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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro Responsabilidade Civil do Estado por Atos Omissivos de seus Agentes: Análise da Divergência Doutrinária e Jurisprudencial Monique Penna Leite Rio de Janeiro 2013

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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro Responsabilidade Civil do Estado por Atos Omissivos de seus Agentes: Anlise da Divergncia Doutrinria e Jurisprudencial Monique Penna Leite Rio de Janeiro 2013 MONIQUE PENNA LEITE Responsabilidade Civil do Estado por Atos Omissivos de seus Agentes: Anlise da Divergncia Doutrinria e Jurisprudencial ArtigoCientficoapresentadocomoexigncia de concluso de Curso de Ps-Graduao Lato SensudaEscoladeMagistraturadoEstadodo Rio de Janeiro. Professores Orientadores: Mnica Areal Nli Luiza C. Fetzner Nelson C. Tavares Junior Rio de Janeiro 2013 2 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS OMISSIVOS DE SEUS AGENTES: ANLISE DA DIVERNCIA DOUTRINRIA E JURISPRUDENCIAL Monique Penna Leite GraduadapelaUniversidadeCndidoMendes CampusCentro.AnalistaJudiciriodoTribunalde Justia do Estado do Rio de Janeiro. Resumo:Aessnciadopresentetrabalhoabordaradivergnciadoutrinriae jurisprudencialexistenteacercadanaturezajurdicadaresponsabilidadecivilestatalnas condutasomissivas,ouseja,quandooEstadopossuaodeverlegaldeagir,deprestaro serviopblico,masnoofez.Pretendeaindaanalisaranecessidadedecomprovaodos elementossubjetivoseobjetivos,semprecorrelacionandoaosdireitosesgarantiasda ConstituiodaRepblicaFederativadoBrasilde1988,almdeanalisarosprincipais entendimentos jurisprudenciais e doutrinrios em torno do tema. Palavras-chaves:Responsabilidade.Civil.Estado.Subjetiva.Objetiva.Omisso. Constituio Federal. Direito Administrativo. Direito Constitucional. Responsabilidade Civil. Sumrio:Introduo.1.BreveEvoluoHistrica.2.ResponsabilidadeExtracontratualdo Estado.3.ResponsabilidadeCivildoEstadoporAtosOmissivos.3.1.Teoriada Responsabilidade Subjetiva para os Atos Omissivos. 3.2. Teoria da Responsabilidade Objetiva para os Atos Omissivos. 4. Anlise Jurisprudencial. Concluso. Referncias. INTRODUO OtrabalhoapresentadoabordaotemadaresponsabilizaocivildoEstado decorrentedosdanosprovocadosemrazodaomissodeseusagentes,ouseja,quandoo Estado possua o dever legal de agir e no o fez, concretizando-se pela ausncia da prestao do servio pblico, ou sua m prestao e ainda pela prestao tardia.Adivergnciareferenteaoassuntoestlongedeserpacificada,umavezquea doutrinaejurisprudnciatravamquestionamentosquantoaplicabilidadedanatureza subjetivaouobjetiva,diantedascondutasomissivasdoEstado,nohavendoharmonizao no mundo jurdico a respeito do assunto. 3 O tema apresentado possui intensa relevncia acadmica e pragmtica, uma vez que engloba trs ramos do direito, a destacar: a) Constitucional, tendo em vista a interligao do temacomosprincpiosconstitucionaisdainafastabilidadedocontrolejurisdicional,da legalidadeedaigualdade;dasgarantiasconstitucionaisdaindenizaopelaomissodanosa doEstadoedaamplareparao,almdeapontamentosessenciaisemtornodoartigo37, pargrafo6daCRFB/1988;b)Administrativo,hajavistaqueotemagiraemtornodas condutas omissivas do Estado, pessoa jurdica de Direito Pblico; c) Civil, atravs do instituto daresponsabilidadecivil,umavezqueabordaqualanaturezajurdicadaresponsabilidade civilaseraplicadanascondutasomissivasdoEstado,quandodelasderivaremdanosa indivduo ou at mesmo coletividade. Hdeseavaliaraolongodestetrabalhoosargumentosdacorrentequedefendea teoria da responsabilidade civil subjetiva do Estado apenas com relao a condutas omissivas, e a natureza objetiva apenas para a responsabilidade por condutas comissivas do Estado.Emsentidocontrrio,seroapresentadososargumentosdosdoutrinadoreseda jurisprudnciadominantesnopas,quesustentamaaplicabilidadedateoriada responsabilidadecivilobjetivadoEstadotantoparaascondutascomissivasquantoparaas omissivas. Otrabalhotemaindaporobjetivoapontarpesquisaclaraeespecficaeanalisaras diversasinterpretaesacercadotemaemquesto,afimdequeasdivergnciasnogerem injustiase/ouinseguranas,embuscadapacificaosocial,daseguranajurdicaeda solidificao das relaes sociais. 1. BREVE EVOLUO HISTRICA Oinstitutodaresponsabilidadecivilpossuivriosmarcoshistricosaolongoda 4 evoluo da sociedade. Nosprimrdiosdacivilizaohumana,aofensaaumdosindivduosacarretavana responsabilidadedoagressorperantetodaacoletividade.Comopassardotempo,adefesa coletivasetornouindividual,eavtimadefendia-secomasprpriasmos,configurandoa famosaleide Talio"olhoporolho,dentepordente". Atestemomento,inexistiaqualquer interveno estatal protetiva dos direitos dos cidados. FoiquandoentosepercebeuanecessidadedainclusodoEstadoparaintervirna relao entre ofendido e ofensor. Noqueserefereresponsabilidadecivilestatal,prevaleceunametadedosculo XIXateoriadairresponsabilidadedoEstado,segundoaqualoenteestatalnopossua qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes.Era o chamado Estado Liberal, que raramente intervia nas relaes entre particulares, e que tem como fundamento para justificar a ausncia de toda e qualquer responsabilidade o princpiodasoberania,jqueomonarcadispunhadeautoridadeabsolutaeincontestvel perante qualquer indivduo por ser oguardio da legislaoe porexercer a tutela do direito, no podendo agir contra seus prprios atos, dando origem clebre frase the king can do no wrong (o rei no pode errar). A noo da insuscetibilidade do soberano de causar danos e de por eles responder foi aos poucos substituda pela noo do Estado de Direito, segundo o qual at mesmo o Estado deve ser submetido aos direitos e deveres comuns aos integrantes da sociedade. Comoabandonodateoriadairresponsabilidadeestatal,viu-seanecessidadede imporresponsabilidadeaoEstadopelosatosculpososdeseusagentes,surgindoassima chamada teoria civilista da culpa ou teoria da responsabilidade com culpa. Trazessateoriaaimportnciadadistinoentreosatosdeimprioeosatosde gesto estatais.5 OsatosdeimpriosoaquelespraticadospelaAdministraocomprerrogativase privilgios de autoridade e so impostos coercitivamente aos particulares, independentemente deautorizaojudicial,logo,noincidindonenhumtipoderesponsabilidadeperanteo indivduo lesado. Josatosdegestosotambmchamadosdejuregestionis,esoosatos administrativoseditadospelaAdministraoparatratardeassuntosreferentesaseu patrimnio,bemcomoagestodeseusservios,emsituaoanlogaadosparticulares, razo pela qual incidiria responsabilidade civil estatal apenas nestes casos.AresponsabilidadedoEstadoseriaentosubjetiva,segundoaqualnecessriaa comprovaodeculpanacondutadoagenteequeposteriormentefoiadotadapeloCdigo Civil de 19161. Adificuldadeemestabelecernaprticaadistinoentreessasduasatividades estatais,bemcomoporrefletirapenasumamitigaodateoriadairresponsabilidade,trouxe grande inconformismo e crticas das vtimas dos atos danosos. OprximoestgioevolutivoconstituiuachamadaTeoriadaCulpa Administrativa, segundoaqualadistinoacimareferidanoeramaisnecessria.Paraela,bastavaa comprovao do atraso,da inexistncia ou do mau funcionamento do servio pblico, sendo prescindvelaidentificaodoautordofato,havendopresunodaculpaadministrativa. Configurava-se, assim, a culpa annima, tambm conhecida como falta do servio. Posteriormente,adotou-seoentendimentodaTeoriadaResponsabilidadeObjetiva do Estado, segundo a qual ele civilmente responsvel por prejuzos causados a terceiros em decorrncia deao danosa de seus agentes, independentemente da verificao daexistncia de culpa. Essaformaderesponsabilidadeincideparaoscasosdedanosdecorrentesdefatos 1Dizia o art. 15 do Cdigo Civil de 1916: As pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveis por atosdosseusrepresentantesquenessaqualidadecausemdanosaterceiros,procedendodemodocontrrioao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano. 6 lcitosouilcitos,bastandoacomprovaodonexodecausalidadeentreofatogeradoreo dano causado. A partir de ento, tornou-se notrio que a relao entre o Estado e os particulares no umarelaojurdicadeigualdade,umavezqueoprimeirogozadeprivilgiose prerrogativasqueosegundonotem,sendoaquele,portantosujeitojurdica,polticae economicamente mais poderoso2. Porocuparposiodesubordinao,oindivduopossuiextremadesvantagemem eventual busca de reparao indenizatria, razo pela qual se considerou que o Estado tem o dever de arcar com o risco natural decorrente da prtica das suas atividades. SurgeentoadenominadaTeoriadoRiscoAdministrativo3,queserviupara fundamentar a responsabilidade objetiva do Estado. Entende essa teoria que basta a comprovao da ocorrncia do dano causado por ato lesivo por um dos agentes estatais para ensejar a responsabilidade do Estado, independente de qualquer culpa deles.Justifica-senoprincpiodasolidariedadesocialenoprincpiodarepartiodos encargos, na medida em que os valores pagos pelo Estado a ttulo de indenizao so retirados do montante resultante da contribuio feita por cada indivduo, constituindo dever de todos a reparao dos danos causados pela atividade administrativa. Ateoriadaresponsabilidadeobjetiva4,fundadanateoriadoriscoadministrativo, admiteexcludentes.Umavezdemonstradaaculpaexclusivadavtima,odeverestatalde reparar o dano no mais subsistir.Difere, neste ponto da Teoria do Risco Integral5, segundo a qual o Estado obrigado aindenizartodoequalquerdanosuportadoporterceiros,mesmoqueoriginadodeculpaou 2CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de direito administrativo. 19. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 496. 3Ibidem, p. 423. 4Ibidem. 5Ibidem, p. 424. 7 dolodavtima,noadmitindoqualquertipodeexcludente.Essateorianoaplicadana prtica, uma vez que se demonstra incompatvel com o ordenamento jurdico vigente. DesdeaConstituiode1946,adotadanoBrasilateoriadaresponsabilidade objetiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo, onde no se cogita de dolo ou culpa, mas, to-somente, da relao de causalidade.Dizia o artigo 194 da Constituio Federal de 1946: Art 194 - As pessoas jurdicas de direito pblico interno so civilmente responsveis pelos danos que os seus funcionrios, nessa qualidade, causem a terceiros. Pargrafo nico - Caber-lhes- ao regressiva contra os funcionrios causadores do dano, quando tiver havido culpa destes. Atualmente, vigora o art. 37, 6 da CRFB/88 que colocou fim divergncia acerca do tipo de responsabilidade adotada para as pessoas de direito privado prestadoras de servios pblicos, estabelecendo que elas tambm se sujeitam responsabilidade objetiva. 2. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO A responsabilidade do Estado pode ser classificada em contratual ou extracontratual. Aresponsabilidadecontratualarelacionadaaosfatosdecorrentesdoscontratoscelebrados pelaAdministraoPblica.Jaresponsabilidadeextracontratualaquelarelacionadaaos fatos decorrentes de todas as outras atividades estatais que no sejam contratuais.Enquanto pessoa jurdica de direito pblico, o Estado possui o dever de ressarcir as vtimas atingidas por suas eventuais condutas danosas, uma vez que ele tambm se sujeita ao ordenamento jurdico vigente.Assim,alesoaosbensjurdicosdeterceirosensejaaoEstado,quandoautordo dano,aobrigaoderepar-lo,sendoirrelevanteperquiriraregularidadeounodesua atuao. A responsabilidade civil do Estado possui sede constitucional, conforme disposto no 8 artigo 37, 6 da CRFB/88, acima transcrito. Ainda que na maioria das vezes o Estado responda por danos causados a terceiros em razodasuaatuaoadministrativa,poratosdaAdministraoPblicaenquantoPoder Executivo, casos h em que haver sua responsabilizao por atos judiciais e legislativos. A norma constitucional faz referncia a duas categorias de pessoas jurdicas sujeitas responsabilidade objetiva: 1) a pessoas jurdicas de direito pblico (Unio, Estados, Distrito Federal,Municpios,autarquiasefundaespblicas)e2)apessoasjurdicasdedireito privado prestadoras de servios pblicos. Essa segunda categoria formada por pessoas jurdicas que, embora sejam de direito privado, exercem funes que caberiam em princpio ao Poder Pblico executar diretamente. So elas as pessoas privadas da Administrao Pblica Indireta dedicadas prestao de servios pblicos (empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas com personalidade de direito privado), bem como as concessionrias e as permissionrias dos servios pblicos. Parapequenapartedajurisprudncia,aresponsabilidadecivildaspessoasprivadas prestadorasdeserviospblicosserobjetivanicaeexclusivamentenahipteseemqueo danoexperimentadopelosusuriosdosreferidosservios,porquesoestesostitularesdo direito adequada prestao do servio. Por este raciocnio, a responsabilidade civil no seria objetiva perante os terceiros no usurios e igualmente atingidos pela conduta danosa.O STF6 inclusive j decidiu nesse sentido: CONSTITUCIONAL.ADMINISTRATIVO.CIVIL.RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PESSOAS JURDICAS DEDIREITOPRIVADOPRESTADORASDESERVIOPBLICO. CONCESSIONRIOOUPERMISSIONRIODOSERVIODETRANSPORTE COLETIVO. C.F., art. 37, 6. I. - A responsabilidade civil das pessoas jurdicas de direitoprivadoprestadorasdeserviopblicoobjetivarelativamenteaosusurios doservio,noseestendendoapessoasoutrasquenoostentemacondiode usurio. Exegese do art. 37, 6, da C.F. II. - R.E. conhecido e provido. 6 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinrio n 262.651 - SP. Relator Ministro Carlos Velloso, 2 Turma. Braslia, DF, 16 nov. 2004. Publicado no DJ de 6/5/2005. Disponvel em http://www.stf.jus.br/, Acesso em 5 abr. 2013. 9 Entretanto,oentendimentomajoritrionajurisprudncianosentidodequeesse entendimentonodeveprevalecer,umavezqueaConstituionofezqualquerdistino entreostiposdevtimasdacondutadoagenteestatalquantoincidnciada responsabilizao objetiva, no cabendo ao intrprete faz-lo. Ademais,taispessoasprivadasprestamserviospblicoseassimatuamcomose fossem o prprio Estado, de quem receberam a devida delegao, no sendo cabvel qualquer tipo de distino. Assim, entende-se que para essa categoria tambm se aplica a responsabilidade civil objetiva, pois no seria justo e nem correto que a mera delegao a terceiros tivesse o efeito de afastar a responsabilidade objetiva estatal e dificultar a reparao dos prejuzos causados. Paraaconfiguraodaincidnciadaresponsabilizaoobjetiva,necessriaa existnciadedelegaodosserviospblicosparaessaspessoas,bemcomoaexistnciade vnculo jurdico de direito pblico entre o Estado e seus delegatrios. Talentendimentonoseaplica,portanto,apessoasprivadasqueaparentemente prestamserviospblicos,masofazemsobregimededireitoprivadosemqualquervnculo jurdico tpico com o Estado, porque inexiste qualquer relao de direito pblico entre elas e o Poder Pblico. Trata-sedocasodassociedadesreligiosas,dasassociaesdemoradores,de fundaescriadasporparticulares(dedicadasassistnciasocial,educao,aoatendimento dascomunidades,etc.)edaspessoasprivadasqueexercematividadescomerciaise industriais. Poroutrolado,aspessoasdecooperaogovernamental(ouserviossociais autnomos) exercem atividade eminentemente social, podendo ser consideradas como servio pblico, razo pela qual esto sujeitas responsabilidade objetiva atribuda ao Estado.Alm disso, essas pessoas tm vnculo jurdico pblico com o Estado, uma vez que 10 estequemeditaasrespectivasleisautorizadorasdacriaodaquelas,bemcomovinculaos seusobjetivosinstitucionais,obrigando-asinclusiveprestaodecontasemrazodos recursos que auferem decorrentes de contribuies compulsrias. Da anlise do artigo 37, 6 da CRFB/88, verifica-se que a responsabilidade civil do Estado prescinde da anlise do elemento subjetivo, ou seja, prescinde da anlise da existncia de dolo ou culpa na atuao de seus agentes.Necessriosefaz,portanto,apenasaidentificaodostrspressupostosda responsabilidadecivil:condutaadministrativa(comissivaouomissiva),eventodanosoeo nexo causal entre os dois primeiros. Oprimeiropressupostodaresponsabilidadecivilacondutaadministrativa,quese traduzemqualquerconduta,sejaomissivaoucomissiva,legtimaouilegtima,atribudaao Poder Pblico.O segundo pressuposto o dano, independentemente da sua natureza patrimonial ou moral. Entretanto, imprescindvel que a pessoa que se sinta lesada pelofato administrativo comprove a efetiva ocorrncia do dano sofrido. Oltimopressupostoonexodecausalidadeentreofatoadministrativoeodano experimentado.Assim,podemosdizerquebastaademonstraodequeoprejuzo experimentadodecorreudacondutadoagenteestatalparaqueincidaaresponsabilidade objetiva do Estado e o consequente dever em reparar o dano. Onexocausalconstituipressupostodefundamentalimportncianaanliseda existncia de dever de responsabilizao objetiva. Significa dizer que a causa deve ser idnea para o dano produzido. E isso porque a lei brasileira adotou a teoria da causalidade adequada. Assim,somenteofatoidneoouadequadoparaproduzirodanodeserlevadoem considerao para o estabelecimento de incidncia de responsabilidade civil estatal. 11 3. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS OMISSIVOS Comovistoacima,sendoofatoadministrativodecorrentedeumaconduta comissiva,odeverdereparardoEstadosedarumavezverificadaaexistnciadoreferido fato administrativo, do dano experimento pelo prejudicado e do nexo causal existente entre os dois primeiros. Em se tratando de conduta omissiva, ser necessria a realizao de umaanlise da omisso, uma vez que nem toda conduta omissiva reflete um desleixo por parte do Estado no cumprimento dos seus deveres legais. Assim, possvel afirmar que a omisso do Estado acarretar a ele responsabilizao civilsomentenoscasosemqueestivermosdiantedeumaomissoemrelaoaumdever legal para impedir a ocorrncia de determinado dano.OtipoderesponsabilidadedecorrentedaomissodoEstado,seobjetivaou subjetiva,tratadetemapolmicotantonadoutrinacomonajurisprudncia,havendo entendimento nos dois sentidos. A responsabilidade civil objetiva do Estado em relao aos danos decorrentes da sua condutaomissivatomacomobaseateoriadoriscoadministrativo,bastandoparatantoa comprovaodonexodecausalidadeentreacondutaeodano,independentementeda comprovao de culpa do agente estatal, na forma do que dispe o art. 37, 6 da CRFB. JaresponsabilidadesubjetivadoEstadoemrelaoaosdanosdecorrentesdasua condutaomissiva,requeracomprovaododolooudaculpanacondutadoagenteestatal, bem como a necessidade de estarmos diante de omisso em relao a um dever legal de agir para evitar aquele determinado dano.Tendo em vista a importncia da referida divergncia doutrinria, necessria se faz a anlise de cada uma delas, apresentando as suas principais caractersticas e distines. 12 3.1. TEORIA DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA PARA OS ATOS OMISSIVOS A responsabilidade ser considerada subjetiva quando o dever de indenizar em razo daocorrnciadeumdanodecorrerdaprticadeumatocomissivoouomissivodeforma culposa ou dolosa, necessariamente.Assim,essateoriadefendequearesponsabilidadecivildoEstadoserobjetiva somente em relao aos atos comissivos, sendo subjetiva para os atos omissivos.Possuicomobaselegaloart.15doCdigoCivilde1916,jrevogado,oqual dispunha: Art. 15. As pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveis por atos dosseusrepresentantesquenessaqualidadecausemdanosaterceiros,procedendo demodocontrrioaodireitooufaltandoadeverprescritoporlei,salvoodireito regressivo contra os causadores do dano. Oreferidoartigolegalnoeraincompatvelcomanormaconstitucional,umavez queestadiziarespeitotosomenteresponsabilizaopelaprticadeatoscomissivos, enquanto que aquele se referia prtica de atos omissivos. Contudo, cumpre ressaltar que o art. 15 do Cdigo Civil de 1916 foi revogado pelo atual art. 43 do Cdigo Civil de 2002, que no possui a mesma previso: Art.43. Aspessoasjurdicasdedireitopblicointernosocivilmenteresponsveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Em sede doutrinria, Celso Antnio Bandeira de Mello7 defende a natureza subjetiva da responsabilidade civil do Estado por atos omissivos, ao argumento de que somente haver possibilidade de responsabilizao por parte do Estado nos casos de ato ilcito. 7MELLO,CelsoAntnioBandeirade.CursodeDireitoAdministrativo.26.ed.SoPaulo:Malheiros,2009, p.994. 13 Almdanecessidadedacomprovaodedoloouculpanoatuardoagenteestatal, para gerar o dever de reparao, a omisso da Administrao Pblica deve estar descumprindo um dever legal a ela imposto para impedir o evento danoso ocorrido. Ento,emsetratandodehipteseemqueoserviofuncionoutardiaou ineficientemente,ousimplesmentenofuncionou,aplicar-se-ateoriadaresponsabilidade subjetiva.Verifica-se,portanto,quenoscasosemqueinexistadeverlegalparaoEstado impedir a ocorrncia do dano e por isso no agiu, inexistir responsabilizao estatal, por no poder ser ele considerado como autor do evento lesivo. No mesmo sentido, o entendimento firmado por Maria Sylvia Zanella Di Pietro8, ao argumentodequenoscasosdedanosdecorrentesdosatosomissivosdoEstadodeverser aplicada a teoria da responsabilidade subjetiva, bastando para tanto que haja dever de agir por parte do Estado, bem como a possibilidade de agir a fim de evitar o dano.Paraa doutrinadora9, aplica-se para os casos de atos omissivos a teoria daculpa do serviopblico,tambmchamadadeteoriadaculpaannimadoserviopblico.Segundo essateoria,independesaberquemcausouodano,umavezqueoEstadoestarobrigadoa repar-lo desde que estejam presentes os elementos dolo ou culpa no atuar do agente pblico. CabemencionaroentendimentodeYussefSaidCahali10,paraquemoscasosde sinistros ou violncia lesiva causados porfatoresestranhos ao atuar do Estado, normalmente no configuram hipteses de responsabilizao civil do Estado por omisso, como ocorre, por exemplo,noscasosdeincndio,enchentes,danosmultitudinrios,almdeassaltosou agresses que algum sofra em locais e logradouros pblicos. 8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22. ed. So Paulo: Atlas, 2009,p. 640. 9Ibidem, p. 640-641. 10CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 2. ed. So Paulo: Malheiros, 1996, p. 284. 14 Ainda em sede doutrinria, podemos mencionar a lio de Jos Cretella Jnior11, que entendequeaomissopresumeaexistnciadeculpanoatuarestatal.Omitindo-seoagente pblico,osdanospodemserexperimentadostantopelosadministradoscomopelaprpria AdministraoPblicaeanocondutapodedecorrerdenegligncia,deimprudnciaede impercia. Assim,odeverdereparardoEstadoemrazodedanosdecorrentesdeatos omissivos somente existir com a configurao de culpa, o que ocorre com a comprovao da existncia da omisso diante de um dever legal, alm da demonstrao de que seu atuar se deu comimprudncia,imperciaounegligncia.Casocontrrio,aresponsabilidadecivildo Estado restar afastada. J para Renan Miguel Saad12 a adoo da teoria do risco administrativo nos casos de atosomissivosgerariaumagrandiosaedescomedidaresponsabilidadedoEstado,umavez que abarcaria responsabilizao por inmeras situaes danosas. Nesse sentido, deve ser adotada a teoria da responsabilidade subjetiva, que pressupe acomprovaodedoloouculpanacondutadoagentepblico,restringindoashiptesesde responsabilizao estatal.Entende este doutrinador13 que embora seja desnecessria a comprovao da conduta culposa do agente pblico, imprescindvel vtima demonstrar e comprovar que o prejuzo sofridodecorreudafaltaimpessoaldoservio.Nestecaso,aculpadoEstadorestar comprovada, gerando o dever de indenizar. Exemplificaaexistnciadeculpaemcondutaomissivaquandoestamosdiantedo descumprimento por parte do Estado de ordem judicial. O mesmo doutrinador analisa tambm 11CRETELLA, apud CAHALI, IBIDEM, p. 284. 12SAAD, Renan Miguel. O Ato Ilcito e a Responsabilidade Civil do Estado. 6. ed. Rio de Janeiro: Lmen Juris, 1994, p. 69-70. 13 Ibidem. 15 adificuldadedeconfigurararesponsabilizaodoEstado,emrazodeomissestidaspor genricas.Sooscasos,porexemplo,dossetoresdosdireitossociaisqueapresentam carnciasdeatuaoporpartedaAdministrao,comoaeducao,sadeeasegurana, dentre outros. Estescasosrefletemanecessidadedeimplementaodepolticaspblicas,mas comonemsempreoEstadopossuirecursosfinanceirossuficientes,escolheosetormais carente para aplica-los. Sendo assim, se houver erro quanto ao emprego de polticas pblicas ouaoinvestimentodosrecursos,aresponsabilizaodeveserdodirigente,isentandoo Estado. Importanteressaltarquenoscasosderesponsabilidadecivilsubjetivaparaosatos omissivospossvelfazerdistinoentreosatosomissivosgenricoseosatosomissivos especficos. Para Srgio CavalieriFilho14, o art. 37, pargrafo6 da CRFB abrange to somente os atos comissivos, mas nunca os atos omissivos que no sejam ligados a um dever especfico deagir.Sustenta,dessaforma,aaplicaodateoriadaresponsabilidadesubjetivaquandoa omisso for genrica. Aomissoespecfica,ento,configura-seatravsdeinrciaadministrativa,edeve serestaacausadiretaeimediatadaocorrnciadoeventolesivo.Nestescasos,a responsabilizao ser de forma objetiva, como ocorre nos casos de morte de detendo dentro da penitenciria. 3.2. TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA PARA OS ATOS OMISSIVOS A responsabilidade ser considerada objetiva quando o dever de indenizar em razo 14CAVALIERI FILHO, Srgio. Programa de Responsabilidade Civil. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2008, p.169. 16 daocorrnciadeumdanodecorradaprticadeumatocomissivoouomissivo, independentementededoloouculpa,bastandoacomprovaodenexodecausalidadeentre eles. Ou seja, independe da anlise de elementos subjetivos. Nadoutrina,defendendoanaturezaobjetivadaresponsabilizaocivilpelosdanos decorrentesdosatosomissivosestatais,temosHelyLopesMeirelles15,quetececrticas natureza subjetivista. Para ele errado dizer que o art. 15 do Cdigo Civil de 1916 consagrava a teoria da culpa para fundamento da responsabilidade civil do Estado, que exige em todos os casos a comprovao da presena dos elementos subjetivos (dolo ou culpa). Para o doutrinador, tal natureza no mais poderia subsistir desde o advento da CRFB de1946,queemseuart.194acolheuateoriaobjetiva,comfundamentonateoriadorisco administrativo, como visto no incio do presentetrabalho, revogandoemparte o disposto no referido artigo legal. AConstituiovigenteadotoutambmanaturezaobjetivadaresponsabilidade estatal,comfundamentonateoriadoriscoadministrativo(art.37,pargrafo6),tendosido acompanhadapeloart. 43doatualCdigoCivilde2002,superandooentendimentoda natureza subjetiva, seja para os atos comissivos, seja para os atos omissivos do Estado. Para Hely Lopes Meirelles16, para existir o dever de indenizar, essencial que o ato omissivotenhasidopraticadoporumagentedaAdministraoPblicanaqualidadede agente pblico. Poresseentendimento,independeseoatopraticadoouaomissodecorreramdo direito de imprio ou do direito de gesto, uma vez que ambas so formas de atuao estatal, sendo suficiente para a responsabilizao estatal a presena do fato administrativo.OdoutrinadorGustavoTepedino17 segueentendimentodoadministrativistaHely Lopes Meirelles, apresentando alguns enfoques, haja vista apontar que a Constituio Federal 15MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35. ed. Brasil: Malheiros, 2009, p. 659-660. 16 Ibidem, p. 661 17TEPEDINO, Gustavo Mendes. Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p.192-193. 17 de 1988 ao adotar a natureza objetiva quanto responsabilidade do Estado, assim o procedeu para todos os atos da administrao, no se fazendo nenhuma ressalva ou distino entre atos omissivos ou comissivos, no devendo ento, o intrprete faz-lo.ComoaprpriaConstituionodistinguiuentreatosomissivosecomissivosa naturezadaresponsabilidadedoEstado,comotambmnoexistenenhumdiploma infraconstitucional assim disciplinando, h de se convir que a natureza ser objetiva. 4. ANLISE JURISPRUDENCIAL AjurisprudnciadoSupremoTribunalFederalsempreadotouateoriadanatureza subjetivaparaoscasosderesponsabilidadecivilporatosomissivosestatais,atofinalda dcada de 80. Entretanto, a partir do incio da dcada de 90, a suprema Corte passou a aplicar para estes casos a teoria objetiva: Responsabilidade objetiva do Estado. Ocorrncia de culpa exclusiva da vtima. - Esta Cortetemadmitidoquearesponsabilidadeobjetivadapessoajurdicadedireito pblicosejareduzidaouexcludaconformehajaculpaconcorrentedoparticularou tenha sido este o exclusivo culpado (Ag. 113.722-3-AgRg e RE 113.587). - No caso, tendooacrdorecorrido,combasenaanlisedoselementosprobatrioscujo reexamenoeadmissvelemrecursoextraordinrio,decididoqueocorreuculpa exclusiva da vtima, inexistente a responsabilidade civil da pessoa jurdica de direito pblico,poisfoiavtimaquedeucausaaoinfortnio,oqueafasta,semduvida,o nexo de causalidade entre a ao e a omisso e o dano, notocante ao ora recorrido. Recurso extraordinrio no conhecido. 18 No mesmo sentido, foi proferido acrdo pelo ento relator Ministro Luiz Fux, ainda comointegrantedoSuperiorTribunaldeJustia,noqualseentendeupelacondenaodo HospitalMunicipalparaindenizarpordanosmateriaisemoraisafamliadedeterminada vtimaquefaleceuemrazodeumainfecogeneralizada,decorrentedeumdiagnstico equivocado: 18BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinrio n 209.137 - SP. Relator Ministro Moreira Alves, 1Turma.Braslia,DF,25mai.1993.PublicadonoDJde27/8/1993.Disponvelemhttp://www.stf.jus.br/. Acesso em 5 de abr. 2013. 18 PROCESSUALCIVIL.ADMINISTRATIVO.VIOLAODOART.535,IeII, DOCPC.NOCONFIGURADA.RESPONSABILIDADECIVILOBJETIVA. PLEITODEDANOSMATERIAISEMORAIS.MORTEDEMENOREM DECORRNCIADEINFECOGENERALIZADA.ATUAODOS PROFISSIONAISDAENTIDADEHOSPITALARMUNICIPAL.ONUS PROBANDI. (...) 2. AodeindenizaopordanosmateriaisemoraisajuizadaemfacedeHospital Municipal,emdecorrnciadefalecimentodefilha,menor,quediagnosticadapor mdicoplantonista,foiencaminhadaparacasa,sendocertoque,doisdiasaps, constatou-seerronaavaliaoanteriormenterealizada,vindoamenorafalecerem decorrncia de Infeco generalizada (Septicemia). (...) 4. Consoante cedio, a responsabilidade objetiva do Estado em indenizar, decorrente donexocausalentreoatoadministrativoeoprejuzocausadoaoparticular, prescindedaapreciaodoselementossubjetivos(doloeculpaestatal),postoque referidosvciosnamanifestaodavontadedizemrespeito,apenas,aoeventual direito de regresso, incabvel no caso concreto.5. In casu, as razes expendidas no voto condutor do acrdo hostilizado revelam o descompassoentreoentendimentoesposadopeloTribunallocaleajurisprudncia desta Corte, no sentido de que nos casos de dano causado pelo Estado, no se aplica o art. 159 do Cdigo Civil, mas o art. 37, 6 da Constituio Federal, que trata da responsabilidade objetiva do Estado. (...) 8. Assim, caracterizada a hiptese de responsabilidade objetiva do estado, impe-se aolesadodemonstraraocorrnciadofatoadministrativo(diagnsticoerrneo),do dano(mortedafilhadaautora)enexocausal(queamortedacrianadecorreude errneo diagnstico realizado por mdico de hospital municipal). 9.Consectariamente,ospressupostosdaresponsabilidadeobjetivaimpemao Estado provar a inexistncia do fato administrativo, de dano ou ausncia de nexo de causalidadeentreofatoeodano,oqueatenuasobremaneiraoprincpiodequeo nus da prova incumbe a quem alega. (...) 13.Recursoespecialprovidoparaa)determinarqueapensomensalsejapaga desde o falecimento da vtima, razo de 2/3 do salrio mnimo, at a data em que completaria 25 anos de idade; a partir da, base de 1/3 do salrio mnimo, at a data emqueavtimacompletaria65anosdeidade;b)fixaraindenizaopordanos morais em 300 salrios mnimos. Invertidos os nus de sucumbncia.19 No caso acima, o Supremo Tribunal afirmou a aplicabilidade do artigo 37, pargrafo 6 da CRFB para os casos de danos causados pelo Estado, e a incidncia da responsabilidade objetiva estatal. No julgamento do caso do aluno matriculado em rede pblica de ensino que perdeu o globoocularporagressodeoutroalunodamesmaescola,oSupremoreforouo entendimentodeaplicabilidadedaresponsabilidadecivilobjetivaemrazodaomissodos seus agentes que deveriam ter agido para evitar o dano e no o fizeram. 19BRASIL.SuperiorTribunaldeJustia.RecursoEspecialn674.586-SC.RelatorMinistroLuizFux,1 Turma.Braslia,DF,06abr.2006.PublicadonoDJde2/5/2006.Disponvelemhttp://www.stj.jus.br/. Acesso em 5 abr. 2013. 19 ResponsabilidadecivildoEstado,pordanocausadoporterceiro,emrazode neglignciaculposadeagentepblico:recursoextraordinrio:descabimento: questodenaturezainfraconstitucionalouquedemandareexamedefatoseprovas. Acertado,definitivamente,nasinstnciasdemrito,aexistnciadeomissooude neglignciaculposadoagentepblico,nascircunstnciasdocasoeonexode causalidade entre a sua culpae a ao do terceiro, a questo ou de ser resolvida luzdoregimedaresponsabilidadesubjetiva,denaturezainfraconstitucional,ou demandaoreexamedetodaamatriadefatoedasprovasdosautos,inviveisno extraordinrio.20 Porestasrazes,aresponsabilidadecivildoEstadotambmserobjetivaquandoa AdministraoPblicaassumirocompromissodezelarpelaintegridadefsicadapessoae esta vier a sofrer qualquer leso decorrente da omisso do Estado, conforme se depreende dos julgamentosacimacitados,referentesaoscasosdealunosdaredeoficialdeensino,pessoas internadas em hospital pblico e dos detentos. A crtica teoria objetiva da responsabilidade civil estatal por atos omissivos reside naideiadequeoEstadoestarianacondiodeseguradoruniversal,ouseja,estariaele obrigadoa indenizar todo e qualquer dano proveniente de uma omisso que causasse dano a determinada pessoa. Entretanto,talargumentonodeveprosperar,tendoemvistaqueolegislador constituinteapenaspreviuanaturezaobjetiva,atravsdoriscoadministrativotantopara atuaoquantoparaainaodoEstado,noresponsabilizandoesteobjetivamenteporatos predatriosdeterceiros,fenmenosnaturaisquecausamdanosaosparticulares21,almde admitir hipteses excludentes da responsabilizao estatal. Uma vez caracterizada a hiptese de incidncia de responsabilidade civil objetiva do Estado, impem-se ao lesado apenas demonstrar a existncia do fato administrativo, do dano experimentadoedonexocausalentreeles,independentementedequalquerjuzodevalor quanto a existncia de dolo ou culpa do agente estatal. 20BRASIL.SupremoTribunalFederal.RecursoExtraordinrion235.524-AC.RelatorMinistroSeplveda Pertence,1Turma.Braslia,DF,30jun.2004.PublicadonoDJde20/8/2004.Disponvelem http://www.stf.jus.br/. Acesso em 5 abr. 2013.21MEIRELLES, Hely Lopes. op. cit., p. 663. 20 Entretanto, no havendo a devida comprovao pela parte do vnculo de causalidade, entreacondutaomissivaeodanoproveniente,afastadaestararesponsabilizaocivildo Estado, como se v do acrdo que resolveu o Recurso Extraordinrio 481.11022 de relatoria do Ministro Celso de Mello: RESPONSABILIDADECIVILDOPODERPBLICO-PRESSUPOSTOS PRIMRIOSQUEDETERMINAM ARESPONSABILIDADECIVILOBJETIVA DOESTADO-ONEXODECAUSALIDADEMATERIALCOMOREQUISITO INDISPENSVEL CONFIGURAO DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO-NO-COMPROVAO,PELAPARTERECORRENTE,DO VNCULO CAUSAL-RECONHECIMENTODESUAINEXISTNCIA,NAESPCIE, PELASINSTNCIASORDINRIAS-SOBERANIADESSE PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL EM MATRIA FTICO-PROBATRIA -INVIABILIDADEDADISCUSSO,EMSEDERECURSAL EXTRAORDINRIA,DAEXISTNCIADONEXOCAUSAL- IMPOSSIBILIDADEDEREEXAMEDEMATRIAFTICO-PROBATRIA (SMULA 279/STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - Os elementos que compem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Pblicocompreendem(a)aalteridadedodano,(b)acausalidadematerialentreo "eventus damni" e o comportamento positivo (ao) ou negativo (omisso) do agente pblico,(c)aoficialidadedaatividadecausalelesivaimputvelaagentedoPoder Pblicoquetenha,nessaespecficacondio,incididoemcondutacomissivaou omissiva, independentemente da licitude, ou no, do comportamento funcional e (d) a ausncia de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. - O dever de indenizar, mesmo nas hipteses de responsabilidade civil objetiva do Poder Pblico, supe, dentre outros elementos (RTJ 163/1107-1109, v.g.), a comprovada existncia donexodecausalidadematerialentreocomportamentodoagenteeo"eventus damni",semoquesetornainvivel,noplanojurdico,oreconhecimentoda obrigao de recompor o prejuzo sofrido pelo ofendido. - A comprovao da relao de causalidade - qualquer que seja a teoria que lhe dsuporte doutrinrio (teoria da equivalncia das condies, teoria da causalidade necessria ou teoria da causalidade adequada)-revela-seessencialao reconhecimentododeverdeindenizar,pois,sem taldemonstrao,nohcomoimputar,aocausadordodano,aresponsabilidade civilpelosprejuzossofridospeloofendido.Doutrina.Precedentes.-Noserevela processualmentelcitoreexaminarmatriaftico-probatriaemsedederecurso extraordinrio (RTJ 161/992 - RTJ 186/703 - Smula 279/STF), prevalecendo, nesse domnio,ocartersoberanodopronunciamentojurisdicionaldosTribunais ordinriossobrematriadefatoe de prova. Precedentes.- Ausncia,naespcie,de demonstraoinequvoca,medianteprovaidnea,daefetivaocorrnciados prejuzos alegadamente sofridos pela parte recorrente. No-comprovao do vnculo causal registrada pelas instncias ordinrias. Todososjulgamentosacimatranscritostmcomobaseateoriadorisco administrativo, para a qual, repita-se, basta a comprovao da ocorrncia de dano causado por ato de qualquer agente estatal para fazer incidir a responsabilizao civil objetiva do Estado. 22BRASIL.SuperiorTribunalFederal.RecursoExtraordinrion481.110AgR/PE.RelatorMinistroCelsode Mello.1Turma.Braslia,DF,13out.2009.PublicadonoDJde12/11/2009.Disponvelem http://www.stf.gov.br/. Acesso em: 6 abr. 2013. 21 Aindanestesentido,possvelcitaracrdodoTribunaldeJustiadoDistrito Federal proferido no processo n. 2001 01 1 000116-0 que condenou o Distrito Federal a pagar indenizao famlia de ex-presidirio morto durante uma rebelio: MORTEDEPRESIDIRIOSOBACUSTDIADOESTADO-AODE INDENIZAOPORDANOSMATERIAISEMORAISPROPOSTAPELA FAMLIADOFALECIDOCONTRAODISTRITOFEDERAL- CARACTERIZAODARESPONSABILIDADEDOESTADOPELOMAU FUNCIONAMENTODOSERVIO-PENSOMENSALPORDANOS MATERIAIS - MAJORAO DO PERCENTUAL DE JUROS LEGAL.I-omaridoepaidosautoresseencontravacumprindopenaemestabelecimento penitencirio,sobacustdiadodistritofederal,quandofoiassassinado.ono cumprimentododeverdezelarpelaintegridadefsicadodetento,nostermosdo artigo5,xlixdacf,geraobrigaodeindenizarosdanosmoraisemateriais suportados pela famlia. II-acf/88impedeavinculaodapensomensalpordanosmateriaisaosalrio mnimo (art. 7, inc.iv). substituio do parmetro, mediante fixao de valor certo, a sercorrigidomonetariamentepeloinpc,anualmente,nadatadoaniversriodo evento morte III-umavezatingidaamaioridadecivil,extinguir-se-aobrigaododistrito federalemrelaoaosfilhosdofalecido,permanecendo,contudo,aobrigao relativavivadomesmoatadataemqueofalecidocompletaria65(sessentae cinco) anos de idade, ou at o falecimento da beneficiria, o que primeiro ocorrer. o casamentodequaisquerdospensionistasfazcessarodeverdoapelantedistrito federal de pagar a penso mensal.IV-tratando-sededbitodendolealimentar,osjurosdemoraincidemno percentualde1%(umporcento)aoms,conformeentendimentofirmadona jurisprudncia do egrgio stj. V - no tocante indenizao por danos morais, o percentual dos juros legais, a partir da vigncia do novo cdigo civil (12 de janeiro de 2003), deixa de ser de 0,5% para ser se 1% (ctn 161, 1). VI - apelao e remessa oficial conhecidas e parcialmente providas23. Neste julgamento, o magistrado entendeu que a obrigao de reparar o dano decorre daaplicaodateoriadoriscoadministrativo,umavezquesetratadehipteseemqueo Estado obrigado a zelar pela integridade fsica do detento. GustavoTepedino24afirmaqueaadoodaresponsabilidadeobjetiva,soba modalidaderiscoadministrativo,noconduzaumageneralizaoquantoresponsabilidade doEstado,sobpenadetorn-loumseguradoruniversalportodososdanosocorridos.Para ele,deve-seatentarparaofatodequeoriscoadministrativocomportaexcludentesde 23BRASIL.TribunaldeJustiadoDistritoFederaleTerritrios.APC0000116-03.2001.8.07.0001-res.65 CNJ, DF 7 jun. 2004, 1 turma cvel, Rel. Des. Srgio Rocha, publicado no DJU Secao 3 5 out. 2004. pg.: 78. Disponvel em http://www.tjdft.jus.br/. Acesso em: 7 abr. 2013. 24TEPEDINO, op. cit., p 192. 22 ilicitude, as quais so aptas a romper o nexo de causalidade entre a conduta praticada e a leso experimentada. Umbomexemploparailustrartalentendimentoconsistenoscasosdosdanos sofridos por particulares decorrentes de enchentes em vias pblicas. Adotando-se o risco administrativo, caberia ao julgador no caso concreto especfico, verificar se houve excludente de ilicitude, ao invs de atribuir este encargo a vtima, que alm do dano j sofrido ter que suportar o nus de comprovar os elementos subjetivos para obter a devida indenizao. OSupremoadotouaresponsabilidadeobjetivaparaatosomissivosdoEstado tambm para o caso de morte de detento por colega de cela, conforme se v do julgamento do Recurso Extraordinrio 272.839-0/MT, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes: Recurso extraordinrio. 2. Morte de detento por colegas de carceragem. Indenizao por danos morais e materiais. 3. Detento sob a custdia do Estado. Responsabilidade objetiva.4.TeoriadoRiscoAdministrativo.Configuraodonexodecausalidade emfunododeverconstitucionaldeguarda(art.5,XLX).Responsabilidadede reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausncia de culpa dos agentes pblicos. 5. Recurso extraordinrio a que se nega provimento 25 Importanteressaltarojulgamentoda ApelaoCvel2006.110785790,relatorDes. SrgioBittencourt,noTribunaldeJustiadoDistritoFederal.Trata-sedehiptesenaqual restouafirmadoodeverindenizatrioporpartedoEstado,porfurtonointeriordeempresa privada prestadora de servio pblico, aplicando-se a teoria da culpa do servio e no a teoria do risco administrativo: DIREITOCIVILEADMINISTRATIVO.RESPONSABILIDADECIVILDO ESTADO.ATOOMISSIVO.FURTONOINTERIORDEEMPRESAPRIVADA PRESTADORADESERVIOPBLICO.RESPONSABILIDADESUBJETIVA. IMPRESCINDIBILIDADEDAPROVADACULPADOSERVIO DEMONSTRAO PELO AUTOR. DEVER INDENIZATRIO.1. A responsabilidade civil do estado, nos termos do artigo 37, 6, cf/88, decorrente deatosomissivossubjetivaenoobjetiva,aplicando-seateoriadaculpado 25BRASIL.SuperiorTribunalFederal.RecursoExtraordinrion272.839MT.RelatorMinistroGilmar Mendes.2Turma.Braslia,DF,01fev.2005.PublicadonoDJde8/4/2005.Disponvelem http://www.stf.gov.br/. Acesso em: 7 abr. 2013. 23 servio e no a teoria do risco administrativo. 2. Pressuposto necessrio responsabilidade a demonstrao do dano e do nexo de causalidade com conduta omissa do estado. 3.Havendooautorlogradodemonstrarqueacondutanegligenteemrelao seguranadolocalfoiofatordecisivoparaaocorrnciadodano,impe-seo acolhimento do pedido reparatrio. 4. Recurso no provido. maioria.26 EsteacrdoapontaaresponsabilizaocivildoEstadoemrazodeatoomissivo em empresas privadas prestadoras de servios pblicos, ao entendimento de que elas tambm possuem dever legal de agir e se assim no o fizeram, gerando danos a terceiros, devero ser responsabilizadas objetivamente. Emsentidocontrrio,merecedestaquenopresenteestudoojulgamentodaAo Rescisria 2003.014879-5/SC27 de relatoria do Desembargador Jos Volpato de Souza. Trata-se de hiptese na qual a parte autora requereu a reverso do julgado, com base legal no artigo 485 VII do CPC, invocando a incidncia da responsabilidade civil objetiva do Estado, pela queda de indivduo no interior da Companhia Catarinense de gua e Saneamento CASAN. Entretanto, o referido Tribunal entendeu ser predominante a tese da responsabilidade civilsubjetiva,comnecessidadedecomprovaodoselementosdoloeculpada concessionria, prestadora do servio pblico: ApelaesCveis-aoindenizatria-danosmaterial,moraleesttico-acidente de moto - obra em via pblica - abastecimento de gua e coleta de esgoto - ausncia de sinalizao. Recurso do municpio - preliminar - ilegitimidade - responsabilidadeexclusivadaconcessionria-contratoespecificandoresponsabilidadesolidria- preliminar afastada mrito responsabilidade civil caracterizada - buraco na pista de rolamento - ausncia de sinalizao - nexo causal e culpa evidenciados - provas dos autos corroborando com anegligncia da prefeitura - culpa exclusiva davtimano caracterizada-prudnciaeatenonaconduodemotocicleta-danomoral evidente-necessidadedeextraodergointernoemvirtudedaqueda-reduo doquantumarbitrado-critriosubjetivo-proporcionalidadeerazoabilidade observadas - carter pedaggico - recurso no provido. 26BRASIL. TribunaldeJustiadoDistritoFederale Territrios.Recursode Apelaon2006.110785790DF. Relator Des. Srgio Bittencourt, 4 Turma, DJ de 15/10/2008. Disponvel em http://www.tjdft.jus.br/. Acesso em: 5 abr. 2013. 27BRASIL.TribunaldeJustiadoEstadodeSantaCatarina. AoRescisrian2003.014879-5-SC.Relator Des. Jos Volpato de Souza, 3 Turma. DJ 5/2/2008. Disponvel em http://www.tj.sc.gov.br/. Acesso em: 7 abr. de 2013. 24 recursodacompanhiacatarinensedeguasesaneamento-inocorrnciade responsabilidadecivil-dano,atoilcitoenexocausaldevidamenteconfigurados- culpa exclusiva da vtima - provas que indicam o contrrio - dano moral configurado -reduodoquantumarbitradoparadanosmoraiseesttico-proporcionalidadee razoabilidade devidamente observadas - carter pedaggico - recurso no provido.28 Estejulgamentorefleteoentendimentodequeparaoscasosdeomissoestatal, dever se aplicar a responsabilidade subjetiva. Por fim, importante mencionar o entendimento da civilista Maria Helena Diniz, para quemnocasodeatosomissivosaresponsabilidadedoEstadosubjetiva,porquantosupe dolo ou culpa em suas modalidades de negligncia, imprudncia ou impercia29 CONCLUSO Combasenosentendimentosacimaexpostos,podemosobservarqueateoriada responsabilidadecivilobjetivadoEstadoderivoudaevoluodoEstadodeDireito, considerandoaevoluodosdireitosindividuaisealimitaodaatuaoda Administrao Pblica para a defesa do interesse pblico. possvelconcluir,portanto,quearesponsabilidadecivildoEstadoemrazode danosprovocadosporcondutasomissivas,ouseja,quandooEstadodeixadeprestar determinadoserviopblico,ouoprestadeformaineficazoutardia,tratadetemaqueest longe de ser pacificado, tanto na doutrina quanto na jurisprudncia. Entretanto, a tendncia a jurisprudncia seguir a corrente majoritria para pacificar oentendimentodaobjetivaodaresponsabilizaoestatalnosnoscasosdedanos provocadosporcondutascomissivas,mastambmparaosdanoscausadospelassuas omisses. 28BRASIL.TribunaldeJustiadeSantaCatarina.ApelaoCveln2010.004784-1.RelatorDes.Wilson AugustodoNascimento,SoMigueldoOeste,TerceiraCmaradeDireitoPblico,DJde25mai.2010. Disponvel em http://www.tj.sc.gov.br/. Acesso em: 5 abr. 2013. 29DINIZ, Maria Helena. Direito Civil Brasileiro. 18. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2002, p.243. 25 A corrente subjetivista encontra fundamento no argumento de que o Estado somente estarobrigadoaindenizarquandoaomissodecorrerdecondutaaqueestejaobrigadopor lei a praticar, ou seja, nos casos de omisso especfica.Defende, ainda, a necessidade de comprovao da presena dos requisitos subjetivos, doloouculpa,ouseja,deve-secomprovarqueoagenteestatalagiucomimprudncia, negligncia ou impercia; ou que por sua deliberao no quis executar a prestao do servio.Entretanto, na prtica a demonstrao de tais elementos subjetivos muito difcil de ser realizada, inviabilizando muitas vezes a efetiva prestao jurisdicional a qual tem direito o particular. Assim,adotaranaturezasubjetivaconsisteemtransferirparaavtima,aqualj suportou todo dano gerado pela no prestao, ou m prestao ou ainda pela prestao tardia doserviopblico,oencargodeterquecomprovartaiselementossubjetivos,diantea Administrao Pblica, que pelo manto da supremacia, obtm diversos privilgios.Aceitartalnaturezaconsisteemromperinteiramentecomodispostonoartigo37, pargrafo6,oqualasseguraaresponsabilidadeobjetivaporatostantocomissivosquanto omissivos. AaplicabilidadedanaturezaobjetivaperanteatosomissivosdoEstadono condicionaaAdministraoPblicacomogarantidorauniversal,hajavistaquecabe demonstrao das excludentes de ilicitude por parte desta, para elidir o seu dever de indenizar. Entretanto,verifica-setambmqueanaturezasubjetivadaresponsabilidadeestatal poratosomissivosapresentagrandeaceitabilidadedentrevriosdoutrinadoresbrasileiros, bem como pela jurisprudncia de todo o pas. REFERNCIAS BAHIA, Saulo Jos Cahali. Responsabilidade Civil do Estado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. 26 BRASIL.ConstituiodaRepblicaFederativadoBrasil.Disponvelem: .Acessoem02fev. 2013. BRASIL.Lei3.071,de01dejan.1916.Disponvelem: . Acesso em 02 fev. de 2013. BRASIL.SupremoTribunalFederal.Disponvelem:.Acessoem5 abr. 2013. BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Disponvel em: . Acesso em 5 abr. 2013. BRASIL.TribunaldeJustiadoDistritoFederaleTerritrios.Disponvelem: . Acesso em 5 abr. 2013. BRASIL.TribunaldeJustiadoEstadodoMatoGrossodoSul.Disponvelem: . Acesso em 5 abr. 2013. BRASIL.TribunaldeJustiadoEstadodoRiodeJaneiro.Disponvelem: . Acesso em 7 abr. 2013. BRASIL.TribunaldeJustiadoEstadodeSantaCatarina.Disponvelem: . Acesso em 7 abr. 2013. BRASIL.TribunaldeJustiadoEstadodeSoPaulo.Disponvelem: . Acesso em 5 abr. 2013. CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 2. ed. So Paulo: Malheiros, 1996. CARVALHOFILHO,JosdosSantos.ManualdeDireitoAdministrativo.19.ed.Riode Janeiro: Lumen Juris, 2008. 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