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DIREITO AMBIENTAL ALEXANDRE SION A AUDITORIA AMBIENTAL GESTÃO RESPONSÁVEL E SEGURANÇA JURÍDICA A suplantação das barreiras comerciais internacionais e a superveniência do fenômeno da globalização no século passado deram início a uma série de novas modalidades comerciais, com produtos, serviços e tecnologias sofisticadas com a finalidade de satisfazer as necessidades econômicas, o que acabou por resultar, invariavelmente, em crescente demanda pelos recursos naturais, motivada pelo exponencial crescimento industrial. Em paralelo, proporcionalmente crescente passa a ser, por óbvio, a preocupação com a escassez dos recursos naturais, fazendo-se presente, cada vez mais, a atuação estatal para mitigá-la, sobretudo no que concerne à edição de normas e à fiscalização ativa para promover a conservação do meio ambiente. De fato, com a propagação do conceito de desenvol- vimento sustentável, visando garantir a higidez do meio ambiente às gerações presentes e futuras, a atuação do Poder Público passa a ser de fundamental importância na conscientização e, mais que isso, no desígnio de compelir a sociedade como um todo a, também, guardar os anteparos necessários à conservação da natureza. É nesta senda que a Constituição Federal de 1988 consignou, em seu art. 225, que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Com isso, alinha-se o planejamento econômico pátrio aos desígnios constitucionais primevos de albergar os direitos difusos e coletivos, os quais invariavelmente resultam na promoção de novos mecanismos de controle ambiental. Nesse sentido, observa-se a edição de uma infinidade de normas de natureza ambiental a todo momento, dispondo sobre as mais diversas matérias. Com efeito, a competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre matéria ambiental, assentada nos ditames do art. 24 da Constituição Federal, bem como a competência suplementar dos Municípios (art. 30), invariavelmente implicam triplicidade de normas e atos fiscalizatórios. Assim, faz-se necessária especial atenção e atuação de todos, notadamente das empresas, com a finalidade de respeitá-las e conformar a atividade empresarial a rigorosos padrões de responsabilidade ambiental. Destaca-se, a propósito, no cumprimento dessa finali- dade, o procedimento de auditoria ambiental, o qual consiste em exame e avaliação sistemática, periódica ou mesmo eventual, de uma empresa relativamente à observância e ao cumprimento das normas de caráter ambiental. Difere-se a auditoria do procedimento de inspeção na medida em que esta não se configura periódica, tampouco está submetida a uma programação vinculante para o órgão público ambiental. A auditoria ambiental dependerá do exame de dados coligidos e documentados ao longo do tempo, caracterizando-se, assim, como procedimento sistemático. Nesse sentido e a julgar a complexidade e sistematicidade do procedimento, cumpre pontuar ser fundamental que as auditorias sejam conduzidas por equipe multidisciplinar, for- mada por advogados e técnicos com reconhecida expertise na matéria e no segmento de atuação da empresa auditada. Com efeito, a vivência e experiência dos profissionais envolvi- dos, incluindo a equipe técnica e de campo, é o que determina, seguramente, a excelência da auditoria empreendida. Só aquele que sabe o que procura pode encontrar... É imprescindível observar, ainda, que as auditorias condu- zidas por um único escritório, contando com suporte técnico adequado, têm afastado o risco de recebimento, por parte do auditado, de relatórios técnicos e jurídicos conflitantes, o que ocorre diversas vezes quando os trabalhos são realizados de forma fragmentada. Assim, inelutavelmente, o trabalho empreendido por uma única equipe preparada e integrada resultará performance mais satisfatória do que o labor compartimentado e distribuído entre várias equipes de pro- fissionais. Ultrapassadas essas considerações procedimentais, no que concerne à sua natureza, a auditoria ambiental pode ser pública ou privada, conforme seja operada ou exigida pelo Poder Público ou por particulares, respectivamente. Relativamente ao procedimento no âmbito privado, cumpre aduzir ter tido como principal propulsor o panorama concorrencial ínsito ao cenário econômico contemporâneo, que faz com que as empresas busquem medidas alternativas ifere-se a auditoria do procedimento de inspeção na medida em que esta não se configura periódica, tampouco está submetida a uma programa- ção vinculante para o órgão público ambiental. A auditoria ambiental dependerá do exame de dados coligidos e documentados ao longo do tempo, caracterizando-se, assim, como procedimento sistemático." DIVULGAÇÃO 58 PRÁTICA JURÍDICA - ANO XIV - Nº 156 - MARÇO/2015

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DIREITO AMBIENTAL ALEXANDRE SION

A AUDITORIA AMBIENTALGESTÃO RESPONSÁVEL E SEGURANÇA JURÍDICA

A suplantação das barreiras comerciais internacionais e a superveniência do fenômeno da globalização no século passado deram início a uma série de novas modalidades comerciais, com produtos, serviços e tecnologias sofisticadas com a finalidade de satisfazer as necessidades econômicas, o que acabou por resultar, invariavelmente, em crescente demanda pelos recursos naturais, motivada pelo exponencial crescimento industrial. Em paralelo, proporcionalmente crescente passa a ser, por óbvio, a preocupação com a escassez dos recursos naturais, fazendo-se presente, cada vez mais, a atuação estatal para mitigá-la, sobretudo no que concerne à edição de normas e à fiscalização ativa para promover a conservação do meio ambiente.

De fato, com a propagação do conceito de desenvol-vimento sustentável, visando garantir a higidez do meio ambiente às gerações presentes e futuras, a atuação do Poder Público passa a ser de fundamental importância na conscientização e, mais que isso, no desígnio de compelir a sociedade como um todo a, também, guardar os anteparos necessários à conservação da natureza. É nesta senda que a Constituição Federal de 1988 consignou, em seu art. 225, que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Com isso, alinha-se o planejamento econômico pátrio aos desígnios constitucionais primevos de albergar os direitos difusos e coletivos, os quais invariavelmente resultam na promoção de novos mecanismos de controle ambiental.

Nesse sentido, observa-se a edição de uma infinidade de normas de natureza ambiental a todo momento, dispondo sobre as mais diversas matérias. Com efeito, a competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre matéria ambiental, assentada nos ditames do art. 24 da Constituição Federal, bem como a competência suplementar dos Municípios (art. 30), invariavelmente implicam triplicidade de normas e atos fiscalizatórios. Assim, faz-se necessária especial atenção e atuação de todos,

notadamente das empresas, com a finalidade de respeitá-las e conformar a atividade empresarial a rigorosos padrões de responsabilidade ambiental.

Destaca-se, a propósito, no cumprimento dessa finali-dade, o procedimento de auditoria ambiental, o qual consiste em exame e avaliação sistemática, periódica ou mesmo eventual, de uma empresa relativamente à observância e ao cumprimento das normas de caráter ambiental. Difere-se a auditoria do procedimento de inspeção na medida em que esta não se configura periódica, tampouco está submetida a uma programação vinculante para o órgão público ambiental. A auditoria ambiental dependerá do exame de dados coligidos e documentados ao longo do tempo, caracterizando-se, assim, como procedimento sistemático.

Nesse sentido e a julgar a complexidade e sistematicidade do procedimento, cumpre pontuar ser fundamental que as auditorias sejam conduzidas por equipe multidisciplinar, for-mada por advogados e técnicos com reconhecida expertise na matéria e no segmento de atuação da empresa auditada. Com efeito, a vivência e experiência dos profissionais envolvi-dos, incluindo a equipe técnica e de campo, é o que determina, seguramente, a excelência da auditoria empreendida. Só aquele que sabe o que procura pode encontrar...

É imprescindível observar, ainda, que as auditorias condu-zidas por um único escritório, contando com suporte técnico adequado, têm afastado o risco de recebimento, por parte do auditado, de relatórios técnicos e jurídicos conflitantes, o que ocorre diversas vezes quando os trabalhos são realizados de forma fragmentada. Assim, inelutavelmente, o trabalho empreendido por uma única equipe preparada e integrada resultará performance mais satisfatória do que o labor compartimentado e distribuído entre várias equipes de pro-fissionais. Ultrapassadas essas considerações procedimentais, no que concerne à sua natureza, a auditoria ambiental pode ser pública ou privada, conforme seja operada ou exigida pelo Poder Público ou por particulares, respectivamente.

Relativamente ao procedimento no âmbito privado, cumpre aduzir ter tido como principal propulsor o panorama concorrencial ínsito ao cenário econômico contemporâneo, que faz com que as empresas busquem medidas alternativas

ifere-se a auditoria do procedimento de inspeção na medida em que esta

não se configura periódica, tampouco está submetida a uma programa-

ção vinculante para o órgão público ambiental. A auditoria ambiental

dependerá do exame de dados coligidos e documentados ao longo do

tempo, caracterizando-se, assim, como procedimento sistemático."

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com a finalidade de se destacarem no mercado, como, por exem-plo, a adoção de medidas que denotem transparência, consciência ecológica e responsabilidade ambiental. A responsabilidade, assim, advém dos mais diversos interesses, do altruísmo às pressões de mercado ou boas práticas. Disseminadas pelas práticas e mecanismos de mercado e do crescente interesse dos investidores no desempenho e conformidade ambiental das empresas, as auditorias têm sido operadas como exemplo de compromisso, economia e maior controle interno decorrentes de uma gestão empresarial apropriada. Com isso, a adoção do procedimento de auditoria ambiental tem avançado tenazmente também no Brasil nos últimos anos, sendo adotado pelas maiores e mais diversas companhias, muito embora com certo atraso, se comparado ao estágio de desenvolvimento em que se encontra mundo afora, a exemplo da comunidade europeia.

Com efeito, sua origem reporta-se à década de 70, nos Estados Unidos, onde, de forma incipiente, passaram a ser realizadas voluntariamente, tendo influenciado empresas em outros países, como Holanda, Reino Unido, Noruega e Suécia. No País, os requisitos da Securities and Exchange Commission (SEC) exerceram considerável peso no desenvolvimento de auditorias como técnica. Àquela época, consistiam em análises críticas do desempenho ambiental ou de auditorias de conformidade, uma vez que seu objetivo era reduzir os riscos dos investimentos quanto a ações legais resultantes das operações das empresas. Já na década de 80, as auditorias ambientais passaram a constituir ferramenta usual de gestão nos países desenvolvidos.

De fato, a Comunidade Econômica Europeia, já na década de 90, havia editado a Diretiva 1.836/93, a qual estabelecia definição para o procedimento de auditoria ambiental, a saber:

“Instrumento de gestão que inclui a avaliação sistemática, documentada,

periódica e objetiva do funcionamento da organização do sistema de gestão

e dos processos de proteção do meio ambiente.”

Outros ordenamentos jurídicos chegam mesmo, há tempos, a dispor de forma mais específica sobre o procedimento como, por exemplo, pessoas habilitadas a realizá-lo e o grau de publicidade a ele ínsito. Nos EUA, por exemplo, atualmente, o procedimento de auditoria abrange, entre outras coisas, o planejamento financeiro dos investimentos em matéria ambiental, a efetividade financeira da regulamentação ambiental, a tomada de consciência e a motivação dos empregados relativamente à matéria, diretrizes do exercício da auditoria em procedimentos de aquisição e fusão de sociedades etc.

No âmbito internacional, duas diretrizes globalmente difundi-das ressaltam a necessidade de auditorias ambientais:

I – Princípio de Valdez: as empresas realizarão uma autoavaliação anual,

tornarão públicos os resultados e realizarão uma auditoria independente dos

resultados; e

II – Carta de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável do ICC:

sinceridade sobre impactos e preocupações. Assegurar a conformidade por

meio de avaliação do desempenho, de auditorias e da periódica divulgação

de informações aos acionistas.

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Outro fator de relevo dentre os diversos instrumentos cuja fina-lidade é impulsionar o processo de gestão ambiental empresarial são os SGAs (Sistemas de Gestão Ambiental), os quais consistem na totalidade de ações organizacionais levadas a cabo de forma sistematizada no monitoramento dos impactos ambientais da atividade empresarial. Em outras palavras, configuram técnicas administrativas de controle de impactos ambientais.

A definição mais conhecida de SGA (ou Environmental Management Systems – SEM), é proposta pela norma ISO 14001 (ABNT NBR ISSO 140001/2004), a qual dispõe como sendo:

“Parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional,

atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, pro-

cessos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente

e manter a política ambiental.”

Destarte, torna-se imperioso o estabelecimento de um sistema para alcançar internamente a definição de políticas, objetivos e metas ambientais. Além disso, exige-se que essas políticas incluam elementos que visem ao cumprimento efetivo de leis e regulamentações que evitem a poluição. Por essa razão, invaria-velmente, a implementação do sistema de gestão ambiental e seu aprimoramento contínuo alcançado por meio da identificação de pontos de melhoria serão resultados do trabalho empreendido mediante auditorias ambientais.

No entanto, embora o procedimento já seja largamente difundido no mundo e também no Brasil hodiernamente, a legislação pátria não se configura uniforme, máxime em razão das aludidas razões de competência constitucional. Com efeito,

percebe-se uma variedade de normas dispondo a respeito do procedimento de auditoria ambiental, a exemplo das Leis nos

1.898/91, do Estado do Rio de Janeiro; 4.802/93, do Estado do Espírito Santo; 11.520/00, do Rio Grande do Sul; e 13.448/02, do Paraná, cada uma prescrevendo diversas diretrizes e proce-dimentos. Para alguns segmentos, há, ainda, normas editadas em nível federal, as quais levaram as auditorias ambientais a fazerem parte do cotidiano das empresas operantes no setor portuário, de terminais marítimos e atividades de exploração e produção de óleo e gás, por exemplo.

Não obstante as diversas disposições normativas quanto ao tema, há diferentes aplicações do termo auditoria ambiental, variantes conforme as necessidades do empreendedor a ser auditado. As aplicações variam de auditorias únicas a sofis-ticados programas que se desenvolvem juntamente à gestão empresarial. A título exemplificativo, a auditoria pode se operar mediante revisão, perícia, intervenção, exame de contas ou de todo o material escritural ou, ainda, mediante apuração minuciosa de todos os fatos ocorridos no âmbito interno que virtualmente possam guardar repercussão ambiental. A sua relevância reside, assim, na aferição da regularidade das empresas e respectivos projetos e instalações, sendo prática indispensável, por exemplo, em procedimentos de aquisição de empresas ou seus ativos e, ainda, na manutenção da conformidade ambiental do empreendimento.

Outra grande vantagem das auditorias ambientais é possi-bilitarem que as empresas tenham maior cautela relativamente ao processo produtivo, identificando áreas de risco, apontando vantagens e desvantagens e encorajando melhorias contínuas, induzindo o empreendedor ao uso de tecnologias limpas, à utilização prudente dos recursos disponíveis, à apropriada destinação de resíduos industriais e à identificação de perigos e riscos potenciais, ou seja, promovem eficaz harmonização entre a atividade empresarial e o respeito ao meio ambiente.

Uma auditoria ambiental adequada torna factível aferir o nível de atendimento às normas internas, legislação, licenças e autorizações eventualmente obtidas; possibilita que a empresa planeje suas ações ambientais; facilita o traçado de medidas corretivas e de controle e, ainda, permite o estabelecimento de ações didáticas internas de incentivo ao cumprimento das normas pelos seus empregados e terceiros. Daí a sua relevância. Com efeito, na medida em que possibilita suplantar percalços como inquéritos, autuações, demandas judiciais de natureza cível e até mesmo de natureza criminal, afigura-se elemento indispensável à mitigação dos riscos, passivos e à otimização da atuação empresarial, constituindo, portanto, espécie de ação preventiva que visa, paralelamente, à segurança jurídica, à majoração dos resultados e ao atendimento à responsabilidade ambiental ínsita ao empreendedo.

ALEXANDRE SION é sócio fundador do escritório Sion Advogados, Bacharel em Direito e Administração de Empresas, Mestre em Direito Internacional Comercial (L.LM) pela Universidade da Califórnia (EUA), Especialista em Direito Constitucional, Pós-Graduado em Direito Civil e Processual Civil (FGV), Presidente da Comissão de Direito de Infraestrutura da OAB/MG, membro da Comissão Jurídica do Ibram – Instituto Brasileiro de Mineração, membro da Comissão de Empresários para o Meio Ambiente da FIEMG (2010-2012), membro da Cúpula de Direito Ambiental Brasileiro, Professor Universitário de Direito em cursos de Graduação e Pós-Graduação desde 2004, palestrante atuante em diversas capitais e autor de uma variedade de artigos jurídicos.A

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DIREITO AMBIENTAL ALEXANDRE SION

"As auditorias conduzidas por um

único escritório, contando com

suporte técnico adequado, têm

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por parte do auditado, de relatórios

técnicos e jurídicos conflitantes, o

que ocorre diversas vezes quando

os trabalhos são realizados de

forma fragmentada."

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