a compra e venda e o sistema derivada de direitos … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in...

59
A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DE AQUISIÇÃO DERIVADA DE DIREITOS REAIS: O NEGÓCIO JURÍDICO DE DIREITO DAS COISAS Marcelo Tsuno· Bacharel e/ll Direito pela FaCIlidade de Direito da Universidade de Seio Paulo (/992). Pós-graduando em nível de mestrado, /1(/ FaCIlidade de Direito da Universidade de São Paulo, sob orientaç'üo do Prolessor Doutor Roque Komatsu, 1. RESUMO o presente trabalho tem por objetivo mostrar o complexo sistema de aquisição de um direito real a partir de um contrato de compra e venda, colocando em realce os vários planos em que se divide o mundo jurídico. Neste panorama, ressaltamos a figura de um negócio jurídico de direito das coisas, freqüentemente esquecido ou não visualizado, "data la fusione o confusione che () autor dedica este trahalho :1 Professora Doutora Gisclda Maria Fernandes Novaes lilronah.a pelo IneentlHl e companheirismo.

Upload: dinhminh

Post on 09-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DE AQUISIÇÃO

DERIVADA DE DIREITOS REAIS: O NEGÓCIO JURÍDICO DE DIREITO

DAS COISAS

Marcelo Tsuno·

Bacharel e/ll Direito pela FaCIlidade de Direito da Universidade de Seio Paulo (/992). Pós-graduando em nível de mestrado,

/1(/ FaCIlidade de Direito da Universidade de São Paulo, sob orientaç'üo do Prolessor Doutor Roque Komatsu,

1. RESUMO

o presente trabalho tem por objetivo mostrar o complexo sistema de aquisição de um direito real a partir de um contrato de compra e venda, colocando em realce os vários planos em que se divide o mundo jurídico. Neste panorama, ressaltamos a figura de um negócio jurídico de direito das coisas, freqüentemente esquecido ou não visualizado, "data la fusione o confusione che

() autor dedica este trahalho :1 Professora Doutora Gisclda Maria Fernandes Novaes lilronah.a pelo IneentlHl e companheirismo.

raycon
Caixa de texto
Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos, n. 17, abr./jul. 1997
Page 2: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

96

I

REVISTA JURÍDICA -INSTITUI<,:ÀO TOLEDO DI' ENSINO

spesso esiste nella civil law (sistemi latini) fra il contratto obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I.

Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz, dos contratos, destacando a contraposição entre contrato de direito das obrigações e aquele de direito das coisas, pois que constituinte do núcleo temático do presente trabalho.

A seguir, procedemos a uma análise histórica, precisamente no contexto do direito romano, constatando que o contrato, o litulus, dava origem a menos efeitos obrigatórios, exatamente como o contrato obrigacional do direito atual. A aquisição do direito real perfazia-se através de um dos modos (modus) de aquisição, que eram três: a mancipatio, a in iure cessio e a lradilio.

Posteriormente, como é de mister, empreendemos um estudo do tema em foco à luz de dois ordenamentos jurídicos modelares e antitéticos (quanto ao tema abordado), entre si, quais sejam, o alemão e o francês, deles retirando importantes subsídios para uma análise do ordenamento br.asileiro.

Finalmente, examinamos o tema sob a óptica do direito brasileiro que, não tendo seguido fielmente nenhum dos dois sistemas anteriormente estudados, embora com uma propensão maior ao sistema alemão, apresenta algumas peculiaridades, que bem precisam ser compreendidas para se desfazer mal-entendidos a respeito do contrato de compra e venda e para se fazer ver um segundo negócio jurídico, esquecido ou criativamente posto nas sombras, que medeia entre aquele contrato e a tradição ou registro.

RIASSUNTO: 11 presente lavoro ha come obiettivo mostrare il complesso sistema di acquisizione di un diritto reale a partire da un contratto di compra-vendita, mettendo in rilievo i vari piani in cui si divide il mondo giuridico. In questo panorama, mettiamo in rilievo la figura di un negozio giuridico di diritto reale, frequentemente dimenticato o non visualizzato, "data la fusione o

I . cr. Gmo Gorla: in 1/ Contralto. Prob!emi Fondamentali Traltall com I/ melodo Comparalivo e Casislico. / Lineamenli Generali: Milano: Dou. A Giull'ré Editore: 1954: p. I

MARCELO TSUNO

confusione che spes contratto obbligatori,

Inizialmente, comunemente si fà, fra contratto di dirit perche costituente dt

Poi, realizziamo dei diritto romano, origine a meri effe1 obbligazionale dei ( occorreva attraversc erano tre: la mancipc

Dopo, come si fà tema in foco alia 11

antitetici (quanto a tedesco e iI frances( analisi deIl'ordinam

Finalmente, eSaJ brasiliano che, non sistemi anteriorme maggiore ai sisterr hanno bisogno di es contratto di compra giuridico, dimentic interpone tra il contl

2. CLASSIFICA

2.1. UNILATERAL

Preliminarmente jurídicos laIa sensu à sua formação (qí efeitos (quoad efJe(

Page 3: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

ü TOLEDO DE ENSINO

i) fra il contratto I

~Iassificação, que contraposição entre direito das coisas,

sente trabalho.

:a, precisamente no contrato, o titlllus,

xatamente como o ição do direito real , de aquisição, que filio.

ndemos um estudo rídicos modelares e . . .SI, qUaiS sejam, o ltes subsídios para

óptica do direito nenhum dos dois

Im uma propensão peculiaridades, que zer mal-entendidos ira se fazer ver um vamente posto nas radição ou registro.

,biettivo mostrare il o reale a partire da lievo i vari piani in :>rama, mettiamo in

di diritto reale, , "data la fusione o

li Trallall com il melado

Jl1h: Editore: 1954: p. I

MARCELO TSUNO 97

confusione che spesso esiste nella civil law (sistemi latini) fra il contratto obbligatorio e I'atto dispositivo (in senso lato)".

Inizialmente, presentiamo una classificazione, che comunemente si fà, dei contratti, distaccando la contraposizione fra contratto di diritto delle obbligazioni e quelle di diritto reale, perche costituente dei nucleo tematico dei presente lavoro.

Poi, realizziamo una analisi storica, precisamente nel contexto dei diritto romano, constatando che il contratto, il titulus, dava origine a meri effetti obbligatori, esattamente come il contratto obbligazionale dei diritto attuale. L' acquisizione dei diritto reale occorreva attraverso uno dei modi (modus) di acquisizione, che erano tre: la mancipatio. Ia in iure cessio e la traditio.

Dopo, come si fà necessario, abbiamo realizzato uno studio dei tema in foco alla luce di due ordinamenti giuridici modellari e antitetici (quanto ai tema abbordato), tra loro, quali siano, il tedesco e il francese, togliendo da loro importanti sussidi per una analisi deU' ordinamento brasiliano.

Finalmente, esaminiamo il tema sotto la otica dei diritto brasiliano che, non avendo seguito fedelmente nessuno dei due sistemi anteriormente studiati, sebbene com una tendenza maggiore ai sistema tedesco, presenta alcune peculiarità, che hanno bisogno di essere comprese per disfare malintesi rispetto ai contratto di compra-vendita e per fare vedere un secondo negozio giuridico, dimenticato o per sbaglio posto nell'ombra, che si interpone tra il contratto e la tradizione o il registro.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

2.1. UNILATERAL OU BILATERAL

Preliminarmente, é de se dizer que a classificação dos negócios jurídicos lato semill em unilateral ou bilateral pode-se referir tanto à sua formação (quoad constitutionem), como também aos seus efeitos (quoad efTectum).

Page 4: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

98 REVISTA JURÍDICA - INSlllUI<;ÀO TOII'DO DI' ENSINO

A figura do contrato, enquanto negócio jurídico slriclo sensu,

cujo suporte fático nuclear é composto, necessariamente, por pelo menos duas declarações de vontade, desponta, quoad

constitutionem, no mínimobilateral.2

Quanto aos efeitos, quoad effeclum, entretanto, o contrato pode, como comumente se faz, conforme o caso, ser classificado como unilateral ou bilateral.

Diz-se que o contrato é unilateral quando dele se irradiam efeitos ex uno /alere, ou, mais precisamente, posições jurídicas subjetivas passivas são titularizadas somente por uma das partes contratuais, enquanto a parte adversa titulariza somente posições jurídicas subjetivas ativas.

Contratos bilaterais, por sua vez, são aqueles cujo conteúdo eficacial consiste na irradiação de posições jurídicas subjetivas passivas para ambas as partes contratuais, ativa e passiva, posições estas que devem guardar, entre si, uma relação de reciprocidade ou interdependência. Daí chamá-los Larenz3 contratos de intercâmbio.

É importante frisar que é precisamente este intercâmbio de prestações, e não a assunção de obrigações, que dá a configuração típica a esta classe contratual. Pode-se, assim, simplificadamente, mas com rigor de precisão, afirmar que contrato bilateral é aquele em que cada um dos figurantes assume o dever de prestar (Verpjlichlung zur Leislung) para que outro. ou outros, lhe contraprestem4

. Marca-lhe o caráter, portanto, o intercâmbio de prestações, a intenção dos parceiros de permutar uma pela outra, porque há atribuição de algum bem da vida ao patrimônio do figurante do outro lado5

2 Diferentemente da posição do professor Álvaro Villaça de Azevedo. rara quem o contrato é

somente bilateral, não se podendo !àlar em contrato plurilateral. à maneira de Pontes de Miranda ou Túlio Ascarelli.

3 Cr. Araken de Assis; in Resolução do contrato por inadimplemento: RT: p.21; nota 23.

4 . Cr. Pontes de Miranda; Tratado de Direílo Privado; tomo XXVI: *3126; p. 96.

5 Cr. Pontes de Miranda; tomo XXXVIII; § 4.184; p 7

~lARCU.O TSUNO

Na locação, po obrigação de cois, mas sim da simp dação (outra das r alienação. ou s( patrimonial da esf da esfera jurídica outros deveres de do contrato em ql Vale. aqui. lembr bilateralidade faz as dívidas e obrig há reciprocidade n

Importante, ade vontade. que está, em relação à car: justamente em raz jurídico faculta às amplitude vária. ( ('slnllllraç'(/o do

respectivas, quant( no mundo jurídico

Destaca Jacqu fundamental da ' bi lateral idade, acu contrato unilatera convencionada a fi

classe dos bilatera cabe ao depositanh

(, . Neologismo enado po

7 /11 Tratado de Direito X

(ínlllS nossos. l)

Cf Marêlls Ilernardes lO

Cf Arakcl1 dc Assis;

Page 5: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

:Ao TOI.EDO DF ENSINO

lrídico s/ric/o sensu, :sariamente, por pelo

desponta, qlload

mto, o contrato pode, er classificado como

do dele se irradiam e, posições jurídicas : por uma das partes za somente posições

ueles cujo conteúdo jurídicas subjetivas

'a e passiva, posições ) de reciprocidade ou

3 nz contratos de

este intercâmbio de lue dá a configuração 1, simplificadamente, ato bilateral é aquele o dever de prestar

Itro, ou outros, lhe to, o intercâmbio de lUtar uma pela outra, ia ao patrimônio do

.zevedo. para quem o eontralo é

maneira de Pontes de Miranda

,menlo: RT: p.2l: nota 23.

(VI; § 3126: p. 96.

~lARlTI.O rSLJNO 99

Na locação, por exemplo, a entrega (uma das modalidades de obrigação de coisa, que não implica a transferência de direito real, mas sim da simples posse) da coisa ao locatário corresponde à dação (outra das modalidades de obrigação de coisa, que implica alienação, ou seja, transferência de direito real do setor patrimonial da esfera jurídica do devedor para o setor patrimonial da esfera jurídica do credor) do aluguel ao locador. Nem todos os outros deveres de prestar, con/enll/ ís/ iCO.\·6 do complexo eficacial do contrato em questão, guardam idêntico nexo de reciprocidade. Vale, aqui, lembrar Pontes de Miranda7

, quando assinala que a bilateral idade faz bilateral o contrato, mas não implica que todas as dívidas e obrigações irradiadas dele sejam bilaterais, pois não há reciprocidade no dever de devolução do bem locado.

Importante, ademais, frisar o importante papel da autonomia da vontade, que está a embasar toda a concepção do negócio jurídico, em relação à caracterização de um contrato como bilateral. É justamente em razão desta autonomia da vontade que "o sistema jurídico faculta às pessoas, dentro de limites predeterminados e de amplitude vária, o poder de escolha de categoria jurídica e de es/ru/lIruç'(/O do conteúdo e.!icacial' das relações jurídicas respectivas, quanto ao seu surgimento, permanência e intensidade no mundo jurídico"').

Destaca Jacques Ghestin, muito a propósito, o papel fundamental da vontade dos parceiros na caracterização da bilateral idade, acudindo com o exemplo do depósito, também contrato unilateral no direito brasileiro. Frisa o autor que, convencionada a remuneração do depositário, o contrato entra na classe dos bilaterais, porque uma obrigação (rec/ius: prestação)

. 10 cabe ao deposltante .

(] Neologismo criado por Pontes de Miranda e que quer dizer que eslão conlldos

7 111 Tralado de Dirello Privado: tomo XXVI; § 3.126: p. 97

8 (jrifos nossos

') Cf Marcos Bernardes de Mello: /11 TeOria do Falo Jurichco: 1985: p. 184.

10 .CI Arakcll dc Assis. 111 Resolução do C(mlralo por 11I(J(hlllplelllelllo: p. 17

Page 6: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

100 REVISTA JURíDICA -INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO

Há autores que incluem, ainda, uma terceira classificação, qual seja, dos contratos bilaterais imperfeitos (contractus bilaterales inaequales) ou acidentalmente bilaterais (Zufdllige Zweiseitigvertrdge). Citam eles, como respaldo de suas afirmações, o contrato de depósito ou comodato.

O fato, porém, de o depositante vir a se tornar titular de um dever de prestar, por um incidente ex post facto, quer na forma de reembolso das despesas efetuadas pelo depositário, quer na forma de indenização dos prejuízos suportados por este último, não transmuda o contrato em bilateral ou sinalagmático, pois, para que um contrato assim seja caracterizado, mister se faz que haja, mais do que ultro citroque obligatio, um nexo causal, ou relação de reciprocidade, entre a obrigação da parte depositante e a obrigação fundamental do depositário. O sinalagma, como pontifica Antunes VareIa11, liga entre si prestações essenciais de cada contrato bilateral, mas não todos os deveres de prestação dele nascidos. Neste exato sentido, preleciona Von Tuhr l2 , para quem o reembolso das despesas feitas pelo depositário não constitui contraprestação da obrigação principal, sendo simples efeito acessório e fortuito do contrato.

Autores outros, mais incisivos, repelem a divisão dos contratos em bilaterais perfeitos e bilaterais imperfeitos. Consideram eles que, a despeito das aparências ou semelhanças, os bilaterais imperfeitos são, na realidade, unilaterais, porque o que importa é a essência da convenção, fixada no momento da formação do acordo de vontades e inalterável por efeito de fatos ulteriores, puramente acidentais ou eventuais e sem correlação com as obrigações principais 13.

Neste sentido, pontifica L. Enneccerus l4 que os contratos unilaterais podem ser de duas maneiras: a) os rigorosamente

11 In Das Obrigações em Geral; vol. I; 5' edição; Livraria Almeidina; Coimbra; 1986.

12 In Tralado de Direilo Privado; tomo XXXVIII; p. 55.

13 Cr. Darcy Bessone; in Do Conlralo, Teoria Geral; Forense; Rio de Janeiro; 1987.

14 In Derecho de Obligaciones, volumen primero, Doctrina General; Libreria Bosch; 1933;

ps. 161/162.

MARCEl.O rSlJNO

unilaterais, ou seja. passa a titularizar u titular de um dever não rigorosamente· dos contratantes titl podendo vir a titul embargo, não repre daquelas.

2.2. GRATUITO O<

A presente disti prende-se à função de atribuição patrim

Atribuições patri Andrade, "atos medi o patrimônio de ou portanto, com sacri1 que este resultado natureza patrimonia atribuído, com reduç extinção de um dire ou libertação de 1

prestação de quaisq (... ) de uma pessoa p agindo nesta intençãl

Feito este prévio propriamente, à di onerosos, ou a titule patrimoniais corres}: contratantes. A atribl tem por correspecti\ patrimonial da partI

1;; - In Teoria Geral da ReI.

Page 7: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

;\0 TOLEDO DE ENSINO

a classificação, qual 'ntractus bilaterales lterais (Zufallige respaldo de suas :0.

tomar titular de um to, quer na forma de ltário, quer na forma ::>r este último, não tático, pois, para que ;e faz que haja, mais lUsal, ou relação de ,sitante e a obrigação ao pontifica Antunes .s de cada contrato tação dele nascidos. hr12

, para quem o itário não constitui :ndo simples efeito

divisão dos contratos os. Consideram eles lanças, os bilaterais lue o que importa é a ltO da formação do I de fatos ulteriores,

correlação com as

14 que os contratos a) os rigorosamente

leidina; Coimbra; 1986.

Rio de Janeiro; 1987.

General; Libreria Bosch; 1933;

MARCELO TSLJNO 101

unilaterais, ou seja, aqueles em que somente um dos contratantes passa a titularizar um direito de crédito, enquanto o outro torna-se titular de um dever de prestar (Verpflichtung zur Leistung); b) os não rigorosamente unilaterais, ou seja, aqueles em que apenas um dos contratantes titulariza posições jurídicas subjetivas ativas, mas podendo vir a titularizar uma posição jurídica passiva que, sem embargo, não representa a contrapartida ou retribuição de uma daquelas.

2.2. GRA TUITO OU ONEROSO·

A presente distinção, entre contratos onerosos e gratuitos, prende-se à função econômica do contrato e pauta-se no conceito de atribuição patrimonial (Zuwendungen) .

Atribuições patrimoniais são, segundo Manuel Domingues de Andrade, "atos mediante os quais uma pessoa (atribuinte) aumenta o patrimônio de outra (atribuído) à sua custa - enriquecendo-a, portanto, com sacrificio próprio - qualquer que seja a forma por que este resultado se produz: transmissão de um direito de natureza patrimonial; constituição de um direito novo a favor do atribuído, com redução ou compressão de um direito do atribuinte; extinção de um direito real que gravasse uma coisa do atribuído ou libertação de uma dívida sua; assunção de obrigações; prestação de quaisquer serviços com valor patrimonial. Trata-se (... ) de uma pessoa proporcionar a outra, com sacrificio próprio - e agindo nesta intenção - uma vantagem patrimonial" I 5.

Feito este prévio e indispensável esclarecimento, passemos, propriamente, à distinção que ora nos interessa. Contratos onerosos, ou a título oneroso, são aqueles em que há atribuições patrimoniais correspectivas, efetuadas por cada uma das partes contratantes. A atribuição patrimonial efetuada por uma das partes tem por correspectivo, compensação ou equivalente, a atribuição patrimonial da parte contrária. No contrato oneroso, as partes.

15 In Teoria Geral da Relação Jurídica.

Page 8: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

102 REVISTA JlJRiDICA - INSTITlJl<;ÀO TOLEDO DE ENSINO

estão de acordo em que a vantagem que cada uma visa a obter é contrabalançada por um sacrifício, que está numa relação de estrita causalidade com aquela vantagem ló

.

Já os contratos gratuitos são aqueles em que intervém uma intenção liberal (animlls donandi, animlls hene.ficiandi), devidamente manifestada, de efetuar uma atribuição patrimonial a favor de outrem, sem contrapartida ou correspectivo. Nos negócios gratuitos, afirma Mota Pinto l7

, cria-se e há acordo das partes sobre este ponto - uma vantagem patrimonial para um dos sujeitos, sem nenhum equivalente.

Uma questão que desperta interesse, até em razão de sua controvérsia, é aquela atinente à bilateralização, ou não, do depósito oneroso.

Atendendo-se que a remuneração tenha sido objeto do acordo das partes, torna-se a sua prestação o dever principal, ou obrigação, do depositante, passando a integrar o sinalagma contratual, na medida em que se contrapõe ao dever principal, ou obrigação, imposto ao depositário, de guardar e conservar a coisa. Passa a existir, assim, o nexo causal entre o dever assumido pelo depositante e o dever principal do depositário, justificando, conseqüentemente, o regime específico dos contratos bilaterais.

Há, entretanto, quem conteste este entendimento. Aubry et Rau e Démolombe, secundados por Darcy Bessone, sustentam que, no mandato e no depósito, o ajuste de salário para o mandatário ou o depositário não seria suficiente para tornar bilateral a convenção. Em regra, o salário do mandatário ou do depositário é efeito acessório ou fortuito do contrato, mas podem certas cláusulas modificar a fisionomia dos contratos unilaterais, criando obrigações principais e correlativas para os contraentes.

16 Antunes Varela; in op. cito

17 In Teoria Geral do Direito Civil; 3" ed.; Coimbra; 1991.

i\1i\RlTLO TSlINO

2.3. COMUTATH

Cuida-se, esta ( onerosos. Comuta prestações é certa { As partes. assim, n podem contabilizai o cumprimento dei

Aleatórios, de Gliicksvertrcige ou alguns, ou todos certo caso ou em c da prestação é uma está no Código Civ

• --li est commut donner ou à faire 1

de ce qu'on lui de 1'equivalent consis chacune des partie~

aléatoire".

2.4. SOLENE OU, FORMAL)

o negócio Jun compreende tanto 1

Betti. "é o modo apresenta em face

. ,,20extenor .

Em princípio, (; intermédio de qua

18 .. lI. Darcy Bessone: ;,

19 Cf Ponles de Mirand

20 Cf Emílio lktli: 111 T

I

Page 9: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

(Ao TOLEDO DI' ENSINO

la uma visa a obter é ;tá numa relação de

n que intervém uma rimus beneficiandi), 'ibuição patrimonial a

correspectivo. Nos a-se e há acordo das rimonial para um dos

té em razão de sua lização, ou não, do

,ido objeto do acordo dever principal, ou

ntegrar o sinalagma 10 dever principal, ou Ir e conservar a coisa. dever assumido pelo

)sitário, justificando, ontratos bilaterais.

imento. Aubry et Rau ne, sustentam que, no lra o mandatário ou o ,ilateral a convenção.

depositário é efeito dem certas cláusulas unilaterais, criando

~:mtraentes.

,\'1·WClI () TSLJNO 103

2.3. COMUTATIVOS OU ALEA TÓRIOS

Cuida-se, esta classificação, de uma subdivisão dos contratos onerosos. Comutativos são contratos em que a extensão das prestações é certa e avaliável desde o momento de sua formação l8

.

As partes. assim, no momento mesmo da conclusão do contrato, já podem contabilizar os seus ganhos e suas perdas, que advirão com o cumprimento dele.

Aleatórios, de sua vez, chamados pelos juristas alemães de Gliicksverlráge ou gewagle Verlráge, são aqueles em que um, ou alguns. ou todos os figurantes. podem sofrer um prejuízo, em

19 O . d' .certo caso ou em certos casos . ai Izer-se que o correspectivo da prestação é uma chance de ganhar ou perder, tal como exarado está no Código Civil Francês. art. 1.104:

• ""li est commutatif lorsque chacune des parties s'engage à donner ou à faire une chose quí est regardée comme l'equivalent de ce qu'on lui donne, ou de ce qu'on fait pour elle. - Lorsque l"equivalent consiste dans la chance de gain ou de perle pour chacune des parties, d'apres un événement incertain, le contrat est aléatoire·'.

204. SOLENE OU NÃO-SOLENE (OU FORMAL E NÃO­FORMAL)

o negócio jurídico, visto sob o prisma de sua estrutura, compreende tanto uma forma quanto um conteúdo. Forma, ensina Betti. "é o modo como o negócio é, quer dizer, como ele se apresenta em face dos outros, na vida de relação: é a sua figura exterior·':~o.

Em princípio, a declaração de vontade pode efetuar-se por intermédio de qualquer meio capaz de fazê-la compreensível.

18 Cf. Darey Bessone; i/l op. ci/; p. 100.

19 cr Pontes de Miranda; Tratado; tomo XXXVIII; p. 371. :!O cr Lmilio llclli; 111 Teona Geral do /legóclO Jllrídlco; tomo L Coimbra. 1969; p. 244.

Page 10: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

IO-t REVISTA JURíDICA - INSTITUiÇÃO TOI.ElX) DE ENSINO !\L\R<'TI.O TSIINO

Neste sentido amplo, toda declaração de vontade apresenta uma forma, "pero en sentido técnico se habla de forma cuando en virtud de la ley o de negocio juridico es necesaria una forma determinada,,21.

Negócios formais ou solenes, portanto, são, precisamente, aqueles cuja forma é taxativamente fixada pela lei. isto é, vinculada; não-formais, por sua vez, são aqueles cuja forma é livre e que, por conseguinte, "podem realizar-se por qualquer forma que o costume considere instrumento de manifestação atendível e unívoco, e, portanto, suficiente para tornar socialmente reconhecível o preceito de autonomia privada, de que nele se trata,,22.

A forma dos negócios jurídicos pode atuar, no mundo jurídico, em três planos diversos: ou como elemento de existência, ou como requisito de validade, ou ainda, como meio de prova.

Na primeira perspectiva, a ausência da forma, que se poderia denominar de constitutiva hoc sensu, pois que integrante do próprio suporte fático nuclear, leva à inexistência do respectivo negócio. Assim ocorre nos negócios abstratos, em que a forma constitui seu elemento categorial inderrogável. Por isso mesmo, diz Junqueira de Azevedo, e à guisa de exemplificação, "o Decreto n° 2.044, de 1908, que define a letra de câmbio e a nota promissória, depois de prescrever, no art. 1°, o que deve constar da letra de câmbio, diz, no art. 2°: Não será letra de câmbio o escrito em que faltar qualquer dos requisitos acima enunciados. Ora, não será letra de câmbio quer dizer não existe como letra de câmbh/3.

Num segundo plano de atuação, a forma qualifica um contrato para subordinar a sua validade a uma determinada figuração exterior prescrita para a respectiva declaração ou declarações de vontade.

I '.

21 cr Von Tuhr; in Derecho 0\'11. Teoria General dei DerecllO Civil Aleman; vol. 11; Editorial DEPALMA; Buenos Aires; 1947; p. 176.

22 cr Emílio Betti; in op. cit.; tomo 11; p. 144. 23

In Negócio Jurídico. Lxislência. Validade e Lficácia; 2" ed.. Editora Saraiva; 1986; p. 159 e 160; nota 204.

Neste ponto. i do dispositivo c quando dispõe el casos ali elencad

Não obstante c não da existên escritura pública sua constituição apenas anulável. pelo art. 134. ( indiscutivelmentl nulidade. A UI"

interpretação con e 82. todos do afirma Alcides . contudo. não ve sançào de nulida poucos negácim considera essenc/ seu art. I 06, deix,

"Não dispond< essencial à \'([/. constituição ou t valor superior a 3

Por fim, a forr demonstrada em de direito proces~

a forma a que se (

Contrato não-~

determinada fif comportamento d

Como regra, vinculação pejos

2-t 111 lJa Frecuçào de

Page 11: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

'Ao TOI.E1X) DE ENSINO f\t\RlTI.t) TSII!'.:t) 105

ltade apresenta uma le forma cuando en lecesaria una forma

são, precisamente, !a pela lei. isto é. les cuja forma é Iivre r qualquer forma que ~stação atendível e tornar socialmente Ida, de que nele se

, no mundo jurídico, . existência. ou como prova.

rma, que se poderia que integrante do

tência do respectivo JS, em que a forma el. Por isso mesmo. exemplificação, "o

I de câmbio e a nota I que deve constar da ,de câmbio o escrilo 'nunciados. Ora. mio 10 feIra de câmhio23

ualifica um contrato terminada figuração o ou declarações de

~recho CIVIl Aleman; vol. 11.

Editora Saraiva; 1986: p. 159

Neste ponto. impende não nos deixarmos levar pelo teor literal do dispositivo contido no art. 134 do Código Civil brasileiro, quando dispõe ele ser da substância do ato a escritura pública, nos casos ali elencados.

Não ohstante a referência à suhstância. é no plano da validade, e não da existência. que repercute a infração pela não adoção da escritura púhlica. O negócio desprovido da forma exigida para a sua constituição (ac/ slIhslanlial1l). corrobora Betti. é nulo, e não apenas anulável. Assim. o contrato com valor superior ao previsto pelo art. 134. que não se revestir da forma escrituraI. será indiscutivelmente existente. mas inquinado pela sanção da nulidade. A uma tal conclusão chega-se através de uma interpretação conjugada do artigo citado com os arts. 145. 111. 130 e 82. todos do Código Civil. Não é sem razão. portanto, que afirma Alcides Tomasetti Júnior que "a codificação de 1916, contudo. não veio a consagrar aquela distinção. cominando a sanção de nulidade (art. 145. IH). e não de inexistência, àqueles poucos negócios para os quais a instrumentação pública se considera essenciaP~. A propósito. o Projeto de Código Civil. em seu art. 106. deixa a questão extreme de dúvidas:

"Não dispondo a lei em sentido contrário. a escritura pública é essencial à ,'a/idade dos negócios jurídicos que visem à constituição ou transferência de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País".

Por fim. a forma pode dizer respeito à maneira como pode ser demonstrada em juízo a existência de negócios válidos - matéria de direito processual. apesar de estar regulada no Código Civil. É a forma a que se denomina ad probationem /(mlllm.

Contrato não-solene é aquele para o qual a lei não exige uma determinada figuração exterior. admitindo. assim, todo comportamento declarativo como válido.

Como regra, no direito brasileiro, vige o princípio da vinculação pelos contratos aformais, ou não-solenes. Entretanto,

-~~

111 /)a {x,,('/lçcio do COII/ra/o I'rl.'!imi/wr. lese de douloramento; p. 230.

Page 12: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

106 REVISTA JURíDICA - INSTITLJ/<.;Ao TOLEDO DE ENSINO

não se deve olvidar que não há negócio sem forma, de jeito que a expressão ((fôrma! tem de ser entendida como sem forma e.\pecw. !~'-..

Põe-se, já aqui, uma questão, inextricavelmente ligada ao tema principal deste trabalho, relacionada com saber se o acordo de transmissão (negócio dispositivo jurídico de direito das coisas) de propriedade imobiliária, ou de direito real limitado, é válido, ou não, se o contrato (negócio jurídico slrielo senSll obrigacional), em que se prometeu e se deveria ter observado a regra jurídica do art. 134, lI. do Código Civil, não a respeitou.

Somente para que a questão não fique sem resposta nenhuma, adiantaremos que ela dependerá da tomada de posição a respeito da natureza daquele primeiro negócio de direito das coisas.

2.5. CONSENSUAL OU REAL

Como alerta Pontes de Miranda26 , a distinção entre contratos

consensuais e reais (Rea!verlrag) provém do direito romano e é interior ao direito das obrigações. Isto quer dizer que tanto um como outro têm, como conteúdo eficacial, posições jurídicas subjetivas de natureza pessoal, relativa.

No direito romano clássico, o mútuo e o comodato, assim como o depósito e o penhor formavam o grupo dos contratos chamados reais. Re eonlrahilur obligalio, lembra Alcides Tomasetti Júnior27

,

significava a produção da obrigação por intermédio da entrega de uma coisa corporal. Os contratos reais não eram solenes e sua celebração dava-se com aquela transmissão de coisa, que acarretava para quem recebia a obrigação de restituir.

Na tradição jurídica romana, portanto, "não bastava a consensual idade (isto é, a simples coincidência das manifestações

2' . Cf Pontes de Miranda; Tra/ado de DireI/O I'rtmdo; tomo XXXVIII; p. 105.

26 In Tm/odo de DireI/o I'rtmdo. 27

Cf Pontes de Miranda: Tr%do de DireI/O I'nmdo: tomo XXXVIII; p. 105.

MAR<'TI.O TSlJNO

de vontade) para obrigações, sal\ formais (compre dcmais contrato forma (contratos (contratos reaisr

Mas não se c vinculativo de essencial, o mútl negócio jurídico mundo jurídico), em que há o cor essenciais. Se nã conclui o negóci, tem, portanto, irrcdutível de sei ele não se juridicl

..Entretanto, ( COI1SenSll perfich sua formação, formalidade espe objcto,,31.

No negócio n ainda, o elemen1 imprescindível à jurídico. Assim, , do contrato previ: .\peeies. Isto nada

28 Cf Pontes de Mira 29

Cf Al1lllnes Varei: 30

111 Tra/ado de /)irE

31 Cf Darcy Bessone

I

Page 13: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I TOLEDO DE ENSINO

ma, de jeito que a :omo sem fórma

nte ligada ao tema :r se o acordo de eito das coisas) de tado, é válido, ou , obrigacional), em gra jurídica do art.

resposta nenhuma, posição a respeito das coisas.

:ão entre contratos :lireito romano e é izer que tanto um posições jurídicas

lodato, assim como :ontratos chamados Tomasetti Júnior27

,

lédio da entrega de ram solenes e sua o de coisa, que :tituir.

"não bastava a l das manifestações

I(VIII; p. \05.

XVIII; p. \05.

MARlTLO TSliNO 107

de vontade) para que do negócio jurídico se irradiassem dívidas e obrigações, salvo em determinados contratos que não eram formais (compra e venda, locação, sociedade, mandato). Os demais contratos só vinculavam se obedeciam a determinada forma (contratos formais) e se estava incluído o pacto de tradição

. ),,1X(contratos reais -.

Mas não se deve olvidar que todo contrato, enquanto acordo vinculativo de vontades opostas, tem, como seu elemento essencJa , o mutuo consenso . I' 29 : duorum ueI I . OP ur/um consensus. negócio jurídico bilateral ou plurilateral conclui-se (= entra no mundo jurídico), pontifica Pontes de Miranda3o

, desde o momento em que há o consenso sobre todos os pontos que se tiveram por essenciais. Se não houve concordância, houve dissenso; e não se conclui o negócio jurídico bilateral ou plurilateral. Todo contrato tem, portanto, necessariamente, como elemento mínimo e irredutível de seu suporte fático nuclear, o consenso, sem o qual ele não se juridiciza, não tendo existência no mundo jurídico.

"Entretanto, em alguns basta o consentimento - qui solo consensu perficiuntur -, enquanto que, em outros, exige-se, para a sua formação, um outro elemento, seja uma solenidade ou formalidade especial, seja a tradição da coisa que constitua o seu objeto,,31.

No negócio real, portanto, a par do consentimento, exige-se, ainda, o elemento real entrega no seu suporte fático nuclear, imprescindível à sua suficiência e conseqüente entrada no mundo jurídico. Assim, "se há acordo, mas não há entrega, há um trecho do contrato previsto por lei, mas não se realizou ainda toda afacti species. Isto nada tem de nulo: por isso, logo que se der a tradilio,

2X c' ti· tiI. Pontes e Mmll1 a; 111 Tratado de D/relia l'n\'ado; lama 26; ~ 3170; n" 2; p. 286. 29

Cf Antulles Varcla; ill op. cit. 30

/11 Tratado de Direito l'ri\'ado; lama XXXVIII; ~ 4195; p. 55. 31 .

CI. Darey Bessone; 1/7 op. cit; p. 103.

Page 14: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

lO!! REVISTA .IlJlÜDIC,\ . INSTrlI1J<:"O lOIH)() DE I:NSINO MARCELO TSUNO

o contrato está perfeito. Antes não: não produz efeitos. mas simplesmente porque não há ainda contrato.. J:!.

A eficácia jurídica do negócio assim composto. entretanto. é puramente obrigacional. Esta eficácia. que não se confunde com a eficácia legal, também chamada eficácia nomológica. consiste no conjunto de posições jurídicas subjetivas ativas e passivas. que se irradiam de um fato jurídico lalo senSlf. Quer isto dizer que a irradiação de efeitos jurídicos pressupõe. imprescindivelmente. a juridicização de um suporte fático e a sua conseqüente entrada no mundo jurídico. Para que este fenômeno ocorra. afigura-se indispensável que a norma sob cogitação goze de eficácia nomológica, isto é. que tenha aptidão para incidir. Mas isto já é um outro problema.

Ora, para que ocorra esta juridicização, mister se faz a presença de todos os elementos categoriais compondo o suporte fático de uma dada figura contratual. Ingressando no mundo jurídico e satisfazendo todos os requisitos de validade. o contrato passará, então, a irradiar a sua eficácia típica, desde que, naturalmente, não esteja sob condição suspensiva.

Através desta breve visão do fenômeno de juridicização, queremos afirmar, como ilação necessária, que o conteúdo eficacial do contrato real só passará a atuar quando tiver lugar à sua entrada no mundo jurídico mediante a composição suficiente de seu suporte fático com o consenso e a tradição da coisa. Sem a tradição, o suporte fático desponta insuficiente, não sendo apto a desencadear a eficácia legal; portanto, contrato ainda não haverá, quanto menos eficácia jurídica.

Antonio Junqueira de Azevedo, entretanto, do alto de sua cultura, pontifica, diferentemente, que a entrega da coisa consubstancia uma causa pressuposta dos contratos reais. E esta causa, por ser pressuposta, não constituiria elemento de existência jurídica, mas, sim, de validade do contrato. "A nosso ver, a efetiva

32 Cf. José de Oliveira Ascenção; in Enciclopédia Saraiva do D/rello; vol. 20; p. 92/96

entrega da coisa contraIas reais, e

Exatamente nl contrato real no 1 "contrato real é a< requisitos comun transferência da ~

comodato, ou de serão, pela falta d<

Um contrato re posicionamento di seu suporte fático que exprimam o estando ele em 01

reação do ordenan contrato.

Há que se n doutrinário, seguli meramente conser consistiria adimpl mais um element posicionamento er pelo qual deve-se acordo de vontade:

Procede este po Derecho romano", e doutrinária exig "unicamente como alguno se justificl afirmando que "nã

33 In Negócio Jurídico,

34 In Dicionário de Co

Martins; 3' ed.; Livraria Alr 35

In Derecho de OM 90/91.

Page 15: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

I TOIH)() DI·: I'NSINO

lduz efeitos. mas

lstO. entretanto. é ie confunde com a ógica. consiste no e passivas. que se . isto dizer que a :scindivelmente. a :qüente entrada no lcorra. afigura-se goze de eficácia ldir. Mas isto já é

r se faz a presença suporte fático de

mundo jurídico e contrato passará.

naturalmente. não

de juridicização. que o conteúdo

ando tiver lugar à lposição suficiente io da coisa. Sem a não sendo apto a

ainda não haverá,

, do alto de sua ~ntrega da coisa ratos reais. E esta lento de existência 10SSO ver, a efetiva

ito; vol. 20; p. 92/96.

MARCELO TSUNO 109

entrega da coisa não faz parte, portanto, da existência dos contratos reais, e sim, somente influi sobre sua validade,,33.

Exatamente nesta ordem de idéias encontra-se definido o contrato real no Dicionário de Conceitos e Princípios Jurídicos: "contrato real é aquele para cuja validade se exige, para além dos requisitos comuns a todos os contratos, outro que consiste na transferência da posse,,34. Assim, se num contrato de mútuo, de comodato, ou de depósito, não houve a entrega da coisa, nulos serão, pela falta do seu elemento justificador.

Um contrato real, portanto, reputa-se, segundo este respeitável posicionamento doutrinário, existente tão-só com a integração de seu suporte fático por duas manifestações de vontade coincidentes, que exprimam o consenso. A falta do elemento real entrega, estando ele em outro plano, o da validade, leva somente a uma reação do ordenamento jurídico através da sanção de nulidade do contrato.

Há que se referir, ainda, a um terceiro posicionamento doutrinário, segundo o qual o contrato real ostentaria natureza meramente consensual, de modo que a tradição, em si mesma, já consistiria adimplemento de uma obrigação de entregar, e não mais um elemento do contrato. O fundamento primeiro deste posicionamento encontra-se no princípio da liberdade contratual, pelo qual deve-se reconhecer eficácia obrigacional, desde logo, ao acordo de vontades.

Procede este ponto de vista, afirma Larenz, "de la evolución dei Derecho romano", devendo se considerar a elaboração legislativa e doutrinária exigente da tradição para a perfeição do contrato "unicamente como un residuo histórico y sistemático que en modo alguno se justifica ya,,35. Também Pontes de Miranda, embora afirmando que "não se pode pôr de lado a letra das leis, a ponto de

33 .In Negócio Jurídico, E.xistência, Validade e Eficácia; Saraiva; p. 45; nota 54.

34 In Dicionário de Conceitos e Princípios Jurídicos, de João Melo Franco e Herlander A.

Martins; 3" ed.; Livraria Almeidina; Coimbra; 1995; p. 249. 35 ....In Derecho de Ob/igaciones; tomo I; EditOrial Revista de Derecho Privado; Madri'd; pp.

90/91.

Page 16: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

.

'

REVISTA JlJRiDICA - lNSIITlJl<:ÀO TOI.I:DO DE ENSINO110 1\1.\RlTlt) TSlINO

se interpretarem as regras jurídicas sobre contratos reais como se não existissem", professa, ex argumento, que "hoje, já não se justifica, ainda nos sistemas jurídicos mais aferrados ao direito romano, que se apontem os contratos reais como contratos que limitem a liberdade contratual',36.

Para esta corrente, como visto, o contrato real, à semelhança dos contratos consensuais, perfaz-se tão-somente com o consenso sobre os pontos essenciais do negócio. O dever de entregar já constituiria efeito do contrato e o seu não cumprimento caracterizaria inadimplemento contratual. "Com la conclusión dei contrato ha nacido ya una relación de obligación. que fundamentará la obligación de devolución cuando se haya producido la entrega de la cosa, y ello concretamente ai término de dicha relación jurídica,·37. A entrega da coisa guardaria, então. o caráter de execuçã03x do contrato avençado, sendo o começo de seu cumprimento.

O princípio da consensual idade na formação contratual levou à solução de se considerar pacto ou promessa de contratar o acordo, em si vinculatório, mas diverso do contrato verdadeiro e próprio, que apenas se alcançaria re contrahitur.

Sufragamos, relativamente a esta solução, as palavras de Giselda Maria Novaes Hironaka, quando afirma que "a maior crítica que se faz a esta posição é a seguinte: ainda que se

36 111 {ralado de Direito I'rimdo: tomo 26: ~ 3170: n" 2.

37 . Cf "'arl Larenz. In op. CI/ .• p. 91

3X . Como precisamente lembra Alcides Tomaselli Júnior. em sua tese de doutoramento. p 38.

e da linguagem corrente entre os juristas o emprego termo execução para designar o adimplemento das obrigações. dos negócios jurídicos e dos contratos Em [<;a!idade. muitos empregam essas palavras como sinônimas. Autores há. entretanto. que buscam dlierençar. com todo cuidado conceituai. adimplemento da obrigação e execução do contrato. restringindo esta última ao "comportamento idôneo para determinar uma modificação na siluação patrimonial e. genericamente. nas relações entre os contratantes. modificação esta pela qual se realiza o programa de eventos futuros constante no contrato"" O adimplemento. por sua vez. "é essencialmente modo de extinção. e. pois. de liberação para o devedor a execução reporta-se á atuação da llmte da obrigação (contrato): ou seJa. leva a cfcito o contrato" Portanto. a execução é. antes de mais nada. um ato do contraente: assim como o adimplemento é um momento estrutural da obrigação. a cxecução é momento estrutural do contrato. ou sob outro aspecto. a execução do contrato está. para o adimplemento da obrigação. numa relaçao dc meio (um dos possiveis mcios) a fim.

admitisse a com contrato (consensl integrado nos pIa como único efeit celebração do cor Ora. o círculo é fundamento, volté Júnior: "Em reali< artificial, que visa tradição do direit promessa de contr,

Pensamos ter. necessária. expo~

doutrinários a res( De um lado. pf insculpida em di, nosso. De outro, contratar ou princí

Pensamos. não manterem-se fiéis contratos reais, qu posicionamento ql mesmo. a interpre princípio as norm declina Pontes de apego à reminiscê Não se poderia ( mútuo. ou de com entrega da coisa. i: depósito consenSl dever de restituiçã da coisa. A atitude mundo jurídico) o

39 Ren5/lI da FOCllldo( ~o

I" 0I' c//.. p. 180: nc

Page 17: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

!'OLmo DE ENSINO

os reais como se "hoje, já não se rrados ao direito no contratos que

'aI, à semelhança : com o consenso ~r de entregar já ão cumprimento la conclusión dei obligación, que

cuando se haya ~nte ai término de llardaria, então, o ldo o começo de

;ontratual levou à ontratar o acordo, iadeiro e próprio,

as palavras de na que "a maior te: ainda que se

;t: dt: doutoramt:nto. p. 38. \t:t:lIção paru dt:signar o .ls. Em r<:alidadt:. muitos ~ buseam difert:nçar. eom ;ontrato. restringindo esta la situação patrimonial t:. qual st: rt:al iza o programa 1. "é esst:ncialrllt:ntt: modo ·st: à atuação da fontt: da lção é. antt:s dt: mais nada. estrutural da obrigação. a ução do contrato t:slà. para lleios) a lílll.

M:\RCILO TSlJNO 11I

admitisse a conversão do contrato pretendido (real) em pré­contrato (consensual), saber-se-ia que este último, desta maneira integrado nos planos da existência e eficácia dos atos, geraria, como único efeito, o de vincular as partes pré-contratantes à celebração do contrato real principal. Jamais à entrega da coisa. Ora, o círculo é vicioso,,39. No mesmo sentido, mas com outro fundamento, volta-se contra aquela solução Alcides Tomasetti Júnior: "Em realidade, esta era e continua a ser uma construção artificial, que visa conciliar o princípio da consensual idade com a tradição do direito romano. Mas, no caso, não há falar-se de

. ".lOde contratar ou de contrato pre 1111lnarpromessa I· .

Pensamos ter, ainda que sumariamente e sem a profundidade necessária, exposto os principais posicionamentos teórico­doutrinários a respeito das questões suscitadas pelo contrato real. De um lado, pesa a tradição histórica do direito romano, insculpida em diversos diplomas legislativos, entre os quais o nosso. De outro, pesa o moderno princípio da liberdade de contratar ou princípio da consensualidade. Como ficamos?

Pensamos, não obstante as normas do Código Civil brasileiro manterem-se fiéis à tradição romanística, no que se refere aos contratos reais, que deve prevalecer, ao menos de lege ferenda, o posicionamento que consagra o princípio do consensualismo. Ou, mesmo, a interpretação que harmoniza, ou traz para o seio deste princípio as normas postas a respeito do contrato real, conforme declina Pontes de Miranda: "seria difícil, certamente, manter-se o apego à reminiscência histórica e sistemática do direito romano. Não se poderia considerar inexistente ou nulo o contrato de mútuo, ou de comodato, ou de' depósito, em que não houvesse a entrega da coisa, isto é, o contrato de mútuo, de comodato, ou de depósito consensualmente concebido; não se irradiaria dele o dever de restituição, porque esse somente nasceria com a entrega da coisa. A atitude de se considerar inexistente (== não entrado no mundo jurídico) o negócio bilateral, só consensual, de mútuo, ou

39 ReI'l.ffiJ da FaCilidade de DireIto: vols. 8-t/8:,: Universidadt: dt: São Paulo: p. 90.

-tO /11 op. C/I. p. 180: nota 206

Page 18: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

112 REVISTA JURíDICA - INSTlTUIÇÀO TOLEDO DE ENSINO

de comodato, ou de depósito, iria, sem dúvida, contra os princípios hodiernos de liberdade de contrato. Bem assim, a que os reputasse nulos. Se o contrato consensual está mani festo e não há dúvida entre se tratar de contrato consensual ou de pré­contrato, nada obsta a que se considere estabelecida a relação jurídica. Entregue a coisa, os princípios relativos ao mútuo, ao comodato, ou ao depósito, contratos reais, incidem,,41.

2.6. CONTRATOS NOMINADOS E INOMINADOS

2.6.1. APONTAMENTOS HISTÓRICOS: DIREITO ROMANO

Os romanos não conheceram uma categorização, de natureza geral e abstrata, da figura do conlraclus, uma vez que o método dos jurisconsultos romanos era casuístico, voltado para casos concretos. "Nesse trabalho não procuravam exposições sistemáticas: eram avessos às abstrações dogmáticas e às especulações e exposições teóricas,,42. No período clássico, aliás, a jurisprudência era exercida por jurados, em geral leigos. "Apenas com o desenvolvimento do Concilium Imperial e seus jurisconsultos, transformado na mais alta instância judicante do Império, é que apareceu esta possibilidade de uma teoria jurídica, com o surgimento de juízes profissionais,,43 .

Não era, portanto, qualquer acordo de vontades que despontava apto a gerar uma obrigação, mas tão-somente aqueles que se adequassem a um determinado tipo contratual existente, "admitido pelo costume e consolidado segundo o Direito dos Quirites,,44.

Foi no tempo de Justiniano que se estabeleceu a categoria dos contratos inominados, nascidos das "necessidades sócio­

41 In Tratado; tomo 26; § 3170; n° 2.

42 Cf. Thomas Marky; In Curso Elementar de Direilo Romano; 3" ed.; 1987; Saraiva; p. 8.

43 Cf. Tércio Sampaio Ferraz Júnior; in Introdução ao Estudo do Direito; Técnica, Decisão.

Dominação; São Paulo; Atlas S.A ; 1988; p. 56/5744 .

Cf. Alvaro Villaça Azevedo; in Contratos Inominados ou Atípicos; p. 29.

MARCELO TSlJNO

econômicas atravé de abrandamento contratos,,46.

Inominados er alcançados pelo si "são todas as con uma das partes co contratos típicos,,4;

Dois eram, segt: inominado: (I) o prestação e uma c textos empregam n sua prestação, ou, acordo de vontade)

As múltiplas hi~

inominado se el reconhecidas pelo I eram: (I) do uI des: .lúcios. "Na prim transferência de pn seja, uma dação cor existe uma dação c transferência de pn terceira forma, exi: prestação de um fa um fazimento cont existe uma equivalê de fàto, um fazimen

45 Idem; p. 29

46 Idem; p. 29

47 Cf ./osé Carlos More

1986; p. 225. 48

Idelll. p. 226.

Page 19: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

'ÀO TOL[OO DE ENSINO

dúvida, contra os ). Bem assim, a que está manifesto e não ensual ou de pré­tabelecida a relação ativos ao mútuo, ao idem,,41.

NADOS

ROMANO

rização, de natureza la vez que o método voltado para casos

Jravam exposições ; dogmáticas e às :ríodo clássico, aliás, i, em geral leigos. ium Imperial e seus lstância judicante do : uma teoria jurídica,

tades que despontava ente aqueles que se I existente, "admitido ) dos Quirites,,44.

leceu a categoria dos lecessidades sócio­

; 3 • ed.. 1987; Saraiva; p. 8.

) do Direito: Técnica, Decisão,

'ípicos; p. 29.

MARCELO TSlJNO 113

econômicas através dos tempos,,45, que impuseram um "processo de abrandamento do rigor do antigo quadro quiritário dos contratos,,46.

Inominados eram, assim, os contratos que não fossem alcançados pelo sistema de tipicidade então existente. Ou seja, "são todas as convenções que, sendo executada a prestação de uma das partes contratantes, não se enquadram em nenhum dos

.' ".t7contratos tipiCOS .

Dois eram, segundo Moreira Alves48, os requisitos do contrato inominado: (1) o acordo de vontade (conuenlio) sobre uma prestação e uma contraprestação; (2) a causa (expressão que os textos empregam no sentido de realização, por uma das partes, de sua prestação, ou, em outras palavras, de execução unilateral do acordo de vontade).

As múltiplas hipóteses em que podia se configurar um contato inominado se enquadravam numa das quatro categorias reconhecidas pelo Direito romano, que, segundo divisão de Paulo, eram: (1) do uI des; (2) do uljàcias; (3)facio uI des e (4)facio uI .lúcios. "Na primeira figura contratual, existe uma dupla transferência de propriedade, uma equivalência de prestações, ou seja, uma dação contra uma dação; na segunda forma de contratar, existe uma dação contra um fazimento, segundo o qual ocorre a transferência de propriedade contra a prestação de um fato; na terceira forma, existe uma inversão da segunda, pois ocorre a prestação de um fato contra a transferência de uma propriedade, um fazimento contra uma dação; na quarta, como na primeira, existe uma equivalência de prestações, aqui, uma dupla prestação de fato, um fazimento contra um fazimento. Estas quatro espécies

45 Idem; p. 29

46 Idem; p. 29

47 Cf José Carlos Moreira Alves; III Direito Romano: 11; 4" ed.; Forense; Rio de Janeiro;

1986; p. 225.48

Idem. p. 226.

Page 20: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

114 REVISTA JURÍDICA - INSTITUIÇÀO TOLEOO DE ENSINO MARCELO TSUNO

regularam, entre os romanos, os contratos inominados, que não se enquadram nos tipos existentes,,49.

Os contratos inominados apresentam uma peculariedade em relação ao nominados, no atinente às ações que os sancionavam. Nos nominados, o inadimplemento da prestação por uma das partes conferia à outra o direito de forçá-la a cumpri-la, mas não o de repetir a própria prestação e resolver o contrato. Nos inominados, a parte aqimplente dispunha de uma alternativa: usar da actio praescripts uerbis, para forçar a parte contrária a cumprir a sua prestação, ou intentar uma ação para obter a repetição da prestação realizada, com fundamento no princípio condictio causa data causa non secuta.

Os principais contratos inominados eram: a permutatio, o aestimatum, a doação com encargo, a transactio, o precarium e o incipiendum dare.

2.6.2. CONCEITO

Contratos nominados, pontifica Álvaro Villaça Azeved05o, são aqueles que recebem do ordenamento jurídico uma regulamentação particular, apresentando-se com um nome, ao passo que os inominados, embora possam ter um nome, carecem de disciplina particular, estando sujeitos às normas gerais dos contratos, desde que não contrariem a lei, os bons costumes e os princípios gerais de direito.

O elemento caracterizador dos contratos inominados ou atípicos não é a falta de designação por um nome, mas a ausência de regulamentação legal específica. Assim, pode muito bem ocorrer que um contrato tenha nome mas não seja nominado, justamente por não se subsumir àfattispecie de nenhuma categoria contratual prevista no ordenamento jurídico.

49 . Cf Alvaro Villaça Azevedo; in Contratos Inominados 011 Atípicos; pp. 30/31.

50 In Contratos Inominados ou Atípicos; p. 86

Ainda segund utilizados como s para adjetivar a f segundo.

2. 6.3. OS CONTRA T<

A par dos contr um tertium genu. vivifica pela con típicos, ou atípic05

2.7. CONTRA TO~

A presente elas direito alemão, e j

causa contractus.. vez, da noção de I

coube a Bahr expô:

A pandectística latina de causa, na correlatas: a de fil fundamento (Grunl ao interesse visado O segundo refere-s patrimonial (tradií vocábulos são se Grund não é apem motivo (Beweggrur.

A par deste sen alemão, há que se f

51 C' . Jt. AntonIO unqueil p.160.

52 C' .t. FabiO Konder Co

Page 21: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

'Ao TOLEDO DE ENSINO

minados, que não se

a peculariedade em lue os sancIOnavam. ;tação por uma das :umpri-Ia, mas não o r o contrato. Nos Jma alternativa: usar ::: contrária a cumprir obter a repetição da :ípio condictio causa

m: a permutatio, o :tio, o precarium e o

Ilaça Azeved050, são

ltO jurídico uma com um nome, ao r um nome, carecem ; normas gerais dos : bons costumes e os

tos inominados ou lome, mas a ausência 1, pode muito bem não seja nominado, le nenhuma categoria

'ípicos; pp. 30/31.

MARCELO TSUNO 115

Ainda segundo Álvaro Villaça Azevedo, embora sejam utilizados como sinônimos os vocábulos inominados e atípicos, para adjetivar a figura contratual sub lumine, mais técnico é o segundo.

2.6.3. OS CONTRA TOS MISTOS

A par dos contratos típicos e atípicos, há que se referir, ainda, a um tertium genus, a uma figura contratual autônoma que se vivifica pela combinação de elementos de diversos contratos típicos, ou atípicos, ou destes e daqueles.

2.7. CONTRA TOS CA USAIS E ABSTRA TOS

A presente classificação dos contratos deve-se, sobretudo, ao direito alemão, e funda-se na existência e relevância, ou não, da causa contractus. A Savigny deve-se a formulação, pela primeira vez, da noção de negócio abstrato, sendo certo, por sua vez, que coube a Bahr expô-Ia sistematicamente5l

.

A pandectística alemã do século passado desdobrou a noção latina de causa, na acepção de fim ou objetivo, em duas noções correlatas: a de finalidade (Zweck, vertraglicher Zweck) e a de fundamento (Grund) do negócio jurídico. "A primeira diz respeito ao interesse visado pela parte ou pelas partes no negócio jurídico. O segundo refere-se mais ao título de uma transmissão de direito patrimonial (traditio, Zuwendung). Observe-se que ambos os vocábulos são semanticamente geminados, na língua alemã. Grund não é apenas fundamento ou base, mas também razão ou motivo (Beweggrund),,52.

A par deste sentido de causa contractus, cunhada pelo direito alemão, há que se fazer referência também à causa pressuposta, ou

51 Cf. Antonio Junqueira de Azevedo; in Negócio Jurídico. Existência. Validade e Eficácia;

p. 160. 52

Cf. Fabio Konder Comparato; in Revista de Direito Mercantil; vol. 43; p. 82.

Page 22: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

;

'

116 REVISTA JURÍDICA -INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO

seja, aos fatos anteriores que justificam o contrato. A causa pressuposta, lembra Antônio Junqueira de Azeved053, não é o fato jurídico que dá origem à obrigação (causa ejJiciens): ela é causa mesma do próprio contrato. A causa, neste sentido, seria o porquê do contrato, e é dita pressuposta uma vez que é logicamente anterior a ele.

Temos, assim, que a causa contractus subdivide-se em causa final (ut aliquid sequatur) e causa pressuposta (causa praeterita).

Com estes breves esclarecimentos, pensamos, sem mais delongas, poder definir os negócios abstratos e os causais. Os primeiros são aqueles cujos efeitos jurídicos se produzem independentemente de causa, a despeito de a possuírem. Ela, entretanto, é juridicamente irrelevante para a sua validade ou eficácia. Portanto, negócios abstratos são aqueles cujo elemento categorial inderrogável é formal, de modo que a sua falta os tomam inexistentes. Negócio causal, por sua vez, é aquele cujo elemento categorial inderrogável é objetivo, podendo consistir "ou em uma referência a fatos anteriores, que justificam o negócio, ou em uma referência a fatos futuros, que são fins a atingir pelo negócio,,54.

2.8. CONTRATOS DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E CONTRATOS DE DIREITO DAS COISAS

A presente classificação, sobre a qual gira o núcleo do presente estudo, e justamente por essa razão, será aqui, em uma primeira aproximação, abordada de maneira sucinta e superficial.

Mediante o contrato, afirma Pontes de Miranda55, um dos

figurantes, pelo menos, se vincula a cumprir determinada prestação, de modo que não é necessário que desde logo se altere a distribuição de bens. Se algo saiu da esfera de A para a esfera

53 Cf. in op. cit.; p, 167; nota 217,

54 . .Cf. AntôniO Junquelra de Azevedo; in op, cit.; p, 167,

55 In Tratado; tomo XXXVI1I; p, 38.

!\J.\RCII.O ISl!NO

jurídica de B. con i\ assumido a dív O contrato. conse direito das obrig: trasladação de UI

outro, Exsurge. obrigações. em r somente. no camp

Diferentemente /'ertrog. cxpressãl 31:2 s,). que Ponte no campo do dir transferência de III

melhor explicitanc composto de pod reais. Daí afirmar quanto l"effctto si deI contratto. non sua sorte non dil quest 'ul timo:'7,

Lacerda de Aln alemã dinglicher acentm que não é I

sua aplicação mai: extinguir obrigaç. Obrigações; cuida­transferir coisas portanto. do Direitl

São contratos ( anticrese e hipotec

:i6 Idelll

'i7 . Cf l'rallcL',co !\kss

':JltorL'. 197". r 66 -;g . F P l.acnJa J~ ;\1111

I: ~ 23: p. 163

Page 23: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

'\0 TOLEDO DE ENSINO

contrato. A causa :ved053

, não é o fato ficiens): ela é causa ltido, seria o porquê que é logicamente

,divide-se em causa (causa praelerila).

lsamos, sem maiS )S e os causais. Os licos se produzem ~ a possuírem. Ela, a sua validade ou

ueles cujo elemento que a sua falta os

I vez, é aquele cujo odendo consistir "ou ificam o negócio, ou

fins a atingir pelo

rGAçÕESE AS

o núcleo do presente li, em uma primeira uperficial.

Miranda55, um dos

llmprir determinada lesde logo se altere a de A para a esfera

i\1.\RCIIO TSlINO 117

jurídica de B. continua Pontes56• foi o ter-se A vinculado a B. o ter

A assumido a dívida e a obrigação. ou. por enquanto. só a dívida. O contrato. conseqüentemente. atua eminentemente no campo do direito das obrigações. não sendo apto a. por si só. efetuar a trasladação de um direito de propriedade de um patrimônio a outro. Exsurge. assim. a noção de contrato de direito das obrigações. em razão de seus efeitos se fazerem sentir. tão­somente. no campo puramente obrigacional.

Diferentemente. o conlrolo de direito das coisas (dinglichcr IOcrlrog. expressão cunhada por F. von Savigny em System. m, 312 s.). que Pontes de Miranda denominou negócio júri-real. atua no campo do direito das coisas. tendo a aptidão de efetuar a transferência de um direito real de um para outro patrimônio. São. melhor explicitando. negócios jurídicos cujo conteúdo eficacial é composto de poderes formativos (Gcslaltzmgsrecht) de direitos reais. Daí afirmar Messineo que "il contratto ad effetto reale. in quanto l"cffetto si verifica (... ) contestualmente col perfezionarsi dei contratto. non abbisogna del"ulteriore attività dei debitore e la sua sorte non dipende dalla volontà e dai comportamento di quest·ultimo"7.

Lacerda de Almeida. a quem se deve a tradução da expressão alemã dinglicher I'erlrog por conlralo de direito das coisas, acentua que não é ele um contrato destinado. como os contratos na sua aplicação mais comezinha e ordinária. a criar. modificar ou extinguir obrigações. na parte constitutiva do Direito das Obrigações; cuida-se. diferentemente. de um contrato destinado a transferir coisas ou direitos referentes às coisas; da esfera, portanto. do Direito das Coisas:ix.

São contratos de direito das coisas os contratos de penhor, anticrese e hipoteca. Outrossim. o contrato de alienação fiduciária

56 'i/<:/I/

"7 Cf hanceseo i\1csslne,'. 1/ ('ol1/rul/o <:11 (j<!l1t'1'c. tomo secondo. Milano. Dol!. A GiufTré

Idll<lrc 1972. r 66 5X

I' I' Lacerda de Almeida: /li Dir<!l/o i/us ('osus . .1 Rloeiro dos Santos - Livreiro editor: vaI. L~23:p.163.

Page 24: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

,

REVISTA JURíDICA - INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO 118

em garantia que, ao contrário do que sucede com aqueles, "não visa à constituição de direitos reais limitados, mas à transferência do direito de propriedade limitado pelo escopo de garantia,,59.

3. O CONTRA TO NO DIREITO ROMANO

Na dogmática do direito romano, a figura do contrato constituía, tão-somente, a causa efficiens (causa ohligalionis) de posições jurídicas subjetivas obrigacionais, ius ad rem, e não ius in re, os quais se constituíam por modos especiais. Significativa, para ilustrar esta afirmação, é a frase exarada em C. 2, 3, 20 Diocletian (ano de 293): Tradilionihus el usucapionibus dominia rerum, non nudis pactus transferunlur.

O contractus era fonte ou causa geradora da obrigação laIa sensu, cujo sentido e alcance exsurge das Institutas (Livro m, tit. 13): Obligatio est iuris uinculum quo necessilale ads'lringimur alicuius soluendae rei secundum noslme ciuilatis Íura. Destinava­se ele, assim, ad constituendum obligalionem, cuja substância non in eo consistil ut aliquod corpus noslrum aul seruilulem noslram facial: sed UI aliam nobis ohslringal ad dandum aliquid, uel faciendum uel praeslandum (não consiste nisso, de maneira a fazer nosso algum corpo ou nossa a servidão; porém, está em

. . d I c: )60sUjeitar outrem a nos ar a go, a lazer ou a prestar .

"lI contratto e sempre e soltanto fonte di obbligazione, obbliga cioe I' uno o I' altro o entrambi i contraenti a dare o fare o non fare alcunche in confronto dell'altro, e, come il mutuatario contrae I'obbligo di restituire alia scadenza la somma mutuatagli, cosi il venditore e il compratore contraggono I'obbligo di trasmettersi reciprocamente il diritto sulla merce e la proprietà delle monete".61

<;9• Cf. J. C. Moreira Alves; Da Alienação Fiduciária em Garantia; 2" ed: Forense: 1979; p.

39. 60

Tradução nossa. 61

Cf. Arangio Ruiz: Istitu=ioni di Dirillo Romano. seeonda edizione riveduta: Napoli. Nicola Juvene & C. Editor. 1927.

MARCEl.O TSUNO

o contrato, el obrigacional: da, coisa (ius ad hab da propriedade.

Para que ocon seja, a passagem, esfera jurídica d jurídica do credo. um dos três ne constituíam os n J•ordinamento di( proprietà. o a trasl

Pode-se afirmé Moreira Alves63

, (

o contrato era o li, ao passo que a m, modus de aqui: compratore possa sia adempiuto; il giuridico apposito,

Modernamente, originários e deri modos de aquisil existência de prévi: e o pretérito titulal seguinte passagem sed ila, si uendilÍl quam Imdilio seq

62 Idem.

63 In Direito ROl/lano;

64. . .Cf. Aranglo RUlz. in

65 /n D. -1/. I. 3/ pr. Pl

Page 25: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

l

lO 10l.EDO DE ENSINO

com aqueles, "não mas à transferência de garantia,,59.

4NO

igura do contrato Isa obligalionis) de s ad rem. e não ius :ciais. Significativa, da em C. 2, 3, 20 capionibus dominia

da obrigação lalo itutas (Livro m, tit. 'si/ale adslringimur llis iura. Destinava­cuja substância non seruilulem noslram andum aliquid. uel isso, de maneira a io; porém, está em ;tar)60.

Jbligazione, obbliga Ire o fare o non fare mutuatario contrae

1 mutuatagli, cosi il lligo di trasmettersi letà delle monete".61

~tia; 2" ed .. Forcnse; \979; p.

zionc rivcduta; Napoli. Nicola

MARCEl.O TSUNO 119

o contrato, em si, no direito romano, tinha efeito meramente obrigacional: dava ao credor o direito a haver a propriedade da coisa (ius ad habendam rem), não acarretando a aquisição mesma da propriedade.

Para que ocorresse o que tecnicamente se chama alienação, ou seja, a passagem do direito de propriedade do setor patrimonial da esfera jurídica do devedor para o setor patrimonial da esfera jurídica do credor, era mister que as mesmas partes celebrassem um dos três negócios translativos da propriedade, os quais constituíam os modos de aquisição, "quei fatti giuridice che l"ordinamento dichiara idonei a creare nei singoli un diritto di proprietà. o a trasmetterlo da uno ad altro soggetto,,62 .

Pode-se afirmar, portanto, seguindo a esteira de José Carlos Moreira Alves63 , que, empregando a terminologia dos glosadores, o contrato era o lilulus para a aquisição do direito de propriedade, ao passo que a mancipalio, a in iure cessio ou a Iradilio eram o modus de aquisição dela. Conseqüentemente, "perche il compratore possa dirsi proprietario, occorre che l' obbligo suddeto sia adempiuto; il che mon si puo fare se non mediante un atto giuridico apposito, che si compie in un secondo momento,,64.

Modernamente, classificam-se os modos de aquisição em originários e derivados. De perto, interessa-nos o exame dos modos de aquisição a título derivado, os quais supõem a existência de prévia relação jurídica, constituída entre o adquirente e o pretérito titular. Este é, precisamente, o sentido infundido na seguinte passagem: Nunquam nuda Iradilio Iramferl dominium, sed ila, si uendilio aul aliqua iusla causa praecesseri/, propter quam Iradilio sequerelur65 (Nunca a nua tradição transfere o

62 Idem.

63 In Direito Romano; vol. \; 6" ed., Forense. Rio de Janeiro. 1987.

64 Cf. Arangio Ruiz. in op. cito

65 In D. -1/. I. 31 pro Palll.

Page 26: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

REVISTA JURiDIl'A - INSIIIlJl('i\O IOI.EDO DF FNSINO \f:\Rl'II.O ISlll\O120

domínio, mas sim se a venda ou outra justa causa tiver precedido, d' - h 'd (,(,por causa da quaI a tra Iça0 se ten a segUI o ).

No direito clássico, os modos de aquisição da propriedade a título derivado eram, conforme já antecipamos, três: a mancipatio, a in iure cessio e a traditio.

Mancipat io propria .\jJecies aIienationis est rerum manicipi: eaquefit certis verhis. Iihripende et qllinqlle testihlls praesentihlls. Moncipatio locum hahet inter chies Romanos et Latinos colon;orios. Latinosque ]unianos eosqlle pereKrinos. qllihus commercium datum est. Res mohiles non nisi presentes mancipari posslInt. et non plllres simil quom quot manu copi posslInt: immohiles autem etiam plures et quoe diuersis locis sunt, mancipari possunt (A nwncipatio é a espécie própria de alienação das res mancipi: e ela é feita por palavras certas, por um porta­balança e por cinco testemunhas. A l17ancipatio tem lugar entre cidadãos Romanos e Latinos colonos. Também entre os latinos Junianos e esses peregrinos aos quais foi dado o direito de comerciar. Coisas móveis não podem ser alienadas senão entre presentes e não em maior quantidade do que podem ser apanhadas pelas mãos ao mesmo tempo. Imóveis, porém, até em maiores quantidades, e aquelas coisas que se encontram em locais diversos podem ser alienadas pela mancipati(67

).

Do trecho transcrito, tira-se que a mancipatio era um modo derivado de adquirir a propriedade, ex iure Quiritium, das res mancipi. Tratava-se de um negócio jurídico solene, iuris ci/lilis.

f'"La struttura della mancipazione rivela un carattere abbastanza primitivo; e una vendita simbolica alia presenza di cinque testimoni, il primo dei quali dicesi antestatus, e di un altro I'

r;cittadino che tiene una bilancia (libripens). L'acquirente, recando in mano un pezzo di bronzo, dichiara che la coisa e sua e ch'egli'há comprata com quel bronzo e quella bilancia: indi batte

66 ..I radução nossa.

67 Tradução nossa

col bronzo la b ..(,x

prezzo

O adquirente seguinte, confom QlIirilium meum uCl1eaqlle lihra ( escravo que a mil bronze). O ma, "comincia coll an fumc ego homineJ afJ~rmando che I' bilancia, \'aggiur empt/ls est hoc aftermazioni: da acquistata, dall'al )'acquisto, cioe la ben constituito··(,9.

O teor da fórml a forma pela qual contado.

No direito clá~

J J9), a mancipati( um negócio abstn título (assim, por

\cnda. ou de um, 11111111170 fl110. isto é lIlal1cipi, quanto I

70 pessoas

A f1/al1cipatio c da supressão da ( tendo sido substitl

6X l'r "Icrro !lon f~mfc

69 11/ leona delia Pro,

70 Cf Morclra Alves:

Page 27: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

;;"0 TOLEDO DI: ENSINO \l:\I{CTIO TSIINO 121

lusa tiver precedido, ).

io da propriedade a i, três: a mancipa/io,

~s/ rerum manieipi: 's/ihus praesen/ihus. manos e/ La/inos perer,rinos, quihus wesen/es mancipari 1anu eapi possun/: iiuersis toeis sun/. própria de alienação ~rtas, por um porta­'l/ia tem lugar entre ém entre os latinos dado o direito de

ienadas senão entre lodem ser apanhadas ~m, até em maiores TI em locais diversos

palio era um modo Quiri/ium, das res

,Iene, iuris ciui/is.

carattere abbastanza presenza di cinque atus, e di un altro 'acquirente. recando e la coisa e sua e a biJancia: indi batte

col bronzo la bilancia, e lo porge aWalienante quasl come ..6X prezzo .

O adquirente pronunciava uma fórmula, cUJO teor era o seguinte, conforme Gaio L 119: Hum: ego hominem ex iure Quiri/ium meum esse aio isque lI1ihi emp/us es/o hoc aere ({el1eaque /ihra (Pelo direito quiritário eu digo ser meu este escravo que a mim foi vendido por este bronze e esta balança de bronze). O //wncipio accipiens, explica Vittorio Scialoja, "comincia coll atfermare la sua proprietà in base ai diritto civile: hum: ego hominem ex iure Quiri/iull1 meum esse aio: e continua aftcrmando che l'ha acquistato com questo bronzo e com questa hilancia, v'aggiunge cioc la causa dei suo acquisto: isqlle mihi ell1p/us es/ hoc ({ere aenealjue /ihra. Abbiamo dunque due affermazioni: da una parte l' affermazione della proprietà acquistata. daWaltra l'affermazione della causa che giustifica l'acquisto, cioe la dazione d'un corrispettivo per cui ogni diritto e ben constituito..69.

O teor da fórmula indica que, primitivamente, a mancipa/io era a forma pela qual os romanos realizavam a compra e venda de contado.

No direito clássico, no entanto, como acentua Gaio (Inst. L 119), a mancipa/io tornou-se uma imm({ginaria uendi/io. ou seja, um negócio abstrato, que tanto servia para transferir. a qualquer título (assim. por exemplo, em decorrência de uma compra e venda, ou de uma doação, caso em que a nwncipo/io era feita I1Ull1mO uno. isto é, por preço irrisório), a propriedade de uma res lI1oncipi, quanto para transferir outros poderes sobre coisas ou

70 pessoas .

A moncipa/io caiu em desuso no direito Justinianeu, em razão da supressão da distinção entre res moncipi e res nec lI1ancipi, tendo sido substituída pela /radi/ io.

68

I Cf Pictro Bonfante; in Dlrillo Romano. Firenze. 1900.

69 11/ I"eona della Propnelà nel Dlr/llo Romano: vol. 11: I\nonllna Romana Editorialc: p. 142.

70 Cf Moreira I\lves: in op. eil

1

Page 28: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

• ,

I 122 REVISTA JURíDICA - INSTITlJl(:ÀO rOLEDO DE ENSINO MARCELO TSlJNO

In iure cessio quoque communis alienalio esl el mancipi rerum el nec mancipi, quae fil per Ires personas, in iure cedenlis, uindicanlis, addicenlis. In iure cedit dominus: uindical is cui cedilur: addicil praelor. In iure cedi res eliam incorpora/es possunl, ue/uI uSl{lruclus el heredilas el IUle/a /egilimae liherlae "(1n iure cessio é também alienação comum não só das coisas mancipi, mas também das nec mancipi, a qual é feita por três pessoas, o que cede um direito, o que vindica, o que exprime aprovação. Cede em direito o proprietário; aquele a quem é cedido vindica; o pretor exprime aprovação. Até as coisas incorpóreas podem ser cedidas em direito, do mesmo modo o usufruto, a herança e a tutela da liberta legítima7l

).

Constituía, pois, a in iure cessio, modo derivado de adquirir a propriedade, ex iure Quiritium, não só das res mancipi, como também das nec mancipi, tendo sido a única forma de transferência de coisas incorpóreas (iura), para as quais não era possível a mancipalio.

Segundo Gaio (Inst. 2, 24), secundado por Ulpiano (Liher singu/aris regu/arum, XIX, 9 e 10), a in iure cessio consistia num processo fictício (fis immaginaria) de reivindicação: In iure cessio aulem hoc modo fil: apud magislralum populi Romani, ue/uli praelorem (ue/ apud praesidem prouinciae), is cui res in iure cedilur rem lenens ila dicil: Hunc ego hominem ex iure Quirilium meum esse aio; deinde poslquam hic uindicaueril, praelor inlerrogal eum qui cedit, an contra uindicel: quo neganl aul lacenle lunc ei qui uindicaverit eam rem addicil: idque /egis aclio uocalur. Hoc fieri polesl eliam in prouinciis apud praesides earum (A in iure cessio faz-se assim: aquele a quem a coisa é cedida perante o magistrado (in iure) , tomando-a, diz perante o magistrado do povo romano, como o pretor, o seguinte: Eu digo que este escravo é meu pelo direito dos Quirites; em seguida, depois de ter vindicado a coisa, o pretor interroga o cedente, perguntando-lhe se não contra-vindica; diante da negativa ou do silêncio deste, o pretor adjudica ao vindicante a coisa; o que se

71 Tradução nossa.

chama ação da lei perante seus presid<

Por demandar a cessio em desuso, ( Justinianeu vigor( transferência não-f(

Finalmente, a Ir, modo de adquirir corporaL mediante Ir{(dere rem, que eq esta expresión fué l

para significar tran posses.\·lO.•,7-l

Na época clássic transmitir aproprie pós-clássica (Direil IIwncipalio e a in iu no modo exclusivo

Quanto ao eleme de posse, passou elt atos simbólicos (Ira la trasmissione de dissimulati e quasi della proprietà per n sono i casi delia tra deI costituto posse~

della lradilio ficla,,7

72 Tradução de Alexandl

73 Cf Alexandre Corr

correspondência COIIi os arll..~ 7-l

Cf Frilz Sehulz: il1 335.

7<, - Cf I'ielro Bonfante: h

Page 29: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

o TOLEDO DE ENSINO

,I el mancipi rerum in iure cedenl is,

rs; uindical is cui ?Iiam incorporale.\"

IUlela legilimae :omum não só das , a qual é feita por lica, o que exprime :le a quem é cedido coisas incorpóreas lodo o usufruto. a

ivado de adquirir a res mancipi, como

única forma de 'a as quais não era

lor Ulpiano (Liber essia consistia num ação: In iure cessia luli Ramani, ueluli is cui res in iure

11 ex iure Quirilium 1dicaueril, praelor 'I; quo neganl aul il; idque legis aclia lis apud praesides ~ a quem a coisa é do-a, diz perante o ) seguinte: Eu digo tirites; em seguida, lterroga o cedente, da negativa ou do

e a coisa; o que se

MARCELO TSlJNO 123

chama ação da lei. Isto se pode fazer também nas províncias, perante seus presl 'dentes72)"

Por demandar a presença de um magistrado, logo caiu a in iure cessio em desuso, desaparecendo antes da mancipalio. No direito Justinianeu vigorou como simples cessio, no sentido de transferência não-formal da propriedade73

Finalmente, a lradilio pode ser definida, a princípio, enquanto modo de adquirir a propriedade, como entrega de uma coisa corporal, mediante a transmissão de sua posse. Tradilia vem de lradere rem, que equivale a transmitir a posse de uma coisa, "pero esta expresión fué usada también en una acepción más restringida, para significar transmisión de propriedad por transmisión de la

. ,,7-lposses.\·lO

Na época clássica, a Iradilio constituía um modo apropriado de transmitir a propriedade quiritária das res nec mancipi. Na época pós-clássica (Direito Justinianeu), em havendo desaparecido a lI1ancipalio e a in iure cessio, a tradição converteu-se naturalmente no modo exclusivo de tansmitir a propriedade inler /fiuos,

Quanto ao elemento material da lradilio, consistente na tomada de posse, passou ele por modificações, vindo a ser substituído por atos simbólicos (tradilio fiela). "Nel diritto classico e giustinianeo la trasmissione deI possesso si puo compiere in modi cosi dissimulati e quasi spirituali, che a dichiarare il transferimento della proprietà per mutuo consenso non v'e piu che un passo. Tali sono i casi della tradizione simbolica, longa manu, breui manu e deI costituto possessorio: tutti riassunti nella categoria generale della lradilio ficla,,75.

T2 Tradução de Alexandre Correia c G. Seiaseia.

73 Cf Alexandre Correia e Gaetano Seiaseia: ,llal/l/al dI' /),rl'l/o Romano I' /I'x/os em

corrl'spol/dêl/cla COII/ os artigos do Código C/I'" hrasilelro: 2" ed. \'011: Saraiva: 1953: p. 179.

7-l Cf. Fritz Sehulz: 111 ''/Jerl'c!1O Romal/o C1áslco": Boseh. Casa Editorial - Barcelona: p.

335.

75 Cf. Pietro Bonfante: il/ op. cil p. 274.

Page 30: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

I

J1.j REVISTA .Il1RinIC ..\ - INSTITllI<,'Ao TOLln() nl ENSII\() MARCELO TSUNO

A /radi/io simho/ico consistia na "'consegna delle chiavi di un magazzino a scopo di tradizione delle merci che vi si trovano..76

.

A tradi/ io longo !1WIlU dava-se através da "'indicazione di un fondo dall'alto di una torre o di un colle onde si possa dominarlo. come sostitutivo della consegna del rondo medesimo··77

. A hreui mW7lI

ocorria pela "'trasformazione dello stato d'animo dellc parti ri guardo alia cosa. nel senso che chi prima la de teneva in nome di altri (ad. es. e titolo di usufrutto o di affitto) cominci da ora. consenziente la controparte. a possederla come propria..7X

, E. finalmente. o CO/1S/i/ll/lll1l possessorilll11 era a "trasformazione dello stato d'animo delle parti in senso inverso. cioe nel senso che chi prima possedeva la cosa in nome proprio la voglia trasferita ad altri. ma tuttavia continui a deternerla in luogo del\"acquirente. come llsufrllttuario od affittuario..79

,

Cumpre. entretanto. ter presente que este processo histórico de espiritualização da traditio não se constituiu num processo de absorção dela ao contrato. mas. como afirma Gorla. "un processo aI fine di creare un sostituto della traditio stessa. che nc occupasse

. I .. XOIo stesso posto nspetto a contratto .

4 - DIREITO ALEMÃO

o atual direito alemão é fruto da elaboração realizada pela última fase da pandectística, na qual ressalta o conceito de negócio jurídico de direito das coisas. ou. no original. dinglicher Vertrag

O campo do direito das obrigações encontra-se rigidamente separado do campo do direito das coisas. de modo que. ao negócio obrigacional contrapõe-se frontalmente um negócio de direito das

76 CI' VlnCCIl/<J i\rangio RUlz; 111 /SII!JCIOIII d, /)11"/110 !lOJJJ(/IIIJ

77 Idem

n Idem

79 Idem

Xli /n la COll1pra\'C'll!lIa e /u !)CrJlllllt.J. r 6

coisas, a Einigung do direito real.

Declara o § 87 propriedade imot transferência, é ne lugar à inscrição que precipita o efe

§ 873 "Para a tran: para a onera como para direito, é nec da outra pal inscrição (I Imobiliário, coisa".

A abstratividadl refere ao próprio relação jurídica obr

Afora o negócio do sistema germân jurídicos para a o propriedade, que se e com a tradução, nl

Conforme ponti1 ato, unitário según exatamente, en tre~

compraventa se reciprocamente, unI cosa; el outro, aI p efetua en cumplim segundo contrato, d vendedor sobre su I efetue em metalic monetarios, tiene 11

Page 31: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

\0 TOLlDO DI ENSINO

a delle chiavi di un . , ,,76

: e v\ s\ trovano cazione di un fondo sa dominarlo. come

h .

0 ..77 , A hreui n1011U

'animo delle parti jeteneva in nome di .0) cominei da ora. orne propria"n. E.

a "trasformazione ). cioe nel senso che a voglia trasferita ad ogo deJracquirente.

lrocesso histórico de u num processo de Gorla. "un processo sa. che nc occupasse

"ação realizada pela conceito de negócio

linglicher Verlrag

mtra-se rigidamente lOdo que, ao negócio ~gócio de direito das

MARCELO T5UNO 125

coisas, a Einigung, que é um acordo abstrato voltado à trasladação do direito real.

Declara o § 873 do BGB que, para a transmissão do direito de propriedade imobiliária, a constituição de gravames e a sua transferência, é necessário o acordo abstrato das partes, o qual dá lugar à inscrição (Eintragung) no Registro Predial (Grundbuch), que precipita o efeito real:

§ 873 (Aquisição por consentimento e inscrição) "Para a transmissão da propriedade sobre um prédio, para a oneração de um prédio com um direito, assim como para a transmissão ou oneração de um tal direito, é necessário o acordo (Einigung) do titular e da outra parte sobre a ocorrência da novação e a inscrição (Eintragung) da novação no Livro Imobiliário, sempre que a lei não prescrever outra coisa".

A abstratividade do acordo (Einigung) significa que ele se refere ao próprio direito real e é totalmente independente de relação jurídica obrigacional porventura existente.

Afora o negócio jurídico de direito das coisas, a complexidade do sistema germânico requisita a existência de mais 2 negócios jurídicos para a ocorrência da transmissão do direito real de propriedade, que se ultima com o registro, no caso de bem imóvel, e com a tradução, no caso de bem móvel.

Conforme pontifica Karl Larenz, "EI Codigo Civil divide este ato, unitário según el criterio de la vida real, en dos, o más exatamente, en tres negocios juridicos: mediante el contrato de compraventa se obligan primeramente los contratantes reciprocamente, uno de eIlos a la entrega y la transferencia de la cosa; eI outro, aI pago deI precio. La transferencia de la cosa se efetua en cumplimiento de la obligación contraída mediante un segundo contrato, de carater real, que contiene la disposición deI vendedor sobre su propriedad. El pago deI precio, en tanto que se efetue em metalico, esto es, por la transferencia de signos monetarios, tiene lugar igualmente por la entrega de éstos y un

Page 32: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

REVISTA JURíDICA -INSTITUIÇ'AoTOLEOO DE ENSINO126

contrato real. Es notorio que estos tres atos se hallan unidos según su sentido intrinseco: solo quando los tres han sido realizados queda liquidado el negocio tal como las partes lo concibieron, y conseguido el resultado económico por ellas pretendido,,8J.

Na sistemática do Código Civil alemão, no tocante à transmissão do direito real de propriedade, portanto, há uma tripartição, nítida e perfeitamente distinguível, entre negócio jurídico s/ricto sensu de direito das obrigações, cujo conteúdo eficacial é composto de um dever, ou obrigação, de transmitir o domínio, o negócio jurídico s/ricto sensu de direito das coisas (a EiniKung, acordo de vontade para que se cumpra essa obrigação mediante a tradição ou a transcrição) e modo de aquisição (a tradição ou a transcrição).

É certo, porém, lembra Moreira Alves, que os autores alemães discutem sobre se o acordo de transmissão (Einigung) e a transcrição (Eintragung) constituem juntos o contrato de direito das coisas (dinglicher Vertrag), ou se apenas o acordo de transmissão (Einigung) representa esse contrat082 , Martin Wolffl3 perfilha a primeira destas posições, afirmando que o acordo constitui apenas um dos elementos do contrato, sendo que o ato estatal de inscrição "se halla dentro y no fuera dei contrato", Para este autor, o acordo de vontades e a inscrição constituiriam elementos incindíveis e imprescindíveis do suporte fático nuclear de um mesmo "negocio juridico de disposición contractual, real y abstracto".

Como já se adiantou, o dinglicher Vertrag guarda um caráter abstrato, no sentido de não receber influxos do negócio jurídico de direito das obrigações, nem também emiti-los em relação a este. Ao discorrer sobre o ponto, afirma Larenz que "El Codigo Civil há llegado tan lejos en esta división que, en principio, hace que non dependa la validez de los negocios reales de cumplimiento de

81 In Derecho Civil, Parte General.

82 In Da Alienação Fiduciária em Garantia; 2" ed.; Forense; 1979; p. 39; nota 4

83 In Tratado de Derecho Civil; vol. 111; § 38; n° 2.

MARCELO TSUNO

la validez dei m sirven aquéllos. E cualquier motivo realizada según la: La separación entr aquél se basa, r separación entre la lo que se denc constituye una pec seguida sólo por e~

Quanto aos ben como suso expost mesmos bens re dispositivo, segui( compra e venda.

A respeito da E venda de bem m transferência da prc o proprietário a en acordo em que a p preceito que "estaJ acordo sobre a trasl

Do quanto se d derivada de direitos fixação de principie

I. o contrato di negócio dispositil exclusivamente. Nl compra e venda, transmissão da pos~

eficácia meramente credor da transferên

84 In op. cito

Page 33: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

o TOLEOO DE ENSINO

lallan unidos según lan sido realizados s lo concibieron, y

d'd ,,81~ten 1 o .

io, no tocante à portanto, há uma

vel, entre negócio 5es, cujo conteúdo ;ão, de transmitir o lireito das coisas (a lpra essa obrigação do de aquisição (a

os autores alemães io (Einigung) e a contrato de direito

enas o acordo de t0

82. Martin Wolffl3

ndo que o acordo to, sendo que o ato I deI contrato". Para ~rição constituiriam lporte fático nuclear n contractual, real y

~ guarda um caráter I negócio jurídico de s em relação a este. lle "El Codigo Civil principio, hace que de cumplimiento de

179; p. 39; nota 4

MARCELO T511NO 127

la validez deI negocio basico obligacional a cuya realización sirven aquéllos. Ello significa que, incluso cuando es nulo por cualquier motivo el contrato de compraventa, la transferencia realizada según las normas deI Derecho de cosas puede ser valida. La separación entre el negocio real y el negocio obligatorio en que aquél se basa, realizada, por tanto, rigurosamente - asi, la separación entre la transferencia y el contrato de compraventa - es lo que se denomina caracter abstrato deI negocio real, y constituye una peculiaridad deI Codigo Civil alemán que ha sido seguida sólo por escasos ordenamientos juridicos,,84.

Quanto aos bens móveis, a alienação (em seu sentido técnico, como suso exposto) do direito real que tenha por objeto estes mesmos bens realiza-se também por um negócio jurídico dispositivo, seguido da tradição aos quais é, ainda, estranha a compra e venda.

A respeito da Einigung. posterior a um contrato de compra e venda de bem móvel, assim reza o § 929 do BGB: "Para transferência da propriedade de uma coisa móvel é necessário que o proprietário a entregue ao adquirente e que ambos estejam de acordo em que a propriedade deva ser transferida". Acrescenta o preceito que "estando o adquirente na posse da coisa, basta o acordo sobre a trasladação da propriedade".

Do quanto se disse, quanto ao sistema alemão de aquisição derivada de direitos reais, pode-se, a título de resumo, e à guisa de fixação de princípios, afirmar que:

1. o contrato de compra e venda é totalmente estranho ao negócio dispositivo, situando-se no campo obrigacional, exclusivamente. Na sistemática alemã, portanto, o contrato de compra e venda, não dispensando negócios posteriores de transmissão da posse e de transmissão do domínio, mercê de sua eficácia meramente obrigacional, torna o adquirente um mero credor da transferência da titularidade do direito real sobre a coisa,

84 In op. cit.

Page 34: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

REVISTA JURíDICA -INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO128

"com todas as contingências próprias do caráter relativo dos direitos de crédito,,8S;

2. tanto em relação aos bens móveis quanto aos bens imóveis, faz-se imperioso o acordo de vontades a respeito da transmissão da posse e do domínio;

3. o sistema de aquisição derivada de direitos reais, no direito alemão, é complexo, integrando-se, além do contrato de compra e venda, no caso de bens imóveis, pelo negócio jurídico de direito das coisas (dinglicher Vertrag. que apenas prepara a transferência da propriedade, mas não a realiza), pela Az{flassung (comunicação do acordo de transmissão da propriedade e da posse ao funcionário do Registro, feita na presença de ambas as partes, cf. BGB, §§ 873 e 925) e pela subseqüente inscrição (Eintragung) do negócio de direito das coisas no Registro Imobiliário (Grandbuch); no caso ~e bens móveis, ainda por esse mesmo negócio e pela tradição;

4. em sistema de separação absoluta, como o germânico, o dinglicher Vertrag tem vida própria e, em conseqüência, exige declaração de vontade diversa daquela que constituiu o suporte fático do negócio jurídico obrigacional;

5. não se confunde Realvertrage (negócio jurídico stricto sensu real) e dingliche Vertrüge (negócio jurídico stricto sensu de direito das coisas), como já tivemos ensejo de verificar.

5 - DIREITO FRANCÊS

Dispõe o art. 1.583 do Código Civil Francês que "Será perfecta entre las partes y la propriedad quedará adquirida de derecho por el comprador, respecto dei vendedor, desde el momento en que se convenga en la cosa y el precio, aunque la primera no se haya entregado ni pagado el segundo".

85 Cf. Antunes Varela: Das Obrigações em Geral: vol. I: I.lvraria Almcidina: Coimbra.

MARlTI.() TSUNO

Este artigo retl( vontade, que surgil século XVI, tornan( com a Escola do [ primado, a sua autol

Deve-se, sobretu das novas idéias, e indivíduo e na sobe no seu Iivro De oji defendeu a idéia de direito. "A intluênci: os .i uristas substitui

. X7 ohrtgo-me .

Espcci ficamente atirmavam os jusna tradiçào nào era ne< para a qual bastaria ( certos casos (assim próprios juristas ­

.i usnatural istas, POrt, matérieI. est necessa fait, la propriété, qui bien passer d'une convention"XX.

Vê-sc, assim, que num contexto contn transferir aproprie, constitutivo de oblig considerada expresió una vida juridica pr cxccpción de POTH

XIl Cf .I"llIl Gilisscn. 111

I.lsb"a: p 737 X7

fdc!m: r 73x xx

Cf Morcira Alvcs: ill OI

Page 35: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

;"0 TOLEDO DE ENSINO

;aráter relativo dos

~o aos bens imóveis, Jeito da transmissão

:itos reais, no direito ;ontrato de compra e 10 jurídico de direito 'epara a transferência '1ssung (comunicação je e da posse ao : ambas as partes, cf. 'ição (Eintragung) do tegistro Imobiliário 1da por esse mesmo

orno o germânico, o conseqüência, exige constituiu o suporte

jurídico stricto sensu ico stricto sensu de e verificar.

cês que "Será perfecta luirida de derecho por el momento en que se a primera no se haya

'raria Almcidina; Coimbra.

MARCEl.O lSUNO 129

Este artigo reflete o momento culminante da autonomia da vontade, que surgiu com o Humanismo e com a Reforma, no século XVI, tornando-se corpo doutrinai a partir do século XVII, com a Escola do Direito Natural86

, quando obteve, então, o seu primado, a sua autoridade.

Deve-se, sobretudo, a Grócio e Pufendorf o desenvolvimento das novas idéias, erigidas em uma nova teoria centralizada no indivíduo e na soberania da vontade. O jurista alemão Pufendorf, no seu livro De l?tlicio hominis et civis juxta legem naturalem, defendeu a idéia de que o Homem é a origem da autoridade e do direito. "A influência de Descartes é grande; ao penso, logo existo, os juristas substituirão quero, logo tenho direitos; quero, logo

. 87 ohngo-me .

Especificamente no campo da transferência de direitos, afirmavam os jusnaturalistas que, segundo o direito naturaL a tradição não era necessária para a transferência da propriedade, para a qual bastaria o simples consentimento das partes, como em certos casos (assim, na doação com reserva de usufruto) os próprios juristas - desde os romanos - o reconheciam. Os jusnaturalistas, portanto, "pensaient que si la tradition, acte matérieL est necessaire pour transférer la possession, qui est un fait, la propriété, qui est une qual ité purement morale, pouvait tres bien passer d'une personne à une autre par une simple convention,,88.

Vê-se, assim, que a vontade do Homem era soberana e, inserida num contexto contratual, reconhecia-se-Ihe força bastante para transferir a propriedade. Portanto, "Ia distinción entre acto constitutivo de obligación y acto traslativo de la propriedad es considerada expresión inútil dei formalismo exterior proprio de una vida juridica primitiva, y los jurisconsultos en general (a cxcepción de POTHIER, que representa fielmente la tradición

86 Cf .101111 (jlllssen. IlIlroJ/lç<7o 111.\'/(;1"/('0 110 litretlo; Fundação Calouslc (julbenkian;

I.lsboa. p. 737 87 ,

Idem. p 7.,8. 8X cr Moreira Alves; il/ oV C/I.; P 44; citando M. I'laniol.

Page 36: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

130 REVISTA JURiDICA· INSTITlJl<;ÀO TOI.EDO DE ENSINO MARCU.O TSUNÜ

romana) siguen la costumbre y la nuova concepción filosófica, que produce como consecuencia la admisión de este sistema en el Código de Napoleón, pasando posteriormente aI Código italiano que consigna el mismo principio todavia com más c1aridad,,1l9.

Na sistemática do direito francês, portanto, a alienação do direito de propriedade opera-se por efeito do mero acordo de vontades. Já a posse. diferentemente. transfere-se pela tradição efetiva ou ficta. ou seja. mediante o constituto possessório. expresso ou tácito.

Não figuram, conseqüentemente. no Code Napoleón. institutos correspondentes aos modos de adquirir voluntários e derivados que o direito romano admitia (mam:ipatio, in iure cessio e tradilio). Tudo se resolve na venle. A transcrição do título translativo nos registros públicos tem por função. apenas. torná­

. ,}IIIos operantes erga terllOs .

Entretanto. como preleciona Baudry-Lacantinerie. "perché il contralto di vendita produca di per se solo la traslazione della proprietà. cnecessario che riguardi un oggetto certo e determinato. Non si puó concepire la proprietà d'un oggetto che passi da una in altra persona senza che questo oggetto sia precisato. specificato. L'idea di traslazione non pua esistere se non si sappia esattamente

'I J.' • .,91I .qua e e a cosa tranSlenta

O efeito de alienação do direito de propriedade. como conteúdo eficacial direto e imediato do contrato de compra e venda. por conseguinte. só se produz, no direito fran~ês.quando o objeto mediato da obrigação slriclo sensl/ seja certo e determinado. Não se revestindo destas qualidades. aquele efeito só se produzirá com a determinação do objeto, mediante a tradição ou opção. Com efeito, vejamos o que magister dixit: "Risulta da ció che precede

X9 cr Ramon Bad~Il~, Gasscl: 1:"/ cO/l/!"a/o dI! COlllprarl!/lla: lomo I: I.ihrcria Boscl1:

Bar~dolla: 1979: p. 20. 90

Cf Darcy Ik,s()n~: Oa COII/pra I! I'I!/lda. I'rollll!SSII & Rl!sl!I"rll dI! f)OIl/ÍlIIO. 3" ~d .. 19XX.

Saralv •• : p 2X 91

//1 Tralla/o Tl!ol"/co-/'ra/lco di O'flllo ("\'I/I!. O,,//a I'I!/ld/la I! Ol!//a l'"rlllll((I: Casa

LdlLric~ Mdano.

che ir venditore s' a trasferire la prc certo e determinat se ,.oggetto non s·effetuerà se n< determinazione (tr venditore e obbligi cosa venduta"'I2.

À semelhança jurídico italiano contrato de comp entre· o contrato, di direito das coisas.

Entretanto, e a parte da melhor inovação dos gra sustentar não ser contrato. É o que Scialoja e, acima d~

O derradeiro au venda com eficáci; claramente, dois me do negócio translat dois momentos se C4

Uma vez ultim declarações de conseqüentemente, venda, opera-se o propriedade. Aquela o raciocínio de Gari jurídicos distintos obrigacional e anel

92 . . (j Baudry-I.acanllnen

I

Page 37: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

,(:Ao TOI.E1X) DI: I:NSINO

epción filosófica, que ie este sistema en el lte aI Código italiano

. I 'd d"K91 mas c an a .

anto, a alienação do do mero acordo de

sfere-se pela tradição lnstituto possessório,

e Napoleón, institutos lluntários e derivados io, in illre cessio c transcrição do título função, apenas, torná­

lcantinerie, "perché il lo la traslazione della to certo e determinato. :tto che passi da una in precisato, specificato.

11 si sappia esattamente

iedade, como conteúdo compra e venda, por

u:ês,quando o objeto 10 e determinado. Não to só se produzirá com idição ou opção. Com dta da cià che precede

'(/\'1'11/0: 11111111 I: 1.1hrcria Bosch:

Rl'sam dI' DOlllilllo. Y cú .. 19KK.

rl'ndlla I' 1)('1/" l'alllllW: Casa

MARCU.O TSLJNO 131

che il venditore s'obbliga sempre, salva convenzione in contrario, a trasferire la proprietà. Se la vendita ha per oggetto un corpo certo e determinato, la traslazione resulta dei contratto medesimo', se I'oggetto non e certo e determinato, la traslazione non s'efTetuerà se non per effetto dell'evento che produrrà la determinazione (tradizione, opzione). Nell'uno e nell'altro caso il venditorc cobbligato a far passare aI compratore la proprietà della cosa venduta',<)2.

A semelhança do direito francês, também o ordenamento jurídico italiano reconhece e atribui eficácia real ao próprio contrato de compra e venda, não havendo, portanto, distinção entre- o contrato, de natureza obrigacional, e o negócio jurídico de direito das coisas.

Entretanto, e a crítica vale para ambos os sistemas jurídicos, parte da melhor doutrina italiana recente tem criticado esta inovação dos grandes códigos do século XIX, procurando sustentar não ser possível confundir o ato translativo com o contrato. É o que se encontra em Arangio Ruiz, em Vittorio Scialoja e, acima de todos, Gino Gorla.

O derradeiro autor citado afirma que a chamada compra e venda com eficácia real do direito francês e italiano contém, claramente, dois momentos: o momento do contrato e o momento do negócio translativo, pouco importando que, no tempo, estes dois momentos se confundam.

Uma vez ultimada a fase de negociações e emitidas as declarações de vontade contrapostas, completando-se, conseqüentemente, o suporte fático do contrato de compra e venda, opera-se o efeito de alienação do direito real de propriedade. Aquelas declarações de vontade, entretanto, seguindo o raciocínio de GorIa, integram o suporte fático de dois negócios jurídicos distintos e superpostos, quais sejam, o contrato obrigacional e o negócio translativo, os quais, sendo simultâneos,

92 (J Bauúry-I.acanlincric: in op. cito

Page 38: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

REVISTA JLJRiDICA - INSTITLJI<:ÀO TOI.EDO DI·: ENSINO132

confundem-se exteriormente, mas que, juridicamente, não se podem confundir.

"La spiritualizzazione dell'atto traslativo", pontifica Gorla, "rende possibile che questo si formi contestualmente aI contratto, quando, come avviene spesso, si tratti di vendi ta di cosa certa già in proprietà deI venditore: allora si há contestualità, non fusione dei due atti: insieme con I' atto obligatorio si compic quello traslativo di adempimento. Si dice: mi obbligo a trasferirti e ti trasferisco, mediante una espressione ellittica vendo o permuto: fenomeno di utilizzazione di un solo mezzo di dichiarazione o forma ai fine di manifestare due distinti atti di volontà'.93.

O que ocorreu nestes dois ordenamentos jurídicos foi, assim, "un'accessione deI contratto obbligatorio a quello reale,,94, ou "un abbinamento della traditio, come atto traslativo, alia vendita',l)5.

Gorla, em seu livro sobre a compra e venda, expende vários argumentos com o intuito de demonstrar o erro em se querer ligar a eficácia real ao contrato de compra e venda. Delimita ele, com tais argumentos, dois negócios distintos que aparecem sob a capa da compra e venda. Assim, diz ele que, tanto no direito francês como no italiano, a capacidade para transmitir distingue-se da capacidade para contrair obrigações, de maneira que, muitas vezes, pode resultar nula a compra e venda, em conseqüência da falta de capacidade para contratar, como também, na hipótese inversa, e não há autor que não o reconheça, pode restar o contrato plenamente válido, se a capacidade que faltar for a de praticar ato translativo.

Assim, se uma pessoa que goza da capacidade de contratar, mas não a do ato translativo, realiza uma compra e venda, a alienação do direito de propriedade não se verifica, mas o contrato não será nulo, porque a capacidade de contratar detinha a pessoa.

93 In La Compravendita e la Permllla; volume setlimo: tomo primo; Torino; 1937; p. 6. 94 f ..

C . Ostl, citado por Gorla, in op. cit.; p. 10, nota 24. 95 .

Cf F. Ferrara, citado por Gorla, in op. cit.; p. 10, nota 24.

MARCELO TSUNO

"La mancanza d traslativo, non il cc

Seguindo a me: argumento que pÕ1 dispositivo: "Ia nu di genere non int quelia de11'atto tra~

massimo annullab essere, se esso c Dunque, se il contr dire che il primo re

Está claro, segu tantos autores, que. dois negócios supel deixar o outro incól

Um outro argl diferenciação que contrato. Todos o~

aceitam a compra quando a compra e tem o efeito de g negócio translativo, quando a venda for

Portanto, se os ai porque a compra e ' entretanto, casos el próprio contrato se (

96 Cf' Cimo Gorla; La Cc

97 In op c/I. p. 7.

Page 39: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

;ÀO TOLElX) DE ENSINO

"idicamente, não se

:.l", pontifica Gorla, .almente aI contratto, dita di cosa certa già :stualità, non fusione o si compie quello ligo a trasferirti e ti :a vendo o permulo: o di dichiarazione o i volontà,,93.

jurídicos foi, assim, lleIlo reale,,94, ou "un >'0, alIa vendita,,95.

mda, expende vários TO em se querer ligar la. Delimita ele, com aparecem sob a capa ItO no direito francês nitir distingue-se da naneira que, muitas em conseqüência da ambém, na hipótese pode restar o contrato r for a de praticar ato

acidade de contratar, compra e venda, a

rifica, mas o contrato ltar detinha a pessoa.

primo; Torino; 1937; p. 6.

MARCELO TSUNO 133

"La mancanza deI potere di disporre rende invalido l'atto traslativo, non il contratto, che resta coi suoi effetti obbligatori,,96.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, aduz Gorla um outro argumento que põe às claras a distinção entre o contrato e o ato dispositivo: "la nullità dell'atto traslativo deI denaro o della cosa di genere non intacca il contratto, ma importa inadempienza; quella dell' atto traslativo di una cosa di specie rende il contratto aI massimo annullabile o risolubile, non nullo, come dovrebbe essere, se esso contratto fosse lo stesso atto traslativo (... ). Dunque, se il contratto sussiste, benche nullo I' atto traslativo, vuol dire che il primo reca I' obbligazione ed e distinto daI secondo,,97.

Está claro, segundo Gorla, por estes resultados a que chegam tantos autores, que, naquele negócio, aparentemente uno, existem dois negócios superpostos, tanto assim que é possível anular um e deixar o outro incólume.

Um outro argumento expendido por Gorla reside numa diferenciação que os autores são levados a fazer no seio deste con.trato. Todos os autores, afirma, franceses e italianos, que aceItam a compra e venda com eficácia real, reconhecem que, quando a compra e venda é celebrada para execução retardada, só tem o efeito de gerar uma dívida, distinguindo-se, assim, do negócio translativo, de maneira a só haver compra e venda real quando a venda for feita para execução imediata.

Portanto, se os autores são inclinados a aceitar esta distinção, é porque a compra e venda é sempre contrato obrigatório, havendo, entretanto, casos em que a execução, por ser imediata, com o próprio contrato se confunde.

96 Cf. Cimo Ciorla; La Compravendita e La Permuta· Torino 1937-XV· p 1797 . . ... /n op. cit.. p. 7

Page 40: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

134 REVISTA JURíDICA - INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

6 - DIREITO BRASILEIRO

No sistema jurídico brasileiro, no que concerne à questão da alienação do direito de propriedade, só se vislumbra, ao menos aparentemente, duas figuras: a do negócio jurídico stricto sensu de direito das obrigações (contrato de compra e venda ou de doação, v.g). e a do modo de aquisição (tradição ou registro).

Entre elas, entretanto, medeia uma outra figura, um negócio jurídico de adimplemento ou execução (ErfzJllungsf.{eschaft) da obrigação irradiada do contrato de direito das obrigações, que se situa no campo do direito das coisas.

Esta figura não aparece com a evidência com que aparece no direito germânico, pois, afirma Moreira Alves, aqui não há uma Einigung materialmente distinta do contrato obrigatório, em se tratando de transferência do domínio, e Einif.{ung que é um negócio jurídico bilateral abstrato do direito das coisas, em contaposição ao contrato obrigatório, que é negócio jurídico bilateral causal do direito das obrigações98

Não exsurge, portanto, nítida, no direito brasileiro, a distinção efetuada pelo BGB entre o schuldrechtliches (oder obligatorisches) Verpflichtungsgeschq/i e o sachenrechtliches (dingliche5) Erfüllungsgeschafi, ou seja, entre o negócio jurídico de direito das obrigações e o negócio jurídico de direito das cOIsas.

Esta distinção resta obumbrada, mormente naqueles casos em que o comprador recebe o bem já ao concluir o contrato, ou se havia recebido, mesmo antes de sua conclusão. Nestas hipóteses, o leigo enxerga somente um negócio: o contrato de compra e venda, dada "la fusione o confusione che spesso esiste nella civil law

98 In. op. cit.; p. 39/40.

MARCELO TSUNO

(sistemi latini) fn senso lato),,99.

A eficácia ime ilusão de só haver o contrato de com como o alemão, ri da simultaneidadl transferência pele estudioso do direi precisar, aí, dois n e venda e o acor< venda, o acordo transmissão da pro

A visualizaçãc imperioso no direi contrato de compr obrigacionais, pess

Com a complet consensus a respel inderrogáveis), in~

jurídico stricto Sl

subjetivas para am1 par da posição jurí prestar titularidade, propriedade e a P' sensu. A atribuição, ou de acordos.

É justamente pOI válida e eficazme: apreendeu Sebastiãe não é nula nem anu

99 Cf Gino Gorla. ,

Comparativo e Casislico. I J nosso.

100 Tratado de Direito P

Page 41: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

,o TOLEDO DE ENSINO

,cerne à questão da slumbra, ao menos fico stricto sensu de 'enda ou de doação, istro).

figura, um negócio ullungsgeschaft) da ; obrigações, que se

:om que aparece no :s, aqui não há uma

obrigatório, em se :inigung que é um ito das coisas, em é negócio jurídico

rasileiro, a distinção drechtliches (oder o sachenrechtliches e o negócio jurídico dico de direito das

~ naqueles casos em lÍr o contrato, ou se l. Nestas hipóteses, o ) de compra e venda, :siste nella civil law

MARCELO TSUNO 135

(sistemi latini) fra il contratto obbligatorio e l'atto dispositivo (in ),,99senso Iato .

A eficácia imediata, afirma Pontes de Miranda, completa, dá a ilusão de só haver um negócio jurídico; isto é, de ser contrato real o contrato de compra e venda, o que o sistema jurídico brasileiro, como o alemão, repele loo. A imediatidade, prossegue, dá a ilusão da simultaneidade e, o que é mais delicado, da causação da transferência pelo contrato de compra e venda. Neste erro, o estudioso do direito não deve incidir. A ele cumpre distinguir, e precisar, aí, dois negócios jurídicos, ou três: o contrato de compra e venda e o acordo de transmissão; ou o contrato de compra e venda, o acordo de transmissão da posse e o acordo de transmissão da propriedade.

A visualização destes distintos negócios jurídicos faz-se imperioso no direito brasileiro, uma vez que, aqui, os efeitos do contrato de compra e venda, contrato consensual, são puramente obrigacionais, pessoais.

Com a completação do suporte fático nuclear, integrado pelo cvnsensus a respeito da res e do pretium (elementos categoriais inderrogáveis), ingressa ele no mundo jurídico, como negócio jurídico stricto sensu, dele se irradiando posições jurídicas subjetivas para ambas as partes contratantes: a parte vendedora, a par da posição jurídica subjetiva ativa, vincula-se a um dever de prestar titularidade, ou seja, vincula-se a atribuir ao comprador a propriedade e a posse do objeto mediato da obrigação stricto sensu. A atribuição, em si, já é adimplemento e depende de acordo ou de acordos.

É justamente por este aspecto da consensualidade que se pode, válida e eficazmente, vender bem futuro ou alheio. Bem o apreendeu Sebastião dê Souza: "A compra e venda de coisa alheia não é nula nem anulável. É um contrato perfeitamente válido entre

99 cr. Gino Gorla. in 1/ Conlral/o. Problemi Fondamenlali TraI/ali con il melodo Comparali\'o e Casislico. I Lineamenti Generali; Milano; Giufré Editore; 1954; p. I, com grifo nosso.

100 Tratado de Direilo Privado; tomo XXXIX; p. 263.

Page 42: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

136 REVISTA JURíDICA - INSTITUIÇÀO TOLEDO DE ENSINO

as partes contratantes e está de acordo com o conceito de compra e venda. Esta, no direito nacional, não transmite a propriedade. Cria apenas obrigações pessoais para os contratantes: o vendedor ~ assume a obrigação de transferir a propriedade ao comprador e este a de pagar o respectivo preço. A tradição para móveis e a I transcrição para imóveis propriedade

,ol Não fazem

é que são eles parte do

atos translativos da contrato de compra e

venda, não o integram como elementos essenciais à sua perfeição. O contrato fica perfeito e acabado com o acordo dos contratantes sobre o objeto e o preço (Código Civil, art. 1.126). A transmissão da propriedade é uma conseqüência, um consectário do contrato, mas não é o contrato, não se confunde com ele. É ato de execução e não de formação desse contrato"I02.

Do mesmo sentir, Antônio Junqueira de Azevedo: "A nosso ver, contrariamente ao que diz essa decisão, o caso de venda a non domino não é de nulidade (plano da validade - falta de requisitos), e sim, de ineficácia (plano da eficácia); há, apenas, ineficácia para os efeitos finais visados pelo negócio (transferência de propriedade). O negócio em si, porém, é válido e, até mesmo, ele é eficaz, como qualquer outro negócio que, realizado, não é cumprido; ele admite rescisão (rectius: resolução) com perdas e danos (e o inadimplemento supõe negócio válido)"I03.

,04Darcy Bessone, diferentemente, em obra clássica na matéria ,

não distingue entre o negócio jurídico obrigacional e o negócio jurídico de direito das coisas. Na sua visão, ambos os negócios estariam fundidos no contrato de compra e venda, de modo a ostentar ele um caráter real-obrigacional. Para este autor, "situou­se o direito brasileiro a meio-caminho, entre o direito franco­italiano e o germânico"105.

Jo1 Não concordamos tOlalmente com esla atirmação, como adianle se demonstrará. 102

In Da Compra e Venda; p. 240. 103 .

In Negócio Jurídico, Existência. Validade e Eficácia; 2" ed.; 1986; SaraIva; p. 56.

104 Da Compra e Venda. Promessa e Reserva de Domínio. 105

In op. cit. p. 46.

MARCELO TSUNO

Expende ele, ( a redação do art. substância do ato ou translativos dE Cz$ 50,00 (cinqül

O legislador consagrando a ex aptidão para cons1 compra e venda c e acabado destes contratos constitu1 como o principal forma, sempre qu cruzados, é, por pública·,106. Então

preceito legal, ne: constitutivo de d eficácia real, isto efeitos",07.

Segundo, ainda (contrato de con translativo, ou se domínio. "Mas, en ser certo que não d um segundo cont dominical. No dire integra" I08.

Esta interpretaç própria escritura de:: produtiva de dirc

106 In op. cit.; p. 42.

107 Idem.

108 In op. cit.; p. 44.

Page 43: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

oTOLEOO DE ENSINO MARCELO TSUNO 137

nceito de compra e a propriedade. Cria antes: o vendedor ie ao comprador e lo para móveis e a IS translativos da Itrato de compra e iais à sua perfeição. do dos contratantes 126). A transmissão ectário do contrato, :. É ato de execução

I\zevedo: "A nosso caso de venda a non falta de requisitos),

;:nas, ineficácia para (transferência de

) e, até mesmo, ele é , realizado, não é ução) com perdas e do)"103. , . , . 104asslca na matena , acionai e o negócio ambos os negócios venda, de modo a

1 este autor, "situou­re o direito franco­

liante se demonstrará

L 1986; Saraiva; p. 56.

Expende ele, como principal argumento de sua obra exegética, a redação do art. 134, 11, do Código Civil, segundo a qual é da substância do ato a escritura pública "nos contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis de valor superior a Cz$ 50,00 (cinqüenta cruzados), excetuado o penhor agrícola".

O legislador estaria, por meio deste dispositivo legal, consagrando a existência de um contrato que, por si mesmo, teria aptidão para constituir ou transladar direitos reais. E o contrato de compra e venda constituiria, justamente, o exemplo mais perfeito e acabado destes contratos. "Ninguém duvidaria de que, entre os contratos constitutivos ou translativos de direitos reais, destaca-se, como o principal deles, precisamente a compra e venda, cuja forma, sempre que o imóvel seja de valor superior a cinqüenta cruzados, é, por força apenas do invocado art. 134, a escritura

'bl' ·,106 E - " nao - pod f a esse pu Ica , ntao, prossegue, se e, sem a ronta preceito legal, negar à compra e venda o caráter translativo ou constitutivo de direito real, o que equivale a reconhecer-lhe eficácia real, isto é, a incluÍ-lo entre os contratos reais, pelos efeitos,,107.

Segundo, ainda, o autor cuja obra está sob comento, o título (contrato de compra e venda) conteria também o acordo translativo, ou seja, o acordo sobre a translação do próprio domínio. "Mas, entre nós, não se pode aceitar a aludida tese, por ser certo que não dispomos de um segundo acordo de vontades, de um segundo contrato, integrativo do negócio de transmissão dominical. No direito brasileiro, é a própria compra e venda que o integra" I 08.

Esta interpretação justificaria o fato de se levar a registro a própria escritura de compra e venda, precisamente porque ela seria produtiva de direitos reais, jamais se exigindo o registro

106 In op. cil.; p. 42.

107 Idem.

108 In op. cl/.; p. 44.

Page 44: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

,

REVISTA JURíDICA. INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO 138

imobiliário de contratos puramente obrigacionais 109, Se, pelo contrário, a compra e venda produzisse apenas obrigações, não se compreenderia a sua transcrição no Registro Imobiliário, nem o art. 134, aludindo aos contratos constitutivos ou translativos de d" . b ' 110Ireltos reaiS, a a rangerIa ,

Nosso entendimento, entretanto, não obstante a fundamentação suso-aduzida provir de abalizada pena, segue por caminhos diversos, já antes enveredados por Pontes de Miranda.

A interpretação do artigo em que se baseia a construção teórica de Darcy Bessone como fazendo referência ao contrato de compra e venda é, segundo entendemos, criativa, mas não corresponde à sistemática do ordenamento jurídico brasileiro.

A norma suh examine contém, em realidade, uma impropriedade, reveladora, segundo Pontes de Miranda 111, de pouca cultura jurídica. "Chamou ele aos contratos cujo adimplemento implicasse constituição ou transmissão de direitos reais sobre imóveis contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis,,112 Houve, isto sim, à semelhança do direito francês, uma amalgamação do contrato ao negócio jurídico de constituição ou translação, dando-se a falsa impressão de que teria aquele a aptidão de, por si mesmo, produzir alterações no mundo jurídico, mediante a constituição ou trasladação de um direito real. À norma enfrentada bastaria ter-se referido ao contrato; referiu-se, todavia, aos dois negócios jurídicos, englobadamente. Ao intérprete se impõe, conseqüentemente, visualizá-los, com a mesma acuidade com que o fez Oino Oorla, à luz do ordenamento jurídico italiano que, como vimos, segue fielmente, nesta questão, o ordenamento francês.

O Projeto de Código Civil (n° 634-B), entretanto, redime-se deste lapso de tamanha gravidade, eis que prenhe de

109 In op. cit.; p. 45.

110 In op. cito P. 46.

111 . In Tratado de Direito Privado; Parte Geral; tomo 111; EdItor Borsoi; RJ; 1954: p. 392.

112 . . Cf. Pontes de MIranda; in op. cit.; p. 392.

MARCELO TSUNO

conseqüências, su constitutivos de d constituiçelo ou tr,

Outrossim, qu "transcrição do tí1 '"Estão sujeitos à translativos da pl Einigung, ou neg Vertrag), que se venda.

O negócio jur Imóveis, portanto, jurídico que adim] venda, produzindc de Miranda consti acidental, e não ne

Na prática, "o imóveis entra, de ~

tendo-se a impress sendo levado a r entretanto, sobe à vez que este últim(

Quando, por 01

existe, no direito 1 segundo contrato transmissão domin de compra e vend ocorre no mundo jl

Pela teoria da contém no negócic com a vontade d obrigacional: "nel

113 Cf Pontes de Mir;

Page 45: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

TOLEDO DE ENSINO

. 109 S IInms . e, pe o )brigações, não se nobiliário, nem o ou translativos de

~ a fundamentação ue por caminhos randa.

construção teórica :ontrato de compra não corresponde à

realidade, uma :le Mirandalll

, de s contratos cujo imissão de direitos ou translativos de n, à semelhança do ao negócio jurídico l impressão de que :luzir alterações no trasladação de um ter-se referido ao legócios jurídicos, conseqüentemente, o fez Gino Gorla, à orno vimos, segue s.

ltretanto, redime-se que prenhe de

r Borsoi; RJ; 1954; p. 392.

MARCELO TSUNO 139

conseqüências, substituindo a expressão contratos translativos ou constitutivos de direitos reais por negócios jurídicos que visem à constituição ou tran.~ferência de direitos reais.

Outrossim, quando no arts. 530, I, e 531, há referência à "transcrição do título de transferência no Registro do Imóvel" ou '"Estão sujeitos à transcrição, no respectivo Registro, os títulos translativos da propriedade imóvel, por atos entre vivos", é da Einigung, ou negócio jurídico de direito das coisas (dinglicher Vertrag), que se está cogitando, e não do contrato de compra e venda.

O negócio jurídico que se leva a registro no Registro de Imóveis, portanto, é o acordo de transmissão, ou seja, o negócio jurídico que adimple (Erfüllungsgeschafi) o contrato de compra e venda, produzindo efeitos reais. Tanto é assim, que afirma Pontes de Miranda constituir o negócio obrigacional, tão-só, pressuposto acidental, e não necessário, do registro.

Na prática, "o acordo de transmissão ou transferência de imóveis entra, de ordinário, nas escrituras de compra e venda,,\I3, tendo-se a impressão, assim, de que é este, e não aquele, que está sendo levado a registro. Em se tratando de vendas a prazo, entretanto, sobe à tona a distinção entre contrato e acordo, uma vez que este último não consta da escritura.

Quando, por outro lado, argumenta Darcy Bessone que não existe, no direito brasileiro, um segundo acordo de vontades, um segundo contrato, representativo do negócio jurídico de transmissão dominical, que estaria integrado no próprio contrato de compra e venda, é preciso que se apure, com cautela, o que ocorre no mundo jurídico.

Pela teoria da co-declaração, a vontade de adimplir, que se contém no negócio jurídico dispositivo, considera-se co-declarada com a vontade de vincular-se, integrante do negócio jurídico obrigacional: "nel attuale dichiarazione di vendita e inclusa la

113 Cf Pontes de Miranda; Tratado; tomo 111; p. 200.

Page 46: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

~L\R('LL() 1st :I\()140 REVISTA JURíDICA - INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

doppia dichiarazione: di obbligarsi a dare e di transferire la cosa,,114.

Mostra-se sectário desta teoria Junqueira de Azevedo: "Na compra e venda e nos atos inler uillos que se destinam a efeitos reais, há duas declarações (teoria da co-declaração), uma que cria direitos pessoais e outra que, sob dependência de ato posterior (registro ou tradição), tem efeitos reais" 11 5.

Nesta linha de raciocínio, quem vende um imóvel, por escritura pública, não necessitará de outro ato, ou de outra declaração de vontade para que possa ser realizado o registro, pois, na vontade de vender está a vontade de adimplir, de transmitir, que, por si só, é suficiente para permitir oregistro no albo imobiliário l16

A vontade de vender apresenta-se, por via de conseqüência, indissociável da vontade de adimplir, pois, se assim não fosse, o negócio jurídico careceria das condições mínimas de seriedade exigidas pelo Direito. "Daí, porque, quando alguém vende algo, demonstra, também, nesse preciso momento, vontade de adimplir o prometido' 17.

Os sectários desta vertente, conseqüentemente, entendem ser relativa a separação entre os planos do direito das obrigações e do direito das coisas e vêem, no negócio jurídico dispositivo, um negócio causal.

Uma outra corrente teórica, sufragada por poucos, mas sobretudo sufragada por Pontes de Miranda, sustenta apresentar o negócio jurídico de direito das coisas natureza abstrata, independente do negócio jurídico obrigacional, composto que é por declaração de vontade dissociada da declaração constitutiva do suporte fático do negócio por último referido.

114 .. Cf F. Ferrara, Citado por GInO Gorla. In op. cit; piO. nota 24.

115 In A'egócio Jurídico; p. 157, nota 40.

116 Cf. Clóvis do Couto e Silva; in A Obrigação como Processo. 117. .

ClÓVIS do Coulo e Silva; in op. cit.; p. 57.

N~ste sentido consensual. como nele: ~ pr~ciso qu sim uI tiineamente.

Assim. temos emitir uma segun contrato d~ compl 11 ,'isla. nada impc tudo recom~nda e: qu~ a dal,:ão slrh

m~sl11O da conclus negócio jurídico u se veri fica. com c parte \'Cndedora SI

parte compradora tenha fracionado então. nas vendas titularidade ainda parte vendedora. I no momento da c HH1tade de obrigai diga "enc!o e Imns}

De outro lado. Código Civil rere lransjerênc:ia. lílll

Irans!alil'Os c/a pro

Art. 53

I - pela Registro de I

Art. 5 respectivo propriedade

118 117 tratado: tomo)

Page 47: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

TOLEDO DE ENSINO

di transferire la

le Azevedo: "Na lestinam a efeitos ão), uma que cria

de ato posterior

óvel, por escritura Itra declaração de , pois. na vontade itir, que, por si só, liliário116

de conseqüência. Lssim não fosse, o mas de seriedade guém vende algo, mtade de adimplir

nte, entendem ser 1S obrigações e do o dispositivo, um

lor poucos, mas itenta apresentar O

latureza abstrata, , composto que é ração consti tuti va

~L\R(TI () ISI :['\() I~ I

Neste sentido. prekciona Pontes que "se o contrato é conscnsual. como a compra-c-venda. o acordo não estú contido nele: é preciso que se conclua separadamente. embora. por vezcs. " l' I" I " I IX Slnlll taneamente. como se o outorgante ( IZ reJ1( o e tral1Smlto .

Assim. temos para nós que. sc. de ordinúrio. não se costuma emitir uma segunda declaração de \ontade. após a conclusão do contrato de compra e \'enda. jú que este. l11uitas \ezes. é efetuado li ,·ista. nada impede que assim se proceda. mesl110 nestes casos. e tudo recomenda este proceder notadamente naquelas situações em que a dação stridO sel1su do bem não se efetua no momento mesmo da conclusão (= completação do suporte fútico nuclear) do negócio jurídico de direito das obrigaçôes, Ora. uma tal situação se verifica. com clareza. nas wndas efetuadas a prazo. quando a parte vendedora se comprometa a dar a coisa somente quando a parte compradora tiver cumprido todas as prestações em que se tenha fracionado a sua prestação principal de dar dinheiro. ou. cntão. nas vendas a prazo que tenham por objeto uma coisa cuja titularidade ainda não esteja integrada ao patrimônio jurídico da parte vendedora. Em ambos os casos. seria difícil pensar-se que. no momento da conclusão do cotnrato. a parte declare tanto a vontade de obrigar-se como a vontade de adimplir. Ou seja. que diga "el1do e tral1smito.

De outro lado. pesa um argumento de técnica legislativa. O Código Civil referiu-se. em diversas passagens. a títulos de tl'({l1sferêl1cia. tíflllos translatiros de direitos reais e títulos tral1slatil'Os da propriedade illu)I'e/:

Art. 530. Adquire-se a propriedade imóvel:

I - pela transcrição do tíflllo de tl'({l1.\fc:rêl1cia no Registro de Imóvel;

Art. 531. Estão sujeitos à transcrição. respectivo Registro, os títulos translatim.\" propriedade imóvel, por ato entre vivos.

no da

118 111 1'ra/adv: torno XXVIIi: p. 360.

Page 48: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

:

:

142 REVISTA JURíDICA - INSTITlJl<:Ao TOLEDO DE ENSINO

Outrossim, a Lei nO 6.015173 (Lei de Registros Públicos):

Art. 172. No Registro de Imóveis serão feitos. nos termos desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos. declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa. quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade.

Estas referências têm por objeto, precisa e tão-somente, o ne~ócio jurídico de direito das coisas (o dinRlicher Vertrag do direito alemão), sem que esteja ele, de modo nenhum, vinculado à figura do contrato. Através desta técnica, cremos ter dado o legislador autonomia ao mencionado negócio júri-real, embora não de modo expresso, como o fez o legislador alemão (BGB, § 925), e, como conclusão inarredável, está-se a exigir uma declaração diversa daquela que constituiu o suporte fático do negócio jurídico obrigacional. Poderia perfeitamente o legislador ter exigido e se referido à necessidade de se levar a registro o próprio instrumento do contrato de compra e venda, dando, assim, clara indicação de ser necessária tão-só uma declaração de vontade, como sustenta os sectários da teoria da co-declaração.

Mas, outro que seja o entendimento esposado, o que importa realçar é que a inseparabilidade de vontades, contenutísticas do arcabouço teórico da primeira corrente, no entanto, somente existe no plano psicológico, pois, no plano jurídico, bifurca-se esta vontade unitária, passando a integrar, cada uma de per si, os suportes fáticos de negócios jurídicos de naturezas diversas, passando, portanto, a repercutir em planos próprios e inconfundíveis.

A existência de um negócio jurídico de direito das coisas, que tenha por efeito imediato a perda de um direito ou sua modificação gravosa, é decorrência desta separação de planos, pois, importando o adimplemento da obrigação em alienação do

MARCU.O TSUNO

domínio. não Po( estranha.

Exemplo inso realçando. situac encontramo-lo n Abeberamo-nos. mais. nos ensinai brasileiro. tambél coisas móveis. ~

incondicionáveL condição de resel porque. para est[ requisito; se não f de concluir. de m negócio jurídico s tradição (direito d enfim. no negócic Ci\"il .. 119

Outrossim. de r de Azevedo que o Lima exigência f

. - .. 1'0 Md" -. éIsposlçao negócio de disposi de dispor da res qu

Através destas via de conseqüêncl contrato. o de cc distintos. atuantes I

de vontade seja l

teorias, ela é integl obrigação e a de ad

11'1 111 OI' ('1/ " p. 68/69

I~o /11 oI'. ('1/. P 157.

I ~ I "Iel/l.

Page 49: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

) TOI.ElX) DE ENSINO

de Registros

serão feitos, 'erbação dos ,Irans/ativos Ire imóveis s causa, quer (tinção, quer , quer para a

e tão-somente, o ~licher Vertrag do ~nhum. vinculado à remos ter dado o ) júri-real, embora :lr alemão (BGB. § -se a exigir uma

suporte fático do unente o legislador : levar a registro o enda, dando, assim, Ima declaração de a co-declaração.

ado, o que importa , contenulíslicas do mto, somente existe ico, bifurca-se esta uma de per si, os naturezas diversas, Ilanos próprios e

~eito das coisas, que Im direito ou sua ~paração de planos, :ão em ai ienação do

MARCELO TSlJNO 143

domínio. não poderia o negócio obrigacional atingir área que lhe é estranha.

Exemplo insofismável da existência deste negócio que se vem realçando. situado entre o contrato obrigacional e a tradição, encontramo-lo na compra e venda com reserva de domínio. Abeberamo-nos. para fins de esclarecimento deste ponto, uma vez mais. nos ensinamentos de Clóvis do Couto e Silva. No direito brasileiro. também a reserva de domínio é aplicável, somente, às coisas móveis. Mas. como a tradição é ato real e como tal incondicionável. surge a questão de saber qual o ato que sofre a condição de reserva de domínio. Se não for a compra e venda, porque. para esta. o poder de disposição não se constitui em requisito; se não for a tradição. porque esta é incondicional, temos de concluir. de modo indesviável. que a condilio se insere num negócio jurídico situado entre a compra e venda (obrigacional) e a tradição (direito das coisas). entre o li/li/li.\' e o modus acqllirendi, enfim. no negócio dispositivo a que alude o art. 933 do Código Civil"·lllJ.

Outrossim. de maneira mais explícita e direta. afirma Junqueira de Azevedo que o poder de disposição. ou seja. a legitimação, "é uma exigência para a eficácia dos negócios jurídicos de disposição.. I~(I. Mais adiante. explicita que. "para ser eficaz, o negócio de disposição exige que o declarante seja titular do poder de dispor da re.\' que é o seu objeto,·I~I.

Através destas judiciosas preleções. pensamos poder afirmar, via de conseqüência. a inexatidão em se querer fundir, em um só contrato. o de compra e venda. dois negócios jurídicos tão distintos. atuantes em planos diversos. Muito embora a declaração de vontade seja uma só, conforme se proclama em uma das teorias. ela é integrada por duas vontades: a de vincular-se a uma obrigação e a de adimpli-Ia. Se. no plano prático, estas vontades se

119 111 Ofl. C/I.)l 6X/69

I~(I

IIIOfiCII pl57 1~ 1

Idelll.

Page 50: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

11-1 RLVIST:\.I1 'RiDIl'.\ - I:\STI 11 '1~'Ao mil DO DF FNSINO

manifestam numa única declaração (aceitando-se a teoria da co­declaração). no plano lógico-jurídico. entretanto. elas se cindem para compor os suportes latieos de negócios de distintas naturezas e distintos efeitos. dando origem. assim. uma. a um negócio jurídico de direito das ohrigações e. outra. a um negócio júri-real.

Superada. esperamos. esta questão. resta \'Cri Iicar da causalidade ou da ahstrati\'idade deste negócio por último citado. Ou seja. em outros termos. se a existência de vícios. incidentes sohre o contrato de eompra e \'enda. irá ou nào. repercurtir no acordo de transmissão.

A mat~ria. no dircrto hrasileiro. não soa uníssona. emhora a grande maioria da doutrina e a quase totalidade. ou a totalídade mesma. da jurisprudência se inclinem no sentido de afirmar a adoção. pelo Código Ci\'il hrasileiro. do sistema de separação relat iva.

Este sistema apóia-se. como \'imos. na teoria da co-declaração. peJa qual a \'ontade de ad impl i r. ('0I1h'l1ul ísl i(,lI do suporte fático do negócio jurídico dispositi\'o. considera-se co-declarada com a vontade de vincular-se. ('ol1l<.'JllIIísli('l/ do suporte lYltico do negócio jurídico ohrigacional.

Como. a seguir-se esta teoria. a declaração de \'ontade é uma só. emhora no pIano lógico-jurídico hifurque-se ela para compor os suportes fáticos de dois negócios jurídicos. tira-se. de modo inevitável. que o negócio dispositivo re\'este carúter causal. ou seja. dependente do l1<.'go/iuJII (f11/('CC(/<.'I1S.

Assim sendo. as regras a respeito da capacidade. alinna Couto e Silva. ponto nevrálgico da construçào alemã. incidirão. em nosso sistema. no momento da feitura do ato produtor de ohrigações. vigorando não só para este. como tamhém para o de d· I p~a IInp emento --o

Os delensores do sistema de separaçào relativa apresentam. como suporte de seu argumento para qualilicação do negócio

122 /11 "P C/I. P 60,

MARCELO TSUNO

jurídico dispositivo Código Civil:

"Feita p não alheia a I de boa fé e considera-se efeito da tradi,

Parágraf domínio a tra nulo".

Muito embora es aquisição e perda propriedade), do liv) tendo aplicação, em de métodos de herm o sistema de transferi

A conclusão i posicionamento teóri Silva, as regras juríd da conclusão do cont invalidade deste ir: negócio jurídico de d

Em se tratando de fugir da norma do ar portanto, a compra ( inquinada pela sanç~

modo, por força da< sendo ele apto a ti entendimento també transmissão mobiliári aí, faz causal a eficác causal, que é o negóc como transparente, a1

Page 51: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

,o TOI.IDO DI: INSINO

l-se a teoria da eo­ltO. elas se eindem : distintas naturezas ma. a um negócio 1 nel.!.ócio júri-real.

~ .

'esta "eri licar da ) por último citado. e vícios. incidentes não. repercurtir no

uníssona. emhora a lide. ou a total idade ~ntido de alinnar a stema de separação

['ia da co-declaração. ('li do suporte fático co-declarada com a suporte rútieo do

.0 de yontade é uma :-se ela para compor os. tira-se. de modo ~e carúter causa\. ou

cidade. alinna Couto i. incidirão. em nosso dutor de ohrigações. lInhém para o de

relativa apresentam. lificação do negócio

MARCELO TSUNO 145

jurídico dispositivo como causal, a regra exarada no art. 622 do Código Civil:

"Feita por quem não seja proprietário, a tradição não alheia a propriedade. Mas se o adquirente estiver de boa fé e o alienante obtiver depois o domínio, considera-se revalidada a transferência e operado o efeito da tradição, desde o momento do seu ato.

Parágrafo único. Também não transfere o domínio a tradição, quando tiver por título um ato nulo".

Muito embora este dispositivo esteja integrado ao capo III (Da aquisição e perda da propriedade móvel), título 11 (Da propriedade), do livro 11 (Do direito das coisas), do Código Civil, tendo aplicação, em princípio, somente às coisas móveis, através de métodos de hermenêutica integradora, passou ele a cobrir todo o sistema de transferência de propriedade.

A conclusão inarredável que se pode haurir deste posicionamento teórico é que, conforme já expendido por Couto e Silva, as regras jurídicas sobre capacidade incindem no momento da conclusão do contrato obrigacional, de modo que uma eventual invalidade deste irá repercutir, inevitavelmente, no próprio negócio jurídico de direito das coisas.

Em se tratando de coisas móveis, parece-nos que não há como fugir da norma do art. 622, suso-transcrita, por demais clara. Se, portanto, a compra e venda tiver por objeto coisa móvel, e for inquinada pela sanção de invalidade, inválido será, do mesmo modo, por força daquele artigo, o acordo de transmissão, não sendo ele apto a transferir a propriedade. Curvou-se a este entendimento também Pontes de Miranda: "Tratando-se de transmissão mobiliária, o que faz o acordo é a regra jurídica que, aí, faz causal a eficácia real depender da causa: o negócio jurídico causal, que é o negócio jurídico básico, traspassa o acordo, que é como transparente, até subordinar a tradição à causa. É isso que

Page 52: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

I

REVISTA JURíDICA· INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO146

faz ser concreto, e não abstrato, no direito brasileiro, o acordo de transmissão de móveis"l23.

Em se tratando, porém, de acordo de transmissão de coisa imóvel, entende Pontes de Miranda cuidar-se de negócio abstrato. "O acordo, por si só, é negócio jurídico bilateral. Negócio jurídico abstrato. Independe da existência e da eficácia do negócio jurídico obrigacional, de que seja negócio de adimplemento ou execução (Erfüllungsgeschaft). A nulidade e a anulação do negócio jurídico causal são sem conseqüências para ele, salvo se, pela interpretação, se concebeu como dependente daquele,,124.

A tese da abstratividade, surge, assim, para Pontes de Miranda, por exigir o acordo de transmissão elemnetos de existência, requisitos de validade e fatores de eficácia próprios e inconfundíveis, de tal sorte que nenhum influxo exerce sobre ele a inexistência, a invalidade ou a ineficácia do negócio jurídico obrigacional.

Desta abstratividade do negócio dispositivo decorre que a transmissão da propriedade pode ser inválida, ou ineficaz, sem que o seja o contrato de compra e venda. Dá-nos exemplos da espécie o ilustre discípulo da Escola de Recife: o contrato de compra e venda do bem imóvel (não acompanhado do acordo de transmissão) foi celebrado por pessoa solteira, figurante como parte vendedora, e o acordo de transmissão somente se concluiu ao tempo em que ela já estava casada 125.

Uma outra hipótese é de se admitir: a transmissão da propriedade pode ser válida, ou eficaz, sem que o tenha sido o contrato de compra e venda. O mesmo Pontes se encarrega de exemplificar: o contrato de compra e venda foi concluído quando o vendedor era absolutamente incapaz (art. 145, I) e o acordo de transmissão já se perfez ao tempo da capacidade.

123 In Tratado de Direito Privado; lomo 111; *281; p. 160.

124 In Tratado de DIreito Privado; lomo IV; *424; p. 253.

125 In Tratado de Direito Privado; LOmo 39; *4273. p. 62.

MARCl:J.O TSlJNO

Disto tudo se causal nulo, ou te transmissão. Mai~

transmissão. O me: ou foi anulado, p jurídico causal, o inexato, dando mar

Um outro argur transmissão consis exige que se le" dispositivo, sem causal. Isto resulta Código Civil, e do afirma Pontes, pressuposto acident

A/fim, à guisa de do sistema de aqu brasileiro, impõe a Imo sensu: um ne obrigações (o contr. slriclo sensu de dire da posse e acordo administrativo (regi~

jurídico (tradição), exemplo, que é o transfere a proprit conjugação de,vário: complementado pc\; fàzendo precipitar o de Azevedo, o reJ transferência 126.

126 In .\'egócio JurídICO e

c

Page 53: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

I

çÀü rOlEOO DE ENSINO

rasileiro, O acordo de

transmissão de coisa e de negócio abstrato. eral. Negócio jurídico ia do negócio jurídico llemento ou execução io do negócio jurídico ~le, salvo se, pela daquele"124.

ra Pontes de Miranda, nnetos de existência, eficácia próprios e

.uxo exerce sobre ele a do negócio jurídico

lsitivo decorre que a lida, ou ineficaz, sem . Dá-nos exemplos da Recife: o contrato de Ipanhado do acordo de 1teira, figurante como o somente se concluiu

ir: a transmissão da ~m que o tenha sido o )ontes se encarrega de a foi concluído quando . 145, I) e o acordo de idade.

MAR<TLO TSUNO 147

Disto tudo se tira que, não obstante ser o negócio jurídico causal nulo, ou ter sido anulado, não se contamina o acordo de transmissão. Mais ainda: em ocorrendo o registro, dá-se a transmissão. O mesmo não se diga, entretanto, se o acordo é nulo, ou foi anulado, pois, ainda que plenamente válido o negócio jurídico causal, o registro não representaria a verdade, seria inexato, dando margem à ação de retificação.

Um outro argumento em prol da abstratividade do acordo de transmissão consiste em que o ordenamento jurídico brasileiro exige que se leve a registro o instrumento deste negócio dispositivo, sem qualquer referência ao negócio subjacente, causal. Isto resulta dos já mencionados arts. 530, I e 531 do Código Civil, e do art. 172, da Lei n° 6.015/73. Daí que, como afirma Pontes, o negócio obrigacional constitui, tão-só, pressuposto acidental, e não necessário, da transcrição.

Alfim, à guisa de encerramento, resta dizer que a complexidade do sistema de aquisição derivada de direitos reais, no direito brasileiro, impõe a conjugação de, pelo menos, três atos jurídicos /alo sensu: um negócio jurídico slriclo sensu de direito das obrigações (o contrato de compra e venda), um negócio jurídico slriclo senslI de direito das coisas, ou dois (acordo de transmissão da posse e acordo de transmissão da propriedade), e um ato administrativo (registro), se tratar de coisa imóvel, ou um ato-fato jurídico (tradição), se de móvel. Assim, não há pensar-se, por exemplo, que é o registro, ato do funcionário público, que transfere a propriedade. Esta se transfere, isto sim, pela conj ugação de, vários atos, notadamente pelo negócio dispositivo, complementado pela tradição ou registro, este último apenas fazendo precipitar o efeito real. Ou, como diz Antonio Junqueira de Azevedo, o registro é apenas condição, não causa, da transferência 126.

126 /n Yegóc;o JurídICO e Declaração Negocia/. sem editora: 1986: nota 40; p. 157.

Page 54: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

REVISTA JURÍDICA - INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 148

7. CONCLUSÕES

7.1. O sistema de aquisição derivada de direitos reais, no ordenamento jurídico brasileiro, é complexo, integrando-se de vários negócios jurídicos, um de direito das obrigações, outro de direito das coisas', culminando, finalmente, com a tradição ou com o registro.

7.2. É forçoso reconhecer a existência de um negócío jurídico de direito das coisas para a aquisição do direito real de propriedade, pois, no sistema jurídico brasileiro, o contrato de compra e venda é puramente obrigacional, não obstante a errônea e enganosa redação do art. 134 do Código Civil brasileiro, que tem levado alguns autores a sustentar uma aproximação do nosso sistema ao sistema do Direito francês.

7.3. A respeito deste sistema jurídico por derradeiro citado, há um certo consenso de que o contrato de compra e venda teria efeitos reais, translativos do direito de propriedade, independentemente da tradição ou registro. Estes atos seriám, nesta linha de entendimento, tão-somente necessários para a transferência da posse. Não embargante a consensualidade deste posicionamento, quer nos parecer que restou ela desmistificada a partir das críticas de Gino GorIa em relação ao ordenamento jurídico italiano, que, nesta matéria, segue fielmente a sistemática do direito francês.

7.4. A teoria da co-declaração, sem dúvida, presta-se a justificar a desnecessidade de uma segunda declaração de vontade para compor o suporte fático do negócio jurídico de direito das coisas, em se tratando de vendas à vista. Entretanto, falha ela quando consideramos as vendas a prazo, em que não há, no momento mesmo da conclusão do contrato, um acordo sobre a transmissão do bem. Nestas hipóteses, pela teoria da co-declaração, produzir-se-ia uma fratura no sistema de aquisição derivada de direitos reais,

MARCELO TSIJNO

7.5. O negócio.i previsto pelo Código Civil. títulos de trw e títulos tra11.l

7.6. O negócio .i bem Imóvel. Código Civil. no qual o din~

de venda de c bens desta úll segue o siste transmissão cc

7.7. A aquisição ( se por meio de de compra e v e o registro ou é pelo registro

QUADROE!j AQU/!j

COMPRA E VENDA

pois que saltar-se-ia do contrato de compra e venda diretamente para a tradição ou o registro.

ACORDO DE TANS~

Page 55: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

ÀO TOLEDO DE ENSINO

~ direitos reais, no plexo, integrando-se 'eito das obrigações, •, finalmente, com a

um negócio jurídico ) do direito real de lrasileiro, o contrato ional, não obstante a 34 do Código Civil Ires a sustentar uma la do Direito francês.

derradeiro citado, há de compra e venda ~ito de propriedade, ~egistro. Estes atos lento, tão-somente e. Não embargante a quer nos parecer que íticas de Gino Gorla italiano, que, nesta

[} direito francês.

iúvida, presta-se a ~unda declaração de ) negócio jurídico de de vendas à vista. ramos as vendas a imo da conclusão do são do bem. Nestas , produzir-se-ia uma da de direitos reais, e compra e venda I.

Mi\RCI:LO TSlJNO 149

7.5. O negócio jurídico de direito das coisas foi expressamente previsto pelo legislador brasileiro nos arts. 530, I e 531 do Código Civil. e no art. 172 da Lei n° 6.015173, ao se referir a títulos de tran.~Ierência, títulos translativos de direitos reais e títulos translativos da propriedade imóvel.

7.6. O negócio júri-real, em se tratando de compra e venda de bem Imóvel. tem caráter causal. em face do art. 622 do Código Civil. neste passo se distanciando do Direito alemão, no qual o dinglicher Vertrag é negócio abstrato. quer se trate de venda de hem móvel. quer de bem imóvel. Em relação a hens desta última natureza. entretanto. o Direito brasileiro segue o sistema germânico. caracterizando o acordo de transmissão como negócio ahstrato.

7.7. A aquisição de um direito real. no direito brasileiro. perfaz­se por meio de uma série de atos. pelo menos três: o contrato de compra c venda. o acordo de transmissão da propriedade e o registro ou a tradição. Daí ser errônea a afirmação de que é pelo registro que adquirimos a propriedade de um bem.

QUADRO ESQUEMATICO DO SISTEMA DE A QUISIÇA-O DE DIREITOS REAIS

COMPRA E VENDA + ( ACORDO DE TRANSMISSÃO DA POSSE) +

ACORDO DE TANSMISSÃO DA PROPRIEDADE + TRADIÇÃO OU REGISTRO

Page 56: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

150 REVISTA JURíDICA· INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO

8. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, F. P. Lacerda de; Direito das Coisas; J. Ribeiro dos Santos - Livreiro Editor; v. I

ANDRADE, Manuel Domingues de; Teoria Geral da Relação Jurídica; vol. lI; Livraria Almeidina; Coimbra, 1983

ASCENÇÃO, José de Oliveira: Enciclopédia Saraiva do Direito; vaI. 20

ASSIS, Araken de; Resoluçüo do Conlrato por Inadimplemento; Revista dos Tribunais

AZEVEDO, Álvaro Villaça; Contratos Inominados ou Atípicos; Edições Cejup

AZEVEDO, Antonio Junqueira de; Ne~ócio Jurídico, Existência, Validade e Eficácia; 2" ed.; Saraiva; 1986

AZEVEDO, Antonio Junqueira de; Negócio Jurídico, e Declaração Negociai; sem editora; 1986

BAUDRY-LACANTINERIE; Tra/a/o Teorico-Pra/ico di Dirillo ('i,'ile: del/a Vendif/a e del/a Permll/a; Casa Editrice Milano

BESSONE, Darcy; Do Contrato, Teoria Geral; Forense; Rio de Janeiro; 1987

BESSONE, Darcy; Da Compra e Venda & Reserva de Domínio; Y ed.: Saraiva; 1988

BETTI, Emílio; Teoria Geral do Ne~ócio Jurídico; tomos I c lI; Coleção Coimbra Editora; Coimbra; 1969

BONFANTE, Pietro; Dirillo Romano; Firenze; 1900

BONFANTE, Pietro; Isti/uzioni de Dirif/o Romano; G. Giappichelli Editore; Torino

COMPARATO, Fábio Konder; Revis/a de Direi/o Mercantil; vol. 43

MARlTI.O TSUNO

CORREIA et aI., em corre.\pond 2" ed.; vol. I; S:

COUTO E SILVl' Bushatsky Edil'

ENNECCERUS, primero; Doclri

FRANCO et aI., J( Jurídicos; 3" ed

GASSET, Ramón Libreria Bosch;

GILISSEN, John; Calousle Gulber

GORLA, Gino; II ( il Metodo Co~

Milano: Dott. A

GORLA, Gino; L settimo; tomo pr

HIRONAKA, Gise Direito; vols. 841

LARENZ, Karl; L Revista de Derec

LARENZ, Karl; Dt de Dcrccho Priva

MARTINS ct a!., Princípios Juríd 1995

MELLO, Marcos B( 1985

MESSINEO, Franc( Milano; Dott. A. '

Page 57: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

lo "fOLEDO DE ENSINO

isas; J. Ribeiro dos

Geral da Relaçcio :)fa, 1983

Saraiva do Direito:

101' Inadimplemento:

1Ínlldos ou Atípicos;

Jurídico. Existência.

!gócio Jurídico, e

co-Pratico di Diril/O sa Editrice Milano

~ral; Forense; Rio de

Reserva de Domínio:

'urídico; tomos I c lI;

le; 1900

)iril/O Romano; G.

'Jireito Mercantil; vol.

MARCELO TSlJNO 151

CORREIA et aI., Alexandre; Manual de Direito Romano e textos em corre.\]J(mdência com os artigos do Código Civil Brasileiro; 2:1 ed.; vol. I; Saraiva; 1953

COUTO E SILVA, Clóvis do; A Ohrigaçcio como Processo; José Bushatsky Editor; São Paulo; 1976

ENNECCERUS, Ludwig; Derecho de Ohligaciones; volumen primem; Doctrina General; Libreria Bosch; 1933

FRANCO et aI., João Melo; Dicionário de Conceitos e Princípios Jurídicos; 3:1 ed.; Livraria Almeidina; Coimbra; 1995

GASSET, Ramón Badenes; EI Contrato de Compraventa; tomo I; Libreria Bosch: Barcelona; 1979

GILlSSEN, John; Introduçc7o Histórica ao Direito; Fundação Calouste Gulbenkian; Lisboa

GORLA, Gino; II ContraI/o, Prohlemi Fondamentali Tral/ati com il Metodo Comparativo e Casistico. 1 Lineamenti Generali; Milano; Dott. A . Giuffre Editore; 1954

GORLA, Gino; La Compravendita e La Permuta; volumen settimo; tomo primo; Torino; 1937

HIRONAKA, Giselda Maria Novaes; Revista da Faculdade de Direito; vaIs. 84/85; Universidade de São Paulo

LARENZ, Karl; Derecho de Ohligaciones; tomo I; Editorial Revista de Derecho Privado; Madrid

LARENZ, Karl; Derecho Civil; Parte General; Editorial Revista de Derecho Privado

MARTINS et aI., Herlander A.; Dicionário de Conceitos e Princípios Jurídicos; 3:1 ed.; Livraria Almeidina; Coimbra; 1995

MELLO, Marcos Bernardes de; Teoria do Fato Jurídico; Saraiva; 1985

MESSINEO, Francesco; 11 ContraI/o in Genere; tomo secando; Milano; Dot!. A. Giuffre Editore; 1972

Page 58: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

152 REVISTA JLJRiDICA • INSTITLJlc..'ÃO TOLElX) DE ENSINO

MOREIRA ALVES, José Carlos; Direito Romano; vaI. 11; 43 ed.; Forense; Rio de Janeiro; 1986

MOREIRA ALVES, José Carlos; Da Alienação Fiduciária em Garantia; 23 ed.; Forense; Rio de Janeiro; 1979

PINTO; Carlos Alberto da Mata; Teoria Geral do Direito Civil; 33

edição; Coimbra; 1991

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante; Tratado de Direito Privado; Parte Geral; tomo III; Editor Borsoi; Rio de Janeiro; 1954

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante; Tratado de Direito Privado; Parte Geral; tomo IV; Editora Borsoi; Rio de Janeiro; 1954

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante; Tratado de Direito Privado; tomo XXVI; 33 ed.; Editora Revista dos Tribunais; São Paulo; 1984

PONTES DE MIRANDA; Francisco Cavalcante; Tratado de Direito Privado; Parte Especial; tomo XXXVIII; 33 ed.; Editora Revista dos Tribunais; São Paulo; 1984

PONTES DE MIRANDA; Francisco Cavalcante; Tratado de Direito Privado; Parte Especial; tomo XXXIX; 33 ed.; Editora Revista dos Tribunais; São Paulo; 1984

RUIZ, Arangio; lstituzioni di Diritto Romano, seconda edizione riveduta; Napoli; Nicola Juvene & C. Editore; 1927

SCHULZ, Fritz; Derecho Romano Clásico; Bosch, Casa Editorial; Barcelona

SCIALOJA, Vittorio; Teoria della Proprietà dei Diritto Romano; vaI. 11; Anonima Romana Editoriale

SCIASCIA et aI., Gaetano; Manual de Direito Romano e textos em correspondência com os artigos do Código Civil brasileiro; 23 ed.; vaI. I; Saraiva; 1953

MARCELO TSUNO

SOUZA, Sebastiâ Revista Forens€

TOMASETTI JR., tese de doutorar

VARELLA, Antur Livraria Almeid

VON TUHR, An Derecho Civil A Aires; 1947.

Page 59: A COMPRA E VENDA E O SISTEMA DERIVADA DE DIREITOS … · obbligatorio e l'atto dispositivo (in senso lalo)"I. Preliminarmente, apresentamos uma classificação, que comumente se faz,

~o TOLElX) DE ENSINO

lano; vol. 11; 43 ed.;

lção Fiduciária em 979

{do Direito Civil; 33

llcante; Tratado de :litor Borsoi; Rio de

ilcante; Tratado de litara Borsoi; Rio de

alcante; Tratado de Editora Revista dos

alcante; Tratado de XVIII; 33 ed.; Editora

'alcante; Tratado de <XIX; 33 ed.; Editora

'no, seconda edizione ~ore; 1927

Bosch, Casa Editorial;

à dei Diritto Romano;

'eito Romano e textos ódigo Civil brasileiro;

MARCELO TSUNO 153

SOUZA, Sebastião de; Da Compra e Venda; 23 ed.; Edição Revista Forense; Rio de Janeiro; 1956

TOMASETTI JR., Alcides; Da Execução do Contrato Preliminar; tese de doutoramento

VARELLA, Antunes; Das Obrigações em Geral; voI. I; 53 ed.; Livraria Almeidina; Coimbra; 1986

VON TUHR, Andreas; Derecho Civil, Teoria General dei Derecho Civil Aleman; vol. 11; Editorial DEPALMA; Buenos Aires; 1947.