consultoria doutrinária - fogo eterno

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o Inferno e o Tormento Eterno Desejo explicações sobre o inferno eo tormento eterno, que parecem ser defendidos pelos seguintes versículos: S. Marcos 9:43-48; Isaías 66:24; S. Mateus 25:41 e 46 e Apocalipse 14:10 e 11; 20:10. "N0 Antigo Testamento, a palavra inferno é sempre tradução da palavra hebraica sheol. . '. No Novo Testamento a palavra inferno é tradução dos seguintes vocábulos gregos: hades , geena e tartaros. "Nada na definição ou no uso de sheol qu e implique um lugar de queima ou tormen- to . ° mesmo se pode dizer dos termos hades e tartaros . A palavra geena é nome próprio, transli teracão do nome hebraico de um local de incineração, que ficava fora de Jerusalém. Temos aqui a figura literária da símile. ° juízo final, ou a destruição dos ímpios, é com- parado aos fogos ardentes do vale de Hinom. Os fogos de Hínom não se apagavam; esse era o motivo da certeza de consumirem tudo quanto neles fosse lançado". - Objeções Re- futadas, pp. 87 e 88. "Autoridades concordam quanto à ·defini- ção dessas palavras. Hades significa 'a sepul- tu ra'; geena significa 'um lugar de destrui- ção'; e tartaros, 'um lugar de trevas exterio- res '. Pedro utilizou a palavra hades em seu 194

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o Inferno e o Tormento Eterno

Desejo explicações sobreo inferno e o tormentoeterno, que parecem serdefendidos pelosseguintes versículos:S . Marcos 9:43-48;Isaías 66:24; S. Mateus25:41 e 46 e Apocalipse14:10 e 11; 20:10.

"N0 Antigo Testamento, apalavra inferno é sempre

tradução da palavra h e b r a i c asheol. . '. No Novo Testamento a palavrainferno é tradução dos seguintes vocábulosgregos: hades, geena e tartaros.

"Nada há na definição ou no uso de sheolqu e implique um lugar de queima ou tormen­to . ° mesmo se pode dizer dos termos hadese tartaros . A palavra geena é nome próprio,translite racão do nome hebraico de um localde incineração, que ficava fora de Jerusalém.Temos aqui a figura literária da símile. °juízo final, ou a destruição dos ímpios, é com­parado aos fogos ardentes do vale de Hinom.Os fogos de Hínom não se apagavam; esseera o motivo da certeza de consumirem tudoquanto neles fosse lançado". - Objeções Re­futadas, pp. 87 e 88.

"Autor idades concordam quanto à ·defini­ção dessas palavras. Hades significa 'a sepul­t ura'; geena significa 'um lugar de destrui­ção'; e tartaros, 'um lugar de trevas exterio­res' . Pedro utilizou a palavra hades em seu194

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sermão no Pentecoste quando falou da res­surreição de Cristo dizendo que 'Sua almanão foi deixada no inferno [hades]' (Atas 2:31). Cristo usou a palavra geena em Suadeclaração: 'temei antes aquele que pode ra­zer perecer no inferno [geena] tanto a almacomo o corpo' (Mat. 10:28). Pedro poste­riormente falou dos anjos maus sendo preci­pitados 'no inferno [tartaros]' (II Pedro 2:4 . O Geena, termo grego para Vale de Hi­nom (Jer . 19:2) ; era, como diz Martin, 'odepósito de lixo que ardia perpetuamentefora de Jerusalém'. '" Dejetos ali deposita­

s eram destruídos pelo fogo ou por decom­. • - . O q e o fogo não destruía, os ver-

es ação o fariam. Tornou-se, por-anto, a ilustração adequada para o fim

de pecado e pecadores . O Geena não eracertamente um lugar de preservação, masum local de destruição" . - Doctrinal Dis­cussions, p. 120.

De acordo com o consenso do ensino bíbli­co, não existe presentemente um inferno oulugar de suplício . O "inferno" ou "lago defogo" será a Terra, no fim do século , em queos impios e Satanás serão completamentequeimados.

Em S. Marcos 9:43-48 a expressão "infer­no" deriva do termo geena, já analisado. ODicionário Grego, de Babster, ao referir-se aovale de Hinom declara ainda: "Foi outroracé ebre pelo terrível culto de Moloque, e pos­eriormente contaminado por toda sorte de

dícia , t ais como cadáveres de animais et>nl!""TV~<: mortos de malfeitores. Com o fim de

.- os para evitar a pestilência que se-195

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melhante massa de corrupção poderia ocasio­nar, mantinha-se constantemente aceso ofogo" .

Conta Roy Allan Anderson, ilustrando oproblema do fim do pecado e início de umanova era:

"Recentemente passamos pelo Vale de Hi­nom, perto do Monte Sião. Não é mais odepósito de lixo da cidade, mas um vale fér­til coberto de casas e bem cuidados jardins.Dezenove séculos atrás era ilustração apro­priada para o fim do pecado e da rebelião,mas os tempos mudaram. Os fogos há muitose apagaram ali. Hoje poderia prover umalimitada ilustração do plano final de Deuspara o mundo. Quando o diabo e todas assuas hostes forem destruídos nos fogos quen­tes do inferno, sendo que o fogo desce deDeus, procedente do Céu, e os devora (Apoc.20:9) , o lugar da destruição será a Terra.Declara Deus a respeito do diabo: 'Eu, pois,fiz -sair do meio de ti um fogo, que te consu­miu, e te reduzi a cinzas sobre a terra' (Ezeq.28:18). . .. -

"O Geena foi .out rora um lugar de horrore morte; hoje é um ambiente de beleza evida. Nenhum sinal de queima foi deixado.Sem nada ter a queimar, o fogo se extinguiu.Assim será quando os ímpios encontraremseu fim nos fogos de Deus no último grandejuízo". - DoctrinaI Discussions, p. 121.

Isaías 66:24: "A linguagem desse versículoevidencia que a descrição de Isaías revela ­como os novos céus e a Terra teriam sidoestabelecidos se a nação dos judeus tivesseaceito o destino marcado por Deus. Antes196

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que a Nova Terra da qual fala João (Apoca­lipse 21:22·) se torne a habitação dos justos,todo traço de pecado terá sido removido, enão haverá mais corpos mortos a mancha­rem a perfeição daquele Éden restaurado(ver II S. Pedro 3:10). Assim, as palavrasde Isaías não devem ser compreendidas comose aplicando diretamente à Nova Terra futu­ra. Outra aplicação deve ser feita, em har­monia com as declarações de posteriores es­critores inspirados, que nos informaram comoserão , por meio da igreja cristã, realizados oseternos propósitos de Deus". - The SDABible Commentary, vol . 4, pp. 338 e 339.

Os vermes não morreriam e o fogo não seapagaria enquanto houvesse alguma coisapara ser consumida ou queimada. O fogoque destruiria a Jerusalém também não de­via apagar-se enquanto não houvesse realiza­do a sua obra (Jeremias 17:27) . Hoje, po­rém , ele não continua ardendo . .

Essa declaração de Isaías "deve logicamen­te tratar-se de uma metáfora, pois como umverme poderia permanecer vivendo em meioa um fogo inextingüível?" - Doctrinal Dis­cussions, p. 121.

Para entender S. Mateus 25:46 devem-se le­var em conta os seguintes pontos:

"As palavras 'eterno' e 'todo o sempre' etambém 'pelos séculos dos séculos' não signi­ficam necessariamente que nunca terão fím:Quando encontradas no Novo Testamento,vêm do termo grego aion, ou do adjetivoaionios, que é derivado daquele substantivo.Ao examinarmos os vários textos da Escritu­ra que contêm a palavra aion, descobrimos

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em seguida como seria impossível fazer esseradical grego significar sempre um períodoque não tem fim , . ' .

"De Cristo lemos: 'Tu és Sacerdote eter­namente [aíon] ' . Hebreus 5:6. Nesta passa­gem, 'eternamente', ou aion, significa estetempo presente, visto que todos os teólogosconcordam em que o serviço de Cristo naqualidade de sacerdote terá seu fim quandoo pecado for apagado. (O trabalho de umsacerdote é lidar com o pecado. Ver Hebreus2:17 e 5:1. )" - Objeções Refutadas, pp. 73e 74.

Referindo-se à volta de Onésimo, dissePaulo: "A fim de que o possuísseis para sem­pre [aionios], não já como escravo", etc.(Filemon 15 e 16) . Sodoma e Gomorra so­freram a pena do ."fogo eterno" [aionios].S. Judas 7 e II S. Pedro 2:6. Esse fogo cons­tituía uma advertência para os ímpios, e seapagou . Portanto, o fogo do último diatambém se apagará .

No Antigo Testamento, olam (em hebrai­co) equivalia ao vocábulo grego aion . Porisso, em :G:xodo 21: 1-6 temos o in teressanterelato de que se um servo desejasse continuartrabalhando para o seu senhor, este deviafurar-lhe a orelha com uma sovela, e assimaquele homem o serviria para sempre rolam].É óbvio que nessa passagem "para sempre"tem o significado de "enquanto viver" .

Eis como o dicionário grego de Liddel eScott define a palavra aion: "Um espaço detempo, especialmente toda a vida ; vida .. . ,idade; . . . um longo período de tempo; eter­nidade; . " um espaço de tempo claramente198

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definido e demarcado; uma era; ... a vidapresente; este mundo".

A relatividade de sentidos da palavra he­braica que se traduz normalmente por "eter­namente" e "para sempre", pode ser obser­vada em certas passagens do profeta Isaías.Profetizando acerca de Jerusalém, declara:"O palácio será abandonado; a cidade popu­losa ficará deserta ; Ofel e a torre da guardaservirão de cavernas para sempre, folga paraos jumentos selvagens, e pastos para os re­banhos; até que se derrame sobre nós o Es­pírito lá do alto: então o deserto se tornaráem pomar e o pomar será tido por bosque".Isaías 32:14 e 15.

Notem-se as expressões "para sempre" e"até que" numa associação desnatural emnosso idioma. Como algo pode ser estipula­do "para sempre ... até que" aconteça umcerto' fato? Contudo, no hebraico isso é pos­sível .

Isaías ainda se vale de linguagem hiper­bólica semelhante ao falar do fim dos 000­mitas que Deus havia destinado "para a des­truição". Declara o profeta: "Os ribeiros deEdom se transformarão em piche, e o seu póem enxofre; a sua terra se tornará em picheardente. Nem de noite nem de dia se apaga­rá; subirá para sempre a sua fumaça; degeração em geração será assolada, e paratodo o sempre ninguém passará por ela".Isaías 34:9 elO.

É sabido que os edomitas desapareceramhá muitos séculos. Poder-se-ia dizer queexistem ainda piche ardente e fumaça su­bindo na terra de Edom? Logicamente, não,

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mas o' castigo' a que toram suOmetidos ·seus-­moradores teve a duração do material com­bustível que proviam,' e o fogo ali não seapagava "nem de dia, nem de noite". Sua.

. fumaça subiu "para sempre'" pois o castigodeles, bem como de todos: os ímpios no' final,permanecerá eterno em seus efeitos .

Explica o erudito H. G . Moule, analisando'o texto de Filemon 15 e sua expressão "parasempre": "O adjetivo aionios tende a mar­car a duração enquanto a natureza da maté­ria o permite. E no uso geral tem íntimarelação com as coisas espirituais . 'Parasempre' nesse texto significa, permanênciade restauração tanto natural como espiri­tual" .

Ligado a Deus, aion e aionios expressamalgo eterno, para sempre. Também ligadosa "vida", que provém de Deus, significa umavida de duração sem fim.

Levando em conta essas observações, ecomparando S . Mateus 25:46 com S. Judas7 e II S . Pedro 2:6, chega-se à conclusão deque o castigo final dos ímpios não será in­terminável, mas produzirá efeitos de duraçãoeterna, pois os ímpios que forem queimadosno lago de rogo nunca mais existirão (Salmo37:10) .

Sobre Apocalipse 14:10 e 11, diz o S .D.A.Rible Commentary:. "As sete últímas pragas caem sobre os ado­radores da besta e de sua imagem (Apoca­lipse 16:2). Além disso, esses cultuadores dabesta ressurgirão na segunda ressurreição,para receber o castigo (capítulo 20:5· e 11­15). Não é bem definido a que aspecto do200 .

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castigo o revelador faz alusão. Talvez sejaaos dois. Em ambos haverá tormento. Oprimeiro terminará em morte quando Jesusdescer do Céu (capítulo 19:19-21); e o se­gundo, em morte eterna (Apocalipse 20:14)".-Op . Cit., vol . 7, p. 831. '

Os fatos descritos em Apocalipse 20:9 elO,por outro lado , ocorrem depois do Milênio.Todas as nações, formadas pelos ímpios queressuscitam na segunda ressurreição, sitia­rão a Nova Jerusalém. Note-se que essa mul­tidão de condenados se esparramam, qualareia do mar, "nos quatro cantos da Terra".Desce então, fogo do Céu para consumi-los .Dá-se a "segunda morte", da qual não haveráressurreição .

Após descrever esses fatos, o vidente dePatmos declara no capítulo 21 que viu "novocéu e uma nova Terra, pois o primeiro céue a primeira Terra passaram, e o mar já nãoexiste" . Se os ímpios foram destruídos so­bre a Terra, no imenso "lago de fogo", e aseguir a Bíblia apenas fala do novo céu euma nova Terra, onde já não existirá morte,nem pranto, nem dor, para onde teriam idoos que estavam sob os efeitos .do "fogo eter­no"? A resposta é encontrada em Malaquias4:1: "Pois eis que vem o dia , e arde comofornalha; todos os soberbos e todos os quecometem perversidade serão como o restolho;o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dosExércitos, de sorte que não lhes deixará nemraiz nem ramo" .

Inúmeras passagens bíblicas confirmam adestruição total dos iníquos: os ímpios pere­cerão (Salmo 37:20) ; serão destruídos (Sal-

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mo 145:20); morrerão (Ezequiel 18:4); serãoconsumidos (Salmo 21:9); não mais existirão(Salmo 37:10) ; serão eliminados (Provérbios2:22); .a vida lhes será tirada (Provérbios 22:23); tornar-se-ão em cinza (Malaquias 4: 3) ;desfazer-se-ão em fumaça (Salmo 37:20).

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