a divergencia doutrinária e jurisprundencial acerca do tema principal estabelecimento na falência

32
Faculdade Minas Gerais CARMEM SOARES A DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ACERCA DO TEMA PRINCIPAL ESTABELECIMENTO NA FALÊNCIA Belo Horizonte 2015

Upload: carmem-soares-viana

Post on 31-Jan-2016

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade Famig-MG.Disciplina Empresarial

TRANSCRIPT

Page 1: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

Faculdade Minas Gerais

CARMEM SOARES

A DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ACERCA DO TEMA

PRINCIPAL ESTABELECIMENTO NA FALÊNCIA

Belo Horizonte

2015

Page 2: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

CARMEM SOARES

A DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ACERCA DO TEMA

PRINCIPAL ESTABELECIMENTO NA FALÊNCIA

Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade Famig, como requisito parcial à obtenção do título de graduação.

Orientador: Gustavo Henrique

Belo Horizonte

2015

Page 3: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

CARMEM SOARES

A DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL ACERCA DO TEMA

PRINCIPAL ESTABELECIMENTO NA FALÊNCIA

Monografia apresentada à Famig – Faculdade Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof. Carlos Mairink

Orientador FAMIG

___________________________________________________________________

Prof. Gustavo Henrique

Membro FAMIG

___________________________________________________________________

Profª Ângela Costa

Membro FAMIG

Belo Horizonte, 13 de Julho de 2015

Page 4: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me fortalece a cada novo amanhecer e permite que eu me sinta segura

em seus braços.

Em memória de minha mãe, Amara Viana, pelo legado, carinho e incentivo dedicados,

corrigindo-me ao longo da vida, ensinando a ser íntegra, a ter fé em Deus e lutar pelos

meus objetivos sem que seja necessário prejudicar alguém.

Ao professor Gustavo, que no momento mais difícil foi verdadeiramente amigo,

incentivando-me a caminhar rumo à conclusão do curso quando eu pensava em

desistir. E, ao lecionar sobre o tema, inspirou-me a desenvolver o presente estudo,

orientando-me pacientemente, apesar do pouco tempo disponível em função das

intempéries e responsabilidades diversas.

À amiga Flávia, que despertou em mim o amor pelos estudos, abriu-me os olhos para

o mundo acadêmico e mostrou o quanto sou capaz. Convenceu-me de que, apesar

da idade e das dificuldades, nunca seria tarde para realizar este sonho.

À minha família, meus irmãos Pedro e Graça por acreditarem em mim, por sonharem

comigo. Amo vocês!

Aos meus filhos, Rossi e Anna, pela compreensão nos momentos em que fui ausente;

pela força e incentivo, por me fazerem enxergar que o conhecimento é o único bem

eterno e valoroso que ninguém pode nos tirar.

Page 5: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

RESUMO

A proposta deste trabalho é analisar as divergências doutrinárias e jurisprudenciais

acerca do relevante instituto que é o principal estabelecimento na falência e

demonstrar a importância de se estabelecer corretamente a competência do juízo,

através de uma análise minuciosa a fim de se evitar o conflito de competência e

alcançar um resultado satisfatório para todos os envolvidos.

Os capítulos abordam os seguintes temas: aspectos introdutórios da competência

absoluta e relativa; a competência especial estabelecida no artigo 3º da lei 11.101/05;

a pluralidade de estabelecimentos empresariais e a fixação do principal

estabelecimento como determinante para fixação da competência; e por fim, os

critérios jurisprudenciais para determinação da competência falimentar.

A metodologia aplicada foi o estudo de doutrinas, leis, jurisprudências e periódicos.

As múltiplas definições de principal estabelecimento, segundo o entendimento

doutrinário e jurisprudencial, não são suficientes para se chegar à uma conclusão

segura e definitiva sobre o tema.

As obras de alguns doutrinadores e também algumas decisões dos tribunais,

apresentam posições a respeito do tema tratado no presente trabalho que podem ser

consideradas confusas e frágeis.

Pretende-se demonstrar ao longo deste estudo que têm surgido novos

posicionamentos e assim, contribuir para que haja maior segurança jurídica ao se

tomar a decisão em relação a escolha do principal estabelecimento.

Afinal, caso a escolha do juízo não seja a mais correta, ocasionará o prolongamento

do processo, pois muitos são os casos em que a competência declinou em razão do

erro na escolha do juízo.

.

PALAVRAS CHAVE: Falência, principal estabelecimento.

Page 6: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

ABSTRACT

The purpose of this paper is to examine the doctrinal and jurisprudential differences on

this important institute, the main settlement in the bankruptcy and demonstrate the

importance of properly establishing the jurisdiction of the court, according to a detailed

analysis in order to avoid the conflict of jurisdiction and achieve a satisfactory result for

everyone involved.

The chapters cover the following topics: "introductory aspects of the absolute and

relative competence," "special jurisdiction laid down in Article 3 of Law 11.101 / 05", "a

plurality of business establishments and fixing the main establishment as crucial to

fixing the competence "and finally," the jurisprudential criteria for determining the

bankruptcy competence".

The methodology used was the study of doctrines, laws, case law and journals.Multiple

definitions of "Home property" according to the doctrinal and jurisprudential

understanding are not sufficient to reach a safe and definitive conclusion on the

subject.

We intend to show throughout this study that have arisen new positions and thus

contribute to greater legal security when making the decision to the principal

establishment.

After all, if the choice of court is not the most correct, will result in the extensionof the

process because there are many cases in which jurisdiction declined due to incorrect

choice of judgment.

KEYWORDS: Bankruptcy, Main Establishment.

Page 7: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................08

2. OS ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELA-

TIVA....................................................................................................................10

3. A COMPETÊNCIA ESPECIAL FIXADA NA LEI 11.101/05..............................13

4. A PLURALIDADE DE ESTABELECIMENTOS EMPRESARIAIS E A FIXAÇÃO

DO PRINCIPAL ESTABELECIMENTO COMO DETERMINANTE PARA

FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA.........................................................................17

5. OS CRITÉRIOS JURISPRUDENCIAIS PARA DETERMINAÇÃO DA

COMPETÊNCIA FALIMENTAR........................................................................21

6. CONCLUSÃO....................................................................................................29

REFERÊNCIAS.......................................................................................................31

Page 8: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

8

1. INTRODUÇÃO

A divergência jurisprudencial e doutrinária acerca do tema “Principal estabelecimento”

é o objetivo deste trabalho.

Esse estudo tem profunda relevância para o mundo jurídico, uma vez que é a partir

da escolha do principal estabelecimento que se define o juízo. É de suma importância

que a fixação da competência se dê de forma correta cumprindo seus objetivos em

um menor espaço de tempo, respeitando os princípios da celeridade e da economia

processual, sem causar embaraços e sem envolver o judiciário de outras comarcas,

facilitando assim a arrecadação dos bens e a quitação dos débitos, evitando um

desconforto para o empresário falido e para os credores.

Nos estudos realizados através da doutrina e jurisprudência verificou-se que alguns

doutrinadores e magistrados apresentam diferentes posicionamentos em relação à

escolha do principal estabelecimento. As posições são controversas, dentre as mais

defendidas, cita-se: o local da sede contratual, o local onde se encontram os livros

contábeis da empresa, o local em que se concentram o maior volume de operações

comerciais e financeiras e, por fim, o local da base diretiva de onde partem as

decisões administrativas.

São posições interessantes, porém insuficientes, como se pretende demonstrar mais

adiante.

A proposta deste trabalho é analisar as posições doutrinárias acerca da definição do

principal estabelecimento e demonstrar que além de divergentes, não são seguras e

nem definitivamente corretas, mostram-se frágeis e oferecem riscos.

Serão analisados os posicionamentos jurisprudenciais em diferentes unidades

federativas do nosso país, demonstrando as divergências entre elas.

O presente trabalho se divide em quatro capítulos sendo que o primeiro aborda os

aspectos introdutórios da competência absoluta e relativa com foco na definição da

competência no juízo falimentar; o segundo, a competência especial estabelecida no

artigo 3º da lei 11.101/05, para o pedido de falência, onde se analisa a divergência

doutrinária acerca do tema. O terceiro trata da pluralidade de estabelecimentos

Page 9: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

empresariais e a fixação do principal estabelecimento como determinante para fixação

da competência; nesse capítulo analisa-se o foro competente para processar e julgar

as ações falimentares quando houver mais de um estabelecimento em diferentes

comarcas. Qual deles deve ser considerado como principal? O quarto e último

capítulo, trata dos critérios jurisprudenciais para determinação da competência

falimentar. Nesse capítulo, o estudo cuida de analisar julgados de diferentes

unidades federativas e apresentar as divergências jurisprudenciais.

Este é o objetivo deste trabalho, analisar os posicionamentos e os critérios utilizados

pelos doutrinadores e magistrados na definição do principal estabelecimento e

reforçar o uso de outros critérios menos utilizados.

Page 10: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

10

2. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

Inicia-se o presente estudo tratando do conceito de “competência”, e pode-se afirmar

que é o alcance da jurisdição de um juiz, e o âmbito de sua atuação jurisdicional.

A competência classifica-se em absoluta e relativa.

A competência é absoluta ou “ratione causae”, quando o poder de julgar do juiz

abrange toda a matéria objeto da relação jurídica controversa em razão das pessoas,

da continência da lide e da ordem hierárquica da jurisdição. Não se permite

modificação por vontade das partes.

A competência será relativa, quando couber somente a um juiz o poder de conhecer

certas questões; poderá ser modificada, exceto, nos casos de falência.

Na falência, a natureza da competência em regra é absoluta e não pode ser alterada.

Assim sendo, para a determinação da competência do juízo falimentar, pouco importa

a localidade do registro da sede da empresa, já que a própria lei impõe que o pedido

de falência deverá ser processado e julgado na comarca onde estiver localizado o

principal estabelecimento do devedor.

O juízo singular do principal estabelecimento é que tem competência para homologar

o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a

falência. É considerado foro de competência absoluta, que tem preferência sobre

qualquer outro.

As regras de competência previstas na Lei de Falências são de ordem absoluta, quer

seja em razão da pessoa e da matéria, quer seja por estarem reguladas em lei especial

sobrepondo-se às regras gerais de competência previstas no Código de Processo

Civil.

A lei trata da indivisibilidade. Como regra, os processos envolvendo direitos e

obrigações do falido serão atraídos pelo juízo falimentar, fixando-se, assim, a

unicidade.

Torna-se evidente que não há pluralidade de juízos falimentares, mas um juízo único

que não pode ser fracionado.

Page 11: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

11

Segundo Bertoldi (2008),

O princípio da unidade tem por finalidade a eficiência do processo evitando a repetição de atos e contradições, seria inviável mais de uma falência, por isso a exigência da lei de um único processo para um mesmo devedor. (BERTOLDI, 2008, p. 556).

Para Tomazette, (2014), o que determinará se a competência é relativa ou absoluta

serão os interesses dos envolvidos.

Quando a competência envolver interesses exclusivamente privados, será relativa; se,

porém, envolver interesse público, estar-se-á diante da competência absoluta. Ocorre

que na maioria dos casos há interesse público para a solução da crise que envolve a

empresa, e por este motivo, a competência em regra será absoluta.

Nos casos em que a empresa tiver sede fora do Brasil, o juízo competente será onde

estiver localizada sua filial, caso haja mais de uma, será onde localizar a principal.

O artigo 76 da lei 11.0101/05 excepciona a indivisibilidade da competência.

As causas oriundas das relações de trabalho que devem ser processadas e julgadas

perante a justiça especializada, somente serão atraídas pelo juízo universal no

momento da execução.

As causas fiscais que também tramitam em vara especializada e não se sujeitam às

regras da execução concursal e aquelas não reguladas por esta lei em que o falido

figure como autor ou litisconsorte ativo, devem seguir as regras do Código de

Processo Civil (ex.: ações de despejo, reintegração de posse).

O sistema jurídico brasileiro excepciona também as causas em que a União, entidade

autárquica ou empresa pública forem interessadas, na condição de autoras, rés,

assistentes ou oponentes que serão, obrigatoriamente, processadas e julgadas na

justiça federal (Constituição Federal, artigo 109, I).

As ações relativas aos imóveis têm, de forma absoluta, competência determinada pela

situação do bem (Código Processo Civil, artigo 95), salvo nos casos das ações

revocatórias (artigo 129 e 130 da Lei 11.101/05); e as ações que demandarem quantia

ilíquida, iniciadas antes da decretação da falência, nas quais o devedor ora falido

tenha sido citado anteriormente à sentença da quebra (artigo 6º,§1º).

Page 12: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

12

No juízo falimentar todos os credores de um mesmo devedor comum passam a

concorrer juntos em ocasião da formação da massa falida subjetiva, ou seja, a

comunhão de interesses dos credores.

Na doutrina de Nelson Nery Junior (1999), "diz-se indivisível o juízo da falência porque

ele atrai todas as ações e questões atinentes aos bens, interesses e negócio da falida.

Todas juntas formam o procedimento falimentar”.

Portanto, o juízo falimentar é indivisível na sua competência para os feitos contra a

empresa submetida ao procedimento falimentar, ele deve conhecer e julgar estes

feitos.

Todos os credores e todos os pedidos serão direcionados para o juiz que tiver recebido

o primeiro pedido.

Page 13: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

13

3. A COMPETÊNCIA ESPECIAL FIXADA NA LEI 11.101/05 PARA O PEDIDO DE

FALÊNCIA

O artigo 3º da lei 11.101/05 trata da competência para o pedido e processamento da

recuperação judicial.

É competente para homologar o plano de recuperação judicial ou decretar falência, o

juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial da empresa que

tenha sede fora do Brasil.

A doutrina chama este juízo de juízo universal, pelo poder de atrair todas as ações

para um mesmo local.

A competência estabelecida em lei especial é, portanto, estabelecida em razão da

matéria; na verdade, a Lei Falimentar consolidou a regra geral estabelecida pelo

Código de Processo Civil trazendo a competência para o domicílio do devedor.

Neste sentido, registra Nelson Nery Júnior (1999):

Falência. Para os processos de falência requerida contra pessoa jurídica, será competente o foro do lugar de seu principal estabelecimento (Lei de Falência, art. 7º, caput). Trata-se de competência funcional, portanto absoluta, que tem preferência sobre qualquer outro, inclusive prevalecendo sobre o foro privativo da União, conforme regra expressa da Constituição Federal, art. 109,I.(NERY JÚNIOR, 1999, p. 573).

Isso significa que todas as ações referentes aos bens, interesses e negócios da massa

falida serão processadas e julgadas pelo juízo perante o qual tramita o processo de

execução concursal por falência. É a chamada aptidão atrativa do juízo falimentar, ao

qual conferiu à lei a competência para conhecer e julgar todas as medidas judiciais de

conteúdo patrimonial referente ao falido ou à massa falida. (Coelho, 2005, p. 201)

De acordo com Fábio Ulhôa Coelho (2005),

(...) por principal estabelecimento entende-se não a sede estatutária ou contratual da sociedade empresária devedora, a que vem mencionada no respectivo ato constitutivo, nem o estabelecimento maior física ou administrativamente falando. Principal estabelecimento, para fins de definição de competência para o direito falimentar, é aquele em que se encontra concentrado o maior volume de negócios da empresa; é o mais importante do ponto de vista econômico. (COELHO, 2005, p. 205).

Page 14: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

14

O juízo do lugar em que a empresa devedora tem atividade principal é o competente

para o processo da falência, e não deve ser confundido necessariamente com o local

da sua sede.

Mas como identificar o principal estabelecimento do devedor?

Nem mesmo a doutrina ou a jurisprudência tem um posicionamento único acerca do

tema.

Lobato (2007) afirma que:

(...) a doutrina referendada pela jurisprudência, tem sido no sentido de que o foro competente para a decretação da falência não é aquele em que a empresa tem registrado seus estatutos ou atos constitutivos, mas aquele em que a empresa revela, de forma concreta, o corpo vivo, o centro vital das atividades comerciais, a Sede ou o núcleo dos negócios em sua vivência material. (LOBATO 2007, p.39).

Segundo o entendimento de Rubens Requião (1989), “o juízo competente não é o

determinado pelo domicílio civil ou estatutário, e sim pela localização do domicílio real,

onde se situa o principal estabelecimento, como uma nau capitânia numa frota

marítima”.

O autor ainda define estabelecimento como:

(...) o local onde se fixa a chefia da empresa, onde efetivamente atua o empresário no governo ou no comando de seus negócios, de onde emanam as ordens e instruções, em que se procedem as operações comerciais e financeiras de maior vulto e em massa, onde se encontra a contabilidade geral. (REQUIÃO, 1989, p. 81).

Segundo Tomazetti (2014), “principal estabelecimento deve ser entendido como

aquele de maior volume econômico”.

Sobre o tema, Paes de Almeida (2013) diz que a expressão “principal

estabelecimento” não está relacionada com a sua proporção e nem tem nenhuma

relação com suas instalações, mas refere-se ao local onde o devedor dirige, comanda,

administra seus negócios, a sede da administração.

O Código Civil em seu artigo 1142 dispõe que, estabelecimento é todo complexo de

bens organizados, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade

empresária.

Page 15: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

15

De acordo com o disposto no citado artigo, há que se entender que o estabelecimento

tem relação com o acervo patrimonial.

Mas afinal, como definir qual é o principal estabelecimento?

Diferentemente no Brasil, analisa-se o posicionamento de alguns doutrinadores e se

conclui que existem duas correntes principais que defendem ser o estabelecimento: A

primeira defende ser onde se localiza a chefia da empresa, de onde partem as ordens;

e a segunda é onde se verifica o maior volume das operações negociais que geram

mais receitas sendo este, o mais importante do ponto de vista econômico.

Entretanto, não é comum alguém defender como principal estabelecimento, o local

onde se encontra o maior acervo patrimonial.

Porém, se a finalidade do processo falimentar é arrecadar os bens para satisfazer o

crédito dos credores, por que não eleger a sede onde se encontra o acervo

patrimonial?

Afinal, ao se optar pela definição de principal estabelecimento como aquele onde se

encontra o maior patrimônio, o judiciário terá mais agilidade e facilidade para saldar

dívidas em menor tempo e sem despesas.

Dessa forma, será possível, inclusive, evitar a fraude contra credores.

Na realidade, atualmente no mundo jurídico, pouco se preocupa com a custódia dos

bens do devedor.

Acredita-se que no momento da quebra, a comunicação entre os diversos juízos

através da precatória, possibilita a arrecadação dos bens pelo juízo falimentar.

É o que prevê o artigo 112 da lei de falência: “os bens arrecadados podem ser

removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e conservação”.

Importante é analisar a competência falimentar sob a perspectiva evolutiva do local

onde se encontra o maior acervo patrimonial.

Page 16: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

16

O ilustre professor, Gladston Mamede (2009) preconiza que:

(...) falência é o procedimento pelo qual se declara a insolvência empresarial (insolvência do empresário ou sociedade empresária) e se dá a solução à mesma, liquidando o patrimônio ativo e saldando, os limites da força deste, o patrimônio passivo do falido. (MAMEDE,2009, p. 292).

Ora, se a finalidade do processo falimentar é justamente arrecadar os bens e pagar

os credores, nada mais justo que a competência falimentar seja aquela onde se

localiza o patrimônio do devedor.

Page 17: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

17

4. A PLURALIDADE DE ESTABELECIMENTOS EMPRESARIAIS E A FIXAÇÃO

DO PRINCIPAL ESTABELECIMENTO COMO DETERMINANTE PARA

FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA

A Lei de falência elege como uma de suas regras de direito processual de

fundamental importância, aquele que estabelece o foro competente para decretação

da falência.

Por essa regra, determina-se o local do principal estabelecimento como foro

competente para se ingressar com o pedido de falência. Assim sendo, se uma

empresa possui diversos estabelecimentos, em diversas localidades, um deles deverá

ser eleito como principal.

O juízo da comarca onde estiver localizado este estabelecimento será competente

para apreciar o pedido de falência.

Uma vez decretada a falência, onde estiver localizado o estabelecimento principal,

todos os seus credores deverão concorrer ao juízo falimentar, através do foro

universal legalmente eleito.

A indivisibilidade da competência implica em seu caráter de unicidade, ou seja, só

poderá haver um único juízo falimentar para um mesmo devedor, pouco importando,

como afirmam os doutrinadores, que ele possua estabelecimentos em diversos

municípios ou mesmo Estados da Federação.

Neste caso, a escolha do estabelecimento principal é importante para a fixação do

juízo competente para a declaração de falência.

Todavia, como identificar qual deles é o principal?

Poderá acontecer que as características do principal estabelecimento estejam

presentes em estabelecimentos distintos. Assim, como solucionar este problema?

Segundo Manoel Justino Bezerra Filho (2007), pode ser que “em cada um deles,

exercer-se-á grande número de atividades ou concentrar-se-á administradores, em

cada um deles, com amplo poder de decisão”.

Page 18: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

18

É o caso de um pedido de falência em que o autor desconhecia que a empresa ré

pertencia a um grupo econômico.

A prevenção se deu em razão do artigo 6º, § 8º, da Lei de Falências, Lei n.

11.101/2005.

A decisão foi baseada no fato de a ré pertencer a um grupo de empresas que tinha

como principal estabelecimento a cidade de Santa Rita do Passa Quatro, onde já

existia um pedido de falência contra uma das empresas do grupo:

Com efeito, existindo pedido de falência anterior contra a referida empresa e tramitando pelo Juízo de Direito da Comarca de Santa Rita do Passa Quatro, prevento se encontra, em função do dispositivo acima mencionado. De toda a documentação encartada naqueles autos, foi possível constatar que essas empresas são constituídas do mesmo quadro societário e realizam, em sua maioria, a mesma atividade em ramo empresarial idêntico, sendo que, em diversos casos, também são integradas umas pelas outras. Esse cenário é suficiente para concluir que pertencem ao mesmo grupo econômico. (DIÁRIO DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2014)

No mesmo sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - Principal estabelecimento Empresa que ajuíza pedido de recuperação judicial em Ribeirão Pires, comarca em que se situa uma das empresas do conglomerado econômico sob o argumento de que aí se encontra seu principal estabelecimento. Decisão singular que determina remessa para São Bernardo do Campo sob fundamento de que ali se encontra o principal estabelecimento. Demonstração de que o local das deliberações da diretoria, gerenciamento e demais atividades administrativas, executivas e legislativas acontecem em Ribeirão Pires Ademais, maior corpo produtivo que compõem os aspectos objetivo e corporativo da empresa situados naquela cidade Decisão afastada Recurso provido. Dispositivo: Deram provimento. (TJ-SP. Agravo de Instrumento nº 0190084-41.2012.8.26.0000, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Rel. Desemb. RICARDO NEGRÃO, j. 04/12/2012).

Como verifica-se, as dificuldades para se identificar o principal estabelecimento

existem, justamente por não haver um posicionamento único acerca do conceito

definitivo do que venha a ser principal estabelecimento.

Nos casos onde há pluralidade de estabelecimentos como filiais, escritórios, sedes,

unidades de produção, centros de distribuição, entre outros, a questão parece ser

mais complexa, uma vez que os credores estão distribuídos por toda a parte e embora

se decida pela eleição de um dos estabelecimentos, poderá acontecer que tal escolha

não seja a mais correta.

É impossível falar de estabelecimento comercial sem citar Oscar Barreto Filho

Page 19: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

(1988), o autor sintetizando o entendimento de eminentes juristas, afirma que, para

José Xavier Carvalho de Mendonça, a identificação do principal estabelecimento

estaria no lugar onde se corporifica a sede da liderança dos negócios do devedor

comerciante.

Para o saudoso professor Miranda Valverde (2002) o principal estabelecimento,

(...) é aquele no qual o comerciante tem a sede administrativa de seus negócios, no qual é feita a contabilidade geral, onde estão os livros exigidos pela lei, local onde partem as ordens que mantêm a empresa em ordem e funcionamento, mesmo que o documento do registro da empresa indique que a sede fique em outro local. (VALVERDE 2002)

Segundo Torrieri (2010):

Principal estabelecimento também pode ser interpretado no caso da empresa que tem muitas filiais, como sendo o principal aquele onde centraliza a administração, a sede social. (TORRIERI 2010)

A sede administrativa é, com efeito, o ponto central dos negócios, de onde partem as

decisões, as relações externas, com fornecedores, clientes, bancos, etc. Na sede da

administração é que se faz geralmente, a contabilidade geral das operações, onde se

encontram na maioria dos casos, os livros legais de escrituração, os quais interessam

no processo de falência, à Justiça.

Sobre estabelecimento principal, J. C. Sampaio de Lacerda (1985) leciona:

Não se deve confundir as noções de sede de uma sociedade com a comercial. Uma sociedade pode ter uma sede determinada em seu contrato social, mas possuir diversos estabelecimentos em que, de fato, realiza seus negócios, reservando, apenas, a sede para a sua conveniência. É que a lei, fixando o foro competente com base no principal estabelecimento, teve em vista, naturalmente, facilitar a arrecadação dos bens do devedor e nem sempre a sede apresenta volume considerável de bens, capazes de representar valores de maior interesse para a massa. [...] (LACERDA 1985)

Se determinada localidade é onde se centraliza o maior volume de negócios de uma

empresa, presume-se que lá se localize a maioria de seus bens e credores, o que

facilitará a arrecadação desses bens, sua venda e o pagamento dos credores.

Mas, e se for o contrário, se seus bens, seu patrimônio, estiverem em outra localidade?

Uma situação que poderia se resolver em um curto espaço de tempo irá depender de

outros juízos para arrecadar os bens através de carta precatória, o que irá gerar

despesas, além da dificuldade em se localizar todos os bens.

Page 20: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

20

Ademais, há que se considerar que existe a possibilidade que apenas o empresário

seja considerado falido e que a empresa venha subsistir, e será justamente através

do patrimônio dela, que outro empresário poderá se valer para dar seguimento. Afinal,

a alienação do acervo patrimonial em bloco, é um meio viável de se preservar a

empresa. Por isso a preocupação em definir como principal estabelecimento o local

onde se encontra seu acervo patrimonial.

Segundo Lobato Filho1 (2007, apud Almeida, 2010, p.75):

Ressalta-se que a conservação da empresa não se contradiz com o processo falimentar, e que a atividade não se encerra com a falência. A preservação que se almeja é a da atividade econômica que pode continuar a ser exercida por outro empresário que não o falido, o qual não mais a exercerá. Sendo assim, utilizando os bens e recursos, terceiros podem dar destinação o adequado a ao acervo patrimonial do devedor que servia a este em sua atividade mal sucedida.

É justamente o que este trabalho se propõe a fazer, analisar todas as situações que

antecedem o pedido de falência, cuidando de cada detalhe no momento da escolha

do principal estabelecimento, a fim de fazer com que essa decisão seja favorável para

todos os envolvidos.

Para tanto se faz necessário uma análise criteriosa sem esquecer-se, que o objetivo

principal é arrecadar os bens e pagar aos credores.

É de suma importância que a fixação da competência se dê de forma correta, e que

cumpra seus objetivos em um menor espaço de tempo, respeitando o princípio da

celeridade e da economia processual, sem causar embaraços, sem envolver o

judiciário de outras comarcas, facilitando assim a arrecadação dos bens e a quitação

dos débitos.

O tempo é um precioso aliado, tal demora pode causar um desconforto para o

empresário falido, e até mesmo para os credores.

1 LOBATO FILHO, Moacyr de Campos. Falência e recuperação. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 153-154.

Page 21: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

21

5. OS CRITÉRIOS JURISPRUDENCIAIS PARA DETERMINAÇÃO DA

COMPETÊNCIA FALIMENTAR

Nos capítulos anteriores, observou-se que a Lei 11.101/05 não definiu os critérios e

parâmetros para que possamos decidir ao certo, qual é o "principal estabelecimento".

Os critérios utilizados comumente têm sido aqueles defendidos pelos doutrinadores

como sendo os mais corretos, porém, em alguns julgados dos tribunais, percebem-se

as divergências.

As decisões dos Tribunais têm sido no sentido que: "Estabelecimento principal, não é

aquele a que os estatutos da sociedade conferem o título de principal, mas o que

forma concretamente o corpo vivo, o centro vital das principais atividades comerciais

do devedor, a sede ou núcleo dos negócios, em sua palpitante vivência material".

Como sede principal tem-se entendido o lugar onde o comerciante devedor exerce

efetivamente suas atividades. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça, reiterada

vezes julgou como foro competente para a concordata preventiva, o local em que o

comerciante tem seu principal estabelecimento.

Entende-se, por principal estabelecimento, não necessariamente aquele indicado

como sede no contrato social, mas a verdadeira sede administrativa em que está

situada a direção da empresa, de onde parte o comando de seus negócios.

Nota-se que as decisões dos tribunais adotam os critérios apontados pela doutrina

como também admitem que o principal estabelecimento possa ser aquele onde se

realizam o maior número de reuniões, assembleias e para onde convergem as

demandas empresariais que exigem pronta atuação dos sócios.

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná dispõe que:

É competente para o processamento do pedido de recuperação judicial da empresa e de sua falência, o Juízo do local onde o devedor tem o seu principal estabelecimento, a teor da norma contida no artigo 3º da Lei 11.101/2005.4. Compreende-se, pelo novo ordenamento da recuperação e falência, como principal estabelecimento da empresa aquele onde se situa o ponto central de seus negócios, de onde partem todas as ordens, onde atua concretamente o comando empresarial e seu corpo diretivo, onde se concentra o maior número de reuniões e assembleias, e para onde convergem as demandas empresariais que exigem pronta atuação dos 22 sócios. (TJPR - 17ª Câmara Cível - AI - 1221650-5 - Foro Regional de Campo Largo da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Francisco Jorge - J. 26.11.2014).

Page 22: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

22

De acordo com o entendimento dos tribunais, por "principal estabelecimento" se deve

entender aquele no qual se concentram as principais atividades da empresa, o corpo

vivo, e a regra legal é que:

[...] é nesse território que o juízo da falência poderá exercer, com maior rigor e eficiência, os atos que devem ser praticados em feito dessa natureza. Por outras palavras, é nessa base territorial que o juiz poderá exercer mais adequadamente, em prol do interesse público, a função que lhe compete. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 409.400-4, da oitava Vara Cível, do Foro Central de Curitiba, 2007).

Verifica-se que, a jurisprudência superior (Superior Tribunal Federal e Superior

Tribunal de Justiça), já se posicionou sobre a definição de principal estabelecimento:

"Não é aquele a que o estatuto da sociedade confere o título de principal, mas o que forma concretamente o corpo vivo, o centro vital das principais atividades comerciais do devedor, a sede ou núcleo dos negócios, em sua palpitante vivência material". (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 409.400-4, da oitava Vara Cível, do Foro Central de Curitiba, 2007)

Entretanto, nem sempre os tribunais decidem de acordo com o posicionamento

adotado pelos demais, há sempre divergências em relação à definição do juízo

competente para julgar tais questões.

Em recente julgado (2007), a empresa “ROBERPAR – Serviços de impressão Ltda.”,

mais conhecido como “Jornal Tribuna do Brasil”, entrou com o pedido de falência na

cidade de Brasília, onde exercia suas principais atividades, quando para sua surpresa,

aquele juízo declinou da competência para conhecer do pedido, sob o fundamento

que a sede estatutária da empresa localizava-se em SP, para onde remeteu os autos.

Foi necessário interpor Agravo de Instrumento pedindo reforma da decisão, visto que

o empresário falido corria o risco de ocorrer lesão de difícil reparação, pois admitiu

não possuir sequer recursos financeiros para acompanhar os trâmites processuais

naquela cidade.

Ora, não havia dúvidas de que o referido jornal circulava em Brasília, e que seu

principal estabelecimento situava-se no Distrito Federal, o que torna o Juízo da Vara

de Falências daquela capital, competente para apreciar o requerimento de quebra.

Page 23: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

23

Decidiu o tribunal segundo a corrente majoritária:

DIREITO COMERCIAL. FALÊNCIA. JUÍZO COMPETENTE. Para os fins de declaração de falência, competente é o juiz em cuja jurisdição o devedor tem seu principal estabelecimento. Considera-se principal estabelecimento aquele onde são desenvolvidas as atividades centrais administrativas. "Ademais, não se logrou comprovar de forma inequívoca que o centro das decisões e das atividades da agravada se encontra em São Paulo, eleito em seus atos constitutivos como sede social. Assim sendo, pelo menos até que se produzam provas suficientes em sentido contrário, é prudente que a ação continue a tramitar no Juízo Falimentar do Distrito Federal. Ante o exposto, dou provimento ao recurso para, confirmando a liminar concedida, determinar o processamento do pedido no Juízo de Falência do Distrito Federal. (TJ-DF Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 08/08/2007, 6ª Turma Cível).

Como pode se observar, no capítulo que trata da fixação do principal estabelecimento

como determinante para fixação da competência, destacou-se a importância que o

juízo tenha total controle sobre os procedimentos na falência quanto na recuperação.

Observou-se recentemente em um julgado do TJRS, a preocupação em manter a

proximidade do juiz aos negócios do falido como causa determinante da competência,

de forma a facilitar o controle:

Principal estabelecimento vem a ser aquele onde o empresário susceptível da incidência da Lei 11.101/05 desempenhe, como primazia, sua atividade; onde concentre, no caso concreto, a maior expressão de suas atividades, onde desempenhe e se desenvolva o maior número de contratos de prestação de serviços, e onde de fato é exercida a atividade empresária. E assim diz a lei, com inteligência, porque na recuperação judicial e principalmente na falência a intensa intervenção do juízo falimentar e universal na empresa demanda a proximidade do juiz aos negócios do falido/empresário em recuperação, de molde a facilitar o controle e a jurisdição. Quanto às atividades que se desenvolvem quer na recuperação quer na falência. A proximidade do juiz com o negócio, aqui compreendido onde ele mais intensamente se desenvolve da empresa em recuperação é a causa determinante da competência estabelecida em Lei. (TJ-RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto. Data de Julgamento: 29/05/2014, Quinta Câmara Cível).

O referido acórdão considerou como principal estabelecimento a localidade onde a

empresa centraliza suas atividades gerenciais e administrativas, além de ser onde são

coordenados todos os contratos firmados com os mais variados clientes.

Nesse sentido, Ricardo Negrão (2008) assevera que:

(...) prevaleceu, portanto, no novo ordenamento, o princípio absoluto da fixação da competência pelo local onde o empresário possuir seu principal estabelecimento, assim compreendido como o ponto central dos negócios, de onde partem todas as ordens, que imprimem e regularizam o movimento econômico dos estabelecimentos produtores. (NEGRÃO, 2008, p.33).

Page 24: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

24

Igualmente a esse respeito, ensina o professor Waldo Fazzio Júnior (2008):

Podemos concluir, portanto, que estabelecimento principal, para os efeitos do art. 3º da LRE, não é aquele que os estatutos da sociedade conferem o título de principal, mas o que forma concretamente o centro vital das principais atividades profissionais do agente econômico, o núcleo de seus negócios, onde se densifica a empresa. Assim, o principal estabelecimento é o centro de operações negociais, sem que, por isso, seja o centro de seus principais interesses. (FAZZIOJÚNIOR, 2008, p.51)

Entretanto, vale lembrar que, caso o principal estabelecimento escolhido não venha

ser aquele onde se encontra o acervo patrimonial da empresa, o juiz não terá a mesma

proximidade que se almeja, pois dependerá de outros juízos para alcançar a finalidade

pretendida, qual seja, arrecadar os bens e pagar os credores.

Também é muito comum acontecerem casos em que algumas empresas tentam burlar

a lei, alterando o endereço da sede no contrato social, no intuito de postergar o

cumprimento das decisões judiciais.

Como exemplo, podemos citar o caso em que a empresa SERSAN –Sociedade de

Terraplanagem Construção Civil e Agropecuária Ltda., em 21/07/2005, requereu

recuperação judicial na Vara de Falências e Concordatas do Distrito Federal sob a

alegação de que possuía sede naquela localidade. Ocorre que, no ano de 1998, esta

mesma empresa teve sua falência requerida no estado do RJ, perante a 4ª Vara de

Falências e Concordatas (atual 4ª Vara Empresarial), onde ocorreram sucessivas

derrotas judiciais e onde estava estabelecida sua sede, sua matriz, a administração e

seus principais estabelecimentos.

Na verdade, a empresa citada não se trata de uma empresa qualquer, uma vez que o

pedido de falência de seus credores se deu em razão de um fato ocorrido em

22/02/1998 de grande relevância nacional, a queda dos edifícios Palace I e II, no

estado do RJ, quando 22 apartamentos foram ao chão.

Naquele mesmo ano foram intentadas inúmeras medidas judiciais perante a Justiça

Carioca (Estadual e Federal) com vista a resguardar o direito à reparação dos danos

das vítimas prejudicadas.

Tais medidas culminaram na decretação da indisponibilidade dos bens e,

consequentemente, com a paralisação das atividades.

Page 25: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

25

Em 2002, exatamente 4 anos e 7 meses após o ocorrido, após inúmeras derrotas

judiciais, a empresa alterou seu contrato social mudando o endereço de sua matriz

para a cidade de Brasília.

Neste caso, restou o entendimento jurisprudencial que o principal interesse da

empresa era deslocar a competência para apreciação do pedido de recuperação

judicial, do juízo do Rio de Janeiro para o Distrito Federal, a fim de se livrar das

constrições patrimoniais arbitradas pela justiça carioca.

Deslocando a competência, alcançaria seu objetivo, em suma, tumultuaria todo o

processo, visto que um grande número de credores se concentrava no Rio de Janeiro.

Além de que, as reuniões do comitê de credores, a assembleia geral, ficariam

geograficamente prejudicadas.

Imaginem como 170 vítimas daquela tragédia se reuniriam através da comissão de

credores, caso a recuperação judicial se desse na capital federal, ou mesmo, em outra

capital. Ficaria inviável tal situação.

Percebe-se que tal manobra nada mais objetivou senão favorecer a empresa, burlar

a lei e adiar o cumprimento das obrigações, inclusive, suspender o leilão do Hotel

Saint Peter.

Transcreve-se o voto do ministro Antônio Carlos Ferreira, relator no Recurso especial

intentado pela empresa e os critérios considerados na decisão:

Até porque, o conceito de domicílio real deve ser obtido considerando-se a época em que a empresa estava, efetivamente, em funcionamento, não sendo razoável que alterações implementadas no endereço da sede após o

encerramento das atividades possam importar em deslocamento de competência. Na espécie, exsurge dos autos que a decisão da agravante de

modificar seu domicílio 4 anos após o início de suas contendas na Vara de Falências do Rio de Janeiro constitui, na verdade, uma manobra para tentar

reverter as sucessivas derrotas que vinha sofrendo naquele juízo, bem como para dificultar o acesso da maioria de seus credores ao seu plano de recuperação. Tal tese acaba sendo corroborada pelo fato de a presente

medida judicial ter sido intentada no curso do plantão judicial e poucos minutos antes do horário do leilão determinado pela Justiça do Rio de Janeiro,

inobstante autora, certamente, já estar ciente da referida data há muitos dias. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.006.093 - DF (2006⁄0220947-8) Relator: Ministro

Antônio Carlos Ferreira)

Conclui-se, segundo as palavras do magistrado, que no caso em suma, firmou-se

competente o juízo do último local em que se situava o principal estabelecimento, de

forma a proteger o direito dos credores e a tornar menos complexa a atividade do

Page 26: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

26

Poder Judiciário, sendo assim, permaneceu o estabelecimento fixado na cidade do

Rio de Janeiro, onde tudo teve início.

Cita-se também, o conflito de competência suscitado pela Sharp, uma conhecida

marca de eletrônicos do nosso país. Naquele caso, os ministros prolataram uma

decisão favorável à alteração do principal estabelecimento, mudando a sede onde

concentravam as atividades mercantis para o centro das atividades industriais.

Em 24/03/2000, a Sharp S/A Equipamentos Eletrônicos e a Sharp do Brasil S/A

Indústria de Equipamentos Eletrônicos impetraram pedido de concordata preventiva

na cidade de Manaus, cujo processamento foi deferido em 28 de agosto de 2000. Em

2004, um credor da cidade de SP, pediu sua falência com base num título quirografário

anterior ao deferimento da concordata. A falência foi decretada pelo juízo suscitado,

enquanto a competência absoluta seria do juízo de Manaus, onde foi constatado ser

o centro vital das atividades da Sharp, sendo, o competente para deferir a falência e

não o de São Paulo “O juízo competente para processar e julgar pedido de falência e,

por conseguinte, de concordata é o da comarca onde se encontra o centro vital das

principais atividades do devedor". (CC 37736 SP 2002/0155087-3).

Inicialmente foi considerado como principal estabelecimento, a sede de um

estabelecimento fixado na cidade de São Paulo, onde concentravam as atividades

mercantis — comércio, importação e exportação de produtos diversos e prestação de

serviços de assistência técnica.

Tais atividades compunham o faturamento global da empresa e eram deliberadas e

implementadas em São Paulo, sede administrativa e centro de decisões da empresa,

na qual se encontrava sua direção e de onde partiam a planificação e o comando geral

dos negócios.

Entretanto, o centro de suas atividades industriais, a sede patrimonial da Sharp,

concentrava-se em Manaus.

Transcreve-se trecho que fundamentou a decisão do tribunal no caso concreto:

Page 27: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

27

[...] é em Manaus, por exemplo, onde se encontra o parque industrial das sociedades empresárias em exame, razão de existência dessas. Por conseguinte, Manaus abarca também a maioria dos trabalhadores das referidas sociedades. Pertinente, destarte, a observação da Massa Falida, por meio do parecer do Dr. Flávio Luiz Yarshell, de que, "quer se analise a questão sob o ângulo de liquidação de patrimônio, quer especialmente se veja o cenário sob o prisma de eventual retomada de atividades, é na Comarca de Manaus que a função estatal melhor, mais racional e eficientemente será prestada". Portanto, evidencia-se a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Manaus – AM, ora suscitado.

O ministro Castro Filho (2010), em seu voto, ao analisar o centro vital das atividades,

comparou a figura organizacional de uma empresa ao corpo humano:

Sr. Presidente, a mim me parece que o corpo de uma empresa pode se assemelhar ao corpo humano, dotado de alguns órgãos vitais, como o coração, o pulmão e o cérebro. Na empresa, o importante é levar em consideração o cérebro e, pelo que nos expôs a ilustre Ministra-Relatora, parece-me que, realmente, o cérebro está em Manaus, razão pela qual a acompanho. (MELO 2010)

Ademais, por se tratar de uma empresa do ramo de eletroeletrônicos, os elementos

existentes no processo não deixavam dúvidas de que Manaus era a cidade onde se

situava o "centro das atividades", o “parque industrial”, razão de existência daquela

sociedade e local onde se encontravam a maioria dos trabalhadores das referidas

sociedades.

A decisão que prolatou a competência do juízo de Manaus valeu-se das palavras do

professor Carvalho de Mendonça (1946):

Principal estabelecimento é o lugar onde o devedor, comerciante ou sociedade anônima, centraliza a sua atividade e influência econômica; onde, todas as suas operações recebem o impulso diretor; onde, enfim, se acham reunidos normal e permanentemente todos os elementos constitutivos do seu crédito. É, em resumo, o lugar da sede da vida ativa, o lugar onde reside o governo dos negócios do devedor. (MENDONÇA 1946)

Conhecido o conflito, foi declarada a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Cível

de Manaus – Amazonas, anulados os atos decisórios praticados pelo Juízo de Direito

da 39ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo e a sentença de declaração de

falência proferida pelo Juízo de Manaus.

Recentemente, um juiz da 2ª vara de falências de São Paulo, em cognição sumária,

declarou-se incompetente para julgar o pedido do Banco Votorantim pedindo a

falência da empresa Zamin Amapá Mineração S/A, reconhecendo que a empresa

centraliza suas atividades no Amapá e não em São Paulo.

Page 28: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

28

A decisão se deu em razão de um dos diretores da empresa residir naquele estado, e

também ao fato da denominação, acreditando-se, ser uma indicação de que é lá que

ela realiza suas principais atividades.

Inconformado com a decisão, o autor interpôs Agravo de Instrumento onde alegou:

[...] que o local onde reside um dos diretores não coincide, necessariamente, com o lugar em que as principais decisões da companhia são tomadas, bem como que a denominação social não necessariamente reflete o local onde companhia tem o seu centro de atividades. (AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 2044499-16.2015.8.26.0000).

Para o autor, houve divergência interpretativa quanto ao que dispõe o art. 3º da lei

11.101/05. Ressaltou, ainda, que a sede da ré se localiza em São Paulo, onde são

emanados os atos de administração e gestão da empresa, é o endereço de São Paulo

que consta na ficha cadastral da JUCESP, no cadastro da SERASA, na Receita

Federal e no seu sítio eletrônico. Destacou, também, que foi no endereço de São

Paulo que a agravada recebeu intimação do protesto do título que embasou o pedido

de falência, e que os maiores credores da companhia se localizam na cidade de São

Paulo. Ao final, seu pedido foi processado com efeito suspensivo.

O último andamento do referido processo ocorreu em 09/04/2015 quando as partes

foram intimadas para cientificar que, caso seja atendido o pedido do autor e decretada

a falência em São Paulo, será excessivamente custosa a atividade de arrecadação de

ativos no Amapá, devendo, portanto, o advogado do autor assumir o encargo da

administração judicial ou prestar caução no importe de R$50.000,00 (Cinquenta mil

Reais) para garantir futuras despesas com deslocamento do profissional a ser

nomeado pelo juízo, despesas de estadia e de apoio para arrecadação.

Page 29: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

29

6. CONCLUSÃO

Através do presente estudo conclui-se que os critérios utilizados para definir o principal

estabelecimento pela doutrina e jurisprudência realmente são confusos.

Sobre a competência, pode se afirmar que é absoluta em um primeiro momento,

porque deve ser ajuizada obrigatoriamente perante o juízo falimentar, porém, em um

segundo momento é relativa, pela diversidade de critérios para se definir o principal

estabelecimento.

Quanto à competência especial tratada no artigo 3º da lei 11.101/05, a lei é clara ao

especificar que deve ser aquela onde se localiza o principal estabelecimento, onde se

desenvolve a atividade principal e a discussão gira exatamente em torno das múltiplas

interpretações de qual seria o estabelecimento correto.

Embora algumas posições definam como sendo o lugar onde se corporifica a sede

contratual, onde se centraliza a administração dos negócios do devedor, de onde

partem as decisões, onde é feita a contabilidade geral, onde se realiza o maior volume

negocial, enfim, verifica-se que todas essas posições são frágeis.

Ainda que os tribunais tenham adotado o critério do centro vital das principais

atividades do devedor, só fez gerar múltiplas interpretações. Nenhuma delas pode

proporcionar a segurança jurídica de que o processo irá se desenvolver de forma

tranquila.

Entretanto, há novas posições, um novo critério tem sido adotado, que leva em conta

a sede onde se concentra o maior número de trabalhadores, diga-se de passagem,

interessante, se analisarmos do ponto de vista de que eles são os primeiros da lista

de credores e terão participação na composição e deliberações da assembleia geral,

na forma do art. 41 da Lei de Recuperação e Falência.

Através das análises realizadas, objetiva-se reforçar um critério já existente, mas

pouco considerado pelos doutrinadores e magistrados, o critério do local onde se

encontra o maior acervo patrimonial da empresa.

Critério esse, essencial para cumprir a finalidade do processo falimentar, que é a

arrecadação dos bens do devedor para pagamento dos credores; no caso de

Page 30: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

30

alienação de imóveis ou outros bens, para satisfazer o crédito dos credores. O

judiciário terá maior agilidade para arrecadar os bens, se estiver próximo do local onde

se concentra o maior acervo patrimonial.

O processo falimentar cumprirá seus objetivos em um menor espaço de tempo,

respeitando o princípio da celeridade e da economia processual, sem causar

embaraços, sem que seja necessário envolver o judiciário de outras comarcas.

Page 31: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

31

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falência e Recuperação de Empresas. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

ALMEIDA, Gustavo Henrique de. Falência: A inevitável morte do empresário e a

necessária sobrevida da empresa. Libertas, Belo Horizonte, vol. I, p. 71-100, dez.

2010.

BARRETO Filho, Oscar. Teoria do estabelecimento comercial. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1988.

BERTOLDI, Marcelo. Curso avançado de Direito Comercial. 4ª ed. São Paulo: Editora dos Tribunais, 2008.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp: 1006093 DF 2006/0220947-8, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 20/05/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/10/2014.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça de São Paulo. CC: 37736 2002/0155087-3, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 11/06/2003, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 16/08/2004 p. 130.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. 6ª Turma Cível. Acórdão nº 279164 do Processo nº20070020070813agi, Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA. Data de Julgamento: 08/08/2007, 6ª Turma Cível. BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná - 17ª Câmara Cível - AI - 1221650-5 - Foro Regional de Campo Largo da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Francisco Jorge - J. 26.11.2014.

BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Agravo de Instrumento nº 0190084-41.2012.8.26.0000, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Rel. Desemb. Ricardo Negrão, j. 04/12/2012.

BRASIL. Tribunal de Justiça – SP. AI: 20444991620158260000 SP 2044499-16.2015.8.26.0000, Relator: Claudio Godoy. Data de Julgamento: 25/03/2015, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação: 29/03/2015.

COELHO, Fábio Ulhôa. Comentários à nova lei de falências e de recuperação de

empresas. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Lei de Falências e Recuperação de Empresas. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GUIMARÃES, Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 10ª ed. São Paulo: Rideel, 2010.

LACERDA, J. C. Sampaio de. Manual de Direito Falimentar. 12ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1985.

LOBATO, Moacyr. Falência e Recuperação. 2ª ed. Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2007.

Page 32: A Divergencia Doutrinária e Jurisprundencial Acerca Do Tema Principal Estabelecimento Na Falência

MAMEDE, Gladston. Falência e recuperação de empresa. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MENDONÇA, J. X. Carvalho de. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Freitas Bastos, 1946.

NEGRÃO, Ricardo. Aspectos objetivos da lei de recuperação de empresa e de

falências: Lei n. 11.101/0, de 9 de Fevereiro de 2005. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,

2008.

NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código de processo civil comentado e legislação processual em vigor. 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito falimentar. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

TOMAZETTI, Marlon. Curso de Direito Empresarial: falência e recuperação de empresas. 5ª ed. São Paulo: Atlas 2014

VALVERDE, Trajano de Miranda. Comentários à Lei de Falências. 4ª ed. Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999.