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CENTRO UNIVERITÁRIO UNINOVAFAPI CURSO DE NUTRIÇÃO IVANA MONTENEGRO MARIANI ALVES INFLUÊNCIA DE NUTRIENTES SOBRE A FIBROMIALGIA TERESINA-PI NOVEMBRO/2018

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CENTRO UNIVERITÁRIO UNINOVAFAPI

CURSO DE NUTRIÇÃO

IVANA MONTENEGRO MARIANI ALVES

INFLUÊNCIA DE NUTRIENTES SOBRE A FIBROMIALGIA

TERESINA-PI

NOVEMBRO/2018

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IVANA MONTENEGRO MARIANI ALVES

INFLUÊNCIA DE NUTRIENTES SOBRE A FIBROMIALGIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição do Centro Universitário Uninovafapi como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição.

Orientador(a): Ms. Norma Sueli da Costa Alberto

TERESINA

NOVEMBRO/ 2018.

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FICHA CATALOGRÁFICA

Catalogação na publicação

Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035

Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028

A474i Alves, Ivana Montenegro Mariani.

Influência de nutrientes sobre a fibromialgia / Ivana Montenegro Mariani Alves. – Teresina: Uninovafapi, 2018.

Orientador (a): Prof. Me. Norma Sueli Marques da Costa Alberto; Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2018.

23. p.; il. 23cm.

Monografia (Graduação em Nutrição) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2018

1. Fibromialgia. 2. Vitamina D. 3. Glutamato monossódico. 4. Antioxidantes. 5. Frutose. I. Título. II. Alberto, Norma Sueli Marques da Costa.

CDD 616.39

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INFLUENCIA DE NUTRIENTES SOBRE A FIBROMIALGIA

IVANA MONTENEGRO MARIANI ALVE1; NORMA SUELI MARQUES DA COSTA ALBERTO2; LUCIANA MELO DE FARIAS3; ANDRÉA FERNANDA LOPES DOS SANTOS3

RESUMO

Introdução: Fibromialgia é uma síndrome clínica que causa uma sensação

de dor presente no corpo inteiro, especialmente, nos momentos de crise. Associados

à dor, surgem fadiga, sono não reparador, dificuldade de memória, concentração,

ansiedade, formigamentos, dormências, depressão, dores de cabeça, tontura e

alterações intestinais. Existe pouca abordagem teórica sobre a contribuição da alimentação no desenvolvimento dos sintomas da Fibromialgia. Objetivo: Descrever

a relação dos nutrientes com os sintomas da fibromialgia, na perspectiva de qualificar a orientação nutricional no manejo da doença. Metodologia: Realizou-se

uma revisão integrativa nos bancos de dados PubMed, Google Acadêmico e

Biblioteca Virtual em Saúde. Buscou-se publicações entre 2001 a 2018, utilizando-se os descritores fibromialgia, vitamina D, glutamato monossódico, antioxidantes

frutose e seus correspondentes no inglês, que constam nos Descritores em Ciências

da Saúde e no Medical Subject Headings. Inicialmente, foram encontrados 721

artigos; após a leitura dos títulos e resumos foram selecionados 35 que identificavam o mecanismo de ação ou correlacionavam os nutrientes com a FM. Resultados e Discussão: A alimentação tem papel fundamental na evolução dos sintomas da

doença, tendo em vista que pode participar das diversas vias metabólicas e neurais

envolvidas com a doença. Dentre os alimentos com relação positiva estão a vitamina

D, que pode modular a excitabilidade neuronal, os alimentos antioxidantes, que

auxiliam combatendo espécies reativas de oxigênio, e os com relação negativa

estão: o glutamato e aspartame, que agem como excitotóxicos, glúten, que aumenta os níveis de dor e diminui a qualidade de vida dos pacientes, a frutose, que reduz a

absorção de triptofano, o qual auxilia na síntese da serotonina. Objetiva-se subsidiar

1 Discente, Graduação em Nutrição, Centro Universitário UNINOVAFAPI. 2 Nutricionista, Mestre, Docente Orientadora. Curso de Nutrição. Grupo de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Centro Universitário UNINOVAFAPI. 3 Nutricionistas, Mestres. Docentes. Curso de Nutrição. Grupo de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Centro Universitário UNINOVAFAPI.

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profissionais da área da saúde, no momento do tratamento não medicamentoso dos

enfermos. Ao analisar a influência da alimentação nos sintomas da fibromialgia,

percebe-se a importância da alimentação no controle dos sintomas.

Palavras-chave: Fibromialgia; Vitamina D; Glutamato monossódico; Antioxidantes;

Frutose.

ABSTRACT

Introduction: Fibromialgia is a clynical syndrome that causes a feeling of pain

in the whole body, especially in the moment of crisis. Along with the pain, there is

tiredness, sleeplessness, memory loss, lack of concentration, anxiety, numbness,

depression, headaches, dizziness and stomach issues. There is little theoretical

approach concerning the contribution of the use of food in developing the symptoms

of Fibromyalgia. Objective: Describe the relationship of nutrients with the symptoms

of Fibromyalgia, under the perspective of qualifying nutritional orientation when

dealing with the illness. Methodology: An integral revision was made in the data

base of PubMed, Google Academico and Biblioteca Virtual em Saude. There was a

search on publications between 2001 to 2018, using the describers of Fibromyalgia,

vitamin D, monosodium glutamate, antioxidants, fructose and its correspondents in

the English language, that can be found in the Describers of Health Sciences and in

the Medical Subject Headings. Initially, 721 articles were found. After the reading of

titles and summaries, 35 were selected because they identified the mechanism of

action or related nutrients to Fibromyalgia. Results and Discussion: The use of food

has a fundamental role in the development of the symptoms of the illness, since it

can be part of the various metabolic and neural ways envolved with the illness.

Among the types of food that have a positive relationship we have vitamin D, that is

able to module the neuronal exciting, the antioxidants, which help combating reactive

oxygen species, and the ones with a negative relationship we have glutamate and

aspartame, which act as excitotoxicos, gluten, which raises the level of pain and

decreases the life quality of the patients, fructose, which reduces the absorbing of

triptofan, that helps in the synthesis of serotonin. The goal is to support health

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professionals during the treatment without medicine of the patients. Analysing the

influence of food in on the symptoms of Fibromyalgia, we notice the importance of

food in the control of the symptoms.

Keywords: Fibromyalgia, Vitamin D, Monosodium Glutamate, Antioxidants,

Fructose.

INTRODUÇÃO

Fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica, caracterizada por sensação de dor no corpo musculoesquelética crônica, generalizada. De forma simultânea à dor são

relatados: fadiga, sono não reparador, dificuldade de memória e concentração,

ansiedade, formigamentos ou dormências, depressão, dores de cabeça, tontura e

alterações intestinais. O conceito da FM foi introduzido em 1977 quando foram descritos sítios anatômicos com exagerada sensibilidade dolorosa, chamados tender

points, nos portadores desta doença. 1,2

Evidências mostram que alguns indivíduos podem ter predisposição genética

quando expostos a algum fator ambiental, sendo na maior parte quando a mãe

possui fibromialgia. Essa patologia é extremamente comum, considerado o segundo

distúrbio reumatológico mais encontrado, na prática clínica e consultas referentes à

dor musculoesquelética, ficando atrás somente da osteoartrite. 1,2,3

A fibromialgia afeta em média 2,10% da população mundial, dessa

quantidade, corresponde para 2,31% dos europeus e 2,40% na população

espanhola. Sendo que em 1997, estudos apontavam que em alguns países da

Europa a FM acometia até 10,5% da população adulta feminina. No Brasil, a

prevalência foi estimada em 2,5% da população, principalmente em mulheres, com

maior prevalência entre os 35 a 44 anos, correspondente a 40,8%, podendo manifestar também em adolescentes e idosos. 4,5,6

A etiopatogenia e a fisiopatologia da FM ainda continuam pouco claras. Na

literatura foi aceito um modelo fisiopatológico que agrega várias ideias, sugerindo

que um distúrbio primário seria uma mudança em algum mecanismo central de

controle da dor, possivelmente resultante de uma disfunção neurotransmissora. 7,8,9

Acredita-se que a dor crônica seja mediada por um estímulo nocivo inicial que causa a liberação do aminoácido excitatório glutamato, que atua nos receptores N-

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metil- D - aspartato (AMPA). A ativação prolongada de nociceptores que são as

terminações nervosas responsáveis pelas manifestações de dor persistente, que

libera o bloqueio de magnésio em alguns receptores, e combinada com a liberação da substância P, pode causar despolarização prolongada da membrana levando à

dor crônica. 10,11

O Diagnóstico da FM deu-se inicialmente em 1990, pelo Colégio Americano

de Reumatologia (ACR), que estabeleceu critérios para a classificação da doença,

os quais passaram a ser considerados insuficientes para o diagnostico da

enfermidade. Em 2010 o Colégio Americano de Reumatologia elaborou novos

critérios diagnósticos, que incluíram vários sintomas e excluíram a palpação dos

pontos dolorosos. 8,12,13,14

Avaliações auxiliares ao diagnóstico encontram-se o Questionário de Impacto

da Fibromialgia (QIF), o Questionário de Qualidade de Vida SF-36, Escala de

Depressão de Beck (DBI), Escala de Ansiedade Traço-Estado, Escala Visual Analógica da Dor (VAS), Questionário de Dor de McGill, entre outros. 14

Apesar da FM apresentar bom prognóstico, os portadores dispendem

volumes expressivos de recursos financeiros para o tratamento. Mesmo pouco

efetivo devido ao desconhecimento da etiopatogenia, a doença requer abordagem

multiprofissional, individualizada, participação ativa dos doentes, combinação de

condutas medicamentosas e não medicamentosas, que considerem o contexto do adoecimento.

O tratamento não medicamentoso desempenha importante papel no controle

dos sintomas. Entre as modalidades estão: a prática de atividade física e a

alimentação adequada. Nesse tipo de tratamento está a alimentação, a qual tem

papel relevante na evolução dos sintomas, já que vários nutrientes participam das

diversas vias metabólicas e neurais envolvidas com a doença. 7

Pela relevância do tema e a pouca abordagem teórica sobre a contribuição da

alimentação no desenvolvimento dos sintomas da FM, objetiva-se estudar a relação

dos nutrientes com os sintomas da fibromialgia, na perspectiva de qualificar a

orientação nutricional no manejo da doença.

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METODOLOGIA

Este artigo de revisão é produto de uma pesquisa integrativa, realizada nas bases de dados Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde. Buscou-se

publicações do período de 2001 a 2018, utilizando-se as palavras-chaves

“fibromialgia”, doença celíaca, vitamina D, glutamato monossódico, frutose,

triptofano, aspartame, antioxidantes e seus correspondentes no inglês “fibromyalgia”,

“Vitamin D”, “sodium glutamate”, “fructose”, “antioxidants”, os quais constam no Descritores em Ciências da Saúde (DECS, 2018) e no Medical Subject Headings

(MESH). Além disso, procedeu-se busca manual de referências citadas pelos

autores selecionados, como forma de ampliar a pesquisa.

Foram excluídos os artigos que não descrevessem a relação com a FM ou

não informassem o mecanismo de ação dos nutrientes no desenvolvimento da

doença. Inicialmente, foram encontrados 721 artigos; após a leitura dos títulos e

resumos foram selecionados 35 que identificavam o mecanismo de ação ou

correlacionavam os nutrientes com a FM. RESULTADOS E DISCUSSÃO No total, encontraram-se nas bases de dados mencionadas 721 publicações,

de artigos no período de 2001 a 2018. Após leitura dos títulos e resumos das

publicações, incluíram-se 55 artigos. Esses 55 artigos, foram lidos na sua íntegra,

resultando em 35 artigos, obtendo-se o25s resultados aqui apresentados. A figura 1

ilustra a busca nas bases.

Pacientes com fibromialgia exibem maior sensibilidade a muitos

estímulos, como calor e frio, bem como a pressão mecânica e isquêmica. Esses

estímulos produzem respostas de dor em pacientes quando aplicados em níveis de intensidade que não provocam respostas de dor em indivíduos saudáveis. Existe

uma crescente prova que a doença seja caracterizada por um aumento da entrada

sensorial, que é mediada por eventos do sistema nervoso central. As evidências

também sugerem que a FM envolve níveis anormais de serotonina e norepinefrina,

que são neurotransmissores fundamentais nas vias inibitórias da dor endógena. 11

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Figura 01: Fluxograma da pesquisa integrativa.

No processamento anormal da dor, os neurônios de transmissão de dor

(RNPT) tornam-se sensibilizados para a entrada de sinais de dor em resposta à

exposição intensa ou prolongados a estímulos dolorosos. Um dos mecanismos

subjacentes a essa sensibilização é a ativação exagerada da produção pós-sináptica

de óxido nítrico que, por sua vez, aumenta a liberação pré-sináptica de aminoácidos

excitatórios e faz com que os RNPT se tornem hiperexcitáveis. 11

A fibromialgia é caracterizada, pela sensibilidade exagerada a pressão, frio,

calor, o que provoca dor intensa e persistente. Alguns nutrientes e compostos têm

sido estudados relacionando-os como inibidores ou potencializadores dos sintomas,

especialmente, a dor.

Quadro 01: Influência desencadeada por nutrientes sobre os sintomas da fibromialgia.

Artigos incluídos após a leitura do artigo na íntegra

Artigos incluídos após a leitura do artigo na íntegra

Artigos incluídos após a leitura do artigo na íntegra

Pesquisa bibliográfica em base de dados no período de 2004 a 2018

Google Acadêmico Biblioteca Virtual da Saúde

PubMed

86 411 224

Artigos repetidos entre as bases

Total de artigos incluídos

Artigos Google acadêmico excluídos após leitura do título e resumo

Artigos Biblioteca Virtual da Saúde excluído após leitura do título e resumo

Artigos PubMed excluído após leitura do título e resumo

155

81 404 205

06 10 19

35

Artigos selecionados após a leitura de título e resumo 55

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Positiva

Vitamina D

Ação anti-inflamatória e, com efeito, neuroprotetor modula a excitabilidade neuronal, como

sensibilidade a receptores neurotransmissores

como do ácido γ-aminobutírico (GABA) e o

receptor N-metil D-Aspartato (NMDA).

Triptofano

Precursor da serotonina, a qual provoca sensação de bem estar e alivia a dor.

Antioxidantes

Vitaminas A, E e C Modulam distúrbios imunológicos e neurológicos presentes e combatem radicais livres;

Vitamina B6

Reduz o glutamato, um neurotransmissor

excitatório, convertendo-o em um

neurotransmissor inibitório;

Magnésio

Diminui a fadiga, prevenindo as câimbras,

comuns na FM;

Zinco

Melhora a função dos tecidos nervoso e muscular

e contribui para a síntese do colágeno;

Ácidos Graxos

Essenciais

Capacidade de modularem a atividade da

serotonina e adrenalina cerebral.

Negativa

Glúten

Agrava a síndrome da fadiga crônica e os desconfortos intestinais, mesmo em pacientes

sem diagnóstico de intolerância ao glúten.

Glutamato e

Aspartame

O aspartame, que gera o aspartato, e o

glutamato, desenvolvem papel de

neurotransmissores excitatórios;

Frutose

Devido ao seu alto poder reativo, diminui a

absorção do Triptofano.

Os mecanismos de ação desses nutrientes juntamente com suas respostas

positivas ou negativas ao organismo estão mais detalhados abaixo.

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Vitamina D A vitamina D é lipossolúvel, derivada principalmente da síntese da pele

através da radiação ultravioleta (UVB), que desempenha um papel fundamental na

homeostase esquelética e do cálcio, incluindo modulação do crescimento celular,

ações neuromusculares e potenciais propriedades anti-inflamatórias. Por possuir

ação reguladora neuronal exerce efeitos neuroprotetores e pode modular a

excitabilidade neuronal, como sensibilidade a receptores neurotransmissores como

do ácido γ-aminobutírico (GABA) e o receptor N-metil D-Aspartato (NMDA). 16

Reconhecida como essencial para a regulação do sistema imunológico, a

vitamina D foi considerada um fator significativo para algumas doenças autoimunes. Há poucos estudos clínicos relacionando diretamente a vitamina D à FM, no entanto,

estudos afirmam que as vias de dor associadas a alterações corticais, imunológicas,

hormonais e neuronais na dor crônica são beneficiadas potencialmente pelos níveis

da vitamina. 16,17

Existe, ainda, grande controvérsia com relação à suplementação ou não da

vitamina, porém estudos indicaram que a hipovitaminose D é altamente prevalente em pacientes com FM e alguns relataram melhora nos sintomas da escala clínica

após a suplementação, podendo ser pelo fato dessa vitamina aumentar a atividade

serotoninérgica, melhorando o humor e alívio da dor. 18,19

Segundo Rio-Martinez, Rubio20 há casos significativos de deficiência ou

insuficiência de vitamina D em pacientes com FM, o que os faz precisar de uma

maior exposição solar, já que a alimentação não é suficiente para manter os valores recomendados dessa vitamina, a qual tem um papel importante na melhora dos

níveis de dor daqueles nesses pacientes.

Medida em Unidades Internacionais (UI), a vitamina D nos alimentos é

chamada de calciferol. Existem poucos alimentos fontes dessa vitamina; peixes,

óleos de peixes, leite, soja fortificada, alguns iogurtes, cereais fortificados são boas

fontes. Os cogumelos são os únicos alimentos vegetais conhecidos por conter vitamina D. 21

Uma meta-análise realizada por Makirani, Afshari, Ghajar, Forooghi,

Moosazadeh22 revelou evidências confiáveis de que a vitamina D pode ser um fator

determinante para a FM, sendo necessária sua suplementação como ação

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preventiva na tentativa de melhora das dores. Outra meta-análise realizada por

Yong, Sanguankeo, Upala23 concluiu que a suplementação de vitamina D é capaz de

diminuir os escores de dor e melhorá-la. A vitamina D exerce um papel fundamental no organismo de forma geral,

sendo que em pacientes com FM foi relatado níveis deficientes ou insuficientes.

Caso não seja suficiente, deve-se avaliar a necessidade de cada paciente para uma

suplementação.

ANTIOXIDANTES

A peroxidação lipídica reflete a produção intracelular de espécies reativas de

oxigénio (ROS - reactive oxygen species), que por sua vez, estão envolvidas na

etiologia de um dos principais sintomas da FM, a dor. Por outro lado, a peroxidação

lipídica está também associada a uma característica típica da doença, a fadiga,

verificando-se uma interessante correlação com este sintoma, tendo já sido

demonstrado níveis elevados de peroxidação lipídica presentes na síndrome de

fadiga crónica, uma doença com alta taxa de comorbidades em comum com a FM. 24

A excitotoxicidade pode também causar estresse oxidativo por meio do aumento da produção de espécies reativas de oxigênio no sistema nervoso. O

estresse oxidativo pode ser combatido através da ingestão dietética de

antioxidantes. Assim, a neurotransmissão glutamatérgica excessiva leva ao aumento

da necessidade de antioxidantes na dieta. 10

Antioxidantes, como as vitaminas A, E e C, têm sido utilizados para a

modulação de vários distúrbios imunológicos e neurológicos. As vitaminas C e E podem ser administradas como agentes terapêuticos no combate as espécies

reativas de oxigênio. As vitaminas lipossolúveis quebram as cadeias de radicais

livres, reagindo com estes e convertendo-os numa forma de pouca ou nenhuma

toxicidade para o organismo, sendo por isso consideradas a primeira linha de defesa

contra a peroxidação lipídica. Por sua vez, a vitamina C é a principal vitamina

hidrossolúvel que, além de destruir os radicais livres também transforma a vitamina E na sua forma ativa. 24,25,26

Além disso, produtos fitoterápicos têm sido utilizados na melhoria dos

produtos de peroxidação sérica, depressão e sono em pacientes com FM. Uma

planta medicinal da família Ranunculaceae, Nigella sativa, tem sido associada a

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forte potencial antioxidante devido à atividade de eliminação em direção aos radicais

livres. As vitaminas C, E e sementes de Nigella sativa resultaram na modulação do

estresse oxidativo em pacientes com FM. 26 A vitamina B6 serve como um cofator importante para a enzima glutamato

descarboxilase (um neurotransmissor excitatório), que o converte em GABA (um

neurotransmissor inibitório). Deficiência em B6 pode levar a níveis mais elevados de

glutamato e níveis reduzidos de inibição de GABA, facilitando assim a

excitotoxicidade no sistema nervoso central. 10

O magnésio (Mg) é um oligoelemento que desempenha um papel

considerável na síntese de ATP (Adenosina Trifosfato) e é essencial para o

adequado metabolismo do músculo, pode reduzir a fadiga e prevenir câimbras

musculares. Nos últimos anos, os níveis séricos de magnésio foram pesquisados e

alguns pesquisadores constataram que a deficiência do mineral desempenhava um

possível papel no mecanismo da dor na fibromialgia, relacionando-o com a produção de ATP. O zinco melhora a função dos tecidos nervoso e muscular e está envolvido

na formação de colágeno. 24,25

Os ácidos graxos essenciais encontrados no óleo de peixe modulam a

atividade serotoninérgica e adrenérgica cerebral. Devida à ação da serotonina e

norepinefrina no processamento central da percepção da dor. A Inclusão simultânea

de antioxidantes com imunomoduladores preserva a função mitocondrial podendo ser utilizado como adjuvante no tratamento da síndrome fibromiálgica.18

Estes achados evidenciam a necessidade da utilização de alimentos com

propriedades antioxidantes na dieta, ajudando a regular não só os efeitos da FM,

mas auxiliando na homeostase do organismo, minimizando a peróxidação lipídica, e

aumentando os níveis de antioxidantes no corpo, que combate os radicais livres,

constantemente.

Alimentos com função antioxidante estão presentes nas frutas, verduras,

hortaliças, raízes, gorduras insaturadas, carnes como: laranja, acerola, caju,

abacaxi, kiwi, cenoura, couve, brócolis, batata doce, semente de girassol, semente

de abóbora, azeite de oliva extra virgem, oleaginosas, que cenoura, ovo, peixe,

frango, ricos em vitaminas A, C, E, B entre outras e minerais como zinco e

magnésio. 27,28,29 Recomenda-se, inclusive, o cultivo de alguns desses alimentos em casa, para

facilitar o acesso, podendo reaproveitar utensílios, como, garrafas plásticas, ou

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vasos para fazer uma horta vertical. É de baixo custo, além de ser livre de

agrotóxicos. GLUTAMATO MONOSSÓDICO E ASPARTAME

O aspartame gera o aspartato, e o glutamato, que, do ponto de vista dietético,

são aminoácidos negativamente carregados que funcionam como neurotransmissores excitatórios. 10,30

Existem muitos dados convergentes em favor de uma desregulação do

processamento da dor no sistema nervoso central de pacientes com FM,

particularmente, associada a um aumento nos níveis de glutamato cerebral. Além

disso, há evidências para apoiar uma associação entre o aumento dos níveis de

glutamato e um aumento nos sintomas. 31 Segundo Karras; Rapti; Kotsa16 foi relatado um aumento na concentração de

neurotransmissores excitatórios (incluindo a substância P, fator de crescimento

nervoso e fator neurotrófico derivado do cérebro) e aminoácidos (incluindo o

glutamato) no líquido cefalorraquidiano (LCR) e no cérebro de pacientes com FM

indicando sua contribuição para o desenvolvimento da hiperalgesia. O aspartato atua no receptor NMDA, que é um importante receptor de

glutamato implicado na dor e na depressão. Estes aminoácidos são encontrados em

formas ligadas e livres na dieta. As formas encadernadas incluem fontes de proteína

completas como a carne, onde os aminoácidos são liberados lentamente para

circulação durante o processo digestivo. As formas livres desses aminoácidos são

encontradas como aditivos alimentares, bem como em itens alimentares específicos, como molhos de soja, peixe, e queijos envelhecidos, como cheddar e parmesão. 10

O glutamato exerce naturalmente ação excitatória no sistema nervoso central

e no periférico; quando for por ingestão dietética, pode ter efeitos excitotóxicos. O

aspartame age na via triptofano-serotonina, prejudicando a liberação de 5-

hidroxitriptofano (5-HT, Serotonina) no cérebro. Pode promover diminuição na

captação de Triptofano (Trp) pelo tecido cerebral ou diminuição na conversão de Trp em 5-HT, que é um precursor da serotonina. Consequentemente, diminui a

quantidade de serotonina, a qual é consistentemente associada à depressão,

ansiedade, distúrbios do apetite, e hipersensibilidade à dor aguda e crônica. 32

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Em estudo realizado com 19 pacientes com FM e 14 controles, os níveis de

glutamato na ínsula posterior (IP) foram maiores nos indivíduos com a doença e

foram correlacionados negativamente com os limiares de dor à pressão. A ínsula posterior desempenha papel proeminente na dor e no processamento sensorial

interoceptivo. Esses dados sugerem que o glutamato elevado influencia neste

processamento de dor aumentada. Esses níveis aumentados poderiam elevar o

ponto de ajuste da atividade neural basal na IP, o que poderia resultar em respostas

aumentadas aos estímulos dolorosos. 33

Em um estudo de caso houve relato que os sintomas de FM melhoraram após

a remoção de glutamato monossódico e aspartame de suas dietas. Em outro, houve

remissão dos sintomas da doença e outras dores generalizadas em pacientes que

pararam de usar o aspartame, com retorno dos sintomas após o retorno do uso. Um

ensaio clínico, posteriormente, demonstrou melhora significativa dos sintomas em

pacientes com FM que foram colocados em dieta de eliminação de excitotoxina por um mês, removendo todas as fontes das formas livres desses aminoácidos. 10,34

Os resultados estimulam a orientação para retirada do glutamato

monossódico e do aspartame da dieta de pacientes com FM, bem como para a

atenção aos rótulos dos alimentos, de forma a evitar a aquisição de um produto

potencializador da dor.

Diversos alimentos no mercado possuem glutamato monossódico como: biscoitos doces e salgados, salgadinhos industrializados, embutidos de modo geral,

molhos prontos, sopas prontas, caldos de carne, temperos artificiais. Por sua vez, o

aspartame é mais encontrado em adoçantes dietéticos, como um substituto do

açúcar. 35

GLÚTEN Atualmente, é amplamente aceito que a sensibilidade ao glúten é um

distúrbio muito mais prevalente do que se acreditava anteriormente. Estudos

sugerem que a sensibilidade ao glúten é comum em pacientes com FM, entretanto muitos não são diagnosticados. Parte da razão para isso é que o teste tradicional de

alergia ao glúten procura sensibilidade exclusivamente ao peptídeo gliadina. Porém

existem pelo menos 50 epítopos tóxicos no glúten, cada um capaz de exercer

atividades citotóxicas, imunomoduladoras e de junção estreita. 36

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A síndrome da fadiga crônica presente na FM pode ser agravada pela

sensibilidade ao glúten não celíaca. Alguns sintomas da doença, como fadiga, dor

de cabeça e desconforto gastrointestinal, também são comuns em indivíduos com sensibilidade ao glúten. Em indivíduos portadores de FM com sensibilidade ao

glúten não celíaca, a exclusão do glúten da dieta relacionou-se com remissão dos

critérios de dor, retorno ao trabalho e descontinuação do uso de medicamentos,

além da melhora de sintomas, como fadiga, sintomas gastrointestinais, enxaqueca e

depressão. 25,37

Estudo realizado com 104 pessoas diagnosticadas com FM evidenciou que a

adoção de dieta livre de glúten por um ano provocou diminuição significativa nos

escores média do FIQ, no questionário de avaliação de saúde (HAQ) e na VAS. As

pontuações médias mudaram do FIQ para leve; HAQ para “capaz de fazer com

alguma dificuldade”; o VAS para sintomas digestivos para “leve a moderada”; o VAS

para a quantidade de dor para "não muito ruim”. Paralelamente à melhora clínica, foi notificada diminuição significativa de 55% no número e nas doses de medicamentos

prescritos. 38

Um grupo de 20 pacientes com FM severa de longa duração, com doença

celíaca descartada, mas com linfocitose intra-epitelial duodenal, exibiu respostas

clínicas a uma dieta isenta de glúten. Todos os pacientes melhoraram o nível de dor

crônica; em 15, a dor crônica generalizada desapareceu, indicando remissão da doença em três, que haviam sido previamente tratados com opióides, drogas já

descontinuadas. Fadiga, sintomas gastrointestinais, enxaqueca e depressão

também melhoraram em conjunto com a dor. Doze pacientes tiveram melhora clínica

após o início da dieta sem glúten em apenas alguns meses. Para outros, a melhora

foi muito lenta e foi gradualmente observada durante muitos meses de

acompanhamento. Para oito pacientes, a ingestão de glúten provocou piora clínica,

que diminuiu após o retorno à dieta estrita sem glúten. 39

Apesar de estarem disponíveis melhores testes que podem fornecer um

diagnóstico preciso, a melhor e mais acessível ferramenta de diagnóstico é uma

dieta de eliminação de glúten por 30 dias ou mais. 36

A FM, por ser uma doença crônica, deve ser monitorada. Nos estudos citados

anteriormente muitos dos pacientes relataram descofortos gastrointestinais e aumento da fadiga e dor, sendo comprovado que foi proveniente do consumo de

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glúten, pois quando retirado da dieta houve melhora de quase todos os sintomas

relacionados à doença, mesmo naqueles que não tem doença celíaca. 25,37,39

Os alimentos que possuem glúten são aqueles que na sua composição possuem trigo, aveia, centeio ou cevada. Esses ingredientes são encontrados

facilmente em pães, bolos, tortas, biscoitos, massas de modo geral. 40

Com o aumento da quantidade de pessoas com intolerância ao glúten, ou

com alguma doença que requer a exclusão do glúten, ou para efeito estético,

passaram a surgir lojas, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos de venda de

produtos naturais, os quais vendem alimentos isentos da proteína ou alimentos

substitutos, como farinha de arroz, de amêndoas, de linhaça, de coco, entre outros.

TRIPTOFANO E FRUTOSE

O triptofano e o 5-hidroxitriptofano (5-HTP) são aminoácidos precursores da

formação do neurotransmissor serotonina (5-HT) e, subsequentemente, do hormônio

pineal melatonina. A depleção de triptofano e os baixos níveis de 5-HT estão

consistentemente associados com depressão, ansiedade, distúrbios do apetite e hipersensibilidade à dor aguda e crônica. As vias serotoninérgicas são bloqueadas

devido ao estresse crônico para aumentar a utilização da 5-HT e aumento da

degradação hepática de triptofano pela pirolase triptofano estimulada pelo cortisol. 18

Baixos níveis de 5-HT estão envolvidos na FM, que é sintetizada a partir do

aminoácido essencial L- triptofano (Trp); a presença de moléculas não absorvidas no

intestino, principalmente frutose, reduz a absorção de Trp. Baixa absorção de Trp reduz a sua biodisponibilidade que, por sua vez, reduzem a biossíntese de 5-HT,

desencadeando sintomas da doença. 32

A frutose é um açúcar naturalmente presente em frutas e mel. O transporte de

frutose para dentro e para fora das células no corpo humano é mediado

principalmente por três proteínas transportadoras: GLUT5, GLUT2 e GLUT7,

caracterizadas por diferentes especificidades de substrato e expressão tecidual. O GLUT5 tem baixa capacidade, independente de glicose, sendo específico para

frutose. O GLUT2 é um co-transportador de frutose de baixa afinidade, dependente

da glicose. O GLUT7 transporta glicose e frutose com alta afinidade para ambos. 32

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A frutose é encontrada amplamente na dieta como uma hexose livre, como o

dissacarídeo, a sacarose, e em uma forma polimerizada (frutanos). A frutose livre

tem absorção limítrofe no intestino delgado, com até metade da população incapaz de absorver completamente uma carga de 25g. A ingestão média diária de frutose

varia de 11g a 54g em todo o mundo. Os frutanos não são hidrolisados ou

absorvidos no intestino delgado, permanecendo no cólon. 41

A presença de frutose não absorvida também pode produzir uma deterioração

da microbiota, ativando um ciclo de retroalimentação positiva: a crescente

deterioração da microbiota reduz a funcionalidade da absorção de frutose e Trp no

intestino, entrando em um círculo vicioso. A ideia terapêutica para a remissão

sintomática da FM é sustentar a síntese de 5-HT, permitindo a absorção adequada

de Trp ou, inversamente, permitir a absorção de Trp para garantir sua

biodisponibilidade para a síntese de 5-HT. 32

Paciente adulta, eutrófica, diagnosticada com FM, sem uso de medicamentos, foi submetida à dieta para facilitar a absorção de Trp e, assim, garantir a síntese de

5-HT. Foram excluídos alguns carboidratos que pudessem afetar negativamente o

destino do Trp no trato gastrointestinal, e ofertada a ingestão adequada de Trp via

alimentos. O consumo de frutose foi limitado tanto quanto possível e outras

moléculas como o sorbitol. O glutamato e o aspartame também foram excluídos. As

modificações dietéticas resultaram em rápida melhora. Os sintomas da depressão, fadiga dor generalizada e a rigidez matinal desapareceram e foi recuperado o sono

restaurador. 42

Em estudo intervencional com 38 pacientes com FM com dieta restrita

em oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis

(FODMAPs) durante quatro semanas e reintrodução faseada durante outras quatro, a amostra apresentou scores de gravidade e de impacto da FM de 22 (0-31) e 62 (0-

100) respectivamente. Em levantamento das intolerâncias e alergias alimentares

previamente relatadas, cerca de 60% das participantes referiram sentir algum tipo de intolerância, sendo a segunda mais frequentemente intolerância aos legumes e

frutas (24% e 18%, respetivamente) e intolerância aos cereais e leguminosas (13% e

11%, respectivamente). A taxa de satisfação geral com a dieta foi de 77% e a de

adesão, 85%. Em relação à evolução dos sintomas da FM, os resultados positivos

foram quanto à severidade da doença, redução significativa na “dor generalizada” e

impacto positivo da FM na vida diária. 43

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Em termos dietéticos, para obter melhora nos sintomas da FM é importante a

redução de alimentos com frutose, como: frutas, sucos, milho, ervilha, açúcar, mel,

entre outros. Quando ingerir frutas, é melhor dar preferência àquelas que possuem menor teor do açúcar, sendo elas: maracujá, goiaba, kiwi, carambola, morango,

tangerina. Apesar de pacientes que excluíram ou diminuíram frutose da dieta

reduziram e até sumiram com os sintomas da doença, mais estudos são necessários

para explicar melhor a correlação entre frutose, triptofano e a fibromialgia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fibromialgia é caracterizada, especialmente, pela alta sensibilidade ao calor,

frio e pressão, o que provoca dor intensa e persistente. Alguns nutrientes têm sido

estudados no que se refere à relação com os sintomas da doença, agindo como inibidores ou potencializadores dos sintomas, especialmente a dor.

Entre os nutrientes associados à redução da dor e outros desconfortos da FM

foram identificados: a Vitamina D, por sua propriedade anti-inflamatória; O

Triptofano, por ser um precursor da serotonina, a qual provoca sensação de bem

estar e alivia a dor; nutrientes com capacidade antioxidantes, entre os quais, a

Vitamina A, E e C, as quais, modulam vários distúrbios imunológicos e neurológicos presentes na FM e combatem radicais livres; a Vitamina B6, por sua importância na

redução do glutamato, um neurotransmissor excitatório; o Magnésio diminuindo a

fadiga e prevenindo as câimbras, comuns na FM; o Zinco, por provocar melhora a

função dos tecidos nervoso e muscular e contribuir para a síntese do colágeno; os

Ácidos Graxos Essenciais, devido à capacidade de modularem a atividade da

serotonina e adrenalina cerebral, sendo um coadjuvante no tratamento da síndrome

fibromiálgica.

Por outro lado, têm sido considerados nutrientes prejudiciais na FM o

aspartame, que gera o aspartato e juntamente com o glutamato desenvolvem papel

de neurotransmissores excitatórios; a Frutose que, devido ao seu alto poder reativo,

diminui a absorção do Triptofano; o Glúten, por agravar a síndrome da fadiga crônica

e os desconfortos intestinais presentes na FM. Como forma de minimizar os sintomas, deve-se orientar dieta isenta da proteína e ou com substitutos dela.

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De posse desse aporte teórico, os profissionais de saúde, em especial,

nutricionistas, têm mais ferramentas para subsidiar sua conduta no momento da

prescrição do tratamento não medicamentoso junto à FM.

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ANEXOS

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