades Culturais foi contemplada

também pelo Projeto E-Radiar, visto que uma das atividades desenvolvidas pelos

alunos do Projeto foi justamente dar cobertura aos eventos realizados pelo colégio.

Os alunos do Projeto E-Radiar, com acompanhamento da equipe de jornalistas e

estagiários da UEL, fizeram entrevistas com alunos e professores sobre os

experimentos científicos.

O trabalho da professora de Educação Física com alunos de 6ª série,

sobre “Pirâmide Alimentar” também foi coberto, pois, tanto a professora quanto

alguns alunos foram entrevistados sobre o tema. Os alunos do Projeto E-Radiar

fizeram, inclusive, uma enquête com os alunos sobre “ preferência alimentar”.

MOSTRA DE ARTE

Conforme Diretrizes Curriculares de Arte para os anos finais do

Ensino Fundamental e Ensino Médio (2006), com o ensino de arte nas escolas,

pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos sobre a diversidade de

pensamento e de criação artística para expandir sua capacidade de criação e

desenvolver o pensamento crítico. Devem-se contemplar, na metodologia do ensino

de Arte, três momentos de organização: teorizar – fundamenta e possibilita ao aluno

a apropriação e percepção do trabalho artístico, forma conceitos, sentir e perceber:

são as formas de apreciação, leitura e acesso à obra de arte .Neste processo os

alunos devem ter acesso `as obras de Música, teatro, Dança, Artes Visuais. Trata-se

de envolver a apreciação e a apropriação dos objetos da natureza e da cultura em

uma dimensão estética (p.41), trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com

os elementos que compõem uma obra de arte.

A Mostra de Arte tem como objetivo divulgar e valorizar o trabalho de

professores e alunos, bem como revelar talentos e possibilitar maior experiências

culturais no ambiente escolar e foram realizadas pelas professoras de Artes/Arte do

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fundamental e médio de acordo, com o plano de trabalho docente, a partir de

trabalhos desenvolvidos com os alunos.

Ficou definido que as Mostras aconteceriam a cada bimestre.

Os trabalhos eram expostos de maneira contextualizada, através de

um breve referencial teórico e da caracterização do trabalho e ou técnica

apresentada, sua história, seu significado, utilizando também outros recursos como

a Internet, imagens, textos, livros, revistas. Sempre que possível, procurou-se

associar diferentes linguagens às manifestações artísticas: imagem e poesia,

música, vídeo, etc.

Para que os alunos percebessem a exposição de seus trabalhos com

características de uma Mostra Artística, foram confeccionados murais em MDF, com

oito faces de exposição que, instalados em locais estratégicos, dariam realmente

aspecto de uma Mostra de Arte.

A primeira Mostra reuniu os seguintes trabalhos: Mosaico (trabalhos

artísticos em caixas e em cartazes – nos cartazes os alunos do 1º ano

representaram a cidade de Londrina - arquitetura, fauna, flora, símbolos – trabalho

realizado a partir do estudo do Artista Lange de Morretes. Um dos trabalhos que

simboliza o Clube de futebol da cidade fez parte da abertura do Programa Show de

Bola, e ficou em exposição no escritório do Londrina Futebol Clube; Pêssankas –

alunos de 8ª série (pintura em ovos seguindo a arte e a tradição ucraniana), Arte

Rupestre e Releitura de Arte Egípcia, 1º e 2º ano do ensino médio.

A segunda Mostra expôs: fantoches confeccionados e ou utilizados

em apresentação de Teatro com turma de 7ª série; exposição de desenhos

utilizando a técnica Luz e Sombra – 7ª série; exposição de telas dos alunos do 3º

ano do ensino médio, a partir da técnica de aquarela e do estudo sobre o

paisagismo de Joaquim Nabuco; exposição de desenhos a partir da releitura da obra

de Wassily Kandinsky - 6ª séries, e exposição de Revistas confeccionadas pelos

alunos do 2º ano, a partir de estudo sobre o pré-modernismo paranaense e a

Revista “O Joaquim”, com o objetivo de expor a arte, a cultura e os eventos do

estado e da cidade de Londrina. Percebe-se neste trabalho de confecção de revistas

a grande utilização, de forma criativa, de recursos gráficos e tecnológicos,

computador, fotos.

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A terceira Mostra trouxe uma característica diferente, pois foi exposta

em forma de Oficina durante uma manhã de sábado, como atividade cultural. As

turmas, ao visitarem a Mostra, assistiram ao vídeo em data show sobre a obra e os

artistas contemplados através dos trabalhos, buscando-se uma composição de

música e imagens. Alguns alunos participaram dando a abertura da Mostra bem

como apresentando os trabalhos. Nesta mostra foi incluído também trabalhos de 1ª

à 4ª séries: confecção de pequenos quadros sobre as quatro estações; desenhos a

partir da releitura de obras de Tarsila do Amaral e exposição de livrinhos

confeccionados a partir de trabalho com músicas de Toquinho e Vinícius de Moraes.

Foram expostos ainda os seguintes trabalhos: telas com pinturas de alunos de 8ª

séries a partir de trabalho sobre Elifas Andreato – artista gráfico nascido em

Rolândia – PR; máscaras de gesso confeccionadas por alunos do 1º e 2º ano do

ensino médio a partir de trabalhos relacionados ao Teatro de Máscaras; desenhos

representando a obra de Vicente do Rego-1º ano; tapetes confeccionados utilizando

a técnica de Volkmar Gantzhorn - 7ªs séries e representação da Obra “O mamoeiro”

de Tarsila do Amaral, técnica utilizando lápis de cor. Para esta Mostra foram

expostas, também, telas de ex-aluna do colégio, atualmente mãe de aluna do ensino

médio, que trabalha como professora de pintura em ateliê próprio e participa

quinzenalmente de programa de TV. A mesma possui trabalhos vendidos inclusive

no exterior e telas de outra pintora e também ex-aluna do colégio e ex-professora.

Ambas expuseram telas inspiradas na obras de Romero Brito.

A quarta Mostra incluiu trabalhos de 1ª à 4ª série: - mosaico, 6ª série

- Ap Art (ilusão de ótica), 7ª série – Vitral; 8ª série - pintura livre em tela; 1º ano

pintura em tela a partir de releitura da obra de Tarsila do Amaral, gravura,

abstracionismo formal e informal ; 2º ano - Mural, relacionado aos eventos do colégio

e do bairro, histórias em quadrinhos e Flip Book (livro de animação). Foi realizada

ainda exposição de presépios confeccionados pelos alunos, estes com objetivo

também de compor um ambiente de confraternização diante da proximidade do final

do ano letivo e do Natal.

Durante as Mostras percebeu-se um grande interesse por parte dos

alunos e professoras na produção e divulgação dos trabalhos e um grande percurso

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em relação ao trabalho de ensino da arte realizado a partir da teorização, sentimento

e percepção, levando o aluno à prática criativa.

TEATRO

Segundo as Diretrizes Curriculares de Arte para os anos finais do

Ensino Fundamental e Médio

Dentre as possibilidades de aprendizagem oferecidas pelo teatro, na educação, destacam-se: a criatividade, socialização, memorização e coordenação, sendo o encaminhamento metodológico, proposto pelo professor, o momento para que o aluno os exercite. ( PARANÁ, 2008 p. 49)

Conforme as Diretrizes, para o trabalho de sentir e perceber o teatro

é essencial que os alunos assistam peças teatrais, de modo a analisá-las.

A primeira sugestão do Projeto de se trabalhar com o Teatro do

Oprimido, com a Parceria do grupo de Teatro foi adiada pelos seguintes motivos:

dificuldade de local adequado até mesmo em decorrência da pintura feita em todo o

colégio, que levou um bom tempo no início do ano; em segundo lugar, porque uma

das solicitações da direção era a de que as atividades fossem desenvolvidas em

horários de aula, dentro da disciplina de Artes. Que se evitasse chamar alunos para

atividades em contraturno, devido à falta de espaços disponíveis.

Não houve a realização de Oficinas com este grupo de Teatro, porém

foi realizada uma apresentação aos alunos, incluída como uma das atividades

culturais realizadas durante uma manhã de sábado. Foi apresentada a peça “A

trágica história de Júlia Z” (técnica Jornal) , momento em que o teatro foi divulgado,

bem como a possibilidade da realização de oficinas, havendo o interesse por parte

do colégio.

Posteriormente os alunos tiveram também a apresentação de peça

de Teatro do Grupo Cabula, Vila Cultural Aluá, recebendo também o convite para

participação independente.

Optou-se então, à princípio, trabalhar com Teatro de Fantoches, um

desejo manifesto pela professora de Artes que ministra aulas para o ensino

fundamental e ensino médio,

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A proposta era trabalhar com uma turma de 7ª série. O trabalho foi

realizado da seguinte forma: os alunos, a partir da criação de Fábulas (na disciplina

de Língua Portuguesa), confeccionaram fantoches para suas peças na disciplina de

Artes. Estas peças foram apresentadas entre eles. Uma das propostas era de que

as peças fossem apresentadas também para alunos de 1ª à 4ª séries, porém, como

os textos das peças foram mais voltados à linguagem de alunos maiores, esta

apresentação aos menores acabou não acontecendo. A escolha dessa turma foi

com base em comentários das professoras de que esta turma realizava as

atividades, porém, era pouco participativa, pouco se expunha oralmente. Trabalhar

Teatro com esta turma seria uma forma de desenvolver melhor sua oralidade.

Novamente em busca de parcerias com a Universidade Estadual de

Londrina, foi feito o levantamento de trabalhos ou Projetos de extensão que

pudessem auxiliar na proposta do trabalho com artes e mais especificamente com o

teatro de fantoches. Um dos Projetos contatados foi o “Arte na escola”

Supunha-se que seria mais voltado para os alunos, para a escola.

Mas este projeto tem como objetivo oferecer Oficinas aos professores da educação

básica e criar ciclos de debates. Disponibiliza também uma DVDteca Arte na Escola:

debates sobre arte contemporânea brasileira. Trata-se de um importante recurso

para capacitação e enriquecimento das práticas pedagógicas na disciplina de Arte,

entre outras. Os cursos promovidos por este Projeto passaram a ser divulgados via

e-mail para o colégio e disponibilizados às professoras de Artes.

Dentre um dos cursos oferecidos, o que causou interesse foi o de

Bonecas Africanas (Programa: As bonecas negras usadas para expor e informar

sobre os trajes étnicos africanos e afro-brasileiros; as bonecas de pano que

resgatam a infância das meninas negras; as Abayomi, que são de artesanato e uma

forma de arte que congrega mulheres negras).

Em novembro foi feito o contato novamente com organizadores deste

Projeto para que a docente que ministrava esta oficina de bonecas fosse localizada,

para realizar Oficina com alunos de 8ª série.

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OFICINAS DE RÁDIO E VÍDEOS

Para a implementação desta proposta foram feitos contatos com

docente de disciplina de Tecnologia Educacional, que se propôs a coordenar um

trabalho de oficinas sobre Rádio e Vídeos que seriam desenvolvidas por alunas do

curso de Pedagogia, durante o mês de agosto. Porém com a suspensão das aulas

por motivo da gripe, este trabalho acabou sendo adiado. Posteriormente verificamos

que as alunas não dispunham de conhecimentos para utilizarem o Linux – programa

instalado no laboratório de informática do colégio e que o Programa Movie Maker

também não poderia ser instalado no Laboratório de informática do colégio, por

pertencer ao Paraná Digital e ter algumas restrições em relação à instalação de

certos programas.

Quanto à criação de vídeo foi sugerido à professora de Física uma

atividade de criação de vídeos sobre as Leis de Newton, a partir de imagens da

internet, ou a partir de filmagem realizada pelos alunos, que demonstrassem as leis

de Newton. Esta professora recebeu um vídeo produzido por um aluno de 1º Ano, de

escola particular. A professora interessou–se, comentando, inclusive, que os

alunos do período da manhã teriam condições em produzí-lo, no entanto, a atividade

não foi realizada.

Outra atividade proposta para alunos do ensino médio, seria a Oficina

de Vídeo em Parceria com a Vila Cultural e a produtora de cinema PbW Digital

Cinema. Os contatos foram realizados. As oficinas aconteceriam em contra-turno, e

em um período curto de tempo os alunos montariam um Curta Metragem,

aprendendo técnicas de roteiro e filmagem. Este trabalho acabou não sendo

realizado. A proposta é de que aconteça no próximo ano, já que os contatos foram

realizados, houve o interesse na parceria, e principalmente por ser uma proposta

muito interessante no aspecto cultural e pedagógico.

CANAIS DE COMUNICAÇÃO

educar-se é envolver-se em um processo de múltiplos fluxos comunicativos. O sistema será tanto mais educativo quanto mais

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rica for a trama de interações comunicacionais que saiba abrir e por à disposição dos educandos. Uma comunicação educativa concebida a partir dessa matriz pedagógica teria como uma de suas funções capitais a provisão de estratégias, meios e métodos destinados a promover o desenvolvimento da competência comunicativa dos sujeitos educandos. Esse desenvolvimento supõe a geração de vias horizontais de interlocução” ( PERUZZO, 2001 p. 120)

JORNAL

Para Paroli & Almeida Junior:

a Educação precisa deixar de lado seu paradigma conservador de transmissão do conteúdo disciplinar e se voltar para a contemporaneidade, que está a exigir, cada vez mais, professores e alunos leitores e consumidores dos meios de comunicação, mas críticos e ativos, que saibam discernir acerca das informações realmente relevantes e, a partir daí, tenham condições de construir um conhecimento significativo.(PAROLI & ALMEIDA JUNIOR, 2008)

E ainda: o trabalho de utilização e criação de um Jornal possibilita o

diálogo da escola com os discursos externos a ela, conectando-se os conteúdos

escolares de forma imediata aos acontecimentos do mundo circundante, o que vem

a atender a tendência da educação contemporânea para a contextualização desses

conteúdos.

A partir do contato e da compreensão sobre os acontecimentos

contemporâneos, o aluno desenvolve sua consciência crítica e sua cidadania.

O presente trabalho de elaboração de Jornal – dentro da proposta

Canais de Comunicação, teve como objetivo levar alunos de diferentes séries a

interagirem acerca de conhecimentos trabalhados e adquiridos e de maneira coletiva

produzirem um Jornal.

Além do propósito de buscar alcançar os objetivos específicos dentro

da disciplina de Língua Portuguesa, procurou-se desenvolver a competência

comunicativa, sendo um instrumento de construção do conhecimento, resultado de

estudos e interações interdisciplinares.

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O espaço escolar, então, deve propiciar e promover atividades que

possibilitem ao aluno tornar-se um falante cada vez mais ativo e

competente, capaz de compreender os diferentes discursos e de

organizar os seus de forma clara, coesa e coerente.” (PARANÁ,

2006, p.24).

Além de ser um canal de comunicação, por promover o diálogo,

favorecendo a expressão criativa dos grupos envolvidos (turma/ turmas/ colégio

como um todo) buscou fortalecer as interações humanas, bem como promover o

protagonismo entre jovens e adolescentes, através do trabalho em grupo,

valorizando-se potencialidades e talentos.

O trabalho com Jornal apresentou o seguinte propósito:

*Criar situações em que os alunos tivessem oportunidades de refletir

sobre os textos que leem e produzem;

*Desenvolver as habilidades de interação oral e escrita, a partir de

uma função social. As práticas de oralidade, leitura e escrita seriam conduzidas de

forma integrada. As atividades de leitura deveriam pressupor ou possibilitar as

atividades da fala e da escrita;

*Levar o aluno, em situações de oralidade, à exposição de ideias,

mantendo uma consistência argumentativa em defesa de pontos de vista ou através

da exposição de fatos, notícias;

*Trabalhar a linguagem jornalística, bem como diferentes gêneros

discursivos: notícia, editorial, crônica, charge, entrevista, gráfico, anúncio

classificado;

*Estabelecer elos de comunicação da escola como um todo,

fortalecendo vínculos e sentimentos de pertencimento ao grupo, fortalecendo a

identidade do grupo.

De acordo com Faria e Zancheta o trabalho de construção do jornal

escolar:

Propicia a liberação da palavra do aluno, a descoberta da própria identidade, valorizando sua autonomia. Capacita-o a intervir na

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realidade, ao aprender a ler criticamente o jornal, pois, para produzi-lo, é preciso aprender a diferença entre opinião e notícia; cria o hábito da pesquisa e da comparação de diferentes fontes para apresentá-las no texto, reforçando assim o espírito crítico. Finalmente, como para os professores, o jornal escolar leva os

alunos a aprender realmente a trabalhar em equipe. FARIA & ZANCHETTA, 2007, p. 142)

Faria (2006), em relação à utilização do jornal como instrumento

pedagógico afirma: “Todas as iniciativas são excelentes, porque elas não só

enriquecem a pedagogia da informação, como permitem trocas de idéias e um

diálogo através de textos e relatos de experiências”. (FARIA, 2006).

Pavani destaca que:

Um jornal deve ter como objetivo a discussão de assuntos e temas pertinentes do universo sócio-histórico em que o leitor interage de forma autônoma e coletiva; deve também ser construído com uma função social específica, proporcionando a formulação de uma opinião crítica, fundamentada na informação dos fatos históricos em que o leitor está inserido; e finalmente, deve possibilitar interpretações diversas de fatos ou acontecimentos, manifestados pelos diferentes segmentos da sociedade, demonstrando a ideologia presente em cada opinião. (PAVANI, 2007, p.97)

Para Menezes;

Ler um jornal é também perceber se não houve uma tentativa de esconder uma verdade. Estar atento para essas transformações, elaborar perguntas sobre isso, é abordar com criticidade os meios de comunicação (MENEZES, 2007,p. 20)

Paroli & Almeida Júnior (2008), afirmam quanto a utilização das

novas tecnologias :

a simples utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação em sala de aula pode parecer inovação, já que se trata de equipamentos constantemente atualizados e sempre interessantes aos olhos dos alunos. Contudo, para se estabelecer como inovação verdadeiramente educacional, que possa renovar e contribuir nos processos de construção do conhecimento nas situações de ensino aprendizagem, o uso de um meio deve ser direcionado ao desenvolvimento do raciocínio e da criticidade dos alunos. (2008, p.3)

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Para Masetto (2004) in Paroli & Almeida Júnior (2008), a inovação

não se resume à simples introdução de tecnologias em sala de aula, mas está no

modo como elas são aplicadas. “Somente terão importância epistemológica e

justificar-se-ão pedagogicamente, se facilitarem o alcance dos objetivos de

aprendizagem, de construção do conhecimento e se forem eficientes para tanto”

(MASETTO, 2004 in PAROLI & ALMEIDA JÚNIOR,2008, p.3 ).

Sendo assim, a utilização do jornal, sem questionamentos, não

auxilia em nada a formação de um aluno emancipado e questionador. Portanto, ao

utilizar estes recursos, o professor precisa proporcionar uma inovação em sala de

aula, que começa com a criticidade.

De acordo com Paroli & Almeida Júnior (2008):

acumular informações não significa necessariamente ter conhecimento As muitas informações provenientes da mídia que circulam na sociedade moderna, informações passageiras e superficiais, são fáceis de serem esquecidas. Por outro lado, o conhecimento é resultado do ir além da superfície da informação; o conhecimento demanda tempo, investigação, pesquisa pertinente; o conhecimento é fruto de questionamentos, de discernimento, de sistematização de informações significativas a partir da leitura mais atenta dos mídias, de uma visão mais abrangente sobre o que foi dito ou publicado. É neste sentido que o jornal se torna um rico instrumento didático pedagógico, pois, quando é trabalhado com criticidade no âmbito escolar, possibilita a transformação da informação em um dado significativo na direção de um conhecimento mais aprofundado. (PAROLI, 2008, p. 4)

Destacam que: o jornal deve ser muito mais que uma fonte de

informações para o aluno/leitor, deve haver uma abordagem crítica do veículo e um

exercício de questionamento sobre o que é publicado, ou seja, o jornal deve ser

trabalhado pedagogicamente visando instigar questionamentos para gerar novos

conhecimentos.

Para Paroli & Almeida Júnior (2008) ,o excesso de informações dos

meios de comunicação, tidas como “verdades” a legitimar a realidade social, levam

estudantes a uma dificuldade operacional cognitiva para integrá-las, selecioná-las e

verificar qual delas interessa realmente ao exercício da cidadania. As instituições de

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ensino têm um papel fundamental de maneira a levar estes jovens a superar esta

dificuldade; e não podem ficar alheias às influências dos meios e das novas

tecnologias na sociedade.

É importante que a escola tenha a iniciativa de se aproximar desses meios e tecnologias, pois os jovens já estão conectados com eles, mas não por meio dela - escola. Os meios, que sempre são interessantes e concentram a atenção dos alunos, podem estimular o raciocínio e o senso crítico, desde que haja disposição docente para despertá-los do fascínio midiático e desenvolver neles uma racionalidade crítica. (PAROLI &ALMEIDA JÚNIOR, 2008, p. 6 )

Assim sendo, o jornal é um rico instrumento pedagógico. Além de

veículo de informação, possibilita ao professor (através de um trabalho

sistematizado de leitura, análise, discussão, reflexão e debate ) levar o aluno a

transformar informações em conhecimento. Neste sentido o aluno participa da

construção de sua aprendizagem. Deixa de ser receptor passivo, passando a ser

participante.

Para Sônia Maria Losito apud Pavani:

Fica evidente que são necessárias formas cada vez mais diversificadas para colocar os alunos em situações em que os promovam a leitores ativos, cidadãos capacitados a fazer leitura de

mundo em variados tipos de linguagem. ( 2007, p. 21)

De acordo com Manuel Pinto Apud Faria & Zanchetta ( 2007), “o

jornal escolar não é um fim, mas um meio para o trabalho pedagógico” .

Segundo Faria e Zancheta, “vale mais o processo de leitura e

elaboração do que o resultado final (algo fundamental para jornais comerciais)”.

O trabalho com o jornal buscou também desenvolver o hábito de

leitura.

A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA SUGERIA AS SEGUINTES ETAPAS:

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*Definição da professora de Língua Portuguesa que desenvolveria o

trabalho de produção do jornal com as turmas definidas, através de encontros entre

as professoras em hora atividade;

*Definição das turmas que seriam responsáveis pela produção do

jornal;

*Coletânea de materiais teóricos/práticos para o trabalho de análise e

elaboração do Jornal;

*Busca de Apoios:

- Jornal de Londrina (doação de exemplares por um período determinado para

serem trabalhados de forma individual ou em grupo);

- Folha de Londrina – aquisição exemplares, através do Projeto “Folha Cidadania”;

- Organização de visita a um Jornal/ entrevista com jornalista.

Definição da característica do Jornal:

· Objetivo;

· a quem seria dirigido (para quem se escreve).

Definição sobre a publicação:

· periodicidade;

· nº de exemplars; · tipo de impressão, material a ser utilizado; · parcerias, patrocínio.

Definição de equipes de alunos para realizarem atribuições

específicas: fotografia, entrevista, outras.

Envolvimento de demais professores e turmas conforme definição da

estrutura do jornal, dos temas, dos assuntos a serem abordados.

Encaminhamento metodológico proposto:

· Reconhecimento global do jornal;

· Familiarização e reconhecimento da estrutura de um jornal: cadernos que compõem: seções, diferenças entre editorial, notícia, reportagem, história em quadrinhos, charges;

· Comparação de diferentes gêneros textuais: notícia jornalística, crônica, charge - através da leitura, análise, discussão e produção;

· Compreensão de aspectos importantes sobre a elaboração de um jornal.

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· Percepção da intencionalidade na produção jornalística, através da leitura e do debate, para que se perceba a intenção do autor;

· Definição para quem se escreve, a quem será dirigido, quais os objetivos; · Produção de um jornal envolvendo alunos de diferentes séries, através de um

trabalho interdisciplinar.

AVALIAÇÃO

Durante o processo, redefinindo estratégias.

IIMPLEMENTAÇÂO

A proposta do trabalho com o Jornal aconteceu, num primeiro

momento, em reuniões durante hora-atividade em bloco, com as professoras de

Língua Portuguesa quando se discutiu a possibilidade da criação de um Jornal.

Definiu-se que a professora das oitavas séries desenvolveria o

trabalho com estas turmas (8ªMA – 36 alunos/8ªMB- 36 alunos). As 8ªs séries

formariam o grupo responsável pela produção e edição do jornal, a partir de um

trabalho sistematizado por esta professora.

Aos poucos, conforme os temas fossem abordados, incluiriam-se

outros professores, outras turmas.

A professora das turmas de 8ª série demonstrava já certa afinidade

com a proposta, pois, em 2008 havia apresentado um Projeto de Criação de Jornal

concorrendo ao programa Viva Escola e, em 2007, lecionando neste mesmo colégio,

desenvolveu também com turmas de 8ªs séries um trabalho dentro do Projeto

Agrinho sobre o tema: “As diferentes mídias e a sua interferência no processo de

formação da cidadania”. É, portanto, um potencial dentro da escola que deveria ser

valorizado, e seu trabalho coletivizado com o grupo.

Para a próxima etapa seria necessário selecionar materiais para

pesquisa, e sugestões mais técnicas referentes às partes do Jornal.

Foi composta uma Coletânea, pasta com livros, textos, artigos de

revistas, sugestões bibliográficas como referencial teórico prático para o

desenvolvimento da Proposta.

Em reunião posterior, mais especificamente com a professora de

Língua Portuguesa das 8ªs séries, foi feita a e análise de todo o material disponível.

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Antes da criação do Jornal, propriamente dito, ficou decidido que deveria ser feito

um trabalho sobre a análise de diferentes Jornais, leitura contrastante e análise mais

crítica do Jornal como instrumento de comunicação. No material selecionado havia

diversas sugestões, textos de apoio e atividades de reflexão.

O trabalho com os alunos seria iniciado no segundo bimestre; no

entanto o trabalho com as turmas teve início em junho.

Paralelos a isso, eram realizados contatos com Universidades e

Faculdades para verificação da existência de Projetos de Extensão relacionados à

proposta do trabalho com Jornal.

Como a História em Quadrinho é parte integrante do Jornal, uma das

ideias era de, paralelamente à criação de um Jornal, trabalhar as Histórias em

Quadrinho através de Oficinas, em uma parceria com uma Universidade de

Londrina. Como uma das propostas é também a valorização de talentos entre

nossos alunos (inclusive registrado pelo coletivo como atividade da Semana

Pedagógica), selecionaríamos alguns alunos que já se sobressaem, destacam-se

por ter aptidão em desenho (há alunos que fazem desenhos e Mangás perfeitos)

para comporem um grupo para as oficinas. Este grupo ficaria com a

responsabilidade desta parte do Jornal. A princípio a ideia seria de formar este grupo

com alunos de 5ª série, mas optou-se por este grupo misto.

O trabalho de oficinas seria realizado por professor universitário do

curso de Desenho Industrial/Centro de Arte Sequencial. Para este trabalho de

História em Quadrinhos também foi selecionado material de apoio.

Porém, estas Oficinas não aconteceram. Embora havendo boa

vontade, faltou disponibilidade de tempo para o professor que realizaria as Oficinas.

Através de parceria com a Folha de Londrina “Folha Cidadania”,

durante um mês (mês de junho) estas turmas receberiam 20 exemplares todas as

terças-feiras, para serem trabalhados em atividades em grupo. Antes das atividades

práticas com o jornal, a professora definiu com as turmas (a partir de sugestões dos

alunos) quais seriam as regras de trabalho em grupo que iriam adotar durante o

desenvolvimento de todo o trabalho de estudo e elaboração de um Jornal.

Com o JL (Jornal de Londrina), a parceria foi feita através do envio de

80 exemplares diários (durante um mês, sendo duas semanas em junho e duas

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semanas em julho) para trabalhos individuais com estes alunos, que passaram

inclusive a levar estes jornais para casa diariamente. Os demais professores de

língua portuguesa também receberam exemplares neste período, bem como três

exemplares foram disponibilizados para a biblioteca, para que alunos pudessem

fazer a leitura durante o intervalo ou em idas à biblioteca em contraturno.

O encaminhamento metodológico foi seguido.

As atividades produzidas pelos alunos de oitava série passaram a

compor o caderno de Produção de Texto.

No terceiro bimestre, uma equipe de alunos das 8ªs séries realizou

entrevista com o Prefeito de Londrina. A entrevista foi realizada no Gabinete do

Prefeito. A equipe fez registros de vídeo e áudio.

A entrevista foi transcrita para a linguagem jornalística.

Decidiu-se pela publicação da entrevista, com mais algumas

atividades realizadas pela professora de Língua Portuguesa de 5ª e 6ª séries do

período da tarde, dentre elas uma Crônica sobre Londrina.

Ao final do terceiro bimestre, já havia sido definido alguns

patrocinadores.

Finalizando-se o quarto bimestre, o jornal ainda estava sendo

produzido. Como o colégio estava desenvolvendo o Projeto de Rádio, paralelo ao

do jornal, o colégio contava com a participação de estagiários do curso de

jornalismo, sendo que uma das estagiárias (ex-aluna do colégio) interessou-se

também em participar da elaboração do Jornal, no momento de sua diagramação.

RÁDIO

No momento atual, o exercício da cidadania passa necessariamente

pela vivência de experiências coletivas participativas, em que a noção

de conjunto, de coletividade e do existir cultural como elemento

importante na construção da identidade social forja-se no cotidiano

pelo lento aprendizado do viver coletivo. ( NUNES, 2006, p. 137)

O Rádio possibilita uma prática pedagógica capaz de desencadear um processo de

aprendizagem que promove a comunicação e a construção do conhecimento.

A apropriação deste recurso midiático no espaço escolar possibilita desencadear um

processo de formação para a autonomia e cidadania, à medida que os envolvidos ao

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participarem da produção do texto radiofônico, de maneira coletiva, estarão

desenvolvendo além da competência comunicativa, a percepção e a sensibilidade

diante ao acesso e a criação das mais diversas expressões culturais.

“Uma rádio educativa” deve privilegiar a cultura de nossa gente, abrindo espaços na programação tanto para as manifestações culturais quanto para a história da comunidade onde a rádio se situa. ( Marlene Blois apud Secretaria de Educação à distância do MEC, 2008)

A criação de uma Rádio educativa, propõe:

*Desenvolver competências comunicativas, incentivando as mais

diversas linguagens expressivas: música, teatro, literatura...;

*Disseminar e diversificar o acesso à cultura;

*Valorizar o protagonismo entre os jovens, as habilidades e os talentos pré-

existentes, mas pouco estimulados;

*Favorecer o trabalho em grupo, o comprometimento e a ação responsável;

*Trabalhar a Linguagem radiofônica;

*Desenvolver habilidades na utilização de diferentes recursos tecnológicos. (rádio,

web rádio – Via Pod Cast );

*Criar programas radiofônicos.

ETAPAS:

Contatos para estabelecimento de Parcerias que possibilitariam o

desenvolvimento do Projeto: recursos humanos e materiais;

Coletânea de materiais teóricos / práticos sobre Rádio e a

produção radiofônica;

Planejamento e definição de estratégias de ação;

Execução.

Avaliação

IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA

Contatos com professores da Universidade Estadual de Londrina

envolvidos com trabalhos relacionados à Rádio a partir de levantamento de todos os

projetos de Extensão desenvolvidos pela UEL.

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Durante este período de contatos e planejamentos foi elaborada pasta com

coletânea de textos, material do programa de Educação Continuada Mídias na

Educação – Secretaria de Educação à Distância do MEC.

A partir de contatos com a diretora da Casa da Cultura da UEL, que havia

desenvolvido Projeto “Rádio Ação” em ano anterior, e que se propôs a ajudar no

Projeto do colégio, obteve-se a orientação de se procurar o técnico da Rádio UEL

FM para que se fizesse levantamento sobre equipamentos necessários, visto que

paralelo a este levantamento estava sendo elaborado um Projeto para ser

encaminhado à Receita Federal com o objetivo de solicitar doações e equipamentos

para a montagem da Rádio.

Através deste contato, outros foram acontecendo na Rádio Universidade, sendo um

deles com a diretora da Rádio Universidade, e membros da CAMTAR (Comunidade

de Amigos Trabalhadores e Apoiadores da Rádio). Em um destes encontros, o

Projeto “Práticas Pedagógicas diferenciadas” – PDE foi exposto e verificou-se que

vinha de encontro aos objetivos da Rádio Universidade, que seria a de iniciar um

trabalho de criação de uma Rádio Educativa em escola pública.

Em maio ficou estabelecido a parceria entre o colégio e a Rádio UEL FM. O Projeto

recebeu o nome de E-Radiar.

Em matéria publicada em outubro de 2009 (NOTÍCIA), a diretora da

Rádio UEL FM expôs a proposta que seria implantada por uma equipe composta por

representantes da Rádio UEL e da CAMTAR:

“O Projeto tem um caráter de educação para a mídia e representa uma contribuição para o campo da educação. Estimular o público adolescente a uma escuta atenta e reflexiva de programas radiofônicos, produzir conteúdos que retratem seu cotidiano, suas preferências, seus valores culturais, e implementar uma Web Rádio no espaço escolar, são objetivos da Rádio UEL. A proposta é ajudar a comunidade escolar a introduzir a linguagem radiofônica como atividade extra-curricular, que potencialize a aprendizagem dos alunos, além de criar um espaço de expressão intelectual e artística no ambiente da escola” (NOTÍCIA, 2009)

De acordo com a educadora Maria Augusta Salin Gonçalves , com base na teoria da ação comunicativa de Jurgen Habermas apud Projeto Rádio na Escola, 2009)

A subjetividade do indivíduo não é construída através de um ato solitário de auto-reflexão, mas, sim, é resultante de um processo de formação que se dá em uma complexa rede de interações. Esta interação social é, ao menos potencialmente, uma interação dialógica, comunicativa. Habermas acredita que graças a linguagem, o ser humano é capaz de comunicar percepções e desejos, intenções, expectativas e pensamentos, e através do diálogo, o

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homem possa retomar seu papel de sujeito. ( apud Projeto Rádio na Escola, 2009)

O Projeto E-Radiar, segundo a CAMTAR, constitui numa proposta de educação para as mídias:

A familiaridade com os equipamentos próprios da comunicação radiofônica, associado a exercícios de elaboração coletiva de programação a ser veiculada, permitirá à comunidade escolar constituir seu próprio discurso, transmitindo a todos o que pensa, deseja e necessita para a melhoria das relações entre comunidade escolar e seu em torno. ( CAMTAR – Projeto E-Radiar, 2009)

Posteriormente, uma equipe da Rádio esteve presente no colégio,

com o objetivo de conhecerem a estrutura do colégio e combinarem o trabalho a ser

desenvolvido. O trabalho com a Rádio propunha ampliar o universo cultural dos

alunos, bem como proporcionar um trabalho interdisciplinar.

O trabalho proposto seria desenvolvido por meio de oficinas realizadas por

profissionais da Rádio: jornalistas, técnicos, educadores. Durante estas oficinas os

alunos, com o acompanhamento de professor envolvido, produziriam uma

programação que seria veiculada pela Rádio UEL. A proposta era a de que o

colégio, após a realização desta programação, continuasse a trabalhar com a Rádio

e que futuras produções fossem enviadas à Rádio Universidade. Os programas

seriam criados com propósitos culturais e educativos.

O primeiro contato com os alunos foi realizado em setembro ( o

cronograma precisou ser alterado devido à suspensão das aulas nos colégios e

também na Universidade). Durante este encontro uma equipe da Rádio UEL FM

realizou quatro apresentações da Proposta aos alunos do colégio, período matutino.

Participaram nove turmas de 6ª série ao 1º Ano do ensino médio. Foram tabulados

281 questionários aplicados a estes alunos “Pesquisa de Audiência”, com o objetivo

de se verificar dados e levantar interesse quanto à participação e à sugestão para a

criação de um Programa de Rádio.

Em reuniões realizadas em contraturno, 54 alunos compareceram. Estes alunos

receberem atividades que seriam: a escuta e análise da programação da Rádio UEL

FM, bem como a sugestão de uma programação adequada para um público jovem.

Deste grupo foi feita uma seleção de 10 alunos que passaram a participar das

oficinas na Rádio UEL.

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Foram realizadas quatro Oficinas no laboratório da Rádio UEL FM, os alunos tiveram

acompanhamento da professora de Língua Portuguesa do colégio, que

coincidentemente relatou ter experiência de oito anos em Programa de Rádio.

Além destas oficinas houve encontros prévios da equipe da

Universidade com equipe da escola, para definição dos participantes e gravação de

entrevistas.

Durante o período de realização das Oficinas na UEL, os alunos foram orientados a

fazerem entrevistas em eventos culturais realizados no colégio. Em dois dias de

atividade cultural tiveram acompanhamento de jornalista e estagiário de jornalismo

para realizarem estas entrevistas. O grupo de alunos foi dividido, conforme

atribuições definidas nos encontros e conforme o tema que fariam a cobertura com

entrevistas. Alguns grupos acompanhados de jornalista ou estagiários compareciam

em horários pré determinados para realizarem a tarefa e coletarem material para a

programação.

Fotos, áudios e síntese dos encontros, oficinas e reuniões realizados

durante o Projeto foram sendo inseridos semanalmente no site da Rádio

Universidade.

Após cada Oficina realizada na UEL, os alunos participantes reuniam-se com o

grupo de 10 alunos que haviam realizado as atividades propostas embora não

tenham sido selecionados para as Oficinas na UEL. As reuniões aconteceram

rapidamente durante o intervalo (recreio), ou em período da tarde.

Ao término das Oficinas realizadas na UEL, duas Oficinas foram realizadas no

colégio, uma para definição da pauta, que iria compor o Programa, e das atribuições

de cada um do grupo e outra foi realizada para a edição do Programa.

Para a criação da Web Rádio, o grupo se dividiu para trabalhar em

cima da pauta definida. A programação seria composta por: Canta AE –

programação musical interativa, recados que envolveram demais alunos do colégio,

entrevista com professores e alunos sobre atividades realizadas durante atividades

culturais ( Mostra de experimentos científicos, Oficina Ciranda de Poesias, Oficina

Pirâmide Alimentar, Cultura Afro – trabalho apresentado em evento realizado pelas

8ªs séries)

A programação foi ao ar na primeira quinzena de dezembro, durante programa

realizado ao vivo sobre trabalhos desenvolvidos pela Universidade. Disponível em

Web Rádio, no site: www.uelfm.uel.br

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Em relação ao trabalho de Criação de Rádio Educativa – Web Rádio, através de

Parceria com a Rádio UEL FM / CAMTAR, constatou-se que o mesmo superou as

expectativas em relação a todas as etapas.

O trabalho desenvolvido pela equipe da Rádio foi excelente. A parceria foi uma

grande conquista para o colégio. Oportunizou experiências significativas em relação

a um Projeto Extra-Curricular que atendeu a todas as metas e objetivos propostos.

EXPOSIÇÂO DE TRABALHOS E MOSTRAS CULTURAIS

Durante o ano houve a realização e valorização de mostras de

trabalhos realizados pelos professores durante o ano e divulgados através de

Oficinas montadas em dois dias de atividades culturais (aos sábados)

1º Dia – Atividade Cultural – apresentação de alunos de forma individual e coletiva:

canto, dança, apresentação de Banda de alunos do colégio, apresentação de Banda

Convidada ( composta por ex-aluno do colégio atualmente músico profissional) e

apresentação de Teatro – Grupo teatro do oprimido “A trágica História de Júlia Z”.

Oficinas de Artes (trabalhos do ensino fundamental e médio), Experimentos

Científicos (trabalhos de Física e Química do 1º e 2º ano do ensino médio), Mostra

de trabalhos de Inglês ( trabalhos do ensino fundamental e médio), Mostra de

trabalhos de ciências ( 7ª série), Oficina Ciranda de Poesias ( Mostra de poesias

com turmas de 5ª, 6ª e 1º ano do ensino médio, com leituras e declamação . Esta

atividade Ciranda de Poesias está relacionada à participação do colégio em

concurso municipal realizado anualmente, “Concurso Ciranda de Poesias”. Esta

professora e alguns alunos participantes receberam premiações por mais de uma

ocasião. Este trabalho recebeu também cobertura dentro do Projeto E-Radiar que

fez entrevista com a professora premiada no concurso em 2007 e 2009.

2º Dia – Atividade Cultural – apresentação de canto, apresentação de outra Banda

de alunos do colégio, apresentação de dança.

Oficinas de Experimentos Científicos (trabalhos de Física e Química do 1º e 2º ano

do ensino médio), Oficina Pirâmide alimentar ( trabalho de Educação física da 7ª

série), Oficina Meio Ambiente Urbano de Londrina ( trabalho de geografia realizado

com o 1º e 2º Ano). Nesta Oficina os alunos apresentaram vídeo montado a partir de

trabalho de campo, filmagem e entrevistas realizadas nas proximidades do colégio e

demais pontos da cidade. Oficina Meio Ambiente (trabalho de Geografia com alunos

das 7ªs séries). Neste trabalho foi utilizado também vídeos montados pelos alunos a

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partir de trabalho de campo nas proximidades do colégio, outros pontos da cidade e

cidade vizinha. Oficina de Poesia e Poema ( trabalho de Língua Portuguesa com

turmas de 7ªs séries). Neste trabalho além da exposição quanto ao percurso

realizado para a elaboração das poesias, foi também apresentado vídeo e Hap de

autoria de aluno, sobre o tema Meio Ambiente.; Oficina degradação Ambiental

Urbana – realizada por agrônomo convidado, participação da INESUL.

Durante as oficinas os objetivos de divulgação e valorização do que

havia sido produzido foram alcançados, além dos especificamente relacionados à

apresentação: capacidade de argumentação, oralidade. A possibilidade da

integração entre turmas ocorreu através das oficinas, mostras, atividades culturais e

também através dos projetos E-Radiar e de criação de Jornal.

SACOLAS DE LEITURA

Trata-se de uma atividade diferenciada proposta pela professora de

Língua Portuguesa de turmas de 5ª e 6ª séries, e 1º ano do ensino médio. O objetivo

era o de viabilizar aos alunos, sacolas contendo: livros, revistas.

A coletânea foi composta contemplando a diversidade textual: contos, poesias,

novelas, peças teatrais, literatura infanto-juvenil, clássicos, textos científicos e

informativos, a nível de 5ª e 6ª séries.

As sacolas (mochilas) foram confeccionadas contendo nome do colégio e dizer de

incentivo à leitura.

O rodízio de sacolas para leitura era feito da seguinte maneira: em cada turma, cinco

sacolas eram disponibilizadas a cinco alunos que permaneciam com as sacolas

durante quinze dias.

Com a turma do 1º ano, por serem maiores, foi feito rodízio de livros sem a utilização

da sacola. Para o rodízio cinco livros foram adquiridos.

Para as sacolas foram confeccionados livros com coletânea de poesias de interesse

dos alunos, principalmente os de 5ªsérie.

As leituras eram compartilhadas durante as aulas em alguns momentos.

Embora não fosse a intenção inicial, atender turmas de 1ª à 4ª séries, estas turmas

acabaram recebendo, sendo neste caso, uma sacola para cada turma.

Nestas turmas o rodízio era diário.

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Alguns alunos relatavam que familiares também liam os livros e revistas. Sobretudo

os alunos menores e os de 5ª série demonstravam satisfação ao levarem as sacolas

e realizarem as leituras.

A aceitação na turma do 1º ano também foi positiva, pelo fato de se tratar de sagas

de interesse dos jovens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação ao questionamento: por que a escola nem sempre

oferece experiências educativas capazes de desenvolver processos de

aprendizagens e interações mais ricos social e culturalmente? E ainda, por que o

que se produz é tão pouco compartilhado, pouco valorizado? – conclui-se que a

escola necessita de trabalhos, como um todo, mais sistematizados. É necessário

que a escola desenvolva um trabalho de equipe, para que um maior

comprometimento aconteça. Para que tais práticas se realizem com maior

freqüência, é necessário que professores se sintam realmente apoiados pelas

equipes gestoras, de forma a incentivá-los e favorecerem a construção e divulgação

de seus trabalhos e de seus alunos, através das diferentes linguagens e expressões.

A escola necessita rever prioridades, propiciar também espaços para planejamentos,

troca de experiências. Surpreendentemente muitos trabalhos irão surgir, ou

ainda: serão percebidos, visto que muitos já são realizados.

Nos relatos de professores há depoimentos positivos em geral e em

relação a determinadas atividades em específico, destaca-se a importância da

realização destas práticas pedagógicas diferenciadas, pois favorecem a auto-estima,

a auto-confiança, “os alunos se sentiram mais motivados a realizarem trabalhos,

visto que seriam divulgados” , “os resultados das apresentações são muito positivos,

pois exige do aluno uma postura responsável e comprometida, em que o aluno

contextualiza o conhecimento aprendido, articulando-o com sua realidade, ou seja,

autor do seu próprio discurso”. E ainda em relação a seus alunos: “sob outro aspecto

percebi significativa mudança no comportamento, tornaram-se mais dóceis,

afetuosos, motivados, mostrando interesse e compromisso com as atividades e

trabalhos”.

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As práticas que estimulam a construção do conhecimento, a

exposição dos trabalhos realizados por parte de professores e alunos, valorizando-

os enquanto sujeitos que constroem e determinam significados precisa ser

estimulada. Os espaços de expressão cultural, os de debate, enfim os canais de

comunicação que fortalecem as interações e as aprendizagens devem ser

priorizados.

Para Saviani N. (2000) “um dos principais aspectos a considerar,

currículo em ação, é a organização do tempo e espaço escolares, que diz respeito

às condições de ensino-aprendizagem”. Para tanto há que se refletir: se a escola

deseja a busca para a formação plena, por parte do aluno, a tendência deve ser a de

se aumentar o tempo destinado ao acesso à cultura, nas suas múltiplas

manifestações – o que exige diversificação de espaços e recursos.

“O tratamento dispensado à relação tempo/espaço/recursos

funciona como “termômetro”, indica a concepção da escola e o

trabalho pedagógico que alimenta as políticas educacionais

adotadas, fornece a dimensão de proximidade/distanciamento entre

os objetivos educacionais proclamados e os efetivamente.”

Constatou-se a importância da escola buscar Parcerias diversas, principalmente

Projetos de Extensão realizados por Universidades e Faculdades, com objetivos da

área educacional. Há também inúmeros profissionais e Espaços Culturais que

desenvolvem trabalhos que podem e devem ser aproveitados no ambiente escolar.

Isto amplia horizontes escolares, diversifica espaços, enriquece-os, sobretudo de

recursos culturais e humanos

REFERÊNCIAS

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