a dificuldade na "transiçâo do jogador júnior para sénior" no futebol profissional

10

Click here to load reader

Upload: pedro-vieira

Post on 15-Apr-2017

130 views

Category:

Sports


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

Curso de Treinadores de Futebol

UEFA Advanced + Elite Jovem /Grau III

A dificuldade na “transição do

jogador júnior para sénior” no

futebol profissional

Temática do Prof. Edgar Borges - transição do jogador júnior para sénior

Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016

Page 2: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

A dificuldade “ na transição do jogador

Júnior para Sénior ” no futebol profissional!

Pedro Moutinho Vieira

Treinador de Futebol do Curso UEFA A “Advanced” + Elite Jovem (Grau III) 2015/16

A dificuldade na transição do jovem jogador júnior para o

futebol sénior é infelizmente uma questão intemporal, e complexa, que coloca em equação

inúmeras variáveis de natureza singular do jogador júnior a um contexto completamente

diferente, quer a nível técnico-tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao

qual foi preparado, que é a chegada ao futebol sénior profissional.

Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo sinceramente que,

muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar, existe alguma confusão no papel dos

clubes entre o desporto profissional e amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes

fazem questão de pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para

a sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como toda a magia

estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o exterior por alguns dirigentes

de clubes de futebol profissional, porque o objetivo principal de um clube de futebol

profissional foi, é, e será formar o maior número de jogadores para o plantel sénior.

Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser pronunciada por

dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em zonas problemáticas e por vezes

desprotegidas da nossa sociedade, um clube amador ao formar o jovem jogador, esta

indiretamente a colocar/formar homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão

inseridos este tipo de jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar

«abstraísse» de outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade

mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido.

Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a logica

normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim por todos os motivos

atras referenciados, porque a formação integral do jovem não é função dos clubes, mas sim

competência da família e da sociedade.

Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre um caso de

estudo (case study) incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem perlongado

nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado ou identificado, por todos

Page 3: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

os intervenientes na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, é um problema

que existe aparentemente em todos os grandes clubes de formação em Portugal, mas

continua sendo um tema atual por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos

dirigentes desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade.

Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou indiretamente

dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao futebol sénior por mais bem

preparados que tenham sido pelos treinadores nas várias fases da sua formação, quer a nível

Técnico, Tático, Físico e Psicológico, muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a

ter o sucesso pretendido no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o

percurso nas várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de

formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos dirigentes, empresários

e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos próprios Pais.

Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol e dessa

missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do Mundo», pois devem ser o

exemplo na educação e personalidade a seguir pelo jovem, em particular para lá do futebol,

porque isso ajuda a construir um caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela

vai ser, como no futuro na transição de júnior para sénior.

Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol, para o bem e

para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores das suas carreiras, mas nesta

euforia caem muita boa gente, que vêm no futebol um caminho cómodo para projetar os

filhos num universo dourado pelos lucros fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador

a desviar-se do seu principal objetivo que é jogar futebol.

Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho, nem sempre é,

e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o melhor para eles mesmos,

ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na pele do filho», os pais nas ultimas

décadas acompanham os filhos nos treinos, jogos e torneios e por isso na pratica tornaram-

se nos «adeptos mais críticos dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem

precisa principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um

«treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude em nada

beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para sénior.

Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na formação de

futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma disciplina rigorosa na qual

podem emergir apenas aqueles que são naturalmente dotados e têm a possibilidade de

Page 4: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

evoluir as suas capacidades técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e

psicológicas sobre o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que

seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado para potenciar

um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro lado jogadores mais

ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico tem mais probabilidades de

conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir os seus objetivos de afirmação numa

equipa sénior, ou dito de outra forma, grande percentagem do jovem jogador não consegue

passar a «ultima barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados

prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam em

desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol sénior, como se

esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras profissões» a seguir!

O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto com mais

praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com paixões e emoções, mas

acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande negócio de milhões para todos os

intervenientes ligados diretamente ou indiretamente á modalidade que é o futebol.

Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o comando da

FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o futebol como as grandes

multinacionais, empresários e os vários órgãos de comunicação social como as televisões,

jornais e rádios, e no meio deste grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de

futebol, que por vezes não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e

como todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro pretendido pela

entidade empregadora, quer desportivo quer financeiro e esta é a realidade do nosso futebol

de formação em Portugal e Mundial, são preparados (treinados), para um dia poder

representar a equipa sénior de futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do

«investimento» até então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos

jovens jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar a

equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos extrínsecos.

Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior, permanece

muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os jovens jogadores, mas

também como se forma o plantel sénior de futebol profissional, composto por jogadores de

formação nacionais, estrangeiros ou jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta

é a realidade deste grande desporto que é o futebol!

Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os jovens

Page 5: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade trazida pelos mesmos

residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra, assim como os estudantes

portugueses que de lá regressavam, por todos estes e outros motivos históricos ligados

maioritariamente aos estrangeiros em Portugal, não se pode associar de forma direta ou

indireta a responsabilidade ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou

adaptação do jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para

sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a nível

quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do século XXI de

muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª Divisão hoje 1ª Liga, «alguns

de alguma qualidade duvidosa», mas não nos podemos esquecer da chegada de outros

tantos jogadores de seleções estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol

em Portugal como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e

muitos mais.

Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também para muitos

como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na vida, á sempre os «prós

e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais democráticas; e a nossa constituição

consagra o direito ao trabalho como um direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo

58.º CRP).

Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros ao nosso

futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso futebol Português

conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20 em 1989 e 1991; sobre o

comando técnico do Professor Carlos Queiroz, (Selecionador de Juniores) na altura.

Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a denominada «geração

de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V. Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia,

Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho, Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes

jogadores jogaram em grandes clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a

representar a principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos

êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e Cao, etc.,

para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande feito com a conquista do

Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a ter a projeção e mediatismo no

futebol sénior que a grande parte deles lhe era apontada nos juniores, tanto nos seus clubes

de formação como na principal seleção de Portugal.

Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens jogadores e

Page 6: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa sociedade em geral que

passa por uma perlongada «crise económica e de valores» em que os clubes se tentam

adaptar ou ajustar particularmente na composição do seu plantel sénior com a introdução de

alguns jogadores provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim,

como algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do futebol;

como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez mais empresarial, «se

eu produzir qualidade logo não preciso de comprar qualidade», para dar resposta as

necessidades do futebol sénior profissional.

Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como os clubes se

organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na transição para o futebol

sénior profissional.

Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no geral a uma

clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação praticada por alguns

clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os outros ditos «pequenos» que

fruto da rápida informação e novas tecnologias existentes hoje em dia, que na minha

modesta opinião, não passa de uma; «Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o

objetivo principal na formação de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades

individuais de cada jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador

nas várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida integração numa

equipa sénior profissional.

Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem jogador júnior, para

os resultados imediatos nos jogos em função do adversário, privilegiando na metodologia de

treino e nos vários Microciclos exercícios desajustados, á capacidade de execução de cada

atleta, que por vezes os mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de

complexidade das características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos

atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube

ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual.

O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um clube, por vezes

momentânea do atual coordenador do futebol de formação, em que o próprio na grande

parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em detrimento das ideias e «ADN» do próprio

clube e toda a sua historia, não esquecer no entanto que as ideias do coordenador são

sempre do clube onde desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube

estão sempre presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade

Page 7: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e modelo e

sistema de jogo do clube.

Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior para sénior?

1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o ideal?

O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente em duas zonas

Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do campeonato vão jogar contra

adversários supostamente mais limitados, que não vão além de determinados limites quer a

nível técnico-tático, física e psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados

desnivelados, onde a equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os

seus hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o nível

competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de menor nível de

exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade do campeonato nacional de

futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida em 3 Grupos, sendo estes o apuramento

do campeão e manutenção zona norte e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem

jogador júnior vai ao limite das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no

entanto parece-nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se

resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o ultimo ano na

formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior.

Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a criação de

equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª Liga, foi uma boa medida

adotada para aproximar diferenças existentes entre futebol júnior para o sénior, mas outras

medidas podem ser implementadas como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub-

19) dos clubes que representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no principal

campeonato sénior regional do seu distrito, seria do especto técnico-tático, físico e

psicológico como a “verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as

situações existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais

experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos profissionais da 2

Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver todas as suas competências

adquiridas e aproximar diferenças entre a formação e o futebol sénior profissional.

2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa principal?

Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação deve, ir

primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e psicológicas dos jogadores

da equipa júnior/formação que dispõe no momento, tendo em conta as suas qualidades

Page 8: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

fisiológicas dos jogadores e depois a partir dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo

ideal para o coletivo, tendo em conta no entanto que na formação é importante os jogadores

experienciarem os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se

de maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que é o

processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de futebol!

Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo modelo e

sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube, pois sabemos que cada

treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e sistema de jogo, e devido a essa mesma

razão sendo o futebol sénior a “maior referência” do clube, e o cargo de treinador principal

da equipa sénior devido a sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos

resultados, deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o

futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa (treinador equipa

sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas no futebol de formação como

um todo e algo só deles nas várias equipas de formação.

3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior?

Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do jogador júnior

no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol sénior exige, no entanto não

nos podemos desassociar que o objetivo final é a sua melhoria qualitativa como jogador

júnior para sénior e sua rápida adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores

sem olhar para a competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência

inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua melhoria nos

resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois treinar ideias de jogo do

treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos transmitem no treino, dentro da

especificidade e a identidade da equipa e seus jogadores, e só depois vamos idealizar o

nosso modelo de jogo, “uma coisa é jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar

a jogar futebol”, a mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de

treino, princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis.

4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação?

A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa equipa de

futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de treino simples consoante as

características da equipa e jogadores dentro das ideias de jogo - princípios e subprincípios

próprios com o nosso modelo e sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de

dificuldade no decorrer, mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de

Page 9: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

jogo dentro da especificidade.

No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido

emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é tanto maior

quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de treino, ai entra o treinador

parte integrante na planificação no processo operacional de treino e seus exercícios/unidades

que passa essas próprias ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que

desenvolve na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático

dentro da especificidade do coletivo e individual.

4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de formação?

O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no entanto sabe-

se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais” seja no treino ou competição,

os grandes jogadores de futebol da atualidade como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de

mentalidade” aleada a todas outras capacidades técnico-tática e física, no entanto

concordamos que este tipo de mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol

dificilmente a competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são

suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e motivacionais são

determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de grande presão que diretamente

atinge o jogador de formação desde o treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco

motivacional próprio do jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou

Namorada, estes muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados

ao jovem jogador.

No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a mentalidade e

motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas durante a época em função

desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de recursos humanos e materiais para fazer

sentir na equipa de formação como um investimento de futuro no clube e no panorama

nacional.

5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação?

Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de ex.: atletas

profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de formação, é algo lógico, já que

são referências do clube e dos próprios jovens jogadores, mas muitos deles podem ainda não

ter a experiencia de treinador, mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos

esquecer que a competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem

forma e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das capacidades

Page 10: A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional

daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos jogadores, conseguir que se

empenhem sempre ao máximo das suas capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer

no treino e jogo, só assim terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo.

Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são jovens

adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e se emocionam, e

todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas várias faces durante o processo

de transição de júnior para sénior.

Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol, tem que

existir competência na metodologia de treino, liderança e principalmente técnicas de

comunicação, porque o treinador necessita de ser capaz de levar aqueles a quem se dirige a

reconhecer essa autoridade, dentro e fora de campo.

Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de trabalho onde a sua

competência seja demonstrada e exista confiança e respeito mútuos, o sucesso de uns seja o

sucesso de todos. Não basta portanto adquirir conhecimento, sendo fundamental que o

mesmo seja aplicado de forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é

decisivo para o treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua

qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com que os

jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são algumas verdades cuja

aplicação ao processo final de formação, que é a transição do jogador júnior para sénior.

DEDICATÓRIA

Em memória do meu irmão Marco António

Moutinho Gomes Vieira, apesar de não estar mais

entre nós, “esta sempre no meu coração”, ele

como muitos no passado e presente na transição

de júnior para futebol sénior, simplesmente

desistiu, … mas a maior “rasteira” que a vida lhe

pregou, lutou sempre e nunca desistiu até um dia

a dormir “ veio um anjo e o levou”!

“Na teoria todos nós temos algumas ideias e soluções na transição de júnior para sénior, mas

na prática é como um jogo de futebol, só sabemos o resultado no final”!

Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016