ativo jogador de futebol

95
UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO – UNISA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS HEIDI DE OLIVEIRA LIMA KÉZIA ALVES PEREIRA JOÃO CONCEIÇÃO TEXEIRA LIMA RAFAEL MACIEL PIAUI VANESSA SAVEGNAGO BARBIERI PROPOSIÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DO VALOR CONTÁBIL DO ATIVO: Jogador de Futebol.

Upload: heidi-lima

Post on 17-Dec-2014

2.475 views

Category:

Business


3 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Ativo jogador de futebol

UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO – UNISA

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

HEIDI DE OLIVEIRA LIMA

KÉZIA ALVES PEREIRA

JOÃO CONCEIÇÃO TEXEIRA LIMA

RAFAEL MACIEL PIAUI

VANESSA SAVEGNAGO BARBIERI

PROPOSIÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DO VALOR CONTÁBIL DO ATIVO:

Jogador de Futebol.

SÃO PAULO

2005

Page 2: Ativo jogador de futebol

UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO – UNISA

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

HEIDI DE OLIVEIRA LIMA

KÉZIA ALVES PEREIRA

JOÃO CONCEIÇÃO TEXEIRA LIMA

RAFAEL MACIEL PIAUI

VANESSA SAVEGNAGO BARBIERI

PROPOSIÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DO VALOR CONTÁBIL DO ATIVO:

Jogador de Futebol.

SÃO PAULO

2005

ii

Monografia apresentada à Faculdade de

Administração e Ciências Contábeis da

UNISA para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência Contábeis, sob a

orientação do Prof. Joshua Onome

Imoniana.

Page 3: Ativo jogador de futebol

PROPOSIÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DO VALOR

CONTÁBIL DO ATIVO: Jogador de Futebol.

HEIDI DE OLIVEIRA LIMA

KÉZIA ALVES PEREIRA

JOÃO CONCEIÇÃO TEXEIRA LIMA

RAFAEL MACIEL PIAUI

VANESSA SAVEGNAGO BARBIERI

Aprovada em _____ / _____ / _____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

Nome Completo (orientador)

Titulação

___________________________________________________________

Nome Completo

Titulação

___________________________________________________________

Nome Completo

Titulação

CONCEITO FINAL: __________________

iii

Page 4: Ativo jogador de futebol

“Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado. Mas nada pode ser modificado até que seja

enfrentado” (James Baldwin, escritor americano).

iv

Page 5: Ativo jogador de futebol

v

Dedicamos primeiramente a Deus pelo dom da vida, aos nossos parentes e pais pela compreensão e alento nos momentos difíceis, bem como a todos os colegas da UNISA que incentivaram o prosseguimento dos estudos contábeis.

Page 6: Ativo jogador de futebol

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, pai, amigo e mantenedor, por ter nos

carregado no colo muitas vezes, deu-nos forças, sabedoria e capacidade para poder

concluir mais uma etapa.

À família, que mesmo à distância deu-nos apoio, compreensão e incentivo.

Agradecemos às seguintes pessoas e organizações que nos ajudaram na

preparação do texto e das ilustrações deste trabalho:

Ao Professor Carlos Aragaki, pelas tantas horas de seu tempo que nos

dedicou, guiando-nos pelos caminhos da ciência, a nossa perene gratidão.

Ao Professor Abrão Blumen, cujo apoio tem nos permitido realizar nosso ideal

de profissão e vida, dedicamos nossa amizade, admiração e respeito, e aos demais

professores da instituição Universidade de Santo Amaro (UNISA), como o professor e

coordenador da Faculdade de Ciências Contábeis Emilio Vieira Neto. Além dessas

pessoas as organizações, UNISA como toda: Biblioteca Milton Soldani Afonso, Centro

de Micro Informática (CMI), entre outras, IOB, Conselho Regional de Contabilidade

São Paulo (CRCSP) e, Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Gostaríamos, particularmente, de agradecer ao Prof. Joshua Onome Imoniana,

que inspirou pessoalmente a abraçar a “Proposição do Modelo de Mensuração do

Valor Contábil do Ativo: Jogador de Futebol”.

vi

Page 7: Ativo jogador de futebol

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Futebol do Mundo __________________________________ 4

Bibliografia: SOUZA, Manoel. FutebolNews.Net. História do

Futebol. www.futebolnews.com/home/historia_do_futebol.asp

Figura 2 – Foot Ball _________________________________________ 8

Bibliografia: SOUZA, Manoel. FutebolNews.Net. História do

Futebol. www.futebolnews.com/home/historia_do_futebol.asp

Figura 3 – FIFA ____________________________________________ 9

Bibliografia: FIFA, Federação Internacional de Football

Association. História da FIFA. www.ffia.com

Figura 4 – Charles Miller _____________________________________ 11

Bibliografia: Gazeta Esportiva.Net. O Futebol no Brasil.

www.gazetaesportiva.net/futebol/historia_do_futebol/futebol_brasil

Figura 5 – Time de Várzea do Carmo ___________________________ 11

Bibliografia: Gazeta Esportiva.Net. O Futebol no Brasil.

www.gazetaesportiva.net/futebol/historia_do_futebol/futebol_brasil

vii

Page 8: Ativo jogador de futebol

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” _____ 20

Tabela 2 – Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” _____ 21

Tabela 3 – Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” _____ 21

Tabela 4 – Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” _____ 22

Tabela 5 – Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” _____ 23

Tabela 6 – Síntese do Balanço do Santos Futebol Clube ____________29

Tabela 7 – Síntese do Balanço do Santos Futebol Clube ____________30

Tabela 8 – Síntese do Balanço do Santos Futebol Clube ____________31

Tabela 9 – Síntese dos Critérios - Classificação ___________________40

viii

Page 9: Ativo jogador de futebol

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ______________________________________________ vii

LISTA DE TABELAS _____________________________________________ viii

RESUMO _______________________________________________________ x

INTRODUÇÃO __________________________________________________ 1

2 HISTÓRIA DO FUTEBOL _______________________________________ 4

2.1 Futebol do Mundo ____________________________________________ 4

2.2 Futebol do Brasil _____________________________________________ 11

3 TEORIA DA MENSURAÇÃO ____________________________________ 16

3.1 Receitas Operacionais ________________________________________ 16

3.2 Processo de Negociação ______________________________________ 17

3.3 Mensuração do Ativo _________________________________________ 18

3.3.1 Mensuração Inicial do Ativo Intangível _________________________ 20

4 ATLETA COMPRADO X FORMADO ______________________________ 28

4.1 Teste de Recuperação ________________________________________ 29

4.2 Classificação ________________________________________________ 29

4.2.1 Comparação das Contas dos Clubes ___________________________ 35

5 APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS _______________________ 41

5.1 Amortização _________________________________________________ 42

5.2 Contabilização do Passe do Atleta ______________________________ 43

6 ASPECTOS LEGAIS: AVANÇOS E CONSEQÜÊNCIAS _______________ 46

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________________________________ 53

BIBLIOGRAFIA _________________________________________________ 54

ix

Page 10: Ativo jogador de futebol

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo uma melhor análise da diferença entre o atleta

comprado e o formado pelo clube. Apresenta uma visualização dos tratamentos

contábeis neste setor, como o Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas

e com Períodos Contábeis. O enfoque adotado neste estudo é a pesquisa

exploratória, abrangendo às demonstrações contábeis dos clubes, a gestão dos

dirigentes, bem como questões relacionadas à CONTABILIDADE. Foram utilizadas

fontes de receita dos clubes nacionais como exemplos práticos, que demonstrem o

resultado das diferentes estratégias administrativas das diferentes realidades.

Evidencia avanços, conseqüências e aspectos legais que regem este setor. Compara

os critérios utilizados pelos clubes na classificação, mensuração e avaliação dos

direitos federativos sobre os atletas.

x

Page 11: Ativo jogador de futebol

xi

Page 12: Ativo jogador de futebol

1. INTRODUÇÃO

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA/ASSUNTO

O ponto central do presente estudo é o processo de mensuração do valor do atleta

(jogador de futebol), quando este é contratado ou formado pelo clube, por tanto, como

avaliar este atleta. É com referência nas leis atuais do setor futebolista, e com

evidências dos critérios contábeis, que abrange o valor pago pelo passe e os custos

adicionais.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA

Os clubes brasileiros não possuem regras contábeis definidas e dependem para

sua sobrevivência das cotas de televisão. Para liquidar suas dívidas de curto prazo,

conta com a venda de seus talentos. Quanto aos estádios, sua modernização é muito

lenta e restrita, sendo pouco considerada como fonte de receita. Quanto deverá ser

gerado em Receita Operacional, a venda ou não do atleta? E como este profissional é

classificado, no Balanço Patrimonial, tanto de jogadores adquiridos, como os

formados pelo clube? Qual o valor do lucro correto a ser apurado, de uma venda de

um profissional formado pelo clube, levando em consideração a indenizações, custo

de formação, alimentação, além de moradia, treinamento técnico e muscular,

atendimento psicológico e nutricional, entre outros valores relevantes que o referido

tema baseia-se?

1.3 OBJETIVO

O trabalho visa propiciar melhor compreensão e análise da diferença entre o

atleta comprado e o formado pelo clube, bem como subsídios de tratamento contábeis

correspondentes, apresentar fontes de receita dos clubes nacionais e visando

demonstrar o resultado das diferentes estratégias administrativas das diferentes

realidades.

Page 13: Ativo jogador de futebol

1.4 JUSTIFICATIVA DO TEMA OU RELEVÂNCIA SOCIAL

Por meio deste trabalho, ajudar na melhor compreensão das análises das

demonstrações contábeis dos clubes de futebol, também fornecer a sociedade uma

moderna infra-estrutura, indicar quais as leis que regem este setor, e dados de

obtenção de receita na exploração tratamento contábil do atleta - jogador de futebol –

que proporciona benefícios econômicos futuros para seus clubes, abrangendo sua

atuação nas partidas, a venda de produtos licenciados, contratos publicitários e,

também no momento de sua negociação. Muitos benefícios, como a contribuição para

o sucesso do clube, a divulgação da sua torcida, são intangíveis.

1.5 FORMAÇÃO DA HIPÓTESE DA PESQUISA

Para este trabalho será adotada a seguinte hipótese:

H1: A visualização dos tratamentos contábeis neste setor, como o Princípio do

Confronto das Despesas com as Receitas e com Períodos Contábeis, todos

os consumos ou sacrifícios de ativos (despesas ou perdas), realizados em

determinado período deverão ser confrontadas as receitas reconhecidas

nesse mesmo período ou a ele atribuídas.

H2: A classificação no Balanço Patrimonial dos clubes, cujos ativos são os

estádios e os jogadores, tanto os adquiridos como os formados, que

equivalem aos estoques de uma empresa comercial, devem ser

classificados, da mesma maneira, no Ativo Circulante ou no Realizável

Longo Prazo considerando o prazo esperado para a venda.

2

Page 14: Ativo jogador de futebol

1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA

O enfoque adotado neste estudo é a pesquisa exploratória, abrangendo às

demonstrações contábeis dos clubes, a gestão dos dirigentes, e a visão dos

jogadores sobre seu passe, bem como questões relacionadas à CONTABILIDADE.

Sendo utilizado nele o método de pesquisa literária, fundamentada numa análise

teórica, com observação prática e leitura de documentação, até então disponível no

meio acadêmico, com objetivo de obter um verdadeiro juízo de valor para determinar

e identificar as regras de avaliação de ativo, os princípios contábeis e as leis do setor

futebolista mais relevantes que caracterizam a realidade da problemática exposta,

com o reconhecimento dos clubes nacionais e internacionais. Na consulta da

bibliografia disponível sobre o tema de estudo proposto, como trabalhos e artigos

voltados para este tema, onde o alvo de investigação será a classificação do ativo

jogador de futebol nas demonstrações dos clubes.

3

Page 15: Ativo jogador de futebol

3. HISTÓRIA DO FUTEBOL

2.1 FUTEBOL DO MUNDO

Descobertas arqueológicas revelaram a existência

de um jogo de bola praticado com o pé há mais de

trinta séculos, no Egito e na Babilônia. Um jogo

similar ao futebol, denominado tsu-chu ("golpe na

bola com o pé"), era praticado pelos chineses em

2.600 a.C. Mais ou menos nessa época, praticava-

se um esporte semelhante no Japão, com a

diferença que as mulheres não podiam participar. O

kemari ("chutar a bola"), cujo objetivo principal era

não deixar a bola cair no chão, desenvolvendo, assim, a técnica de controlá-la com os

pés, sem nenhum contato corporal. Foi disputado pelos imperadores Engi e Tenrei, o

campo (kakari) era quadrado e cada lado havia uma árvore: cerejeira (sakura),

salgueiro (yana-gi), bordo (kaede) e pinheiro (matsu). Os jogadores (mariashi, de mari

= bola e ashi = pé) eram oito. Ainda hoje é um esporte japonês tradicional.

Na história deste esporte a sua invenção é atribuída ao imperador chinês

Huang-ti, por volta de 2500 a.C. O jogo tinha por finalidade preparar os soldados, em

corpo e espírito para batalhas guerreiras. Por Yang-Tsé, integrante da guarda do

Imperador, na dinastia Xia, em 2.197 a.C. Era disputado com uma bola de couro que

se lançava além de duas estacas cravadas no chão.

Na Antigüidade Grega apareceu uma variante desse jogo, denominada

epyskiros. Era praticado em Esparta no século IV a.C. por equipes de quinze atletas,

num campo retangular, que consistia basicamente em conduzir uma bola com os pés

(uma bexiga de boi cheia de areia ou com ar). Ela deveria ser arremessada para as

metas, no fundo de cada lado do campo.

Entre os anos de 900 e 200 a.C., na Península de Lucatã, atual México, os

Maias praticavam um jogo (de nome desconhecido) com os pés e as mãos. O objetivo

do jogo era arremessar a bola num furo circular no meio de seis placas quadradas de

pedras. Na linha do fundo havia dois templos, onde o atirador-mestre (o equivalente

ao capitão da equipe) do time perdedor era sacrificado. Pouco depois, por volta de

200 a.C., surgia no Império Romano o harpastum, considerado o primeiro futebol

jogado com esquema pré-estabelecido. Os militares que o disputavam dividiam-se em

dois grupos: defensores e atacantes.

4

F1: (2005)

Page 16: Ativo jogador de futebol

O campo era retangular, com áreas demarcadas (dividido por uma linha e com

duas linhas como meta), as quais definiam as posições dos jogadores de ataque e

defesa. Em seu processo de expansão, os romanos levaram o jogo de bola a outras

regiões da Europa, da Ásia Menor e do Norte da África. A bola, feita de bexiga de boi,

era chamada de follis. Ao que tudo indica, foram eles os introdutores do "futebol" na

Gália e na Bretanha, apesar de alguns historiadores afirmarem a existência, nesta

última, de um futebol nativo, de origem meio lendária e meio cívica.

Durante a Idade Média, o jogo de bola era muito disputado na Gália (onde tinha

o nome de soule), em Flandres e na Picardia (onde tinha nome de choule). Entre os

anos 58 e 51 a.C., tendo regras que variavam de região para região, praticado pela

aristocracia, tendo como grande entusiasta o rei Henrique II. Na Itália, o futebol surgiu

no séc. XVI com o nome de giuoco di calcio, e era jogada uma vez por ano pelos

nobres de Florença e Siena. Cada equipe tinha vinte e sete jogadores, geralmente

nobres, divididos em quatro setores: três zagueiros recuados, quatro zagueiros

avançados, cinco médios e quinze atacantes. Com apenas um ponto, a partida era

encerrada.

Na segunda metade do século XVII, os partidários do rei Carlos II, refugiados

na Itália, levaram entre os costumes assimilados no refúgio, e a prática do cálcio, para

a Inglaterra quando seu soberano foi restaurado no trono. Assim, o futebol chegou à

Inglaterra e de lá foi exportado para o mundo. Nas aldeias britânicas, na época,

faziam-se o jogo num terreno que tinha 120 por 180 metros e em suas extremidades

havia dois postes de madeira, chamados goal. A bola já era de couro, cheia de ar.

Foi na Inglaterra, porém, que o futebol atual tomou forma. Por muito tempo, o

esporte foi combatido pelas autoridades devido à sua extrema violência. A Idade

Média inglesa está pontilhada de episódios violentos, muitos incluindo mortes

ocorridas durante partidas de futebol. Em 1313, uma lei determinou a proibição do

jogo de bola em Londres, alegando que este causava grandes transtornos na vida da

cidade. Além de violento, o futebol, por ser muito popular entre o povo, poderia

desviar a atenção dos soldados ingleses dos esportes mais de acordo com os

treinamentos militares (arco-e-flecha, arremesso de lança, e esgrima).

5

Page 17: Ativo jogador de futebol

Devido às proibições, o futebol sofreu uma série de modificações na Inglaterra,

transformando-se em um esporte menos rude. Já no séc. XVII, Carlos II foi o primeiro

rei inglês a permitir, em 1660, a prática do futebol, autorizando seus soldados a

enfrentarem os homens do duque de Albermale, em um jogo de bola. Tais

transformações tornaram um esporte escolar. Mas suas regras variavam muito,

especialmente quanto ao uso das mãos no jogo. De 1810 a 1840 surgiram inúmeras

regras com os nomes dos colégios onde o jogo era praticado: Eton, Harrow, Rugby,

Shresbury, Westminster. Cada regra, porém, tinha características próprias, impedindo

a disputa entre equipes de colégios diferentes. A questão foi resolvida em 1848, numa

conferência realizada em Cambridge, onde se estabeleceu um código único de regras

que serviria de base às leis atuais do futebol.

No início do séc. XIX, Thomas Arnold, encarregado de reformular o ensino

superior inglês, introduziu a prática de diversos esportes — entre os quais o futebol —

no currículo universitário. A realização de competições esportivas propagou-se em

todos os níveis do ensino na Inglaterra. Em 1843, um grupo de estudantes de

medicina criou o primeiro time de futebol fora das universidades, o Guy's Hospital

Football Club.

Na primeira década do séc. XIX, as muitas escolas inglesas já realizavam

disputas de um jogo semelhante ao futebol moderno. Em cada uma dessas escolas, o

futebol foi recebendo uma série de regras, que alteravam e desenvolviam o jogo. A

mais antiga regulamentação escrita sobre o futebol foi em 1830, pelo Dr. Arnold de

Rugby. Ele criou um sistema de prefeitos e monitores, jogada na escola de Rugby,

aprovada em 1846. O futebol jogado em Rugby tinha uma característica que o

distinguia do praticado nas outras escolas: os jogadores podiam pegar a bola com as

mãos e carregá-la por todo o campo, enquanto as outras modalidades de futebol

permitiam o uso das mãos apenas para reter uma bola alta, tendo o jogador, assim

que a retivesse, que colocá-la no chão e chutá-la, sem poder carregá-la ou

impulsioná-la com a mão. Cada equipe tinha onze jogadores.

Por essa época, havia muitas regras e formas de se praticar o futebol. Coube a

escola de Eton, a organização do primeiro jogo onde era permitido apenas o uso dos

pés. Aos poucos, a nova corrente foi ganhando novos adeptos. A outra continuou no

velho estilo, que se transformaria no Rugby. 

6

Page 18: Ativo jogador de futebol

Em outubro de 1848, uma associação de escolas reuniu-se no Trinity College,

em Cambridge, e elaborou o "Regulamento de Cambridge". Ele foi elaborado e todos

concordaram: as novas regras estavam homologadas. Em 1855, o primeiro clube de

futebol do mundo, o Sheffiel nasceu para ficar. Foi em 1885 que surgiu o

profissionalismo. Mr. W. Mac Gregor tornou o profissionalismo legal e organizado. 

Os onze clubes que haviam enviado representantes à reunião, viveram em paz

por pouco tempo. Logo surgiram as divergências e oito mais tarde, os que não

concordavam com a nova liga, já haviam se separado e numa reunião formaram a

Rugby Union. Em 1871, começou a disputa da Copa da Associação de Futebol. No

ano seguinte, houve o primeiro jogo internacional: Inglaterra e Escócia. E, em 1883, o

campeonato já tinha se ampliado: dele participavam ingleses, escoceses, irlandeses e

galeses. 

Nos seus primeiros onze anos, a taça ficou para os clubes do sul da Inglaterra.

Nessa época, o jogo se apoiava principalmente nas violentas disputas corpo a corpo,

acompanhadas por multidões frenéticas e interessadas. Os ataques formados por

sete jogadores predominaram até 1883, quando a Universidade de Cambridge

experimentou um ataque formado por cinco jogadores. Neste ano, o Blackburn

conquistou a taça pela primeira vez para o Norte da Inglaterra. E o esquema do jogo

mudou. 

Enquanto isso, as grandes regiões de Lanchshire e de Yorkshire,

desenvolvidas subitamente pela era industrial, começaram a formar times pagos e

aproveitavam os bons salários das fabricas, para atrair os escoceses para suas

equipes. Desde o início, os escoceses tinham revelado se bons jogadores, com muita

habilidade de toque e um jogo de passes curtos e rápidos. 

Notts County, o mais antigo clube de futebol inglês, pertencente até hoje à

Football League (Liga de Futebol), aparecia em 1862. No ano seguinte foi realizada a

primeira partida internacional no Queen's Park de Glasgow, entre as representações

da Escócia e Inglaterra, registrando-se um empate de 0 a 0. Em 1883/84 realizava-se

o primeiro torneio internacional do mundo: o Campeonato Interbritânico.

7

Page 19: Ativo jogador de futebol

F2: Esta gravura publicada em “Le Monde Ilustré” em 1867, é provavelmente o primeiro documento ilustrado

surgido na Europa Continental em que se mostra o “foot ball” praticado nas universidades britânicas.

Alguns historiadores apontam-no como forma de encorajar os franceses à pratica do “foot ball”. (in “História do Futebol” de Manuel de Sousa)

Desenvolvido na Inglaterra, o futebol começou a ser exportado para o resto do

mundo, com os novos produtos fabricados pela indústria inglesa. Assim, chegou à

América do Sul. Na Argentina, em 1864, um professor inglês chamado Alexander

Watson-Hutton, fundou sua própria escola e resolveu que o futebol era algo bom para

acalmar o espírito dos estudantes. E introduziu a nova mania no currículo escolar. Por

8

Page 20: Ativo jogador de futebol

isso, em 1885, esse esporte deixou de ser um hobby para ganhar um aspecto

profissional. No ano seguinte era criado o Internacional Board, entidade encarregada

de fixar e eventualmente mudar as regras do jogo. Para regulamentar o futebol

profissional e organizar campeonatos, fundaram em 1888 a Football League.

E em 1890, mais de dezena de clubes proliferavam em Buenos Aires. Mas foi

em 1867 que o futebol foi mencionado pela primeira vez na América do Sul, num

jornal. O "Buenos Aires Standard" publicou um anúncio, patrocinado pelos irmãos

Thomas Hagg e Willian Heald, com o estímulo de Edward Mullrall, editor do jornal,

onde eles chamavam a atenção dos leitores, para um novo e fascinante esporte,

chamado Football Association, que estava fazendo sucesso não só entre os

estudantes ingleses, como entre os operários do país. Neste ano a questão da

arbritagem foi resolvida, com a definição e legalização das atribuições do juiz. Em

1891 era criado o pênalti, por sugestão da Federação Irlandesa.

A FIFA (Federação Internacional de Football Association)

Federação Internacional de Futebol, entidade que preside ao futebol

no mundo, era fundada em 1904 em Paris, mesmo sem o apoio da

Inglaterra. Somente no ano seguinte os ingleses aderiram à entidade.

Em 1897 um time inglês chamado Corinthians fazia sua primeira excursão fora

da Europa, ficando uma temporada na África do Sul. Isso foi um grande incentivo para

a Seleção Inglesa, conhecida internacionalmente como English Team, que, em 1889,

foi jogar na Alemanha.

Em todas as iniciativas pioneiras o futebol inglês foi ganhando cada vez mais

prestígio. Sua primazia, no início, era indiscutível. Tanto assim que a primeira derrota

do English Team só aconteceu em 1929, em Madrid, quando perdeu para o time da

Espanha. Mas nem essa derrota abalou o vedetismo dos ingleses, que se recusaram

a participar das primeiras Copas do Mundo por se julgarem superiores e não

quererem disputar com seleções de nível técnico inferior. Neste mesmo ano,

acontecia o fato mais marcante na história do futebol: a FIFA decidia realizar a

primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai em 1930. Assim, o futebol afirmava-

se como o esporte mais popular do mundo.

Nos Jogos Olímpicos o futebol foi admitido em 1908. No jogo decisivo a

Inglaterra venceu a Dinamarca por 2 a 0. Nos jogos de 1924, em Paris, o futebol sul-

americano começava a aparecer no cenário internacional: o Uruguai ganhava a final

9

F3: (2005)

Page 21: Ativo jogador de futebol

por 3 a 0, derrotando a Suíça. Em 1928 a seleção uruguaia sagrava-se bicampeã

olímpica em Amsterdam, na Holanda.

A Inglaterra só mudou de opinião a partir de 1950, participando da Copa

desenrolada no Brasil e perdendo até do modesto time dos Estados Unidos. Aí viram

os ingleses que não eram mais os bambas do futebol. E trataram de se aperfeiçoar e

acompanhar a evolução mundial, até que conseguiram, finalmente, vencer uma Copa

do Mundo, a de 1966. Na partida final, o English Team bateu a Alemanha Ocidental

por 4 a 2, jogando com: Banks; Cohen; Jack Charlton e Wilson; Stiles e Bobby Moore;

Ball, Hurst, Hunt, Bobby Charlton e Peters. A conquista foi amplamente celebrada, e

os jogadores ingleses tornaram-se heróis nacionais.

Para a Copa de 1970, a Seleção Inglesa era uma das favoritas, mas não

passou das quartas de finais. Mas as coisas piorariam ainda mais: na fase de

classificação para a próxima Copa, os ingleses foram eliminados pela Polônia em

pleno estádio de Wembley.

Seu futebol, porém, continua a ser respeitado em todo o mundo.

Passes perfeitos, dribles desconcertantes e chutes violentos - eis as principais

características de Roberto Rivelino, nascido em São Paulo em 1946 e hoje um dos

astros mais bem pagos do futebol brasileiro. Seu futebol era grande demais para o

Indiano, clube amador onde ele começou, e por isso foi levado para o Coríntians,

onde, em 1964, se sagrou campeão paulista de aspirantes. No ano seguinte já era

titular da equipe principal do clube do Parque São Jorge. Sua fama cresceu

rapidamente e ele foi parar na Seleção Brasileira, tornando-se campeão mundial.

Sobre ele disse Kramer, técnico da FIFA: "Em quinze minutos ele pode ganhar

qualquer jogo".

Aos poucos, os técnicos que chegavam à Argentina, para construir o novo

sistema ferroviário da Argentina, traziam para as Américas o novo esporte. Ele se

desenvolveu e se espalhou pelo mundo.

10

Page 22: Ativo jogador de futebol

2.2 FUTEBOL DO BRASIL

O primeiro registro de uma partida de futebol no

Brasil data de 1878, porém o ano de 1894 é

considerado o marco inicial do futebol no Brasil. Nesse

ano, Charles Miller paulista, filho de ingleses radicados

em São Paulo, voltou da Inglaterra, onde fora estudar,

trazendo na bagagem duas bolas de couro e um

uniforme completo de futebol, livros sobre as regras do

jogo e sua experiência como jogador do time do

Southampton e da seleção do condado de Hampshire.

Em abril de 1885, na Várzea do Carmo, em São

Paulo, organizou duas equipes de empregados ingleses

das companhias de gás, de um lado, e transporte

ferroviário da São Paulo Railway, do outro, para

disputar um jogo no campo da Companhia de Viação

Paulista. Resultado: 4 a 2 para a São Paulo Railway.

A iniciativa teve grande êxito e, em pouco tempo,

foram fundados diversos clubes de futebol na capital

paulista. E em pouco tempo este esporte passava a interessar os brasileiros. Tanto

assim que já em 1998 estudantes do Mackenzie College (SP) fundaram o primeiro

11

F4/5: Gazeta Esportiva.Net

Page 23: Ativo jogador de futebol

clube brasileiro para a prática do futebol: a Associação Atlética Mackenzie. O São

Paulo Athletic, clube de ingleses, logo organiza seu departamento de futebol.

Seguem-se S.C. Rio Germânia, (hoje E.C. Pinheiros), fundado pelo alemão Hans

Nobiling: o Mackenzie, primeiro clube formado por brasileiros unicamente para a

prática do novo esporte; e o S.C. Internacional criado de uma dissidência entre os

fundadores do Germânia, e outros clubes em todos os estados do Brasil. Em 1900

surgem o S.C. Rio Grande (RS) na cidade do mesmo nome e a A. A. Ponte Preta em

Campinas (SP), atualmente os mais antigos clubes de futebol no Brasil. E ao raiar do

século XX, em 1901, foi criada a Liga Paulista de Futebol e, realizam-se os primeiros

jogos entre as equipes paulista e carioca, com dois diplomáticos empates: 1 a 1 e 2 a

2.

Em 1902 foi disputado o primeiro Campeonato Paulista. O time de Charles

Miller, São Paulo Athletic, foi o que mais se destacou nos primeiros anos do esporte,

conquistando a primeira Taça Casimiro de Abreu e o tricampeonato paulista nos anos

de 1902 a 1904. Charles Miller liderou a equipe até o ano de 1910. Em 1905, foi

aprovado o estatuto da Liga Metropolitana de Futebol.

No Rio, Oscar Fox, que trouxe o esporte da Suíça, em 1896, fazia o mesmo.

Ele e Miller organizaram clubes e partidas de futebol. Apesar das dificuldades, Fox

conseguiu reunir um pequeno grupo, formando o Rio Team. A primeira partida do Rio

Team foi contra um time de ingleses, o Rio Cricket and Athletic Association, que

jogava críquete em Niterói, mas que já havia jogado futebol em sua terra natal. Esse

jogo ocorreu em 1º de agosto de 1901, resultando em 1 x 1, com público de 15

pessoas. No mesmo ano, Fox organizou os primeiros jogos de paulistas contra

cariocas. Foram duas partidas, que terminaram empatadas (2 x 2 e 1 x 1). Em 21 de

julho de 1902, Fox fundou o Fluminense Futebol Clube. Por essa época, o futebol era

um esporte tão apaixonante como agora. Mas suas leis, ainda tinham coisas como

essa: até 1904, era proibido que os jogadores usassem calções acima dos joelhos. E

a tradição mandava que as camisas tivessem colarinho e mangas compridas. Jogava-

se de gravata. A torcida era formada de senhoras da sociedade da época, melhor

sociedade, que compareciam de longos e alvos vestidos e se resguardavam do sol

com sombrinhas rendadas e espantavam o calor com leques de babados.  O futebol

evoluiu. Ganhou estádios. Mas até hoje, mais de cem anos depois, ele continua como

antes: onze homens, atrás de uma bola, com um único objetivo: o gol. Que se torna

cada vez mais raro.

12

Page 24: Ativo jogador de futebol

Em 1960 foi disputado por primeiro Campeonato Carioca. A classificação final

foi: Fluminense, Paissandu, Rio Cricket, Botafogo, Bangu e Football and Athletic Club.

Nessa mesma época, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul davam seus primeiros

passos no novo esporte, no Velódromo, em São Paulo, contra uma seleção sul-

africana, infelizmente, perdeu por 6 a O. Para melhorar a técnica, o C.A. Paulistano

vai buscar Know How na prática do futebol, contratando o técnico inglês John

Hamilton. Em 1910, o Fluminense promove uma excursão do time do Corinthians da

Inglaterra, que alcança retumbantes vitórias em gramados brasileiros. Apesar das

derrotas, os brasileiros ganham experiências e conhecimentos.

E em homenagem a esse time inglês é fundado em São Paulo um clube que

seria muito conhecido por nós atualmente o Sport Club Corinthians Paulista. O

Flamengo, outra legenda viva do futebol brasileiro, surge em 1911 no Rio.

Em 1913 o time do Americano, reforçado por Formiga e Friedenreich,

consegue a primeira vitória brasileira no exterior: 2 a 0 sobre o combinado de Buenos

Aires. De 1910 a 1919, praticamente todos os estados brasileiros já tinham seu

próprio campeonato e sua própria federação. Em 1914, foi criada a Federação

Brasileira de Sports, substituída em 1916, pela Confederação Brasileira de Desportos

(C.B.D), reconhecida pela FIFA em 1923. Também, em 1914, foi formada a primeira

Seleção Brasileira. A equipe, que contava com alguns dos melhores jogadores do Rio

de Janeiro e de São Paulo, jogou pela primeira vez contra um time internacional, o

Exeter City, da Inglaterra, no dia 21 de julho. Dez mil pessoas foram ao estádio do

Fluminense, nas Laranjeiras, assistir ao que os jornais da época chamaram de

"scratch nacional" vencer por 2 x 0. O primeiro jogador brasileiro a marcar gols na

Seleção foi Oswaldo Gomes, jogador do Fluminense. O segundo gol foi marcado por

Osman, jogador do América carioca. Na equipe, também se destacavam o goleiro

Marcos Carneiro de Mendonça e o atacante Friedenreich, o primeiro grande ídolo do

futebol nacional, conhecido como "El Tigre". O primeiro jogo contra uma seleção

aconteceu dois meses depois, contra a Seleção Argentina, iniciando a rivalidade entre

Brasil e Argentina no futebol. O jogo foi em Buenos Aires e os argentinos venceram

por 3 x 0. O primeiro troféu foi conquistado em 27 de setembro de 1914 — a Copa

Roca, após a vitória de 1 x 0 sobre a Argentina no campo do Gimnasia y Esgrima. Em

1919, o Brasil conquistou pela primeira vez o Campeonato Sul-Americano, vencendo

o Chile (6 x 0), Argentina (3 x 1) e Uruguai (1 x 0). A partir dessa data, o esporte

popularizou-se, atraindo cada vez mais o interesse dos brasileiros. O Brasil sagrou-se

13

Page 25: Ativo jogador de futebol

seis vezes campeão sul-americano (19, 22, 49, 89, 97 e 99). O título de 1997,

conquistado na Bolívia, representou a quebra de um tabu: o Brasil nunca havia

vencido uma Copa América disputada fora do país. No ano de 1923, o Brasil se filiou

à FIFA.

Na década de 30, o futebol começou a caracterizar-se como esporte de massa.

Os clubes, até então extremamente elitistas e racistas, começaram a abrir suas portas

a negros e operários. O pioneiro foi o Vasco da Gama

A década de 1930 foi marcada pela profissionalização dos clubes, fato que

provocou uma verdadeira cisão no futebol brasileiro, pois muitos defendiam a

continuidade do amadorismo no esporte. Em 1933, aconteceu o primeiro torneio

interestadual, entre cariocas e paulistas, que foi vencido pelo Palestra, time de São

Paulo.

A partir de 1940, as constantes vitórias de equipes e selecionados brasileiros

no exterior consolidaram o futebol como esporte de preferência nacional. Sendo,

neste mesmo ano, inaugurado em São Paulo o estágio do Pacaembu e em 1948 o

Maracanã. Em 1950, em apenas vinte e dois meses, foi erguido o Maracanã, o maior

estádio do mundo, inaugurado para ser o palco da Copa de 50. O Vasco é o primeiro

time brasileiro a vencer um certame no estrangeiro: o Torneio dos Campeões, em

1948, no Chile. E nesse mesmo país o Brasil vence, em 1952, o I Campeonato Pan-

Americano. A evolução culmina em 1958 na Suécia, com conquista, pela primeira vez,

na Copa do Mundo. Quatro anos depois se torna bicampeão mundial, jogando

novamente no Chile. O Brasil consolida-se com a meca do futebol, o rei do esporte

criado pelos ingleses. O antigo aluno torna-se mestre dos mestres. Confirmando, tal

fama, quando Santos F.C. ganha seguidamente, em 1962/63, o campeonato mundial

interclubes. Já na Copa, no México, em 1970, a Seleção Brasileira realiza sonho

nacional: a conquista do tricampeonato mundial. Em 1972, a vitória na Copa

Independência é encarada como fato natural. Assim, de vitória em vitória, o Brasil

mantém a fama de possuir o melhor futebol do mundo (futebol arte), marcando assim,

definitivamente, sua presença deste esporte na vida brasileira.

A rápida evolução registrada pelo futebol no Brasil fez com que, já em 1923, a

C.B.D. organizasse o primeiro campeonato brasileiro de seleções estaduais, vencido

pelo São Paulo. Esse campeonato foi disputado vinte e cinco vezes, sendo o último

em 1963. Em 1925, chega à Europa, representado pelo Paulistano, que disputa dez

partidas, vencendo nove! Os jogadores brasileiros já amadurecidos conseguem ser

14

Page 26: Ativo jogador de futebol

reconhecidos, como profissionais, em 1933, quando é disputada em Santos, a

primeira partida de futebol profissional no Brasil, entre o Santos F.C. e o São Paulo

F.C, na competição foi o Torneio Rio-São Paulo, reunindo cinco equipes paulistas e

cinco cariocas.

Em 1967, o torneio ampliou-se, passando a contar com a participação de dois

clubes mineiros, dois gaúchos e um paranaense. Nessa nova fase, recebeu a

designação de Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em homenagem ao ex-goleiro e ex-

dirigente paulista, servindo de base para a criação de um campeonato brasileiro de

clubes (1971).

Ao lado do Campeonato Brasileiro — organizado pela Confederação Brasileira

de Futebol (C.B.F) —, continuam sendo realizados os campeonatos regionais,

organizados pelas respectivas federações estaduais. Outras competições importantes

são a Copa do Brasil, onde jogam times de todo o país e o Torneio Rio-São Paulo,

onde jogam os times de maior destaque dos dois estados e que muitos consideram

uma prévia do Campeonato Brasileiro. As participações em competições

internacionais são de responsabilidade da C.B.F. As competições mais importantes

são a Copa do Mundo, a Copa América, as Olimpíadas e a Taça Libertadores da

América, esta disputada entre determinados clubes brasileiros e latino-americanos.

Atualmente, os clubes de maior destaque do futebol nacional formam o chamado

Clube dos 13. São eles: Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo,

Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro,

Internacional e Bahia. O futebol revelou grandes ídolos brasileiros, alguns dos quais

alcançaram fama internacional. O primeiro foi o atacante Friedenreich, vindo depois

Leônidas da Silva, Ademir de Menezes, Garrincha, Tostão, Rivelino, Pelé —

considerado o maior jogador de todos os tempos —, Zico, Falcão, Sócrates, Roberto

Dinamite, entre outros. Alguns dos novos ídolos brasileiros no esporte são Romário,

Ronaldinho, Bebeto, Dunga, Raí e Taffarel. A maioria esteve presente na conquista

do título mais importante da Seleção: o tetracampeonato mundial.

O futebol é reconhecido como uma das atividades de negócios mais relevantes

do mercado mundial. Principalmente, para o Brasil, o alto valor transacionado pelo

evento da conquista do pentacampeonato, que não pode ser desprezado pela

Contabilidade. Muito menos, pela desvalorização dos jogadores que não conseguiram

cumprir sua meta, deixando clara a volatilidade de seus ativos.

15

Page 27: Ativo jogador de futebol

2. TEORIA DA MENSURAÇÃO

3.1 RECEITAS OPERACIONAIS

Segundo levantamento feito pela revista de Contabilidade do CRC SP nº 25 de

setembro de 2003, nas páginas 4, 5 e 6, um clube de futebol possui as mais diversas

fontes de renda.

A venda de ingressos pode ser considerada em primeiro lugar por representar

a forma tradicional de obtenção de recursos. No Brasil, porém, não é bem assim.

Todos nós sabemos que os estádios de futebol não oferecem segurança ou conforto

aos torcedores. Por este motivo, o preço do ingresso continua, em termos monetários

corrigidos, o mesmo há mais de uma década.

Uma exceção na obtenção dessa receita é o Clube Atlético Paranaense que

possui o mais moderno estádio do Brasil, a Arena da Baixada, por isso, este clube

consegue vender ingressos antecipadamente e carnês para a temporada inteira.

Em segundo lugar, as negociações das marcas ou utilização dos times como

veículo de propaganda, por meio de contratos de patrocínio, de fornecimento de

material esportivo e de merchandising. O valor a ser recebido desta negociação,

varia de acordo com a sua visibilidade do time e o tamanho de sua torcida.

Outra fonte de receita é a transmissão ao vivo pela televisão, que tem

grande relevância para os clubes brasileiros nos últimos anos.

16

Page 28: Ativo jogador de futebol

As receitas oriundas da exploração de estádios, por meio de publicidade

estática, bares (catering) e lojas também são consideradas, no entanto são

insignificantes para maioria dos clubes brasileiros, pois muitos deles não possuem

estádios próprios.

De maior expressão, aparece à negociação dos "passes" dos atletas, ou

seja, recebimento de indenização por liberar o atleta antes do término do contrato,

apesar de ter sido extinta a figura jurídica do passe. Portanto, a formação e a

negociação de jogadores deve continuar sendo uma atividade comercial

importantíssima. Entretanto, a venda de seus principais ídolos gera uma receita de

curto prazo até certo ponto ilusória, pois, sem estes, os jogos não mais desperta

interesse, afastando os torcedores dos estágios e diminuindo a receita de bilheteria,

sem mencionar que decresce a venda de camisas dos ídolos, além de um menor

interesse da mídia e marketing.

A falta de estratégia empresarial por parte dos dirigentes, faz com que estes

não percebam que a sobrevivência necessita do equilíbrio entre receita e despesas.

Assim, tratam o futebol como um esporte competitivo, fazendo contratações

milionárias e comprometendo a situação financeira de seu clube. Para saírem da

insolvência vedem seus jogadores mais promissores. A venda desse jogador ás

vezes não gera uma Receita Operacional relevante para modificar a situação do

clube, devido à queda do faturamento com ingressos e impulsionaria a baixa de

venda de produtos licenciados, principalmente, a camisa do jogador.

Assim, conclui SZUSTER, (2003:6):

"Os clubes de futebol não possuem Contabilidade transparente e

dependem, para sua sobrevivência, das cotas de televisão. Para liquidar

suas dívidas de curto prazo, contam com a venda de seus talentos. Quanto

aos estágios, sua modernização é muito lenta e restrita, sendo pouco

considerada como fonte de receita".

3.2 PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO DO JOGADOR DE FUTEBOL

O Jogador é o astro gerador de grandes benefícios futuros na sua atuação no

clube e também no momento de sua venda.

Uma característica deste setor que deve ser destacada é a inexistência de

fronteiras para negociação de ativos. Como nos demais setores, possuir um ativo com

17

Page 29: Ativo jogador de futebol

capacidade de gerar benefício futuro é de grande importância. A decisão quanto á

necessidade ou não de negociar este ativo, bem como seu real valor (fair value) é de

grande complexidade, pois, uma decisão gerencial desta natureza, depende do

quanto deverá ser gerado em Receita Operacional. Contudo, os dirigentes dos clubes

querem continuar contando com a presença do jogador de futebol, visando aumentar

a venda de ingresso e impulsionar a venda de produtos licenciados, como camisa de

jogador. Por outro lado, os clubes precisam vender seu ativo de maior valor, o jogador

- para saldar suas dívidas.

Portanto, se o clube optar pela venda do atleta ao mesmo tempo em que

assume o risco de encolher seu patrimônio e a emoção dos campeonatos também

diminuir, em conseqüência, há um decréscimo de bilheteria e de vendas de produtos

licenciados, no entanto, terá dinheiro em caixa para saldar suas dívidas.

Como diz SZUSTER, (2003:7).

"Os jogadores de futebol proporcionam benefícios econômicos

futuros para seus clubes, abrangendo sua atuação nas partidas, a venda

de produtos licenciados, contratos publicitários e, também no momento de

sua negociação. Muitos benefícios, como a contribuição para o sucesso do

clube, a divulgação da sua torcida, são intangíveis”.

3.3 MENSURAÇÃO DO ATIVO

Para melhor entendimento da mensuração do valor do atleta comprado e

formado pelos clubes, é necessário fazermos uma breve comparação entre os dois

cenários, o Nacional e o Internacional.

Aspecto Nacional

Um item para ser classificado como ativo deve abranger três condições:

1. Ensejar um potencial de benefícios futuros;

2. Representar um direito exclusivo da entidade;

3. Ter ocorrido evento que proporcione o benefício.

As evidências apresentadas e a análise da estrutura conceitual básica da

Contabilidade abrangendo as definições de ativo atende aos critérios necessários,

principalmente pela capacidade de gerar benefícios futuros e do direito de ser

18

Page 30: Ativo jogador de futebol

exclusivo do clube. Portanto, o clube pode utilizar o direito de classificar um atleta

como um ativo, já que atende aos três requisitos.

Este direito de classificação materializa-se quando um jogador assina um

contrato com o clube, tornando-se assim, legalmente obrigado a trabalhar para este

clube durante o prazo estabelecido. Neste contexto, como um funcionário comum, o

jogador não pode simplesmente deixar a empresa que o contratou (clube) e trabalhar

para outra, mas é um funcionário diferente dos demais por ser contratado e vendido

em transações habituais. Este tratamento é muito mais aplicável para os valores

desembolsados na compra do passes e pagamento de indenizações para jogadores

já atuantes.

Aspecto Internacional

Segundo o artigo da Revista: Revisores & Empresas, feito por Roberto (2003;

35), adaptado:

“Para haver o reconhecimento de um item como um ativo intangível

a IAS 38, Ativos Intangíveis, do International Accounting Standards Board

(IASB), exige que seja demonstrado que esse item satisfaça:

a) A definição de ativo intangível, nomeadamente:

A identificabilidade - poder ser distinguido de todos os outros ativos

intangíveis, incluindo o goodwill – é este o caso porque existe

separação do ativo. Os contratos podem ser vendidos ou trocados;

O controle - um clube controla os benefícios econômicos futuros

obtidos de um jogador porque tem o direito legal de fazer cumprir

um contrato por um tribunal; e.

Fluam benefícios econômicos futuros - os jogadores são adquiridos

na certeza de ajudarem a gerar benefícios econômicos futuros para

os clubes, geralmente numa base continuada, por um ano ou mais.

b) Os critérios de reconhecimento, nomeadamente que:

Seja provável que benefícios econômicos futuros que sejam

atribuíveis ao ativo fluirão para a empresa – um jogador que faça

19

Page 31: Ativo jogador de futebol

parte do plantel está a contribuir para o desempenho da equipe e

correspondentemente a gerar créditos ao clube através das receitas

da venda de bilhetes dos jogos e do merchandising. Agora, se um

jogador é colocado a treinar à "parte", deixando de ser incluído nos

jogadores que treinam em conjunto todas as semanas,

provavelmente perdeu valor. Nesta situação deverá ser executado

um teste por imparidade, observando a IAS 36, Imparidade de

Ativos.

O custo do ativo pode ser fielmente mensurado, pensamos que este

critério é geralmente fácil de observar visto que as transações

normalmente envolvem uma retribuição de compra na forma de

dinheiro”.

Também, conforme diz ROBERTO (2003; 35):

“(...) aplicando o POC e utilizando as normas do IASB como

subsidiárias, encontramos as respostas às questões mais complexas (...)

aceitamos, no entanto, que possa ser necessário desenvolver uma

orientação específica (...)”.

Se os jogadores de futebol forem aceites como ativos intangíveis, ou mais

propriamente, se os serviços que eles proporcionam forem reconhecidos como ativos

intangíveis (a contribuição para as vitórias e correspondente sucesso do clube), como

que eles deverão ser mensurados?

3.3.1 MENSURAÇÃO INICIAL DE UM ATIVO INTANGÍVEL

Jogador Adquirido a Dinheiro

Tendo sido satisfeita a definição e os critérios de reconhecimento, o contrato

profissional de um jogador adquirido por troca de dinheiro é reconhecido e mensurado

inicialmente pelo seu custo.

O custo compreende o seu preço de aquisição, incluindo quaisquer impostos

de compra não reembolsáveis e os honorários profissionais de serviços legais e de

intermediários.

20

Page 32: Ativo jogador de futebol

Jogador Adquirido por Troca com um Jogador do Clube

A IAS 38 prevê que um ativo intangível possa ser adquirido por troca ou parte

por troca com um ativo intangível que pode ser:

Semelhante

Ativo que tenha um uso semelhante no mesmo ramo de atividade de negócio e que tenha um justo valor semelhante.

Não Semelhantes Ativos que não são semelhantes.

T1: Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” (2003,36)

Atendendo aos conceitos acima, numa troca entre dois jogadores, a diferença

do justo valor entre eles será o fator que distingue entre o reconhecimento de uma

troca de ativo semelhante ou troca de ativo não semelhante.

Troca de ativos não semelhantes

Numa troca de dois jogadores em que esteja envolvido um complemento de valor

considerável, não é permitido afirmar que seja uma troca entre ativos semelhantes. Neste

caso o custo do ativo recebido é mensurado pelo justo valor do ativo entregue ajustado pela

quantia de qualquer dinheiro ou equivalente transferido. Os ganhos ou perdas da troca são

imediatamente reconhecidos.

Troca de ativos semelhantes

As regras de mensuração e reconhecimento da IAS 38 para ativos intangíveis semelhantes e

com justos valores semelhantes resumem-se a:

Ativo

Semelhante

Mensuração e reconhecimento. Se o processo de obtenção de resultado está incompleto: O custo do ativo é quantia escriturada do ativo cedido, Nenhum ganho ou perda é reconhecido na transação; e. Pode haver evidência de uma perda de imparidade do

ativo cedido.

21

Page 33: Ativo jogador de futebol

T2: Adaptação da Fonte: Revista “Revisores & Empresas” (2003,36)

A IAS 38 enuncia este princípio e não dá esclarecimentos adicionais sobre as

circunstâncias que obrigam a um desvio do princípio, nomeadamente questões de

mensuração no fato de haver, ou não, complementos de dinheiro ou equivalentes de

dinheiro e/ou quando o processo de obtenção de resultados estiver, ou não, completo.

Para esclarecimentos adicionais temos de recorrer a APB (1) 29, Contabilização das

Transações não Monetárias, para as seguintes situações:

Justo valor dos ativos

Situação 1: O justo valor do ativo recebido é mais evidente do que o justo valor do ativo cedido.Modificação 1: Deve ser usado o justo valor do ativo recebido.

Situação 2: Os justos valores são determináveis num limite razoável porque há grandes incertezas sobre a realização do valor.Modificação 2: Não devem ser usados os justos valores escriturados dos ativos não monetários.

Conceito de “obtenção

incompleta de resultados”

A APB 29 dá dois exemplos de transações de troca não monetárias

que não dão lugar a um processo lucrativo e que se podem resumir

retendo o conceito de que há uma obtenção incompleta de resultados

na troca de um produto ou propriedades entre:

Um negociante com outro negociante; ou.

Um não negociante com outro não negociante.

No caso da troca de contratos de jogadores de futebol, estamos perante uma transação entre dois negociantes e a obtenção de lucros está incompleta.

Inclusão de uma retribuição monetária

Caso haja um elemento da transação que receba uma retribuição monetária como um complemento de um ativo, o ganho é reconhecido no cálculo da retribuição monetária sobre a retribuição total (retribuição monetária mais o justo valor estimado do ativo não-monetário).

T3: Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” (2003,36 e 37)

22

Page 34: Ativo jogador de futebol

A troca de jogadores de futebol semelhantes configura-se como uma transação

de resultados incompleta, visto ser uma troca ente dois negociantes. As regras de

mensuração e reconhecimento neste caso podem ser resumidas no quadro seguinte:

Complemento monetário Mensuração do AtivoRecebido

Ganho ou perda imediatamente

reconhecidaNenhum

Custo líquido registrado do ativo entregue mais o

complemento

Nenhum ganho reconhecido;

Perda reconhecidaPago

Recebido

Custo líquido registrado do ativo entregue, menos o complemento, mais o

ganho parcialmente reconhecido.

Ganho parcialmente reconhecido; perda

reconhecida na totalidade.

T4: Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” (2003,37)

Para exemplificar estas trocas (2), devemos considerar o caso em que no início

da época futebolística de 2003, o Clube Vermelho troca o jogador A (posição de

extremo direito) pelo jogador B (posição de extremo esquerdo) do Clube Azul.

Exemplo Jogador A no clube Vermelho Jogador B no clube Azul

Valores escriturados

líquidos

€ 400.000(reconhecimento inicial de € 600.000 e

amortizações acumuladas de € 200.000)

€ 600.000(reconhecimento inicial de € 1.000.000 e amortizações acumuladas de € 400.000)

Quantidade recebida pelo

jogador A

€ 150.000

Os dois clubes fizeram um contrato estipulando que esta transação envolvia os seguintes valores justos: o jogador A tinha um justo valor de € 950.00; e o jogador B, um justo valor de € 800.000.

Tabela: Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” (2003,37)

Clube Vermelho – Jogador B Débito CréditoAtivos Intangíveis

Passes dos jogadores profissionais

Amortizações Acumuladas

€ 200.000€ 600.000

€ 86.842

23

Page 35: Ativo jogador de futebol

Ganho parcial na troca de jogadores

Ativos Intangíveis

Passes de jogadores profissionais

Depósitos à ordem

€ 336.842€ 150.000

O Clube Azul não reconhece o ganho de € 200.000, e o ativo é reconhecido por € 750.000 (€ 6000.000 + € 150.000).

Clube Azul – Jogador A Débito CréditoAtivos Intangíveis

Passes dos jogadores profissionais

Amortizações Acumuladas

€ 400.000€ 1.000.000

Ativos Intangíveis

Passes dos jogadores profissionais

Depósitos à ordem

€ 750.000€ 150.000

T5: Adaptação da Fonte Revista “Revisores & Empresas” (2003,37)

Nesta troca o Clube Vermelho tem um ganho de € 550 000 (€ 800.000 + € 150.000 – €

400.000) que só vai poder reconhecer na parte proporcional da quantia recebida, ou seja:

€ 86.842 [(€ 150.000 / (€ 800.000 +€150.000))* € 550.000].

O valor do contrato profissional do jogador B a registrar no Clube Vermelho,

resulta da quantia escriturada líquida que o jogador tinha no Clube Vermelho (€

400.000), deduzida da quantia recebida de € 150.000 e acrescida do ganho realizado

de € 86.842.

Aparentemente houve uma parte do ganho do Clube Vermelho de € 463.158 (€550.000 – €

86.842) que não foi reconhecido na demonstração de resultados. Dizemos aparentemente,

porque de fato existe um ganho para o clube, que será realizado com o uso do ativo, visto

que as amortizações a que estará sujeito são inferiores às que seriam se tivéssemos

registrado o passe do jogador B pelo valor de € 800.000.

Isto pode comprovar se assumirmos que, o contrato com o jogador B era por

cinco anos.

24

Page 36: Ativo jogador de futebol

A amortização anual dos € 336.842 será de € 67.368. Em alternativa se o ativo

fosse reconhecido por € 800.000, a amortização anual seria de € 160.000. A diferença

anual não reconhecida é de € 92.632 que multiplicada pelos cinco anos de contrato é

igual aos € 463.158, como queríamos demonstrar.

Jogador Desenvolvido Internamente nas Escolas de Formação

É normal um clube ter escolas de formação para crianças logo desde os seis

anos de idade com 50 ou mais alunos. Como se percebe o seu objetivo não é a

competição e alcançar títulos que incentivem os amantes de futebol tornarem-se

sócios e subsequentemente pagarem quotas e comprarem o merchandising do clube.

Não. O que se pretende é formar e detectar um número reduzido de jogadores (três

ou quatro) que possam chegar a equipe principal.

Dito isto, em linguagem contabilística, estas escolas de formação configuram-

se como a fase de pesquisa, bem caracterizada na IAS 38.

"Pesquisa é a investigação original e planeada levada a efeito com a

perspectiva de obter novos conhecimentos científicos ou técnicos".

Este conceito traduzido para a circunstância específica do futebol podia ser

enunciado como:

"Pesquisa é a escola de formação levada a efeito com a perspectiva de

detectar e obter potenciais jogadores de futebol profissionais".

Continuando com a mesma linha de raciocínio, quando é que termina a fase de pesquisa e se

inicia a fase de desenvolvimento de acordo com a IAS 38:

"Desenvolvimento é a aplicação das descobertas derivadas da pesquisa ou

de outros conhecimentos a um plano ou concepção para a produção de materiais,

mecanismos, aparelhos, processos, sistemas ou serviços, novos ou substancialmente

melhorados, antes do início da produção comercial ou uso".

25

Page 37: Ativo jogador de futebol

Este conceito traduzido para a circunstância específica do futebol poderia ser

enunciado como:

"Desenvolvimento é a seleção e descoberta de um jogador derivado da

pesquisa nas escolas de formação que assina um contrato de jogador profissional

continuando a jogar em escalões ou equipas que não a principal".

Na prática, entendemos que um jogador que esteja nas escolas de formação

ao qual o clube reconhece com potencial para vir a fazer parte da equipe principal e

com ele assina um contrato de profissional, apesar de não integrar a equipe principal,

pode vir a satisfazer todos os critérios de reconhecimento de um ativo intangível

proveniente de desenvolvimento, se um clube puder demonstrar tudo o que se segue,

constante da IAS 38:

a) A viabilidade técnica de concluir o ativo intangível a fim de que esteja

disponível para uso ou venda;

b) a intenção de concluir o ativo intangível e usá-lo ou vendê-lo;

c) a sua capacidade de usar ou vender o ativo intangível;

d) a forma como o ativo intangível gerará prováveis benefícios econômico

futuros. Entre outras coisas, a empresa deve demonstrar a existência de

um mercado para o "output" do ativo intangível ou do próprio ativo

intangível ou, se for para ser usado internamente, a utilidade do ativo

intangível;

e) a disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e outros

para concluir o desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; e.

f) a sua capacidade para mensurar o dispêndio atribuível ao ativo intangível

durante a sua fase de desenvolvimento.

A assinatura do contrato profissional enquanto o atleta jogar numa equipe que não a

principal, pensa que satisfaz o cumprimento das alíneas a) a d) acima. As outras duas alíneas

dependem da organização e recursos de cada clube, mas pensamos que podem ser

demonstradas.

O custo deste ativo intangível gerado internamente é a soma dos dispêndios incorridos desde

a data em que o ativo intangível primeiramente satisfaz os critérios de reconhecimento, ou

26

Page 38: Ativo jogador de futebol

seja, desde a data de assinatura de um contrato de jogador profissional. Todos os dispêndios

anteriores a essa data reconhecidos como gastos em demonstrações financeiros anteriores ou

em relatórios financeiros intercalares, não podem ser reimputados ao ativo intangível.

Mensuração subseqüente ao reconhecimento inicial

Após o reconhecimento inicial, a IAS 38 exige que um ativo intangível seja mensurado

segundo um dos dois seguintes tratamentos:

a) Tratamento de referência: custo menos qualquer amortização acumulada e

quaisquer perdas de imparidade acumuladas; ou

b) Tratamento alternativo permitido: quantia revalorizada menos qualquer

amortização acumulada subseqüente e quaisquer perdas de imparidade

acumuladas subseqüentes. A quantia revalorizada deve ser o justo valor do

ativo.

Porém, este tratamento é permitido se, e só se, o justo valor puder ser

determinado por referência a um mercado ativo para o ativo intangível.

Na contabilização dos contratos dos jogadores de futebol, o tratamento de referência não

oferece maiores problemas. Após ser reconhecido um ativo intangível pelo custo de

aquisição ou de desenvolvimento completo, ele é amortizado numa base sistemática de

acordo com o período do contrato.

O problema coloca-se ao nível do tratamento alternativo permitido no que

respeita à determinação do subseqüente justo valor do contrato dum jogador. Diz a

IAS 38 que o justo valor deve ser determinado com referência a um mercado ativo

que é um mercado onde todas as seguintes condições existam:

a) Sejam homogêneos os elementos negociados dentro do mercado;

b) Possam ser encontrados compradores e vendedores dispostos a negociar

em qualquer momento; e

c) Os preços estejam disponíveis ao público.

É claro, mesmo para quem não está dentro dos meandros do futebol, que não

existem compradores e vendedores dispostos a negociar a qualquer momento, os

27

Page 39: Ativo jogador de futebol

preços não estão disponíveis ao público e não se pode dizer que os jogadores de

futebol são homogêneos, porque não se pode comparar o Simão Sabrosa do

S.L.Benfica com o Ricardo do Sporting C.P. Também não se devem confundir as

cláusulas de rescisão como um preço. Elas existem mais como uma garantia de

controle contratual do jogador devido à Lei Bosman.

Sendo assim um clube não pode revalorizar os contratos dos jogadores e terá

de mensurar o contrato de jogador profissional pelo tratamento de referência.

4. ATLETA COMPRADO X FORMADO

A mensuração do valor do atleta, quando este é comprado pelo clube, é bem

mais objetiva do que a do atleta formado pelo clube. O valor do atleta comprado é o

total gasto pelo clube que corresponde ao valor pago pelo passe, todos os custos

adicionais e indenizações pagas para tê-lo em condições de ser escalado.

Os jogadores formados no próprio clube oferecem grande complexidade

quanto sua mensuração. O valor investido em cada atleta formado pelo clube deveria

ser contabilizado em uma conta própria, que corresponderia ao método do controle de

identificação específica. Os custos com a sua formação devem incluir alimentação,

moradia, treinamento técnico e muscular, atendimento psicológico e nutricional. A

discriminação do custo individual, porém, muito complexa. Seria como apurar o custo

diferenciado de cada produto que compõe o estoque da empresa, prevendo seu

potencial de venda individualizado.

No caso dos jogadores, seria necessário prever, num time quais seriam os

futuros astros que a gerar recursos para o clube formador e quais os que deveriam

ser considerados como gasto.

Como a previsão é possível, a Convenção do Conservadorismo estabelece que

os valores gastos com a formação de atletas devem ser lançados diretamente na

Demonstração do Resultado do Exercício como Despesas Operacionais.

28

Page 40: Ativo jogador de futebol

Tal investimento tem um retorno de longo prazo e só começa a aparecer em

cerca de três anos, com a venda dos passes dos jogadores, mas não existe retorno

garantido. Mesmo assim, se um, de 100 garotos treinados, tiver sucesso, seu valor,

quando bem negociado, é capaz de gerar lucro investimento inicial.

A decisão dos dirigentes a respeito da formação ou compra de atleta, torna-se

complexa quando o clube contrata um jogador, reconhece o preço pago no ativo e

efetua a amortização anual. No entanto, quando o atleta é vendido prematuramente

por não gerar resultados, é preciso baixar o custo de uma só vez. Assim, se o craque

contratado por um preço elevado não atua de forma adequada, o investimento feito

para gerar resultado em dez anos, por exemplo, é perdido.

Outra situação é o fato do passe não ser em sua totalidade propriedade do

clube, e sim, uma porcentagem e o restante pertence a outro clube, a um empréstimo,

ou, até mesmo, ao próprio jogador.

Este tipo de atividade enseja a necessidade da existência de um completo

sistema contábil para apuração dos resultados gerados com o atleta. Isso porque,

quando o jogador for transacionado, a receita deverá ser dividida conforme os

detentores do passe dos jogadores.

4.1 TESTE DE RECUPREÇÃO

Em decorrência do risco existente, há fatores que provocam uma diminuição no

valor do ativo. Dessa forma, o passe dos atletas deveria também estar sujeito ao teste

periódico de recuperabilidade, devendo ser constituída a Provisão para Perdas

quando houvesse uma redução, considerando a Convenção do Conservadorismo.

Outro ponto importante é a avaliação durante o período contratual, já que

manter o ativo ao custo histórico com a respectiva Provisão para Perdas pode não

gerar a melhor informação. A atualização dos valores, de acordo com o método da

Correção Monetária Integral, melhora a qualidade informacional, mas ainda não é

solução ideal. Pela grande volatilidade seria mais adequado o reconhecimento da

variação do mercado sempre que possível.

A avaliação deveria ser realizada de preferência a cada ano, na hipótese de

ocorrer um fato relevante com o jogador, como uma convocação para seleção, seu

valor deveria ser ajustado, independente da época. Este procedimento de avaliar ao

mercado implicaria no reconhecimento de uma conta de Resultados Não-Realizados,

29

Page 41: Ativo jogador de futebol

que incluiria a diferença entre o valor de mercado e o custo histórico. Esta conta

aumentaria a qualidade informacional das Demonstrações Contábeis de um clube.

4.2 CLASSIFICAÇÃO

No Balanço Patrimonial, os clubes têm como ativo, os estádios e os jogadores,

tanto os adquiridos como os formados, que equivalem aos estoques de uma empresa

comercial. Assim, par melhor visualização desenvolvemos o seguinte Tabela:

T6: Sintese do Balanço do Santos Futebol ClubeATIVO PASSIVO

Circulante/Realizável a Longo Prazo: (corresponde á venda de jogadores, considerando o prazo esperado para vendas)

Circulante/Exigível a Longo Prazo:

Permanente: PATRIMÔNIO LÍQUIDO:

Opção utilizada pelo Santos Futebol Clube, na Nota Explicativa, (2004 e 2003):

“2.2. Títulos a receber: Correspondem á venda de atletas

profissionais a outras agremiações, sendo atualizados pela variação da

taxa de moeda estrangeira, quando aplicável.”

Sendo reconhecido de acordo com o fato gerador, o registro dos valores a

receber de outras agremiações, que são decorrentes de negociação dos atletas

profissionais, sendo deduzida de provisão para perdas após avaliação individual

sobre a possibilidade de realização destes recebíveis.

Para compensar o efeito da perda do direito do passe, segundo IOB, o clube

mencionado acima, adotou uma metodologia própria para compensar o efeito da

perda do direito do passe devido á Lei Pelé. O clube reconheceu a cláusula prevista

na legislação, que lhe dá o direito de receber uma multa no caso de rompimento de

contratos, contabilizados conforme o Tabela abaixo:

T7: Sintese do Balanço do Santos Futebol ClubeATIVO PASSIVO

Circulante: Circulante:

Realizável a Longo Prazo:Direitos federativos e passes

Exigível a Longo Prazo:

30

Page 42: Ativo jogador de futebol

Permanente: PATRIMÔNIO LÍQUIDO:

Em contrapartida no resultado em uma conta intitulada receita de capital. Esse

critério é contrário aos princípios contábeis, pois houve o reconhecimento da receita

antes da sua reavaliação. Esse procedimento é expresso, na Nota Explicativa:

“6. Direitos Federativos e Passes: A partir de 31 de dezembro de

2001, o Clube procedeu á avaliação dos direitos federativos de seus atletas

profissionais. Essa avaliação teve como base o valor da cláusula penal dos

contratos com os atletas devidamente registrados na Confederação

Brasileira de Futebol – CBF em cada exercício. Até a mudança da

legislação esportiva, a qual extinguiu o passe dos atletas, o Clube

registrava esses ativos pelo valor de custo de aquisição. Após a edição da

Lei nº9.615/98 e alterações posteriores, uma vez que o Clube não detém a

propriedade do passe e sim os direitos federativos correspondentes, optou-

se pelo registro desses valores com base na cláusula penal, calculada

conforme determina a Legislação atual (Lei 10.672/2004). Aprimorando

suas práticas contábeis e no intúito de se adequar a Resolução nº1005/04

– CFC, a qual aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade 10.13 para

Entidades Desportivas , o Clube decidiu efetuar por liberdade e em

antecipação a vigência desta regulamentação e amortização parcial de R$

40.000.000,00 do saldo desta conta, existente em 31/12/03, em prazo

inicialmente previsto de 5 anos, independente da vigência dos contratos

dos atletas, optando também em não mais efetuar a avaliação deste ativo ”

Conforme a intenção do clube outra opção seria, a discriminação dos

jogadores, de acordo com a Tabela seguinte:

T8: Sintese do Balanço do Santos Futebol ClubeATIVO PASSIVO

Circulante:(corresponde a venda inferior de um ano, para campeonatos disputados pelo clube)

Circulante:

Realizável a Longo Prazo: Exigível a Longo Prazo:Permanente:Ativo Imobilizado:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO:

31

Page 43: Ativo jogador de futebol

(os profissionais de final de carreira, pois o clube não irá mais lucrar com a transação dele)(Atletas em formação ou Diferido, porque os gastos que referem à formação de atletas podem ser comparados aos "gastos pré-operacionais”).

As contas contábeis dos Clubes de futebol não se diferem dos demais setores,

embora tenha suas particulariedades. Para exemplificarmos a utilização das contas,

basearemos no Resumo dos Príncipais Crítérios Contábeis, contidos nas Nota

Explicativa do Santos Futebol Clube em 31.12.2004 e 2003.

Provisão para créditos de liquidação duvidosa

Constituída com base na análise individual dos títulos a receber, efetuada pela

Administração do Clube, sendo considerada suficiente para cobrir as perdas

esperadas na realização desses créditos.

Direitos Federativos

A partir de 2001, o Clube avaliou e registrou contabilmente esses direitos, com

base no valor da Cláusula Penal (artigo 28, parágrafo 3º da Lei nº 9.615, alterado pela

Lei nº10.672/03) de seus contratos. A partir deste exercício, para adequar-se à

Resolução nº 1.005/04 do conselho Federal de Contabilidade que aprovou a Norma

Brasileira de Contabilidade 10/03 para entidades desportivas, o clube efetuou

amortização parcial do saldo desta conta, existente em 31/12/03, independente da

vigência do contrato dos atletas, optando, também, por não mais efetuar avaliação

deste ativo, pelo disposto da legislação mencionada.

Ativo imobilizado

Os bens do ativo imobilizado estão registrados ao custo de aquisição e

acrescidos por reavaliação espontânea efetuada e registrada em 12/2001 (para os

imóveis), são compostos por: Benfeitorias em Bens de terceiros, instalações, móveis

e utensílios, veículos, equipamentos de comunicação, sistemas de segurança, direito

de uso de telefone, depreciação acumulada, cuja esta última é calculada e

32

Page 44: Ativo jogador de futebol

contabilizada desde o exercício de 2002, às seguintes taxas anuais: imóveis a 4%,

veículos a 20% e demais bens a 10%.

Empréstimos e Financiamentos

São registrados com base no valor original acrescido dos juros incorridos até a

data dos balanços, representando, basicamente, conta corrente garantida.

Contas a Pagar

Representam, principalmente, compromissos garantidos por notas promissórias

assinadas a favor de outras agremiações desportivas, decorrentes de transações de

compra e empréstimos de passes de atletas profissionais.

Provisão de férias

Calculada com base no período aquisitivo de cada empregado e atletas

profissionais, acrescidos dos encargos sociais e adicional constitucional.

Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo

Demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis, acrescidos, quando

aplicável, dos correspondentes encargos e das variações monetárias incorridas até a

data do balanço.

Apuração do superávit do exercício

O superávit do exercício é apurado pelo regime de competência. As receitas

decorrentes dos direitos de imagem e de televisão dos campeonatos brasileiros são

reconhecidas de acordo com o previsto contratualmente entre as emissoras de

televisão e os representantes dos clubes através da Federação Paulista de Futebol,

Confederação Brasileira de Futebol e da União dos Grandes Clubes do Futebol

Brasileiro (Clube dos Treze).

Adiantamentos

Para atletas profissionais, fornecedores, outros adiantamentos.

Outros Créditos

33

Page 45: Ativo jogador de futebol

Refere-se ao saldo do patrocínio firmado, em exercícios anteriores, para

fixação da logomarca nos uniformes de futebol das categorias profissional e amadora

do Clube, integralmente provisionado.

Obrigações Trabalhistas e Sociais (PAES):

Salários e encargos trabalhistas, incluindo FGTS, INSS e acordos trabalhistas,

cuja administração mantém gestão para sua liquidação.

Em agosto de 2003, o Santos Futebol Clube aderiu ao parcelamento especial

da Lei nº 10.684/2004 para as abrigações em débito até 02.2003, referente ao IRRF,

PIS com saldo atualizado de R$ 15.932.387 ( R$ 14.542.515 em 2003) e INSS com

saldo atualizado de R$ 2.106.566 (R$ 2.288.245 em 2003).

Obrigações Fiscais

Referem-se aos tributos devidamente atualizados nas datas dos balanços para

os quais a administração mantém gestões para suas liquidações.

Provisão para Contingências Fiscais, Cíves e Trabalhistas

Refere-se a provisão para fazer face as perdas estimadas nos processos

fiscais, cíveis e trabalhistas em curso. Os valores provisionados estão baseados em

estimativas efetuadas por advogados do clube que acompanham as respectivas

causas. Os principais valores que compõe o saldo da provisão para contingência,

decorrem de altos de infração de INSS e COFINS entre 1999 e 2000 (R$ 11.600.000),

sobre riscos trabalhistas (R$ 17.800.000), riscos potenciais de Imposto de Renda

sobre pagamentos a atletas nos exercícios de 1998 a 2000 ( R$ 5.400.000)

Credores Diversos

Referem-se basicamente a contratos mútuos mantidos pelo Clube com

terceiros atualizados pelos encargos pactuados em cada um.

Receitas antecipadas

Decorrem, basicamente, dos contratos de transmissão e jogos pactuados entre

a União dos Grandes Clubes Brasileiros e Televisão. Em receitas antecipadas estão

registrados os recebimentos antecipados de recursos relativos aos direitos de imagem

34

Page 46: Ativo jogador de futebol

e de televisão do Campeonato Brasileiro do exercício de 2005, conforme cronograma

de pagamentos constante nos contratos.

Receita com Bilheteria e Cotas de Participação

As receitas oriundas das bilheterias dos jogos de futebol são: Campeonato

Brasileiro, Campeonato Paulista, Copa Sul-Americana, Copa Libertadores da América

e Jogos Amistosos.

Receita com Repasse de Direitos Federativos e Empréstimos

Neste exercício, com o repasse dos Direitos Federativos de Atletas formados

nas categorias de base ou revelados pelo Clube, o Santos obteve receita do

percentual dos direitos que lhe cabiam sobre o contrato de R$ 3.264.924 com o atleta

Alex, negociado com o PSV da Holanda, R$ 14.840.000 com o atleta Diego, para o

Futebol Clube do Porto e R$ 984.000 com o atleta William para o Hyundai da Coréia.

Nas negociações com atletas que mantinham vinculo com o Clube foi, ainda, obtida

receita de R$ 561.000 com o jogador Claiton e R$ 858.000 com Ricardo Oliveira, este

devida transferência do Valência para o Real Betis da Espanha, previsto em contrato

quando de sua saída do Santos para a agremiação.

Receita de Publicidade e Transmissões

Cotas de Televisão, publicidade e propagandas.

4.2.1 COMPARAÇÃO DAS CONTAS DOS CLUBES:

Os clubes brasileiros a partir do exercício de 2002, foram obrigados a publicar

suas Demonstrações Contábeis em decorrência de mudanças na legislação, que

determina normas equivalentes às companhias abertas. Segundo matéria do Boletim

IOB nº 41 de 2003, as demonstrações apresentadas pelos grandes clubes em 2002,

com exceção de Botafogo, Vasco e Internacional, como não existe uma padronização,

os resultados e patrimônios divulgados são totalmente incomparáveis. A seguir

apresentaremos de forma sintetizada as Demonstrações de alguns dos mais

importantes clubes do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, onde analisaremos

a evidenciação realizada e, principalmente a contabilização dos Direitos Federativos

dos atletas.

35

Page 47: Ativo jogador de futebol

Clube de regatas do Flamengo

O clube classificou seus jogadores no Ativo Circulante, na conta direitos

realizáveis, no Ativo Realizável a Longo Prazo e na conta intitulada passes de atletas

profissionais. Na demonstração do resultado do exercício é apresentada a linha

Vendas/Empréstimos de Passes de Atletas. É evidenciada, ainda, a linha amortização

de passes que é realizada com base nos prazos contratuais para os atletas

adquiridos, cujos contratos estão em andamento. No caso, a avaliação é realizada

pelo custo histórico.

Um item interessante na nota explicativa refere-se a movimentação da conta

com passes de atletas profissionais indicando os valores dos saldos inicial, baixas,

amortizações, transferências, efeito reconhecido em ajustes de exercícios anteriores e

o saldo final. O Clube rubro-negro apresenta, ainda, um balanço orçamentário

comparando as receitas previstas e realizadas e as despesas autorizadas e realizada.

O item “Operações com passes” somente apresenta efeito material na coluna do

realizado.

Fluminense Football Club

O clube tricolor, que renovou contrato de seus principais jogadores para um

longo prazo um pouco antes de a Lei Pelé entrar em vigor, contabiliza seus jogadores

no Ativo Realizável a Longo Prazo em duas contas, “Passes – Profissionais” e

“Passes – Amadores”, sendo esta utilizada com o objetivo de registrar atletas de

futebol nas categorias mirins, infantil, juvenil e juniors. O valor dos Passes é

contabilizado ao valor de mercado, sendo a contrapartida reconhecida na Reserva de

Reavaliação no Patrimônio Social. Um aspecto debatível decorre da determinação

desse valor. As reavaliações são feitas pelo próprio departamento de futebol do

Clube, que utilizada como critério único o rendimento individual de cada atleta no ano.

Esse critério não é objetivo e gera o risco de superavaliar o patrimônio. Além disso,

não existe comentário sobre a amortização dos passes no resultado. A baixa na

reserva de reavaliação ocorre quando o jogador recebe passe livre.

São Paulo Futebol Clube

Seus jogadores são classificados como Ativo Imobilizado, que abrange atletas

profissionais e amadores. Os primeiros são valorizados pelo custo de aquisição e os

atletas oriundos das categorias amadoras pelo custo de formação. Na Demonstração

36

Page 48: Ativo jogador de futebol

do Resultado são evidenciados, em linhas diferenciadas, os valores da receita e da

baixa com a negociação de atestados liberatórios de atletas. O São Paulo evidencia

em uma conta especifica a amortização do passe de atletas, reconhecendo como

despesa total o valor do passe daqueles, cujo contrato se encerra em 2002, e,

proporcionalmente os passes com vigência contratual posterior a 2002. Esse critério é

consistente com o advento da Lei Pelé, quando os atletas tiveram assegurado o

direito de passe livre perante os clubes, mais respeitando a vigência do vinculo

desportivo constante no contrato.

Nota-se que o Clube negociou vários atletas, entre eles Marcelinho Paraíba por

R$ 14,7 milhões e Edmilson por R$ 18,2 milhões em 2000, antecipando-se aos efeitos

da Lei Pelé.

Sport Club Corinthias Paulista

O clube classifica seus jogadores como Ativo Intangível, apesar desse grupo

de contas não estar ainda previsto na legislação societária, com o título “Direitos de

Passes de Jogadores”. O clube afirma que esse valor é representado pela aquisição

de direitos sobre os passes dos jogadores para o departamento de futebol profissional

do clube. A avaliação é efetuada com base no custo de aquisição, deduzido da

amortização, calculada a partir de 1º.01.2000, apenas para os atletas de idade

superior a 27 anos, levando-se em consideração a parcela para que o clube tem

direito em caso de negociação de seus passes. Um tratamento plenamente vinculado

ao Princípio da Prudência é a constituição de uma Provisão aplicável para reconhecer

expectativas de desvalorização do passe mediante contrato firmado entre o clube e os

jogadores. Em nota explicativa estabeleceu-se a segmentação entre jogadores com

idade superior ou inferior a 28 anos.

O Corinthians é o único clube, entre os pesquisados, que classifica o lucro na

venda dos atletas como resultado não operacional. O total das receitas operacionais

foi muito superior em 2002, pois no ano anterior parte do faturamento do clube foi

transferida para o Corinthians Licenciamento LTDA, do fundo de investimentos Hicks

Muse Tate & Furst (HMTF), o qual detinha os direitos sobre bilheteria, concessões,

anúncios e propagandas até 2001.

O clube efetua o desdobramento de seu passivo circulante destacando os

compromissos, direitos federativos, repasse na compra de atletas e empréstimos de

atletas.

37

Page 49: Ativo jogador de futebol

Sociedade Esportiva Palmeiras

O clube classifica seus atletas no Ativo Diferido, distinguindo os direitos

federativos adquiridos dos direitos federativos obtidos de terceiros por cessão ou

empréstimo, representados por um valor muito reduzido. A classificação como Ativo

Diferido não é mais aplicável, considerando a legislação brasileira. A amortização é

efetuada com base no tempo de duração do contrato firmado entre o clube e o atleta.

Até o exercício de 2002, o prazo era de 2 anos. Em 2002, houve uma mudança que

foi reconhecida em ajustes de exercícios anteriores. Essa mudança deve ter sido

decorrente da aplicação da Lei Pelé, entretanto não existe uma evidenciação

adequada.

O Palmeiras apresenta a demonstração do resultado segmentando a receita

por departamentos. Em nota explicativa, indica a natureza das receitas, evidenciando

os valores decorrentes de passes emprestados, campeonatos, patrocínios e

propaganda. O clube apresenta também um valor significativo como títulos a receber

e passes, indicando que foram efetuadas muitas vendas de atletas. Os Clubes

devedores para o Atlas da Grécia e o Clube Desportivo Nacional de Portugal.

Associação Portuguesa de Desportos

O clube possui dentro do Ativo Circulante um grupo denominado “Realizável”,

que apresenta a conta venda de atletas. Não é possível efetuar a vinculação direta

com a contrapartida no resultado, mas pode-se admitir que essa receita esteja

incluída na conta sintética receitas do departamento de futebol integrado. O

detalhamento das receitas é efetuado de acordo com os departamentos do clube, que

apresenta aberturas como receitas sociais, patrimoniais e do departamento médico.

As receitas financeiras são apresentadas como receita do departamento de finanças.

Clube Atlético Mineiro

O clube classificou os direitos federativos no ativo circulante. Em nota

explicativa é afirmado que os direitos federativos com os atletas são registrados pelo

custo de aquisição e amortizado de acordo com o prazo de contrato de cada atleta. O

clube também informa que, a partir de 2002, os custos de formação dos atletas desde

as categorias de base passam a ser registrados no Ativo Imobilizado e indica o valor

na nota explicativa. Na demonstração das mutações do patrimônio líquido são

38

Page 50: Ativo jogador de futebol

contabilizados como ajustes de exercícios anteriores as baixas de direitos federativos

e atletas profissionais não reconhecidos em anos anteriores.

Cruzeiro Esporte Clube

O clube classificou os direitos federativos em uma única conta no ativo

Circulante. Na nota explicativa é evidenciado que estão contabilizados os direitos

federativos de propriedade do clube, deduzidos de suas parceiras e avaliados a preço

de aquisição. O outro único aspecto relacionado aos direitos federativos abordados

em notas explicativas refere-se à pendência judicial que está tramitando no Superior

Tribunal de Justiça, referente a um processo do América Futebol Clube, requerendo a

participação na venda do atleta Evanilson Aparecido Ferreira para o exterior.

América Futebol Clube

Em nota explicativa, com o título Contingências Ativas, o clube cita que se

encontra em fase judicial processo de indenização contra outra entidade esportiva

(Portanto não cita o Cruzeiro), referente a ex-atleta transferido para o clube do

exterior, cujo valor equivalente a US$2,1 milhões. De acordo com a convenção do

conservadorismo, os ganhos contingentes não devem ser objeto de contabilização. O

América efetuou de forma adequada apenas a divulgação em nota explicativa,

indicando a natureza do fato e o montante estimado.

O América não reconhece no ativo os direitos federativos e apresenta o

seguinte posicionamento na nota de sumário das principais práticas contábeis: os

direitos federativos sobre atleta profissionais são reconhecidos como receita apenas

no momento da sua realização. Como eventos subseqüentes o clube informa que, em

22 de janeiro de 2002, foram efetuadas transações envolvendo a cessão de direitos

federativos de atletas que totalizaram equivalentes US$1.500.000 dólares.

Em seguida, reproduzimos o texto de uma nota explicativa que dificilmente

poderá se aplicar a outra entidade que não um clube de futebol.

“Acordo de Cooperação Feyenoord’

Encontra-se em vigor um acordo firmado com o clube holandês Feyenoord que

estabelece os princípios de cooperação entre as entidades esportivas, com vigência

até dezembro de 2004. Por este instrumento, o América Futebol Clube recebe

39

Page 51: Ativo jogador de futebol

anualmente o montante de US$500.000, tendo o Feyenoord o direito de escolher um

atleta de até 20 anos e reservada participação do América na revenda do mesmo

para outra entidade. Adicionalmente, o referido acordo possibilita a troca de

experiência nas áreas administrativas e esportivas, principalmente na formação de

atletas, promovendo também o intercâmbio com outras agremiações na Europa.

Avaliação

De forma sintética, verificar-se a existência de diversas modalidades de direitos

para o clube sobre os atletas. Como exemplos podemos citar os atletas com contrato

vigente antes da lei Pelé, cujo passe ainda poderá ser comercializado pelo clube

detentos dos direitos; os atletas formados no clube sobre os quais a entidade poderá

obter receitas pela utilização nas diversas paridas e também obter direito de

ressarcimento se houver a transferência para outro clube no Brasil ou no exterior; os

atletas emprestados e os jogadores pelos quais o clube paga o “aluguel do passe”

pela sua atuação.

Considerando as informações obtidas, a maioria dos clubes reconheceu o ativo

com base no custo histórico. Duas exceções importantes foram o Fluminense e o

Santos. O primeiro constituiu a reserva de reavaliação no patrimônio líquido, enquanto

o Santos utilizou o método mais arrojado reconhecendo um valor calculado com base

na cláusula penal constante do contrato com os atletas admitindo o rompimento do

contrato com todos o atletas.

A seguir, apresentamos um resumo dos critérios de classificação dos Direitos

Federativos, conforme o artigo da IOB (41/2003):

T9: Sintese dos Critérios - ClassificaçãoCLUBE GRUPO DO BALANÇO TÍTULO DA CONTA

Flamengo Circulante Direitos ReslizáveisFlamengo Realizável a Longo Prazo Passes de Atletas ProfissionaisFluminence Realizável a Longo Prazo Passes-Profissionais e Passes AmadoresSão Paulo Imobilizado Atletas Profissionais e AmadoresCorinthians Intangível Direitos dos Passes dos JogadoresPalmeiras Diferido Direitos Federativos adquiridos e obtidos por cessão e

empréstimoSantos Realizável a Longo Prazo Direitos FederativosPoruguesa Realizável a Longo Prazo Venda de AtletasCruzeiro Circulante Direitos FederativosAtlético Mineiro Circulante Direitos Federativos

40

Page 52: Ativo jogador de futebol

3. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS

Para melhor visualização do tratamento contábil neste setor, descreve-se

alguns Princípios da Contabilidade, afinal:

"Aplicam-se às entidades desportivas profissionais os Princípios

Fundamentais de Contabilidade, como as Normas Brasileiras de

Contabilidade, suas Interpretações Técnicas e Comunicados Técnicos,

editados pelo Conselho Federal de Contabilidade". (NBC T10.13, artº

10.13.1.2)

Principio do Custo como Base do Valor

O custo de aquisição de um ativo ou dos insumos necessários para fabricá-lo e

colocá-lo em condições de gerar benefícios para a Entidade representa a base de

valor para a Contabilidade, expressa em termos de moeda de poder aquisitivo

constante. Assim o registro contábil deve considerar todos os gastos para um atleta

possa atuar nos diversos campeonatos. Entre estes gastos temos o seguro, os 15%

destinados ao jogador, quando o encargo for atribuído ao clube contratante, a

comissão de terceiros envolvidos, entre outros.

Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com Períodos

Contábeis

Todos os consumos ou sacrifícios de ativos (despesas ou perdas), realizados

em determinado período deverão ser confrontadas as receitas reconhecidas nesse

mesmo período ou a ele atribuído. Seguindo este Princípio, os passes dos jogadores

de futebol deveriam constar no Balanço Patrimonial, sendo amortizados durante sua

vida econômica, para que o resultado fosse devidamente apurado.

Principio do Conservadorismo (Prudência)

41

Page 53: Ativo jogador de futebol

Entre conjunto de alternativas de avaliação dos patrimônios igualmente válidos,

de acordo com Princípios Fundamentais, a Contabilidade escolherá o que apresentar

o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigações. Segundo esse

posicionamento, deverá ser constituída a provisão para perdas se houver uma

redução do valor do ativo, assim, reconhece que o valor pago pelo atleta atende este

princípio, mas este fato gera conflitos em vários pontos.

Outrossim, os atletas adquiridos com a intenção de negociação futura deveriam

ser avaliados de acordo com o valor de mercado. A flutuação do valor deveria ser

reconhecida no resultado. Este ponto é questionável em decorrência da restrição da

Objetividade (entre várias alternativas possíveis para avaliar um mesmo bem, sendo

primeiro escolhidos as de caráter objetivo - o preço constante na Nota Fiscal relativa à

sua aquisição - comprovada por documentos, e segundo as de caráter subjetivo - a

opinião dos técnicos da empresa de seu valor de mercado em função da escassez do

produto - critérios aceitos pelo CFC, ou outra entidade que têm autoridades sobre

princípios contábeis). Admitindo a dificuldade da aplicação desse critério, o valor pago

deveria ser avaliado pelo custo histórico corrigido sujeito á amortização sistemática,

para ocorrer um confronto com as Receitas e a medição do resultado.

Em relação ao risco que é elevado, tornando os benefícios econômicos

gerados pelos atletas muito incertos e difíceis de serem quantificados, pois um atleta

pode contribuir plenamente para os resultados do clube, mas, também, permanecer

parado durante longo período de tempo devido a contusões ou, não atua de forma

adequada correspondentemente a um grande fracasso. Em casos como este deveria

ser constituída a Provisão para Perdas.

5.1 AMORTIZAÇÃO

O custo do ativo precisa ser amortizado durante o tempo de duração do

contrato para propiciar o confronto com a Receita. Diversos métodos, idênticos aos

existentes para a depreciação do ativo imobilizado poderiam ser abordados, mas

deve-se reconhecer que o critério linear é o mais prático.

Se for adotado o custo histórico e o custo de amortização de acordo com a

inflação, a amortização refletirá um custo passado. No caso do atleta, o

reconhecimento do valor de mercado ensejará uma informação superior evitando

distorções, conseqüentemente o valor do jogador não será valorizado no decorrer dos

anos, associado ao contrato, e o Balanço Patrimonial do Clube refletirá seu valor real.

42

Page 54: Ativo jogador de futebol

Quanto há renovação do contrato do jogador, uma reavaliação constituiria uma

alternativa ideal de modo que o valor passaria a ser amortizado de acordo com o

prazo do contrato.

5.2 A CONTABILIZAÇÃO DO PASSE DO ATLETA

Com base nas demonstrações contábeis referentes ao ano 2000 do Vitória

S.A., apresentadas na home page do clube, todos os jogadores, tanto os formados

pelo clube quanto os comprados por este, mas que já estão na categoria profissional,

são incluídos no Ativo do Balanço Patrimonial. Jogador formado no clube só passa a

constatar no Balanço Patrimonial do Clube quando este se profissionalizar.

O Passe do jogador Formado no Clube

O jogador formado no clube só passa a constatar no Balanço Patrimonial do

Clube, quando este se profissionalizar. Por simplicidade ou prudência devido à

imensa dificuldade de distinguir quando um atleta será bem sucedido, os clubes

reconhecem todos os gastos com a formação como despesas. O fato de somente

considerar o atleta quando da profissionalização traz desvantagem para o clube de

origem já que exime o clube adquirente de pagar indenização, que seria devida. Os

clubes europeus procuram deste modo, assinar contratos com jogadores estrangeiros

antes dos mesmos serem profissionalizados. Dez dos dezenove jogadores brasileiros

convocados para a Seleção sub-20, que disputou o torneio de Toulon, na França, em

maio de 2002, encontra-se neste caso.

Quando o jogador se profissionaliza no Clube, o passe é classificado, via de

regra no Ativo Circulante, com o valor simbólico de R$ 1,00. Ao ser vendido, seu

preço é definido pelo mercado, na Demonstração do Resultado do Exercício, um lucro

super dimensionado.

O Passe Do Atleta Adquirido Pelo Clube

No Brasil, neste caso, é usual registrar o jogador pelo valor de custo que, de

forma ideal de incluir todos os custos diretos relacionados com a compra. O Vitória

S.A. apresenta uma característica diferenciada, pois incorporou jogadores originados

no Esporte Clube Vitória. Neste processo, estes atletas foram avaliados ao preço de

mercado. O valor pago é também classificado como Ativo Circulante.

43

Page 55: Ativo jogador de futebol

Nas Demonstrações Contábeis do Vitória S.A., o tratamento contábil do passe

é assim evidenciado:

No Balanço Patrimonial são classificados no Ativo Circulante em duas contas:

a) passe de atletas profissionais;

b) passe de atletas não profissionais.

É afirmado na Nota Explicativa das Principais Práticas Contábeis que o passe

dos atletas profissionais é valorizado:

a) ao custo de aquisição para os atletas cujos passes foram adquiridos;

b) ao valor de mercado, de acordo com a valorização efetuada no Esporte

Clube Vitória S.A.

Em uma nota exclusiva – Passe dos atletas Profissionais – é indicado um

número de atletas e o agrupamento, que apresenta a seguinte constituição:

Quanto ao potencial de benefícios futuros, risco e complexidade, o exemplo é o

caso do jogador Ronaldo. Quando o atacante da Internazionale de Milão foi ao chão,

em abril de 2000, e, com a mão no joelho, começou a chorar de dor durante a partida

contra o Lazio, o funcionamento de uma cadeia de negócio entrou em perigo. Isso

porque seu nome era responsável, na época, pelo giro de pelo menos US$ 24

milhões por ano, entre salário, contratos publicitários e licenciamento de imagem.

Segundo Alexandre Martins, responsável pela administração de sua imagem, a queda

teve o impacto econômico. Na época ele lamentou que o valor do passe de

Ronaldinho, que chegavam a US$ 100 milhões acabava de ser reduzido a zero

naquele momento. O passe do jogador foi comprado, em 1992, pelo Cruzeiro por US$

45 mil, enquanto que a Internazionale de Milão pagou um valor estimado entre US$

28 milhões e US$ 34 milhões, em junho de 2002, ao ser aclamado como

pentacampeão e artilheiro da Copa, seu valor de mercado teve grande acréscimo.

Com base neste exemplo, podemos demonstrar a complexidade da avaliação a

mercado, além de que a Provisão para Perdas sobre um jogador deve ser revertida,

não podendo ter a característica de permanente.

A baixa do Ativo

A baixa do valor do passe deve ocorrer normalmente na venda do atleta ou no

final do contrato. Entretanto, pode ocorrer perda do passes, causando enormes

prejuízos, devido á má administração dos clubes. A perda de passe de, geralmente

quantia relevante, pode acontecer, uma vez que, segundo a lei, o jogador pode

44

Page 56: Ativo jogador de futebol

reivindicá-lo na justiça após 3 meses de salários atrasados. O Vasco perdeu o passe

de atletas importantes como Edmundo (US$ 15 milhões), Junior Baiano (US$ 1

milhão) e Juninho Pernambucano (US$ 4 milhões). Para solucionar tal problema

SZUSTER (2003; 12):

"Uma alternativa para o clube é emprestar o jogador. Neste caso, o

ativo não será baixado, pois o clube continua com a propriedade do passe".

45

Page 57: Ativo jogador de futebol

4. ASPECTOS LEGAIS: AVANÇOS E CONSEQUÊNCIAS

A Chamada Lei do Passe é a Lei nº 6.354, de 2 de setembro de 1970, que

dispõe sobre as relações de trabalho do atleta profissional de futebol, e dão outras

providências, conteúdos e requisitos do contrato de trabalho do atleta, suas

obrigações com o clube empregador; reservam de quatro anos á preparação técnica e

atlética do jogador; regula a cessão temporária e definitiva do atleta por um clube a

outro; dispõe sobre as penas que podem ser aplicadas ao atleta pelas entidades e

pela Justiça Desportiva; cuida de seus direitos (garantia de salário, férias, condições

de trabalho); fixa pena para entidades desportivas que considerarem os direitos de

seus atletas; define a competência e abrangência da Justiça Desportiva em matéria

de litígios trabalhistas.

De acordo com a Lei nº 9.615, Lei Pelé, no seu art. 2º, parágrafo único, (pág

359; 1998) diz que:

"A exploração e a gestão do desporto profissional constituem

exercício de atividade econômica sujeitando-se, especificamente, à

observância dos princípios (Alterado pela Lei nº 10.672, de 15 de maio de

2003) I - da transferência financeira e administrativa; II - da moralidade de

gestão desportiva; III – da responsabilidade social de seus dirigentes; IV –

do tratamento diferenciado em relação ao desporto não profissional; e V –

da participação na organização desportiva do País”.

O parágrafo 2º do artigo 28 da Lei Pelé, entrou em vigor em 26 de março de

2001, acaba com a lei do passe. Deste modo, os jogadores perdem o vínculo com os

clubes conforme encerramento de seus contratos. Os contratos anteriores à lei

continuam sendo regidos pela legislação da época em que foram assinados.

O jovem atleta que começa suas atividades amadoras no clube deve, por lei,

respeitar a preferência deste clube quanto ao seu primeiro contrato profissional. A lei

Pelé prevê, em seu artigo 29, que a partir dos 16 anos de idade o atleta pode ser

contratado pelo clube, por um prazo determinado com duração máxima de dois anos.

46

Page 58: Ativo jogador de futebol

Após esses dois anos o atleta continua vinculado ao clube pela preferência que a lei

garante para a renovação contratual. Depende, portanto, do desejo do empregador a

permanência do atleta no clube. Esse segundo contrato, também temporário, pode

durar de três meses a cinco anos. Se contratado aos 16 anos, o atleta poderá manter

vínculo com seu primeiro empregador até os 23 anos de idade. Se após o primeiro

contrato de dois anos, o clube “formador” não se interessar mais pelo atleta, este

poderá ser contratado por qualquer outro clube, sem qualquer impedimento. Este

contrato seguirá a norma geral, sendo temporário e de duração entre três meses a

cinco anos. Na mesma situação, estará aquele atleta que se manteve no clube de

origem até o final de seu segundo contrato. Aí, não haverá mais preferência e o

jogador estará livre para optar pela melhor proposta, isto é, pelo clube que lhe

oferecer as melhores condições.

No entanto, não há questões na Lei Pelé que sugerem uma situação híbrida, à

medida que são mantidas algumas características do passe, como a dependência do

jovem atleta ao clube, os procedimentos que dispõem sobre a cessão e a

transferência de atletas em favor dos clubes e o sistema de multas rescisórias, em

especial, aos atletas que recebem mais de 10 salários mínimos.

A lei assegura também, direitos para entidades que revelam atletas. Assim,

caso a transferência aconteça durante a vigência do contrato, o clube pode pedir uma

indenização de até 200 vezes o valor do salário anual do atleta. Se a transação

ocorrer até seis meses após o término do contrato do jogador, o clube terá direito a

uma indenização de 150 vezes o valor do salário anual do atleta, desde que esteja

pagando o salário do atleta que formou. Depois desse período, o clube perde a

indenização.

Outro dispositivo de proteção para o clube formador é a multa rescisória, em

especial, aos atletas que recebem mais de 10 salários mínimos. Este serve de

punição para o atleta que rescinde o contrato de trabalho antes do seu término. A

multa, para salários mínimos, é de 100 vezes o que o atleta recebe anualmente

(salários + décimo terceiro + abono de férias). Tendo em vista a dificuldade de o atleta

em possuir esse valor, o clube interessado em sua contratação poderá vir a pagar

multa, que se transforma em remuneração para o clube em que o atleta estava

contratado. De forma básica, diríamos que essa multa substitui o valor do passe no

momento da transação. Para os atletas de remuneração inferior a dez salários

47

Page 59: Ativo jogador de futebol

mínimos, aplica-se aquela regra ou a que quantifica a multa no equivalente à metade

dos dias restantes para o final do contrato.

A Lei Pelé, todavia, altera o processo de negociação de passes no Brasil.

Segundo essa lei, a empresa não irá mais pagar pelo passe de um jogador, mas, em

compensação, terá que desembolsar uma multa para ter direito de utilizar um atleta,

que tenha contrato com o clube. Considerando a essência, este valor deveria ser

também contabilizado como ativo, sendo avaliado a custo histórico corrigido, cujo

montante é amortizado pelo tempo do contrato. O valor de mercado não seria

aplicável, pois a intenção de venda não é tão presente como anteriormente.

Esta lei prevê ainda que, se um atleta formado pelo clube se desligar antes do

final de seu contrato por transferência, o clube formador terá direito de indenização.

Este valor somente deve ser reconhecido contabilmente, quando o clube tiver

direito efetivo à indenização e houver a certeza de recebimento. Neste momento,

será apurado o resultado pelo confronto entre o valor recebido da indenização e o

valor contábil. O valor dessa indenização, quando recebido, deve ser contabilizado

como Receita Operacional.

A FIFA passou a exigir em 2002, que as 204 federações nacionais tenham

maior rigor no registro dos jogadores. A medida irá permitir que as entidades tenham

registros individuais dos atletas de cada país desde os 12 anos com os clubes em que

atuaram, onde jogam atualmente e a duração de seus contratos. A decisão tem por

objetivo proteger os times, que receberão indenizações ao formar os jogadores.

A Medida Provisória n° 39, editada em 14 de julho de 2002, exige que os

clubes publiquem balanços auditados por firmas com registro na Comissão de Valores

Mobiliários (CVM). O Consultou esportivo Loures, ressalta (Revista do CRC nº 25,

pág. 16):

“Este novo modelo, onde a exploração das atividades comerciais

passa a ser feita pelos investidores por meio de empresas

especializadas, ajudará a acelerar a profissionalização do futebol

brasileiro. Os clubes poderão contar com moderna infra-estrutura e

novas fontes de receitas. Assim, eles não mais precisarão, a longo

prazo, vender seus jogadores para pagar dívidas. Os investimentos

serão destinados, pois, a projetos de construção de estádios que

48

Page 60: Ativo jogador de futebol

seguem o modelo já adotado por grandes clubes europeus e

americanos”

A medida também delega aos dirigentes, responsabilidade judicial em caso de

má administração, penhorando seus bens. Esse fato pode fazer com que os

dirigentes deixem de gastar quantias irreais em transações de jogadores.

A Media Provisória nº 79, de 27 de novembro de 2002, dispõe sobre o direito

ao ressarcimento dos custos de formação de atleta não profissional e a exploração

comercial da imagem do atleta profissional, impõe vedações ao exercício de cargo ou

função executiva em entidade de administração de desporto profissional, fixa normas

de segurança nos estádios, adaptam o tratamento diferenciado do desportivo

profissional á Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, estabelece

diretrizes para o cumprimento da obrigação constante do art. 46-A da Lei nº 9.615, de

24 de março de 1998, altera o art. 8º da Lei 10359, de 27 de dezembro de 2001, e dá

outras providências.

De acordo com o art. 3º da referida MP, é assegurado o direito ao

ressarcimento dos custos de formação de atleta não profissional maior de quatorze e

menor de vinte anos à entidade de prática de desporto profissional sempre que, sem

a expressa anuência desta, aquele participar de competição desportiva representando

outra entidade de prática desportiva. No entanto, a entidade exercerá o direito desde

que comprovadamente:

tenha mantido o atleta por ela registrado como não profissional há, pelo menos,

doze meses;

promova a adequação das atividades de formação técnica e desportiva ao

regular aproveitamento escolar e educacional do atleta, inclusive em relação ao

cumprimento dos horários curriculares;

adote método de formação técnica e desportiva do atleta compatível com o

desenvolvimento físico, moral e psicológico;

estimule a valorização e preservação dos vínculos familiares, proporcionando,

além de palestras sobre o assunto, maior contato com a família

forneça aos atletas alimentação adequada;

49

Page 61: Ativo jogador de futebol

assegurar condições mínimas de higiene, segurança e salubridade de suas

instalações físicas, no caso de manutenção do atleta em regime de internato

ou semi-internato;

mantenha adequado serviço de assistência médica, odontológica e psicológica;

e

contrate seguro de acidentes pessoais em benefício do atleta.

O valor do ressarcimento, segundo a MP 79, corresponderá a vinte vezes o

valor da despesa comprovada da entidade na formação do atleta não profissional,

para isso é necessário analisarmos em três grupos distintos:

Atleta maior de quatorze e menor de dezesseis anos

Nesse caso o valor não será inferior a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) e

superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).

Atleta maior de dezesseis e menor de dezoito anos

Nesse caso o valor não será inferior a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e

superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).

Atleta maior de dezoito e menor de vinte anos

Nesse caso o valor não será inferior a R$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil

reais) e superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

O ressarcimento de que trata o artigo 3º da MP 79 será devido solidariamente

pelo atleta e pela outra entidade de prática desportiva que representou em

competição desportiva, a formação técnica e desportiva constitui prática de desporto

de rendimento de modo não profissional, ainda que o atleta perceba a ajuda de custo,

caso a entidade de prática desportiva seja estrangeira, o ressarcimento será

aumentado da seguinte maneira:

a) cinco vezes, no caso de atleta com idade maior de dezoito e menor de vinte anos;

b) dez vezes, no caso de atleta com idade maior de quatorze e menor de dezoito anos.

Não será devido o ressarcimento, caso o atleta não tenha participado de

qualquer competição desportiva pelo prazo de dezoito meses.

50

Page 62: Ativo jogador de futebol

De acordo com o art. 4º da MP 79, o exercício de cargo ou função executiva em

entidade de administração de desporto profissional, é vedado aos administradores em

exercício de entidade de prática desportiva e aos membros de conselho fiscal de dos

demais órgãos internos de controle e fiscalização de entidade de prática desportiva.

Referente aos estádios que serão utilizados na competição, a entidade

responsável pela organização de competição de atletas profissionais encaminhará ao

Conselho Nacional de Esporte – CNE, até vinte dias de sua organização, os laudos

técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades competentes pela vistoria das

condições de segurança e higiene. Caso o estádio não apresente a condições de

segurança e higiene, segundo os laudos encaminhados; ou não tenham sido

encaminhados os laudos de trata o art. 5º da MP 79. o CNE fará publicar lista

contendo os estádios habilitados na forma deste artigo. O uso de estádio inabilitado

sujeita a entidade responsável pela organização da competição às penalidades

constantes no art. 11, que são:

destituição compulsória de seus dirigentes (o presidente da entidade, ou

aquele lhe faça as vezes)

ficam impedidas as entidades de gozar de qualquer benefício fiscal de âmbito

federal;

nulidade de todos os atos praticados por seus dirigentes em nome da entidade

após a pratica da infração (o dirigente que praticou a infração ainda que por

omissão).

O art. 10 da MP 79, trata-se do cumprimento da obrigação prevista no art. 46-A

da Lei nº 9.615, de 1998, onde as entidades desportivas observarão as seguintes

diretrizes:

I - as demonstrações financeiras a serem publicadas, além de exprimir com

clareza a situação patrimonial da entidade a as mutações ocorridas no exercício a

que se refere, devem conter:

a) o balanço patrimonial;

b) a demonstração do resultado do exercício;

c) a demonstração das origens e aplicações de recursos;

d) a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;

e) a indicação dos correspondentes das demonstrações de exercício anterior;

f) a assinatura dos administradores e de contabilistas legalmente habilitados;

e

51

Page 63: Ativo jogador de futebol

g) a indicação de modificação de métodos ou critérios, ressaltando seus

efeitos; e

II - as demonstrações financeiras devem ser publicadas em órgão oficial da União

ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme a localidade em que a entidade

estiver sediada, bem assim em outro jornal de grande circulação editado na

localidade da sede da entidade.

O CNE poderá determinar que as demonstrações financeiras sejam publicadas

em outras localidades de modo a assegurar a sua divulgação e imediato acesso ás

informações. Aplicam-se subsidiariamente ao disposto no art. 10 da MP 79 as normas

que disciplinam a elaboração e publicação de demonstrações financeiras das

companhias abertas. As demonstrações financeiras de um exercício devem ser

publicadas até o décimo dia útil do mês de fevereiro do exercício subseqüente.

52

Page 64: Ativo jogador de futebol

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Mensuração do valor do atleta “Jogador de Futebol” tornou-se um fator

relevante para o nosso trabalho devido à complexidade de avaliação deste ativo, por

apresentar critérios diferentes entre os atletas comprados e os formados pelo clube.

Historicamente o futebol foi desenvolvido na Inglaterra e exportado para o resto

do mundo, graças aos grandes gênios da bola como, Pelé, Rivelino, Garrincha, entre

outros, o Brasil é destaque no mundo e consagrou-se pentacampeão mundial na copa

do mundo realizada na Coréia e Japão no ano de 2002.

Dentre as diversas receitas de um clube de futebol, estão: a venda de

ingressos; as negociações das marcas; transmissão ao vivo pela televisão; as

receitas oriundas da exploração de estádios e de maior expressão, a negociação dos

“passes” dos atletas.

A contabilização dos direitos federativos dos atletas, não oferece um critério

definido, pois existe uma variação muito grande entre os clubes, onde os principais

grupos de classificação são: Circulante; Realizável a Longo Prazo; Imobilizado e

Intangível.

Os princípios contábeis aplicados às entidades desportivas profissionais, estão

fundamentados na NBC T10.13, assim como, o Princípio do Custo como Base de

Valor, Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com Períodos

Contábeis e Princípio do Conservadorismo.

Podemos considerar como avanços no setor futebolístico a Lei Pelé (Lei nº

9.615), que extingue a antiga Lei do Passe e com isso os jogadores perdem o vínculo

com os clubes conforme o encerramento de seus contratos e a obrigatoriedade da

publicação das demonstrações contábeis conforme a partir do ano de 2002.

Baseado nos trabalhos efetuados pode-se concluir que a partir da Lei nº 9.615

de 24.03.1998, a chamada Lei Pelé, houve um avanço considerável, pois, ela

modificou de forma substancial a relação entre o clube e atleta. Demonstramos que

os clubes de futebol brasileiros movimentam bilhões de reais por ano e assim como

as companhias abertas são obrigados a elaborar e a publicar suas Demonstrações

Contábeis.

53

Page 65: Ativo jogador de futebol

Enfim, conclui-se que não existe uma padronização no critério de mensuração

do atleta “jogador de futebol”, no entanto, os resultados e patrimônios divulgados são

totalmente incomparáveis.

BIBLIOGRAFIA

BOLETIM IOB nº 41/2003 – Temática Contábil e Balanços, pg 01 a 07.

CARDOSO, Fernando Henrique. Lei nº 9.615. 24/mar/1998, e publicada no DOU de

25/mar/1998. Leis do Trabalho e Jurisprudências. Ed Editora Ltda, vol III, ed 6º,

pg 359. www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/legis/Leis/9615_98.htm

COELHO, José Martonio Alves. Normas Brasileira de Contabilidade, NBC T10.13, artº

10.13.1.2, www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/index.htm.

ROBERTO, José Gonçalves. Contabilização dos Contratos de Jogadores de

Futebol. Revista Revisores & Empresas, Ano 6, ed.22, jul-set/03, pág 35

à 37. www.oroc.pt/rev22/p35.pdf;

SZUSTER, Flávia Rechtman. O Valor Contábil do Ativo: Jogador de Futebol,

Revista do Conselho Regional de São Paulo (CRCPS), Ano VII, ed 25º,

set/03, pág 4 e 17. www.crcsp.org.br/publicacoes/revista/revista_25.htm;

MUNDO DA BOLA - Universo Virtual do Futebol. A História do Futebol,

www.mundodabola.com/historia.html, artigo de São Paulo, 12/ago/1974;

5.1 WEBSITES

www.anzwers.org/trade/taxibrazil/index.html

www.anzwers.org/trade/taxi_brasil/taxicamfutebol.html

www.cmrevolution.com.br

www.dfsgol.com.br/coluna/11.asp

www.ibracon.com.br

www.iasb.org

www.palmeiraonline.com/reportagem/03/gestão.html

www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/03/gestão.htm

54

Page 66: Ativo jogador de futebol

www.portalfutebol.net

www.rumoacopadomundobrasil.hpg.ig.com.br/futebol.html

55