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A crise terminal dos anos 60 do século XIX e a Janeirinha. O regime dos pequenos partidos A Regeneração 1 2013 / 03/ 13

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A crise terminal dos anos 60 do século XIX e a

Janeirinha. O regime dos pequenos partidos

A Regeneração

2013 / 03/ 13

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1851 / 1871 – Os Governos em Portugal

Períodos Cronológicos

- Maio de 1851 / Janeiro de 1868

- Janeiro de 1868 / Setembro

de 1871

Número de Governos

6 Governos

6 Governos

1ª fase do Rotativismo

Regime dos pequenos partidos

Como explicar a

alteração do

modelo político

do primeiro

para o segundo

período? Como se processou essa mudança?

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COMO EXPLICAR A ALTERAÇÃO DO MODELO POLÍTICO DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO PERÍODO?

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Gráfico comparado da tonelagem de matéria-prima e maquinaria importada para a indústria em 1861 e 1867

Algod

ão e

m R

ama

Taba

co e

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lha

Ferro

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Máq

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500

1000

1500

2000

2500

Ano de 1861Ano de 1867

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5

Encargos da dívida pública (em contos de reis)

1851/52

1852/53

1855-56

1861/62

1867/68

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Encargos da dívida pública (em contos de reis)

Anos Económicos

Contos de Réis

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1867 – a conjuntura económica nacional ( Glória - Vasco Pulido Valente - 2012 – pág. 284 e seguintes)

Por causa de uma longa seca o ano agrícola de 1867 fora

um dos piores do século. Perderam-se quase totalmente as

colheitas de cereais no Alentejo, no Ribatejo, nas Beiras, e

em Trás-os-Montes. Mesmo a colheita de milho falhou em

todo o norte, com excepção de certas áreas do Minho. Por

outro lado, as vindimas, do Douro a Trás-os-Montes, da

Estremadura ao Ribatejo e ao Alentejo ficaram abaixo das

previsões mais pessimistas. O que a seca poupou, destruiu

o oídio, que alastrava por Portugal inteiro. Hortas, olivais e

pomares eram igualmente um espectáculo

“desgraçadíssimo”

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As cidades naturalmente não escaparam. As exportações diminuíram.

A de vinho do Porto, por exemplo, baixou 50% entre Janeiro e

Outubro. A indústria têxtil quase parou. A quantidade de fretes e

passageiros nos caminhos-de-ferro estacionou o que nunca antes

sucedera. A isto juntava-se o crédito caro, com a taxa de juro a

oscilar pelos 8% e a dificuldade crescente do desconto de letras,

provocado pelos problemas internos, a crise financeira no Brasil e os

rumores de uma crise internacional , que abalara a banca de Paris. O

entesouramento da moeda metálica, sintoma clássico de falta de

confiança, reforçava a paralisia dos negócios.

(continuação)

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(continuação)

As fábricas e oficinas que não faliram logo, ou reduziram os

salários, ou despediram pessoal, ou as duas coisas. Em Outubro,

altura tradicional de renovar os contratos de arrendamento, os

senhorios, coagidos pela inflação, exigiram aumentos

substanciais, que levaram milhares de famílias ao despejo. A

miséria urbana, que habitualmente não preocupava ou afligia

ninguém, era agora tão visível que até os jornais a comentavam.

Um órgão circunspecto da opinião radical achou mesmo

necessário condenar “a mania dos suicídios” e revelou que subira

“a procura de cabeças de fósforo”, um “veneno económico”

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O governo não conseguira dominar o deficit ou consolidar a dívida.

(…) Para equilibrar o orçamento Fontes tomou medidas que seriam

a sua perda.

(…) Um esforço para disciplinar as confusas finanças dos

municípios e limitar a sua tendência para contrair dívidas, que o

Estado central depois pagava.

(…) Extinguiam-se quatro distritos: Portalegre, Santarém, Leiria e

Braga. [e depois mais três - Viana do Castelo, Aveiro e Guarda] - E

estabelecia-se um critério geral: não haveria municípios com menos

de 3000 fogos (…) o que implicava a supressão de 178 dos 302

existentes. Suprimiam-se quase 1000 freguesias, em cerca de

3000.

(continuação)

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1010

(continuação)

No orçamento de 1867-1868, Fontes resolveu ir às do cabo:

partindo do razoável pressuposto de que esperar o equilíbrio

da fazenda pública só da redução das despesas era “uma

utopia” que nenhum “espírito prático aceitava”, avançou com

uma reforma fiscal para aumentar as receitas.

O orçamento de 1867-1868 extinguia os impostos municipais

sobre certos géneros (…) e substituía todos eles por um

imposto único de consumo, que passava a constituir receita

exclusiva do Estado. (…)

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1111

(continuação)

O novo imposto incidia sobre todos os géneros vendidos ao

público e não destinados ao estrangeiro. Mas não se aplicava

aos géneros vendidos por grosso para exportação ou revenda.

In Glória - Vasco Pulido Valente - 2012 –

pág. 284 e seguintes

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Esquematização das ideias do texto sobre a crise

Crise económica

•Agudizada no sector agrícola;

•Estendendo-se a todos os outros;

Crise financeira

•No sector do Estado;

•No sector privado.

•Agravada pela conjuntura internacional.

Medidas no sector da administração local

• Diminuição do número de distritos e autarquias;

•Reduz despesa e aumenta o centralismo

Medidas fiscais

•Imposto sobre o consumo;

•Agravamento das condições de vida

Repercussões sociais e políticas

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Os partidos políticos pré-existentes

Alterações políticas face à Fusão – fragmentação do espectro partidário e secundarização dos antigos partidos

Avilistas (apoiantes do

então Conde de Ávila)

Penicheiros (grupo liderado pelo Conde de

Peniche, Marquês de Angeja

reunindo boa parte da aristocracia

agrária)

Reformistas (liderados pelo Bispo de Viseu, Alves Martins. Constituem-se

como partido em 1870)

Constituintes(grupo liderado

pelo jurisconsulto José Dias Ferreira ,

composto sobretudo por

burguesia mercantil e industrial)

Partido Histórico

(debilitado por cisões internas)

Partido Regenerador (conserva coesão

interna)

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COMO SE PROCESSOU A MUDANÇA PARA O REGIME DE PEQUENOS PARTIDOS?

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Maria da Fonte revisitada – Dezembro de 1867

Vitorino - Viva a Maria da Fonte - YouTube2 - Atalho.lnk

Viva a Maria da Fonte com as pistolas na mão, para matar os Cabrais, que são falsos à Nação.

Eia avante, portugueses, eia avante não temer. Pela Santa Liberdade triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

Viva a Maria da Fonte a cavalo e sem cair, com as pistolas à cinta, a tocar a reunir.

Eia avante, portugueses, eia avante não temer. Pela Santa Liberdade triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

Lá raiou a liberdade, que a Nação há-de aditar; glória ao Minho que primeiro o seu grito fez soar.

Eia avante, portugueses, eia avante não temer. Pela Santa Liberdade triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

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Maria da Fonte revisitada (outra versão)

Viva a Maria da Fonte a cavalo sem cair, com a corneta na boca, toca a reunir.

Eia avante, portugueses, eia avante sem temer, pela pátria lusitana triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

Viva o conde, viva a condessa, viva a família condal; tens aqui quem te forneça o melhor material.

Eia avante, portugueses, eia avante sem temer, pela pátria lusitana triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

Viva o rei, viva a rainha, viva a família real; viva a Casa de Bragança, viva el-rei de Portugal.

Eia avante, portugueses, eia avante sem temer, pela pátria lusitana triunfar ou perecer, triunfar ou perecer.

Hino da Maria da Fonte (3).rv

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A Janeirinha

Tinha como objectivoDerrubar o Governo

Trazer para o plano governativo as novas

correntes políticas

Desencadeado por …

Agremiações comerciais Camadas populares

Eclodiu em várias cidades do País

Lisboa Porto; Braga

Movimento de agitação social e contestação política…

1 de Janeiro de 1868 … … até 4 do mesmo mês

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FUNCIONAMENTO DA NOVA SITUAÇÃO POLÍTICA

O regime dos pequenos partidos

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Governos e políticas pós Janeirinha – 1º Governo

•Nomeação – Janeiro de 1868

•Eleições – Março de 1868

•Demissão – Julho de 1868

Limites cronológicos

•Conde de Ávila

•Avilistas

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Revogação das alterações administrativas e fiscais do anterior governo

•Redução das despesas do Estado

Estratégias adoptadas

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Governos e políticas pós Janeirinha – 2º Governo

•Nomeação – Julho de 1868

•Eleições – Abril de 1869

•Demissão – Agosto de 1869

Limites cronológicos

•Sá da Bandeira

•Reformistas e partido Histórico

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Redução das despesas administrativas

•Extinção de vários órgãos do Estado

•Congelamento de vencimentos

Estratégias adoptadas

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O desencadear da questão sobre a união ibérica - 1869

• Uma revolução depõe a rainha Isabel II de Espanha e encarrega o general Prim encontrar um novo monarca para o país.

1868

• A coroa espanhola é proposta a D. Fernando de Saxe Coburgo, que a recusará.

1869

• A coroa espanhola é proposta ao próprio rei de Portugal, D. Luís, que também a recusará.

1869

O debate da

questão dividiu a

sociedade portugues

a

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Governos e políticas pós Janeirinha – 3º Governo

•Nomeação – Agosto de 1869

•Eleições – Março de 1870

•Queda– Maio de 1870

Limites cronológicos

•Duque de Loulé

•Partido Histórico

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Redução das despesas do Estado

Estratégias adoptadas

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Governos e políticas pós Janeirinha – 4º Governo - ditadura

•Golpe militar – Maio de 1870

•Dissolução das Cortes - ditadura

•Demissão – Agosto de 1870

Limites cronológicos

•Duque de Saldanha

•Saldanhistas e algum apoio do partido Regenerador

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Redução das despesas do Estado

•Criado o Ministério da Instrução Pública

•Proclamação da neutralidade de Portugal na Guerra Franco-Prussiana

Estratégias adoptadas

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Governos e políticas pós Janeirinha – 5º Governo

•Nomeação – Agosto de 1870

•Eleições – Setembro de 1870

•Demissão – Outubro de 1870

Limites cronológicos

•Sá da Bandeira

•Avilistas, Partido Reformista e Partido Histórico

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Redução das despesas do Estado

Estratégias adoptadas

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Governos e políticas pós Janeirinha – 6º Governo

•Nomeação – Outubro de 1870

•Eleições – Julho de 1871

•Demissão – Setembro de 1871

Limites cronológicos

•Marquês de Ávila

•Avilistas , e Partido Histórico. O Partido Reformista e os Constitucionalistas apoiaram-no mas só temporariamente

Presidente do Conselho / Grupo político no poder

•Redução das despesas do Estado

Estratégias adoptadas