a contribuição do emprego de ferramentas gerenciais para o
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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
TC Inf RONNY DE BRITO BARROS
Rio de Janeiro 2020
A contribuição do emprego de ferramentas gerenciais para o aumento da operacionalidade.
TC Inf RONNY DE BRITO BARROS
A contribuição do emprego de ferramentas gerenciais para o aumento da operacionalidade.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa.
Orientador: TC Inf LUIZ ANTÔNIO FREIRE DE PAIVA JÚNIOR
Rio de Janeiro 2020
TC Inf RONNY DE BRITO BARROS
A contribuição do emprego de ferramentas gerenciais para o aumento da operacionalidade.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa.
Aprovado em _____de___________de 2020.
COMISSÃO AVALIADORA
____________________________________________________ TC Inf LUIZ ANTÔNIO FREIRE DE PAIVA JÚNIOR - Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
________________________________________ TC Inf FABIO STEVEN DE MELO PIO - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
____________________________________________________ Maj Art MARCELUS ARMINDO RIBEIRO NOGUEIRA - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha esposa Rafaela e filhos, Rodrigo
e Clara, minhas fontes de inspiração.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus que me concedeu a grandiosa oportunidade
de fazer parte do corpo discente da ECEME, proporcionando ampliar os horizontes no
prosseguimento da minha carreira de oficial do Exército Brasileiro.
Aos meus pais, Rubem e Maria, que serviram de base sólida para a minha
formação como cidadão. A eles a minha eterna gratidão.
À minha esposa Rafaela pela paciência, companheirismo e dedicação
incondicionais em todos os momentos de nossas vidas e, em especial, durante o
tempo desprendido para a realização deste trabalho.
Aos meus filhos, Rodrigo e Clara, por demonstrarem a compreensão da
importância do papel de seu pai.
Ao meu orientador, TC Inf Paiva, irmão de arma, companheiro de turma da
AMAN (1998), os meus sinceros agradecimentos pela camaradagem, em todos os
momentos, aliada às correções de rumo e orientações precisas que me guiaram à
consecução deste trabalho.
Aos meus amigos, Cel Kuster e Cel Carneiro, antigos Comandantes do 28º
Batalhão de Caçadores, “Batalhão Campo Grande”, pelo incentivo, orientação,
prestatividade e confiança evidenciadas em todas as oportunidades. Suas
contribuições se revestiram de capital importância para que pudesse realizar essa
monografia.
Ao Cel Magalhães, atual Cmt do 28º BC, pelo apoio incondicional durante o
todo o processo de coleta de dados e, ainda, por franquear livremente o acesso às
informações atualizadas da OM, viabilizando o atingimento do objetivo da pesquisa.
Ao ST Moisés, Adjunto de Comando do 28º BC, pela inestimável colaboração
prestada por ocasião da confecção deste trabalho.
A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para que este
trabalho fosse concluído.
“A vitória pertence ao mais perseverante”.
(Napoleão Bonaparte)
RESUMO
O Exército Brasileiro, acompanhando a evolução da administração pública, emprega ferramentas gerenciais em suas atividades finalísticas e administrativas. Notadamente, a implementação do Sistema de Excelência nas Organizações Militares (SE-OM), em 2007, ampliou a modernização da metodologia gerencial nas OM. Esse sistema apresenta, entre outras ferramentas, o Planejamento Estratégico Organizacional (PEO), a ser utilizado pelo gestor, que viabiliza um método para que a OM atinja os objetivos estratégicos e, de forma sinérgica, alcance a almejada visão de futuro delineada pela organização. Destaca-se, nesse contexto, entre outros produtos, o plano de gestão. Como foco desse trabalho, analisa-se como as ferramentas gerenciais podem contribuir para o aumento da operacionalidade. Para isso, toma-se como parâmetros o desenvolvimento de capacidades operativas requeridas pela Força Terrestre (F Ter), listadas no catálogo de capacidades do Exército. Nesse sentido, utiliza-se no presente estudo de caso, como a utilização dessas ferramentas no 28º Batalhão de Caçadores (“Batalhão Campo Grande”), OM tradicional do Exército Brasileiro, otimizou a capacidade operacional. Dessa forma, apresentam-se dados que permitem inferir acerca da supracitada contribuição. Cabe ressaltar que essa análise não teve por finalidade esgotar o conteúdo sobre o assunto, mas fomentar a utilização das ferramentas gerenciais disponíveis, no caso em tela, o PEO e sua materialização, o plano de gestão, como forma de otimizar a operacionalidade nas Unidades do Exército. Destarte, foi elaborada uma introdução que tem por objetivo ambientar o leitor sobre a apresentação das ferramentas gerenciais a serem utilizadas no trabalho. No desenvolvimento foram apresentados os conceitos teóricos sobre o PEO e correspondente construção do plano de gestão e a operacionalidade na Força Terrestre (F Ter). No capítulo final, busca-se demonstrar, por meio de dados colhidos no 28º BC, evidências que possam sustentar que o alinhamento existente entre os objetivos estratégicos organizacionais, contidos no plano de gestão, e as capacidades operativas pela F Ter contribuem para o aumento da operacionalidade da OM. Em seguida, como conclusão, foi proposto o prosseguimento do estudo no sentido de viabilizar a sistematização da integração entre as capacidades operativas requeridas pela F Ter e os OEO constantes no plano de gestão de OM.
Palavras-chave: Planejamento estratégico organizacional, operacionalidade, e plano de gestão do 28º Batalhão de Caçadores.
ABSTRACT The Brazilian Army, following the evolution of public administration, employs management tools in its finalistic and administrative activities. Notably, the implementation of the Excellence System in Military Organizations (SE-OM), in 2007, expanded the modernization of the management methodology in OM. This system presents, among other tools, the Organizational Strategic Planning (PEO), to be used by the manager, which enables a method for the OM to reach the strategic objectives and, in a synergistic way, reach the desired vision of the future outlined by the organization. In this context, among others, the management plan stands out. As the focus of this work, it is analyzed how the management tools can contribute to the increase of operationality. For this, the development of operational capabilities required by the Ground Force (F Ter), taken from the Army's capacity catalog, is taken as parameters. In this sense, it is used in the present case study, as the use of these tools in the 28th Battalion of Hunters (“Battalion Campo Grande”), traditional OM of the Brazilian Army, optimized the operational capacity. Thus, data are presented that allow inferring about the aforementioned contribution. It should be noted that this analysis was not intended to exhaust the content on the subject, but to encourage the use of the available management tools, in this case, the PEO and its materialization, the management plan, as a way to optimize the operation in the Units of the Army. Thus, an introduction was prepared with the objective of introducing the reader to the presentation of the management tools to be used in the work. In the development, the theoretical concepts about the PEO and the corresponding construction of the management plan and the operationality in the Land Force (F Ter) were presented. In the final chapter, we seek to demonstrate, through data collected in the 28th BC, evidence that can support that the existing alignment between the strategic organizational objectives, contained in the management plan, and the operational capabilities by F Ter contribute to the increase of OM's operability. Then, as a conclusion, it was proposed to continue the study in order to make possible the systematization of the integration between the operational capabilities required by F Ter and the OEO contained in the OM management plan. Keywords: Organizational strategic planning, operationality, and management plan for the 28th Battalion of Hunters.
LISTA DE ABREVIATURAS
ACISO Ação Cívico-Social
BI Batalhão de Infantaria
Btl Batalhão
BC Batalhão de Caçadores
BMC Batalhão Marechal Cantuária
CBM Corpo de Bombeiros Militar
Cmt Comandante
CMT Capacidade Militar Terrestre
C Mil A Comando Militar de Área
CO Capacidade Operativa
COTER Comando de Operações Terrestres
CTTEP Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional
DIM Diretriz de Instrução Militar
DMT Doutrina Militar Terrestre
DOAMEPI Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal
e Infraestrutura
DOFA Debilidades, Oportunidades, Forças e Ameaças
DTCEA Destacamento de Controle do Espaço Aéreo
EB Exército Brasileiro
ECAM Estágio de Correspondentes para Assuntos Militares
ECD Em condições de
EM Estado-Maior
EME Estado-Maior do Exército
E Mi D Estratégia Militar de Defesa
END Estratégia Nacional de Defesa
EP Efetivo Profissional
FA Forças Armadas
FCS Fatores Críticos de Sucesso
FDC Fatores Determinantes de Capacidades
F Ter Força Terrestre
GC Grupo de Combate
GLO Garantia da Lei e da Ordem
HE Hipóteses de Emprego
OAS Órgãos de Assessoramento Superior
OADI Órgãos de Assistência Direta e Imediata
OCCA Operações de Cooperação e Coordenação com Agências
OCD Operações de Controle de Distúrbios
OCP Operação Carro-Pipa
ODS Órgãos de Direção Setorial
OEO Objetivos Estratégicos Organizacionais
OIM Oportunidades de Inovação e Melhoria
OND Objetivos Nacionais de Defesa
OM Organização Militar
OSP Órgãos de Segurança Pública
PA Plano de Ação
PBC Planejamento Baseado em Capacidades
PBCVU Posto de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas
PEG Programa de Excelência Gerencial
PEO Planejamento Estratégico Organizacional
PF Ponto Forte
PIM Programa de Instrução Militar
PM Polícia Militar
P Mi D Política Militar de Defesa
PND Política Nacional de Defesa
PP Programa Padrão
RM Região Militar
SAPI Sub Área de Proteção Integrada
SE Sistema de Excelência
SIMEB Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro
Su Op Esp Subunidade de Operações Especiais
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Relação entre gestão e operacionalidade 16
Figura 2 Síntese do PEO 19
Figura 3 Os 11 (onze) passos da metodologia do PEO 19
Figura 4 Documentação para elaboração da missão 20
Figura 5 Matriz DOFA 22
Figura 6 Processo gerencial da estratégia 23
Figura 7 Organização básica do EB 28
Figura 8 Mapa com a distribuição geográfica dos C Mil A 29
Figura 9 Fatores determinantes das capacidades 30
Figura 10 Quadro de capacidades 31
Figura 11 Foto aérea do 28º BC 32
Figura 12 Subordinação do 28º BC 33
Figura 13 Adestramento na caatinga 35
Figura 14 Adestramento na caatinga 36
Figura 15 Planos de emprego 37
Figura 16 Oficina da pista de GC 38
Figura 17 GC 1º colocado 38
Figura 18 Operação Sucupira 39
Figura 19 Operação “Carro-Pipa” 40
Figura 20 Reunião interagências no 28º BC 41
Figura 21 Operação São Cristóvão 41
Figura 22 Operação Amazônia Azul 42
Figura 23 Operação COVID-19 42
Figura 24 Apoio à população ribeirinha 43
Figura 25 Projeto do ginásio poliesportivo 44
Figura 26 Projeto da piscina semiolímpica 44
Figura 27 Projeto do complexo desportivo 45
Figura 28 Obras em andamento 45
Figura 29 Obras em andamento 46
Figura 30 Projeto banco de talentos 46
Figura 31 Palestra para empresários 47
Figura 32 ACISO “Quartel de portas abertas” 48
Figura 33 ECAM 49
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Ferramenta 5W2H para utilização como plano de ação.......... 24
Quadro 2 Relação entre estratégia 1.7, FDC e CO.................................. 35
Quadro 3 Relação entre estratégia 2.2, FDC e CO.................................. 36
Quadro 4 Relação entre estratégia 2.3, FDC e CO.................................. 37
Quadro 5 Relação entre estratégia 3.1, FDC e CO.................................. 39
Quadro 6 Relação entre estratégia 3.5, FDC e CO.................................. 40
Quadro 7 Relação entre estratégia 7.6, 7.9 e 7.11, FDC e CO................ 43
Quadro 8 Relação entre estratégia 8.2, FDC e CO.................................. 46
Quadro 9 Relação entre estratégia 10.1, FDC e CO................................ 47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 14
2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL .............. 17
2.1 CONCEITO ......................................................................................... 17
2.2 PROCESSO DE ELABORAÇÃO......................................................... 18
3 OPERACIONALIDADE......................................................................... 26
3.1 CONCEITO............................................................................................ 26
3.2 A FORÇA TERRESTRE......................................................................... 27
3.2.1 Marco legal............ .............................................................................. 27
3.2.2 A estrutura organizacional.................................................................. 28
3.2.3 As capacidades requeridas ................................................................ 30
4 O PLANO DE GESTÃO DO 28º BC ...................................................... 32
4.1 O 28º BATALHÃO DE CAÇADORES...................................................... 32
4.2 O PLANO DE GESTÃO........................................................................... 34
4.3 RELAÇÃO ENTRE GESTÃO E OPERACIONALIDADE......................... 35
5 CONCLUSÃO ....................................................................................... 49
REFERÊNCIAS....................................................................................... 51
ANEXO A – ENTREVISTAS COM COMANDANTES DO 28º
BATALHÃO DE CAÇADORES ............................................................
54
ANEXO B – TABELA DE RELAÇÃO ENTRE OEO, ESTRATÉGIAS,
FATORES DETERMINANTES DE CAPACIDADES E CAPACIDADES
OPERATIVAS ........................................................................................
63
14
1 INTRODUÇÃO
O Exército Brasileiro (EB) tem se alinhado à modernização da gestão,
observando atentamente a evolução tecnológica e as demandas sociais presentes no
século XXI. Por esse motivo, implementou o Sistema de Excelência do Exército
Brasileiro (SE-EB), a partir de 2007, substituindo o Programa de Excelência Gerencial
(PEG-EB), com a finalidade de otimizar, no âmbito das Organizações Militares, as
melhores práticas na gestão.
O Sistema de Excelência na Organização Militar (SE-OM) tem por finalidade
a implantação nas OM, dentre outras, as de nível Batalhão, das ferramentas de gestão
integradas aos processos dessas organizações (BRASIL, 2008).
Nesse contexto, o SE-OM tem como principais objetivos: incrementar a
capacitação nas OM das ferramentas gerenciais, otimizando a sua utilização e
conscientizar os militares do EB sobre a importância da gestão aplicada à
operacionalidade da tropa. Assim, salienta-se que esse sistema de excelência enfatiza
a aplicação das atividades de gestão com foco no aumento da capacidade operativa
das OM de corpo de tropa.
Ademais, o EB tem por missão a preparação da Força Terrestre (F Ter) para
defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais, constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, a lei e a ordem, conforme consta no Art 142 da Constituição
Federal, (BRASIL, 1988). Essa missão constitucional baliza a condução das
atividades operacionais do EB, cumprindo-a de maneira eficaz, eficiente e, sobretudo,
efetiva1. Para isso, há a necessidade de ampliação de suas capacidades utilizando,
também, as ferramentas de gestão.
Nesse viés, a operacionalidade pode ser apontada como o principal objetivo a
ser alcançado pela preparação de uma OM no contexto do adestramento militar. Ela
indica se ele está adequado às pretensões de emprego da Força em atendimento às
expectativas da Nação. Assim, cresce de importância o acompanhamento da
instrução militar por meio de ferramentas que permitam ao Comandante da OM avaliar
o preparo da tropa.
1 Eficácia é atingir o objetivo seja de um projeto, seja de um processo. Eficiência é empregar a menor quantidade
de recursos para cumprir as metas de um projeto ou processo. Efetividade é causar o impacto positivo planejado
por um processo à sociedade. Exemplo: num projeto de construção de um Posto Médico de Guarnição, se for
concluído, foi eficaz, se empregou os recursos financeiros e materiais necessários evitando desperdícios, foi
eficiente, se tal projeto fez melhorar as condições de saúde da família militar, foi efetivo.
15
Pode-se sintetizar a relevância das ferramentas gerenciais para o EB:
A particularidade da Força Terrestre, de transformar os procedimentos realizados em época de paz para rapidamente converter em períodos de mobilização, faz com que seu sistema de gestão deva estar em conformidade com duas situações, seja na integração das atividades de cunho administrativo em tempo de paz, compartilhando e otimizando recursos, como também no adestramento, capaz de transformar homem, tropa e comando (desde os escalões elementares) num conjunto harmônico, operativo e determinado no cumprimento de qualquer missão. (HONORATO, 2001).
O SE-OM tem a finalidade de buscar a melhoria contínua dos processos
finalísticos e de apoio das OM sempre com o foco na operacionalidade. (Brasil, 2018).
Por esse prisma, a F Ter faz com que seu sistema de gestão viabilize a
integração das atividades administrativas e operacionais, propiciando condições
adequadas para o cumprimento de qualquer missão. Isso permite inferir que a gestão,
caracterizada pela contínua avaliação, inovação e melhoria, promove a otimização
dos resultados inerentes a essas atividades, o que contribui significativamente para o
aumento da operacionalidade do EB.
Assim, o plano de gestão da OM representa a materialização do Planejamento
Estratégico Organizacional (PEO), viabilizando o caminho que a instituição escolhe
para evoluir, desde uma situação presente até uma situação desejada no futuro.
Diante disso, constata-se que as OM devem possuir um plano de gestão que
oriente o caminho a ser seguido para atingir os objetivos propostos, sejam
administrativos ou operacionais. Nesse sentido, busca-se resposta para o seguinte
problema: como o emprego de ferramentas gerencias, consolidadas no plano de
gestão de uma OM valor Batalhão (Btl), pode contribuir para o aumento da
operacionalidade2 ?
O objetivo geral deste trabalho pretende estabelecer como a sistematização
do uso de ferramentas gerenciais pode contribuir para ampliar a capacidade
operacional de uma OM. Em decorrência disso, os seguintes objetivos específicos
foram delineados: apresentar conceitos acerca do PEO; identificar os principais
conceitos sobre operacionalidade na F Ter e apresentar evidências resultantes das
práticas de gestão contidas no plano de gestão do 28º Batalhão de Caçadores (28º
BC). Tudo isso, com o propósito de apresentar como as ferramentas gerenciais podem
contribuir para o atingimento da visão de futuro da OM, com foco no aumento da
operacionalidade, em atendimento ao contido na figura Nr 1:
2 A operacionalidade como um nível de aptidão ou treinamento a ser atingido por uma organização militar, compreendendo seu pessoal e material para cumprir as missões a que se destina.
16
Figura 1 – Relação entre gestão e operacionalidade.
Fonte: JÚNIOR, 2019.
A delimitação do estudo compreende os conceitos de gestão existentes no
SE-OM, especialmente no que tange ao PEO e ao plano de gestão e as definições
contidas no catálogo de capacidades do EB, acerca das capacidades operativas
requeridas pela F Ter. A partir disso, busca-se materializar o alinhamento entre a
gestão e a operacionalidade por meio das evidências encontradas no plano de gestão
do 28º BC, a partir do ano de 2018. Dessa delimitação, decorre a análise da
contribuição da gestão para a ampliação da capacidade operativa da OM.
A relevância do presente estudo tem por fundamento as ferramentas elencadas
no SE-OM que dão suporte, no tocante à excelência gerencial, para que o
Comandante (Cmt) de OM estabeleça as condições adequadas para definição das
estratégias que conduzirão a OM para o atingimento da visão de futuro, com foco
operacional.
Dentro desse escopo, este trabalho visa a subsidiar a doutrina do Exército,
quanto à utilização das ferramentas de gestão por parte das Organizações Militares
que se encontram em fase de implementação ou otimização de seus respectivos
planos de gestão.
O presente estudo tem fundamento em um tipo de pesquisa bibliográfica
qualitativa, privilegiando a análise de documentos. Utilizando como forma como
referência a taxionomia de Vergara (2009), essa pesquisa pode ser classificada como
17
estudo de caso, em razão de estar circunscrita ao 28º BC, e bibliográfica porque tem
por base a análise de livros, manuais e artigos de acesso livre ao público.
O universo pesquisado se restringiu ao âmbito do EB tendo como a amostra os
dados obtidos por OM valor batalhão, especificamente, o 28º BC. Já a coleta dos
dados foi realizada por meio da literatura e de documentos. Deste modo, o trabalho
se pautou na análise de livros, manuais, artigos, teses e dissertações com dados que
abrangeram o assunto. Nessa oportunidade, foram levantadas as fundamentações
teóricas para a criação de conhecimento.
Em alinhamento com o que prevê o Departamento de Pesquisa e Pós-
graduação (Exército, 2012), os dados foram tratados utilizando-se a análise de
conteúdo, no qual serão realizados os estudos correspondentes a fim de identificar a
fundamentação teórica adequada sobre o tema.
No contexto de estudo de campo, realizou-se entrevistas com os Comandantes
do 28º Batalhão de Caçadores, no período de 2018 a 2020, com o propósito de captar
as experiências diretas da implementação como também, completar as lacunas que
as demais ferramentas de investigação não permitam preencher. Desse modo
visualiza-se que os métodos adotados viabilizaram o atingimento de todos os objetivos
inicialmente traçados.
Acrescente-se que foram utilizadas as informações constantes do plano de
gestão do 28º BC a fim de evidenciar o alinhamento entre os Objetivos Estratégicos
Organizacionais (OEO) existentes nesse plano e as capacidades operativas
requeridas pela F Ter, listadas no catálogo de capacidades do Exército Brasileiro, o
que permitiu concluir a análise objeto do trabalho, como consta nas considerações
finais do presente trabalho.
2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL
2.1 CONCEITO
Antes de se conceituar o PEO, é de fundamental importância entender o
significado da expressão “estratégia” que pode ser sintetizado como a ponte para o
futuro. (BRASIL, 2006).
18
Lima (2015, p.58), aponta que “estratégia, pensamento estratégico e
planejamento estratégico, seja qual for a nomenclatura, a essência desse processo
consiste em definir o rumo da organização e sua preparação para o futuro desejado.”
Por sua vez, Francischini (2017, p.174) apresenta diversas definições para
estratégia:
Declaração explicita de intenções para alcançar um determinado objetivo no longo prazo. Conjunto logicamente ordenado de causas e efeitos entre objetivos. Plano mestre abrangente que estabelece como a corporação alcançará a sua visão e seus objetivos.
Assim, tomando por referência os conceitos anteriores, pode-se inferir que
estratégia é o caminho a ser percorrido para se atingir os objetivos previamente
fixados.
O EB, no contexto da excelência gerencial, estabelece o seguinte conceito para
a Estratégia Organizacional:
De uma forma simplificada, pode ser conceituada como o caminho para a consecução dos objetivos organizacionais e pode ser aplicada indistintamente a todos os escalões da Força. Está voltada para o futuro da organização e orientada para longo prazo. Ela envolve a organização como uma totalidade e tem o comportamento orientado para os objetivos estratégicos organizacionais (BRASIL, 2006).
A partir desses prévios fundamentos, o planejamento estratégico
organizacional3 é o processo gerencial que possibilita ao comando estabelecer a
direção a ser seguida pela OM, antecipando os acontecimentos futuros, de maneira
que possam ser adotadas ações estratégicas para atingir os objetivos organizacionais.
(BRASIL, 2008).
Esse planejamento tem como produto a materialização do plano de gestão da
OM. Segundo Brasil (2008, p. 36), “o plano de gestão é a formalização escrita do PEO,
cuja finalidade precípua é definir como a OM será gerida num horizonte de tempo
previamente definido”.
2.2 PROCESSO DE ELABORAÇÃO
Em Brasil (2008, p. 37), aponta-se o processo metodológico fornecido pelo
PEO, que tem por ponto de partida a resposta para quatro questões fundamentais: o
que fazemos? onde estamos? onde queremos chegar? e como vamos chegar lá?
3 O planejamento estratégico fornece ferramentas adequadas para que o gestor, frente a infinitas variáveis, organize
o pensamento, defina o foco e otimize os esforços.
19
Assim, a síntese do planejamento estratégico pode ser ilustrada por intermédio da
figura Nr 2:
Figura 2 – Síntese do PEO.
Fonte: SE-OM, 2008.
Conforme consta em Brasil (2008, p. 40) a implementação do plano de gestão
segue a seguinte metodologia, chamada de “os onze passos da metodologia do PEO”,
conforme a figura Nr 3:
: Figura 3 – Os 11 (onze) passos da metodologia do PEO.
Fonte: SE-OM, 2008.
O passo inicial é confeccionar a missão da OM. Ela orienta e delimita a ação
organizacional dentro de um período, normalmente longo, em que ficam
20
comprometidos valores, crenças, expectativas e recursos. (BRASIL, 2008, grifo
nosso). Abaixo, ilustram-se os documentos que integram essa confecção, conforme
figura Nr 4:
Figura 4 – Documentação para elaboração da missão.
Fonte: Brasil, 2006.
Lima (2015, p. 61) ressalta que “a missão4 é a razão de existir da organização
e define o horizonte no qual ela pretende estar, agora e no futuro. São as declarações
da essência de ser da organização”.
O segundo passo dessa metodologia é a definição dos princípios, crenças e
valores. São os pilares que sustentam a OM e as ações de seus integrantes,
orientando-lhes o comportamento e permeando as atividades e relações que ocorrem
no interior da organização. (Brasil, 2006, grifo nosso).
Lima (2015, p.61) destaca que “os valores devem encontrar ressonância dentro
de cada um deles por conterem as mesmas verdades que têm dentro de si. Devem,
portanto, ser fortes, claros, consistentes e verdadeiros.”
Dentre os valores cultuados pelo EB, deve-se destacar aqueles que estão mais
relacionados com o cumprimento da missão pela OM. (BRASIL, 2008).
As etapas seguintes (terceiro e quarto passos) são, respectivamente, a
elaboração da diretriz do Cmt e a do escalão imediatamente superior e as
peculiaridades da OM e da área de jurisdição. (JUNIOR, 2019, grifo nosso).
4 A missão deve ser divulgada, analisada tão forte e profundamente que se transforme em
comprometimento e gere o desempenho necessário para o resultado desejado.
21
As diretrizes do Cmt são as orientações pessoais que enfatizam como pretende
direcionar o cumprimento da missão e a consecução dos objetivos organizacionais
para alcançar a visão de futuro. (BRASIL, 2006). Não construída só como uma
referência pessoal, mas que deve buscar o alinhamento com todas as condicionantes
mencionadas nas fases anteriores, como já trabalhar de formar sumária com dados
do diagnóstico estratégico expostos a seguir.
Após elaborar a missão, o próximo passo da metodologia do PEO refere-se à
elaboração do diagnóstico estratégico. Esse diagnóstico faz uma análise dos
ambientes interno e externo da OM, permitindo elencar as ameaças, as
oportunidades, os Pontos Fortes (PF) e as Oportunidades de Inovação e Melhoria
(OIM) (BRASIL, 2008, grifo nosso). Nesse sentido se ressalta que, na prática, as
etapas 2 a 5 visam a compor e analisar todo espectro de fatores que influenciarão as
etapas 6 a 11. Esse processo é claramente flexível e dinâmico, sendo que o
acompanhamento dessas condicionantes deve ser constante, permitindo o ajuste
tempestivo das estratégias e rotinas da OM.
As ameaças representam situações, tendências ou fenômenos externos à OM,
que podem prejudicar, substancialmente e por longo tempo, o cumprimento da missão
e a conquista dos objetivos organizacionais. Por sua vez, as oportunidades são
situações, tendências ou fenômenos externos à OM que podem contribuir de forma
relevante para o atendimento ao proposto na sua missão e atingimento dos objetivos
organizacionais (BRASIL, 2006).
BRASIL (2008, p. 43) conceitua pontos fortes como “variáveis internas e
controláveis pela organização, atuais ou potenciais, capazes de auxiliar
substancialmente o seu desempenho ou o cumprimento da missão”.
Em sentido oposto, as oportunidades de inovação e melhoria são as variáveis
internas e controláveis pela organização, atuais ou potenciais, capazes de dificultar o
seu desempenho ou o cumprimento da missão. (BRASIL, 2008)
Esse diagnóstico dá à organização condições de aprimorar seus principais
processos de trabalho, suas políticas e estruturas para alcançar seus Objetivos
Estratégicos Organizacionais. (JESUS, 2019)
A ferramenta que consolida as citadas informações e viabiliza a realização do
diagnóstico estratégico é a matriz DOFA. Por meio dela se relaciona em um gráfico,
as ameaças, as oportunidades, os PF e oportunidades de inovação e melhoria com o
objetivo de gerenciá-los e melhorar, assim, o desempenho da OM. (JÚNIOR, 2019).
22
Os resultados da análise da matriz de Debilidades, Oportunidades, Forças e
Ameaças (DOFA) indicarão os PF e OIM que mais impactam no cumprimento da
missão da OM (BRASIL, 2008), conforme pode ser ilustrado na figura Nr 5:
Figura 5 – Matriz DOFA.
Fonte: SE-OM, 2008.
Todos os fatores elencados nos itens 2 a 5 servem de base para a elaboração
da visão de futuro. Ela representa uma situação futura almejada pela organização.
Lima (2015, p.73) a define como “o que queremos atingir e aonde queremos chegar
em algum ponto no futuro”.
O sétimo passo é o estabelecimento dos OEO. Eles precisam ser claros,
precisos e sucintos, com o intuito de atingir à visão de futuro descrita anteriormente.
(BRASIL, 2008, grifo nosso).
Os objetivos podem ser comparados às placas de quilometragem das estradas
que servem para indicar se o caminho escolhido está sendo percorrido no espaço e
no tempo previstos. (BRASIL, 2006).
Os OEO são ações pretendidas em cada área estratégica objetivando um
estado de progresso a ser desenvolvido. A partir deles são traçados outros objetivos
cuja soma resultará no estado desejado. (SANTOS, 2018). De forma bem simples, os
OEO são a decomposição da visão de futuro por áreas de atuação, normalmente,
relacionadas com os Macroprocessos Finalísticos, de Suporte/Gestão Interna e
Gerenciais.
Para operacionalizar a formulação dos OEO da OM deve-se:
23
consultar as áreas de atuação selecionadas para explicitar a visão de futuro; selecionar um ou mais OEO por área de atuação; não exagerar na quantidade; concentrar no que é estratégico e essencial para a OM; buscar o alinhamento com seu escalão superior; começar com um verbo de ação; ser claro. Não se atinge o que não se entende; especificar os resultados a serem alcançados; verificar se são mensuráveis; ter em mente que os objetivos organizacionais são interdependentes; definir o horizonte temporal dos objetivos; verificar se estão coerentes com o diagnóstico estratégico; consultar os recursos disponíveis em pessoal, material, financeiro e TI; e priorizar os OEO. (BRASIL, 2008).
Os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) são aspectos condicionantes do
sucesso da OM no cumprimento de sua missão e na consecução dos objetivos
organizacionais (JÚNIOR, 2019, grifo nosso).
Em síntese, os FCS são os aspectos condicionantes do sucesso da OM no
cumprimento de sua missão e na consecução dos objetivos organizacionais (BRASIL,
2006). Eles potencializam a execução dos processos, a consecução dos projetos e,
com isso, tem efeito positivo nos indicadores. São fatores gerais muitos relacionados
aos diagnósticos estratégicos, que atuam como catalisadores no cumprimento da
missão e na busca da visão de futuro.
O nono passo formula as estratégias a serem executadas pela Organização
Militar. Esta estabelece o “como fazer” as coisas, já que o objetivo retrata “o que fazer”.
Assim, elas definem as ações a serem realizadas a fim de se atingir os objetivos.
(JÚNIOR, 2019, grifo nosso).
As estratégias representam os diversos caminhos a serem percorridos a fim de
atingirem o objetivo proposto, conforme figura Nr 6:
Figura 6 – Processo gerencial da estratégia.
Fonte: SE-OM, 2008.
24
Lima (2015, p.67) afirma que “estratégia é definir metas, estabelecer objetivos
e elencar prioridades são ações decorrentes dela. [...] A estratégia é o pensamento
do qual é gerada toda ação”.
Pode-se sintetizar a importância fundamental das estratégias para o plano de
gestão da seguinte forma:
As estratégias representam as ênfases e os rumos escolhidos para o desenvolvimento da organização e para a construção do seu futuro no horizonte do Plano de Gestão. Indicam em que se devem concentrar esforços e são uma ferramenta gerencial particularmente útil para inibir a dispersão de esforços e a pulverização de recursos. (BRASIL, 2008).
O décimo passo é a elaboração dos planos de ação. Eles são um instrumento
de gestão que tem como fundamento consolidar as ações que devem nortear os
integrantes da OM com o propósito de atingir os resultados. (BRASIL, 2008, grifo
nosso).
Os planos de ação são desdobramentos das estratégias para que a OM possa
buscar o resultado esperado. Além disso, são os principais propulsores
organizacionais. (JÚNIOR, 2019).
Brasil (2008, p.56) indica que “o plano de ação define as tarefas a realizar, os
responsáveis, o período, a área evolutiva, os custos e a estratégia adotada”.
Para a elaboração dos planos de ação, a ferramenta a ser utilizada é conhecida
pelo acrônimo 5W2H5, no idioma inglês. Refere-se a sete perguntas que têm por
objetivo organizar as ações que devam ser realizadas para atingir uma meta ou
objetivo, conforme o quadro (quadro 1):
O que fazer?
Quem fará?
Por que fazer?
Quando fazer?
Onde fazer?
Como fazer?
Quanto custa?
Quadro Nr 1 – Esboço da ferramenta 5W2H para utilização como plano de ação.
Fonte: BRASIL, 2019.
As decisões estratégicas contidas no Plano de Gestão devem ser traduzidas
em Planos de Ação – (5W2H) executados pelos diversos níveis da organização
(BRASIL, 2008).
5 O acrônimo significa: What? (O que será realizado?), Who? (Quem será o responsável?), Why? (Por que será realizado?), When? (Quando será realizado?), Where? (Onde será realizado?), How? (Como será realizado?) e How much? (quanto custa para realizar?). (BRASIL, 2019).
25
A última etapa, que antecede a materialização do plano de gestão, de acordo
com a metodologia do PEO, é a avaliação e controle. Essa avaliação e controle serve
para acompanhar a situação da OM quanto ao estabelecido nas etapas do plano de
gestão, respeitando a realidade dos ambientes interno e externo estabelecidos no
diagnóstico estratégico. (JUNIOR, 2019, grifo nosso).
Ao atender esses aspectos, o Cmt terá maior facilidade de estabelecer e
acompanhar a evolução por meio dos respectivos indicadores de desempenho
correspondentes. Ressalta-se que a medição do Sistema de Desempenho
Organizacional utiliza indicadores de desempenho em duas vertentes. A primeira
garante a maior qualidade do cumprimento de missão pois, se uma OM tem 85% dos
indicadores de processo em conformidade em um determinado mês, teve melhor
qualidade do que outra com 68% dos indicadores conformes. A segunda garante
verificar como se está trilhando o caminho para visão de futuro, por meio do
acompanhamento da situação dos projetos, que consolidam a evolução das
estratégias, que conduzem aos OEO.
Ao materializar o plano de gestão, o Cmt poderá anexá-lo, além do diagnóstico
estratégico e dos planos de ação, os documentos que julgar necessários ao seu
esclarecimento. (BRASIL, 2006).
Ademais, o princípio gerencial da flexibilidade estabelece que o plano não é
um fim em si mesmo, ele existe para atingir um objetivo. O que importa não é cumprir
o plano à risca, mas sim atingir o melhor resultado possível, fazendo ajustes no plano
conforme e quando forem necessários.
Nesse sentido, o produto resultante do PEO, materializa-se no Plano de Gestão
que deverá conter os seguintes itens:
1. Missão 2. Princípios, Crenças e Valores 3. Diretriz do Comandante 4. Visão de Futuro 5. Objetivos Organizacionais 6. Fatores Críticos de Sucesso 7. Estratégias 8. Anexos (Diagnóstico Estratégico, Planos de Ação...) (BRASIL, 2006).
Outrossim, Figueiredo (2016, p.27) sintetiza a importância do Plano de Gestão,
nos seguintes termos:
O plano de gestão bem elaborado permite reduzir incertezas nas tomadas de decisões; proporcionar alinhamento, coerência e segurança no processo decisório; otimizar os recursos; estabelecer padrões de desempenho; buscar
26
a excelência; atender as determinações do controle interno e externo da administração pública federal; e possibilitar a continuidade administrativa.
Lima (2015, p.58) reforça que sua função mais importante é como uma agulha
flutuante da bússola, em meio a dúvidas e incertezas, indicar a posição em que nos
encontramos e nos permitir os ajustes necessários para uma nova direção.
Em síntese, o plano de gestão deve deixar claro o caminho a ser seguido pela
organização, priorizando as ações estratégicas que devem ser realizadas, no sentido
de cumprir a missão e alcançar a visão de futuro da organização em conformidade
com as questões levantadas por intermédio de uma análise de ambiente. (BRASIL,
2019).
3 OPERACIONALIDADE
3.1 CONCEITO
Segundo Brasil (2009, p. O-12), a operacionalidade significa: “o grau de aptidão
ou treinamento atingido por uma organização militar ou unidade aérea,
compreendendo seu pessoal e material para cumprir as missões a que se destina.”
De forma genérica, ela pode ser definida como a capacidade de funcionar
adequadamente conforme padrões previamente definidos de forma segura, eficaz e
eficiente. (PALMA, 2018).
Para Figueiredo (2016, p.17), consiste na capacidade que uma tropa adquire
para atuar como um todo integrado, a fim de cumprir as missões previstas em sua
base doutrinária e inerentes à sua natureza e escalão.
Por sua vez, Palma (2018, p.34) destaca que “a operacionalidade de qualquer
OM está ligada aos seguintes aspectos: Doutrina, Organização, Adestramento,
Material, Estrutura, Pessoal e Infraestrutura (DOAMEPI)”.
Verifica-se que esse acrônimo apresenta os componentes de desenvolvimento
das capacidades, o que permite supor uma relação lógica entre o maior
desenvolvimento de capacidades, de natureza coletiva por conceito, e a
operacionalidade de uma organização militar.
Assim, este trabalho toma como direção geral que as Capacidades Operativas
(CO) desenvolvidas nas OM, por meio do DOAMEPI, contribuem para a otimização
da operacionalidade.
27
3.2 A FORÇA TERRESTRE
3.2.1 Marco legal
As Forças Armadas são instituições regulares, nacionais e permanentes e
conforme prevê o Art 142 da Constituição Federal de 1988:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. (BRASIL,1988, grifo nosso)
A Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, estabelece que, sem
comprometimento de sua destinação constitucional, cabe também às Forças Armadas
o cumprimento das atribuições subsidiárias:
Art. 16. Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, integra as referidas ações de caráter geral a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse social. [...] Art. 17-A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições subsidiárias particulares: I – contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito ao Poder Militar Terrestre; II – cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e, excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante; III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (BRASIL, 1999, grifo nosso)
A Política Nacional de Defesa (PND), documento condicionante de mais alto
nível do planejamento de defesa, tem por fim estabelecer objetivos e diretrizes para o
preparo e emprego da capacitação nacional. (BRASIL, 2012). Na PND são
encontrados os Objetivos Nacionais de Defesa (OND), que devem ser
permanentemente perseguidos pela Nação. Nesse contexto, a Estratégia Nacional de
Defesa (END), por sua vez, orienta os segmentos do Estado brasileiro quanto às
medidas que devem ser implementadas para que esses objetivos sejam alcançados.
28
A Política Militar de Defesa (P Mi D), decorrente da PND e da END, apresenta uma síntese da conjuntura nos ambientes internacional e nacional, [...] e estabelece os objetivos e orientações para a formulação da Estratégia Militar de Defesa (E Mi D) [...]. e emprego das FA. A E Mi D estabelece a concepção estratégico-militar brasileira, as capacidades desejadas e as ações estratégicas orientadoras do planejamento das FA. (BRASIL, 2014).
Na Portaria do Comandante do Exército nº 1.985, de 10 de dezembro de 2019,
pode ser encontrada a definição da missão do Exército:
contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais, cooperando com o desenvolvimento nacional e com o bem-estar social. Para isso, preparar a Força Terrestre, mantendo-se em permanente estado de prontidão. (grifo nosso).
Para o cumprimento dessas missões, o EB se vale da F Ter que inclui todos os
elementos da instituição com capacidades geradas para atuar no ambiente
operacional terrestre nas operações no amplo espectro. (BRASIL, 2014, grifo nosso).
Pode-se inferir que as missões atribuídas ao Exército Brasileiro requerem uma
complexa estrutura organizacional. (MESQUITA, 2019).
3.2.2 A estrutura organizacional
Brasil (2014, p. 53,) aponta a organização básica6 do EB (figura 7):
Figura 7 – Organização básica do EB.
Fonte: BRASIL, 2014.
6 Órgãos de Assistência Direta e Imediata ao Comandante (OADI), Órgãos de Assessoramento
Superior (OAS), Órgãos de Direção Setorial (ODS), Força Terrestre (F Ter) e Entidades Vinculadas.
29
Em Brasil (2014, p. 58) se verifica que a F Ter é estruturada [...] em Comandos
Militares de Área (C Mil A), subordinados diretamente ao Comandante do Exército
(Cmt Ex) [...].
Aos C Mil A compete o preparo, o planejamento e o emprego operacional da F
Ter, desdobrada na área sob sua jurisdição (BRASIL, 2014), conforme figura Nr 8:
Figura 8 – Mapa com a distribuição geográfica dos C Mil A.
Fonte: BRASIL, 2014.
Nesse sentido, Brasil (2019, p. 23) descreve que o emprego da F Ter pode
ocorrer em dois tipos de situações:
Nas situações de Guerra, a expressão militar do Poder Nacional é empregada na plenitude de suas características para a defesa da Pátria, sendo a principal e mais tradicional missão das Forças Armadas, para a qual devem estar permanentemente preparadas. Nas situações de Não Guerra, a expressão militar do Poder Nacional é empregada de forma limitada, no âmbito interno e externo, sem que envolva o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias especiais. Normalmente, o poder militar será empregado em ambiente interagências, podendo não exercer o papel principal.
Isto posto, a F Ter deve ser dotada de novas competências (no tocante ao
pessoal) e capacidades, objetivando preparar suas tropas para o cumprimento de
suas missões constitucionais. (BRASIL, 2019, grifo nosso).
30
3.2.3 As capacidades requeridas
Atualmente, o EB adota a geração de forças por meio do Planejamento
Baseado em Capacidades (PBC). (BRASIL, 2013).
Destarte, segundo Brasil (2019, p. 3-2), “capacidade é a aptidão requerida a
uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou
tarefa”. Ela é obtida a partir de um conjunto de sete Fatores Determinantes de
Capacidades (FDC), inter-relacionados e indissociáveis denominado pelo acrônimo
DOAMEPI (figura 9).
Figura 9 – Fatores Determinantes das Capacidades
Fonte: BRASIL, 2019.
Doutrina – este fator é base para os demais, estando materializado nos produtos doutrinários. [...] Organização (e/ou Processos) – expressa por intermédio da Estrutura Organizacional dos elementos de emprego da F Ter. [...] Adestramento – compreende as atividades de preparo, obedecendo a programas e ciclos específicos, [...] Material – compreende todos os materiais e sistemas para uso na F Ter, acompanhando a evolução de tecnologias de emprego militar [...] Educação – compreende todas as atividades continuadas de capacitação e habilitação quanto à sua competência individual requerida. [...] Pessoal – abrange todas as atividades relacionadas aos integrantes da força, nas funcionalidades: plano de carreira, movimentação, dotação e preenchimento de cargos, serviço militar, higidez física, avaliação, valorização profissional e moral. [...] Infraestrutura – engloba todos os elementos estruturais (instalações físicas, equipamentos e serviços necessários) que dão suporte ao preparo e ao emprego dos elementos da F Ter, [...] (BRASIL, 2019, grifo nosso).
31
Acrescente-se que o Comandante do Exército, por meio de sua Diretriz (2019,
p.5) estabelece que o Processo de Transformação do Exército é uma das premissas
fundamentais para a Força.
Nesse contexto, aponta ainda que o EB vem adquirindo novas capacidades e aperfeiçoando as existentes. Destaca também que essa transformação permitirá ao Exército se ajustar às necessidades decorrentes das tarefas e missões que deverá executar nas próximas décadas. (BRASIL, 2019).
A partir do nível político são determinadas que capacidades são requeridas à F
Ter, denominadas Capacidades Militares Terrestres (CMT). (BRASIL, 2013).
Ainda em BRASIL (2013, p.5, grifo nosso) são definidas as Capacidades
Operativas (CO) necessárias às forças que serão empregadas – ou a cada
Organização Militar – para que possam cumprir as tarefas e missões que lhes forem
atribuídas, conforme figura 10:
Figura 10 – Quadro de capacidades, adaptação, o autor.
Fonte: Brasil, 2013.
Foram selecionadas as seguintes CO dentro do escopo desse trabalho:
Prontidão: ser capaz de, no prazo adequado, estar em condições de empregar uma força no cumprimento de missões, valendo-se de seus próprios recursos orgânicos e meios adjudicados. Combate Individual: ser capaz de permitir ao combatente terrestre sobrepujar o oponente, sobreviver, deslocar-se e combater em todos os ambientes operacionais e sob quaisquer condições climáticas. Proteção Integrada: ser capaz de proteger a sociedade, realizando a garantia dos Poderes Constitucionais, a Garantia da Lei e da Ordem, a proteção de Estruturas Estratégicas, a prevenção e o combate às ações terroristas e a participação da Força Terrestre em ações na Faixa de Fronteira, com ampla colaboração do setor de segurança pública.
Político
Estratégico
Operacional
Tático
32
Atribuições subsidiárias: ser capaz de cooperar para o desenvolvimento nacional e o bem estar social e para o apoio ao desenvolvimento econômico e de infraestrutura. Interoperabilidade interagência: ser capaz de atuar com força constituída de maneira integrada, coordenada, harmônica e complementar, em ambiente interagências, para o cumprimento das missões estabelecidas. Comunicação Social: ser capaz de proporcionar ao Comandante, em todos os níveis de decisão, melhores condições de interatividade com as autoridades, a sociedade, a imprensa e o público interno para informar e obter liberdade de ação no emprego dos seus meios, enquanto atrai, motiva e mantém capital humano para a Força Terrestre. (BRASIL, 2013)
A seguir, busca-se evidenciar, com base no alinhamento entre os OEO, FDC e
CO, as contribuições do plano de gestão para o aumento da operacionalidade da OM
e, por ampliação, da Força Terrestre.
4 O PLANO DE GESTÃO DO 28º BATALHÃO DE CAÇADORES
4.1 O 28º BATALHÃO DE CAÇADORES (figura 11)
Figura 11 – Foto aérea do 28º BC
Fonte: www.facebook/28bcaju, acesso em 9 JUL 20.
O 28º BC, conhecido como Batalhão “Campo Grande”, é uma unidade
do Exército Brasileiro, localizado no município de Aracaju, capital do Estado de
Sergipe. Sua denominação é uma referência à participação na Batalha de Campo
Grande, conforme síntese histórica:
O 28º Batalhão de Caçadores foi criado no Brasil Império, em 28 de fevereiro de 1838, e é uma das mais antigas Unidades da Arma de Infantaria do
33
Exército Brasileiro. O seu elemento formador foi o 1º Batalhão de Caçadores, organizado naquela data, em Desterro, atual Florianópolis, no estado de Santa Catarina. Ainda no Período Regencial, recebeu a designação de 9º Batalhão de Caçadores, porém, em 30 de março de 1852, teve sua denominação alterada para 8º BC. O 8º BC participou de inúmeros combates durante a Guerra da Tríplice Aliança, com destaque pela atuação na Batalha de Campo Grande. Em março de 1917, recebeu a designação de 41º Batalhão de Caçadores, momento no qual foi transferido para Aracaju, SE. Por fim, por meio do Decreto nº 15235, de 31 de dezembro de 1921, recebeu a designação de 28º Batalhão de Caçadores, a qual perdura até os dias atuais. [...] Em 21 de março de 1989, por meio da Portaria Ministerial nº 264, recebeu a denominação histórica de “BATALHÃO CAMPO GRANDE”. Isso foi motivado pela atuação brilhante do então 8º BC na Batalha de Campo Grande, ocorrida em 16 de agosto de 1869. (BRASIL, 2020).
Sua estrutura organizacional é composta por Comando, Estado-Maior (EM), 2
(duas) Companhias de Fuzileiros, 1(uma) Companhia de Comando e Apoio, Base
Administrativa e Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR). O Btl é
subordinado ao Comando da 6ª Região Militar (figura 12):
Figura 12 – Subordinação do 28º BC
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 JUL 20.
Por ser a única unidade militar do Exército Brasileiro, no estado de Sergipe, tem
sob seu encargo um extenso rol de responsabilidades frente ao seu público interno e
externo, entre outros:
a. órgão pagador de inativos e pensionistas. b. fiscalização de produtos controlados [...]. c. encargos de posto médico da guarnição de Aracaju. d. gerenciador da distribuição de água por meio de carros-pipa em todo o estado de Sergipe e norte do estado da Bahia. e. OM formadora de oficiais da reserva não remunerada – NPOR. (PEREIRA, 2019).
34
4.2 O PLANO DE GESTÃO
O plano de gestão do 28º BC7 é o documento que estabelece as diretrizes,
contemplando, entre outros aspectos, os seguintes: a missão da OM, a visão de futuro,
os objetivos estratégicos organizacionais e as estratégias.
Pereira (2019, p. 5)8 destaca que “as mudanças ocorridas no batalhão no biênio
2018/2019 são perceptíveis. Uma gama de atividades seja estruturais,
administrativas, ou operacionais reflete como pode ser salutar ao dia-dia de uma OM
a rotina com a garantia de qualidade [...] “ A missão síntese do Btl é estar preparado
para ser empregado em operações básicas ofensivas, defensivas, de cooperação e
coordenação com outras agências e apoiar em serviços a família militar do Estado de
Sergipe. (BRASIL, 2019).
b. Para isso, deverá executar as seguintes tarefas: 1) manter-se ECD emprego, integrando a Força de Emprego Geral, nas hipóteses voltadas para a defesa externa. 2) no contexto da Garantia da Lei e da Ordem, atuar preventivamente na sua subárea de proteção integrada-SAPI e ficar ECD atuar repressivamente, com prioridade para SAPI. 3) realizar atribuições subsidiárias, de cooperação com o desenvolvimento nacional e com a defesa civil, prioritariamente em sua área de responsabilidade. [...] 5) ficar ECD atuar nas demais tarefas previstas nas Operações de Cooperação e Coordenação com Agências conforme diretrizes emanadas dos escalões superiores. 6) formar contingentes mobilizáveis, aperfeiçoando os recursos humanos recebidos como cidadãos e profissionais, ampliando, nesse processo, a integração com a sociedade sergipana. [...]
A visão de futuro do 28º BC estabelece o “onde” a OM quer chegar de forma
factível, conforme descrição seguinte:
Ser reconhecido, no âmbito da 6ª Região Militar e CMNE, pelo nível de excelência nos campos operacional, logístico e administrativo, pela sociedade sergipana, como vetor de cidadania e desenvolvimento social, e, pelos usuários diretos, por um elevado nível nos serviços prestados.
Serão apresentados os OEO e as respectivas estratégias, contidos nesse
plano, que evidenciam relação direta com os FDC e as CO.
7 O plano de gestão do 28º BC adotado para referenciar os OEO e estratégias correspondentes no presente trabalho
é atinente ao biênio 2018/2019. 8 S Ten Inf Moisés de Queiroz Pereira – Adjunto de Comando e Assessor de Gestão do 28º Batalhão de Caçadores.
35
4.3 A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO E OPERACIONALIDADE
OEO 1 – Elevar a capacidade operacional no contexto das Operações Básicas
Ofensivas e Defensivas.
Estratégia FDC CO
1.7 – Aperfeiçoar o processo de
formação dos soldados Adestramento Combate individual
Quadro 2 – Relação entre estratégia, FDC e CO.
Fonte: o autor.
O processo de adestramento dos soldados de uma OM é balizado pelo
Programa de Instrução Militar (PIM), Diretrizes de Instrução Militar (DIM) e outros
documentos correlacionados.
Nesse sentido, no contexto do preparo, no período de 18 a 22 de novembro de
2019, ocorreu o adestramento em ambiente de caatinga para cerca de 30 (trinta)
militares da Subunidade de Operações Especiais (SU Op Esp) do 28º Batalhão de
Caçadores, realizado no 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, Petrolina, PE. (figura
13).
Figura 13: adestramento na caatinga.
Fonte: Relatório semanal de atividades, 2019.
Participaram, dentre outras atividades de instrução, de obtenção de alimentos
de origem animal e vegetal, construção de abrigos e orientação, tudo isso em
ambiente operacional de caatinga, sob condição climática adversa, contribuindo para
36
o desenvolvimento da capacidade de combate individual (figura 14).
Figura 14: adestramento na caatinga.
Fonte: Relatório semanal de atividades, 2019.
OEO 2 – Atingir, no mais curto prazo possível, o nível de operacionalidade plena em
operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Estratégia FDC CO
2.2 – Preparação do Plano de
Aprestamento e Emprego do
Batalhão Marechal Cantuária
(BMC)9
Organização Prontidão
Quadro 3 – Relação entre estratégia, FDC e CO.
Fonte: o autor.
Brasil (2018, p. 2-1, grifo nosso) aponta que “ a F Ter deverá orientar o seu
emprego e, consequentemente, condicionar o seu preparo, em conformidade com a
Estratégia Militar de Defesa (MD51-M-03, 2ª edição, 2006, confidencial), que define
as hipóteses de emprego (HE) [...].
9 O Batalhão Marechal Cantuária é a tropa de pronto-emprego da 6ª Região Militar, vocacionada para o cumprimento das missões constitucionais. O BMC é constituído por integrantes de todas as organizações militares da Região e tem o seu comando designado em sistema de rodízio entre os comandantes dos batalhões operacionais, 28º BC, 19º BC e 35º BI.
37
Em Brasil (2019, p. 8) HE corresponde a “antevisão de possível emprego das
Forças Armadas em determinada situação ou área de interesse estratégico para
defesa nacional”.
Nessa direção, a OM definiu como estratégia preparar planos, no mais curto
prazo, que estivessem em consonância com essas HE, contribuindo para o
desenvolvimento da capacidade operativa prontidão (figura 15).
Figura 15: Planos de emprego.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
Estratégia FDC CO
2.3 – Aperfeiçoar o processo de
Capacitação Técnica e Tática
do Efetivo Profissional (CTTEP)
Adestramento Proteção integrada
Quadro 4 – Relação entre estratégia, FDC e CO. Fonte: o autor.
O Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro (SIMEB), o Programa de
Instrução Militar (PIM) do COTER e os demais programas de instrução regulam a
obtenção de capacidades da F Ter. (EME, 2019).
Nesse sentido, o 28º BC desenvolve, a cada ano de instrução, o
aperfeiçoamento de seu Efetivo Profissional (EP) por meio de instruções previstas no
Programa-Padrão (PP) de instrução da CTTEP.
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Entre os objetivos gerais, previstos nesse PP, está o de manter o EP em
condições de ser empregado em qualquer época do ano, quer em operações de
defesa externa, quer em operações de GLO. (COTER, 2017).
Assim, a capacitação do pessoal, no contexto da defesa externa, pode ser
evidenciada pela implementação de pistas de adestramento, a exemplo da
competição entre os Grupos de Combate (GC) da OM (figura 16).
Figura 16: Oficina da pista de GC.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
O 28º Batalhão de Caçadores (28º BC), Batalhão Campo Grande, realizou uma formatura em que foram referenciados em destaque a conclusão da competição da pista de adestramento dos grupos de combate do batalhão [...] (BRASIL, 2020) (figura 17).
Figura 17: GC 1º colocado.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
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No viés da GLO, destaca-se a realização do exercício de adestramento
avançado, denominado de Operação Sucupira, no período de 21 a 25 de outubro de
2019, na cidade de Itabaiana, SE, o que permitiu otimizar o preparo da tropa, elevando
a capacidade operativa, no que tange à proteção integrada. (figura 18).
Figura 18: Operação Sucupira.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
OEO 3 – Ampliar a prontidão para atuar nas demais Operações em Cooperação e
Coordenação com as outras Agências, em especial aumentar a efetividade na atuação
em ações subsidiárias.
Estratégia FDC CO
3.1 – Aperfeiçoar os processos
de fiscalização da OCP. Adestramento
Atribuições
subsidiárias
Quadro 5 – Relação entre estratégia, FDC e CO.
Fonte: o autor.
A OM participa ativamente da OCP, conforme o resumo extraído da página do
28º BC na internet:
O 28º Batalhão de Caçadores é responsável pela Operação no estado de Sergipe, compreendendo 75 (setenta e cinco) municípios e ainda, por uma área do nordeste do estado da Bahia, composta por 35 (trinta e cinco) municípios. [...] o 28º Batalhão de Caçadores envia para os municípios que estão com a Operação Pipa “em execução” cerca de 70 (setenta) militares para realizarem as atividades de fiscalização, as quais compreendem: a fiscalização da documentação dos motoristas (pipeiros) e seus respectivos
40
caminhões, as condições higiênicas e estruturais das cisternas, a quantidade de água distribuída por povoado e ainda, a conferência dos trabalhos realizados pelos pipeiros.[...]. (BRASIL, 2020).
Nesse sentido, emprega seu efetivo a fim de cooperar para o desenvolvimento
regional, propiciando bem-estar social à população assistida pela OCP. Tudo isso,
favorece ao aumento do desempenho operativo no escopo das atribuições
subsidiárias. (figura 19).
Figura 19: Operação “Carro-Pipa”.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
Estratégia FDC CO
3.5 – Implementação de um
centro de cooperação
interagências
Adestramento Interoperabilidade
interagências
Quadro 6 – Relação entre estratégia, FDC e CO.
Fonte: o autor.
A implementação de um centro de cooperação interagências tem o objetivo de
otimizar a coordenação entre os representantes das Forças Armadas, no Estado de
Sergipe, 28º BC, Capitania dos Portos de Sergipe e Destacamento de Controle do
Espaço Aéreo de Aracaju, Órgãos de Segurança Pública (OSP) e Agências (figura
20).
41
Figura 20: Reunião interagências no 28º BC.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
No contexto do desenvolvimento da capacidade de interoperabilidade
interagências, no período de 25 de maio a 4 de junho de 2018, o Btl atuou, junto aos
órgãos de segurança pública, na desobstrução das vias públicas federais necessárias
à livre circulação de veículos, devido à greve dos caminhoneiros e decorrente crise
causada pelo desabastecimento de combustível e de gêneros essenciais para a
população, como os alimentícios e hospitalares, no Estado de Sergipe.
A Operação São Cristóvão contribuiu para a preservação da ordem pública, a
incolumidade das pessoas e do patrimônio, a proteção das infraestruturas críticas e a
normalização da continuidade do abastecimento além de ampliar a capacitação
operativa da OM (figura 21).
Figura 21: Operação São Cristóvão.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
42
Ademais, o 28º BC foi acionado para atuar, no contexto da Operação Amazônia
Azul10, juntamente com a Capitania dos Portos de Sergipe e outros órgãos federais,
estaduais e municipais, no enfrentamento das manchas de óleo surgidas no litoral do
Estado de Sergipe (figura 22).
Figura 22: Operação Amazônia Azul.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 JUL 20.
No corrente ano, o Btl tem atuado, em coordenação com outras agências, no
quadro da pandemia do COVID-1911, realizando ações preventivas de combate ao
vírus como a descontaminação de instalações públicas. (figura 23).
Figura 23: Operação COVID-19.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 26 de julho de 2020.
10 A Amazônia Azul foi uma operação de cooperação e coordenação com agências, conduzida pela Marinha do Brasil, cujo objetivo é a remoção de óleo na faixa litorânea dos estados brasileiros atingidos, em cooperação com o Exército Brasileiro, a Força Aérea Brasileira, o IBAMA, a Petrobras, a Defesa Civil e demais órgãos federais, estaduais e municipais. 11 Doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2 que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves.
43
Ainda no contexto da interoperabilidade, na vertente “Mão Amiga”, o Btl tem
prestado apoio logístico, empregando material e pessoal, nas localidades mais
necessitadas do município, a fim de que a população ribeirinha receba alimentos
durante o período da pandemia causada pela COVID-19 (figura 24).
Figura 24: Apoio à população ribeirinha.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 26 de julho de 2020.
Em resumo, infere-se que as atividades desenvolvidas permitiram otimizar o
adestramento dos efetivos da OM, dentro do espectro da interoperabilidade, em
conformidade com o OEO elencado no plano de gestão.
OEO 7 – Readequar as instalações do Batalhão.
Estratégia FDC CO
7.6 – Construir um ginásio
poliesportivo
Infraestrutura Atribuições
subsidiárias
7.9 – Construir piscina
semiolímpica
7.11 – Construção do complexo
desportivo (campo de futebol,
pista de atletismo e
infraestrutura).
Quadro 7 – Relação entre estratégia, fator determinante de capacidade e CO.
Fonte: o autor.
44
Essas estratégias contemplam obras de concepção dual com finalidades de
otimizar as instalações do Btl e propiciar à sociedade sergipana acesso a instalações
esportivas. Por um lado permitirá a ampliação das atividades de adestramento da OM
e, por outro, promoverá, em especial às comunidades adjacentes, o bem-estar social,
no contexto das atribuições subsidiárias. (figuras 25, 26, 27, 28 e 29).
Figura 25: Projeto do ginásio poliesportivo.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
Figura 26: Projeto da piscina semiolímpica.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
45
Figura 27: Projeto do complexo desportivo.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
Tal avanço fica evidenciado quando do alcance de metas desafiadoras, como por exemplo, a captação de R$ 2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil reais), em verbas parlamentares, sendo a OM do Exército Brasileiro que mais recebeu recursos, nessa modalidade, e que possibilitará a construção de um ginásio poliesportivo, uma piscina semiolímpica, e uma pista de atletismo. (PEREIRA, 2019).
Atualmente, as obras de construção do ginásio desportivo, da piscina
semiolímpica e do complexo desportivo se encontram em andamento conforme
figuras 28 e 29:
Figura 28: obras em andamento.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 26 de julho de 2020.
46
Figura 29: obras em andamento.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
OEO 8 – Fortalecer a dimensão humana.
Estratégia FDC CO
8.2 – Implementar o Plano de
Capacitação/Profissionalização
dos Militares Temporários
Pessoal Atribuições
subsidiárias
Quadro 8 – Relação entre estratégia, fator determinante de capacidade e CO.
Fonte: o autor.
A OM proporciona aos militares temporários diversas qualificações, por meio
de cursos de especialização, entre outros, para capacitação de eletricista, motorista,
cozinheiro e padeiro (figura 30).
Figura 30: projeto banco de talentos.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
47
Destarte, o projeto “Banco de Talentos” foi implementado com a finalidade de
facilitar o retorno dos militares temporários, capacitados por meio de cursos de
especialização, ao mercado de trabalho. Para isso, realizam-se ações junto aos
empresários e comerciantes de diversos setores produtivos do Estado de Sergipe,
promovendo palestras e disponibilizando informações acerca dos militares que
satisfazem as condicionantes para integrar esse banco de dados (figura 31).
Figura 31: palestra para empresários.
Fonte: Seção de Gestão do 28º BC, 2020.
Isto posto, esse projeto exerce papel propulsor de motivação aos militares
temporários, refletindo na otimização da capacitação individual, o que contribui para
ampliar o desenvolvimento econômico e o bem-estar social, no âmbito regional.
4.3.4 OEO 10 – Ampliar a integração com a sociedade sergipana.
Estratégia FDC CO
10.1 – Ampliar as relações com
agências parceiras qualitativa e
quantitativamente
Adestramento Comunicação social
Quadro 9 – Relação entre estratégia, fator determinante de capacidade e CO.
Fonte: o autor.
48
O 28º BC realizou, no ano de 2019, duas atividades de grande vulto, sob o
prisma da comunicação social: a Ação Cívico-Social (ACISO) “Quartel de portas
abertas” e o Estágio de Correspondente para Assuntos Militares (ECAM).
Dentre as atividades comemorativas à semana do soldado, o Batalhão Campo
Grande realizou uma grande ACISO, no interior do aquartelamento (fig 32).
A ACISO teve a finalidade de colaborar com as comunidades lindeiras ao batalhão na prestação de serviços de cidadania, saúde, educação e lazer, coerente com a vertente da visão de futuro do 28º Batalhão de Caçadores de se constituir em um vetor de cidadania e desenvolvimento social na sociedade sergipana. (BRASIL, 2019, grifo nosso).
Figura 32: ACISO “Quartel de portas abertas”.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 26 JUL 20.
Nos dias 27 e 28 de novembro de 2019, o Btl realizou o 1º Estágio de
Correspondentes para Assuntos Militares (ECAM)12 para 20 (vinte) estagiários de
diversas instituições de ensino e da imprensa sergipana.
Destacam-se, entre as atividades realizadas, palestras, acerca da missão do
Exército Brasileiro e a comunicação social na instituição e, ainda, a execução do “Dia
Verde”, que possibilitou a aprendizagem sobre higiene e primeiros socorros,
transposição de obstáculos, consumo de ração operacional e a cobertura jornalística
com produção de matérias durante a progressão da tropa em área de conflito (figura
33).
12 O ECAM é uma atividade prevista na Diretriz de Comunicação Social do Exército, que visa
proporcionar aos universitários e profissionais de Comunicação Social, Jornalismo e outras áreas de interesse para o Exército Brasileiro.
49
Figura 33: ECAM.
Fonte: http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 26 JUL 20.
Isto posto, as atividades de comunicação social correspondem à CO que
proporciona ao Comandante melhores condições de interatividade com as
autoridades, a sociedade, a imprensa e o público interno, [...]. (Brasil, 2015),
contribuem por meio das estratégias adotadas para atingir os resultados visualizados
no OEO 10.
5 CONCLUSÃO
O Exército Brasileiro desenvolve, ao longo do tempo, ações que viabilizam a
modernização da gestão. A implementação do Sistema de Excelência do Exército
Brasileiro, no ano de 2007, materializa esse esforço em melhorar continuamente a
gestão no âmbito das organizações militares, disponibilizando ferramentas gerenciais
que possibilitam o estabelecimento das prioridades das atividades com foco no
cumprimento das diversas missões.
Dentre essas ferramentas, observa-se que o PEO, um método de planejamento
participativo e integrador, propicia caminhos a serem percorridos para a definição dos
objetivos de médio e longo prazo e as respectivas medidas a serem adotadas para
alcançá-los. Nesse contexto, itens como missão, os OEO e respectivas estratégias,
entre outros, integram-se harmonicamente atendendo à direção geral por onde a OM
deverá seguir, a fim de atingir a visão de futuro almejada. Tudo isto se materializa no
documento plano de gestão.
50
Destarte, os OEO e estratégias, elencados nesse plano, devem se alinhar ao
esforço, peculiar a cada OM, na busca continua pela otimização operacional. Assim,
esses mecanismos gerenciais de suporte facilitam o acompanhamento e o
atingimento das metas e objetivos inicialmente propostos pelo comandante, em
especial no que se refere a operacionalidade.
Atualmente, o EB utiliza como fundamento o planejamento baseado em
capacidades. A operacionalidade, sob o viés do desenvolvimento de capacidades
operativas, pode ser relacionada com os OEO e estratégias propostos pelo Cmt de
OM durante o processo de elaboração do PEO. Assim, com vistas a atingir a condição
visualizada no futuro, sob o contexto operacional, leva-se em consideração o
DOAMEPI e as já citadas capacidades operativas, permitindo condições adequadas,
por meio de um método gerencial, com a finalidade de viabilizar a otimização
operacional da OM.
No caso concreto, verifica-se que as diversas estratégias, correspondentes aos
OEO, elencados no plano de gestão do 28º BC, convergem com os FDC. As CO
combate individual, prontidão, proteção integrada, atribuições subsidiárias,
interoperabilidade interagências e comunicação social são desenvolvidas no âmbito
do Btl, estando interligadas ao plano de gestão. Assim, por dedução lógica, visualiza-
se que isto reflete na geração de capacidades propiciando, por conseguinte,
potencialização operacional da OM.
Infere-se de forma conclusiva que esse alinhamento oferece ao Cmt, desde o
início do processo de elaboração do PEO, a possibilidade de visualizar como
desenvolver futuras capacidades na OM, utilizando critérios objetivos contidos no
acrônimo DOAMEPI e no catálogo de capacidades do Exército Brasileiro, por
intermédio de ferramentas gerenciais. Desta forma, materializa-se como o emprego
delas pode propiciar ao Cmt de OM o direcionamento para a consecução dos objetivos
almejados em consonância com a expectativa de otimização da operacionalidade.
Por fim, sugere-se a adoção do modelo de tabela relacionando OEO, o
acrônimo DOAMEPI e as capacidades operativas, listadas no catálogo de
capacidades do EB, conforme o anexo “B”, a fim de contribuir para o fomento da
excelência do sistema de gestão do Exército Brasileiro.
51
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – Referências-Elaboração (ABNT NBR 6023:2018). Rio de Janeiro: ABNT, 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em 21 de março de 2020. _______. Exército Brasileiro. Catálogo de Capacidades do Exército 2015-2035. 1ª ed. Brasília, DF, 2013. _______. Exército Brasileiro. COTER. Concepção de Preparo de Emprego da Força Terrestre. 1ª ed. Brasília, DF, 2018. _______. Exército Brasileiro. C 20-1: Glossário de Termos e Expressões para Uso no Exército. 4. ed. Brasília, DF, 2009. _______. Exército Brasileiro. Diretriz do Comandante do Exército Brasileiro. Brasília, DF, 2019. _______. Exército Brasileiro. EB20-MF-10.101: O Exército Brasileiro. 1ª ed. Brasília, DF, 2014. _______. Exército Brasileiro. EB20-MF-10.102: Doutrina Militar Terrestre. 2ª ed. Brasília, DF, 2019. _______. Exército Brasileiro. EME. Concepção Estratégica do Exército. 1ª ed. Brasília, DF, 2019. _______. Exército Brasileiro. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME - (ME 21-259). Rio de Janeiro, 2012. _______. Exército Brasileiro. Escola de Instrução Especializada do Exército. PEO – Planejamento Estratégico Organizacional. Rio de Janeiro, 2019. _______. Exército Brasileiro. Gabinete do Comandante do Exército. Sistema de Excelência Gerencial na Organização Militar. Brasília, 2008. _______. Exército Brasileiro. Gabinete do Comandante do Exército. Instruções Provisórias Planejamento Estratégico Operacional – IP PEO, Brasília, 2006. _______. Exército Brasileiro. Operação São Cristóvão. Disponível em http://www.eb.mil.br, acesso em 15 de julho de 2020. _______. Exército Brasileiro. 28º Batalhão de Caçadores. Operação Sucupira. Disponível em http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020.
52
_______. Exército Brasileiro. 28º Batalhão de Caçadores. Plano de Gestão do 28º BC, de 9 de abril de 2019. Aracaju, 2019. _______. Exército Brasileiro. 28º Batalhão de Caçadores. Relatório semanal de atividades do 28º BC, de 25 de novembro de 2019. Aracaju, 2019. _______. Exército Brasileiro. 28º Batalhão de Caçadores. Síntese histórica. Disponível em http://www.28bc.eb.mil.br, acesso em 9 de julho de 2020. _______. Ministério da Defesa. Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, Brasília, 2012. FIGUEIREDO, Alexandre Pereira. A aplicação de indicadores de desempenho para o aumento da operacionalidade da Força Terrestre brasileira. Rio de Janeiro, 2016. 50 fl. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. FRANCISCHINI, Andresa S. N. Indicadores de Desempenho. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. ISBN: 978-85-508-0172-8. HONORATO, Marcos Luís Costa. Sistema de Excelência na Organização Militar: um estudo de caso no 63º Batalhão de Infantaria. Florianópolis, 2009. Trabalho de Conclusão do Curso de Administração. Universidade Federal de Santa Catarina. JESUS, Daniel Machado. O uso dos indicadores de desempenho nos processos do Grande Comando Logístico Administrativo (8ª região militar). Salvador, 2019. Trabalho de Conclusão de Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior. Escola de Formação Complementar do Exército. JÚNIOR, Júlio César Monteiro de Vasconcelos. Cultura organizacional e cultura de inovação: a utilização das ferramentas de gestão e suas implicações para o preparo e emprego da tropa. Rio de Janeiro, 2019. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. LIMA, João de. Gestão e Cultura de Resultados. 4ª Ed. São Paulo: Gente, 2015. ISBN: 978-85-452-0061-1. MESQUITA, Tiago Kanomata. As novas demandas da administração pública e suas influências no emprego operacional do Exército Brasileiro). Salvador, 2019. Trabalho de Conclusão de Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior. Escola de Formação Complementar do Exército. PALMA, Marcelo. A importância da participação do Exército Brasileiro na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti como forma de projeção do poder e manutenção de sua operacionalidade. Rio de Janeiro, 2018. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
53
PEREIRA, Moisés de Queiroz. O desenvolvimento do sistema de excelência no Exército Brasileiro: estudo de caso em uma OM operacional. Aracaju, 2019. Trabalho de Conclusão do Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais. Escola de Instrução Especializada. SANTOS, HENRICO FRANCISCO PERY. A utilização das ferramentas da qualidade na melhoria dos processos nas seções da organização militar. Rio de Janeiro, 2018. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Ciências Militares. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 10. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. ISBN: 978-85-224-5260-6.
54
ANEXO A
ENTREVISTAS COM COMANDANTES DO 28º BC13
CEL INF MARCO AURÉLIO KUSTER DE PAULA14
1. O senhor já tinha experiência profissional acerca do tema gestão, antes do
Comando do 28º BC? Caso afirmativo, descreva.
Sim. Tive experiência na função de E4 da 15ª Bda Inf Mec, no ano de 2015,
em que as ferramentas de gestão foram muito utilizadas nos trabalhos de logística
nas fases de implantação da Infantaria Mecanizada.
2. Ao ser designado Comandante do 28º BC, como o senhor visualizou a
implementação ou atualização do plano de gestão na OM?
Logo que assumi o comando, tomei conhecimento dos assuntos sobre gestão
a fim de iniciar os trabalhos relativos à atualização do planejamento estratégico da
OM. Durante a fase de coleta de dados e de mapeamento dos processos, foram
identificados os aspectos positivos e as oportunidades de melhorias nos vários setores
da OM. Do mesmo modo, foram colhidas ideias e experiências com os integrantes do
Btl, por intermédio de um estudo participativo sob a coordenação efetiva do SCmt Btl.
Finalizado este processo, o plano de gestão foi atualizado e divulgado para a OM.
3. O senhor poderia descrever como foi o processo de confecção do plano de
gestão?
Os Ch Seção e Cmt SU, sob a coordenação do SCmt, participaram
diretamente desse trabalho. Destaco que a utilização de ferramentas gerenciais,
nesse caso o PEO e o plano de gestão e a experiência já vivenciada na 15ª Bda Inf
Mec me permitiram visualizar e estabelecer adequadamente a missão, os OEO,
estratégias e visão de futuro da OM de forma sistêmica e integrada.
13 As entrevistas foram realizadas com os oficiais do Exército Brasileiro que exerceram o cargo de Comandante
do 28º Batalhão de Caçadores no período de 2018 a 2020. 14 O Cel KUSTER comandou o 28º BC no período de 21 de janeiro de 2016 a 16 de janeiro de 2018.
55
4. O senhor concorda com a possibilidade de que as ferramentas gerenciais
contribuíram para o aumento da operacionalidade do 28º BC?
Sim. A utilização das ferramentas gerenciais contribuiu significativamente
para o aumento da operacionalidade da OM, uma vez que racionalizou recursos,
definiu metas e estabeleceu prazos, contribuindo para a efetividade e qualidade das
atividades administrativas e operacionais executadas pela OM.
5. O senhor concorda com a possibilidade de relacionar as estratégias,
desdobradas dos OEO elencados no plano de gestão, e Capacidades Operativas
requeridas no catálogo de capacidades do EB?
Sim. Concordo com essa relação uma vez que as estratégias adotadas podem
ter como fundamento uma vertente da capacidade, segundo o acrônimo DOAMEPI,
contribuindo para o aumento da operacionalidade.
Isso pode ter como exemplo os resultados alcançados na Operação Carro-
Pipa, em que, notadamente, desenvolve-se a capacidade operativa “atribuições
subsidiárias” (segundo o DOAMEPI adestramento).
Outro exemplo ilustrativo pode ser evidenciado, segundo o acrônimo
DOAMEPI adestramento, durante o desenvolvimento de capacidade operativa
“proteção integrada”, por ocasião da realização de exercícios operacionais da
SUOPES da OM no contexto do Batalhão Marechal Cantuária, nos anos de 2016 e
2017, e da Operação Itabaiana, no ano de 2017.
6. Caso a resposta do item anterior tenha sido afirmativa, o senhor visualiza
que essa sistematização poderá contribuir para o aumento da operacionalidade de
uma OM?
Sim. A sistematização relacionando estratégias contidas no plano de gestão,
no DOAMEPI e nas Capacidades Operativas poderá se apresentar como uma
ferramenta que direcionará o planejamento para o desenvolvimento de capacidades
operativas no âmbito da OM correspondente.
7. O senhor gostaria de propor sugestões acerca do tema em questão?
Sim. A sugestão seria atualizar a apresentação dos OEO/estratégias,
estabelecendo a relação anteriormente mencionada, contendo o DOAMEPI e
Capacidades Operativas requeridas pela F Ter.
56
CEL INF JOSÉ FERNANDES CARNEIRO DOS SANTOS FILHO15
1. O senhor já tinha experiência profissional acerca do tema gestão, antes do
Comando do 28º BC? Caso afirmativo, descreva.
Sim. Quando conclui a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), em
2003, fui transferido para o 2º Batalhão de Fronteira onde assumi 4a
Seção/Fiscalização Administrativa. A Fisc Adm tinha como missão a implementação
do então Programa Excelência Gerencial (PEG). Nessa oportunidade, pude estudar o
tema, fazendo inclusive cursos no Sebrae e ENAP para desenvolver a atividade. Esse
trabalho permitiu ao batalhão realizar melhorias nos processos, colaborando para que
a OM ganhasse os prêmios de Tropa de Elite do Comando Militar do Oeste (CMO) e
Qualidade na Manutenção Cl IX. Após esses dois anos, fui designado instrutor da
EsAO, no triênio 2006/2007/2008, período em que procurei aplicar as ferramentas
gerenciais com as limitações normais da função.
Em 2009/2010, no Comando da Companhia de Comando da 9a Região Militar,
também utilizamos as ferramentas de gestão, com base agora no Sistema de
Excelência/2007. A implementação de projetos, aperfeiçoamento de processos e a
gestão de indicadores permitiu a OM ganhar em 2009 o prêmio MS Competitivo
Bronze e em 2010 o prêmio MS Competitivo Prata.
Em 2011/2012, realizei o Curso da ECEME. Em 2013, na 1a Brigada de
Infantaria de Selva, exerci, juntamente com as funções de E-3/E-1, a de Coordenador
de Gestão da Brigada. Nesse sentido, foi possível gerenciar e coordenar as
Organizações Militares visando a atingir os resultados estabelecidos pelo Cmt GU.
Fruto disso, à época, o Cmt e o Ch EM CMA fizeram uma visita de benchmarking à
GU, somente para tratar de gestão, referenciando que a Brigada Lobo D`Almada
estava no “Estado da Arte” nessa área.
Após retornar da missão na Coreia do Sul, fui nomeado instrutor da ECEME.
Nessa oportunidade, em 2017, fui acionado para apoiar o mapeamento de processos
da ECEME, assessorando os Ch Seção para condução do trabalho.
2. Ao ser designado Comandante do 28º BC, como o senhor visualizou a
implementação ou atualização do plano de gestão na OM?
15 O Cel CARNEIRO foi o Comandante do 28º BC no período de 16 de janeiro de 2018 a 17 de janeiro de 2020.
57
Logo que fui nomeado, pedi para o então Cmt, Cel Küster, os documentos de
governança da OM de modo a traçar um diagnóstico inicial da área de gestão da OM.
Assim que iniciei o período de assunção de comando, já fui traçando o rascunho
do Planejamento Estratégico da OM. Logo após a passagem de Comando, usando da
gestão participativa, procurei coletar dados e experiências para apresentar uma
minuta do plano de gestão aos quadros da OM por ocasião da Semana Intensiva do
CTEEP para os Oficiais e Sargentos.
O motivo disso é que a OM, na minha percepção, não pode prescindir de um
planejamento estratégico completo, mesmo que necessite de ajustes posteriores, para
início das suas atividades. É fundamental ao Cmt estipular suas diretrizes de
comando, apresentar a missão da OM, a visão de futuro e os OEO. Numa segunda
etapa, podem ser apresentadas as estratégias/projetos e os macroprocessos da OM
com os seus respectivos responsáveis. Numa terceira etapa, os indicadores/metas
que serão monitorados na OM.
3. O senhor poderia descrever como foi o processo de confecção do plano de
gestão?
Destaco a importância de ter como base o manual do Sistema de
Excelência/2007. O Batalhão deve seguir as etapas estabelecidas, entendendo que a
etapa 2 a 5 são estudos das condicionantes para o Planejamento Estratégico. A
equipe executiva do planejamento estratégico (basicamente Cmt, EM, Cmt SU e
demais chefes de seção) deve participar ativamente. A experiência mostra que a
capacitação prévia é ideal e que ofertar uma minuta base para a equipe trabalhar
facilita e agiliza o processo.
O plano de gestão deve em uma etapa mais avançada, trazer um anexo de
indicadores, com fórmula e metas, pelos quais a OM vai verificar a qualidade que está
cumprindo a sua missão. Nesse anexo devem estar presentes indicadores de eficácia,
de eficiência, de efetividade, de produtividade, entre outros, sem preocupação com
essas classificações. O que importa é acompanhar se os processos/rotinas estão
sendo bem executados, o que por consequência vai garantir que a OM esteja
cumprindo a missão com qualidade. Para evitar o efeito “serrote”, esses processos
devem ser modelados a fim de garantir o “padrão de qualidade”.
Por outro lado, tudo que não evolui inicialmente estagna e depois decai. Por
isso, a fim de aperfeiçoar o cumprimento da missão da OM, é traçada uma visão de
58
futuro. Esta visão de futuro é decomposta em OEO, os quais serão atingidos por
estratégias. Essas estratégias, por sua vez, são decompostas por projetos simples em
todas as áreas.
O Comandante que de forma pioneira implementa essas ferramentas
gerenciais na sua OM terá muito mais campo e trabalho para executar. A partir desse
primeiro momento, a “mochila pesa menos”, diminuindo a quantidade de projetos
(nunca acabando – a perfeição é sempre uma meta nunca um estágio) e colocando
mais foco na manutenção da qualidade dos processos.
Destaco também que a utilização dessas ferramentas gerenciais permite ao
Cmt atuar onde é necessário, de acordo com a missão e visão de futuro da OM, e não
onde ele “goste de atuar”. As organizações militares têm necessidade de um
planejamento estratégico que leve a uma melhoria contínua. O cumprimento do
planejamento estratégico, inclusive com sua transmissão durante os dias de
passagem de comando, é importantíssimo para o “Projeto de OM”.
4. O senhor concorda com a possibilidade de que as ferramentas gerenciais
contribuíram para o aumento da operacionalidade do 28º BC?
Eu concordo totalmente que a utilização das ferramentas gerenciais contribuiu
significativamente para o aumento da operacionalidade da OM. O 28º BC tem 3 (três)
macroprocessos finalísticos: preparo, emprego e apoio aos usuários na guarnição de
Aracaju.
No Macro Processo (MP) preparo, os projetos executados permitiram
melhorar/construir as infraestruturas necessárias para a formação individual e das
frações. Além disso, o aperfeiçoamento dos vários processos de formação melhorou
de forma consistente os vários ciclos de instrução. Tais afirmativas se devem não só
aos controles dos indicadores pela OM, mas também o que atestaram as inspeções
do Escalão Superior. Ressalto que muito dos projetos implementados atingiram de
forma transversal os MP preparo e emprego.
No MP emprego, as ferramentas empregadas também levaram a atingir muitos
resultados positivos. A OM procurou confeccionar os planos de emprego para cada
hipótese prevista pelo Comando Militar do Nordeste no Plano de Operações
Mandacaru e replicado pelo Cmdo 6a RM no Plano de Operações Macambira. Os
treinamentos baseados nos planos deram objetividade e garantia de prontidão. O
emprego com qualidade nas diversas operações e o destaque nos diversos exercícios
59
de adestramento demonstraram a efetividade das ferramentas gerenciais adotadas.
Por exemplo, no Adestramento de Pelotões de Operações Especiais (Pel Op Esp) da
6a Região Militar e Fuzileiros Navais, os 3 (três) Pel Op Esp do 28º BC garantiram as
1ª, 2ª e 4ª posições.
No MP apoio aos usuários da guarnição de Aracaju, os indicadores do Sistema
de Registro e Encaminhamento (SIRE), de produtividade de profissionais de saúde e
melhoria da infraestrutura foram a base da melhoria. A operacionalidade desse setor
foi melhorada pela construção do anexo ao posto médico da guarnição, com
implementação de um laboratório e uma seção de fisioterapia, além de outras
estruturas. As ferramentas utilizadas para visualizar o escopo do projeto foram os
fatores de capacidade (DOAMEPI) e o Diagrama de Ishikawa, por exemplo.
5. O senhor concorda com a possibilidade da relação entre as estratégias,
desdobradas dos OEO correspondentes, e as Capacidades Operativas requeridas no
catálogo de capacidades do EB?
Concordo com a relação das capacidades operativas com as estratégias e até
com os projetos da OM. Por vezes um projeto atinge mais de uma vertente da
capacidade segundo o acrônimo DOAMEPI e, por vezes, vários projetos desenvolvem
uma vertente específica. Por exemplo: o projeto de construção da piscina, do projeto
de construção do ginásio poliesportivo e o projeto de adequação do campo de
futebol/recuperação da pista de atletismo, entre outros, colaboram com a vertente
infraestrutura.
O projeto de implementação de adestramento por pistas, bem caracterizado
pela Pista de GC, faz parte da evolução da vertente adestramento.
6. Caso a resposta do item anterior tenha sido afirmativa, o senhor visualiza
que essa sistematização poderá contribuir para o aumento da operacionalidade de
uma OM?
Com certeza. Uma tabela com relação entre os projetos/estratégia e os fatores
de desenvolvimento da capacidade seria interessante e constituiria mais uma
ferramenta para levantamento e priorização dos projetos. Evidentemente, o escalão
batalhão não completaria todos os fatores em todos os momentos, mas poderia se
visualizar o que poderiam ser atingidos. Embora isso tenha sido usado como
construção mental, não foi documentado, o que já caracteriza uma melhoria a ser feita.
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7. O senhor gostaria de propor sugestões acerca do tema em questão?
Eu visualizo a utilização de ferramentas gerenciais de maneira similar ao
ensino por competências da OM. O profissional tem na sua “estante” uma quantidade
“x” de ferramentas que ele vai utilizar para resolver os problemas militares no amplo
espectro que se apresentem. Como dizia o Gen Richard, a ECEME é a “escola dos
métodos”. De acordo com o problema a ser resolvido, o egresso da ECEME pode usar
a MCOE (com Diagrama de Relações, Desenho Operacional, etc) , o Exame de
Situação (com PTICIC, Vantagens/ Desvantagens, Matriz e Calco de Apoio a Decisão,
etc) , o Método do Concurso que segue a Taxonomia de Bloom, a Metodologia
Científica do Instituto Meira Matos (IMM), entre outras.
Da mesma forma, devem ser visualizadas as ferramentas gerenciais. Deseja-
se que o Cmt SU, por exemplo, visualize o Estado Final Desejado (EFD) do seu
soldado formado da melhor maneira, utilizando todos os meios para atingir esta
situação: confecção de material teórico para estudo, diminuição do grupamento de
instrução, cobrança de resultados por provas teóricas e práticas, recuperação da
instrução conforme esses resultados, aperfeiçoamento dos Meios Auxiliares de
Instrução (MAI), melhoria do conforto no alojamento, estrutura de banheiros
adequadas, convicção que o engajamento é fruto do desempenho desde o início, etc.
O S-4 e o Fiscal Administrativo devem garantir o suprimento de material para suportar
a qualidade das rotinas e a implementação das melhorias de forma consistente e
evitando irregularidades. O planejamento estratégico do SE-OM/2007 liga tudo isso
de forma natural, claro que de acordo com o grau da experiência e, principalmente,
vontade de quem o conduz.
Ressalto que é importante que a OM faça o seu planejamento respeitando e
cumprindo as diretrizes do escalão superior e não apenas baixando o escalão.
Geralmente o resultado não é bom, pois não fica exequível e passa a ser um plano de
gestão sem efetividade.
Todo planejamento estratégico deve ser documentado nos planos de
governança corporativa, dos quais o plano de gestão é o principal, mas não o único.
Concluo a entrevista afirmando que é muito proveitoso ter os processos
mapeados e modelados garantindo a qualidade de todos os produtos. Da mesma
forma, os projetos simples permitem organizar e coordenar as melhorias nesses
processos, potencializando os recursos e galgando melhores resultados. Por sua vez,
o Sistema de Medição de Desempenho Organizacional (SMDO) permite o
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monitoramento e acompanhamento dessas rotinas e respectivas melhorias. Por fim,
a motivação é facilitada à medida que os primeiros resultados surgem. Foco e energia
nesses 4 (quatro) pilares é a mensagem final: processos, projetos, indicadores e
motivação.
O trabalho do pioneiro é grande, mas os resultados são recompensadores.
Quem ganha é a sociedade brasileira que recebe melhores produtos do Exército de
Caxias, com base na sua pedra fundamental: os homens e mulheres da Força
Terrestre.
CEL INF MARCO AURÉLIO MAGALHÃES CAVALCANTI16
1. O senhor já tinha experiência profissional acerca do tema gestão, antes do
Comando do 28º BC? Caso afirmativo, descreva.
Sim. Quando exerci a função de Instrutor Chefe do Curso de Formação de
Sargentos (CFS) no 23º BC e, ainda, por já ter comandado OM valor Subunidade.
2. Ao ser designado Comandante do 28º BC, como o senhor visualizou a
implementação ou atualização do plano de gestão na OM?
Assim que iniciei o período de assunção de Cmdo tomei conhecimento do
plano de gestão vigente na OM. Logo que assumi efetivamente o comando procurei
colher dados, ideias e experiências dos integrantes do 28 BC. Após isso, o plano de
gestão entrou em vigor tendo ampla difusão no âmbito do Btl.
3. O senhor poderia descrever como foi o processo de confecção do plano de
gestão?
Os Ch Seção e Cmt SU, sob a coordenação do SCmt, participaram
diretamente desse trabalho que foi facilitado em razão da cultura de gestão existente
na OM. Destaco a utilização das ferramentas gerenciais, nesse caso o PEO e sua
materialização, o plano de gestão, que permitem ao Cmt agir com foco direcionado
com a missão (razão de ser), os OEO (caminhos a percorrer) e a visão de futuro da
OM (onde queremos chegar).
16 O Cel MAGALHÃES é o atual Cmt do 28º BC. A assunção do comando ocorreu no dia 16 de janeiro de
2020.
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4. O senhor concorda com a possibilidade de que as ferramentas gerenciais
contribuem para o aumento da operacionalidade do 28º BC?
Sim. A utilização das ferramentas gerenciais contribui significativamente para
o aumento da operacionalidade da OM.
No MP preparo destaco a melhoria de infraestruturas para a formação
individual do soldado e das frações, favorecendo o aumento da qualidade do
aperfeiçoamento dos vários processos de formação inerentes à instrução.
No MP emprego, a OM se deparou já no corrente ano com a Operação COVID
19, no corrente ano. O 28º BC foi empregado no contexto das atribuições subsidiárias
executando missões de descontaminação de instalações públicas e apoio à
população em ambiente interagências. Essa pronta-resposta com qualidade
demonstra a efetividade das ferramentas gerenciais adotadas.
5. O senhor concorda com a possibilidade da relação entre as estratégias,
desdobradas dos OEO elencados no plano de gestão, e Capacidades Operativas
requeridas no catálogo de capacidades do EB?
Sim. Concordo com essa relação uma vez que as estratégias adotadas podem
ter fundamento uma vertente da capacidade, segundo o acrônimo DOAMEPI,
contribuindo para o aumento da operacionalidade. Isso pode ser exemplificado pela
atuação da OM, por exemplo, na Operação “Carro-Pipa” onde notadamente se
desenvolve a capacidade operativa atribuições subsidiárias, segundo o DOAMEPI
adestramento, tudo isso alinhado a estratégia já definida no plano de gestão.
6. Caso a resposta do item anterior tenha sido afirmativa, o senhor visualiza
que essa sistematização poderá contribuir para o aumento da operacionalidade de
uma OM?
Sim. Uma tabela interligando estratégias, DOAMEPI e capacidades operativas
representaria mais uma ferramenta para sistematizar e acompanhar objetivamente a
otimização da operacionalidade na OM.
7. O senhor gostaria de propor sugestões acerca do tema em questão?
Sim. Uma sugestão seria padronizar/atualizar o formato de apresentação dos
OEO/estratégias estabelecendo a relação anteriormente mencionada contendo o
DOAMEPI e capacidade operativa.
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ANEXO B
TABELA DE RELAÇÃO ENTRE OEO, ESTRATÉGIAS, DOAMEPI E
CAPACIDADES OPERATIVAS
OEO (1):____________________________________________________
Estratégia (2) DOAMEPI (3) CO (4) Fundamentação (5)
Estratégia 1 Doutrina Prontidão Fundamento A
Estratégia 2 Adestramento Proteção
integrada
Fundamento B
Estratégia 3 Pessoal Atribuições
subsidiárias
Fundamento C
Estratégia 4 Infraestrutura Combate
individual
Fundamento D
a. Legenda
(1) Objetivo Estratégico Organizacional elencado no plano de gestão. OEO que
possibilite relacionar a(s) estratégia(s) com o DOAMEPI e a CO.
(2) Estratégias desdobradas do respectivo OEO.
(3) Fator Determinante de Capacidade segundo o acrônimo DOAMEPI.
(4) Capacidade Operativa a ser gerada e/ou desenvolvida.
(5) Fundamentos a serem explicitados que justifiquem a relação entre estratégia,
DOAMEPI e CO.
b. Exemplo
OEO 1 – Elevar a capacidade operacional no contexto das Op Básicas
Estratégia DOAMEPI CO Fundamentação
1.7 – Aperfeiçoar
o processo de
formação dos
soldados.
Adestramento Combate individual A realização de
cursos e/ou estágios
de capacitação
viabilizará o
desenvolvimento da
CO combate
individual.