a boa nova - paroquiacandal.org.pt · dos livros do novo testamento. contexto histórico. ... o...

48
A Boa Nova Curso de iniciação à leitura da Bíblia La Casa de la Biblia

Upload: doantu

Post on 18-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A Boa Nova

Curso de iniciação à leitura da BíbliaLa Casa de la Biblia

Antes de ler os Evangelhos

Jesus não escreveu nada, nem os seus discípulos foram escrevendo o que Ele dizia ou fazia. Apesar de tudo, encontramos nos evangelhos um detalhado relato de tudo quanto Jesus fez e disse nos últimos anos da sua vida. Por outro lado, se os Evangelhos contam a «história» de Jesus, seria lógico começar por eles a leitura do Novo Testamento, em vez de começar, como fizemos, pelas cartas de São Paulo, que relatam acontecimentos posteriores.

Antes de ler os Evangelhos

Estas aparentes contradições têm a sua explicação num facto muito simples: os evangelhos contam factos ocorridos cerca do ano 30 d.C., mas foram escritos entre os anos 65-90. Isto significa que, antes de os ler, temos que nos perguntar: que aconteceu nestes 45 anos? De que maneira se guardou e transmitiu a memória de Jesus? Em que circunstâncias concretas foram redigidos os evangelhos?

O Cristianismo no Século I

A morte de Jesus de Nazaré, no ano 30, e a destruição de Jerusalém, no ano 70, dividem o primeiro século cristão em três etapas:

a vida de Jesus, a geração apostólica a segunda geração cristã

O Cristianismo no Século I

A vida de Jesus de Nazaré ( 6 a.C.-30 d.C.) pode contar-se a partir de três cidades:

Nazaré, Cafarnaúm e Jerusalém.

Em Nazaré ocorreu a primeira etapa da sua vida; é a etapa mais longa e desconhecida. Cafarnaúm foi o principal ponto de actuação durante o seu ministério público na Galileia. Em Jerusalém, teve lugar a sua manifestação a todo o Israel e o mistério da sua páscoa.

O Cristianismo no Século I

A geração apostólica prolonga-se desde o ano 30 ao ano 70 d.C. Está marcada pela actividade dos apóstolos escolhidos por Jesus para continuar o anúncio do evangelho. Esta etapa caracteriza-se pela rápida expansão da mensagem cristã, de tal maneira que vão surgindo comunidades cristãs em toda a parte oriental do Império.

O Cristianismo no Século I

O livro dos Actos dos Apóstolos e as cartas da primeira época paulina (= protopaulinas) são os principais testemunhos desta actividade evangelizadora.

Desenvolvem-se nestes anos, dois tipos de comunidades: umas de carácter predominantemente rural (reflectidas

sobretudo nos evangelhos sinópticos); outras de carácter claramente urbano (são as que

transparecem nas cartas paulinas).

O processo de urbanização do cristianismo tomou necessária uma nova formulação da mensagem, expressa, até então, em categorias procedentes do mundo rural.

O Cristianismo no Século I

O começo da segunda geração cristã (anos 70-100 d.C.) coincide, mais ou menos, com a destruição de Jerusalém, nos anos 70, e o desaparecimento de todos, ou quase todos, os apóstolos. Durante esta etapa, a Igreja consolidou as suas tradições e estruturas. Nasce uma nova ortodoxia judaica a partir de Yamnia, as diferenças entre o judaísmo e cristianismo transformam-se em ruptura aberta, as comunidades cristãs procuram dialogar e integrar-se na cultura do Império.

O Cristianismo no Século I

Por outra parte, é o momento em que, desaparecidos os apóstolos, tomam corpo e se consolidam as tradições deles provenientes (de Pedro, de São Tiago, de Paulo, de João, etc.). É também um momento interessante sob o ponto de vista literário, pois, durante esta etapa, escreve-se a maior parte dos livros do Novo Testamento.

Contexto históricoAnos Imperadores

RomanosJudeia

SamariaIdumeia

Galileia Itureia

40 a. C. Herodes o Grande

27 a. C. Augusto

4 a. C. ArquelauDesterrado

Procuradores

Herodes Antipas

HerodesFilipe6 a. C.

14 d. C. Tibério

26 d. C. Pôncio Pilatos

37 d. C. Calígula

41 d. C. Cláudio Agripa IGovernadores romanos46-64 d. C.

54 d. C. Nero

66 d. C. Vestasiano Primeira guerra judaicaTito conquista JerusalémJudeia província romana70 d. C.

O contexto histórico

Recordemos, em primeiro lugar, o que se disse na parte II sobre o enquadramento histórico em que o cristianismo nasceu (cap. 1.1.) e a diferença entre a situação do ano 30 e a criada na Palestina depois de 70, em todos os campos:

social político religioso

O contexto histórico

O quadro cronológico desta página pode ajudar-nos a situar os dados e as datas. Na última terceira parte do século I depois de Cristo, data em que se escreveram os evangelhos, a Judeia, como se chamava a terra de Jesus, está completamente dominada pelos romanos; o judaísmo procura reorganizar-se religiosamente à volta dos escribas de Yamnia. O Império romano atinge o seu máximo esplendor político, embora tenha já em si as sementes da decadência. Nestes anos, por último, existem comunidades cristãs em quase toda a bacia do Mediterrâneo. A maioria delas estão em período de consolidação e têm necessidade de conhecer tudo quanto Jesus fez e disse.

Formação dos Evangelhos

Partindo do facto dos três evangelhos sinópticos relatarem os mesmos acontecimentos a partir de perspectivas distintas, vamos recordar o caminho percorrido por esta «boa nova», fundada nas palavras de Jesus e sobre Jesus. Dessa maneira percorreremos a etapa que vai desde Jesus histórico até aos evangelho escritos.

A palavra sinóptico

A palavra sinóptico provém do grego syn-oraô, que significa precisamente visão de conjunto: os três evangelhos mantêm uma visão de conjunto mais ou menos semelhante.O problema reside em compreender porque é que há esta semelhança e esta diferença.

In Joaquim Carreira das Neves, Evangelhos Sinópticos (= Colecção Estudos Teológicos 16) Universidade Católica Editora, Lisboa 2004.

A mesma tradição expressa de diversas maneiras

Ler Mc 1, 29-31 Mt 8, 14-15 e Lc 4, 38-39 Cura da sogra de Simão e outros milagres (Mt 8,14-17; Lc 4,38-41)

29Saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João.30A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela.31Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los.

Cura da sogra de Pedro e outros milagres (Mc 1,29-34; Lc 4,38-41)

14Entrando em casa de Pedro, Jesus viu que a sogra dele jazia no leito com febre.15Tocou-lhena mão, e a febre deixou-a. E ela, levantando-se, pôs-se a servi-lo.

Cura da sogra de Simão e outros milagres (Mt 8,14-17; Mc 1,29-34)

38Deixando a sinagoga, Jesus entrou em casa de Simão. A sogra de Simão estava com muita febre, e intercederam junto dele em seu favor.39Inclinando-se sobre ela, ordenou à febre e esta deixou-a; ela erguendo-se, começou imediatamente a servi--los.

A mesma tradição expressa de diversas maneiras

Os três evangelistas relatam o mesmo acontecimento: Jesus cura a sogra de Pedro. Cada um, no entanto, o faz à sua maneira: Marcos conta com mais pormenor; Mateus resume e estiliza o relato, evitando os

intermediários entre Jesus e a doente; Lucas acrescenta o gesto de increpar a febre.

A mesma tradição expressa de diversas maneiras

Podem encontrar-se nos evangelhos muitas passagens semelhantes. Noutros casos, são apenas dois os evangelistas a contar o acontecimento e, às vezes, apenas um deles teve acesso a alguns elementos da memória sobre Jesus.

A mesma tradição expressa de diversas maneiras

Estas coincidências e divergências entre os evangelhos são um reflexo da maneira como se iam formando e, sobretudo, do facto dos evangelistas terem tido, à sua disposição, na redacção final, um conjunto de documentos escritos e abundantes informações orais que, em alguns casos, eram comuns. Estes documentos e informações são, por sua vez, o resultado de uma tradição acerca de Jesus.

A Boa Nova

Evangelho é uma palavra grega que significa boa nova ou boa notícia. Se os evangelhos recebem este nome é porque, na sua origem, está uma alegre notícia. De facto, a proximidade do reinado de Deus e a ressurreição de Jesus não eram, para os primeiros cristãos, só uma notícia. Eram uma «boa notícia», uma «boa nova», ou seja, uma notícia que afectava as suas vidas e que as tinha transformado. É assim, com o calor de um testemunho, que chega até nós.

A Boa Nova

O conteúdo e o estilo desta notícia passou, nos quarenta anos que vão desde a pregação de Jesus até aos evangelhos escritos, por três etapas:

a) Jesus anuncia o reinado de Deus

Ler Mc 1, 14-15

Marcos resume nestas palavras o conteúdo da pregação de Jesus. Esta refere-se sobretudo à chegada eminente do reino de Deus, que Marcos qualifica como uma boa nova e como cumprimento de uma promessa de Deus. A resposta a este anúncio é a fé e a conversão.

a) Jesus anuncia o reinado de Deus

Este reinado ou realeza de Deus está intimamente vinculado a Jesus que dedicou a maior parte da suas parábolas e sentenças a descrever e a explicar em que consistia e que, ao mesmo tempo, realizou os sinais (milagres) que autenticavam a sua chegada.

b) Os discípulos anunciam a boa nova sobre Jesus

Ler 1 Cor 15, 3-5

Esta experiência de Jesus, ressuscitado da morte, era o motivo principal da pregação cristã. Para os primeiros cristãos era esta a boa nova: em Jesus Cristo, através da sua ressurreição da morte, Deus aproximou-se dos homens de uma maneira plena e definitiva. Pouco a pouco foram descobrindo que a boa nova também se referia à pessoa de Jesus: o seu nascimento, a sua pregação, os seus milagres, a sua morte e ressurreição. O próprio Jesus era a boa nova para os homens.

c) Marcos escreve o Evangelho

Ler Act 10, 37-41

Quem primeiro pôs por escrito, de uma forma ordenada, a memória de Jesus foi provavelmente Marcos. Mas, antes de o ter feito, existiam resumos (como este dos Actos dos Apóstolos: 10, 37-41) que recolhiam os conteúdos principais desta boa nova: os começos ligados a João Baptista, o ministério de Jesus na Galileia e em Jerusalém, bem como a sua morte e ressurreição.

c) Marcos escreve o Evangelho

Existiam, ainda, colecções de sentenças de Jesus (a fonte de ditos (F) de que falamos antes) e narrações relativamente extensas, como o relato da paixão. A originalidade de Marcos está em reunir tudo isso num relato seguido a que pôs o título de «Boa Nova», ou seja, «Evangelho».

O género literário evangelho

Os evangelhos não são biografias nem livros de história. Para transmitir a boa nova, os escritores cristãos criaram um género literário peculiar, que podemos descrever com estas quatro características: Não são livros de ficção, mas estão vinculados a uma tradição

anterior que seguem com fidelidade. O seu conteúdo está organizado sobre traços comuns que têm como

base a pregação cristã. (Ver os discursos do livro dos Actos).

O seu interesse não é propriamente histórico ou geográfico. O importante é a proclamação de uma boa nova.

Os evangelhos são, antes de mais, testemunhos de fé que pretendem entrar em diálogo com os seus leitores para provocar uma resposta face a Jesus.

Jesus e os Evangelhos

Desde os primeiros séculos da Igreja até aos nossos dias, os cristãos sempre distinguiram «o Evangelho» de «os evangelhos». Evangelho é o anúncio da Boa Nova de Jesus e sobre Jesus, ao passo que os evangelhos são os escritos em que se guarda esta Boa Nova em forma de narração seguida.

Antes de começar a ler cada evangelho, vamos descrever como esta boa nova se foi compreendendo e transmitindo, neste espaço de tempo entre Jesus e os evangelhos escritos.

a) Jesus e o grupo dos seus discípulos

Ler Mt 10, 5-15

Jesus foi reunindo à sua volta, desde o início do seu ministério, um grupo de discípulos (Mc 1,16-20) para estarem com Ele e para os enviar a pregar a boa nova do reinado de Deus (Mc 3, 13-19 e par.). Este facto tem muita importância porque estes discípulos que o acompanham constantemente foram testemunhas dos seu ensinamentos e dos seus milagres.

a) Jesus e o grupo dos seus discípulos

Jesus envia-os a pregar a mesma mensagem que ele anunciava, e isso supõe que a deviam conhecer bem. Ele próprio tinha dedicado muito tempo a instruí-los em particular (Mc 4, 10-12;9, 30-31); o mais natural é que eles tivessem estado muito atentos ao ensinamento daquele a quem haviam decidido seguir.

a) Jesus e o grupo dos seus discípulos

As palavras de Jesus não deviam ser muito difíceis de recordar. O seu ensino provocava admiração (Mc 1, 27), a mesma admiração que surgia ao contemplar os seus sinais admiráveis (Mc 4, 41); esta admiração favorecia, sem dúvida, a memória. Além disso, a sua forma de se exprimir tornava relativamente fácil a transmissão das suas palavras. Jesus não compôs extensos discursos, nem deu complicadas explicações. A sua linguagem era directa e concreta: expunha a sua doutrina através de parábolas ou de sentenças fáceis de recordar (Mt 5, 3-11; 7, 7-8), e, o mais provável, é que tenha repetido várias vezes os seus ensinamentos.

a) Jesus e o grupo dos seus discípulos

Algo semelhante devia ter acontecido com as suas acções, que recordam muito os gestos simbólicos dos profetas. Quem não recordaria gestos tão expressivos como as curas ao sábado ou a expulsão dos vendilhões do templo?

a) Jesus e o grupo dos seus discípulos

Se a passagem de Jesus pela Galileia e Jerusalém deixou, nas pessoas que o conheceram, uma recordação inolvidável, sem dúvida que esta memória foi mais intensa e pormenorizada no grupo de discípulos que O acompanharam durante o seu ministério e que Jesus quis formar para serem seus mensageiros.

b) As comunidades cristãsLer Act 1, 12-22

Depois da ressurreição de Jesus, o grupo dos seus discípulos começou a organizar-se à volta dos doze para dar testemunho deste facto tão espantoso. Nasce, assim, a comunidade cristã presidida pelo grupo dos que acompanharam Jesus desde o princípio. Os discípulos, impressionados pelo encontro com Jesus ressuscitado, puseram todo o seu cuidado em conservar com fidelidade tudo quanto recordavam das suas palavras e acções.

b) As comunidades cristãsServiam-se desta memória para ilustrar a sua pregação e o ensino de quantos recebiam com fé a mensagem da salvação. (Act 2,41-42). A convicção de que Jesus tinha ressuscitado e havia aparecido aos apóstolos e a um grande número de discípulos (lCor 15, 4-8) deu lugar à formação das primeiras comunidades cristãs, em cujo seio se conservou e transmitiu a memória sobre Jesus. Provavelmente, Jesus seria hoje um personagem esquecido e desconhecido, se não tivesse havido a ressurreição.

b) As comunidades cristãs

Na parte II já descrevemos como eram e como viviam estas primeiras comunidades e o âmbito no qual se desenvolvia a sua actividade (anúncio cristão, catequese e celebração). Vamos agora completar aquela descrição aplicando-a às tradições evangélicas e explicando como se transmitiram.

As tradições evangélicas

Ler Mc 4, 3-10

A parábola do semeador é uma das mais conhecidas. Existem, no entanto, muitas outras parábolas que Jesus pronunciou ao longo da sua vida. Esta forma de ensinar, por meio de comparações, é muito própria do seu estilo directo e concreto. Jesus serviu-se ainda de outros modos de expressão para explicar a proximidade do reino de Deus e as suas consequências.

As tradições evangélicas

Após a ressurreição, os discípulos foram recordando as suas palavras e também as suas acções, aplicando-as às situações que viviam e colocando-as em formas literárias que facilitassem a sua memorização. Pode dizer-se que fizeram uma leitura em profundidade, descobrindo o sentido que encerravam as palavras e as acções de Jesus para aquele momento da sua comunidade.

A transmissão das tradições

Ler 2 Tim 2, 2

O conservar desta memória sobre Jesus não ficou ao acaso, mas, desde o princípio, foi entregue a pessoas capazes de transmitir a outras pessoas, com fidelidade, tudo quanto haviam recebido. Nas comunidades cristãs havia um grande interesse em conservar esta tradição sagrada e entregaram aos «ministros da palavra» esta tarefa (Lc, 1, 2). São Paulo faz-se eco desta tradição quando fala de «receber e transmitir» (l Cor 15, 3), termos que no judaísmo eram empregados para se referirem a esta transmissão fiel e autorizada.

A transmissão das tradições

Podemos, pois, afirmar que a memória sobre Jesus se conservou e transmitiu com grande fidelidade e que se enriqueceu com a experiência dos primeiros cristãos. Chega, deste modo, aos evangelhos, carregada de sentido e de experiência.

c) A redacção final

Ler Lc 1, 1-4

Este prólogo do Evangelho segundo São Lucas explica bem qual o processo seguido pelos redactores dos evangelhos:

informar-se e ordenar as recordações e qual a sua intenção fortalecer a fé (ver Jo 20, 30-31).

c) A redacção final

Por detrás desta explicação há uma necessidade que os cristãos do último terço do século I d.C. sentiram bastante: poder conservar, de uma forma autorizada, a memória de Jesus Cristo, numa altura em que começavam a desaparecer os que o tinham conhecido e num tempo em que as comunidades cristãs, nascidas à volta dos anos cinquenta, estavam num processo de consolidação e necessitavam de pontos de referência bem seguros.

c) A redacção final

Foram muitos os que, estimulados por esta necessidade, como diz Lucas, empreenderam a tarefa de escrever um relato coerente de tudo quanto havia sucedido. A nós chegaram-nos quatro com o aval da Igreja; os seus redactores utilizaram mais ou menos as mesmas técnicas (selecção, articulação e ajuste das tradições recebidas),mas o resultado são quatro visões distintas sobre Jesus, que se completam mutuamente.

c) A redacção final

Muitas das diferenças entre eles devem-se ao facto de cada evangelista se dirigir a uma comunidade distinta: não era o mesmo contar a história de Jesus a cristãos de origem judaica (Mateus) ou de origem helénica (Lucas). Por isso, depois de conhecer os caminhos comuns das tradições evangélicas, devemos ler separadamente cada um dos evangelhos, tendo em atenção as circunstâncias que os motivaram e que explicam a sua organização literária e a insistência em alguns temas.

Principais formas literárias

São os «moldes» em que os primeiros cristãos foram colocando as palavras e as acções de Jesus. Restringindo-nos ao âmbito dos evangelhos sinópticos podemos distinguir os seguintes:

Principais formas literárias

- Sentenças: frases breves que estão na linha da tradição do AT:

Proféticas: Lc 12, 32. Legais: Mt: 7,6. Sapienciais: Mt 10, 25.

Principais formas literárias

- Parábolas: têm a sua origem no "Mashal" forma literária hebraica que abarca o provérbio, a comparação, a adivinha, etc. Geralmente trata-se de uma breve comparação, centrada num aspecto significativo (por exemplo, no caso de Mt 4, 3-9, na abundante colheita final) e que tenta provocar uma resposta dos ouvintes.

Principais formas literárias

- Sentenças enquadradas: Ditos de Jesus que actualmente se encontram insertos num relato. Todo o relato procura sublinhar estas palavras que são consideradas como centro: Mc 2, 1-12.

Principais formas literárias

- Relatos de milagres: O acento recai sobre o poder de Jesus (Mc 5, 21-43).

- Controvérsias: Discussões com os peritos da lei (Mc 11,27-33).

- Relatos sobre Jesus: São caracterizados pelo interesse sobre Jesus. A Paixão é, talvez, o mais importante e representativo destes relatos (Mc 14-15 e par.).