a desigualdade de um país diminui conforme sua complexidade econômica aumenta  _ paulo gala

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A desigualdade de um país diminui conforme sua

complexidade econômica aumenta

5 de março de 2016 por Paulo Gala | 4 Comentários

Num instigante trabalho que conecta complexidade, instituições e desigualdade Cesar Hidalgo et el

conseguem demonstrar de maneira robusta que países mais complexos apresentam níveis de

desigualdade menores medidos por coeficientes gini. Os autores constroem uma criativa

metodologia de índice gini ajustado por complexidade do tecido produtivo e chegam a resultados

impressionantes em termos de correlações entre o que se produz e quão desigual, internamente, é

um país. Como destacado no mapa acima, por exemplo, todos países produtores de cobre no

mundo são mais desiguais (guardadas as devidas questões idiossincráticas) do que todos países

produtores de máquinas e peças necessárias para a produção de papel.

A comparação que os autores fazem entre Chile e Malásia é bem ilustrativa. Chile com renda per

capita PPP de 21,044U$ e escolaridade média de 9,8 anos, com Gini de 0,49 e posição 72 (ruim) no

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ranking de complexidade em 2012. Malásia com renda per capita próxima de 22.314U$ PPP, 9,5

anos de escolaridade média, Gini de 0,39 e posição de 24 no ranking de complexidade econômica,

patamar bem melhor do que o chileno.

O mapa abaixo apresenta as desigualdades de renda atreladas aos tipos de produtos

comercializados no mercado mundial seguindo esse raciocínio de gini ajustado por produto. Por exemplo os países produtores de petróleo tem os maiores ginis do mundo e representam os países

mais desiguais de toda a amostra. Os países produtores de máquinas e equipamentos, no centro da

mapa, apresentam os menores ginis do Globo. De modo geral o que esses dados mostram é que a

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complexidade caminha de mãos dadas com a redução de desigualdade. Nas comparações entre

países os saltos no sentido de aumento de complexidade resultam em reduções de desigualdade ao

longo do tempo.

Claro que esse processo não é linear e o caminho para a evolução da complexidade pode ser

bastante tortuoso. Inclusive do ponto de vista regional, um aumento de complexidade e

produtividade resulta sempre em aumento de desigualdade num primeiro momento. A região que

passa por aumento de complexidade apresenta enorme salto de renda em relacao as regiões ou

cidade que não passaram por esse processo. A desigualdade de renda dentro dos centros

complexos diminui muito conforme mostram os dados de Hidalgo e também um recente trabalho de

Hausmann com análises detalhadas para municípios e estados no Mexico.

Nas comparações entre as regiões complexas e não complexas a desigualdade explode, o que está

de acordo com as dinâmicas geográficas e regionais de retornos crescentes e redes produtivas

discutida anteriormente. Ou seja o aumento de complexidade dentro de uma região causa redução

de desigualdade interna mas aumento a desigualdade externa na comparação com outras regiões.

Alguns exemplo clássicos aqui são norte e sul da Itália, região da nova Inglaterra nos EUA e a

cidade e o estado de São Paulo no Brasil.

Da ótica dos trabalhadores e empresas, o aumento de produtividade e complexidade permite

aumentos relevantes e sustentados de salários reais; sem populismos que levam a descontroles

fiscais e no balanço de pagamentos. O caminho da distribuição de renda deve ser conjunto com o

do aumento de produtividade criando um ciclo virtuoso de aumento de produção e repartição dos

ganhos produtivos; uma rede ou sistema onde as inovações e ganhos de eficiência promovem os

ganhos de produtividade que bem distribuídos promovem novas ondas de ganhos de produtividade

e complexidade, num ambiente geral de criação de riquezas.

Os arranjos produtivos criativos, inovadores e complexos podem favorecer o avanço de

produtividade e vice versa. Ou seja, a redução da desigualdade pode funcionar como motor da

inovação e ganhos de produtividade com “trabalho e capital” alinhados na mesma direção. Exemplo

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interessantes desse alinhamento podem ser encontrados nas relações trabalhistas na Alemanha,

Japão, países nórdicos e norte de Espanha. O que importa aqui é atingir ganhos de produtividade e

inovações que possam ser distribuídas de forma justa e sustentada. Não dá para se distribuir o que

não se produz ou não distribuir nada de tudo que foi produzido. A desigualdade de oportunidades

produtivas significa enorme obstáculo à esse progresso: significa falta de acesso às possibilidades

de produzir e aqui o estado tem papel fundamental para tentar contribuir na construção e nas

possibilidades de acesso a essas redes produtivas que contribuem para o avanço da complexidadedas cidades, regiões e países.

O aumento da complexidade permite um desenvolvimento mais inclusivo da economia, contribuindo

para criação de circuitos virtuosos de desenvolvimento cultural, social e tecnológico que se

retroalimentam para formar uma rede produtiva mais sustentável. Uma vez que os ganhos de

produtividade sejam distribuídos entre os elementos da rede, cria-se o ambiente propício para o

desenvolvimento comum aonde as inovações e ganhos de eficiência, o desenvolvimento cultural,

social e tecnológico promovem os ganhos de produtividade que, por sua vez, se bem redistribuídos,

promovem novas ondas de ganhos de produtividade, mais diversidade e complexidade, num

ambiente geral de criação de riquezas aliado ao desenvolvimento humano e da qualidade de vida.