léon denis - síntese doutrinária - prática do espiritismo

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  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    www.autoresespiritasclassicos.com

    Lon Denis

    Sntese Doutrinria

    Prtica do Espiritismo

    Traduzido do Francs

    Synthse doctrinale et pratique du Spiritualisme

    1921

    Rembrandt

    O Moinho

    http://opt/scribd/conversion/tmp/scratch2326/www.autoresespiritasclassicos.comhttp://opt/scribd/conversion/tmp/scratch2326/www.autoresespiritasclassicos.com
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    Contedo resumido

    Nesta obra Lon Denis enfoca, em forma dialogada(perguntas e respostas), temas essenciais referentes aoEspiritismo.

    Logo adiante, na Introduo, o prprio autor esclarece maisdetalhadamente o contedo da obra e o pblico a que se destina.

    Sumrio

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    Introduo.................................................................................4

    IDo Homem................................................................................6

    IIDa Reencarnao......................................................................9

    IIIO Lugar da Reencarnao.......................................................12

    IV

    Origem da Vida sobre a Terra................................................17VOs Espritos; Deus..................................................................19

    VIA Doutrina do Espiritismo......................................................23VIIPrtica Experimental...............................................................28

    VIIIConsolaes; Esttica: o Belo, o Verdadeiro, o Bem............37

    IXPreces e Evocaes.................................................................45

    Para uso dos Grupos Espritas...............................45 Para a Frana, durante a Guerra............................49 Para um Casamento...............................................50

    Para um Nascimento..............................................52 Para um Funeral, sada do Corpo..........................53 Na Sepultura de um Esprita..................................54 Para a Festa dos Mortos.........................................56

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    Introduo

    Esta sntese, ou melhor este catecismo espiritualista, temapenas um mrito: o de ser idealizado e organizado segundo aordem natural das idias. O esprito humano, com efeito, devesubmeter a certas regras sua marcha evolutiva e seusprocedimentos lgicos. Est na sua natureza no passar a umasegunda verdade seno quando j tenha assimilado a primeira e

    de percorrer, assim, toda a srie de princpios, sem omitir um sde seus elos.Desse modo, as primeiras verdades no tm necessidade

    das que a seguem, para que sejam compreendidas. E o errocometido pela maior parte dos homens superiores, autores delivros elementares, querer lhes aplicar o mtodo cientfico, que preside suas concepes e seus estudos pessoais. Na opiniodeles, como as verdades mais complexas abrangem todas as

    outras, por aquelas que se deve comear. Este processo evidentemente cientfico, porque a cincia consiste em se partirde uma verdade composta para se chegar a uma verdade maissimples e mais elementar. Todavia, no esse o processonatural, nem a marcha instintiva da razo.

    por isso que, destinando esta modesta obra aos jovens ouaos adultos ainda no iniciados no espiritualismo doutrinrio eexperimental, preferimos comear por este problema objetivo,

    que se toca, por assim dizer, com o dedo: Que o homem?Os outros catecismos, feitos por telogos ou por filsofos,

    comeam ordinariamente por esta questo: Que Deus? maissolene, porm muito menos prtico.

    infinitamente mais lgico comear pelas verdadeselementares, as que se acham ao nvel das mais modestasinteligncias, para se subir gradualmente at noo de Deus e

    s verdades superiores, que so como um reflexo da Potnciasuprema. Assim, o alpinista comea seu trajeto ao p damontanha interrogando as flores e os musgos que revestem os

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    primeiros declives; depois, medida que sobe, v o cu seaproximar, o horizonte se alargar, e termina por atingir os cimosque a neve cobre com sua brancura imaculada. Assim, os que

    lerem este livro, cujas linhas iniciais so simples, medida quemanusearem suas pginas, chegaro, eles tambm, s regiesmais altas e acabaro por atingir os transcendentes cimos daeterna metafsica.

    Quisemos compor esta obra segundo o velho mtododialogado, com perguntas e respostas. a mais popular forma ea mais apropriada ao esprito das crianas, embora este livro, j odissemos, destine-se tambm s pessoas de todas as idades, poiso homem fica sempre criana, isto , ignorante em face dosgrandes problemas.

    Os catecismos tm uma vantagem: permitem reunir asimplicidade da forma majestade das doutrinas. So ao mesmotempo o humilde regato aonde vem se abeberar a pomba e o lagoprofundo onde a guia das grandes altitudes se dessedenta e vemprojetar nas guas um olhar que fixa o sol, sem pestanejar.

    Em nossa opinio, faltava um tal livro. A doutrina esparsanos grupos, difusa nas revelaes medinicas de todos os graus ede toda a natureza, tinha necessidade de ser, de alguma forma,reunida, recapitulada com simplicidade, conciso e clareza.

    O Esprito sopra onde quer, quando quer, segundo correntesdivinas da inspirao: a lei de todas as revelaes superiores feitas aos homens. Cabe a estes reunir, condensar essas verdadesfragmentrias, esses raios dispersos e disso compor a sntese

    luminosa, o encadeamento harmonioso.Dignem-se os Espritos mais velhos e benfeitores queinspiraram esta obra iluminar a inteligncia dos que a lerem.Dela possa Deus tirar alguma glria e as almas retas,investigadoras da verdade, nela encontrar um pouco dessas luzesque esclarecem o grande mistrio do destino e nos tornam maisaptos a cumpri-los, tornando-nos mais resignados e melhores.

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    I

    Do Homem

    1. Que somos ns, voc, eu e nossos semelhantes?r. Somos seres humanos.

    2. Que um ser humano?r.

    Um ser composto de uma alma e de um corpo, isto , deesprito e carne.

    3. Que , ento, a alma?r. o princpio de vida em ns. A alma do homem um

    Esprito encarnado; o princpio da inteligncia, da vontade, doamor, a sede da conscincia e da personalidade.

    4. Que o corpo?r. O corpo um envoltrio de carne, composto deelementos materiais, sujeitos mudana, dissoluo e morte.

    5. O corpo , ento, inferior alma?r. Sim, porque ele apenas sua vestimenta.

    6. necessrio ento desprezar o corpo, j que ele inferior

    alma?r. De maneira alguma: nada desprezvel. O corpo o

    instrumento de que a alma tem necessidade para realizar seudestino; o operrio no deve desprezar o instrumento com o qualganha seu sustento.

    7. Como est unida a alma ao corpo, o esprito carne?r. Por meio de um elemento intermedirio, chamado corpo

    fludico ou perisprito, que participa, ao mesmo tempo, da alma e

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    do corpo, do esprito e da carne e os vincula, de alguma forma,um ao outro.

    8. Que quer dizer a palavra perisprito?r. Esta palavra quer dizer: o que est em torno do Esprito.

    Da mesma forma que o fruto est contido num envoltrio muitodelgado chamado perisperma, o Esprito est envolvido por umcorpo muito sutil denominado perisprito.

    9. Como o perisprito pode unir a carne ao Esprito?r. Penetrando-os e permitindo se interpenetrarem. O

    perisprito comunica-se com a alma atravs de correntesmagnticas e com o corpo por meio do fluido vital e do sistemanervoso, que lhe serve, de certa forma, de transmissor.

    10. Ento, o homem , na realidade, composto de trselementos constitutivos?

    r. Sim, esses trs elementos so: o corpo, o esprito e o

    perisprito.11. Quando e onde comea essa unio da alma e do corpo?

    r. No momento da concepo, e se torna definitiva ecompleta por ocasio do nascimento.

    12. A alma est encerrada no corpo ou o corpo que estcontido na alma?

    r. Nem uma nem outra coisa. A alma, que esprito, nopode ficar encerrada num corpo; ela irradia por fora, como a luzatravs do cristal da lmpada. Nenhum corpo pode mant-lamaterialmente cativo; ela pode exteriorizar-se.

    13. Entretanto, no h um ponto preciso do corpo onde a almaparea mais particularmente ligada?

    r. Alguns sbios assim acreditaram, porque confundiram a

    alma com o fluido vital. A alma indivisvel e est, portanto,toda inteira, por todo o nosso corpo, mas sua ao se faz mais

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    particularmente sentir no crebro, quando se pensa, e no corao,quando se sofre e se ama.

    14. A alma se separa do perisprito, quando se separa do corpo?r. Nunca. O perisprito sua vestimenta fludica

    indispensvel. O perisprito precede a vida presente e sobrevive morte. ele que permite aos Espritos desencarnadosmaterializar-se, isto , aparecer aos vivos, falar-lhes, comoacontece por vezes nas reunies espritas.

    15. O perisprito ento um corpo fludico semelhante a nosso

    corpo material?r. Sim. um organismo fludico completo; o verdadeiro

    corpo, as verdadeiras formas humanas, a que no muda em suaessncia. Nosso corpo material se renova a cada instante; seustomos se sucedem e se reformam; nosso rosto se transformacom a idade; o corpo fludico propriamente dito no se modificamaterialmente; ele nossa verdadeira fisionomia espiritual, oprincpio permanente de nossa identidade e de nossa estabilidadepessoal.

    16. Onde estava a alma, antes de encarnar num corpo?r. No espao. O espao o lugar dos Espritos, como o

    mundo terrestre o lugar dos corpos.

    17. Onde, ento, o perisprito encontrou seu fluido?

    r. No fluido universal, isto , na fora primordial, etrea.Cada mundo tem seus fluidos especiais, tomados ao fluidouniversal; cada Esprito tem seu fluido pessoal, em harmoniacom o do mundo que ele habita e seu prprio estado deadiantamento.

    18. Que o espao?r. a imensidade, isto , o infinito onde se movem os

    mundos, a esfera sem limites, que nosso limitado pensamentono pode conceber nem definir.

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    II

    Da Reencarnao

    19. Por que o Esprito que est no espao encarna em umcorpo?

    r. Porque a lei de sua natureza, a condio necessria deseus progressos e de seu destino. A vida material, com suasdificuldades, precisa do esforo e o esforo desenvolve nossospoderes latentes e nossas faculdades em germe.

    20. O Esprito s encarna uma vez?r. No. Ele reencarna tantas vezes quantas sejam

    necessrias para atingir a plenitude de seu ser e de sua felicidade.

    21. Mas, para atingir esse fim, a pluralidade das existncias ento necessria?

    r. Sim, porque a vida do Esprito uma educao progressiva, que pressupe uma longa srie de trabalhos arealizar e de etapas a percorrer.

    22. Uma s existncia humana, quando muito boa e muitolonga, no poderia bastar ao destino de um Esprito?

    r. No. O Esprito s pode progredir, reparar, renovando

    vrias vezes suas existncias em condies diferentes, em pocasvariadas, em meios diversos. Cada uma de suas reencarnaeslhe permite apurar sua sensibilidade, aperfeioar suas faculdadesintelectuais e morais.

    23. Dissestes que o Esprito reencarna para reparar; ento, elepraticou o mal em suas vidas precedentes?

    r. Sim. O Esprito praticou o mal, j que no fez todo o

    bem que devia ter feito. Existe a uma lacuna que necessriopreencher.

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    24. Que o mal?r. a ausncia do bem, como o falso a negao do

    verdadeiro e a noite a ausncia da luz. O mal no tem existncia positiva; ele negativo por natureza. A prtica do bemengrandece o nosso Ser; a sua omisso o diminui.

    25. Como as reencarnaes nos permitem reparar as existnciasfalhas?

    r. Da mesma forma como o operrio recomea a tarefa quefez mal, assim o Esprito refaz a vida em que falhou.

    26. Temos provas da reencarnao dos Espritos?r. Sim, primeiramente as que os prprios Espritos nos

    trazem em suas revelaes; em seguida, as aptides inatas decada indivduo, que determinam sua vocao e lhe traam nestemundo as grandes linhas de sua vida. Da, as diferenasmateriais, intelectuais e morais que distinguem entre si oshomens na Terra e explicam as desigualdades sociais.

    27. A doutrina da reencarnao uma descoberta recente doesprito humano?

    r. De forma alguma: a humanidade sempre acreditou nela;toda a Antigidade a professou; os grandes iniciados a ensinaramao mundo e Jesus mesmo a ela se referiu em seu Evangelho.

    28. J que vivemos vrias vezes, como se explica que no

    guardamos nenhuma lembrana de nossas vidas passadas?r. Deus no o permite, porque nossa liberdade ficariadiminuda pela influncia da lembrana do nosso passado. Oque pe a mo na charrua, se quer fazer bem seu trabalho, nodeve olhar para trs.

    29. Por qual fenmeno o esquecimento de nossas vidasanteriores se produz assim entre ns?

    r. No momento em que o Esprito reencarna, isto , tomaum corpo, medida que nele penetra, suas faculdades

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    adormecem, uma aps outra; a memria se apaga e a conscinciaadormece. No momento da morte se produz o fenmenocontrrio: medida que o Esprito desencarna, as faculdades se

    desprendem, uma aps outra, a memria se liberta, a conscinciadesperta. Todas as vidas anteriores vm, pouco a pouco, ligar-se vida que o Esprito acaba de deixar.

    30. No existe algum meio de provocar momentaneamente alembrana das vidas passadas?

    r. Sim. Pela hipnose ou sono artificial em diversos graus.Sbios contemporneos fizeram e ainda fazem em nossos diasexperincias concludentes, que comprovam a realidade dasexistncias anteriores.

    31. Como se fazem essas experincias?r. Quando um experimentador consciencioso e competente

    encontra um indivduo apto a suportar sua influncia magntica,ele o adormece. Graas a esse sono, a vida presente momentaneamente suspensa: ento, a lembrana das vidasanteriores, adormecida nas profundezas da conscincia, despertae o indivduo hipnotizado rev e narra todo o seu passado. Foramescritos livros inteiros sobre essas revelaes preciosas, que nosfazem conhecer as leis do destino.

    32. necessrio que a vida atual seja suspensa, adormecida,para que as vidas anteriores se revelem?

    r. Sim, como necessrio que o sol se deite para que asestrelas, ocultas nas profundezas da noite, apaream a nossosolhos.

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    III

    O Lugar da Reencarnao

    33. Onde o Esprito reencarna?r. Por toda parte no universo. Todos os mundos so

    destinados a receber a vida sob suas formas variadas e em todosos graus.

    34. Por que reencarnamos na Terra?r. Porque a Terra, sendo um mundo regido pela lei do

    trabalho e do sofrimento, um lugar propcio ao adiantamento eao progresso do Esprito em estado inferior.

    35. Que a Terra?r. um dos inmeros mundos que povoam o espao; um

    dos menores pelo volume, porque s tem 10.000 lguas decircunferncia, porm grande quanto aos destinos que nela secumprem.1

    36. A Terra est imvel no espao?r. Acreditou-se nisso por muito tempo, mas o sbio e

    infortunado Galileu provou que ela gira em torno do sol. O sol 1.400.000 vezes maior que a Terra e dela separado por 37

    milhes de lguas.37. Como a Terra completa sua revoluo em torno do sol?

    r. Em um perodo de 365 dias e 6 horas (o que constitui umano), com uma velocidade de 7 lguas por segundo, ou cerca de660.000 lguas por dia. Ao mesmo tempo em que se move emredor do sol, a Terra gira sobre si mesma em 24 horas (o queconstitui um dia), com uma velocidade de 6 lguas por minuto.

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    38. Como a Terra e os outros globos se mantm assim noespao, isto , no vcuo, sem sarem da rbita que percorrem?

    r. Por uma fora irresistvel, que se chama fora deatrao. O Sol atrai a Terra e os outros planetas: Mercrio,Vnus, Marte, Jpiter, Saturno, Urano, Netuno, etc., como o matrai o ferro. Todos os globos se atraem uns aos outros e semantm no espao, em razo de seu volume e da distncia que ossepara. Os maiores atraem os menores. Cada estrela um sol; ossis, por sua vez, so atrados por outros mais poderosos earrastados, assim como seus planetas e seus satlites, naimensido sem limites. o movimento perptuo na eternaharmonia que constitui o equilbrio universal.

    39. Esses milhes de globos, que gravitam assim na imensido,so habitados?

    r. Uns o so, outros o foram no passado ou s-lo-o umdia: o que se chama a vida universal.

    40. Esses mundos so habitados por seres superiores, iguais ouinferiores aos homens?

    r. A cincia atual no pode ainda responder a estapergunta; mas, segundo as revelaes dos Espritos, sabemos queos planetas vizinhos da Terra so habitados: Marte, por exemplo,por seres um pouco superiores a ns; Vnus, ao contrrio, porseres inferiores. O Sol a morada de Espritos sublimes, queatingiram os mais altos graus da evoluo e, do alto desse astro,

    como de um trono de luz, fazem irradiar seu pensamento e suaao sobre os outros mundos, por meio das transmissesfludicas e magnticas.

    41. Entretanto, certos sbios pretendem que a Terra o nicoglobo que rene as condies fsicas necessrias vida e, porconseqncia, o nico habitado. Isto correto?

    r. Todos os globos que rolam no espao tm sua estrutura

    particular, suas condies fsicas diferentes, uns dos outros. Avida em cada um desses mundos se adapta a essas condies.Calculando as distncias dos planetas entre si sua massa e sua

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    fora de atrao, demonstrou-se que suas condies fsicasvariam segundo sua posio no sistema solar e segundo suainclinao sobre seus respectivos eixos. Sendo assim, pode-se

    calcular que Saturno, por exemplo, tem a mesma densidade que amadeira de erable; que Jpiter tem quase a da gua; que emMarte o peso dos corpos menos da metade que sobre a Terra,etc. Concluso: as leis fsicas variam em cada um desses globose as leis da vida neles esto em relao com as de sua naturezantima.

    42. Que se entende por mundos rudimentares ou primitivos?

    r. As moradas das almas novas. A vida ali simplesmenteinicial. So esses mundos inferiores que as antigas religieschamamInferi (inferior, os infernos).

    43. Poder-se-ia classificar esses diferentes planetas e distinguiros mundos segundo o grau de vida que neles se manifesta esegundo o valor dos seres que os habitam?

    r. Sim. Os Espritos nos tm revelado que h cinco classesentre os mundos habitados ou habitveis, que giram no espao,so: 1) os mundos rudimentares ou primitivos; 2) os mundosexpiatrios; 3) os mundos regeneradores; 4) os mundos felizes;5) os mundos celestes ou divinos.

    44. Que so os mundos expiatrios?r. Aqueles onde o bem e o mal esto em luta perptua,

    onde a verdade e o erro esto sem cessar em conflito, mas onde,na realidade, a soma do mal sobrepuja a do bem, esperando queeste diga a ltima palavra na luta.

    45. Que se entende por mundos regeneradores?r. So mundos de regenerao pela verdade e pela justia:

    assim ser a Terra, quando os homens forem mais esclarecidos,mais justos e melhores.

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    46. Quem habita os mundos felizes?r. Espritos que j realizaram uma grande parte de sua

    evoluo e que vivem entre si na harmonia da fraternidade e doamor.

    47. Que so, enfim, os mundos celestes ou divinos?r. A morada dos Espritos mais elevados e mais puros. Dali

    partem os missionrios espirituais, que Deus envia para levarsuas mensagens e sua vontade por todo o universo. Essesmundos sublimes representam os parasos ou Elseos de quefalam as religies e que todos os poetas da humanidade cantam.

    48. A que classe desses mundos pertence nossa Terra?r. Aos mundos expiatrios.

    49. Qual a prova?r. As leis fsicas que a regem e as condies de vida dos

    seres que a habitam.

    50. Como assim?r. A Terra est inclinada profundamente sobre seu eixo,

    por isso est sujeita a variaes perptuas, que trazem bruscasmudanas de temperatura. A diferena das estaes e dos climase as perturbaes atmosfricas fazem da vida humana umcombate permanente contra a natureza, a doena e a morte. Tudoisso indica que a Terra por excelncia o planeta da expiao,

    do trabalho e da dor.51. Mas os outros globos no esto nas mesmas condiesfsicas e seu lugar no o mesmo no mundo sideral?

    r. De maneira alguma. Nenhum desses globos tem omesmo peso, nem o mesmo volume e no est colocado mesmadistncia do sol que o aquece e ilumina. Nenhum tem a mesmainclinao sobre seu eixo; Jpiter, por exemplo, de uma fixidez

    e de um equilbrio inalterveis; reina em sua superfcie umatemperatura sempre igual.

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    52. Pode-se dizer que na Terra, como em todo mundoexpiatrio, a soma do mal sobrepuja a do bem?

    r. No se pode duvidar disso. A mais simples experinciada vida basta para comprov-lo. A histria nos mostra quantossculos foram precisos para a humanidade atingir o grau decivilizao relativa a que ela chegou. Apesar disso, no se podenegar que o erro ainda obscurea a muitas inteligncias, o vcioali oprima a virtude; a fora oprima o direito; o egosmo sufoqueo amor. Participar dessa luta, viver nessa sociedade perturbada,sendo muitas vezes a vtima e o mrtir; nisso que consiste omrito e o progresso para os Espritos encarnados na Terra.

    53. Que fazer, ento, e como utilizar nossa vida neste mundo,para ser um dia mais feliz?

    r. Fazer o bem e aproveitar nossa vida na Terra paraprogredir, fazendo progredir os outros, de tal maneira que nosejamos mais obrigados a retornar, a no ser como missionrio,como guia da humanidade.

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    IV

    Origem da Vida sobre a Terra

    54. A Terra foi sempre morada dos Espritos encarnados, isto ,dos homens?

    r. No. A Terra foi, a princpio, massa de fogo, flutuandono espao. Depois de se ter resfriado, tornou-se habitvel; a vidaapareceu nela por etapas. Os trs reinos da natureza minerais,vegetais e animais a se manifestaram em muitos longos perodos de distncia, em intervalos de muitas centenas desculos; depois o Esprito desceu na carne e o homem apareceu,resumindo em seu ser todas as vidas gradativas da criao,reunindo em sua pessoa, por uma unio admirvel, a alma,centelha divina, com o corpo, que vem do animal.

    55. Pode-se crer que o homem teve por antepassado o animal?r. Nosso orgulho repugna crer nisso. A origem do homem

    permanece ainda misteriosa; talvez no seja bom que essemistrio se esclarea. Em todo caso, no proibido pensar quenosso esprito, antes de chegar ao grau de evoluo do perodohumano, tenha, de alguma forma, ensaiado a vida nas regiesinferiores da criao. Isso est de acordo com as leis deprogresso da natureza. De outro lado, certo que, vendo o estadorudimentar de certas raas selvagens, e mesmo tal retorno debestialidade no homem civilizado, ter-se-ia o direito de crer queo animal foi o prefcio vivo do gnero humano.

    56. O homem constitui um reino parte, na criao?r. Sem dvida. Se, por seu corpo, o homem guarda uma

    espcie de parentesco com o animal, pela vinculao de umesprito consciente sua carne o homem constitui um reino

    particular na Terra. Ele o resumo vivo dos reinos que oprecederam; nico, na natureza, ele capaz de conhecer Deus, de

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    ter a noo do infinito e a intuio da imortalidade, prova de suaaptido sobrevivncia.

    57. A espcie humana comeou na Terra por um s casal, comodizem as religies e a mitologia?

    r. No. As raas humanas nasceram em diversos pontos doglobo terrestre, simultaneamente ou sucessivamente, da suadiversidade.

    58. Ado no foi, ento, o nico antepassado do gnerohumano?

    r. Ado o nome de um homem que sobreviveu aoscataclismos que revolucionaram a infncia do mundo; eletornou-se a origem de uma das raas que o povoam hoje. Abblia conservou sua histria e a ele seus descendentes; talvezmesmo um mito, isto , uma alegoria que simboliza as primeirasidades da histria.

    59. certo que existem muitas raas de homens? As diferenasque as separam no so simplesmente devidas a influnciassuperficiais, tais como o clima, a hereditariedade, etc.?

    r. No se pode negar que existem entre as raas humanasdiferenas constitucionais profundas: as do crebro e do ngulofacial, por exemplo, que so como as medidas de sua evoluo.De outra parte, existem tipos intermedirios que supemcruzamentos de raas: e esses cruzamentos de raas implicamnecessariamente em sua diversidade.

    60. Mas, ento, se os homens no descendem todos de umprimeiro casal, no so todos irmos?

    r. Todos os homens so irmos perante Deus, o que umafraternidade infinitamente superior. Demais, todos so parentes,no sentido de que todos tm a unidade de natureza e os destinoscomuns. Todos so um pelo Esprito que encarna em cada um

    deles e procede de Deus.

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    V

    Os Espritos; Deus

    61. O que o Esprito?r. E uma substncia imaterial, indivisvel, imortal,

    princpio inteligente do universo.

    62. Podemos ns ver e compreender o Esprito?r. No. Sua natureza ntima nos desconhecida; no

    conhecemos ainda a essncia dos seres nem das coisas; mas nsa chamamos esprito por oposio matria.

    63. Que so os Espritos?r. So os seres inteligentes, vivendo de uma vida pessoal e

    consciente, destinados a progredir indefinidamente para a

    Verdade, o Belo, o Bem eternos.64. H muitas classes de Espritos?

    r. Sim. H inicialmente, o Esprito puro, que Deus; h osEspritos que vivem livres no espao; e, afinal, os Espritosencarnados, isto , as almas revestidas de um corpo material,habitando a Terra e os outros mundos.

    65. Que Deus?r. o Esprito puro, incriado, eterno, causa inicial e

    ordenadora do universo.

    66. Pode-se definir Deus?r. Deus indefinvel. Definir limitar; ora, Deus infinito;

    ele o crculo eterno cujo centro est por toda parte e acircunferncia em parte alguma.

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    67. No se pode, pois, penetrar nunca a natureza ntima deDeus?

    r. Nunca. Deus como o sol; se o olharmos em seus raios,ele nos ilumina.

    68. Pode-se provar a existncia de Deus?r. De uma forma direta e sensvel, no; porque ele no est

    sob nossos sentidos.

    69. O universo, entretanto, no prova a existncia de Deus?

    r. Sim. Mas no o mostra. Deus se oculta sob o vutransparente das coisas, como para nos forar a procur-lo e nosproporcionar o gozo de descobri-lo.

    70. Onde est Deus?r. Em toda parte, porque seu Ser infinito no pode estar

    circunscrito em nenhum lugar

    71. O homem no traz consigo a idia de Deus?r. Sim. A idia de Deus est no fundo da conscincia

    humana, como as estrelas no fundo da noite. De todas as provasde sua existncia esta a mais segura e a melhor, porque inatana alma, como um reflexo da verdade eterna.

    72. Deus nico no infinito?r. Sim. Deus nico, porque no h seno um nico Deus;

    porm ele no est solitrio, porque a vida universal evolui nele,por ele e em torno dele.

    73. Os Espritos esto, portanto, em torno de Deus?r. Sim. Deus o lugar dos Espritos, isto , o foco eterno

    de luz e de amor, no qual vm se iluminar todas as inteligncias.

    74. Como vivem os Espritos no espao?r. Os Espritos superiores vivem de uma vida puramente

    fludica isto desprendida da matria na proporo de seu grau

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    de adiantamento espiritual; os Espritos inferiores, aindaentorpecidos pelo peso da materialidade, erram nas esferas maisbaixas, esperando que seu desprendimento completo se realize.

    75. Um esprito desencarnado pode, ento, estar ainda ligado matria?

    r. Sim. Porque o perisprito permanece impregnado dosfluidos pesados, que o impedem de deslocar-se no espao, comoa asa de um pssaro, que se arrastou na lama, o impede de seelevar para o cu.

    76. Como vivem os Espritos inferiores?r. Numa vida inquieta e atormentada; eles percorrem, sem

    destino certo, as regies crepusculares da erraticidade, sempoderem compreender seu estado, nem achar seu caminho: oque se chama de almas penadas.

    77. Os Espritos inferiores so nocivos?r.

    Alguns o so; e sua m influncia sobre os homens deulugar crena nos demnios.

    78. Os demnios, ento, no existem?r. No; h maus Espritos, porm os que so chamados de

    demnios, ou espritos eternamente maus, no existem; nem omal, nem os maus podem ser eternos.

    79. Os maus Espritos podem, ento, exercer influncia sobreos homens?r. Sim. Sobre os homens maus, que os invocam, ou sobre

    os homens fracos, que se entregam a eles; da os freqentesfenmenos da possesso e da obsesso.

    80. Como os homens podem entrar em relao com os mausEspritos?

    r. Por meio dos fluidos e em virtude da lei de afinidadeespiritual: Quem se assemelha, se ajunta.

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    81. H muitas classes de Espritos maus?r. H os Espritos simplesmente inferiores, tais como os

    Espritos levianos, imperfeitos, zombeteiros, que nossos paischamavam de duendes, os brincalhes, e que gostam detravessuras de toda espcie; depois h os Espritos perversos, queinduzem os homens ao mal, pelo prazer de fazer o mal, e os que,como os Espritos batedores, habitam as casas mal-assombradas.

    82. Mas h tambm bons Espritos?r. Sim, e o maior nmero. A Antigidade os denominava

    bons gnios; a religio os chama anjos da guarda; os espritas osconhecem pelo nome de Espritos familiares ou Espritosprotetores.

    83. Cada homem tem um Esprito protetor ligado sua pessoa?r. Ordinariamente, temos muitos. So parentes, amigos que

    nos conheceram ou amaram; ou ainda Espritos cuja missoconsiste em proteger os homens, gui-los na senda do bem, e que

    progridem, eles prprios, trabalhando pelo adiantamento dosoutros.

    84. Os homens, neste mundo, e os Espritos, no outro,trabalham de comum acordo?

    r. Certamente. Tudo se liga e se encadeia no universo: oscorpos, por suas irradiaes, atuam uns sobre os outros; o mesmoacontece no domnio dos Espritos. Tudo que os homens fazem

    de bem, de belo, de grande na Terra lhes inspirado, muitasvezes, por influncias invisveis: por essa lei de solidariedademoral que Deus governa o universo.

    85. Assim, a histria humana ditada pelo mundo invisvel?r. Sim. Deus a dita, os Espritos a traduzem e os homens a

    cumprem. Toda a filosofia dos sculos est encerrada nesses trstermos. Mas preciso levar em conta a liberdade humana que,

    muitas vezes, entrava as vistas de mais alto. Da vm ascontradies aparentes da histria.

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    VI

    A Doutrina do Espiritismo

    86. Como se chama o conjunto dos ensinos que acabamos deexpor?

    r. O conjunto desses ensinamentos chama-se Espiritismoou Espiritualismo experimental.

    87. Que significa esta palavra: Espiritismo?r. Significa: Cincia do Esprito ou ensino dos Espritos,

    porque so os prprios Espritos que no-lo revelaram.

    88. Por que espiritualismo experimental?r. Porque essa doutrina repousa sobre fatos positivos,

    controlados pela experimentao cientfica.

    89. O Espiritismo uma cincia ou uma crena?r. O Espiritismo , ao mesmo tempo, uma cincia positiva,

    uma filosofia, uma doutrina social; tambm uma crena,porm, baseada na cincia experimental.

    90. uma cincia, uma filosofia, uma doutrina, uma crenanova?

    r. De modo algum; a cincia integral, a filosofia humana,a doutrina universal. Ele o antigo e novo, como a Verdade, que eterna.

    91. Prove que o Espiritismo uma cincia.r. O Espiritismo uma cincia porque repousa em

    princpios positivos de onde se podem tirar dedues cientficasincontestveis. Alm disso, ele a prpria razo da cincia,

    porque a cincia que no esclarece o homem sobre sua naturezantima e sobre seu destino uma cincia incompleta e estril,

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    como o positivismo. Ora, o Espiritismo a cincia completa dohomem; ela lhe indica sua verdadeira natureza, seu princpiofundamental, seu destino final e, por conseqncia, se esfora,

    dando-lhe toda a luz sobre sua vida para torn-la mais feliz emelhor.

    92. Quais so as provas cientficas atuais do Espiritismo?r. As provas atuais do Espiritismo so as descobertas

    recentes da radioatividade de todos os corpos e de todos os seres,a hipnose, o magnetismo, os fenmenos mltiplos da telepatia,do desdobramento, os fantasmas dos vivos e dos mortos, em umapalavra, todo o conjunto dos fenmenos de ordem psquica. Asdescobertas futuras, das quais estas so apenas o prefcio, daroao Espiritismo experimental uma consagrao definitiva.

    93. Se o Espiritismo uma cincia positiva, por que encontratanta oposio, hostilidade mesmo, entre os sbios?

    r. O Espiritismo s combatido, geralmente, pelos sbiosoficiais, precisamente porque ele uma revoluo na cinciaoficial. A maioria dos sbios livres e independentes , aocontrrio, favorvel ao Espiritismo e vem engrossar nossasfileiras.

    94. Como o Espiritismo, que uma cincia, , ao mesmotempo, uma filosofia e uma moral?

    r. Porque o Espiritismo uma cincia eminentementeprtica, que ensina aos homens as duas grandes virtudes sobre asquais repousa toda a moral humana: a justia e a solidariedade,isto , o progresso na ordem e o amor.

    95. O Cristianismo no explica essa moral?r. Sim, a moral universal escrita, em todos os tempos, na

    conscincia humana. Jesus a ensinou ao mundo, h vinte sculos,mas os sacerdcios e as teologias a desnaturaram e alteraram por

    meio de acrscimos interesseiros ou de interpretaes sutis. OEspiritismo lhe restitui sua pureza primitiva, a apia em provas

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    sensveis e a apresenta ao gnero humano com toda a amplitudeque convm sua evoluo atual e a seus progressos futuros.

    96. Entretanto, toda moral pede uma sano, isto , umarecompensa para o bem, um castigo para o mal?

    r. A recompensa do bem cumprido o prprio bem, comoo castigo do mal cometido a conscincia de o ter praticado compremeditao; da o remorso. O esprito humano para consigomesmo seu prprio recompensador ou seu algoz. Deus no punenem recompensa ningum. Uma lei imutvel, uma justiaimanente presidem a ordem do universo e as aes dos homens.Todo ato cumprido encerra suas conseqncias. Deus deixa aotempo o cuidado de realiz-las.

    97. No h, portanto, cu nem inferno?r. O cu ou o inferno esto na conscincia de cada um de

    ns; toda alma traz em si e consigo sua alegria ou seusofrimento, sua glria ou sua misria, conforme seus mritos ouseus demritos.

    98. Ento, por que fazer o bem e evitar o mal, se no se recompensado pelo cu, nem punido pelo inferno?

    r. necessrio fazer o bem e evitar o mal, no com o fimegostico de uma recompensa, nem pelo temor servil de umcastigo, mas unicamente porque a lei de nosso adiantamento. O progresso dos seres o resultado de seu esforo individual;assim se anulam o dogma injurioso da graa e a teoria fatalistada predestinao.

    99. Como formulada a lei do destino?r. Cada um de nossos atos, bom ou mau, temos dito, recai

    sobre ns. A vida presente, feliz ou infeliz, o resultado denossos atos passados e a preparao de nossas vidas futuras.Colhemos, matematicamente, atravs dos sculos o que

    semeamos. A lembrana de nossas vidas anteriores se apaga porocasio da volta da alma carne; mas o passado subsiste nasprofundezas do ser Essa lembrana se recobra na morte e at

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    durante a vida, quando a alma se desprende do corpo material,nos diferentes estados do sono. Ento, o encadeamento de nossasvidas e, por conseguinte, o das causas e dos efeitos que as rege

    se reconstituem. A realizao nelas de uma lei soberana dejustia torna-se evidente para ns.

    100. Acabamos de ver que o Espiritismo uma cincia positivae uma filosofia moral: como, alm disso, uma doutrina social?

    r. Porque o Espiritismo bem compreendido e bem praticado torna o indivduo melhor e que somente pelamelhoria do indivduo que se pode obter a da sociedade.

    101. Como o Espiritismo torna o indivduo melhor?r. Dando-lhe a verdadeira noo da vida e, portanto, a do

    seu destino, isto , realizando a educao moral do homemindividual e do homem social.

    102. Mas a sociologia e o socialismo modernos no fazem amesma coisa?

    r. Eles fazem, infelizmente, o contrrio. O socialismo atuals v na existncia presente o que ele denomina concorrnciavital, isto , a luta pela vida. Essa teoria perigosa porqueconsagra o materialismo, excita os apetites, desencadeia asambies, aprova todos os atentados e conduz anarquia. Elavisa somente o bem estar material, isto , a vida do corpo, e noleva absolutamente em conta o destino imortal do Esprito.

    103. Como a doutrina esprita corrige esse erro do socialismo?r. O Espiritismo demonstra ao homem que sua vida

    presente no seno um elo da longa cadeia de suas existncias.Por conseqncia, ele deve consider-la, principalmente, sob seuponto de vista real, o da educao da alma, e no pelas vantagensmateriais que nos oferece, no podendo estas, se delasabusarmos, seno retardar nosso adiantamento e nossa

    verdadeira felicidade.

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    104. Como o Espiritismo compreende a solidariedade humana?r. Em seu mais alto e mais amplo sentido. Cada homem,

    devendo renascer um dia para reparar suas faltas ou aperfeioarsua vida nesta mesma Terra, que o campo de batalha de suaslutas e o terreno de seus labores, no tem ele todo o interesse dea fazer o bem em torno de si, de amar seus semelhantes, lhesprestar servio, a fim de preparar para si prprio um retorno felizneste mundo de provas?

    105. No isso um sonho, uma dessas utopias acariciadas pelosespritos quimricos, porm, impossveis de realizar?

    r. Os fatos a esto para provar a possibilidade de realizaressa doutrina social. Existem na Blgica e na Frana gruposespritas de operrios, e sobretudo de mineiros, que funcionamh quinze ou vinte anos. Todos os domingos eles se renem paraouvir os ensinamentos dos Espritos protetores e ascomunicaes do alm. Cada um desses humildes trabalhadorestoma para si as lies do Evangelho dos invisveis. Alguns setm corrigido de suas paixes e se curado de seus vcios; todosso consolados, instrudos, reconfortados e se tornam melhores.Esses homens, antes incultos e grosseiros, so agora esclarecidossobre os problemas do destino e da vida eterna. As vozes doalm, as de seus amigos, de seus parentes, lhes tm ensinadomais do que os sermes do padre ou as declamaes do sofistaou do reitor. Um dia, e esse dia no tardar em vir, essascomunicaes do mundo invisvel se tornaro a religio dospovos e a da humanidade; um novo princpio de educao socialser revelado ao mundo e a paz, a justia, a fraternidade reinaroentre os homens.

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    VII

    Prtica Experimental

    106. Que praticar o Espiritismo?r. Praticar o Espiritismo :

    1) invocar os Espritos e se pr em comunicao com omundo invisvel;

    2) freqentar assiduamente as reunies espritas;3) desenvolver os dons de mediunidade que esto em germeem cada um de ns.

    107. Que invocar os Espritos?r. E dirigir-lhes preces e lhes pedir luz, inspirao, ajuda e

    proteo.

    108. A prece ento ouvida no mundo invisvel?r. A prece um transporte da alma, que abre um caminho

    fludico no espao; ela pode atingir os mais elevados Espritos echegar at Deus.

    109. Qual a melhor das oraes?r. Toda orao boa quando uma elevao da alma e um

    apelo sincero do corao.

    110. Que uma reunio esprita?r. um grupo composto de diversas pessoas unidas pela

    comunho dos pensamentos, a afinidade dos fluidos e aconcordncia das vontades.

    111. Como deve ser organizada uma reunio esprita?

    r. De um grupo de pesquisadores esclarecidos, de umpresidente, de um ou vrios mdiuns, sob a proteo dos bonsE it

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    112. Onde devem realizar-se essas reunies?r. No importa onde, porque o Esprito se manifesta onde

    quer, mas de preferncia em lugar reservado, pois os bonsEspritos no gostam de se manifestar na confuso.

    113. Deve-se reunir de dia ou de noite?r. Tanto de dia, como de noite, conforme os Espritos

    decidirem; entretanto a noite mais propcia s comunicaescom o mundo invisvel.

    114. Por que?r. Porque a atmosfera noturna mais calma; a atividade do

    dia no interfere mais nas correntes das ondas magnticas;nessas condies, mais fcil estabelecer o caminho fludicoentre este mundo e o alm. , alis, o que significa o provrbioantigo: O dia dos homens, a noite dos deuses, isto , dosEspritos.

    115.

    Todas as reunies espritas produzem as mesmas revelaese os mesmos fenmenos?r. No. Cada reunio tem sua caracterstica, cada grupo sua

    fisionomia. Tudo depende da elevao dos Espritos que secomunicam, das disposies ntimas dos assistentes e, sobretudo,do valor dos mdiuns.

    116. Que quer dizer a palavra mdium?

    r. Significa intermedirio, isto , que ocupa a posio demediador entre os membros do grupo e os Espritos que secomunicam.

    117. Que preciso para ser um bom mdium?r. preciso reunir certas condies ou qualidades

    psquicas, intelectuais e morais.

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    118. Quais so as qualidades psquicas de um bom mdium?r. Primeiramente e antes de tudo, o equilbrio psquico e

    moral; em seguida, uma quantidade de fluido magnticosuficiente para permitir aos Espritos se manifestarem.

    119. Quais so as qualidades intelectuais de um bom mdium?r. desejvel que o mdium seja inteligente e instrudo. O

    valor das comunicaes est relacionado com o valor intelectualdo mdium. Da mesma forma que um artista gosta de se servir deum bom instrumento, assim um Esprito superior escolhe depreferncia um mdium digno e apto a servi-lo.

    120. Um Esprito superior no pode suprir a incapacidade de ummdium?

    r. Isso acontece algumas vezes; mas no a regra geral. Omdium que empresta suas faculdades ao Esprito, para lhepermitir a comunicao de seu pensamento e de seus ensinos,facilmente compreende que quanto mais suas faculdades forem

    aperfeioadas, melhor o Esprito poder servir-se delas.121. Por que o mdium deve ter qualidades morais?

    r. Porque um mdium-imoral ou viciado s pode atrairmaus Espritos, o que sempre perigoso.

    122. Mas, ento, como se poder distinguir a parte do mdium ea parte do Esprito nas comunicaes?

    r. Isso exige, com efeito, uma grande experincia dosfenmenos psquicos; entretanto, chega sempre um momento emque a comunicao atinge uma amplitude e reveste um carterque excedem os meios pessoais e as possibilidades do mdium; por esse indcio que se reconhece a ao direta do Esprito.

    123. no estado de viglia que o mdium pode servir deintermedirio com o mundo invisvel?

    r. Os fenmenos de primeira ordem, as comunicaessuperiores exigem ordinariamente o estado de sonambulismo ou

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    de hipnose em todos os seus graus, isto , desde a exteriorizaoparcial ao desprendimento completo. Esse estado facilita o transee torna possvel o fenmeno to notvel da incorporao, pela

    qual o Esprito entra momentaneamente na personalidade domdium, psiquicamente ausente, como um estranho numa casadesabitada.

    124. A que ordem pertencem esses fenmenos de mediunidade?r. A ordem chamada psquica, isto , espiritual. Convm

    no esquecer que as leis do universo esto em total harmonia eque, conseqentemente, ns, que somos espritos, s nospodemos comunicar com o mundo dos espritos pelos sentidosdo esprito. Esse sexto sentido, que completa a natureza humana, a percepo espiritual, isto , a mediunidade.

    125. A mediunidade no , ento, uma descoberta recente?r. No mais do que a alma, da qual ela uma

    manifestao; ela faz parte integrante da natureza humana, provanossa afinidade com o mundo invisvel e divino.

    126. A mediunidade foi praticada no passado?r. Sim. Graas a ela a Antigidade, muito mais que os

    tempos modernos, esteve em comunho com o mundo invisvel;o Egito, a Glia, a Grcia, Roma e o povo judeu conheceram amediunidade. As pitonisas, as sibilas, as druidesas da ilha deSein, os profetas hebreus, os grandes teurgos de Alexandria,como Apolnio de Tiana, foram mdiuns clebres. O prprioCristo foi o mdium de Deus, intermedirio entre o Cu e aTerra; ainda o chamam hoje o mediador.

    127. Entretanto, a Igreja Catlica no repudia violentamente essaexplicao da misso de Jesus?

    r. Sim, porque ela perdeu o sentido de sua primitivainiciao. Todavia, do fato esprita do Pentecostes que surgiu a

    primitiva Igreja, pela efuso do Esprito de Jesus sobre osapstolos. Os primeiros cristos formavam grupos espritas, dosquais So Paulo foi o legislador Basta ler algumas passagens de

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    suas epstolas, principalmente a dirigida aos Corntios, para vercomo funcionavam esses grupos e quais eram as diferentesespcies de mediunidade dos cristos desse tempo. Nem o

    Evangelho de Jesus, nem o comeo da Igreja podem sercompreendidos sem os dados do Espiritismo.

    128. Dissestes que era preciso cultivar a mediunidade: como sepode fazer isso?

    r. Como todas as faculdades da alma, a mediunidade perfectvel. Ela desenvolvida pelo exerccio, pelo treinamento,pela experimentao. Mas preciso para isso deixar-se dirigirpelos prprios Espritos; porque so eles que preparam e formamseus mdiuns, como um mestre sbio forma o operrio que odeve ajudar e servir.

    129. O exerccio da mediunidade perigoso?r. Como todas as coisas, quando se abusa ou no se sabe

    servir bem delas.

    130. Como se pode abusar da mediunidade?r. Isso pode acontecer nas seguintes situaes:

    1) Quando se utiliza dela muito freqentemente, o que podeser nocivo sade. Um mdium um vivo e preciosoreservatrio de foras psquicas; porm, essas foras noso inesgotveis. preciso, portanto, cessar asexperincias desde os primeiros sintomas de fadiga e

    espaar as reunies, de forma a deixar ao mdium tempo para reconstituir sua proviso fludica. Os prpriosespritos so os primeiros a poupar seu mdium e aadverti-lo, desde que a fora psquica comece a seesgotar.

    2) Abusa-se igualmente da mediunidade quando ela exercida para diverses frvolas ou pura curiosidade doesprito humano.

    O mdium paga, muitas vezes, bem caro essa fantasiatemerria; ele se expe obsesso e possesso dos maus

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    Espritos. No convm abusar dos dons de Deus, sem queseja severamente punido. O mdium, via de regra, nuncadeve experimentar sozinho.

    131. Como os mdiuns podem prevenir esses perigos?r. Preparando-se para suas funes, como para um

    ministrio sagrado, pela invocao, pelo recolhimento e pelaprece. O iniciado nos mistrios antigos tinha um ritual; s seentregava evocao aps se ter preparado pela abstinncia emeditao, no isolamento. A lei no mudou. Quem quer quepassar alm, se expe a reais inconvenientes.

    132. Num grupo esprita, os membros assistentes tm igualmentecertos deveres a cumprir?

    r. Sim, e o primeiro de todos de se unirem pela afinidadesimptica dos fluidos e a concordncia unnime das vontades.Uma nica vontade discordante ou hostil neutraliza o fluidocoletivo e pode impedir a comunicao. No se deve jamaisintroduzir numa reunio um elemento novo, sem ter pedido antesa opinio do Esprito protetor do grupo, porque s ele julgar dasafinidades fludicas do recm-vindo.

    133. Se os assistentes so movidos por simples sentimento decuriosidade ou de ceticismo, o que suceder?

    r. Os assistentes tm a companhia dos Espritos quemerecem. Se eles so levianos, tero Espritos levianos emistificadores; se so corrompidos tero espritos impuros e perversos, cujo contato, embora momentneo, nunca inofensivo.

    134. Os grupos espritas devem ser limitados quanto ao nmerode pessoas que os compem?

    r. No de uma forma absolutamente matemtica; mas,como regra geral, os grupos menos numerosos so os mais

    unidos e, por conseqncia, os melhores.

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    135. Por que?r. Se j difcil harmonizar os fluidos de cinco ou seis

    pessoas com os do Esprito, torna-se mais difcil ainda, quandoos membros so mais numerosos. bom no ser menos de trs,nem mais de doze. Acrescentemos que prefervel reunir-se,tanto quanto possvel, no mesmo local, nos mesmos dias e mesma hora. Esses hbitos regulares favorecem sensivelmente ainfluncia e a ao dos Espritos.

    136. Quantas espcies de mediunidade h?r. E difcil classific-las, porque impossvel limitar os

    dons do Alto. O Esprito sopra onde quer, quando e comoquer. Entretanto, distinguem-se assim as formas oumanifestaes da mediunidade: a tiptologia, isto , as pancadas,as mesas falantes; os fenmenos de levitao, que so como oabc do Espiritismo experimental. A maioria das mediunidadescomea por a.

    A escrita automtica ou direta, isto , os caracteres traados

    por mos invisveis ou pelos mdiuns, sob o impulso dosEspritos; o fenmeno de incorporao, que se d quando umEsprito vem momentaneamente se apoderar do organismo domdium adormecido e, de alguma forma, se substituir suapersonalidade; isso pressupe o sono magntico profundo. H,enfim, as aparies ou materializaes de Espritos de todos osgraus: algumas podem ser fotografadas no momento.

    H outras formas de mediunidade: por exemplo, a

    mediunidade vidente ou auditiva, que percebe os seres, os rudose as harmonias do mundo invisvel; a mediunidade curadora, quecura por simples toque as doenas, ou as diagnostica no interiordo corpo pela dupla vista. H ainda a glossolalia,2 ou dom daslnguas; ela permite ao mdium, em estado de sonambulismo,falar, escrever, compreender lnguas mortas ou vivas, que eleignora no estado de viglia, etc.

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    137. Mas o charlatanismo, a simulao, o embuste norepresentam papel considervel na prtica do Espiritismo?

    r. Sim, sem dvida, isso acontece por vezes. Qual a cinciaque no tem seus charlates e seus exploradores? Qual a religioque no corrompida e desonrada por seus falsos milagres, seusfalsos profetas, seus maus padres ou suas supersties? Issoprova que prprio da natureza humana e um dos sinais de suafraqueza abusar de tudo, at das coisas mais sagradas, e profanartudo, at os mais nobres dons que recebeu de Deus.

    138. A prtica do Espiritismo no leva tambm algumas vezesao suicdio ou loucura?

    r. De maneira alguma. Se alguns casos de exaltao foramproduzidos, preciso observar que a cincia e a religio, que soduas coisas necessrias e muito elevadas, tm tambm, no cursodos sculos, uma, arruinado muitos crebros; outra, produzidocasos de loucura religiosa e cometido crimes odiosos. No , noentanto, uma razo para renunciar religio que tem feitograndes almas, nem a cincia, que tem produzido grandesespritos. Seria ilgico e injusto ver as coisas elevadas somente por seus pequenos e maus aspectos. Pelo fato de o crebrohumano no poder suportar o peso de certas revelaes, s sepode concluir uma coisa: que o invisvel no tem limites e ohomem bem limitado diante do infinito.

    139. Que pensar do papel do demnio nas manifestaesespritas?

    r. O demnio no existe e no pode existir, porque, se eleexistisse, Deus no existiria; um exclui necessariamente o outro.

    140. Como assim?r. Se o demnio eterno como Deus, h dois seres eternos.

    Ora a coexistncia de duas eternidades impossvel; ela seriauma contradio na ordem metafsica. Esses dois deuses, um do

    bem, outro do mal, lembram a teoria oriental dos dois princpios: uma reminiscncia do dualismo dos maniqueus. Se, aocontrrio o demnio uma criatura de Deus Deus se torna

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    responsvel diante da humanidade de todo o mal que o demniotem feito e far ainda, eternamente. a mais clamorosa injriaque se possa fazer a Deus, pois que negar sua justia e sua

    bondade. H maus Espritos, j o dissemos acima, que impelemao mal o homem que a ele propenso; mas o demnio,considerado como a personificao individual do mal, no existe.

    141. Entretanto, a Igreja no ensina e afirma o carter satnicode certas manifestaes espritas?

    r. A Igreja tem uma nica palavra para explicar o que nocompreende: Sat. No decorrer dos sculos, a Igreja sempreatribui a Sat todas as invenes do gnio, desde a do vapor sda estrada de ferro e da eletricidade. Est em sua lgica habituale em sua caracterstica dizer que os fenmenos do magnetismo eas revelaes espritas so obra de Sat. Todavia, apesar dosantemas da Igreja, a cincia progride, o gnio do homem evoluie o Espiritismo se tornar f universal do futuro.

    142. Ento, o Espiritismo a religio do futuro?r. Ele , antes de tudo, o futuro da religio. O Espiritismo,

    como seu nome indica, a mais alta e a mais cientfica forma doespiritualismo. Ele , ao mesmo tempo, j o dissemos, umacincia positiva, uma filosofia moral, uma soluo social. Sobtodos esses ttulos, ele responde admiravelmente s exignciasdo pensamento moderno, s necessidades do corao humano, saspiraes elevadas da alma. Os progressos do futuroconfirmaro cada dia mais seus ensinamentos e sua doutrina.Podemos, pois, afirmar que o Espiritismo o Credo futuro dahumanidade.

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    VIII

    Consolaes; Esttica: o Belo, o Verdadeiro, o

    Bem

    143. Como cincia, o Espiritismo se dirige razo; mas como sedirige ao corao humano?

    r. 1) Consolando-o na provao; 2) fazendo-o amar a vida,

    a natureza, o universo, como uma obra solidria e harmoniosa,toda impregnada de amor, de poesia, de beleza.

    144. Como o Espiritismo consola o homem em suas provas?r. Fazendo-o compreender que o sofrimento uma

    educao necessria ao seu destino; que ele engrandece a alma,forma o juzo, tempera o carter, apura as sensaes e inspira onobre sentimento da piedade, pelo qual nos assemelhamos mais a

    Deus.145. Isso so consolaes que se dirigem mais razo; mas asverdadeiras penas do corao, tais como a perda daqueles queamamos, de uma me, de um filho, de um amigo, etc. no soapenas inconsolveis?

    r. No h penas inconsolveis. So precisamente essas queo Espiritismo consola melhor, porque graas a seu ensino e a

    suas prticas, sentimos em torno de ns a presena de nossosmortos bem amados. Seu fluido nos envolve; eles nos falam, porvezes se deixam ver e at fotografar. A f religiosa d somente aesperana; o Espiritismo d a certeza e faz tocar a realidade.

    146. O Espiritismo nega ento a morte?r. No, mas a livra dos terrores e dos temores cujos

    prejuzos a cercam. O Espiritismo nos faz amar a vida e nos

    ensina a no temer a morte.

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    147. Como o Espiritismo nos faz amar a vida?r. Apresentando-a como uma das etapas necessrias de

    nosso destino. Alm disso, ele nos faz compreender como aexistncia humana, apesar de sua durao e suas aparnciasefmeras, se liga ao plano geral da evoluo, do amor e dabeleza, que constitui o universo.

    148. Como a vida humana se vincula ao plano geral douniverso?

    r. Como a parte se liga ao todo; como o pormenor se ligaao conjunto. O universo o oceano eterno da vida: a existnciahumana dele procede, como de seu princpio e a ele retornacomo a seu fim.

    149. No isso que se chama pantesmo?r. De forma alguma, porque o ser humano, isto , o

    Esprito encarnado ou desencarnado, guarda sua personalidade esua identidade na vida universal, como certas correntes que

    circulam no oceano, sem se misturar com suas guas.150. Se a vida humana no existisse, faltaria ento alguma coisano universo?

    r. Certamente, porque o homem resume em si todas asvidas dos diversos reinos da natureza do mineral, do vegetal edo animal e as completa pela conscincia e pela liberdade. Avida humana o fenmeno consciente da natureza.

    151. A natureza , ento, eterna?r. A natureza o efeito; somente a causa eterna: Deus.

    152. Deus , pois, o autor da natureza?r. Sim; por toda parte encontramos seu poder, sua

    inteligncia, seu amor e o reflexo de sua beleza.

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    153. A natureza , ento, o reflexo de Deus?r. Sim, um transparente sob o qual se descobre Deus;

    cada um dos fenmenos da natureza o smbolo de umpensamento divino.

    154. Como acontece que to poucos homens vejam a naturezadessa maneira?

    r. Porque o maior nmero dos homens olha essas coisascom a viso fatigada pelo hbito ou falseada pela paixo. Ohomem que guardou a mocidade do corao e a pureza do olharv a natureza e a vida na verdadeira luz. Foi nesse sentido queJesus disse: Felizes os coraes puros, porque vero a Deus. eainda: Se vosso olhar simples, todo o vosso corpo seriluminado.

    155. Mas essa maneira de compreender a natureza no exclusivamente mstica, pois que a cincia moderna s v nelaum fenmeno puramente material?

    r. precisamente o erro da cincia contempornea no verna natureza seno o fenmeno material; e tambm sua puniono poder, por causa disso, apreciar nem a lei da natureza, nem avida profunda dos seres que ela encerra. O esprita, como seunome o indica, interroga em tudo e por toda parte o espritodas coisas; e o Esprito que lhe responde e instrui.

    156. Assim, o esprita est em comunho mais ntima com anatureza?

    r. Certamente; est a a verdadeira comunho universal. Nomeio da natureza o esprita nunca est sozinho. O mundo dosEspritos o cerca, uma proteo divina o envolve; por toda partedescobre um mistrio e escuta vozes. Sente que um imenso amorreside no fundo de toda vida; que cada ser repete um canto dogrande poema e traz sua nota particular ao concerto universal.

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    157. Dissestes que o Espiritismo tinha tambm uma estticaespecial, isto , uma concepo de beleza?

    r. a esttica nica, especialmente adequada razouniversal: a esttica espiritualista.

    158. Que a esttica?r. a cincia das leis da beleza.

    159. Que a beleza?r. o que agrada ao esprito e encanta os olhos.

    160. Por que o que belo o que agrada ao esprito e aos olhos?r. Porque o belo conforme a natureza, como a natureza, a

    seu turno, conforme a idia divina, que seu modelo eterno.

    161. A natureza , ento, a expresso da beleza?r. Sim, a natureza o primeiro fato esttico que se impe

    ao nosso pensamento e aos nossos olhares. a regra impecvel,

    o modelo onde as artes encontraro sempre a medida de suainspirao.

    162. Como o homem exprime a beleza da natureza?r. Pelas artes.

    163. Que so as artes?r. As artes so a expresso material dos trs elementos que

    constituem a beleza: isto , a idia, a forma e a vida.

    164. Onde busca o artista a idia ou, antes, o ideal de suas obras?r. Na contemplao interior de uma beleza incriada,

    entrevista como uma miragem da beleza eterna, que Deus vistoem suas obras. essa viso interna que se chama: concepo dognio e inspirao.

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    165. O artista no deve, ento, imitar simplesmente a natureza?r. Sim, mas no deve ser copista servil, como o pretende a

    escola dita realista. Deve somente emprestar-lhe as formassensveis, os sinais materiais necessrios para dar corpo ao idealque est nele. Quanto mais um artista se aproxima do ideal, maisexprime a realidade; da mesma forma que, quanto mais seaproxima de uma alma, melhor se possui e se conhece o homempor completo.

    166. Que diferena h entre as Artes, as Cincias e a Indstria?r. So trs formas da atividade humana, que tem, cada

    uma, seu objeto particular, mas que se solidarizam pela unidadedo termo que devem atingir. A indstria tem por objeto o til sobtodas as suas formas: ofcios, invenes, descobertas, etc; acincia tem por objeto as leis que regem a essncia das coisas edos seres, isto , o verdadeiro; as artes tm por objeto o belo, que o esplendor do verdadeiro, isto , a irradiao do Ser nouniverso;

    167. O verdadeiro e o belo no devem unir-se para constituir obem?

    r. Evidentemente, o verdadeiro, o belo, o bem so uma s emesma coisa: so as trs facetas de um s e mesmo diamante: overdadeiro, que a cincia, o belo, que a arte, devem resumir-se no bem, que o amor.

    Toda cincia, disse um pensador, que no nos leva a amar

    uma cincia estril, traindo-se a si mesma.168. Tudo deve, ento, se resumir no amor?

    r. Sim, o amor o princpio e o fim das coisas; tudoprocede dele; tudo deve a ele retornar. a lei do progresso paraos povos; a condio do adiantamento para o indivduo. Toda alei do destino est contida nesta palavra.

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    169. Como o amor a lei do progresso para os povos?r. Da mesma forma como Deus fez os gros de areia para

    viverem unidos na mesma praia, os gros de trigo para seabraarem na mesma espiga e os bagos de uva no mesmo cacho,assim ele fez os homens para viverem unidos na famlia, depoisna cidade, na ptria e, finalmente, na humanidade. a condioessencial da civilizao.

    170. Entra, ento, no plano do amor, isto , no plano de Deus,que todos os homens sejam irmos e todos os povos se unam umdia pela fraternidade universal?

    r. Sim, a lei do amor a levar unidade, isto , imagem e semelhana de Deus, que um.

    171. Essa noo de amor humanitrio no destri a noo depatriotismo?

    r. De forma alguma, mas a explica e a modifica segundo aprpria lei da natureza e dos progressos da histria.

    172. Como se d isso?r. A lei da natureza e a da histria exigem que o crculo do

    amor se amplie progressivamente no curso dos sculos. Ahumanidade, em cada uma de suas etapas, e o homem, em cadauma de suas existncias, aperfeioam-se e se dilatamincessantemente. para amar cada vez mais que os homens e ospovos so submetidos lei inelutvel das reencarnaes, neste e

    nos outros mundos do espao. A vida individual e a vida coletivaevoluem por ciclos; o primeiro a famlia; o segundo, a cidade;o terceiro, a ptria; o quarto, a humanidade; o ltimo, o universo.

    173. A qual ciclo da histria humana chegamos atualmente?r. Ao ciclo de transio entre o amor da ptria e do gnero

    humano.

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    174. Assim, o patriotismo est fadado a desaparecer?r. Em sua noo exclusiva e de rivalidade, sim; em sua

    noo histrica e ntima, no.

    175. Que entendeis por isso?r. H um patriotismo estreito e feroz que o egosmo dos

    povos. Esse deve perecer. Porque um homem vive aqum dafronteira e um outro alm, no se segue que se devam odiar,combater-se, matar-se. Mas h um patriotismo que cada homemtraz em seu corao, que feito de emoes ntimas, de alegriase de dores comuns, de lembranas sagradas; isso no morrer, jamais; faz parte integrante da conscincia humana. Todavia,essa noo ntima se dilata e se engrandece com o progresso davida, a supresso das distncias que separam os povos, o carterinternacional das relaes que os renem. Um dia esse patriotismo ser absorvido pela humanidade inteira e averdadeira ptria ser em toda parte onde o homem nascer, amare morrer. A difuso do Espiritismo ajudar a essa transformao.

    176. E aps o amor da humanidade, vir o amor universal?r. Sim. O pensamento e o amor seguem a mesma lei. Da

    mesma forma que o progresso do pensamento humano consisteem abarcar horizontes cada vez mais amplos e o gnio dohomem pode ser adequado ao universo, assim o corao humanotambm deve se dilatar, alargar-se indefinidamente pelocrescimento do amor. por essa lei que o homem se aproxima

    de Deus. No somos feitos sua imagem e semelhana seno pela faculdade que nosso esprito possui de abraar todo ouniverso num s e mesmo amor.

    177. No estamos ainda muito longe de realizar esse ideal deamor e de bondade universais?

    r. Coletivamente, sim; individualmente, no! Existematualmente na terra almas chegadas a um tal grau de evoluo

    que suas aspiraes so mais vastas e maiores que o mundo ondeelas vivem. Seus sacrifcios, seus exemplos, seus atos de amor

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    so a maior fora do gnero humano. por essas almas sublimesque Deus prepara as grandes transformaes morais do futuro.

    178. Podemos esperar que um dia a humanidade coletiva atinjaesse ideal de amor e de bondade, que somente o patrimnio dealgumas almas de escol?

    r. Sim, seja neste mundo, seja em outros. a lei dosmundos, que eles mesmos devem alcanar, na luz e no amor, damesma forma que os espritos encarnados em sua superfcie.

    179. Assim, os mundos habitados evoluem tambm no amor

    universal?r. Sim. Da mesma forma que os inmeros sis so

    arrastados com seus cortejos de planetas para um centroirresistvel que os atrai, assim as almas e os mundos gravitam emtorno do Sol eterno, da Inteligncia suprema: Deus.

    Essa ascenso, essa subida do universo para os cumesconstitui o progresso ilimitado na luz, o movimento, a atividade,

    a alegria serena. a vida eterna, na plena acepo desse termo,que resume todo o destino dos seres, toda a histria dos povos,toda a evoluo universal.

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  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    IX

    Preces e Evocaes

    Para uso dos Grupos Espritas

    O Deus! Pai de todos os seres e de todos os mundos, ns,dbeis criaturas, do seio da imensido elevamos nossos

    pensamentos e nossos coraes para ti, fonte inesgotvel, focosublime de vida, de luz e de amor.Tu permites que sejamos iniciados no conhecimento da

    vida futura; tu permites que relaes se estabeleam entre ns enossos irmos do espao, com os que amamos na terra e que nosantecederam na vida espiritual. Por isso ns te agradecemos, dofundo do corao.

    Faz que essa intimidade se torne mais estreita e essa

    comunicao mais profunda, a fim de que obtenhamos a foramoral, a coragem necessria para suportar dignamente nossasprovas, para vencer nossos defeitos e avanar na senda do bem,praticar com todos e sempre a benevolncia, a indulgncia, abondade e a caridade.

    E vs, caros guias e protetores invisveis (dizer os nomesdos espritos diretores do grupo) vinde nos fazer ouvir vossosconselhos, vossas instrues. Afastai de ns as ms influncias e

    desenvolvei em nossos mdiuns essas faculdades preciosas quenos permitem recolher seus ensinamentos.

    *

    O Deus! nosso Criador e nosso Pai, estamos reunidos aquipara honrar teu santo nome e trabalhar no cumprimento de tuavontade e de tua lei, de tua lei de progresso e de trabalho, que tambm uma lei de amor.

    Neste lunar de nossos estudos, queremos estar recolhidoscomo em um templo, abandonando todos os pensamentos

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    materiais, todas as preocupaes egosticas que nos afastam denosso caminho, para sonhar somente em elevar nossas almas atti e, sob a influncia e a direo de nossos guias, trabalhar por

    nossa melhoria, por nosso aperfeioamento moral.O Deus! faz penetrar em ns o sentimento de nossos

    deveres e de nossas responsabilidades, essas responsabilidadesque tu proporcionas aos favores, aos benefcios, s revelaes,das quais teus filhos so objeto e que temos recebido emabundncia. Envia-nos teus Espritos de luz, a fim de aclararnosso caminho.

    *Meu Deus, para ti que vo nossos louvores e nossas

    preces, para ti, que s nosso Pai, como tu s o Pai dos sis quebrilham sobre nossas cabeas; para ti, que s nosso juiz, nossoconsolador, nosso amigo; para ti, que tudo sobe e se eleva, paraque, enfim, tudo viva, prospere e engrandea.

    Sabemos, com efeito, que nos reaproximando de ti quenos tornaremos melhores e mais felizes: porque tu s a bondade

    e a justia imensas: elevamos para ti nossas almas reconhecidas,para te pedir ajuda, proteo, a fim de penetrar mais depressa nassendas da verdade.

    *

    Deus, que nossa prece suba at ti, na calma da noite! Queela suba, atravs dos orbes das esferas, entre os astros e osmundos que cintilam sobre nossas cabeas! Ns te glorificamos e

    te amamos. nosso Pai, tu cuja bondade espalhou sobre nstantos dons preciosos: a inteligncia, a razo, a conscincia e afaculdade de amar, que a fonte e o segredo da felicidade eterna.Esclarece-nos, sustenta nossos passos vacilantes em nossacaminhada, para nos aproximarmos de ti.

    Nossos pensamentos se elevam para ti na asa da prece, parati, soberano ordenador do universo, para ti, de quem vem a vidae que dispuseste todas as coisas com sabedoria, poder e

    harmonia. Eles sobem a ti para buscar fora, socorro e luz.*

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    Deus do universo, Deus da humanidade, Pai de toda asabedoria e de todo amor, ns te oferecemos nossos louvores enossas aspiraes. Nossos coraes esto abertos para ti, nossas

    vidas esto expostas ao teu olhar. Tu conheces nossos secretospensamentos. Ns te louvamos pela vida que nos deste, a vidamaterial e a vida espiritual. Somos por ti e estamos em ti. Quenossos pensamentos subam para ti, como o perfume das floressobe para o cu, como o aroma dos prados e dos bosques seelevam na calmaria da tarde, no silncio da noite; que nossa almase una tua para conseguir fora, coragem, consolao!

    Faz-nos entrar em comunho com os Espritos bons eelevados das esferas celestes, a fim de que cheguemos a umconhecimento mais alto da verdade e de tua lei, a fim de quedesenvolva em ns mais simpatia, mais amor por nossossemelhantes, por todos os membros da grande famlia humana.

    Possamos ns, com tua ajuda, desprendermo-nos algumasvezes da vida material, compreender e sentir o que a vidasuperior, a vida do infinito!

    E que teus Espritos benfeitores, nossos guias, nossosprotetores, continuem a nos assistir, a nos sustentar no meio dasprovas e das dificuldades de nossa tarefa, a fim de que todos nssaibamos que, se a vida terrestre oferece ao homem decepo,tristeza e dor, a vida espiritual luz, triunfo, paz, amor.

    *

    Ns te saudamos, Deus, Poder infinito, que plainas sobreos mundos, que iluminas os espaos e fecundas os universos. stu que ligas a Terra aos Cus, que ligas o visvel ao invisvel, oshomens aos Espritos. Pensamento divino, de ti que procedemtoda a fora, todo o socorro, toda a luz.

    Pensamento divino, pensamento profundo, s tu que elevas,que fortificas, que encorajas; s o apoio dos fortes, a esperanados aflitos, a consolao dos infelizes.

    para ti que se dirigem os olhares das multides que se

    agitam no campo das existncias. para ti que se elevam o balbucio da criana em seu sonho, o suspiro da virgem, al t d f it d l d d d

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    Pensamento de Deus, desce sobre ns, vem enternecernossos coraes, esclarecer nossas inteligncias e, contigo, queos ensinamentos de nossos guias nos conduzam para a sabedoria

    e para a verdade. Ns nos confiamos sua solicitude.*

    Ns, tomos viventes, perdidos no infinito do espao e dotempo, elevamos nossos pensamentos at ti, fonte de vida, deamor, de luz, poder eterno, que tudo engendraste, tudo criaste,tudo dispuseste com sabedoria e genialidade. teu sopro divinoque nos fez sair do nada. A todos ns tu prometeste a felicidade

    de entrar na famlia divina, aps inumerveis etapas terrestres,porque somos todos teus filhos. No haver deserdados, nemrejeitados; os culpados aprendero a te amar, todos saberoencontrar em tuas leis eqitativas os meios de se reerguerem, dese reabilitarem.

    D-nos a fora de vontade que nos faz destemer as provas,os grandes sacrifcios e mesmo a morte, quando se trata doprogresso humano, da cura das misrias sociais e morais, a fim

    de implantar sobre a terra o reino de tua vontade e de tua justia.Que todos os seres, que todos os mundos unam seus

    cnticos para te glorificar, te adorar, te louvar, nosso Pai doscus estrelados!

    Que todas as vozes se elevem de crculo em crculo, deesfera em esfera, para o poder infinito e divino.

    *

    Prncipe eterno de luz e de vida, Deus Criador, Paiuniversal, elevamos para ti nossos pensamentos submissos erecolhidos.

    D-nos os meios de fazer penetrar no fundo das almas osentimento da grandeza, da beleza e do poder dessa revelaoque tu dispensas pela voz de teus bons Espritos, a fim de nutriras inteligncias e os coraes, utilizar-se dos preceitos paramelhoria e progresso de todos.

    Glria a essas grandes almas que passaram pela Terradifundindo a luz da verdade! Glria aos nobres mrtires de todos

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    os tempos! Que seus exemplos hericos nos inflamem para obem e nos ensinem a imit-los!

    E vs, enfim, nossos guias bem amados, mais prximos dens, nossos protetores do espao, vinde ao nosso apelo econtinuai a dirigir nossos passos nas sendas do conhecimento.

    *

    Ns te invocamos, Potncia criadora e soberana quegovernas os seres e os mundos. Que teu sopro passe sobre nossasfrontes, que fortifique a f dos crentes, que dissipe as dvidas eas incertezas dos que buscam a verdade.

    Faz-nos conhecer tuas leis sublimes, as leis de nossosdestinos, o segredo desse futuro que tu reservas a todas as almascorajosas, a todos os que souberam comprimir a matria,dominar suas atraes, vencer as paixes, os apetites inferiores.

    Ensina-nos a te servir, a cooperar em tua obra, a fazerapreciar em nosso derredor o esprito de justia, a beleza moral,a bondade que procede de ti. Envia-nos os Espritos de luz, a fimde que eles nos guiem nas sendas da verdade, a fim de que elesfecundem nossas inteligncias, reaqueam nossos coraes edesenvolvam em ns essas qualidades, esses poderes ocultos,que dormitam em todo ser vivo. Assim, ns nos elevaremos degrau em grau, at essas alturas onde planam as almas radiosas, osmensageiros de tua vontade.

    Para a Frana, durante a Guerra

    Deus poderoso, escuta os gritos de apelo, os gritos deangstia que se elevam de todos os pontos da Terra de Frana,essa terra banhada de tanto sangue e lgrimas; escuta a prece dossoldados nas trincheiras, a prece das mes cujos filhos foramceifados pela metralha, a prece das vivas e dos rfos, a precedos que, como ns, te pedem salvar nossa pobre ptria da queda,da runa, da destruio.

    D a nossos defensores a energia, a fora da alma, aperseverana no esforo todos os meios necessrios para

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    expulsar para fora das fronteiras esses inimigos cruis, que norecuam diante dos mais odiosos meios, a fim de nos esmagar,nos escravizar. Eles ousaram inscrever em seus estandartes esta

    divisa: Got mit und(Deus conosco). Permitirs, Senhor, que teunome augusto e sagrado esteja associado obra desses homensque esto cobertos de crimes e de mentiras e que consideramcomo regras correntes de guerra a violao das virgens, amutilao das crianas, a pilhagem e o incndio das cidades, adestruio dos templos e das catedrais? Deixars impune oaniquilamento desse santurio de Reims, onde aconteceram asmaiores cenas da histria, onde Joana, tua filha sublime, assistiu

    consagrao da misso gloriosa que lhe havias confiado? No, Senhor, tu no permitirs o triunfo de nossos

    inimigos; porque, de outra forma, a justia, a liberdade, averdade, a bondade, todos esses princpios eternos que derivamde ti, desapareceriam para sempre e a conscincia dahumanidade seria profundamente abalada.

    Mas no, Senhor, tu descers sobre esta terra de desolaoum olhar de piedade, tu atenders a prece de todos os que, nahora presente, imploram socorro e te gritam: Salva a Frana deJoana D'Arc, de So Luiz, de Carlos Magno!

    Para um Casamento

    Abenoa esta unio, Senhor; torna-a feliz e fecunda e quedela resulte uma linhagem de seres que sejam, em nossa pocapervertida e perturbada, exemplos de sabedoria e de virtude.

    O amor um raio divino que envolve todos os seres. Portoda parte onde penetra ele ilumina a vida e traa para as almas ocaminho das celestes moradas.

    O amor conjugal um reflexo do Alto, porque dele queprovm a famlia, princpio de toda a civilizao. Com efeito,sem a famlia humana o homem no teria podido sair do estado

    de barbrie. Foi para abrigar sua mulher e seus filhos que eleconstruiu cabanas, tendas e, afinal, vilas. Foi para defend-los

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    que ele criou a cidade e da cidade nasceu a idia da ptria, depoisa noo da humanidade.

    Foi para assegurar seu bem-estar que ele dominou a matriae conquistou o mundo. A famlia humana , por si mesma,apenas um diminutivo da famlia espiritual, que mais ampla emais numerosa e cujos membros se sucedem ou se assistemalternadamente, atravs de suas existncias; uns encarnam naTerra para enfrentar as lutas e as provas da vida, para perpetuar aespcie; outros ficam no espao, para proteger e sustentar osprimeiros. para tornar a unio humana mais estreita e maisprofunda que Deus criou o homem e a mulher. O Esprito que osanima da mesma natureza, mas a forma diferente; ao homemforam dadas as foras, os grandes pensamentos, que o ajudam aaplainar o caminho; para a mulher, as doces virtudes, que fazemo encanto do lar.

    Hoje, vocs vo se unir perante Deus; esta unio sagradae vocs devem cumpri-ia com um corao puro e recolhido. Comeste grande ato, vocs asseguram o futuro, atraindo almas jconhecidas e que desejam recomear, com a ajuda de vocs, a peregrinao terrena. Para essas almas, transformadas emcrianas, vocs devem a doce proteo familiar, o lar digno erespeitado. Deus quer que vocs sejam unidos pelo corao e pelo esprito, a fim de que s tenham um nico e mesmo pensamento. Partilhem, em comum, seus sofrimentos e suasalegrias, seus risos e suas lgrimas; apiem-se um no outro, parapercorrer o caminho difcil da existncia. Sua confiana e suaternura mtuas havero de consol-los nas provas epreocupaes.

    O homem no deve ocultar nenhum recndito de sua almapara sua esposa, nem ela a seu marido. , pois, necessrio que ocasamento seja o ato mais grave da vida de vocs. Que Deus osproteja e os sustente, a fim de manter um lar puro e santo.

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    Para um Nascimento

    Meu Deus, tu enviaste entre ns este Esprito, para que elecumprisse numa existncia nova tua lei de trabalho e deprogresso.

    Ele acaba de reencarnar na Terra, para desenvolver nelasuas faculdades e suas qualidades morais, a fim de se elevar maisalto na hierarquia das almas e se reaproximar de ti, porque este o objetivo da vida, de todas as vidas.

    Permitiste, Deus, que ele escolhesse esta famlia para a

    reencontrar a forma, o corpo material, o instrumento necessrio realizao desse fim. Faz que ele se torne para seus ascendentesum motivo constante de alegria, de satisfao moral e, maistarde, um sustento, um apoio. D a seus pais o sentimento deseus deveres e de suas responsabilidades para com esta criana,da qual eles devem ser os protetores, os educadores.

    Em tua justia e bondade, tu queres que cada Esprito seja oartfice de sua prpria felicidade, que ele construa, com suas

    prprias mos, sua coroa de luz e tu lhe deste para isso todos osrecursos: a inteligncia, a conscincia e com elas as foraslatentes que sua tarefa precisa para ser posta em ao, em seuprprio bem e no de seus semelhantes. Tu queres, meu Deus,que, nas etapas inferiores de sua evoluo, o Esprito suporte alei da necessidade, isto , as privaes e as dificuldades da vidamaterial; so os muitos estimulantes para sua iniciativa e suaenergia, muitos meios para formar seu carter e seu raciocnio, a

    fim de que, pelo trabalho, estudo e provas, saia de cada vidamaior e melhor do que quando ali entrou.Pela encarnao, reuniste a forma idia, para que a idia

    espiritualista a forme e que o ser humano participe, por seusesforos, do progresso e da harmonia universais.

    Deus, ns te agradecemos por tua bondade, que enviapara ns este Esprito! Que seu guia celeste o proteja, que nossasolicitude o envolva. Seus irmos o recebem com afeio eternura; eles se esforaro em aplainar seu caminho, a fim de quesiga sempre a senda da justia e do amor que conduz para essa

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    vida superior que tu reservas aos que lutaram, penaram esofreram!

    Para um Funeral, sada do Corpo

    Vosso irmo deixou esta Terra de exlio, este mundo desofrimento e de lgrimas, para retornar verdadeira ptria, que a vida espiritual.

    Deus, Pai de todas as almas, recebe-o em tua luz e quesuas boas aes compensem e apaguem os erros e as faltas queele tenha cometido. No, a morte no o nada. A morte aliberao suprema. Ela arranca o Esprito de sua priso de carnepara lev-lo vida do espao. O Esprito se encontra diante detodo o seu passado: sucessos e revezes, faltas e desgostos,entusiasmos e desiluses, alegrias efmeras e dores atrozes, tudose desenrola diante dele, como um quadro vivo.

    E, nesse espetculo, no julgamento que ele impe suaconscincia, ele retira seu castigo ou sua recompensa, seusremorsos ou sua felicidade. A experincia que ele fez de seupoder de irradiao e de percepo, o aspecto brilhante ou turvode seu envoltrio fludico, a comparao que da resulta com asituao dos outros espritos, lhe do a justa medida do caminhopercorrido e dos progressos realizados.

    E, mais tarde, aps um exame atento, com umconhecimento aprofundado de si mesmo, ver abrir-se a

    perspectiva, distante porm certa, dos renascimentos terrestres,dos retornos carne, seja para resgatar, seja para progredir maisainda, segundo seu grau de adiantamento.

    Todavia, qualquer que seja seu estado, o que alegra econsola o Esprito na partida da Terra reencontrar todos os queele amou, todos os que ele perdeu na estrada da vida, de v-losreunidos para receb-lo e festejar seu regresso ptria celeste.Eis porque ns te suplicamos, Deus!, pai de todas as almas,

    para permitir que os espritos amigos do desencarnado, todos osmembros de sua famlia espiritual se renam, para acolh-lo noi d

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    Que nossos pensamentos cheguem at ele, para dominar a perturbao e a obscuridade que ele possa ainda sofrer. Quenossos fluidos o penetrem e o ajudem a se desembaraar dos

    derradeiros liames materiais e a conduzir-se em sua volta para oinfinito!

    Na Sepultura de um Esprita

    beira dessa tumba, antes de devolver terra os despojosde nosso irmo, antes de devolver a poeira poeira, saudemos o

    Esprito, em sua volta ao mundo invisvel.Hoje, liberto da escravido da matria, ele vai reencontrar

    os seus bem-amados que o precederam na vida superior, vairecolher na paz serena dos espaos os frutos de uma existnciade labores e de provaes.

    Deus poderoso, s misericordioso para com ele. Abre-lheteus vastos horizontes luminosos; permite que ele goze dosesplendores e das harmonias de teu universo infinito.

    Faz, Senhor, que, nesse espetculo grandioso, no estudoque vai fazer do universo, ele obtenha, com uma compreensomais ampla de tua lei, um desejo ardente de trabalhar em suaevoluo e na de seus semelhantes.

    Saibam, todos os que me escutam, que so mentirosas asinscries das quais estamos rodeados: Aqui jaz um tal; Aquirepousa algum. No h mais nada sob o solo, a no ser os

    restos de vestimentas usadas.A vida livre do Esprito no espao uma vida de atividadee de til labor; segundo suas capacidades e seu grau deadiantamento, o Esprito recebe misses, que contribuem paraelev-lo mais alto, na escala infinita: misses de proteo paracom os que ele deixou na Terra, atendendo que eles voreencontr-lo no Alm (falar aqui da viva, dos filhos, se fornecessrio), misses de ensino e de educao em proveito dos

    Espritos inferiores; misses de inspirao e de assistncia para

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    com os humanos que desenvolvem uma nobre tarefa ou quesofrem o peso de provas cruis.

    A vida do Esprito no uma bela contemplao, pormuma ao constante, em vista de sua elevao e a de todos.

    Lembremos aqui o que foi a vida de nosso irmo, isto ,uma vida de labores e de abnegao (enumerar as qualidades dodesencarnado). Uma fora sempre o assistiu, no meio de suasprovas: foi sua f profunda na vida futura, sua crena no mundoinvisvel, na justia eterna, sua crena nas vidas renascentespelas quais o ser se eleva de grau em grau na escalada dosmundos. Numa palavra, foi o Espiritismo que o sustentou econsolou, fortificou em suas lutas e em seus males.

    Essa grande doutrina , ao mesmo tempo, antiga e nova,porque a verdade de todos os tempos. Aps ter sido esquecida,ela se reanima hoje; ela se expande com um poder e uma rapidezmaravilhosa, atrai para si a elite dos pensadores e dos sbios domundo inteiro. Traz-nos dados precisos, certezas sobre nossaverdadeira natureza, sobre nosso futuro alm-tmulo, sobre

    nossos destinos imortais.Observem, essa doutrina se apia em um conjuntoimponente de fatos, de provas experimentais, que constituemuma cincia vasta e profunda.

    De hoje em diante, est feita a prova de que a morte apenas uma aparncia. Os que acreditamos perdidos revivem deuma vida mais alta e esto, muitas vezes, perto de ns.Comunicaes so estabelecidas entre os vivos e os mortos e

    logo eles se sentiro unidos em uma obra comum desolidariedade e de progresso.E essa cincia, essa doutrina se manifesta em uma poca em

    que as provas se multiplicam, onde a existncia se torna spera,mais difcil, onde conflitos surgem a cada instante entre as raas,entre os povos, entre as classes sociais.

    As lies de guerra, embora to brilhantes, no nosaproveitaram e uma onda de dio, de ardentes cobias, deimoralidade passa pelo mundo; novos males nos ameaam.

  • 8/14/2019 Lon Denis - Sntese Doutrinria - Prtica do Espiritismo

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    nessa hora que a voz dos Espritos se eleva para noslembrar que h, acima de ns, leis eternas que no se violamimpunemente e cuja aplicao pode, por si s, trazer entre ns a

    paz, a segurana, a harmonia social.Essa voz vem despertar em nossas conscincias perturbadas

    a noo dos deveres e das responsabilidades, lembrar a todos queo bem, como o mal recaem sobre seus autores e que a alma colheinfalivelmente, em suas vidas sucessivas, tudo o que semeou.

    Essa voz, X (o desencarnado) a ouviu; esses ensinamentos,ele os compreendeu. Toda a sua vida foi tambm boa e exemplar.

    E eis porque ns, que partilhamos de suas crenas, ns quetemos f na sobrevivncia e imortalidade, estamos nestasepultura para dizer ao Esprito invisvel, mas no ausente, noesse adeus final, que se ouve to freqentemente retumbar sobreas campas, porm um cordial at logo! At logo, nessa vida novaque se abre diante dele, nessa vida superior, onde ns nosreencontraremos todos.

    Para a Festa dos Mortos

    Temos que cumprir neste dia um dever sagrado: honrar amemria de nossos mortos bem amados, os que conhecemos naTerra e que nos